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ED SOCIODIVERSIDADE

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Prévia do material em texto

Pró-Reitoria de Ensino a Distância 
Coordenação de Atividades Complementares 
 
TAREFA 1 – ED 2016 
ATIVIDADE DO NED-ED – INFORMAÇÕES GERAIS 
 
As informações contidas abaixo servirão como instrumento de apoio para o desenvolvimento de sua 
Atividade, portanto utilize esses elementos em conjunto com os textos disponibilizados. Procure 
interpretar as informações apresentadas de forma a contextualizar com a discussão apresentada nos 
textos, verbais e não verbais (charges, imagens, figuras, gráficos entre outros) tentando entender 
situações e correlacionando-as. 
FAÇA A PRODUÇÃO DE UM TEXTO DISSERTATIVO SOBRE A PROPOSTA 
TEMÁTICA APRESENTADA. 
Para a realização da sua Atividade do NED ED "Tarefa 1", clique no nome da Atividade que está 
disponível, será aberta uma segunda página. 
Clique no link do arquivo e acesse o conteúdo para a leitura e compreensão do texto para a realização 
da ”Dissertação" solicitada. 
Você terá duas opções para enviar sua dissertação: 
1-Anexar seu arquivo e gravar o envio, e logo abaixo na página clique em enviar. 
2-Cole seu texto no espaço destinado na página e grave o envio, logo abaixo na página clique em 
enviar. 
Importante!! 
*Ao realizar as atividades do NED ED no prazo determinado no calendário na página da Tarefa, 
será liberado em seu Portal o ASE (Atividade Supervisionada de Ensino) que, se validada, pontuará 0,50 
(meio ponto) na N2 em todas as disciplinas em que estiver matriculado (a). 
SEU TEMA – SOCIODIVERSIDADE ETNICO CULTURAL E DIREITOS HUMANOS 
RAÇA HUMANA DIFERENTES MAIS IGUAIS – DIREITOS HUMANOS 
 
Este tema é importante na perspectiva intercultural que não é ingênua do ponto de vista midiático, 
é consciente de que nas relações entre humanos e humanos e mundo natural, existem não só 
diferenças, como também desigualdades, conflitos, assimetrias de poder. No entanto, parte-se do 
pressuposto de que, para construir uma sociedade pluralista e democrática, o diálogo com o outro, 
entre os diferentes grupos sociais e culturais são fundamentais e nos enriquecem a todos, pessoal e 
coletivamente, na nossa humanidade, nas nossas identidades, nas nossas maneiras de ver o 
mundo, a nossa sociedade e a vida em sua totalidade. 
 Algumas palavras importantes podem ser lembradas quando se fala em sociodiversidade 
etnico cultural e direitos humanos: 
• DIVERSIDADE 
• DIREITOS HUMANOS 
• JUSTIÇA SOCIAL 
• IGUALDADE 
• MÍDIA 
• DEGRADAÇÃO 
• PRECONCEITO 
CRITÉRIOS PARA VALIDAÇÃO DA T1: 
Fique atento a correção desta atividade, que será após o término. 
• Originalidade (a ferramenta não permite cópia total ou parcial. Seu texto deve ser produzido 
 por você!) 
• Contextualização com o material disponibilizado 
• A produção do texto deve contemplar os tópicos importantes abordados pela Atividade. 
 
TEXTO 1 
Vamos entender alguns pontos de fazermos uma abordagem mais profunda sobre o tema 
 
 SIGNO, SIGNIFICANTE E SIGNIFICADO 
 
O fundador da linguística moderna chama-se 
Ferdinand de Saussure. Ele trouxe novos caminhos para a 
linguística, graças ao seu estudo sobre a língua e a fala. Para 
ele, a língua foi imposta ao indivíduo, enquanto a fala é um 
ato particular. 
Língua é um sistema de signos convencionais usado 
pelos membros de uma mesma comunidade. Em outras 
palavras: um grupo social convenciona e utiliza um 
conjunto organizado de elementos representativos. 
A soma “língua + fala” resulta na linguagem. 
Outro aspecto básico da doutrina saussuriana é a do signo 
linguístico: O signo é o resultado de: significante + significado. 
Signo = significante + significado. 
Significante: Imagem acústica ou manifestação fônica do signo. 
 
 
 Significado: Valor, sentido ou conteúdo semântico de um signo lingüístico. Toda palavra 
que possui um sentido é considerada um signo linguístico. 
 
Um signo linguístico é um elemento representativo com dois aspectos: um significante e um 
significado, unidos num todo indissolúvel. Ao ouvir a palavra árvore, você reconhece os sons que a 
formam. Esses sons se identificam com a lembrança deles que está presente em sua memória. Tal 
lembrança constitui uma verdadeira imagem sonora armazenada - é o significante do signo árvore. 
Ao ouvir essa palavra, você pensa num "vegetal lenhoso cujo caule, chamado tronco, só se ramifica 
bem acima do nível do solo, ao contrário do arbusto, que exibe ramos desde junto ao solo". Esse 
conceito, que não se refere a um vegetal particular, mas engloba uma ampla gama de vegetais, é o 
significado do signo árvore - e também se encontra armazenado em sua memória. 
 
