Buscar

Polítia e Teoria do Estado II

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 24 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 24 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 24 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Quarta-feira, 9 de março de 2016
Política e Teoria do Estado II 
Rodrigo Valim 
Monitora: Beatriz Gava (gavabia@gmail.com)
Junção da teoria com a prática. Primeiro tema: separação de poderes. Separação de poderes na jurisprudência do STF. O tema dos regimes políticos também é um tema que retorna, mas sempre nessa linha. Teorias do Mandato: natureza jurídica da relação entre quem vota e quem é eleito. Que natureza tem o mandato na nossa Constituição? De quem é o mandato? Do partido? Da coligação ou do indivíduo que foi eleito? E se ele trocar de partido, perde ou não perde o mandato? Um dos temas relevantes é o do sistema de governos. Como é a realidade do parlamentarismo? Sistemas eleitorais. Exigem uma certa manipulação matemática. Sistema majoritário, proporcional. Há um debate no Brasil tremendamente desqualificado. Partidos políticos e sistemas partidários. 
Avaliação: duas provas dissertativas, de cinco pontos cada uma. Respostas enxutas. Rec para substituir a primeira prova, a segunda prova ou ambas.
Teoria das Elites – Vilfredo Pareto, Gaetano Mosca e Robert Michel. São identificados com o fascismo italiano. Pareto era economista. O mais importante era Mosca, jurista e cientista político. Começou a pensar a teoria das elites sobretudo por seu estilo de vida. 
Aula 1 
SEPARAÇÃO DE PODERES
No Brasil é comum que uma nova lei, emenda etc seja qualificada de inconstitucional por supostamente violar o princípio da separação de poderes. Fora do Brasil, isso não ocorre. Isso é geralmente alegado por indivíduos que não conhecem a Teoria da Separação de Poderes. O principal pensador da separação de poderes é Montesquieu. O poder não reconhecido por John Locke era o judiciário, existe apenas uma bipartição. 
I.I A Fórmula de Montesquieu
Montesquieu diz que todos os Estados possuem três poderes. O primeiro é o poder executivo das coisas que dependem dos direitos das gentes. O papel desse poder é manter a ordem interna e a segurança externa. Quem detém esse poder é o monarca (o rei). É o equivalente do nosso atual poder executivo? Sim, com muitas diferenças. O de Montesquieu é para um Estado mínimo, de feição liberal. Em Montesquieu, não aparecia a ideia de um Estado intervencionista, preocupado com o bem-estar social. Há um autor francês muito interessante a respeito de Montesquieu, é Jean Starobinsky. Diz-se que a liberdade em Montesquieu tem um duplo valor. Portanto, segundo, Starobinsky, para Montesquieu, a liberdade é o fim supremo do direito da política e é um meio para que o indivíduo trabalhe e prospere. É então finalidade e meio. O direito e a política existem para garantir a liberdade, e não outra coisa. Liberdade que é securitas (segurança), ideal bastante liberal. Não é trabalho do Estado tornar os indivíduos felizes, isso é função do próprio indivíduo. 
Poder executivo das coisas que dependem do direito civil é apelidado por Montesquieu de ‘poder de julgar’. Ele não utiliza a expressão ‘poder judiciário’. As duas questões centrais são: as funções de punir os crimes e de resolver os conflitos entre os particulares. Os titulares do poder de julgar são juízes, mas não são juízes de carreira. Essa segunda ideia é alheia à Montesquieu, ele preferia algo mais próximo de um júri. O júri deveria ser recrutado de tempos em tempos em favor da lei. Montesquieu até quase a velhice era um sábio nobre de província e fez sucesso com um determinado livro, teve condições de ser recebido nas cortes. A primeira coisa que ele faz é deixar sua propriedade e sua família. Montesquieu vende seu cargo de presidente do parlamento de Bordeaux e vai para o mundo. 
- Autor Victor Ferreres Comella escreve sobre os tribunais constitucionais. 
Montesquieu não quer funcionários públicos ou juízes de carreira, mas jurados. Ele diz que os juízes são ‘la bouche de la loi’. Quanto mais fiel à letra da lei, mais apegado ao texto legal, melhor o juiz. Montesquieu não queria juízes criativos, pelo contrário. É um modelo fundacional para o Estado moderno. ‘A potência de julgar é, de alguma forma, nula’ segundo Montesquieu. O poder mais relevante para Montesquieu era o Legislativo. A lei é a expressão da vontade geral, diria Rousseau. O judiciário tem o fato de ser ‘não ativo’ ou nulo. O juiz é legalista ‘a boca da lei’. O Direito, para Montesquieu, é a voz fria da razão contra as paixões humanas. As paixões humanas levam à guerra e à violência.
Poder Legislativo em Montesquieu tem como função fazer e revogar as leis. É bicameral. Há uma câmara baixa, que é eletiva, e uma câmara alta, que é hereditária. Substancialmente, é o modelo da Inglaterra. Seria hoje a câmara dos Deputados e o Senado. Se não é uma fatalidade histórica, por que o bicameralismo? O que justifica as duas casas? Segundo Montesquieu, a câmara dos comuns tem o poder de deliberar ou estatuir (criar os estatutos). A câmara alta serve para impedir (pouvoir d’empêcher), ou seja, conter os excessos/moderar a câmara baixa. A razão é que Montesquieu é um nobre orgulhoso desconfiante do poder concentrado, mas tem uma relação ambígua com a democracia e com o povo. De um lado, o povo elege os comuns, de outro lado, é preciso um moderador dos excessos populares. Montesquieu, em seu sistema político, reserva um lugar para o povo, mas não deixa o poder em uma só instância. Essa ideia continua a existir, mesmo na Constituição Brasileira de 88. Duas coisas a respeito do Senado: idade mínima do senador (35 anos), mandato do senador (oito anos). Oito anos é o prazo do esquecimento: tomar medidas impopulares sem uma perspectiva imediata de processo eleitoral adiante. Mandatos mais longos desaceleram a política e os mais curtos a aceleram. No Brasil, cada estado tem três senadores, independentemente do tamanho da população. 
Quarta-feira, 16 de março de 2016
Aula 2
Já disse o historiador J. Starobinsky que Montesquieu é o filósofo da moderação e dos limites. A chave da compreensão de Montesquieu é a ideia de eurritmia do desejo. Para Montesquieu, nós somos infelizes por duas razões. Ou porque desejamos muito ou porque desejamos pouco. Logo, o segredo da felicidade está na eurritmia do desejo: não desejar muito, não desejar pouco. Montesquieu “Quem diria, a própria virtude precisa de limites! ”
O Homem que desejar demais mesmo em virtude ou santidade, também seria perigoso. Essa ideia também tem um papel na política. No mesmo contexto, “todo Homem que tem poder é levado a abusar do mesmo”, segundo Montesquieu. Sua solução seria dividir o poder. Se o poder é um perigo, uma solução realista de Montesquieu “o poder para o poder (le pouvoir arrête le pouvoir) ” Montesquieu descobrirá que o poder corrompe. Marxistas e anarquistas têm como ponto comum a eliminação do poder. Montesquieu não pretende eliminá-lo, mas dividi-lo. Segundo o filósofo, ou os poderes marcham em comum ou paralisam uns aos outros.
Princípios, por sua natureza, são mais largos e genéricos. Não significa que não possuem juridicidade. Há dois esquemas interpretativos incompatíveis e inconciliáveis. Exclusividade x Predomínio. Servem para fins didáticos.
	Exclusividade
	Predomínio
	Cada poder (órgão) tem exclusividade em sua esfera de ação. O órgão tem tudo. Exemplo: só o órgão legislativo pode legislar, é uma decorrência da tese da exclusividade. Em matéria legislativa, por exemplo, só o poder legislativo pode legislar. 
	Cada órgão terá o predomínio em sua esfera de ação. Isso significa que interferências parciais de um poder na esfera de ação de outro poder são aceitáveis, ou até mesmo, desejáveis. 
Na Constituição brasileira, o mais comum é o predomínio. O que nos indica isso é a possibilidade de ação conjunta em harmonia em casos (exemplo) do Congresso aprovando o Orçamento proposto pelo Executivo. 
Medida provisória: tem força de lei, não é ato administrativo. É colocada na Constituição entre as espécies do processo legislativo. O presidente edita medidas provisórias, publica-as no Diário Oficial e passam a valer imediatamente, antes mesmode exame do Congresso. Ainda o presidente tem o poder de veto em relação à medida provisória que for aprovada no Congresso e mesmo depois o Congresso tem poder de derrubar a medida provisória. Situação em que a Legislação decorre de dois órgãos (poderes). 
Para Montesquieu, o rei tem poder de veto. Poder dito veto absoluto, ou seja, o veto do rei não poderia ser derrubado. A maioria dos vetos em Constituições atuais são vetos suspensivos, ou seja, que podem ser derrubados.
*veto absoluto: o projeto de lei passa pelo Congresso, em regra, um turno de votação em cada casa e é enviado ao presidente. Quando o presidente recebe o projeto aprovado, ele (em até 15 dias) sanciona (expressamente) ou veta. Sancionar, aqui, significa aquiescer, aceitar. Se o presidente deixa correr os 15 dias em silencio, há sanção tácita (‘quem cala, consente’). Portanto, pode haver sanção expressa ou tácita. Porém, só existe veto expresso. O presidente também deve apontar as razões do veto (inconstitucional ou contrário ao interesse público ou ambos). O veto também pode ser total ou parcial. O veto parcial, após o regime militar, mereceu uma regra: tem que ser de todo um artigo, todo um inciso, e não mais sobre uma palavra ou conjunto de palavras. Não se pode ter um veto parcial apagando vírgulas ou apagando palavras a fim de distorcer uma lei. Quando é dado o veto pelo presidente, o projeto deve ser enviado de volta ao Congresso Nacional, que tem um prazo de trinta dias para que o veto seja mantido (Congresso aceita o veto) ou para derrubá-lo [o veto]. 
De que vale o veto do presidente se o Congresso pode derrubá-lo?
O veto do presidente pode ser derrubado, mas ele altera a maioria absoluta para a aprovação do projeto. 
A maioria absoluta no Supremo é de seis ministros, não de sete. A maioria absoluta é, portanto, o número inteiro imediatamente superior à metade. Caso a metade for 5,5 (caso do Supremo), o número imediato superior é seis. 
 
