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AÇÃO PENAL

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AÇÃO PENAL
Ação penal é o direito de invocar o Poder Judiciário no sentido de aplicar o Direito Penal objetivo.
Art. 100-A ação penal é pública, salvo quando a lei expressamente a declara privativa do ofendido.
AÇÃO PENAL PÚBLICA: quando a titularidade da ação penal pertence ao Estado, i. e., quando o direito de iniciá-la é do Estado. Possui duas formas:
a) ação penal pública incondicionada;
b) ação penal pública condicionada.
A ação penal é pública incondicionada: quando o seu exercício não se subordina a qualquer requisito. Significa que pode ser iniciada sem a manifestação de vontade de qualquer pessoa. Ex.: ação penal por crimes de homicídio, aborto, infanticídio, lesão corporal grave, furto, estelionato, peculato etc.
A ação penal é pública condicionada: quando o seu exercício depende de preenchimento de requisitos (condições). Possui duas formas:
a) ação penal pública condicionada à representação;
b) ação penal pública condicionada à requisição do Ministro da Justiça.
Nos dois casos, a ação penal não pode ser iniciada sem a representação ou a requisição ministerial. Exs.: arts. 7.º, § 3.º, b; 153; 154; 156, § 1.º; 176, parágrafo único, 1.ª parte etc.
Ação penal pública é promovida pelo Ministério Público por meio de denúncia, que constitui sua peça inicial (CP, art. 100, § 1.º)
Requisitos da denúncia (ou queixa): a denúncia deve conter a exposição do fato criminoso, com todas as suas circunstâncias, a qualificação do acusado ou esclarecimentos pelos quais se possa identificá-lo, a qualificação legal do crime e, quando necessário, o rol de testemunhas. 
Prazo para oferecimento da denúncia: estando preso o indiciado, é de 05 (cinco) dias, contados da data em que o órgão do Ministério Público recebe os autos do inquérito policial, e de 15 (quinze) dias, encontrando-se solto ou afiançado o indiciado.
AÇÃO PENAL PRIVADA: quando a titularidade da ação penal pertence ao particular, i. e., quando o direito de iniciá-la pertence à vítima ou seu representante legal. Possui duas formas:
a) ação penal exclusivamente privada;
b) ação penal privada subsidiária da pública;
c) ação penal privada personalíssima.
A primeira espécie ocorre quando o CP determina que a ação penal é de titularidade exclusiva do ofendido ou de seu representante legal. Ex.: crime do art. 161, § 3.º, do CP. Na segunda, embora a ação penal continue de natureza pública, permite-se que o particular a inicie quando o titular não a propõe no prazo legal. Suponha-se um crime de furto em que o Promotor Público não ofereça denúncia dentro do prazo legal (CPP, art. 46, caput). Permite-se que o ofendido ou seu representante legal dê início à ação penal (CP, art. 100, § 3.º). Há, ainda, a ação privada personalíssima: sua titularidade é atribuída única e exclusivamente ao ofendido, sendo o seu exercício vedado até mesmo ao seu representante legal, inexistindo, ainda, sucessão por morte ou ausência. Assim, falecendo o ofendido, nada há que se fazer a não ser aguardar a extinção da punibilidade do agente. Inaplicáveis, portanto, os arts. 31 e 34 do CPP. Há entre nós um caso dessa espécie de ação penal: crime de induzimento a erro essencial ou ocultação de impedimento, previsto no Código Penal, no capítulo “Dos Crimes contra o Casamento”, art. 236, parágrafo único. O crime de adultério, atualmente revogado, também estava sujeito a essa espécie de ação penal
Como se faz para saber se a ação é pública incondicionada, pública condicionada ou exclusivamente privada?
Pública incondicionada: quando a lei silenciar a respeito da ação penal Ex.: no art. 155, que descreve o furto, não há qualquer referência à ação penal. Logo, é de natureza pública incondicionada. O seu titular pode exercê-la sem a necessidade de qualquer requisito.