 O signo árvore, portanto, relaciona-se com dois dados de sua memória: uma imagem acústica, 
correspondente à lembrança de uma seqüência de sons - o significante - e um conceito, um dado do 
conhecimento humano sobre o mundo - o significado. 
O significado dos signos linguísticos é um conjunto complexo de informações acumuladas ao longo 
da história das comunidades humanas. Isso quer dizer que utilizar uma determinada palavra da nossa 
língua é, na verdade, fazer ecoar por meio dela todo um processo histórico de formação de conceitos 
sobre a vida e sobre o mundo. 
 O significado do signo árvore, por exemplo, vai muito além do conceito de "vegetal lenhoso": 
há muitos valores simbólicos e ideológicos que se podem associar a esse signo (em várias mitologias, 
a árvore é símbolo da vida; em tempos de movimentos ambientalistas ativos como os nossos, a árvore 
é um símbolo da preservação das matas); há também valores que só se conseguem definir na efetiva 
interlocução (imagine todo o conjunto de sentidos que a palavra árvore assume numa conversa entre 
donos de madeireiras sobre a extração de mogno). 
Fonte: 
http://jeffersonaspas.blogspot.com.br/2010/10/linguistica-signo-significado-e.html 
http://www.analisedetextos.com.br/2011/01/diferenca-entre-lingua-signo-e.html 
 
TEXTO 2 
 
RESPEITO E VALORIZAÇÃO À MULHER NEGRA – 
Amanda Santos Lemos - Possui graduação em Serviço Social pela Universidade 
Castelo Branco (2004) e, Mestrado em Serviço Social pela Universidade do Estado do 
Rio de Janeiro (2010). Atualmente é Coordenadora do Curso de Serviço Social, da Universidade Castelo Branco. 
Tem experiência na área de Serviço Social, com ênfase no campo Sócio-Jurídico e na Assistência Social, atuando 
principalmente nos seguintes temas: Sistema Penitenciário, Gestão, Envelhecimento e Assistência Social. 
 Com adaptações 
 
RESUMO 
 
Acreditamos que a mulher tem uma contribuição ímpar na formação de uma sociedade, 
especialmente, a negra que desde os mais remotos da sociedade brasileira contribui com sua 
força, seu trabalho e suas crenças, para a formação da mesma. Porém, nunca houve por parte da 
sociedade o reconhecimento da importância da mulher negra, subjugada e desvalorizada por sua 
condição de gênero e de raça, na formação da nossa cultura. 
Entretanto, de uns tempos para cá parece haver um modismo em torno da plástica da figura da 
mulher negra, cabelos afros e vestidos coloridos parecem ter conquistados espaço entre a elite 
branca dominante, mas é preciso que se entenda que isso não é moda, é identidade, auto 
reconhecimento, auto expressão, resistência. 
A ideia do modismo ou da comercialização dos signos identitários das negras, precisa ser 
desconstruída e (re)significada, como um movimento de resgate da nossa identidade, roubada há 
muitos anos, quando fomos forçadas a “embranquecermos” nossas peles e nossas almas. 
 