Para aprovar um projeto de Lei Ordinária, são necessários dois tipos de quórum: o de presença e o de aprovação. A Constituição tem um artigo sobre a questão dos quóruns (Artigo 47 - Art. 47. Salvo disposição constitucional em contrário, as deliberações de cada Casa e de suas Comissões serão tomadas por maioria dos votos, presente a maioria absoluta de seus membros.) Portanto, quórum de presença exige maioria absoluta e quórum de aprovação exige maioria simples. A maioria absoluta é contada (base de cálculo) com o número de cadeiras (membros). A maioria absoluta do parlamento é, portanto, para 100 cadeiras, 51. 
- Se dos 51, 21 votam em branco, 5 votam nulo e outros 5 se abstém, 11 votam sim e 9 votam não. Cumpre-se o requisito de maioria simples? Sim. Aprova-se, nesse caso, o projeto de lei. 
Na maioria simples, só se verifica se o sim supera o não. Ignora-se votos brancos, nulos, abstenções, ausências. 
Quando o presidente veta, ele, automaticamente, cria uma barreira adicional. Para derrubar o veto, é necessária maioria absoluta.
No exemplo, para derrubar o veto seriam necessários 51 votos. A derrubada do veto é, portanto, mais complicada. O prazo de 30 dias refere-se (artigo 66) aos dias de trabalho do Congresso. Recentemente, essa norma está enfraquecida pelo Supremo, declarando-se que seu não cumprimento não gera inconstitucionalidade. 
A maioria qualificada não é a ideia da maioria simples nem da absoluta. Ela é expressa por frações: 2/3 ou 3/5.
Segundo Montesquieu, dois elementos confirmam a corrente do predomínio. Há duas exceções: o veto absoluto (do rei) e o fato de que os nobres não deveriam ser julgados pelos juízes comuns do poder de julgar. Os nobres deveriam ser julgados por seus pares da Câmara Alta (a Câmara dos Lordes na Inglaterra). Portanto, a Câmara Alta teria também papel jurisdicional (exerce jurisdição: diz o Direito). Essas exceções comprovam uma certa flexibilidade. Essa é a concepção de Montesquieu. A defesa da nobreza é própria à obra de Montesquieu. Ele defende uma ideia de governo misto. 
Estados Unidos
1776: Confederação – características: os membros dessa Confederação são soberanos porque dispõem de um Direito de sair do pacto (direito de secessão). Também, a autoridade central não pode legislar diretamente para os indivíduos. Ela legisla e cada estado-membro ratifica ou não e, no caso positivo, é válido para os indivíduos. Absolutamente tudo depende da aceitação do estado-membro, esse é o ápice da descentralização. A autoridade central não tem competência legislativa (quase) nenhuma. Essa estrutura era baseada em um documento jurídico, uma espécie de tratado. Os conhecidos Artigos de Confederação, espécie de lei fundamental dos EUA. Porém, esse sistema não funcionou. 
1787: É reunida a Convenção da Filadélfia. Foi aprovada com um propósito e acabou tomando decisões completamente fora dele. Decide que haverá uma Constituição, a primeira e única Constituição dos EUA, vigente até hoje, com uma estabilidade invejável. 
A Constituição escrita tem dois pontos mais importantes: o presidencialismo e a Federação. A primeira federação moderna surge aqui (federação moderna: membros deixam de ser soberanos, são meramente autônomos, não possuem mais o Direito de Secessão e, dentro de suas competências, a autoridade central pode legislar diretamente para os indivíduos). Acaba prevalecendo a tese de que essa nova Constituição teria de ser ratificada por cada um dos membros. Se gera, a partir de então, um processo de ratificação que dura mais de ano. A mídia atacou violentamente a ratificação, uma vez que o americano é desconfiado contra o poder central. Três ilustres americanos passaram a defender a ratificação, escrever nos jornais sob pseudônimo de Publius (Hamilton, Madison e Jay). 
Um dos artigos do Federalista rebate a crítica de que a Constituição dos Estados unidos violava a separação de poderes por atribuir o poder de veto ao presidente. Resposta de Publius: A separação de poderes não proíbe que um departamento invada a esfera de ação de outro departamento, o que é proibido é que um Departamento tome completamente o lugar do outro. 
Quarta-feira, 06 de abril de 2016
Aula 3
O que não pode haver é um poder tomando completamente o lugar de outro. Interferências parciais são admissíveis e existem para que os poderes controlem uns aos outros. Se não houvessem essas interferências, a finalidade da separação de poderes não se realizaria (freios e contrapesos: checks and balances). Elas, além de admissíveis são também desejáveis. Os poderes não são retas paralelas. Se os poderes não interferissem uns nos outros, não haveria controle entre eles. A separação de poderes distingue duas coisas: (1) uma separação de órgãos, ou seja, parlamento (congresso), executivo, judiciário. (2) uma separação de atividades, uma divisão de tarefas. 
Separação de órgãos e de atividades sempre coincide? Há uma série de fatos que comprovam que nem sempre coincidem. André Ramos Tavares desenvolve essa ideia de que existem essas duas separações. 
A separação de Poderes na Jurisprudência do STF
O primeiro é o Habeas Corpus – HC 92 628: O Habeas Corpus é um remédio constitucional para garantir uma espécie de liberdade (a de ir e vir). Se há alguma ameaça de prisão e impedimento de circulação cabe entrar com o Habeas Corpus (da tradução, traga-me o corpo). Remonta à Idade Média. A ideia é simples: qualquer um pode impetrar um Habeas Corpus sem a necessidade de um advogado e com poucas formalidades. Ele é dirigido a um juiz de direito. 
Art. 155 Cod. Penal: Furto. Pena de 1 a 4 anos. Quando ocorrer em concurso de pessoas, tem pena prevista de 2 a 8 anos. 	
Art. 157 Cod. Penal. Roubo. Pena de 4 a 10 anos. Quando ocorrer em concurso de pessoas, tem aumento de pena previsto de 1/3 até a metade. 
No furto com concurso de pessoas, a pena dobra. No roubo, a pena aumenta de 1/3 a ½. Comparando o tratamento jurídico, nota-se que aparentemente o do furto em concurso é mais rigoroso do que o do roubo, e não deveria ser assim. A Defensoria Públicaalega que esse tratamento viola o princípio da proporcionalidade, é a tese do réu. O princípio da proporcionalidade está implícito na Constituição. Declara-se essa violação e o réu faz o pedido de aplicação ao furto em concurso da parcela do roubo em concurso. O Supremo Tribunal Federal (pelo relator, ministro Joaquim Barbosa) alega que se o judiciário aplicasse a um furto em concurso a parcela do roubo em concurso, estaria criando uma terceira espécie normativa. Isso seria inaceitável pelo princípio da separação dos poderes, que proíbe duas coisas: o magistrado não deve alterar a essência das normas elaboradas pelo legislador e não deve criar normas jurídicas primárias. O STF acaba de lançar alguns parâmetros importantes sobre separação de poderes. Norma jurídica primária, em regra, se refere à norma de conduta. No sentido de uma autolimitação por parte do poder judiciário. 
O segundo é uma Ação Direta de Inconstitucionalidade – ADI 29 11: é uma ação direta porque quem pode utiliza-la entra diretamente no Supremo. O objetivo é declarar algo como inconstitucional. Chama-se Ato Impugnado. Toda a ADI tem objetivo de impugnar algo. O artigo 57 da Constituição Estadual do Espírito Santo determina que a assembleia legislativa do Espírito Santo pode convocar o presidente do Tribunal Judiciário capixaba a comparecer e prestar informações. O não comparecimento gerando responsabilidade. Isso é algo aceitável? É uma prática de freios e contrapesos? Isso, em teoria, poderia ser aceitável como um freio e contrapeso, como uma possibilidade de fiscalização. O legislativo estadual fiscaliza outros poderes. A assembleia pode convocar o presidente do TJ, porém não tem poder para tomar decisões judiciárias ou dirigir o TJ. É um freio e contrapeso aceitável? O parâmetro está na Constituição Federal, especificamente no Artigo 50 – possibilidade do Senado ou da Câmara convocarem Ministro de Estado ou Autoridade subordinada à Presidência da República. Duas coisas se tiram desse artigo: No artigo 50, existe a possibilidade da convocação de um chefe de poder? Não. Segundo ponto: o artigo 50 não inclui possibilidade de convocação de membro do judiciário. Portanto, como o presidente do TJ se inclui em ambas as categorias, a decisão do Supremo diz que o princípio de freio e contrapesos é materialmente inelástico. Ou seja, só se aplica às hipóteses previstas pela Constituição Federal. Inelasticidade material refere-se ao fato de não se estender para além dos casos previstos na Constituição Federal. Uma lei federal ordinária não pode, portanto, criar freio e contrapeso. Apenas a Constituição Federal tem esse poder. Uma Constituição Estadual, como é o caso, não dispõe, portanto, desse poder. O artigo foi julgado inconstitucional e a ADI foi procedente. 
Primeira prova: 25 de maio
Segunda prova: 22 de junho
Entrega dos resultados: 29 de junho
Recuperação: 6 de julho
Comissões Parlamentares de Inquérito – CPI
Primeiro ponto: caracterização – as CPI são órgãos de previsão expressa na Constituição Federal. Artigo 58, parágrafo 3º da CF. As CPI podem ser da Câmara, do Senado ou de ambos, conjuntamente. Para a abertura de uma CPI é necessário 1/3 das assinaturas dos membros da casa. As CPI terão poderes de investigação próprios de autoridade judicial. Aqui, um possível foco de confusão ou abuso. A CPI é um órgão extraordinário. Existem outras comissões parlamentares que são permanentes. A CPI necessariamente é temporária e tem um prazo de duração determinado. Não existe CPI que ocorra indefinidamente. 
Na câmara dos deputados - Art. 35 do Regimento Interno da Câmara diz que uma CPI dura 120 dias prorrogáveis por mais 60. No senado, o regimento interno silencia sobre isso. Ela durará o tempo previsto no ato, assinado pelos parlamentares, de abertura. A CPI é um órgão colegiado. Apenas uma parte dos parlamentares comporá a CPI. No artigo 58, também é dito que, na composição de uma CPI, deve-se levar em conta as relações de forças que há no plenário. Se um determinado partido tiver 30% das cadeiras no plenário, deverá ter a mesma proporção em uma CPI. Cláusula escapatória: a composição da CPI respeitará o quanto possível a proporção. A Constituição diz que a CPI será convocada por 1/3 dos membros da respectiva casa: este 1/3 advém de onde? Que maioria é essa? 1/3 é minoria. 
Mandado de Segurança 26 441 – é no governo Lula durante a crise do apagão aéreo. 
A oposição logra 1/3 das assinaturas. Apresenta o pedido de abertura da CPI do apagão aéreo na Câmara dos Deputados.
A mesa (a presidência da Câmara dos deputados) defere (autoriza) a abertura da CPI. 
O Partido dos Trabalhadores (PT) propõe uma questão de ordem contra a decisão da mesa. A Q.O. pede o fechamento da CPI por irregularidades formais no requerimento.
A mesa indefere (nega) a Q.O. Mantém a decisão original e dá prosseguimento à CPI. 
PT recorre ao plenário.
O plenário defere a Q.O.: fechamento da CPI. 
A oposição impetra o Mandado de Segurança contra ato do Presidente da Câmara no Supremo. 
Decisão do STF: A maioria decidiu pelo fechamento da CPI e a minoria queria a abertura. O Supremo argumenta 4 coisas muito relevantes: (1) existe um verdadeiro estatuto constitucional das oposições e das minorias, art. 58. (2) O Direito de oposição não pode ser uma prerrogativa constitucional sem consequência prática. (3) O Direito de oposição, ou seja, o direito de fiscalizar, não deve estar condicionado à vontade da maioria. (4) CPIs são instrumentos contramajoritários. - Com isso, é reaberta a CPI.
Para Kelsen, a democracia não tem essência, é meramente método. 
Objeto de uma CPI
O risco de abuso é grande. A Constituição exige fato. Verdadeiramente, o fato que gera uma CPI deve ser relevante para a vida pública, o fato deve estar bem caracterizado no requerimento da CPI, ou seja, deve ser um fato com certo grau de verossimilitude. CPIs sobre fatos vagos são inconstitucionais. As circunstâncias devem estar marcadas de um forte matiz de ilicitude. A investigação não é um fim em si mesma, a CPI não existe para provocar escândalo. A CPI em si não pune ou condena ninguém, mas podem acabar resultando em consequências graves para os investigados. 
Quarta-feira, 13 de abril
Aula 4
A principal questão é: quais poderes tem uma CPI e quais não tem? Que atos, afinal, podem ser praticados por uma CPI? A Constituição diz “poderes de investigação próprios de autoridade judicial”. Nota-se que isto não significa quaisquer poderes de autoridade judicial, não é uma porta aberta. São poderes de investigação. Há uma lei elencando esses poderes. É a Lei 1579/52 ainda vigente, datada da Era Vargas. Há alguns poderes elencados como próprios de CPI: (1) convocação de ministros (2) tomada de depoimento de quaisquer autoridades, sejam elas federais, estaduais ou municipais (3) ouvir os indiciados (4) requisitar informações e documentos de quaisquer repartições públicas. A CPI não tem poderes de condenação ou punição. 
São três tipos de imunidade: (1) imunidade material, inviolabilidade por opiniões, palavras, votos etc. É civil e penal e possui natureza de exclusão do delito. (2) inarrestabilidade. Os senadores e deputados não podem ser presos, salvo em flagrante delito de crime inafiançável. (3) imunidade por improcessabilidade formal (imunidade processual penal): é causa de suspensão do processo. 
Não são direitos objetivos, mas prerrogativas do parlamento. Protegem a liberdade do parlamento em face dos demais poderes.
A CPI pode convocar qualquer pessoa como testemunha, ouvir os indiciados, se transportar. Há um precedente em relação aos indígenas: eles só podem ser ouvidos em território indígena em presença de antropólogo, tradutor etc. CPI tem poderes para, sem necessidade de ordem judicial, quebrar sigilos fiscal, bancário e telefônico. O que pode ser quebrado do sigilo telefônico é o de dados: para quem foram feitas as chamadas, em que data e durante quanto tempo. Não possui poderes de interceptação, ou seja, não tem acesso ao conteúdo das ligaçõestelefônicas. 
CPI dos Bingos – caso: mandado de segurança MS 25510
A CPI dos Bingos realizava suas investigações quando se deu conta de que uma juíza federal havia concedido várias liminares em favor de uma empresa (Gtec) contra a Caixa Econômica Federal. A CPI decreta a quebra dos sigilos fiscal, bancário e telefônico da juíza em questão. O supremo fornece dois argumentos que chegam à conclusão de que a quebra havia sido indevida. (1) a quebra pela CPI não foi bem fundamentada, ou seja, a CPI não teria fundamentado adequadamente a decisão de quebra, por isso ela não seria aceita do ponto de vista constitucional. (2) o princípio da intangibilidade da prestação jurisdicional. Esse argumento é de que os juízes, quando exercem sua atividade típica, são invioláveis, intocáveis. Não é possível que outro poder viole a prestação jurisdicional, uma vez que ela é intangível. No entanto, esses dois argumentos não são compatíveis. 
Quebra de sigilo de particulares – mandado de segurança MS 23452
Os particulares foram ao Supremo porque a CPI pretendia quebrar-lhes o sigilo. Os particulares não tinham o argumento da intangibilidade. Restou ao argumento de que a decisão de quebra não havia sido fundamentada. Ganharam com esse argumento, entre outros. O Supremo decide que a fundamentação não pode aparecer a posteriori. O argumento do poder legislativo é de que a quebra é decisão interna corporis, uma decorrência da separação de poderes, e o judiciário não pode examina-la. Para o Supremo, (1) a CPI é a longa manus do poder legislativo. É uma projeção orgânica do poder legislativo. (2) O controle jurisdicional dos abusos da CPI não fere o princípio da separação de poderes. (3) A essência da separação dos poderes é conter os excessos dos órgãos do Estado para proteger as liberdades dos cidadãos. (4) A separação de poderes tem, por objetivo, impedir a formação de instâncias hegemônicas de poder. A ideia de separação de poderes está associada às liberdades individuais e, por fim, mas não menos importante, o objetivo da separação de poderes é de evitar a formação de instâncias hegemônicas de poder. 
Teorias do Mandato
A natureza da relação entre quem vota e quem é eleito é o mandato. É uma relação político-jurídica. Três teorias (principais) existem sobre o mandato: 
Teoria do Mandato Imperativo 
Tem raízes medievais, sendo a mais antiga. Considera a relação entre eleitor e eleito como um contrato. Nos mesmos moldes do Direito privado. O eleito recebe dos eleitores uma lista de tarefas que, se não for bem cumprida, pode produzir a interrupção do mandato antes do tempo previsto. É uma ideia de contrato e Direito Privado. Uma conclusão é a de que esse tipo de mandato é fruto de um eleitorado reduzido (sufrágio restrito) e que conhece o eleito e tem contato com ele (política paroquial). Algumas constituições proibiram expressamente o mandato imperativo. Constituição francesa atual, artigo 27 – todo mandato imperativo é nulo (não se pode ter pacto ou contrato algum com o representante). 
Recall: possibilidade, por meio de um plebiscito, de interromper o mandato de um oficial do Legislativo, do Judiciário e do executivo. Nos EUA, o recall incide a nível estadual e municipal. É, por exemplo, contra o prefeito, o xerife, o vereador. Ou também contra o governador do Estado (caso de recall contra o governador da Califórnia), o senador estadual, juiz eleito (no nível de Estado para baixo). A regulamentação é particular a cada estado. Primeiro, o recall exige (1) uma proposta – supõe assinaturas e o depósito de certa quantia em dinheiro (a quantia só será devolvida no caso de o recall ser vitorioso). (2) campanha – há toda uma confrontação eleitoral (feita como se fosse uma campanha, com horários eleitorais etc). (3) consulta às urnas – há uma espécie de plebiscito que decidirá pela interrupção do mandato ou não. É uma consulta popular. O recall é uma pratica do que conhecemos como democracia participativa ou democracia semidireta. O recall é, essencialmente, político. É um apelo ao eleitorado. Não é um julgamento, nem um processo legal. 
	