Exclusivamente privada: quando o Código mencionar que a titularidade é exclusiva do ofendido empregando a expressão “somente se procede mediante queixa”. Ex.: no crime de fraude à execução, após a definição legal (art. 179, caput), o CP diz: “Somente se procede mediante queixa” (parágrafo único). Outros casos: arts. 145, caput; 161, § 3.º; 167; 236, parágrafo único; 240, § 2.º etc.
Ação penal será pública condicionada: quando a lei penal mencionar a exigência de representação ou de requisição ministerial. Quanto à requisição ministerial, os dois únicos casos previstos no CP são os dos arts. 7.º, § 3.º, b, e 145, parágrafo único, quando se trata de crime contra a honra de chefe de governo estrangeiro. Por sua vez, se faz referencia à representação empregando a seguinte expressão: “Somente se procede mediante representação”. É o que ocorre no crime de ameaça. Após descrever o delito (art. 147, caput), o parágrafo único reza: “Somente se procede mediante representação”. Outros casos: arts. 130, § 2.º; 153, parágrafo único; 154; 156, § 1.º; 176, parágrafo único, 1.ª parte; 182, caput etc.
A ação penal privada é promovida mediante queixa do ofendido ou de seu representante legal (CP, art. 100, § 2.º, e CPP, art. 30). Nela, o ofendido ou seu representante legal se denomina querelante; o réu, querelado.
A queixa é a peça inicial da ação penal privada, que não se confunde com a notitia criminis ou com o requerimento de instauração de inquérito policial. 
Notitia criminis é a simples notícia da prática de uma infração penal levada ao conhecimento da autoridade policial, que pode ser realizada por qualquer pessoa.
Instauração de inquérito policial (CPP, art. 5.º, §5.º). É o conjunto de diligências (atos investigatórios) realizadas pela polícia judiciária para a apuração de uma infração penal, bem como sua autoria, a fim de que o titular da ação penal possa ingressar em juízo. (peça investigatória)
CRIME COMPLEXO
Art. 101- Quando a lei considera como elemento ou circunstâncias do tipo legal fatos que, por si mesmos, constituem crimes, cabe ação pública em relação àquele, desde que, em relação a qualquer destes, se deva proceder por iniciativa do Ministério Público.
O artigo prevê a ação penal no crime complexo. Primeiramente crime complexo possui duas formas:
a) Os vários tipos apresentam-se como elementares de uma nova figura delituosa. Ex.: roubo impróprio (CP, art. 157, § 1.º). Neste delito, apresentam- se o furto, a violência física (lesão corporal de natureza leve ou vias de fato) e a ameaça (art. 147).
b) Os vários tipos apresentam-se, uns como elementares, outros como circunstâncias qualificadoras. Ex.: crime de latrocínio (art. 157, § 3.º, in fine), em que o roubo se apresenta como elementar e o homicídio como qualificadora.
Procurando resolver a questão da espécie da ação penal no crime complexo, diz o Código que, se qualquer de seus crimes componentes, que funcionam como elementares ou circunstâncias qualificadoras, for de ação penal pública, ele também será de ação penal pública. Em outros termos: no crime complexo, desde que seja de ação penal pública qualquer dos fatos que o agravam ou constituem, que por si mesmos são crimes, a natureza pública transmite-se à ação penal do todo, que é o crime complexo. 
IRRETRATABILIDADE DA REPRESENTAÇÃO
Art. 102 - A representação será irretratável depois de oferecida a denúncia.
Depois de oferecida a denuncia pelo MP, a autorização dada pelo o ofendido para que fosse iniciada a ação penal pública não pode ser desfeita, ou seja, o ofendido não pode voltar atrás.
DECADÊNCIA DO DIREITO DE QUEIXA OU DE REPRESENTAÇÃO
Art. 103 - Salvo disposição expressa em contrário, o ofendido decai do direito de queixa ou de representação se não o exerce dentro do prazo de 6 (seis) meses, contado do dia em que veio a saber quem é o autor do crime, ou, no caso do § 3º do art. 100 deste Código, do dia em que se esgota o prazo para oferecimento da denúncia.