Palavras Chave: Raça – Gênero – Identidade – Construção Social 
 
INTRODUÇÃO 
 
Eu sou negra, meus pais são negros, meus avós eram negros, meus tios, primos e demais 
parentes são negros. Mas, eu não tinha consciência disso. Talvez os homens de minha família 
tenham se reconhecido negros com mais facilidade que as mulheres, ao serem lembrados 
diariamente(de maneira pejorativa, é claro, mas, lembrados) pela polícia, nas entrevistas de 
emprego, nas suas ocupações laborais, mas, eu não. Minha mãe sempre fez de tudo para manter 
meu cabelo impecavelmente alisado, minhas amigas eram brancas, frequentei cursos de idiomas 
e formação complementar, estudei em boas escolas, sempre trabalhei em grandes empresas, 
sempre ouvi dizer que as religiões de matriz africana eram malignas. Cresci ao som do “show da 
Xuxa”, querendo ser “paquita”, sonhava ter uma coleção de Barbies, lânguidas, magras, brancas. 
Cresci num universo que não me remetia à minha ascendência, ao povo que deu origem a minha 
família e a nossa história. 
Cresci com uma ideia destorcida de mundo, de identidade, ganhei minha primeira boneca 
negra ao completar 33 anos de idade, lutei muito contra a textura do meu cabelo, apesar de 
parecer estranho, nunca parei para pensar no significado político de ser a única negra em uma 
sala de aula ou nos espaços de trabalho, parafraseando outra negra, “durante a minha vivência 
enquanto mulher e negra, não vi apresentados a mim mulheres como eu sendo produtoras de 
conhecimento, protagonista de espaços de poder. Para mulheres como eu, só restava os 
subempregos e a clandestinidade”. Esse é um relato pessoal, mas, certamente retrata a realidade 
de muitas meninas negras. Somos (ou fomos) criadas com uma falsa imagem, buscamos uma 
aceitação que nunca teremos, pois não somos assim, não nos parecemos e nem pareceremos com 
a Barbie por uma questão genética, ancestral, histórica, mas, ninguém nos diz porquê. Muitas 
meninas negras, como eu, tiveram sua identidade forjada sob signos e figuras que não as 
representavam, que não as remeteram a sua origem, a sua raça e ancestralidade tiveram roubada 
a sua essência, ao serem submetidas a dolorosas sessões de alisamento e branqueamento. 
Questionamos então, qual lugar é conferido a mulher e a estética negra? A “casa de família” ou 
a passarela do samba, mas, podemos ser mais que isso, certamente, somos muito mais do que 
isso. 
A mulher negra vem ganhando espaço nas mídias, no mercado, na sociedade, mas, é 
preciso que se analise criteriosamente esse momento: será que estamos finalmente resgatando e 
assumindo nossa identidade? As ruas estão cheias de mulheres e homens negros com seus cabelos 
crespos e volumosos, bonecas negras já, chegam as mãos de meninas negras, roupas, acessórios, 
turbantes tomam conta dos espaços historicamente ocupados pela cultura e os signos da raça 
branca, até mesmo o mercado nos enxerga como consumidoras em potencial. 
Mas, o que parece ser um cenário positivo e promissor, pode acobertar o racismo e sexismo já 
conhecido de outrora. O presente artigo tem como objetivo refletir sobre o respeito e valorização 
galgado a séculos pela mulher negra. 
 
O CONTEXTO HISTÓRICO 
 
A sociedade brasileira constitui-se sobre os pilares do eurocentrismo, do patriarcalismo, 
do catolicismo e de todos os estereótipos de dominação e superioridade, importados da época da 
colonização do país. Desde sempre, que a sociedade europeia patriarcal, submete a mulher a um 
papel de submissão e subalternidade à figura inquestionável e inabalável do homem. Percebe-se 
que coube, a mulher, na trajetória histórica da sociedade um papel “menos nobre”, “menos 
político” que o do homem, o papel de reproduzir, cuidar e obedecer, tornando esse público vítima 
de sua própria condição natural, a sua cor e o seu sexo, considerados fraco e inferiores. Ao 
implementar-se essa perspectiva no Brasil, uma mera colônia de exploração de Portugal, o jugo 
do homem sobre a mulher fica mais acentuado, em especial a negra, que além de mulher e negra 
é vista como mercadoria, a ser comercializada para atendimento de homens brancos. 
Historicamente, essa mulher estará relegada a uma condição de aviltamento e expropriação de 
seu corpo e sua identidade ainda mais cruel que a mulher branca. 
Os homens portugueses, frente à escassez de mulheres portuguesas, mantiveram relações 
sexuais com as indígenas e mulheres africanas que eram vistas como trabalhadoras e como 
objetos sexuais. No Brasil Colônia, as mulheres brancas tinham suas vidas restritas à igreja e a 
casa, eram estereotipadas como fracas, submissas, passivas e sem participação pública. Eram 
treinadas para o casamento e tolerar as traições do marido com as escravas (...). (BARRETO, 
p.65) 
Além de serem usadas como objetos sexuais por senhores de escravos, as escravas 
também eram usadas como reprodutoras, com o intuito de aumentar, de maneira legal e barata, a 
mão-de-obra escrava. Para isso, escravos novos, fortes e com boa saúde eram tratados como 
reprodutores, que forçavam as negras a terem relações sexuais para que gerassem novos escravos, 
também bem-apanhados e saudáveis, que já nasceriam nas fazendas, acabando com os gastos e 
riscos da importação e viabilizando que esses fossem mais dóceis e receptivos a dominação. 
1 “A nossa moral, a nossa língua, os nossos direitos, e inúmeras outras coisas nossas, são de 
origem europeia. A Europa dominou a maior parte do mundo. Em 1922, só o Império Britânico 
dominava cerca de 458 milhões de pessoas, um quarto da população do mundo na época. E 
abrangeu mais de 33,7 milhões km². Hoje não temos uma dominação militar como na época, mas 
temos uma dominação cultural, da qual os costumes, a arte, a moral etc., são todos importados 
dos países ditos de primeiro mundo, para os nossos. Esse é o chamado Neocolonialismo, uma 
nova forma de se colonizar. Essa centralização do polo mundial político e econômico é o 
chamado Eurocentrismo. O nosso mundo tem como o seu centro dominante, a Europa”. 
Patriarcalismo pode ser definido como uma estrutura sobre as quais se assentam todas as 
sociedades contemporâneas. É caracterizado por uma autoridade imposta institucionalmente, do 
homem sobre mulheres e filhos no ambiente familiar, permeando toda organização da sociedade, 
da produção e do consumo, da política, à legislação e à cultura. Nesse sentido, o patriarcado 
funda a estrutura da sociedade e recebe reforço institucional, nesse contexto, relacionamentos 
interpessoais e personalidade, são marcados pela dominação e violência. (BARRETO, p.64) 
O homem preto foi utilizado como reprodutor, vitimando a mulher preta. Estupro forçado 
pelos senhores e senhoras brancos cristãos. Não somente escravizados foram usados para a 
reprodução, muitos senhores violentavam as escravizadas, entre eles, padres. 
A escravidão não havia a conceituação que temos hoje de estupro ou de violações, para o 
escravizador, os escravizados eram bens móveis sub-humanos, não possuíam direitos e eram 
considerados coisas, propriedades. 
Alguns fatores podem ser pontuados para a prática da reprodução, sendo bom ressaltar 
que uma mulher escravizada tinha o valor de dois homens escravizados, porque ela além de 
exercer os trabalhos nas plantações, minas, serviços de ganho nas cidades, o serviço doméstico, 
prostituição forçada por senhoras de boas famílias e freiras católicas, gerava mão de obra gratuita 
e lucro para o escravizador. 
O estudo da história dimensiona o horror a que a mulher negra foi submetida, imaginar 
tamanha brutalidade e violência é revoltante, causa horror e compaixão. Talvez nos horrores da 
escravidão encontremos a explicação para a anulação dos elementos constitutivos da identidade 
negra, o que não significa dizer que as mulheres negras negam sua descendência racial, mas, 
buscam ser diferente a fim de serem aceitas ou menos violadas. 
Para mulheres negras, a quem o estupro diz respeito, raça precedeu questões de gênero. 
Somos ensinadas que nós somos primeiramente negras, e então mulheres (…). Mulheres negras 
sobreviveram, mantendo silêncio, não apenas por vergonha, mas por uma necessidade de 
preservar a raça e sua imagem. 
Desde a época da escravidão há registros sobre a luta da mulher negra porsua 
emancipação e emponderamento. Quem não conhece Dandara, a guerreira negra, mulher de 
Zumbi dos Palmares, que guerreou ao seu lado para defender os negros e o Quilombo de 
Palmares? Pois é, quase ninguém conhece ou ouvi falar sobre Dandara, ícone para a 
representatividade histórica da mulher negra. 
Quilombo dos Palmares ainda menina. Não era muito apta só aos serviços domésticos da 
comunidade, plantava como todos, trabalhava na produção da farinha de mandioca, aprendeu a 
caçar, mas, também aprendeu a lutar capoeira, empunhar armas e quando adulta liderar as 
falanges femininas do exército negro palmarino. Dandara foi uma das provas reais da inverdade 
do conceito de que a mulher é um sexo frágil. (Grifos nossos.) 
 