	Recall
	Impeachment
	Causa
	Funcionário eleito ruim
	Crime de Responsabilidade
	Processo
	Processo eleitoral
	Processo Jurídico (acusação, defesa, prova, contraditório)
	Natureza
	Política
	Híbrida
	Consequência
	Perda do Cargo
	Perda do Cargo e Inabilitação para o exercício de qualquer cargo ou função pública pelo período de oito anos. 
Quarta-feira, 20 de abril
Aula 5
Teoria do Mandato Imputativo
Tem-se que partir de cima para baixo para compreende-la. Imputa-se aos eleitores a vontade que é originária do eleito. Há uma espécie de presunção: se o eleito pensa de uma determinada maneira, presume-se que os eleitores também pensem dessa forma. Atribui-se aos eleitores a vontade do eleito. Há uma lógica para essa construção conceitual. 
Para o liberalismo, a lei é a expressão da vontade geral. O parlamento deve ser organizado de tal maneira que consiga encontrar leis que expressem essa vontade, é o órgão de busca do bem comum, do interesse da nação. Rousseau e outros pensaram como se deve organizar a política para que exista a vontade geral. Conceberam, então, uma política que funcionaria em dois níveis. De um lado, o parlamento, de outro, o indivíduo. No parlamento, os representantes devem fazer uso da faculdade da razão. Para bem usar a razão, os representantes devem decidir conforme idealmente o Direito natural e livres de influências. Há uma crença liberal, nessa época, nas qualidades da razão humana, em sua potencialidade. Os liberais acreditam que, se escolhermos parlamentares notáveis, eles agirão conforme a razão e livres de influências ou de qualquer corpo intermediário. Entre esses dois níveis, poderia haver sindicatos, partidos, corporações. No entanto, se o representante deve decidir livre de influência, deve-se banir todos esses corpos. Entre esses dois níveis, portanto, não pode haver corpos intermediários. O liberalismo clássico rejeitava os partidos políticos porque eram sinônimos de facção, corporação, o que minava a vontade geral. Os candidatos do liberalismo clássico eram, antes de tudo, notáveis, e não membros de um partido. Até hoje, o país em que a ideologia liberal é mais forte é os EUA e existem muitos candidatos independentes. 
Os liberais queriam um parlamento ‘purificado’ desses interesses parciais. Que buscasse o bem comum. Esse projeto passava por essa concepção de mandato imputativo. O eleitor não deve interferir na busca do bem comum. Se o eleitor não pode cobrar do eleito, isso causa uma apatia na política. A Constituição Francesa atual, em seu artigo 27, proíbe todo mandato imperativo. 
Teoria do Mandato Partidário
A partir da segunda metade do século XIX, mas, sobretudo, no século XX, quebra-se o consenso em torno do liberalismo, principalmente do econômico. O liberalismo econômico deixa de ser hegemônico. Surgem outras várias ideologias, muitas em conflito. O grande problema do século XX era impedir que essas diversas ideologias recaíssem em um conflito violento, uma vez que eram muito distintas. 
Para impedir que as ideologias do século XX recaiam em um conflito violento, concedeu-se a racionalização do poder. A racionalização do poder visava enquadrar na Constituição todas as correntes ideológicas de modo a promover uma alternância entre as mesmas, cujo árbitro seria o eleitor. Portanto, a ideia da racionalização do poder tem a premissa de enquadrar as diferentes ideologias em uma moldura institucional e promover uma alternância entre elas. O eleitor vota em um candidato de determinado partido com um programa razoavelmente bem definido. Por isso, a concepção de um mandato partidário. É uma forma de evitar que as ideologias promovam a guerra. Nem sempre é possível enquadrar uma ideologia dentro de uma constituição, é o caso dos chamados ‘partidos antissistema’. 
Além disso, na segunda metade do século XX assiste-se a um problema: cada vez mais os eleitores eram vistos comocompradores de um produto. Muitas vezes, os partidos acabaram por promover programas vagos, sem grande definição justamente no âmbito de não excluir eleitores. O medo era de ocasionar a perda de votos com a especificidade de um produto restrito. 
PARLAMENTARISMO
Sistema de governo com 4 características definidoras.
Distinção entre Chefia de Estado e Chefia de Governo
São distintas sobretudo por serem ocupadas por pessoas diferentes. O Chefe de Governo é o Primeiro Ministro e o Chefe de Estado pode ser o Rei ou o Presidente da República. O Parlamentarismo pode ser monárquico ou republicano. Os Parlamentarismos inglês, espanhol, belga e japonês são monárquicos. França, Portugal, Itália e Alemanha são parlamentarismos republicanos. Um erro grave é falar em presidencialismo monárquico, o presidencialismo é sempre republicano. Um dado a esclarecer é a palavra chanceler: na maioria dos países, quando se fala em chanceler, refere-se ao ministro das relações exteriores. Exceto na Alemanha, onde chanceler refere-se ao Primeiro Ministro. A distinção entre chefe de Estado e chefe de Governo é muito importante. O chefe de Estado não é figura decorativa, ele tem poderes de árbitro e defensor político da Constituição. O chefe de Estado é um “poder moderador”. O chefe de governo, o primeiro ministro, tem um papel ativo. Ele é o realizador de políticas ativas de governo. Governar é formular políticas e concretamente realiza-las. No fundo, é a distinção entre árbitro (chefe de Estado) e jogador ativo (primeiro ministro). O grande problema que ocorre no presidencialismo é que nele sobrepõem-se as duas funções: ele é juiz de si próprio, o que é sempre muito problemático.
Responsabilidade do Governo perante o Parlamento
Em termos concretos, a maioria parlamentar faz e desfaz o governo. A maioria parlamentar escolhe e demite o governo. Ainda que o ato formal de designar o governo seja do Chefe de Estado, ele é, na verdade, o reflexo da maioria parlamentar. A maioria parlamentar, se quiser, demite o governo por meio da Moção de Desconfiança. As exigências variam de país para país, mas ela é votada pela maioria parlamentar. Um detalhe importante é de que, muitas vezes, a maioria parlamentar reúne-se para derrubar o gabinete, porém não entra em consenso sobre a nominata do novo governo, o que é comum. Nesse meio, é garantida a função por uma administração pública imparcial. Quando não se forma um novo governo, o gabinete anterior fica interinamente. 
Os alemães colocaram em sua Constituição um Instituto chamado Moção de Desconfiança Construtiva – para derrubar um gabinete, é condição inevitável já apresentar a nominata de um novo. Ela serve para evitar uma certa instabilidade dos gabinetes. Mesmo nos países em que não existe Moção de Desconfiança Construtiva, isso não é necessariamente ruim. 
A responsabilidade do governo perante o parlamento é puramente política. Dessa ideia, extraem-se algumas consequências importantes:
	
