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PROVA - D. PENAL II

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA – UNEB
DEPARTAMENTO DE TECNOLOGIA E CIÊNCIAS SOCIAIS - DTCS
COLEGIADO DO CURSO DE DIREITO
DIREITO PENAL II - 3º PERÍODO
Prof.º JÚLIO CÉSAR SOARES LIRA
1ª AVALIAÇÃO – DIREITO PENAL II
Discentes: Hugo Gabriel de Carvalho Araújo; Lara Campos Ferreira
1º) Zé Navalha ceifou a vida de João das Couves quando este estava, injustamente, o agredindo. Um Jornal sensacionalista no dia seguinte publicou a seguinte manchete: “Crime de homicídio praticado em legítima defesa”. À luz da teoria do delito e de seu conceito analítico, é correto afirmar que Zé Navalha cometeu um crime de homicídio? Explique. 
	 Não. Uma vez que o crime, de acordo com o conceito analítico (majoritário na doutrina brasileira), é caracterizado como um conjunto de elementos que se interligam de modo a estabelecer uma relação deste com a Lei. Assim sendo, apesar do fato consumado pelo agente Zé Navalha encaixar-se perfeitamente na tipicidade penal do crime de homicídio (art. 121, CP), o mesmo, juridicamente, não o cometeu. Isto porque o nosso sistema penal possui forte inclinação para a teoria funcionalista, a qual defende que a ação na conduta é a realização de um resultado evitável. Ora, neste caso, o único modo no qual Zé Navalha poderia evitar o então resultado, seria pondo em risco a própria vida, sendo agredido, injustamente, por João das Couves. Assim se sucedendo, Navalha permitiria que, pelo menos, dois direitos fundamentais seus, fossem, lesionado e gravemente ameaçado: respectivamente, a dignidade e a vida. 
 Destarte, o legislador ordinário deixa bastante claro que, sendo agredido injustamente direito próprio ou de outrem, assegura-se um excludente de ilicitude para o agente que faz o uso moderado dos meios necessários para defender este direito: a legítima defesa (art. 25, CP).
2º) A moderna concepção da culpabilidade é de cunho normativo ou psicológico? Explique.
 A teoria normativa pura surge com o intuito de superar os erros iniciados pela teoria psicológica e incorporados posteriormente pela teoria psicológico-normativa. Ela é fundamentada pela teoria finalista da ação e exclui da culpabilidade o conceito de dolo, esse recaindo agora apenas sobre a pena, não mais sobre a reprovação de juízo. Com essa nova teoria, elementos que eram próprios do dolo foram incorporados como elementos da culpabilidade, e a culpa, assim como o dolo, deixou de ser elemento dela. Da culpabilidade foram extraídos o dolo e a culpa, sendo transferidos para a conduta do agente, característica integrante do fato típico. O dolo, após a sua transferência, deixou de ser normativo, passando a ser um dolo tão-somente natural. Na culpabilidade, contudo permaneceu a consciência sobre a ilicitude do fato (extraída do dolo) (GRECO, 2006, p. 418). Destarte, passam a constituir elementos da culpabilidade a imputabilidade, a potencial consciência sobre a ilicitude do fato e a exigibilidade da conduta diversa. A culpabilidade assume então a representação de um “juízo de valor que existe sobre um ato psicológico que existe ou falta” (JESUS, 2002, p. 462). Essa teoria encerra as teorias e é a que comumente é usada no caso brasileiro. 
3º) No que concerne à omissão, a Doutrina a identifica como elemento do tipo penal ou como forma de alcançar o resultado? Justifique. 