Observamos como a nossa história é subtraída, é omitida, Dandara é uma heroína negra, 
mas, muitas negras nunca souberam e, talvez, nunca saberão que um dia ela existiu. Toda menina 
negra tem o direito de conhecer a história de Dandara, de se inspirar nela, de resistir e lutar como 
ela. Mas, esse direito lhe é negado, quando desconhecemos sua existência, os próprios 
historiadores afirmam, “não sabemos como era seu rosto, nem como era exatamente”. 
A abolição da escravatura e, posteriormente, a industrialização do país, obriga a mulher 
negra a buscar sua inserção no mundo do trabalho, saindo do espaço privado de seu lar. Mas 
buscar sua inserção no mercado de trabalho, não significou alcançar sua emancipação. Assim 
como no período da escravidão, os trabalhos disponíveis para as negras são serviçais, subalternos 
e mal remunerados. Infelizmente, os grilhões da escravidão ainda aprisionam as mulheres negras 
a submundo de inferioridade e desrespeito, onde precisam comprovar, diariamente, suas 
capacidades e habilidades. 
Ser mulher e ser negra no Brasil significa está inserida num ciclo de marginalização e 
discriminação social. Isso é resultado de todo um contexto histórico, que precisa ser analisado na 
busca de soluções para antigos estigmas e dogmas. 
(...) 
Ascender socialmente é algo muito difícil para a mulher negra, são muitos obstáculos a 
serem superados. O período escravocrata deixou como herança o pensamento popular, em que, 
elas só servem para trabalhar como domésticas ou exibindo seus corpos. 
As que se destacam, tiveram que provar mais vezes do que as mulheres brancas a sua 
competência, por isso, é que é possível afirmar que a questão de gênero é um complicador, mas 
se esta for somada a questão de raça, o resultado é maior exclusão e dificuldades. 
Analisando dados de pesquisas realizadas pelo DIEESE e outros órgãos, é possível 
verificar que o preconceito resulta em salários mais baixos para os negros em relação aos brancos, 
incluindo o item gênero, inferi-se que o homem negro ocupa um patamar abaixo do da mulher 
branca quanto ao rendimento salarial. Mas as mulheres negras se encontram ainda mais abaixo 
na pirâmide ocupacional. (SANTOS, 2009, p.03) 
A cor da pele ou a textura do cabelo não deveria em tempo algum e em nenhuma 
sociedade, ser indicador de competência e habilidade de ninguém, mas, infelizmente é. As 
estatísticas comprovam que as oportunidades para negros/as são restritas e, claro, que no caso 
das mulheres, elas (as oportunidades) são ainda mais restritas e direcionadas. Uma sociedade 
racista e machista restringe as oportunidades, sentenciando o negro ou a negra a uma determinada 
ocupação espaço-temporal-cultural submissa e marginal. 
Hoje, as mulheres negras conseguiram alcançar algumas vitorias, subindo alguns degraus 
na busca pela igualdade. Fizeram conquistas importantes no que diz respeito a direitos e 
participação, mesmo assim, ainda é uma parcela mínima de mulheres negras que desfrutam de 
direitos fundamentais, como educação. 
 