	Moção de Desconfiança
	Impeachment
	Causa
	Governo ruim
	Crime de responsabilidade
	Procedimento
	Procedimento simples e célere
	Processo legal
Ato formal de acusação
Defesa
Produção de provas
	Consequências
	Perda dos cargos no gabinete
	Perda do cargo e inabilitação para exercício de qualquer cargo ou função pública por oito anos
	Natureza
	Política
	Híbrida (político-jurídica)
Quarta-feira, 27 de abril
Aula 6
A vantagem de uma moção de desconfiança construtiva é de evitar lacunas, noção de estabilidade. A moção de desconfiança construtiva dificulta a demissão uma vez que já é preciso nominar um novo gabinete. É mais fácil obter votos para a derrubada de um gabinete do que para sua formação. A Bélgica, por exemplo, já ficou mais de ano sem novo gabinete. Quando isso ocorre, o gabinete demitido permanece interinamente até que se consiga formar um novo. Existem parlamentarismos mais acelerados do que outros, é o caso da Itália quando comparada à Inglaterra. O sistema eleitoral na Itália é o proporcional – ele faz do gabinete algo mais instável. A queda de gabinetes na Itália não impediu seu desenvolvimento, por mais frequente que seja. 
A Responsabilidade do Governo é coletiva
Se o gabinete cair, caem todos os membros que o constituem.
Mandato do Primeiro Ministro
O Primeiro ministro não tem mandato fixo. O Primeiro Ministro pode decidir e pedir ao chefe de Estado que dissolva o parlamento e convoque novas eleições, pedido esse que não pode ser negado. O Chefe de Estado é obrigado a dissolver o parlamento por pedido do Primeiro Ministro. 
Crise Governamental significa, no parlamentarismo, uma desavença entre gabinete e maioria do parlamento. Essa desavença pode terminar em Moção de Desconfiança. Porém, o Primeiro Ministro, antecipando-se a ela, dissolve o Parlamento por meio do Chefe de Estado. Essa dissolução não é fundamentada, embasando-se em sua livre vontade política. São duas armas essencialmente políticas: a Moção de Desconfiança e a Dissolução do Parlamento. A segunda é mais arriscada, uma vez que o Primeiro Ministro não tem garantia alguma sobre qual será a reação do eleitorado. A Dissolução é uma espécie de apelo ao povo. Em uma briga entre governo e parlamento, o eleitorado é o arbitro da disputa, é ele quem decide quem tem razão. 
O Parlamentarismo, em regra, se caracteriza pelos seis poderes:
(1) Chefe de Estado: Defensor Político da Constituição. 
(2) Administração Pública: administração civil + forças armadas – A administração pública está submetida ao Chefe de Estado, não ao Chefe de Governo. É um ponto muito positivo pelo ângulo Constitucional. Quando as forças armadas estão submetidas ao Governo, a tendência de golpes e os riscos de ruptura aumentam. Há uma grande vantagem, no parlamentarismo, em submeter as forças armadas ao Chefe de Estado, esse fato ajuda na moderação delas. 
(3) Chefe de Governo: Primeiro Ministro. Ele depende da maioria parlamentar. Aqui se encontra a dinâmica do sistema. Poder Executivo. A distinção entre Poder Executivo e Poder Legislativo é tênue. (4) Legislativo 
(5) Poder Judiciário 
(6) Tribunal Constitucional: Defensor Jurídico da Constituição. 
 Têm-se, então, seis poderes. O Tribunal Constitucional NÃO é poder judiciário. No Brasil, por exemplo, o STF não é um Tribunal Constitucional. A jurisdição comum é do judiciário e a jurisdição Constitucional é do Tribunal Constitucional.
PRESIDENCIALISMO
Características
A mesma pessoa ocupa Chefia de Estado, Chefia de Governo e Chefia da Administração, o Presidente da República. Se o Chefe de Estado é um arbitro, ele não poderia também ser o jogador. Quem, então, controla o governo? O governo pode controlar a si mesmo? O presidente da república é juiz de si mesmo. O presidente governa, age, escolhe políticas concretas que privilegiam alguns em detrimento de outros. Governo é diferente de Estado. Quem quer que governe tem de traduzir os princípios de Estado para ações concretas de governo. O Governo é feito dessas ações. A Chefia de Estado, ao contrário, é defensiva. Ser contra objetivos de Estado é subversão, ser contra objetivos de Governo é oposição. Há uma confusão, então, na ocupação desses três cargos simultaneamente. Essa confusão é perniciosa, inclusive para a administração, uma vez que governo e administração são coisas diferentes. Administração se faz através de meios técnicos. 
A separação entre Executivo e Legislativo é rigorosa. No presidencialismo a separação entre executivo e legislativo é tão rigorosa quanto a separação entre legislativo e judiciário. Quem inventou o presidencialismo queria o choque entre o Executivo e a maioria parlamentar porque tem-se o direito de não gostar do governo. Uma maioria de enfraquecer o governo é o presidente não possuir maioria em parlamento. No Brasil, o presidente, se quiser minimamente agir, ou busca canais duvidosamente democrático (exemplo: medida provisória em casos de não haver relevância ou urgência) ou tem que negociar para formar uma maioria,sempre viscosa, escorregadia, nunca fiel. 
Os ministros no presidencialismo são de livre nomeação e exoneração pelo presidente da República. Não existe aquela responsabilidade coletiva, como no parlamentarismo
O mandato do presidente é fixo. 
O presidencialismo foi planejado pelos confederados norte-americanos e surgiu quase que instantaneamente pelos ideólogos liberais. O parlamentarismo é uma evolução histórica espontânea. 
	