O artigo trata de 3 hipóteses de direitos que podem decair passados 6 meses:
O ofendido perde o direito (decadência) de ajuizar uma ação penal privada, isto é, fazer a queixa se não a faz no prazo de 6 meses, contado do dia em que veio a saber quem é o autor do crime
Faz-se necessário esclarecer que Representaçãoé a manifestação de vontade do ofendido ou do seu representante legal no sentido de autorizar o desencadeamento da persecução penal em juízo. Constitui condição de procedibilidade da ação penal pública. Sem ela, o órgão do Ministério Público não pode iniciar a ação penal mediante o oferecimento de denúncia. O direito a representação decai no prazo de 6 meses, contados do dia em que o ofendido ou seu representante legal veio a saber quem é o autor do crime (CP, art. 103, e CPP, art. 38). 
A ação penal privada subsidiária da pública (art. 100, § 3.º, do CP): Ultrapassado o prazo (15 dias se solto ou 5 se preso) sem o oferecimento da denúncia pelo MP, o ofendido ou seu representante legal tem o lapso de 6 meses para intentar a ação penal subsidiária por meio de queixa substitutiva, contados a partir do dia em que se esgotou o prazo para o Promotor de Justiça iniciar a ação penal pública (CP, art. 103, in fine, e CPP, art. 38, in fine).
CAUSAS EXTINTIVAS DA PUNIBILIDADE (art. 107)
CONCEITO DE PUNIBILIDADE
Com a prática do crime, o direito de punir (jus puniendi )do Estado, que era abstrato, torna-se concreto, surgindo a punibilidade, que é a possibilidade jurídica de o Estado impor a sanção.
É possível que, não obstante pratique o sujeito uma infração penal, ocorra uma causa extintiva da punibilidade, impeditiva do jus puniendi do Estado. Ocupa-se da questão o art. 107 do CP.
ESCUSAS ABSOLUTÓRIAS
Escusas absolutórias são causas que fazem com que a um fato típico e antijurídico, apesar da culpabilidade do sujeito, haja isenção da pena por alguma por razões de utilidade pública2 Distinguem-se das causas excludentes da antijuridicidade e da culpabilidade. As excludentes da ilicitude excluem o crime; as excludentes da culpabilidade excluem a censurabilidade da conduta do sujeito, isentando-o de pena. As escusas absolutórias, entretanto, deixam íntegros o crime e a culpabilidade. O fato permanece típico e antijurídico; o sujeito, culpável. Contudo, por razões de utilidade pública, fica isento de pena.
Suponha-se, por exemplo, que o filho subtraia dinheiro do pai. Fica também isento de pena, incidindo uma escusa absolutória (CP, art. 181, II). Entretanto, o fato é ilícito e censurável a conduta do sujeito. Por medida de utilidade, contudo, fica o sujeito isento de pena. Situam-se na Parte Especial do CP.
Art. 107 - Extingue-se a punibilidade:
 I - pela morte do agente;
Sendo personalíssima a responsabilidade penal, a morte do agente faz com que o Estado perca o jus puniendi, não se transmitindo a seus herdeiros qualquer obrigação de natureza penal. A extinção da punibilidade no caso de morte do agente decorre de dois princípios básicos: a morte tudo apaga e o de que nenhuma pena passará da pessoa do delinqüente. O critério legal proposto pela medicina é a chamada morte cerebral,
Cabe ressaltar que se ocorrer após o trânsito em julgado da condenação, a morte só extinguirá os efeitos penais, principais e secundários, não afetando, no entanto, os extrapenais. Assim, por exemplo, nada impedirá a execução da sentença penal no juízo cível contra os sucessores do falecido, desde que realizada a prévia liquidação do valor do dano. Além disso, morte do agente extingue a pena de multa, uma vez que esta não poderá ser cobrada dos seus herdeiros 
II - pela anistia, graça ou indulto;
A anistia, a graça ou o indulto trata-se de casos em que o Estado renúncia o direito de punir.