Respeito e Valorização à mulher negra 
 
Mas, ainda há naturalidade na prática do racismo e do sexismo; a erotização e a estereotipação 
da mulher negra são muito presentes ainda, rotulando-a sempre. Uma marchinha de carnaval de 
1955, já dizia: 
 
O teu cabelo não nega, mulata 
Porque és mulata na cor 
Mas como a cor não pega, mulata 
Mulata, eu quero o teu amor 
 
Percebe-se claramente o desprezo pela cor da pele da mulata, que só serve para uso do homem, 
porque sua “cor não pega”. Mais de 50 anos depois, outra música de gosto muito duvido, 
achincalha com a estima e imagem da mulher negra. 
Hoje caminhamos na direção da (re)valorização da estética e da mulher negra, da 
(re)descoberta de sua força e capacidade, do resgate de sua história e identidade. 
Os paralelos entre sexismo e racismo são nítidos e claros. Cada um deles incorpora falsas 
suposições sob a forma de mito. 
E, assim como o racista é aquele que proclama, justifica ou pressupõe a supremacia de 
uma raça sobre outra, da mesma forma, o sexista é aquele que proclama, justifica ou pressupõe a 
supremacia de um sexo (adivinha qual) sobre o outro. (KERNER;TAVOLARI: 2012) 
 
A INSERÇÃO DA MULHER NEGRA NA SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA 
 