	Inglaterra
	Espanha
	Alemanha
	Itália
	Responsabilidade do Gabinete perante quem?
	
Câmara Baixa
	
Câmara Baixa
	
Câmara Baixa
	
Câmara Baixa e Câmara Alta
	Dissolução do Parlamento qual(is) Casa(s)?
	
Apenas a Câmara Baixa
	
Câmara Baixa e/ou Câmara Alta
	
Apenas a Câmara Baixa
	
Câmara Baixa e/ou Câmara Alta
No Parlamentarismo, é possível ser, ao mesmo tempo, membro do gabinete e parlamentar? Na Inglaterra, na Alemanha, na Itália e na Espanha, sim. David Cameron, Primeiro Ministro Inglês é, ao mesmo tempo, deputado (Câmara dos comuns). É interessante pois, o Primeiro Ministro, sendo parlamentar, pode ir ao parlamento, participar dos debates e influenciar o parlamento. Em um país, no entanto, isso não será possível. Esse país é a França, onde é impossível ser parlamentar e membro do gabinete. 
Quarta-feira, 4 de maio
Aula 7
Shadow Cabinet (gabinete sombra) – serve para que a oposição amadureça e consiga externalizar bem suas críticas antes mesmo de o governo se concretizar. Ele empresta previsibilidade ao sistema porque quem escolhe a oposição e a faz vencer já está escolhendo nomes relativamente definidos e uma proposta de governo concreta. O Primeiro Ministro do gabinete sombra recebe metade do salário de um Primeiro Ministro do gabinete efetivo. A maior parte dos cargos é preenchida pelo gabinete sombra, portanto, quem o integra provavelmente integrará o futuro governo. Isso é mais fácil de se estabelecer em regimes bipartidários, como acontece na Inglaterra. Há, inegavelmente, uma maior concessão de direitos à oposição. 
CONSIDERAÇÕES SOBRE O PAPEL DA COROA INGLESA
Ivor Jennings “A Constituição Britânica” – Explica o papel da coroa inglesa sobretudo na experiência do século XX. 
Na Inglaterra, tem-se um conceito de parlamento diferente do brasileiro. Segundo Jennings, o parlamento compreende o rei, a câmara dos comuns e a dos lordes: o rei faz parte do parlamento. No entanto, há uma expressão que condensa o papel do monarca na Inglaterra: “Poderes intangíveis”, de acordo com o autor. São poderes que o monarca tem e que não se pode visualizar por não serem de observação empírica, mas ações efetivas. Nessas relações intangíveis, a rainha tem o poder de aconselhamento quando o Primeiro Ministro deve indicar embaixadores, juízes ou mesmo outros ministros. A rainha formaliza nomeações com a possibilidade de aconselhar o Primer. São relações intangíveis pois dificilmente presenciadas ou divulgadas. Um outro elemento é: normalmente, quando um partido político ganha as eleições, ele faz o Primeiro Ministro (o líder do partido). 
Tem-se então, na Inglaterra, uma regra geral: o líder do partido vencedor será o Primeiro Ministro. Há uma exceção: os conservadores, em algumas oportunidades, vencem eleições e o líder não está definido. Quando isso acontece, abre-se uma margem de manobra para a rainha: o monarca escolhe um Primeiro Ministro, o qual torna-se também o líder partidário. 
 Uma outra possibilidade é a de eleição que não resulte em maioria para ninguém. Acontece de os conservadores ficarem com 1/3, os trabalhistas com 1/3 e os liberais com 1/3 dos votos. Quem seria, portanto, o Primeiro Ministro? Em 1924, na Inglaterra, por exemplo. Então, o rei designa o Primeiro Ministro. Nesse caso, o rei escolhe um líder trabalhista. 
Nas primeiras décadas do século XX, os unionistas (irlandeses) pediram que George V dissolvesse o parlamento e convocasse novas eleições. Eles não possuíam maioria no parlamento, logo, o rei se negou ao pedido. 
SEMIPRESIDENCIALISMO
Ano de 1946. Ano da reconstrução. Começa um período conhecido como a IVª República francesa, baseada na constituição francesa de 46. Parlamentarismo Clássico Republicano – presidente (chefe de Estado) eleito indiretamente pelo parlamento. Presidente relativamente fraco. Tem-se uma chefia de Estado bastante discreta. Esse modelo não resistirá aos tempos novos. O pós IIª Guerra é marcado pelo desfazimento do mundo colonial, ou seja, os países que tinham sistema colonial perderam boa parte de suas colônias. Isso também ocorre com a França, a começar pela Indochina (7 de maio de 1954 – cerco aos franceses na Indochina). Também a Argélia (início da década de 60): para a França, moral e economicamente, perder a Argélia foi um grande desastre porque a França era terrivelmente assentada na Argélia. Havia milhões de franceses na Argélia (pieds noirs) que possuíam negócios, fazendas, propriedades e foram expulsos. Esse grupo é uma das bases eleitorais do FN. A guerra de independência foi violentíssima, de todos os lados (Filme: A Batalha de Argel). A sociedade francesa se dividiu: alguns eram a favor da Independência, outros, contra. A guerra da Argélia naufragou esse modelo de Parlamentarismo Clássico da IVª República. 
Em 58, General De Gaulle é chamado de volta para salvar a França. Impôs condições de mudanças da constituição para sua volta. Ele escolhe uma comissão de juristas que elabora a Constituição de 58. De Gaulle outorga o texto e convoca um plebiscito para confirmar a nova Constituição. De Gaulle assume prometendo que não abandonaria a Argélia. E assim inaugura-se a Vª República. De Gaulle era entusiasta de algumas ideias, o que marcava seu pensamento era uma certa desconfiança em relação ao Parlamento e aos Partidos Políticos. Há, portanto, uma desconfiança em relação às disputas partidárias que ocorrem no parlamento. O projeto de De Gaulle em relações exteriores era de recuperar o protagonismo e o papel de potência econômica. Também houve reforço dos poderes de Chefe de Estado. O incrível acerca desse fato é que deu certo, gerando a estabilização do país. Antes da Vª República, havia sempre um debate entre monarquistas e republicanos, ateus e cristãos, entre uma França rural, católica, conservadora e uma França filosófica, discípula do Iluminismo, igualitária, republicana. De Gaulle, no entanto, logra integrar esses dois grupos por meio das Instituições. Essa Constituição permanece a mais estável da História Francesa. Até então, desconhecia-se a possibilidade de uma França tão estável.
A Constituição Francesa de 58 é uma Constituição dita Cesarista ou Bonapartista. Isso possui um significado importantíssimo. Essa expressão refere-se à Júlio César, em Roma, ou ao sobrinho de Napoleão, Luís Napoleão. Eles possuíam a característica de governar com o apelo/apoio popular. Fala-se de líderes fortes com apelo popular através de plebiscitos, referendos etc. É o fenômeno conhecido como Cesarismo Político. Há uma certa classificação das Constituições quanto à origem. Nesta classificação, há algumas categorias: (1) promulgada (2) outorgada (3) cesarista.
Promulgada – elaborada por uma assembleia constituinte democraticamente eleita. 
Outorgada – imposta de cima para baixo. Elaborada e imposta por um indivíduo ou grupo.
Cesarista – outorgadas, mas posteriormente submetidas a consulta popular (referendo) como forma de legitimá-la. 
No caso da Constituição de 58, houve mais de 80% de aprovação no Referendo. Ela inaugura o semipresidencialismo. O semipresidencialismo tem três características definidoras:
Presidente da República eleito diretamente
Permanência de um governo ou gabinete autônomo cujo chefe é o Primeiro Ministro. 
Dupla confiança ou dupla responsabilidade. Ou seja, o Primeiro Ministro é responsável perante o parlamento e ainda perante o presidente da república. 
O presidente eleito diretamente passa a ser um polo do poder político ao lado do parlamento. No parlamentarismo puro, o centro de gravidade é apenas o parlamento.Aqui, como o presidente é eleito diretamente, ele passa a ser um dos polos. O fato de serem diretas as eleições dá mais poder a quem é eleito diretamente. Quem é eleito indiretamente é mais fraco. Então, aqui, o presidente da república tem poderes e legitimidade reforçados. 
Continua a haver um gabinete autônomo, no entanto, há uma estranha química entre a eleição direta do Chefe de Estado e o Primeiro Ministro. É um Primeiro Ministro que convive com um presidente eleito diretamente. 
O Primeiro Ministro tem de ter o apoio da maioria parlamentar e do presidente, caso contrário, ele cai. Diz-se, inclusive, a respeito do semipresidencialismo que o presidente da república francesa poderia demitir o primeiro ministro contra vontade da maioria parlamentar. 
*Apesar do nome, semipresidencialismo ainda é uma espécie de parlamentarismo uma vez que conserva duas características chaves do parlamentarismo: (1) distinção entre Chefe de Estado e Chefe de Governo (2) responsabilidade do governo perante o parlamento.
Quarta-feira, 11 de maio
Aula 8
Quem tem o poder de dissolução no Parlamentarismo e quem o tem no Semipresidencialismo?
No semipresidencialismo, é possível que o presidente da república seja de uma coloração partidária e que o primeiro ministro a maioria parlamentar pertençam ao grupo oposto. Esse fato é conhecido como coabitação. 
Na França, até os dias atuais, houveram apenas três coabitações:
1ª. Miterrand (presidente) /Chirac (Primeiro Ministro) – na França, o presidente da República assina decretos do Governo. No Governo Miterrand, ele se negou a assinar diversos decretos criados por Chirac. A coabitação acontece nesses termos tumultuosos. Na reeleição de Miterrand, ele promove a dissolução e a esquerda vota ao gabinete. Optar pela coabitação é uma decisão do eleitorado. Do ponto de vista gerencial, o presidente fica mais fraco, mas o poder fica menos concentrado.
2ª. Miterrand (presidente) / Édouard Balladur (Premier) – Miterrand não consegue reverter essa coabitação, a convivência aconteceu de forma mais pacífica. Miterrand foi o responsável pelo fim da pena de morte na França.
3ª. Chirac (presidente) / Lionel Jospin (Premier) – coabitação conflituosa. 
Quando há coabitação, inegavelmente o Chefe de Estado se enfraquece um pouco. Quando não há coabitação, o Chefe de Estado é muito forte na França. A coabitação enfraquece o presidente. A não coabitação enfraquece o Primeiro Ministro. Quando surge o semipresidencialismo, Maurice Duverger retoma a obra de um autor franco-suisso: Benjamin Constant e sua ideia de Poder Moderador. É inegável que a teoria de poder moderador, com o surgimento do semipresidencialismo, volta à tona. Para a França, a invenção de De Gaulle foi uma grande conquista. Até 58, as constituições francesas eram instáveis, a França se debatia em diversas querelas. Depois de 58, com o semipresidencialismo, as constituições francesas passaram a ser mais estáveis. A grande reforma da constituição francesa foi o encurtamento do mandato do presidente de sete para cinco anos. Na França, não existe nada como Medida Provisória. Existe uma lista de assuntos que é do domínio da lei elaborada pelo Poder Legislativo.
PARTIDOS POLÍTICOS E SISTEMAS PARTIDÁRIOS
Caracterização dos Partidos Políticos
Os partidos políticos são forças (1) coletivas: têm influência na vida estatal, (2) organizadas: os membros de um partido ficam sujeitos a regras de caráter permanente
a) tem por objeto a conquista de poder
b) são fundamentados em um programa ou um sistema de ideias ou até mesmo em uma doutrina
c) são forças permitidas pelo ordenamento jurídico
O que fazer com um partido político que não aceita a democracia?
PCdoB foi extinto por ser opositor ao sistema democrático.
II. Diferenciação em relação a outras forças políticas
Em relação a uma classe social ou até mesmo de uma casta, diferenciam-se por ter uma opção voluntária, haver um movimento voluntário pelos que participam, diferentemente dos outros citados. Ademais, a diferenciação dos partidos das facções é que elas não estão baseadas em um programa, geralmente são grupos de assalto ao poder, mesmo visando à conquista do poder. Além disso, as escolas filosóficas, artísticas, religiosas têm um sistema de ideais, porém não têm por objetivo a conquista de poder.