ANISTIA
É uma lei penal de efeito retroativo que retira as consequências de alguns crimes já praticados, promovendo o seu esquecimento jurídico. Tem por espécies:
a) especial: para crimes políticos; comum: para crimes não políticos;	 
b) própria: antes do trânsito em julgado; imprópria: após o trânsito em julgado;
c) geral ou plena: menciona apenas os fatos, atingindo a todos que os cometeram; f) parcial ou restrita: menciona fatos, mas exige o preenchimento de algum requisito (p. ex.: anistia que só atinge réus primários);
d) incondicionada: não exige a prática de nenhum ato como condição; h) condicionada: exige a prática de algum ato como condição (p. ex.: deposição de armas).
A competência é exclusiva da União (CF, art. 21, XVII) e privativa do Congresso Nacional (CF, art. 48, VIII), com a sanção do Presidente da República, só podendo ser concedida por meio de lei federal. Salienta-se que uma vez concedida, não pode a anistia ser revogada
OBS.: Ela se distingue da abolitio criminis. Esta extingue o tipo penal incriminador. Em face da anistia, entretanto, apaga-se o fato cometido, subsistindo a norma incriminadora.
GRAÇA E INDULTO
A graça se distingue do indulto nos seguintes pontos:
a) a graça é individual; o indulto, coletivo;
b) a graça (em regra) deve ser solicitada; o indulto é espontâneo.
Enquanto a anistia e o indulto têm o caráter de generalidade, incidindo sobre fatos e abrangendo uma generalidade de pessoas, a graça é individual, pois só atinge determinado criminoso. Enquanto a anistia e o indulto podem ser concedidos espontaneamente pelo Poder Público, em regra deve ser Solicitada
São de competência privativa do presidente da República (CF, art. 84, XII), que pode delegá-la aos ministros de Estado, ao PGR (procurador-geral da República) ou ao AGU (advogado-geral da União). 
Formas: plenas, quando extinguem toda a pena, e parciais, quando apenas diminuem a pena ou a comutam (transformar em outra de menor gravidade).
Indulto
Momento da concessão: só após o trânsito em julgado da condenação.
OBS.: As três hipóteses não atingem os efeitos executórios penais da condenação, permanecendo íntegros os efeitos civis da sentença condenatória. Além disso, são crimes insuscetíveis de anistia, graça ou indulto: os crimes hediondos, a prática de tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins e o terrorismo, consumados ou tentados.
Por fim, cabe mencionar que o instrumento normativo da anistia é a lei. Enquanto o instrumento normativo do indulto e da graça é o decreto presidencial.
 III - pela retroatividade de lei que não mais considera o fato como criminoso;
A lei penal retroage, atingindo fatos ocorridos antes de sua entrada em vigor, sempre que beneficiar o agente de qualquer modo (CF, art. 5º, XL). Se a lei posterior deixa de considerar o fato como criminoso, isto é, se lei posterior extingue o tipo penal, retroage e torna extinta a punibilidade de todos os autores da conduta, antes tida por delituosa. 
IV - pela prescrição, decadência ou perempção;
PRESCRIÇÃO (ver adiante)
DECADENCIA (art. 103)
PEREMPÇÃO
É a causa de extinção da punibilidade, consistente em uma sanção processual ao querelante desidioso (inerte), que deixa de dar andamento normal à ação penal exclusivamente privada. 
Nota-se que só é cabível na ação penal exclusivamente privada, sendo inadmissível na ação penal privada subsidiária da pública, pois esta conserva sua natureza de pública.
Casos de perempção da ação penal, nos termos do art. 60 do CPP, “considerar-se-á perempta a ação penal:
I — quando, iniciada esta, o querelante deixar de promover o andamento do processo durante 30 dias seguidos;
II — quando, falecendo o querelante, ou sobrevindo sua incapacidade, não comparecer em juízo, para prosseguir no processo, dentro do prazo de 60 dias, qualquer das pessoas a quem couber fazê-lo, ressalvado o disposto no art. 36;
III — quando o querelante deixar de comparecer, sem motivo justificado, a qualquer ato do processo a que deva estar presente, ou deixar de formular o pedido de condenação nas alegações finais;
IV — quando, sendo querelante pessoa jurídica, esta se extinguir sem deixar sucessor”.