A conduta omissiva pode ser negativa, como pode ela ser também positiva (abstratamente). No primeiro caso, fala-se em crime omissivo próprio, aquele que a lei penal tipifica a própria omissão, constituindo esta, desta forma, um elemento do tipo penal, e não, causa geradora do resultado naturalístico – nexo causal meramente jurídico, uma vez que o agente descumpri dever jurídico. Diferentemente, no segundo caso, trata-se de crime omissivo impróprio/impuro ou crime comissivo por omissão, uma vez que o agente possui um dever legal de agir de modo a evitar determinado resultado naturalístico que inexoravelmente ocorreria sem a ação do mesmo, uma vez que este é caracterizado como responsável legal (garante) de determinado indivíduo ou grupo específico. E, portanto, a ele é imputado o resultado típico (naturalístico), derivado de sua omissão do dever de agir para evitar o mesmo, que acomete o seu tutelado, mesmo que o resultado não tenha correspondido à sua intenção, uma vez que o mesmo possuía pleno conhecimento do seu dever legal de agir - caso contrário, seria inconcebível imputar-lhe a condição de garante -, ficando a cargo do magistrado apenas definir se a conduta tenha sido de natureza dolosa ou culposa (MIRABETE, 2011, passim).
	4º) Nos crimes comissivos por omissão, o resultado típico pode ser atribuído a qualquer pessoa? Justifique.
 Não. Segundo Cezar Roberto Bitencourrt, nos crimes comissivos por omissão, pode existir uma norma, que Novoa Monreal chama de norma de dever de segundo grau, dirigida a um grupo restrito de sujeitos. Norma esta que impõe um dever de agir, para impedir que processos alheios ao sujeito, estranhos a ele, venham a ocasionar um resultado lesivo. Essa norma de mandado de segundo grau dirige-se apenas àquelas pessoas que têm uma especial relação de proteção com o bem juridicamente tutelado. Devem, em primeiro lugar, logicamente, abster-se de praticar uma conduta que o lese, como qualquer outro; em segundo lugar, devem também agir para evitar que outros processos causais possam ocasionar esse dano.
 Esses sujeitos relacionados assim de maneira especial, com determinados interesses jurídicos, são chamados de garantidores, que, segundo Sauer, devem prevenir, ajudar, instruir, defender e proteger o bem tutelado ameaçado. São a garantia de que um resultado lesivo não ocorrerá, pondo em risco ou lesando um interesse tutelado pelo Direito.
 A Reforma Penal de 1984 (parte geral), cedendo à antiga elaboração doutrinária, ao regular a figura do garantidor, determina que o dever de agir, para evitar o resultado, incumbe a quem: a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância; b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado; c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado (art. 13, § 2º).
5º) Unebiano, professor universitário, ao passar nas proximidades de uma construção civil, deixou de prestar assistência, quando era possível fazê-lo sem risco pessoal, a um pedreiro que acabara de se ferir gravemente em um acidente. O delito praticado por Unebiano é comissivo, OMISSIVO PURO ou comissivo por omissão? Justifique. 
 O Sr. Unebiano, neste caso, cometeu o crime de omissão de socorro, tipificado no art. 135 do CP. Este crime, segundo a doutrina (MIRABETE, 2011, p. 115), se enquadra no rol dos crimes omissivos puros ou próprios, visto que o mesmo está objetivamente descrito como uma omissão (verbo nuclear do tipo de caráter negativo) na lei penal.
6º) Zé Pinel, durante acalorada discussão com João das Carrancas, desfere-lhe um golpe de canivete na perna. Como no momento da briga João das Carrancas estava completamente embriagado, só horas depois veio a procurar o hospital em busca de atendimento médico. Ao dar entrada no pronto-socorro, a vítima já apresentava um quadro de infecção moderada para a qual a melhor técnica médica prescreveria tratamento à base de antibióticos e vacina antitetânica, além de limpeza do local do ferimento. Ocorre, entretanto, que o médico plantonista vem a determinar a amputação da perna de João das Carrancas, supondo, erroneamente, ser este o único meio de evitar uma septicemia. Zé Pinel vem então a ser denunciado pelo crime de lesão corporal gravíssima. Analise a questão e dê a solução jurídica de forma fundamentada.
 O artigo 13 do CP é elucidativo: “O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido”. Ora, sendo assim, através do processo hipotético de eliminação, o qual é defendido pelo legislador brasileiro,como pode-se inferir com base no artigo mencionado: se Zé Pinel não tivesse golpeado a perna de João das Carrancas, este não teria porque ter dado entrada no pronto-socorro, e, deste modo, não seria ensejado que o mesmo tivesse a perna amputada. Ou seja, a conduta de Zé Pinel é conditio sine qua non. 