III. Funções dos partidos políticos
a) organizar a opinião pública, mesmo que não seja uniformo, instável, contraditória, para formular políticas para o governo
b) função de designar candidatos, para a contagem de votos, por exemplo
c) educação política do povo
d) condução e crítica do governo
É reconhecido às minorias direito de oposição democrática para a constituição portuguesa, sendo que para ser oposição, primeiramente não se pode fazer parte do governo, do poder executivo e oposições devem ter cadeira no parlamento. Aos conteúdos de direito de oposição de Portugal, permitindo:
a) acesso a qualquer informação sobre atos e planos de governo
b) livre manifestação sobre qualquer ato do governo
c) livre manifestação sobre qualquer tema de interesse público
d) direito de antena, direito a tempos proporcionais na televisão para a oposição, não só nas manifestações públicas do governo, como também em manifestações que aparece como entrevista ou declarações 
e) direito de resposta ou réplica, direito a se manifestar quando for citada
IV. Tipologia dos partidos políticos
Há partidos políticos de natureza diversas, com maneiras diferentes de classificar os partidos político, sendo a classificação mais conhecida através de Dallari quanto a sua organização interna, podendo ser quadros ou de massas.
Quanto à organização interna
a) Partidos de Quadros
Prioriza a qualidade dos seus membros em detrimento da quantidade, sendo os mais antigos. Surgem com o Estado Liberal Clássico e são partidos de notáveis, aristocratas, burgueses, de pessoas que pela sua inteligência ou pela capacidade econômica se notabilizaram. Têm uma certa dificuldade em constituir lideranças nacionais fortes. Não são partidos de liderança, pois há muitos líderes, já que incluem notáveis aristocratas. Surgiram em um momento que o sufrágio não era universal, por isso criaram uma estratégia, as eleições primárias que são pré escrutínios para designar candidatos. 
Há três tipos de eleições primárias: abertas, semiabertas e fechadas. As eleições abertas permitem que qualquer eleitor participe delas, sem necessidade de filiação ou qualquer inscrição prévia. Nas primárias semiabertas é preciso inscrever-se previamente para participar, ou seja, não há uma filiação. As eleições fechadas são restritas aos filiados dos partidos políticos. Vale ressaltar que as eleições primárias não são diretas, já que o que se leva em conta são os votos dos delegados cujo o número é avaliado de Estado a Estado, como exemplo nos Estados Unidos.
Quarta-feira, 18 de maio
Aula 9
ELEIÇÕES PRIMÁRIAS NA ARGENTINA
Paso – primárias abertas simultâneas e obrigatórias. Abertas, pois não é necessário filiar-se a um partido, basta ser eleitor. Simultâneas, pois ocorrem em todos os partidos ao mesmo tempo. Escolhe-se um candidato de um partido (dentre todas as listas partidárias). Não se escolhe um de cada partido. Ocorre, então, uma pré-consulta que deixa evidente quem ganhará a eleição oficial. Obrigatórias, pois todos os eleitores devem comparecer. 
Lei que regula a Paso: Ley 26.571/2009. É importante destacar que vota-se em um único candidato, independente de seu partido.
Partidos de Massa – pretendem uma grande quantidade de integrantes, de filiados. São tipicamente de esquerda, com a bandeira esquerdista, que é a utilização da massa como instrumento de revolução.
Por que pretendem militância, um grande número de integrantes? Como forma de legitimação talvez. Mas poderia-se pensar que a grande quantidade de militantes/integrantes fossem o instrumento de uma revolução. Poderia ser uma das causas para essa quantidade de pessoa. Para MauriceDuverger, no entanto, as massas servem para dar sustento econômico aos partidos de esquerda. Portanto, aqui, a causa central desse grande número de adeptos é a sustentação econômica. Até porque uma parte significativa do pensamento de esquerda não acredita na revolução pelas massas, mas por meio de uma vanguarda, de um grupo mais avançado. Um grande socialista francês do século XIX, Auguste Blanqui, não acreditava que a revolução viesse pelas massas, mas por uma vanguarda partidária. Quando esse partido chegasse ao poder, ele educaria o povo e desapareceria como partido. Não se perpetuaria no poder. É também o caso do Leninismo (revolução pela vanguarda). 
De toda forma, a ideia dos partidos de massa é a de encontrar contribuintes. O capitalismo financeiro não possuía, nos séculos XIX e XX interesse em financiar os partidos socialistas. 
Partidos comunistas adotam um modelo organizativo relativo ao local de trabalho ou ramo de atividade. O século XX originou o fascismo com uma característica terrível, capaz de gerar a adesão das pessoas. A ideia de haver partido único e militância é correlacionada ao fascismo. O fascismo politiza. Barter tem uma definição de fascismo: “ O fascismo não proíbe as pessoas de pensar, ele obriga-as. ”. Característica típica dos partidos fascistas: os partidos de massa fascistas possuem hierarquia militar e lançam mão de milícias. Isso é uma vantagem objetiva para os fascistas nos quesitos de agilidade e capacidade de ação.
Prova
- Qual é a razão de os partidos de massa pretenderem um grande número de filiados ou adeptos? Revolução, financiamento ou doutrinamento (educação) político (a)?
- O que diferencia, em estratégia, o partido de massa fascista? A hierarquia militar, o direito de milícias? 
___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
SISTEMAS PARTIDÁRIOS
Na Constituição brasileira, os partidos devem ter conformação nacional. No sistema brasileiro, até hoje, apenas são aceitos partidos nacionais, porém, em outros países, são permitidos regionais (à exemplo da Espanha). 
Sistemas de Partido Único ou Unipartidários
Só um partido tem possibilidade efetiva de conquistar o poder. Nominalmente, podem haver vários partidos de fachada ou “partidos satélite”. Alguns defendem a ideia de compatibilidade entre partido único e democracia. Para isto, bastaria que esse partido possuísse democracia interna suficiente. Um dos que sustentam essa ideia é Ferreira Filho, em seu livro “A Democracia Possível”. Essa ideia é baseada na teoria das elites, e considerada por vários autores como inaceitável. A democracia interna não substitui a alternância de partidos. De toda forma, o partido é baseado em um programa, uma doutrina, o que impossibilitaria uma democracia perfeita.
Falar em sistema unipartidário origina uma pergunta: qual a necessidade de haver essa abominação que é o partido único? Por que partido único se não há alternância ou disputa? Por que não diretamente um domínio? Por que não se escancara o mando através de uma oligarquia? O partido único possui uma função mobilizadora. Serve para mobilizar a opinião pública, os populares. Tem função de agir sobre a população. O nazismo, por exemplo, precisou da mobilização do NASDP. De acordo com Norberto Bobbio, ao analisar o fenômeno do partido único, dirá que esse fenômeno restaura o princípio monocrático das monarquias antigas. Com isso, quer-se dizer que as monarquias antigas possuíam a característica de possuírem um príncipe coletivo. O príncipe coletivo resgatado pelo partido único ao mesmo tempo detém reino e sacerdócio. Significa que possui o poder político e o ideológico. O partido único moderno reintroduz esses dois elementos. 
O que é interessante aqui é que se o partido é dono do poder de mando político e da ideologia, ele encarna a função de divindade terrestre, tornando extremamente difícil a oposição ou desobediência. Duas linhas importantes de distinção desaparecem: a primeira é a distinção entre Estado e Igreja, a segunda é a distinção entre Estado e sociedade civil. A consequência da restauração do velho príncipe e do fato do partido único ser o príncipe coletivo é de que desaparecem as linhas de distinção dessas instituições. 
Prova I
Cinco questões dissertativas (curtas e limitadas em espaço). Respostas sintéticas, o quanto possível. 
Questões sobre separação de poderes, fórmula de Montesquieu. 
Que disputa é essa sobre o rigor de separação de poderes? 
Exclusividade x predomínio. 
A jurisprudência do STF em matéria de separação de poderes (julgados e CPI’s). Proibição por Barbosa de criar normas jurídicas primárias (normas de conduta) e alteração da essência das normas pelo legislador. 
Princípio dos freios e contrapesos: materialmente inelástico. O que significa essa inelasticidade material? Exemplo no acórdão. Se se aplica um freio e contrapeso se estiver previsto na Constituição Federal (exemplo do Espírito Santo).
Pode uma CPI quebrar sigilo de dados se possuir bom fundamento? Não. Porque a prestação jurisdicional é intangível. 
Uma CPI quebrou sigilo de particulares, mas não fundamentou seu ato: o fato deve ser vedado. A CPI tem seus limites. A separação serve para proteger liberdades individuais do cidadão. A CPI é contra majoritária, parte do instituto das minorias, que não pode estar condicionado à vontade das maiorias. Caso do apagão aéreo, por exemplo. 
Uma questão de ordem poderia encerrar uma CPI se houvesse um fundamento (exemplo: grave inconstitucionalidade, se a CPI não possuir fato determinado etc). 
Três teorias do mandato: imperativo, imputativo e partidário. Cada teoria corresponde à uma época histórica e à uma visão entre eleitor e governo.
Sistemas de governo: parlamentarismo, presidencialismo, poderes da coroa inglesa. É compatível ser membro do gabinete e parlamentar? Em alguns países sim, na França, não. 
Poderes intangíveis da coroa
Quem pede e decide a dissolução do parlamento no parlamentarismo? O chefe de governo, Premier. No semipresidencialismo é o chefe de Estado (presidente da república).
Três características definidoras do semipresidencialismo
Qual foi o ganho da França com o semipresidencialismo? A estabilidade política
O Semipresidencialismo é uma espécie de parlamentarismo: mantem-se as duas características principais do parlamentarismo.
Coabitação. Quantas houve na história francesa? 
Partidos políticos: definição, diferenciação, figuras, direito de oposição em Portugal, direito de antena. 
Partidos quanto à sua organização interna (de quadro, massa e partido único).
Não cai teoria das elites.
Começa às 19
Monitoria sexta às 14h
Quarta-feira, 1º de junho
Aula 10
O partido único faz ressuscitar o princípio monocrático das monarquias antigas. Poder político + poder ideológico. Essa configuração faz desaparecer a linha distintiva entre Estado e Igreja e entre Estado e Sociedade civil. Marcel Gaucher: o Estado, nesses dois casos, se torna tão forte que engole, absorve a sociedade civil. Como o Estado é também uma religião, a liberdade individual fica bastante limitada. Segundo a lição de Roberto Bobbio
Sistemas Bipartidários
São definidos por três características: 
(1) apenas dois partidos têm chance real de chegar ao poder 
(2) quando um partido vence as eleições, obtém maioria para governar sem necessidade de coalisões 
(3) são sempre os mesmos dois partidos que se alternam no poder. 
Sistemas bipartidários já fazem parte do campo dos regimes democráticos. A democracia mais antiga da história possui sistema bipartidário: a da Inglaterra. Na Inglaterra, por longos anos, conservadorese trabalhistas alternaram-se no poder. Existem outros partidos na Inglaterra, no entanto, não possuem chance real de atingirem o poder. Esses partidos ‘secundários’ são conhecidos como partidos Lilliputtianos. Quando um dos dois partidos vence as eleições ele obtém, em geral, maioria absoluta, o que o torna capaz de governar sozinho, sem a necessidade de coalisões. Isso é bom em certo sentido por não haver necessidade de negociações, gerando maior estabilidade política, razão pela qual os gabinetes da Inglaterra possuem tão longa duração. O interessante, quanto à terceira característica, é que não é apenas dizer que somente dois partidos possuem chance, mas também que por longos períodos históricos, apenas dois partidos governaram. 