A luta da mulher negra é diária, árdua e invisível, uma vez que muitos dizem: “não há 
racismo no Brasil”. Submetida por longos e tenebrosos anos a cultura branca “superior” e a 
violações de seu corpo e sua alma, a mulher negra perseverou, buscando espaços, 
reconhecimento e valorização por parte da sociedade, de outros negros, do Estado. Hoje temos 
mulheres negras em posições expressivas na sociedade, temos um Ministério das Mulheres, 
Igualdade Racial e Direitos Humanos, comandado por uma mulher negra, temos negras nos 
meios de comunicação, nas empresas, na moda. Claro que ainda não somos maioria, mas, 
chegamos lá; virmos gradativamente deixando o lugar de subserviência a que nossa figura vem 
historicamente associada, retornando ao lugar usurpado pelo tráfico de negros/as para escravidão, 
pelo racismo, pela ignorância dos que insistem em afirmar que somos inferiores, incapazes. 
Hoje, nos vemos representadas em mulheres negras em suas carreiras profissionais, 
reconhecidas sem precisarem escamotear sua ascendência, sua origem, sua negritude e 
“representatividade importa”! É claro, que esse número ainda é ínfimo, a maioria das negras 
continuam na invisibilidade, com baixa escolaridade e em empregos subalternizados e mal 
remunerados, mas, a situação a que a mulher negra esteve relegada trata-se de um problema 
histórico, cultural, político. Precisaremos de anos de investimento, luta e resistência para 
efetivamente alcançarmos respeito e a igualdade que nos é devida. 
Viola Davis é uma atriz norte americana, mundialmente conhecida. Viola é uma mulher de seus 
50 e poucos anos, inteligente, vibrante, talentosa. Porque a cito aqui? Porque ela é negra e, essa 
negra ganhou nos últimos meses uma importante premiação da televisão norte americana, o 
Emmy Awards7, tornando-se “a 1ª mulher negra a ganhar o prêmio de melhor atriz em série 
dramática, em 67 anos de existência do prêmio”. . 
Em seu célebre discurso, a atriz se imortalizou na luta pela valorização da mulher negra 
ao dizer: ‘Em meus sonhos e visões, eu via uma linha, e do outro lado da linha estavam campos 
verdes e floridos e lindas e belas mulheres brancas, que estendiam os braços para mim ao longo 
da linha, mas eu não poderia alcançá-las’, (...) Deixem-me dizer uma coisa: a única coisa que 
separa as mulheres de cor de qualquer outra pessoa é a oportunidade. Você não pode ganhar um 
Emmy por papéis que simplesmente não existem. 
Viola, não poderia ter usado palavra mais apropriada em seu emocionante discurso, a 
palavra oportunidade, “do latim opportunitate que representa a qualidade de oportuno, 
significando também uma ocasião favorável, ensejo, conveniência”, essa é a palavra que sintetiza 
o que acontece com o povo negro, a negação de oportunidades. “Uma oportunidade é vista como 
um acontecimento oportuno capaz de melhorar o estado atual de um indivíduo, uma situação 
novaque traga benefícios”. O que falta à mulher negra é oportunidade, oportunidade para ser 
negra, oportunidade para mostrar suas qualidades, oportunidade para mostrar a todos o quanto é 
capaz de fazer qualquer coisa que desejar, oportunidade para ser. 
A luta da mulher negra no Brasil e pelo mundo é para ter oportunidades, oportunidades 
negadas pela escravidão, pela ignorância e perversidade humana, por uma sociedade excludente 
e injusta. Historicamente, muitas oportunidades foram roubadas do povo negro, oportunidade de 
ser negro inclusive. Tendo sempre seus signos, ritos e crenças estereotipados, marginalizados, 
perseguidos, sendo empurrado para um processo de embranquecimento, de expropriação de seu 
eu. Quando associamos a questão de raça o gênero a situação fica mais difícil, pois, esse 
segmento será duplamente estigmatizado por sua raça e sua “fragilidade”. 
Valdenice Raimundo, negra, jovem, professora do curso de Serviço Social, da Universidade 
Católica de Pernambuco teve a oportunidade de mostrar suas qualidades e ser reconhecida por 
tal, recebeu a honraria de integrar a Academia Vitoriense de Letras, Artes e Ciências, em Vitória 
de Santo Antão. Mais uma vitória para todas as mulheres negras, que podem se ver representadas 
na conquista de Valdenice, que declarou: Está sendo uma experiência nova para mim e eu fico 
muito feliz por ter, na minha cidade, conquistado esse espaço, que é novo, e isso me deixa muito 
feliz. Tem uma coisa muito interessante. 
Na minha trajetória, eu nunca imaginei que fosse ocupar esses espaços na minha cidade. 
Eu acho interessante e importante por conta da minha trajetória de vida: a filha de um operário, 
uma mulher negra com muitas dificuldades para acessar a formação, a acessa e, num 
determinado, momento consegue esse espaço. É importante porque é como um anúncio de que 
outras pessoas, outras mulheres, outros homens, negros, vindos das classes populares com esse 
histórico, podem futuramente estar nesses espaços, que não têm dono. 
As oportunidades dadas não passaram incólumes. A ascensão da mulher negra, há de 
incomodar os retrógados racistas, que não querem que as negrinhas deixem a casa grande. 
Contrariando todos os prognósticos a jornalista Maria Júlia Coutinho, negra, jovem e talentosa, 
tornou-se a “moça do tempo”, do maior telejornal do país. Foi alvo de ignorantes marginais que 
praticaram, contra sua competência e ascensão, crimes motivados por racismo e injúria racial11. 
A jornalista foi duramente atacada na internet por sua condição de raça e gênero, claramente 
inferiorizada, por sua condição de raça e gênero. Mesmo diante da indignação e mal-estar 
causados por atitudes vis como essa, devemos analisar o episódio de maneira crítica. 
11 A injúria racial está tipificada no artigo 140, § 3º do Código Penal Brasileiro e consiste em 
ofender a honra de alguém com a utilização de elementos referentes à raça, cor, etnia, religião ou 
origem. 
Nas palavras de Celso Delmanto, “comete o crime do artigo 140, § 3º do CP, e não o 
delito do artigo 20 da Lei nº 7.716/89, o agente que utiliza palavras depreciativas referentes a 
raça, cor, religião ou origem, com o intuito de ofender a honra subjetiva da vítima” (Celso 
Delmanto e outros. Código Penal comentado, 6ª ed., Renovar, p. 305). 
Já o crime de racismo, previsto na Lei 7.716/89, implica em conduta discriminatória 
dirigida a um determinado grupo ou coletividade. Considerado mais grave pelo legislador, o 
crime de racismo é imprescritível e inafiançável, que se procede mediante ação penal pública 
incondicionada, cabendo também ao Ministério Público a legitimidade para processar o ofensor. 
Práticas racistas e sexistas, são mais comuns do que possamos mensurar, esse episódio é apenas 
sintoma da sociedade racista, discriminatória, doente em que vivemos. “Ser mulher e negra no 
Brasil significa está inserida num ciclo de marginalização e discriminação social”. (SANTOS, 
2009) Viola, Valdenice e Maria Júlia não são únicas, porém, ainda são minoria, a minoria que 
teve acesso a oportunidades. Mas, também são exemplos de que mulheres negras, apesar de todas 
as desigualdades a que estão submetidas, são capazes de fazer e ser tudo aquilo que desejarem, 
incluindo terem sucesso e romperem com o ciclo de dominação e inferiorização a que as negras 
são predestinadas desde seus nascimentos. 
A articulação entre o sexismo e o racismo incide de forma implacável sobre o significado 
do que é ser uma mulher negra no Brasil. A partir do racismo e da consequente hierarquia racial 
construída, ser negra passa a significar assumir uma posição inferior, desqualificada e menor. Já 
o sexismo atua na desqualificação do feminino. (BRASIL, 2008) 
A realidade está posta, pense rápido: diga um símbolo social que represente a identidade 
da mulher negra? Faltam exemplos. As estatísticas estão postas, a realidade diz a mulher negra 
ganha menos, morre mais, casa menos. Ser mulher e negra, é como carregar uma chaga, uma 
marca que determina o que você é e o que pode fazer, até onde pode ir. Marias Júlias ou Violas 
incomodam por que, mesmo negras, conseguiram chegar onde quiseram, onde suas competências 
(que não de depende da cor da pele) as levaram, tiveram e aproveitaram suas oportunidades, não 
aceitaram a predestinação imposta pela sociedade. 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
É difícil sintetizar as reflexões feitas aqui. Ao falarmos das condições as quais as mulheres 
negras ao logo dos anos foram submetidas vemos que a questão racial associada a questão de 
gênero é extremamente perversa. Ser negra é resistir a todo momento, da vida pessoal à 
profissional, vivenciamos diariamente uma luta. Mas, felizmente nossa luta não tem sido 
infundada, vimos alcançando vitórias significativas no que diz respeito a nossa identidade, a 
nossa inserção social, (...) “as mulheres negras e as mulatas que em geral, sofrem de tripla 
discriminação: sexual, social e racial. Portanto, tudo o que se coloca como problemático para a 
população negra atinge especialmente as mulheres”. (VALENTE, 1994) 
Aprendemos que essa é uma questão política, social, cultural, logo, precisa ser enfrentada de 
maneira coletiva, politizada, organizada para que efetivamente as mulheres negras acessam as 
oportunidades que tem direitos, enquanto sujeitos sociais, históricos, autônomos. 
Falar da situação da mulher negra é mais que falar sobre raça ou racismo, é falar sobre 
uma parcela da população que é estigmatizada em seu nascimento, que reúne em uma só 
existência, vários elementos perseguidos e discriminados pela sociedade. É preciso estudar essa 
questão com critérios e criticidade, não devemos vitimizá-las ou subestimá-las, porém devemos 
analisar a questão exaustiva e criteriosamente. 
Porém, mesmo tendo muitas oportunidades negadas, estamos aí, galgando e conquistando 
nosso espaço, o respeito e valorização a que temos direito. 
 
