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Alongamento muscular Prof. Evandro Gonzalez Tarnhovi Introdução • Assim como a MP, o alongamento é uma das técnicas mais utilizadas na Fisioterapia. • É uma manobra terapêutica ou profilática, aplicada passiva ou ativamente. • O alongamento é a melhor técnica para aumentar a extensibilidade e a elasticidade do tecido muscular e seus anexos. • É um componente fundamental para os programas de preparo físico desportivo, para promover o bem-estar, reduzir o risco* e recidivas de lesão. Diferença entre alongamento e a mobilização passiva alongamento Início da ADM ponto zero Limite tecidual Limite anatômico • Principais diferenças entre o alongamento e a MP: 1. Não respeitar o limite tecidual; 2. Respeitá-lo sempre. M. passiva Definição dos termos relacionados com o alongamento DEFINIÇÃO DOS TERMOS TERMO CONCEITO Distensibilidade/extensibilidade Capacidade de alguns tecidos de alterar sua posição de repouso e ceder à ação de uma força, distendendo-se Elasticidade Capacidade de alguns tecidos de retornar a sua posição de repouso após ter cessado a ação de uma força que alterou esse estado original Mobilidade Capacidade de algumas estruturas corporais de se deslocar ou de ser deslocadas, gerando um arco de movimento Flexibilidade Representa o somatório das anteriores, geralmente envolvendo movimentos de várias articulações (inclinação de tronco) Plasticidade Capacidade de alguns tecidos de adotar uma nova posição após terem sido submetidos sistematicamente à ação de forças que perturbaram seu comprimento original Contraturas e encurtamentos • A restrição dos movimentos pode variar de um leve encurtamento muscular até contraturas irreversíveis. • Contratura: é definida como o encurtamento adaptativo da unidade musculotendínea e outros tecidos moles, perda quase completa da mobilidade. • Resulta em resistência significativa ao alongamento passivo ou ativo. • Habilidades funcionais. • Encurtamento: perda parcial da mobilidade e não interfere nas habilidades funcionais. • Designação das contraturas pela localização. Tipos de contraturas • Contratura miostática (miogênica): não há uma patologia envolvida, perda da ADM, perda do número de sarcômeros em série. • Contratura pseudomiostática: existe um fator etiológico associado (AVC, TCE, TRM, dor etc.), podendo comprometer a mobilidade e funcionalidade. Estado de contração constante, com resistência excessiva a ADM passiva. Contratura pseudomiostática Contraturas artrogênicas ou periarticulares • É resultado de patologia intra-articular (aderências, edema articular, irregularidades na cartilagem articular e osteófitos) • Imobilidade prolongada; • Processos cirúrgicos; • Restringindo o movimento artrocinemático normal Contratura fibrótica ou irreversível • Alterações fibróticas no tecido conjuntivo do músculo e estruturas periarticulares. • Formação de aderência. • Formação de ossificação heterotópica. • Tempo dependente. • Indicação de Tenotomias. Indicações para o uso de alongamento • ADM limitada devido a diminuição da extensibilidade em decorrência de aderências, contraturas e formação de tecido cicatricial. • Restrição da mobilidade. • Desequilíbrios musculares. • Como preparo físico, com o intuito de prevenir lesões. • Prevenção da dor pós exercícios vigorosos. Contra-indicação para o uso do alongamento • Bloqueio articular*; • Fratura recente, consolidação incompleta; • Processo inflamatório agudo ou infeccioso (os 4 “or”) • Dor aguda imediata atípica; • Hipermobilidade; Casos de hipermobilidade! Alongamento seletivo em condições especiais • É um processo em que a função geral de um paciente pode ser melhorada com a aplicação de técnicas específicas. • Paciente com lesão medular: • Isquiostibiais; (AVD´s) • Efeito tenodese (hipomobilidade dos flexores longos dos dedos e flexibilidade da articulação do punho). • O Fisioterapeuta tem que ter em mente sempre as necessidades funcionais do paciente. Alongamento muscular Propriedades dos tecidos moles – resposta ao alongamento • Quando o tecido mole é alongado, ocorrem alterações elásticas, viscoelásticas e plásticas. • Elasticidade; é a habilidade dos tecidos moles de retornar ao comprimento de repouso pré-alongamento logo após a remoção da força de alongamento. • Viscoelasticidade; é uma propriedade tempo-dependente