Nos Estados Unidos, só há verdadeiramente bipartidarismo para as eleições presidenciais. Isso porque no Congresso norte-americano, formalmente, os parlamentares ou são democratas ou republicanos, mas os partidos são tão indisciplinados e mal organizados que não se pode tratar de bipartidarismo. A fidelidade partidária, nessas circunstâncias, é um bem totalmente desprezível. Quando Bill Clinton chega à presidência, o que se diz é que a equipe montada por ele possuía membros tanto de esquerda quanto de direita. Leslie Lipson em A Civilização Democrática diz que, no Congresso norte-americano, os membros dos partidos são tão indisciplinados que não se pode denominar o sistema político como bipartidário. 
Por que existe bipartidarismo? Quais são suas causas de existência?
Para muitos teóricos, o bipartidarismo é algo desejável para o Brasil. Leslie Lipson fala em três famílias de causas possíveis para o bipartidarismo:
Causa 1 – O governo de gabinete. Um dos defensores dessa ideia é Lawrence Lowell, ele diz que o governo de gabinete, o parlamentarismo, torna necessária a formação de um grupo que, fielmente, no parlamento, vote com o gabinete (com o Primeiro Ministro) “faça chuva ou faça sol”, e um grupo de oposição. 
Lipson discorda, argumentando que o bipartidarismo na Inglaterra é historicamente anterior ao parlamentarismo. O parlamentarismo começa a se desenhar na Inglaterra com o Reform Act (1832 – lei que varreu os ‘burgos podres’: altera o sistema eleitoral na Inglaterra, desfazendo os distritos e ampliando o número de votantes. Essa lei dá muita força ao parlamento, impondo Primeiros Ministros mesmo contra a vontade do rei) e culminando na a Independência dos Estados Unidos. Segundo Lipson, o bipartidarismo teria surgido na Revolução Gloriosa, 1688. 
Causa 2 – O sistema eleitoral. Maurice Duverger, em seu livro Os Partidos Políticos, argumenta que, nos sistemas eleitorais majoritários, há uma tendência à formação de sistemas bipartidários, enquanto que, nos sistemas proporcionais, há uma tendência à formação de sistemas pluripartidários. A causa residiria, portanto, no sistema eleitoral. Muitos falam, inclusive, nas Leis de Duverger, referentes à essa ligação entre sistemas eleitoral e partidário. 
Leslie Lipson também não aceita essa hipótese alegando que, na Inglaterra, o bipartidarismo veio antes do sistema eleitoral majoritário.
Causa 3 – As divisões sociais na Inglaterra. Essa é a hipótese de Lipson. Ela começa na famosa Revolução Gloriosa e em suas consequências. Em 1688, há uma derrota política do catolicismo. Essa derrota deixa as religiões protestantes em posição hegemônica na Inglaterra. Formam-se dois grupos dentro do protestantismo: 
	Tories 
(Conservadores)
	Whigs
 (Liberais)
	Defensores do Trono, de uma monarquia forte na figura do rei.
	Defensores dos direitos do parlamento.
	Seguidores da religião anglicana (fundada por Henrique VIII) cujo chefe é o monarca.
	Seguidores da religião puritana.
	Defensores dos interesses da aristocracia rural.
	Defensores da classe comerciante urbana.
Os Whigs vão, progressivamente, perdendo espaço para um grupo conhecido como Labour (trabalhistas). A ascensão do Labour tem relação como sufrágio universal (direito ao voto). Progressivamente, na Inglaterra, o sufrágio vai se ampliando. 
O primeiro passo para essa ampliação é o Reform Act (1832). Em 1832 ainda não há sufrágio universal, no entanto, a partir desse ano, passam a votar os patrões urbanos. O Reform Act de 1867 é um marco, pois passam a votar trabalhadores urbanos que, de alguma forma, comprovassem uma propriedade ou um aluguel – ainda não é considerado sufrágio universal. Somam-se, em 1867, ao eleitorado, mais 1,5 milhão de votantes. As mulheres ainda não possuíam direito ao voto. No Reform Act de 1884 passam a votar os trabalhadores rurais desde que possuíssem uma propriedade ou aluguel. 
Em 1918 há uma nova lei: Representation of the People Act. Votam todos os homens e as mulheres proprietárias/locatárias de ao menos um imóvel. Universaliza-se o sufrágio masculino e introduz-se o voto feminino censitário. O marco do sufrágio universal feminino é o ano de 1928.
	LEI
	ANO
	SUFRÁGIO
	Reform Act
	1832
	Passam a votar os patrões urbanos.
	Reform Act
	1867
	Passam a votar os trabalhadores urbanos que comprovassem uma propriedade ou um aluguel.
	Reform Act
	1884
	Passam a votar os trabalhadores rurais que possuíssem propriedade ou aluguel.
	Representation Of The People Act
	1918
	Sufrágio universal masculino. Votam as mulheres proprietárias/locatárias de, ao menos, um imóvel.
	Inominada
	1928
	Sufrágio universal feminino.
Uma mulher no Rio grande do Norte em 1926 (Celina Viana) ingressa na justiça e obtém o direito de voto, tornando-se a primeira eleitora do Brasil. No ano de 1928 uma mineira também ingressa na justiça e consegue ser eleitora e candidata à deputada: Mietta Santiago.
Sistemas Pluripartidários
Caracterizam-se pela existência de três ou mais partidos dotados da possibilidade de predomínio eleitoral. Segundo Dalmo Dallari:
A causa 1 seriam as gradações de opinião (correntes ideológicas). 
A causa 2 seriam as ênfases temáticas distintas (Partido Verde, Partido dos Aposentados). 
No Brasil, a principal causa de enfraquecimento dos partidos políticos é o próprio sistema presidencialista. Os sistemas pluripartidários, no entanto, correm riscos ligados à pulverização e instabilidade. 
Partidos Antissistema 
Um partido antissistema é um partido que tem inimizade pelo Estado de Direito, que não compartilha de seus valores. Há três possibilidades de solução dogmática para o problema dos partidos antissistema. Baseando-se em Jorge Reinaldo Vanossi, constitucionalista argentino, em sua obra Estudos Constitucionais: 
(1) ou aceita-se a regra do jogo ou não há jogo: partidos que pretendam combater a democracia representativa devem ser excluídos do sistema – solução alemã. O Chile, na era Pinochet, também dispunha dessa proibição. 
(2) aceitar todos e quaisquer partidos, incluídos os puramente discrepantes (partidos que não fazem oposição ideológica ao sistema) e os que fazem oposição ideológica são também incluídos, assim como a linha antissistema. 
(3) corrente intermediária – segundo Vanossi, ela coíbe partidos antissistema em três situações: quando negam o sufrágio; quando optam por caminho violento ou quando convertem-se em antipartidos (partido único).
Caso da Extinção do PCB – o partido foi extinto em 1947, pela resolução 1841 do TSE
É a mais famosa decisão da justiça eleitoral brasileira. O Partido Comunista do Brasil (PCB) foi criado em 1922. Nesse mesmo ano, o presidente, Epitácio Pessoa, decreta Estado de Sítio, fechando o PCB. Então, o PCB legaliza-se de novo em 1927, lançando um candidato à presidência para as eleições de 30. Em 1945, as eleições foram promissoras para o PCB. Fez um senador: Luís Carlos Prestes e deputados, como Jorge Amado e Dionélio Machado. Além disso, obteve 10% dos votos. Em 1946, um deputado do PTB, Barreto Pinto, protocola o pedido de extinção do PCB, que gera a resolução 1841 de 1947. Os argumentos utilizados foram: (1) violação dos princípios democráticos e Direitos Fundamentais do Homem. (2) Aliança do PCBà União Soviética. (3) Promoção de lutas de classe. Sendo, portanto, um partido antissistema que mereceria a extinção. 
O interessante é a análise dos dois votos vencidos (no total de 5, 3 vencedores). O primeiro argumento, derivado de Bluntschli. B. sustenta que a democracia é um regime tolerante o suficiente para comportar mesmo os partidos que a combatem, ela não suprime as opiniões hostis, apenas as ignora. Uma passagem interessante é a citação de Assis Brasil, que defendeu a possibilidade de registro de um partido monarquista durante a república brasileira, como foram possíveis partidos republicanos durante o império. A linha argumentativa de Assis Brasil é de que o que produz as revoluções e rupturas é o desespero: quando o partido é extinto ou suprimido, ele passaria a apelar a mecanismos violentos. 
Um outro argumento dos votos vencidos é o de que aceita-se o partido antissistema quando ele mantém essa contrariedade no plano das ideias. Combate-se esse partido quando ele passa ao plano da ação concreta contra o sistema.
Quarta-feira, 08 de junho
Aula 11
SISTEMAS ELEITORAIS
Definição e Diferenças
Há várias maneiras de classifica-los. Vamos começar pela categorização mais utilizada. Existem os sistemas eleitorais majoritários, os proporcionais e os mistos. Não é precisa a expressão ‘voto distrital’, ela pode conduzir a equívocos. O que existe, na Inglaterra, por exemplo, é sistema majoritário. Não se deve confundir sistema majoritário com voto distrital porque distrito/circunscrição existe nos dois sistemas, tanto nos proporcionais quando nos majoritários. Nos sistemas proporcionais, os distritos correspondem a subunidades da nação. Por exemplo: no Brasil, para a Câmara dos deputados, há distritos: os estados. O distrito para vereador é o município. 
Nos sistemas majoritários, os distritos são criados com finalidade exclusivamente eleitoral e têm número de eleitores bastante semelhante. Como é o caso dos Estados Unidos e da Inglaterra. Eles são criados por lei. O sistema majoritário é aquele que garante a eleição dos candidatos com maior contingente de votos. O sistema majoritário é o das maiorias vitoriosas. A maioria vence e abocanha o cargo. Esse sistema não enfatiza as minorias e sua defesa. Ele dá o cargo ao candidato com maior contingente de votos. O sistema proporcional é diferente. Ele distribui os cargos de maneira equânime, conforme o peso eleitoral de cada corrente. 
Vantagens do Sistema Majoritário
Os sistemas majoritários tendem a produzir governos unipartidários. Não é um sistema de partido único, é um partido que, sozinho, consegue se eleger e governar, dispensando coalisões. No entanto, existem outros partidos. Aplicam-se aqui as Leis de Duverger. A vantagem em governos unipartidários é sua estabilidade. A outra vantagem é possibilitar maior controle dos representantes pelos eleitores. Quando os distritos são constituídos com finalidade exclusivamente eleitoral, eles costumam ser menores, o que significa que mais facilmente o mentor possa controlar o eleito em razão dessa proximidade. Seria bem diferente do que ocorre agora no Brasil. A terceira vantagem do sistema majoritário é o barateamento dos custos de campanha. A busca de estabilidade é melhor exercida nos sistemas majoritários.
Magnitude do Distrito Eleitoral (M)
É o número de cadeiras a preencher por distrito. No sistema majoritário, a magnitude eleitoral (M) é igual ou maior do que 1. Depende do país e do caso concreto. Na Inglaterra, na França, na Austrália, entre outros países, cada distrito elege 1 representante, portanto, M = 1. O mais comum é que M seja igual a 1. Em poucos casos a magnitude não é 1. No sistema proporcional, M é necessariamente maior do que 1. Isso porque no sistema proporcional se dá espaço também às minorias. 
Patologias
Alocação Desproporcional
Exemplo didático: imagina-se um país com uma quantidade de 100 mil eleitores divididos em dez distritos. Cada distrito com dez mil eleitores, portanto. O parlamento possui dez cadeiras, logo, a magnitude eleitoral é igual a 1. 
	