Bibliografia 
 
CARNEIRO, Sueli. Mulheres em movimento: Estudos Avançados, São Paulo, nº 49.2003,126 p. 
GIACOMINI, S.M. Mulher e escrava: uma introdução histórica ao estudo da mulher negra no 
Brasil. Rio de Janeiro, Vozes, 1988.66 
VALENTE, Ana Lúcia E. F. Ser Negro No Brasil Hoje. 11 ed. São Paulo: Moderna, 1994. 
Fonte: em http://cnncba.blogspot.com.br/2014/06/escravidao-e-reproducao-mulher-preta-
e.html. Acessado em 30 de set.de 2015. 
Fonte://blogueirasnegras.org/2014/01/22/para-mulheres-negras-a-quem-o-estupro-diz-respeito-
racaprecedeu-questoes-de-genero/. 
Fonte:(Disponível em: http://www.mpdft.mp.br/portal/index.php/conhecampdft-menu/nucleos-
menu/ncleo-de-enfrentamento-discriminao-nedmainmenu-130/3047-injuria-racial-x-racismo. 
Fonte: 10 Disponível em: http://www.unicap.br/assecom1/?p=55734. Acessado em 04 de out. de 
2015. 
Fonte:www.google.com.br/?gfe_rd=cr&ei=7vAHVtPrEIGk8wekkrzYBg&gws_rd=ssl#q=o+qu
e+%C3%A9+Emmy+Awards. 
Fonte: http://www.geledes.org.br/viola-davis-e-a-primeira-negra-a-ganhar-o-premio-de-melhor-atriz-no-emmy-efaz-discurso-emocionante/#gs.pYgigkc. 
Fonte:http://www.significados.com.br/oportunidade/. Acessado em 27 de set. de 2015. 
Fonte:http://veja.abril.com.br/noticia/entretenimento/justica-condena-gravadora-por-racismo-
em-musicade-tiririca/. 
 