dos tecidos moles que inicialmente resistem à deformação quando uma força de alongamento começa a ser aplicada, se a força do alongamento é mantida, a viscoelasticidade permite uma mudança no comprimento do tecido. • Plasticidade; é a tendência dos tecidos moles de assumirem um comprimento novo e maior após a remoção da força de alongamento Propriedades neurofisiológicas do tecido contrátil • Fuso muscular e órgão tendinoso de Golgi. • São mecanorreceptores que conduzem informações para o SNC sobre o que está ocorrendo na unidade músculotendínea e afetam a resposta do músculo ao alongamento e contração. Resposta neurofisiológica do músculo ao alongamento • Fuso muscular: localizado na porção central, principal órgão sensorial (receptor de alongamento e contração) do músculo. • Informações relacionadas a velocidade, duração e mudanças no comprimento muscular. • Órgãos tendinosos de Golgi (OTGs): localizam-se perto da junção musculotendínea, são sensíveis à tensão muscular causada pelo alongamento passivo ou por contração muscular ativa. • Mecanismo de proteção (inibição autogênica), inibindo a atividade dos motoneurônios alfa e diminuindo a tensão no músculo. • Reflexo de estiramento monossináptico (estiramento rápido), as fibras aferentes primárias estimulam os motoneurônios alfa na medula, aumentando a tensão no músculo. Determinantes do alongamento • Todos eles estão interrelacionados. • Os elementos determinantes do alongamento são: 1. Alinhamento e estabilização do corpo; 2. Intensidade (magnitude); 3. Velocidade; 4. Frequência e modo de alongamento; 5. Integração da inibição e facilitação; 6. Atividades funcionais. • São importantes para o sucesso da terapêutica aplicada. Alinhamento e estabilização • São componentes fundamentais para o alongamento. • O alinhamento influencia a quantidade de tensão presente nos tecidos e consequentemente a efetividade do alongamento (tronco e articulações adjacentes). • Atitudes compensatórias e antálgicas. • Estabilização da inserção proximal ou distal é imperativo durante o alongamento. • As fontes de estabilização incluem contatos manuais, peso corporal ou uma superfície firme (mesa, parede ou solo) • Terapeuta deverá ser cuidadoso e atento. Intensidade do alongamento • Há um consenso em que determina que o alongamento deve ser aplicado com baixa intensidade e carga leve (suavemente). • Torna a manobra mais confortável para o paciente e minimiza a defesa muscular voluntária e involuntária. • O alongamento de baixa intensidade combinado com longa duração, resulta em ótimas taxas de melhora na ADM. • Contraturas crônicas/tecido conjuntivo denso. • Efetividade e menos dor pós-exercício. Duração do alongamento • Uma das decisões mais importantes que o fisioterapeuta precisa tomar. • Refere-se ao período durante o qual uma força de alongamento é aplicada mantendo os tecidos encurtados na posição alongada. • Tempo de aplicação de um único ciclo de alongamento. • Quando ocorre mais de um ciclo, o tempo cumulativoé também considerado um aspecto de duração. • Em geral, quanto mais curta a duração de um único ciclo de alongamento, maior o número de repetições. • Dispositivos mecânicos para manutenção do tempo do alongamento (órteses de posicionamento). Evidências científicas • Os protocolos variam substancialmente; • A prevenção de lesão ou redução dos riscos, prevenção ou redução da dor muscular pós-exercício e a melhora do desempenho físico. • São efeitos que tem sido atribuídos às intervenções de alongamento. • Contudo, as evidências são confusas e contraditórias. • Necessitando desta forma de pesquisa e discussão. Enfoque nas evidências • Há uma relação inversa entre intensidade (tensão) e duração, assim como intensidade e frequência (ciclos) de alongamento: 1. Quanto mais baixa a intensidade de alongamento, maior o tempo em que o paciente tolera o alongamento. 