V - pela renúncia do direito de queixa ou pelo perdão aceito, nos crimes de ação privada;
RENÚNCIA AO DIREITO DE QUEIXA
É a abdicação do direito de promover a ação penal privada, pelo ofendido ou seu representante legal. Só poderá ser feita antes de iniciada a ação penal privada, ou seja, antes de oferecida a queixa-crime. Além disso, somente cabe na ação penal exclusivamente privada, sendo inaceitável na açãoprivada subsidiária da pública, pois esta tem natureza de ação pública.
A renúncia da queixa assume duas formas: expressa ou tácita.
a) expressa: declaração escrita assinada pelo ofendido ou por seu representante legal ou, ainda, por procurador com poderes especiais (CPP, art. 50);
b) tácita: prática de ato incompatível com a vontade de dar início à ação penal privada (p. ex.: o ofendido vai jantar na casa de seu ofensor, após a ofensa). Cabe ressalta que o recebimento da indenização pelo dano resultante do crime não caracteriza renúncia tácita (CP, art. 104, parágrafo único).
No caso de morte do ofendido, o direito de promover a queixa-crime passa a seu cônjuge, descendente, ascendente ou irmão, sendo que a renúncia de um não impede os demais de dar início à ação.
Nos crimes que, por sua natureza, possuam dois sujeitos passivos, a renúncia de uma das vítimas não impede o oferecimento da queixa pela outra.
PERDÃO DO OFENDIDO
É a manifestação de vontade, expressa ou tácita, do ofendido ou de seu representante legal, no sentido de desistir da ação penal privada já iniciada, ou seja, é a desistência manifestada após o oferecimento da queixa.
A renúncia distingue-se do perdão, pois, é anterior, enquanto este é posterior à propositura da ação penal privada.
Salienta-se que só cabe na ação penal exclusivamente privada, sendo inadmissível na ação penal privada subsidiária da pública, já que esta mantém sua natureza de ação pública. Além disso, só é possível depois de iniciada a ação penal privada, com o oferecimento da queixa e até o trânsito em julgado da sentença (CP,art. 106, § 2º). Possui estas formas: 
a) processual: concedido nos autos da ação penal (é sempre expresso);
b) extraprocessual: concedido fora dos autos da ação penal (pode ser expresso ou tácito);
c) expresso: declaração escrita, assinada pelo ofendido, seu representante legal ou procurador com poderes especiais;
d) tácito: resulta da prática de ato incompatível com a vontade de prosseguir na ação penal (sempre extraprocessual).
	Cabe ressaltar que o perdão do ofendido é ato jurídico bilateral, pois não produz efeito quando recusado pelo ofensor. A extinção da punibilidade, com o afastamento de todos os efeitos da condenação, principais e secundários. Ademais, no caso de concurso de agentes, alcança a todos os querelados, exceto o que tiver renunciado. (VER O ART. 106)
VI - pela retratação do agente, nos casos em que a lei a admite;
Retratar-se significa desdizer-se, retirar o que foi dito, confessar que errou. Os Casos em que a lei a permite são os seguintes:
a) art. 143 do CP: a retratação é admitida nos crimes contra a honra, mas apenas nos casos de calúnia e difamação, sendo inadmissível na injúria.
b) art. 342, § 2º, do CP: o fato deixa de ser punível se o agente (testemunha, perito, tradutor ou intérprete) se retrata ou declara a verdade.
Oportunidade: na hipótese de crime contra a honra, a retratação do agente só será possível até a sentença de primeiro grau do processo criminal instaurado em virtude da ofensa. No caso do falso testemunho, a retratação só será admitida até a sentença de primeira instância do processo em que se deu o falso, ou, na hipótese de ele ter ocorrido em procedimento da alçada do júri popular, até o veredicto dos jurados.