 Sem embargo, fica claro que a conduta de Zé Pinel tem, sim, nexo causal com o resultado naturalístico – a amputação –, uma vez que, com base na teoria da equivalência dos antecedentes, não “se elimina a relação de causalidade pela existência de uma concausa” (MIRABETE, 2011, p. 95). Todavia, se, hipoteticamente, eliminarmos os outros fatos que concorreram para o resultado, este, com certeza, não teria viabilidade de se materializar.
 Destarte, faz-se necessário identificar quais destes fatos são, com efeito, concausa para o resultado, ou seja, quais estabelecem um nexo causal com este. O primeiro, neste caso, trata-se da embriaguez de João das Carrancas. Se este não estivesse embriagado, provavelmente teria procurado um pronto-socorro com antecedência, deste modo, haveria uma chance muito grande de o mesmo não ter tido sua perna infeccionada. Contudo, isto, por si só, não rompe a linearidade dos fatos que levaram ao resultado, uma vez que João das Carrancas não possuía um dever jurídico de agir para evitar o possível resultado decorrente da conduta de Zé Pinel, ao contrário, este sim deveria ter agido em face do estado debilitado em que se encontrava João das Carrancas, no entanto - não havendo outros elementos subjetivos -, pode-se deduzir que a lesão ocasionada por Zé Pinel não tenha sido de natureza grave, uma vez que a vítima não procurou socorro com celeridade, e mais, por se tratar de uma “calorosa discussão”, houve total possibilidade de Zé Pinel ter agido em legítima defesa (CP, art. 25), sobretudo pelo fato de que João das Carrancas se encontrava em estado de lucidez debilitada – decorrente da total embriaguez –, sendo possível que este tenha agido de modo animalesco, despertando um extinto natural de proteção por parte de Zé Pinel.
 O segundo fato, diz respeito à conduta exercida pelo Médico diante do estado clínico ao qual se encontrava João das Carrancas - infecção moderada na perna. Neste caso, o Médico determinou que fosse amputada a perna da vítima, sendo que este não seria o tratamento adequado para o paciente, uma vez que era notória a exata situação de João das Carrancas (infecção moderada), e que o melhor tratamento (mais eficaz) não resultaria na perda ou inutilização do membro. Deste modo, o Médico agiu de maneira negligente, uma vez que não foi diligente no cumprimento do seu dever legal.
 Portanto, à vista dos fatos, conclui-se que o agente Zé Pinel deve ser responsabilizado pelo crime doloso de lesão corporal de natureza leve, previsto no caput do artigo 129 do CP, uma vez que sua conduta tem o nexo causal rompido pela atitude negligente do Médico. Atitude esta, caracterizada como fora do desdobramento natural que se sucederia a partir da conduta de Zé Pinel, posto que, é inconcebível que um simples deferimento de golpe na perna com um canivete constitua uma conduta dirigida ao fim de levar um indivíduo a ter sua perna amputada. Até porque, neste caso, mesmo horas depois do fato (deferimento do golpe), pelo estado clínico apresentado por João das Carrancas ao dar entrada no pronto-socorro, far-se-ia possível a execução de procedimento médico com o qual a integridade física do paciente seria preservada. 
 No entanto, o Médico, ao executar sua conduta legalmente obrigatória de usar dos artifícios mais eficazes possíveis para tratar a enfermidade de João das Carrancas, agiu de maneira negligente, omitindo a conduta mais eficaz possível – de prescrever antibiótico, vacina e limpeza –, determinando a amputação da perna da vítima. Portanto, a ele (o Médico) deve ser imputado o crime culposo de lesão corporal de natureza grave, previsto no inciso III, § 2
º, do artigo 129 do CP.
7º) Tezeu, após realizar todas as revisões, dirige normalmente seu automóvel em viagem de férias quando, em determinado momento, ocorre o rompimento da barra de direção do veículo que, desgovernado, sai da pista e atinge o transeunte Telêmaco, causando-lhe a morte. Tezeu será responsabilizado pela morte de Telêmaco? Justifique.