2. Quanto mais alta a intensidade, menor a frequência (ciclos) com que a intervenção de alongamento pode ser aplicada. • Em pacientes idosos alongamentos com 15,30 e 60 seg. de quatro repetições nos isquiostibiais, produziram ganhos significativos na ADM. • Bandy et al.,(1997) observaram os efeitos de diferentes tempos de manutenção ao alongamento estático passivo – Alongamento de 1 min. 1 vez por dia – 1 min. 3 vezes por dia – 30 seg. 1 vez por dia – 30 seg. 3 vezes por dia – Grupo controle •Todos os grupos aumentaram a flexibilidade. •Não foi observado diferença significativa entre os diferentes grupos. Enfoque nas evidências • Williams (1990), observou os efeitos do alongamento prolongado do músculo sóleo de ratos imobilizados durante 2 semanas. Os ratos foram divididos em 6 grupos: – Grupo controle (imobilizado) – Grupo controle (sem intervenção) – Alongamento 15 min. – 30 min. – 1 hora – 2 horas Observou-se que no grupo imobilizado houve significativa diminuição dos sarcômeros em série e ADM; e nos grupos de 30 minutos ou mais preveniram a perda de sarcômeros em série e diminuição da ADM. Enfoque nas evidências Enfoque nas evidências • Em adultos jovens saudáveis: 1. Durações de alongamento de 15, 30, 45, 60 segundos ou 2 minutos, produziram ganhos significativos na ADM de MMII. 2. Ciclos de 30 e 60 seg. de duração nos isquiostibiais com 1 repetição diária, são ambos mais efetivos do que 1 repetição de 15 seg. 3. Duas repetições diárias de alongamento estático de 30 seg. produziram ganhos similares aos vistos com 6 rep. De 10 seg. Em pacientes com contraturas fibróticas crônicas: 1. Durações comuns de alongamento manual ou auto- alongamento podem não ser efetivos. 2. O uso de alongamento estático prolongado com órteses é mais efetivo. Este estudo avaliou os efeitos de 10 a 40 segundos de alongamento estático na ativação muscular e no desempenho da força precedido ao teste de repetição máxima de sujeitos treinados. Método Desfecho • O exercício de alongamento nos tempos e intensidades estudados parecem não exercer efeito agudo sobre os níveis de ativação a ponto de potencializar o desempenho da forca em teste de repetições máxima Categorias de alongamento • Há cinco categorias amplas de alongamento: 1. Alongamento estático (passivo, ativo ou auto alongamento, progressivo e mecânico); 2. Alongamento cíclico (intermitente); 3. Alongamento balístico; 4. Alongamento baseado nos princípios da FNP; 5. Alongamento global. • Cada uma dessas abordagens de alongamento pode ser aplicadas de diferentes maneiras: • Manual ou mecanicamente; passiva ou ativamente; pelo fisioterapeuta ou pelo próprio paciente. • Que dão origem a vários tipos de denominações Tipos de alongamentos • Alongamento estático: • Passivo, ativo ou auto alongamento, progressivo e mecânico. • É um método comumente usado no qual os tecidos moles são alongados apenas um pouco além do ponto de resistência do tecido. • Mantidos na posição por um certo período de tempo (grande variação). • É realizado em 2 ou mais repetições, passiva ou ativamente. • Sinônimos: sustentado, mantido. Alongamento estático passivo Tipos de alongamentos • Alongamento estático progressivo: • Os tecidos moles encurtados são mantidos em uma posição confortavelmente alongada até que um certo grau de relaxamento seja sentido pelo paciente ou terapeuta. • Em seguida é realizada uma manobra no sentido de aumentar a ADM e novamente é mantido um tempo adicional para o alongamento. • Órteses dinâmicas reguladas pelo terapeuta ou paciente. Auto alongamento de peitorais e escalenos Auto alongamento de abdominais Auto alongamento de quadríceps (reto femoral) e gastrocnêmios Posturas combinadas de alongamento Aula de alongamento! • Alongamento cíclico (intermitente): • Com duração relativamente curta, que é aplicada de modo repetido, porém gradual. • Múltiplas repetições durante uma única sessão. • Tempo de duração de 5 a 10 seg. • No entanto não há consenso sobre o número de repetição ideal para esta modalidade. Tipos de alongamentos Alongamento cíclico (intermitente) iliopsoas Alongamento cíclico (intermitente) isquiostibiais Alongamento cíclico (intermitente) Glúteo máximo e isquiostibiais • É um tipo de alongamento rápido e forçado, alta velocidade e intensidade. • É caracterizado por movimentos rápidos e bruscos que criam um impulso para conduzir o segmento do corpo pela ADM. • Acredita-se que o alongamento balístico causa um trauma maior aos tecidos e mais dor residual do que o alongamento estático. • Não é recomendado a pessoas idosas ou sedentárias ou para pacientes com patologias musculoesqueléticas ou contraturas crônicas. • Indicação para atletas de alto rendimento. • Fase final da reabilitação . Alongamentos Balísticos Alongamentos balísticos Alongamentos balísticos • Integram