Comunicabilidade: depende das circunstâncias:
a) a retratação de que trata o art. 143 é pessoal, não se comunicando aos demais ofensores;
b) a do art. 342, § 3º, é comunicável.
IX - pelo perdão judicial, nos casos previstos em lei.
Esta causa extintiva da punibilidade consistente em uma faculdade do juiz de, nos casos previstos em lei, deixar de aplicar a pena, em face de justificadas circunstâncias excepcionais.
O juiz deve analisar discricionariamente se as circunstâncias excepcionais estão ou não presentes. Caso entenda que sim, não pode recusar a aplicação do perdão judicial, pois, nesse caso, o agente terá direito público subjetivo ao benefício.
Hipóteses legais: o juiz só pode deixar de aplicar a pena nos casos expressamente previstos em lei, quais sejam:
a) art. 121, § 5º, do CP: homicídio culposo em que as conseqüências da infração atinjam o agente de forma tão grave que a sanção penal se torne desnecessária;
c) art. 140, § 1º, I e II, do CP: injúria, em que o ofendido de forma reprovável provocou diretamente a ofensa, ou no caso de retorsão imediata consistente em outra injúria;
PRESCRIÇÃO 
Conceito
É a perda do direito-dever de punir pelo Estado em face do não exercício de pretensão punitiva (interesse em aplicar a pena) ou da pretensão executória (interesse em executá-la). Pelo art. 107, IV, é uma causa de extinção de punibilidade.
O não exercício da pretensão punitiva acarreta a perda do direito de impor a sanção. Então, só ocorre antes de transitar em julgado a sentença final. O não exercício da pretensão executória extingue o direito de executar a sanção imposta. Só ocorre, portanto, após o trânsito em julgado da sentença condenatória.
OBS.: Diferença entre prescrição e decadência: a prescrição extingue o direito de punir do Estado, enquanto a decadência atinge o direito do ofendido de promover a ação penal privada.
Espécies de prescrição
O Estado possui duas pretensões: a de punir e a de executar a punição do delinquente. Por conseguinte, só podem existir duas extinções. Existem, portanto, apenas duas espécies de prescrição:
a) prescrição da pretensão punitiva (PPP);
b) prescrição da pretensão executória (PPE).
Prescrição da pretensão punitiva (PPP)
É a perda do poder-dever de punir, em face da inércia do Estado durante determinado lapso de tempo. Tem por efeito impedir o início (trancamento de inquérito policial) ou interrompe a persecução penal em juízo;
Subespécies de prescrição da pretensão punitiva (PPP): 
Dependendo do momento processual em que Estado perde o seu direito de aplicar a pena, e de acordo com o critério para o cálculo do prazo, a prescrição da pretensão punitiva se subdivide em:
a) PPP propriamente dita: calculada com base na maior pena prevista no tipo legal (pena abstrata);
b) PPP intercorrente ou superveniente à sentença condenatória: calculada com base na pena efetivamente fixada pelo juiz na sentença condenatória e aplicável sempre após a condenação de primeira instância;
c) PPP retroativa: calculada com base na pena efetivamente fixada pelo juiz na sentença condenatória e aplicável da sentença condenatória para trás;
d) PPP antecipada, projetada, perspectiva ou virtual: reconhecida, antecipadamente, com base na provável pena fixada na futura condenação.
3.2 Termo inicial da PPP (art.111)
A prescrição, antes de transitar em julgado a sentença final, começa a correr: 
I - do dia em que o crime se consumou; 
II - no caso de tentativa, do dia em que cessou a atividade criminosa; 
III - nos crimes permanentes, do dia em que cessou a permanência; 
IV - nos de bigamia e nos de falsificação ou alteração de assentamento do registro civil, da data em que o fato se tornou conhecido. 