 Tezeu não será responsabilizado pela morte de Telêmaco, se, e somente se, ficar comprovado que ele realizou todas as revisões no automóvel, e se este estava em condições legais de ser usado no trânsito. Isto porque, como elucida o inciso III, do artigo 23 do CP, não há crime quando o agente pratica o fato no exercício regular de direito. Portanto, se Tezeu estava exercendo regularmente um direito que lhe era incumbido (possuía CNH, conduzia o veículo corretamente e havia realizado todas as revisões no mesmo), não é cabível que a ele seja imputada a morte de Telêmaco, ao contrário, a responsabilidade recai sobre os agentes que realizaram as revisões no automóvel e sobre os que autorizaram, mediante pressupostos legais, a liberação do veículo para circulação – analisados os elementos subjetivos do crime.
8º) Apolônio feriu Alfeu que, levado ao hospital, faleceu em decorrência de incêndio ocorrido no centro cirúrgico. Pergunta-se: Qual a solução penal para o caso? Apolônio será responsabilizado pela morte de Alfeu, já que este somente estava no hospital por força das lesões que sofrera? Justifique.
Apolônio não responderá pela morte de Alfeu, por se tratar de uma causa superveniente relativamente independente.
No § 1º do art. 13 do Código Penal diz que: “A superveniência de causa relativamente independente exclui a imputação quando, por si só, produziu o resultado; os fatos anteriores, entretanto, imputam-se a quem os praticou”.
Bitencourt afirma que, quando alguém coloca em andamento determinado processo causal pode ocorrer que sobrevenha, no decurso deste, uma nova condição –produzida por uma atividade humana ou por um acontecer natural – que, em vez de se inserir no fulcro aberto pela conduta anterior, provoca um novo nexo de causalidade. Embora se possa estabelecer uma conexão entre a conduta primitiva e o resultado final, a segunda causa, a causa superveniente, é de tal ordem que determina a ocorrência do resultado, como se tivesse agido sozinha, pela anormalidade, pelo inusitado, pela imprevisibilidade da sua ocorrência.
Bitencourt diz ainda que, quando estamos, portanto, diante de uma causa superveniente, e queremos verificar se a conduta anterior é causa ou não, devemos partir, obrigatoriamente, do juízo hipotético de eliminação. Nesse caso, excluindo-se a conduta do ferimento, teria ocorrido o resultado morte? Se a vítima não tivesse sido ferida, teria morrido naquele local e daquela maneira? Não, nem estaria em um hospital em chamas. Não se pode dizer que a conduta anterior não foi condição para indispensável para a ocorrência do resultado subsequente. Foi. Mas, houve também uma causa superveniente, o incêndio no centro cirúrgico. Assim, Bitencourt orienta fazermos a seguinte pergunta: se essa causa superveniente se aliou ao ferimento, somando energias na produção do resultado morte, ou se a vítima morreu exclusivamente em virtude da segunda causa. Evidentemente que Alfeu morreu em decorrência do incêndio, de maneira, portanto, inusitada, anormal, imprevisível em relação à conduta primitiva. Não houve, portanto, soma de energias entre as “causas”, anterior e posterior. A segunda causa – superveniente e relativamente independente – produziu, por si só, o resultado morte.
A doutrina costuma dizer que, nesse caso, o perigo criado pelo comportamento do sujeito não chega ao dano final, porque uma causa superveniente determina o surgimento de um novo perigo, de modo a determinar o dano final. Essa situação então se enquadraria na previsão do § 1º do art. 13, havendo a superveniência de uma causa relativamente independente da conduta anterior. Nesse caso, realmente há uma independência relativa, porquese Alfeu não estivesse ferido não teria vindo a óbito no centro cirúrgico em chamas. Mas, essa concausa, por si só, ocasionou o resultado, excluindo então a imputação de fato.
Apolônio não é autor de homicídio, mas causou somente uma lesão dolosa ou culposa ou, quem sabe, uma tentativa de homicídio, segundo o elemento subjetivo que orientou sua ação antecedente.