propositalmente contrações musculares ativas nas manobras de alongamento para facilitar ou inibir a ativação muscular. • Há vários tipos de procedimentos de alongamento FNP: 1. Manter relaxar (MR) ou contrair-relaxar (CR); 2. Contração do agonista (CA); 3. Manter-relaxar com contração do agonista (MR-CA). Alongamentos baseado nos princípios da Facilitação neuromuscular proprioceptiva (FNP) Manter-relaxar ou contrair-relaxar • Técnica: o músculo é alongado até o limite tecidual*; • Após realiza-se uma contração isométrica leve de 5 a 10 seg. • E novamente o membro é movido para a nova amplitude. • Observar padrão respiratório durante a contração. Contração do agonista (CA) • Agonista neste caso se refere ao músculo oposto ao músculo encurtado. • Para o procedimento de CA, o paciente contrai concentricamente o músculo oposto ao que está encurtado e mantém a posição final por alguns segundos. • Princípio da inibição recíproca. Manter relaxar (MR) com contração do agonista (CA) • A técnica de alongamento MR-CA combina os dois procedimentos. • Solicita uma contração isométrica resistida (5-10 seg.) pré- alongamento no músculo que está encurtado, seguido de um alongamento (ganho de ADM) e na sequência uma contração concêntrica imediata do músculo oposto ao que está encurtado. • Alongamento Global: • Utiliza o princípio das cadeias musculares do método Mézières. • Utiliza posturas para alongar as cadeias musculares durante períodos de tempo relativamente longos. Alongamentos em Cadeias musculares Caso clínico • Um pacienteapós longo período hospitalizado decorrente de um acidente vascular encefálico (AVE) em hemisfério cerebral esquerdo, se apresenta para avaliação. Paciente relata que é sedentário e bebia e fumava demasiadamente, sua profissão é de auxiliar administrativo, apresenta bom cognitivo e o AVE não comprometeu sua fala. Não tem plano de saúde e ganha 3 salários mínimo por mês e paga pensão para os 2 filhos menores, pois, é divorciado. Após o AVE sua namorada o deixou pois não sabia como lidar com esta situação. Após avaliação minuciosa constatou- se: 1. Paresia à esquerda com predomínio em MSE; que não o impede de deambular independentemente; 2. Espasticidade moderada em hemicorpo esquerdo e hiperreflexia tendinosa profunda em MS e MI esquerdos; 3. Sinal de Babinsk Positivo a esquerda; 4. Sinal de Romberg positivo; 5. Dificuldade para as mudanças transposturais; 6. Incapaz de executar suas AVD´s independentemente; 7. Encurtamento muscular generalizado com predomínio nos músculos flexores de MMSS e extensores nos MMII; Respostas 1. Hemiparesia espástica funcional com predomínio braquial, hiperreflexia superficial e profunda, déficit do equilíbrio estático, disfunção da etapas motoras e encurtamentos musculares generalizados. 2. Adequar o tônus muscular; manter e melhorar a elasticidade mecânica do músculo, estimular o controle motor, melhorar e manter a mobilidade geral; estimular o equilíbrio estático e facilitar as aquisições funcionais de AVDs e etapas motoras. Orientação familiar e domiciliar e encaminhar para equipe multidisciplinar. Solicitar posicionamento através de órteses para prevenção de contraturas e deformidades. Mobilização passiva lenta e progressiva de proximal para distal; Mobilização ativo assistida (esq.) e ativa livre em hemicorpo direito, ortostatismo e transferência de peso para o hemicorpo esquerdo. Alongamentos gerais (sub tipos); técnicas de mudanças transposturais (Bobath) e treino de AVDs e AVPs. Propriedades mecânicas do tecido contrátil • O músculo é composto de tecidos conjuntivos contráteis e não contráteis. • Contráteis: contratilidade e resistência • Não contráteis: habilidade de resistir às forças de deformação. osso Tendão Epimísio Músculo Endomísio Perimísio Fascículo Fibra Muscular Estrutura Básica do Músculo Elementos contráteis do músculo • Fibras musculares se dispõe em paralelo entre si. • Uma única fibra muscular é composta de muitas miofibrilas. • Cada miofibrila é composta de estruturas ainda menores, os sarcômeros. • os sarcômeros se dispõe em série e é a unidade contrátil do músculo, é composto de miofilamentos sobrepostos de actina e miosina, que formam pontes transversas. Estrias que caracterizam o tipo do músculo Fotomicrografia eletrônica de miofribrilas
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