V - nos crimes contra a dignidade sexual de crianças e adolescentes, previstos neste Código ou em legislação especial, da data em que a vítima completar 18 (dezoito) anos, salvo se a esse tempo já houver sido proposta a ação penal.
Cabe ressaltar que nos casos de concurso material e formal: a prescrição incide isoladamente sobre cada resultado autonomamente (art. 119 do CP), como se não existisse qualquer concurso. 
3.3 Cálculo do prazo prescricional 
O prazo prescricional é calculado em função da pena privativa de liberdade. A base para o cálculo é a maior pena prevista no tipo legal. O art. 109 versa sobre uma “tabela” na qual cada pena abstrata tem seu prazo prescricional correspondente:
	Maior pena prevista no tipo legal
	Prazo Prescricional
	Pena inferior a 1 ano
	3 anos
	Pena entre 1 a 2 anos
	4 anos
	Pena entre 2 a 4 anos
	8 anos
	Pena entre 4 a 8 anos
	12 anos
	Pena entre 8 a 12 anos
	16 anos
	Pena acima de 12 anos
	20 anos
3.4 Prescrição da pretensão punitiva intercorrente,posterior ou superveniente à sentença condenatória: 
Nos termos do que dispõe o art. 109, caput, do CP, a prescrição da pretensão punitiva (prescrição da ação penal), salvo a exceção do § 1.º do art. 110, do mesmo estatuto, é regulada pelo máximo da sanção privativa de liberdade. Esta exceção trata-se da pretensão punitiva superveniente.
É a prescrição que ocorre após a sentença condenatória, sendo o seu prazo calculado com base na pena concreta fixada na sentença e não mais pela maior pena prevista abstratamente no tipo penal. Isso ocorre, pois, depois de proferida a sentença condenatória, não existe mais qualquer justificativa para continuar calculando a prescrição pela pior das hipóteses (a maior pena possível), uma vez que já se conhece a pena para aquele caso concreto. Por essa razão, o art. 110, § 1º, do CP determina que, após o trânsito em julgado da condenação para a acusação, a prescrição é regulada pela pena fixada na sentença. Note-se que a condenação precisa transitar em julgado para a acusação.
3.5 Prescrição da pretensão punitiva virtual, perspectiva, projetada ou antecipada:
A prescrição virtual é aquela reconhecida antecipadamente, concebe-se um prazo prescricional com base na PROVÁVEL pena mínima CONCRETA, que será fixada pelo juiz, no momento futuro da condenação. 
Prescrição da pretensão executória (PPE)
É a perda do poder-dever de executar a sanção imposta, em face da inércia do Estado, durante determinado lapso. Cabe ressaltar que se tratando de reincidente, o prazo da prescrição da pretensão executória da pena privativa de liberdade é aumentado de um terço 
Termo inicial PPE: 
A prescrição da pretensão executória começa a correr a partir:
a) da data do trânsito em julgado da sentença condenatória para a acusação 
b) da data em que é proferida a decisão que revoga o livramento condicional ou o sursis;[2: Revogada a suspensão condicional da pena ou o livramento condicional, a consequência é a de o condenado cumprir a pena que está suspensa (sursis) ou o restante da pena (livramento condicional). Enquanto a pena não é executada, a prescrição está correndo, tendo o seu termo a quo a partir da data do trânsito em julgado da sentença revocatória.]
c) do dia em que a execução da pena é interrompida por qualquer motivo.
Obs.: no caso de interrupção da execução da pena pela fuga do condenado, e no caso de revogação do livramento condicional, a prescrição é regulada pelo tempo que resta da pena.
Distinção entre PPP superveniente e PPE: 
Embora ambas sejam reguladas pela pena aplicada, a primeira tem início com a publicação da sentença condenatória; a segunda, com o trânsito em julgado da condenação para a acusação. Além disso, a prescrição superveniente só pode ocorrer antes do trânsito em julgado para a defesa; a prescrição executória, somente após esse trânsito.