9º) Toni Pancadão, utilizando-se de um revólver, produz em Betinho Tranca Rua determinados ferimentos apontados no exame de corpo de delito. Betinho Tranca Rua vem a falecer, não em razão das lesões produzidas diretamente por Toni Pancadão, mas por complicações decorrentes do tratamento hospitalar. Qual a solução penal para o caso? Toni Pancadão responde por qual crime? Justifique. 
Relação de Causalidade. CONCAUSA. Teoria da equivalência dos antecedentes causais – conditio sine qua non.
Art.13, CP “considera-se causa a ação ou a omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido”. É muito ampla porque verificando-se a existência de outras causas entre a conduta e o resultado, todas elas se equivalem, trata-se de uma Causa Relativamente Independente, pois se excluíssemos a causa ou a conduta do agente o resultado não se operaria. O Supremo Tribunal Federal firmou entendimento, segundo o qual a infecção hospitalar está na linha do desdobramento da ação física ou natural, e, portanto, caso ocorra o resultado naturalístico, ser-lhe-á imputado a quem lhe deu causa. É a concausa que inaugura um novo curso causal, que é de responsabilidade de outra pessoa ou que decorre da própria natureza. Quando a concausa não provoca um novo curso causal e acha-se na mesma linha de desdobramento físico da conduta do agente, não é concausa que “por si só” causou o resultado. Logo, nessa hipótese, o agente responde pelo resultado. Assim, Toni Pancadão responde por homicídio doloso consumado.
10º) Carminda e Cleófanes, um ignorando a conduta do outro, com intenção de matar, ministram, separadamente, quantidade de veneno insuficiente para produzir o resultado morte de Temístocles, inimigo comum, mas em razão do efeito produzido pela soma das doses ministradas este vem a morrer, qual seria a solução recomendada pela teoria da equivalência das condições, consagrada pelo direito brasileiro? Responderiam ambos por tentativa, desprezando-se o resultado morte? Ou responderiam, cada um isoladamente, pelo homicídio doloso?
	Bitencourt orienta a usarmos o juízo hipotético de eliminação: se qualquer dos dois não tivesse ministrado a sua dose de veneno, a morte teria ocorrido da forma como ocorreu? Não, evidentemente que não, pois uma dose, isoladamente, era insuficiente para produzir o resultado morte. Na hipótese, cada uma das doses foi condição indispensável à ocorrência do resultado, ainda que, isoladamente, não pudessem produzi-lo. É verdade que esse resultado só foi alcançado pela soma das duas doses. Há, nesse caso, uma soma de energias, que acabou produzindo o resultado. As duas doses de veneno auxiliaram-se na formação do processo causal produtor do resultado, unilateralmente pretendido e, conjuntamente produzido. A nosso juízo, configuram-se causas (concausas) relativamente independentes, e ambos devem responder pelo homicídio doloso consumado. Trata-se de uma modalidade de autoria colateral, onde não há vínculo subjetivo entre os autores, por isso não há coautoria. A hipótese de causa superveniente relativamente independente que, por si só, produz o resultado fica completamente afastada, na medida em que, pelo juízo hipotético de eliminação, suprimida qualquer das doses, anterior ou posterior, não importa, o resultado morte não se teria produzido. Nenhuma das duas doses criou um novo nexo causal, inserindo-se, ambas, no mesmo fulcro causal. Há, nesse caso, uma soma de esforços, que se aliam, e as duas doses, juntas, vão determinar o evento.
BIBLIOGRAFIA
BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de direito penal. vol.1, 13. ed. São Paulo: Saraiva, 2008. 
ESTEFAM, André Direito penal, 1: parte geral / André Estefam. – 3. ed. – São Paulo: Saraiva, 2013.
GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal. 7. ed. Rio de Janeiro: Impetus, 2006.
JESUS, Damásio E. de. Direito Penal. São Paulo: Saraiva, 2002. 
MIRABETE, Julio Fabbrini. Manual de direito penal, volume 1: parte geral, arts. 1º a 120 do CP. 27. ed. rev. e atual. até 4 de janeiro de 2011. São Paulo: Atlas, 2011.
NUCCI, Guilherme de Souza – Manual de direito penal / Guilherme de Souza Nucci. – 10. ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense, 2014.
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