	1
	2
	3
	4
	5
	6
	7
	8
	9
	10
	PARTIDO A - votos
	6 mil
	6 mil
	6 mil
	6 mil
	6 mil
	6 mil
	3 mil
	3 mil
	3 mil
	3 mil
	PARTIDO B - votos
	4 mil
	4 mil
	4 mil
	4 mil
	4 mil
	4 mil
	7 mil
	7 mil
	7 mil
	7 mil
De acordo com a tabela, o partido A conquista 6 cadeiras. O partido B conquista 4. O partido A obteve 48 mil votos: 48% do total de votos. No entanto, levou 6 cadeiras. O partido B obteve 52 mil votos: 52% do total de votos. Porém, levou 4 cadeiras. Aqui apresenta-se o grande problema.
Gerrymander
Redesenho arbitrário de distritos com finalidade fraudulenta. Na origem, o distrito é constituído pela lei com finalidade eleitoral, e deve ter número de eleitores semelhante. Gerry, político responsável por essa ‘artimanha’ se deu conta de que havia uma maneira de burlar esse sistema. Ele redistribuiu/redesenhou os distritos.
Quadro antes do redesenho, distritos originais:
	
	100 mil
	100 mil
	Partido x
	20 mil
	60 mil
	Partido y
	80 mil
	40 mil
Após o redesenho de Gerry, os votos passam a corresponder:
	X 60 mil
	Y 40 mil
	X 60 mil
	Y 40 mil
Esse redesenho altera a escolha dos eleitores pela contagem do número total de votos dividida de maneira manipulada.
Variações do Sistema Majoritário
Maioria Simples
O grande exemplo é o sistema inglês. Cada distrito elege um representante, há apenas um turno de eleição e ganha o candidato que obtiver mais votos. 
Caso de Saint Ives – Candidatos: (1) Harris (conservador) : 42,9% (2) George (liberal democrata): 40,1% (3) Warr (trabalhista): 16% (4) Stephens (liberal): 1%
Harris leva a cadeira com 42,9%. Quando se soma a quantidade de votos dos outros candidatos, constata-se que 57,1% dos votantes não queria Harris. Ele é um vitorioso de maioria simples. O sistema indiano é de maioria simples e turno único. No entanto, eles seguiram o modelo inglês, mas se deram conta de que a Índia era uma nação pluriétnica e de que certas castas e minorias nunca seriam representadas. Logo, a regra geral é de que 22% das cadeiras do parlamento seja reservada a castas e tribos. 
Dois Turnos
O exemplo de referência é o do sistema francês. M=1. É um sistema majoritário de dois turnos. Hipótese A: no sistema francês se, no primeiro turno, 1 candidato atingir 50% dos votos ou mais, ele está eleito. Hipótese B: se nenhum dos candidatos atingir 50% ou mais no primeiro turno, haverá segundo turno. A distância temporal entre o primeiro e o segundo turno é de uma semana. Quem vai para o segundo turno na França? Irão, regra geral, para o segundo turno, todos os candidatos que obtiverem 12,5% ou mais dos votos válidos no primeiro. O ganho desse sistema é que ele é concebido para afastar os extremistas porque se um extremista consegue 12,5% em um momento turbulento, no segundo turno, os partidos tradicionais tendem a se unir. 
Em uma eleição de 93, o FN conseguiu 12,7% dos votos, chegando ao segundo turno. Foi barrado no segundo turno. 
Para o parlamento europeu, as eleições são proporcionais. Tem-se visto, então, o ‘desfile dos extremistas’. 
Curiosamente, esse sistema de dois turnos não gera bipartidarismo. 
Voto Alternativo
É o sistema australiano desde 1918. Imagina-se a situação. Cédula: 
	Candidato
	Ordem de Preferência
	Candidato A
	2 (segundo preferido)
	Candidato B
	3 (terceiro preferido)
	Candidato C
	1 (o preferido)
	Candidato D
	4 (quarto preferido)
O eleitor marca uma ordem de candidatos estabelecendo sua preferência. M = 1. Todos os candidatos estão representados na cédula, o que obriga o eleitor a fazer sua preferência entre eles.
Apuração a primeira preferência:
	Candidato
	Porcentagem de Votos
	A
	45
	B
	35
	C
	15
	D
	5
Se ninguém atingiu 50% dos votos, não haverá eleitos. Não existe segundo turno, far-se-á uma nova contagem. O candidato menos votado, no caso, o D, será eliminado

Outros materiais