Prescrição da pena de multa
Para saber qual o prazo prescricional da pena pecuniária, é preciso verificar se a hipótese é de PPP ou de PPE. Do art. 114 do CP, que trata apenas da prescrição da pretensão punitiva, infere-se que
a) quando a multa for cominada abstratamente no tipo penal, cumulativa ou alternativamente com pena privativa de liberdade, o seu prazo prescricional será o mesmo desta, obedecendo ao princípio estabelecido no art. 118 do CP, de que as penas mais leves (multas) prescrevem junto com as mais graves (privativas de liberdade);
b) quando imposta na sentença condenatória, cumulativamente com pena privativa de liberdade, a multa prescreverá no mesmo prazo desta, 
c) quando prevista abstratamente no tipo isoladamente, a multa prescreverá no prazo de 2 anos;
d) quando imposta isoladamente na sentença condenatória, a multa prescreverá no prazo de 2 anos.
O art. 114, que traça essas quatro regras, somente está fazendo menção à prescrição da pretensão punitiva da multa, não tratando da prescrição executória, uma vez que, transitando em julgado a sentença condenatória, o seu valor deve ser inscrito como dívida ativa da Fazenda Pública, deixando a execução de apresentar natureza penal. Assim, a prescrição da pretensão executória da multa dar-se-á sempre em 5 anos.
Redução dos prazos de prescrição em face da idade do sujeito
O art. 115 do CP determina que são reduzidos de metade os prazos da prescrição quando o criminoso era, ao tempo do crime, menor de 21 ou maior de 70 anos na data da sentença. A disposição é aplicável aos prazos prescricionais dos arts. 109, 110e 113.Tratando-se de coautoria ou participação, a redução é incomunicável.
Causas suspensivas da prescrição
Nos termos do art. 116 do CP, “antes de passar em julgado a sentença final, a prescrição não corre:
I — enquanto não resolvida, em outro processo, questão de que dependa o reconhecimento da existência do crime;
II — enquanto o agente cumpre pena no estrangeiro.
Parágrafo único. Depois de passar em julgado a sentença condenatória, a prescrição não corre durante o tempo em que o condenado está preso por outro motivo”.
A disposição prevê as causas impeditivas ou suspensivas da prescrição, distintas das causas interruptivas (art. 117). Na suspensão da prescrição o tempo decorrido antes da causa é computado no prazo; na interrupção, o tempo decorrido antes da causa não é computado no prazo, que recomeça a correr por inteiro. Em outros termos: cessado o efeito da causa suspensiva, a prescrição recomeça a correr, computando-se o tempo decorrido antes dela; interrompida a prescrição, o prazo recomeça a correr por inteiro.
As interruptivas da prescrição
Dispõe o art. 117 do CP: “O curso da prescrição interrompe-se:
I — pelo recebimento da denúncia ou da queixa;
II — pela pronúncia;
III — pela decisão confirmatória da pronúncia;
IV — pela publicação da sentença ou acórdão condenatórios recorríveis
V — pelo início ou continuação do cumprimento da pena;
VI — pela reincidência.
§ 1.º Excetuados os casos dos incisos V e VI deste artigo, a interrupção da prescrição produz efeitos relativamente a todos os autores do crime. Nos crimes conexos, que sejam objeto do mesmo processo, estende-se aos demais a interrupção relativa a qualquer deles.
§ 2.º Interrompida a prescrição, salvo a hipótese do inciso V deste artigo, todo o prazo começa a correr, novamente, do dia da interrupção.
A incidência das causas do art. 117, salvo a do inciso V, faz com que seja extinto o prazo decorrido antes da interrupção, recomeçando a correr a prescrição por inteiro (§ 2.º). Tratando-se de interrupção da prescrição pelo início ou continuação do cumprimento da pena (inc. V), é claro que o prazo prescricional não recomeça a correr, pois se cuida de sanção que está sendo executada. Ressalta-se que a primeira causa interruptiva é o recebimento (e não o oferecimento) da denúncia ou da queixa (inc. I), peças iniciais da ação penal (pública e privada, respectivamente)

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