TEXTO 3 
A força das mães negras 
 
Levantando-se contra a escravidão, o machismo e o preconceito, a negra brasileira 
encontrou em sua espiritualidade ancestral os mitos, os símbolos e os exemplos que lhe 
inspiraram insubordinação e lhe permitiram construir uma nova e altiva identidade 
por Sueli Carneiro 
 
A luta das mulheres adquiriu diferentes perfis em nossa história, pois diferentes também 
eram as inserções sociais e as origens étnicas de suas protagonistas. Em comum, traziam o desejo 
de liberdade. Para as mulheres brancas, foi a luta contra o domínio patriarcal. Para as negras, a 
luta contra o jugo colonial, a escravidão e o racismo. Dentre as formas de resistências 
engendradas pelas mulheres negras brasileiras, destaca-se o exemplo das Yalorixás: uma estirpe 
de notáveis lideranças espirituais, como Yya Nassô (século XIX), Tia Ciata (1854-1924), Mãe 
Aninha (1869-1938), Mãe Senhora (1900-1967) e Mãe Menininha do Gantois (1894-1986), entre 
outras. 
 
Essas mulheres traziam para o presente modelos sacralizados de sua ancestralidade, 
evidenciados na mitologia preservada e na estrutura religiosa que aqui recriaram. A mitologia 
africana, apontando insistentemente as estratégias mais diversas de insubordinação, simbólicas 
ou reais, lhes ofereceu a possibilidade de criar mecanismos de defesa para a sobrevivência e a 
conservação de seus traços culturais de origem. 
 
O universo mítico, do qual o candomblé é remanescente, se estrutura, como várias outras 
mitologias, no princípio da sexualidade. É da interação dinâmica entre pares de contrários que 
tudo é gerado. Assim, a Terra (aiyé) e o Céu (órun) expressam, respectivamente, os princípios 
arquetípicos Feminino e Masculino. Sua união, que é a garantia da continuidade de tudo, nem 
sempre se dá de forma harmoniosa. E os conflitos, que são relatados nos mitos, expressam muitas 
vezes a luta entre os poderes feminino e masculino, em disputa pelo controle do mundo. Essa 
disputa expressa também o fato de que, em algumas sociedades africanas, mulheres e homens 
pertenciam a associações demarcadas pelo gênero: Geledé e Ialodé para as mulheres e Oró para 
os homens. 
 
Segundo a antropóloga Terezinha Bernardo: “Ialodê era uma associação feminina cujo 
nome significa ‘senhora encarregada dos negócios públicos’. Sua dirigente tivera lugar no 
conselho supremo dos chefes urbanos e era considerada uma alta funcionária do Estado, 
responsável pelas questões femininas, representando, especialmente, os interesses das 
comerciantes. Enquanto a Ialodê se encarregava da troca de bens materiais, a sociedade Gueledé 
era uma associação mais próxima da troca de bens simbólicos. Sua visibilidade advinha dos 
rituais de propiciação à fecundidade, à fertilidade — aspectos importantes do poder 
especificamente feminino”. No Brasil, o culto Geledé desapareceu e Ialodé tornou-se título de 
mulheres importantes do candomblé. 
 
A organização social do candomblé procurará recriar as estruturas hierárquicas das 
sociedades africanas que a escravidão destruiu, reorganizar a família negra, perpetuar a memória 
cultural e garantir a sobrevivência do grupo. Ela permitiu que os “terreiros” se tornassem 
territórios de organização comunitária, de cura aos destituídos do direito à saúde, de resistência 
cultural e de negociação com a sociedade abrangente e excludente. Leni Silverstein afirma, a 
propósito do caso baiano, que “a família-de-santo, com mulheres em seus pontos focais, se torna 
crucial para a perpetuação de um sistema alternativo de valores, costumes e culturas”1. 
 
Esse passado de resistência marca profundamente o povo-de-santo, em especial suas 
mulheres. Matriarcas negras que foram reverenciadas no livro A cidade das mulheres (1932), da 
antropóloga e pesquisadora norte-americana Ruth Landes. Diz ela que a mulher negra “era, no 
Brasil, uma influência modernizadora e enobrecedora”. E explica: “Economicamente, tanto na 
África como durante a escravidão no Brasil, contara consigo mesma. E isso se combinava com a 
sua eminência no candomblé para dar um tom matriarcal à vida familiar entre os pobres. Era um 
desejável equilíbrio para o rude domínio dos homens em toda a vida latina”2. 
 
Ruth observou que as mulheres do candomblé jamais se prostituíam, mesmo quando 
pobres, que eram livres no amor, mas não o comercializavam, que eram seres humanos bem 
desenvolvidos na época em que o feminismo levantava a voz pela primeira vez no Brasil. Suas 
vidas compõem parcela significativa da história do oprimido deste país e vêm sendo fonte de 
inspiração para a luta das mulheres negras contemporâneas. A pesquisadora e feminista negra 
Jurema Werneck compreende suas estratégias como “formas contra-hegemônicas de produção 
cultural”. E as vê construindo identidades com base em recortes territoriais, lingüísticos ou 
afetivos. 
 
Pela apropriação e atualização desse patrimônio cultural, as mulheres negras vêm 
conformando organizações inspiradas na mitologia africana e nas histórias de suas antepassadas. 
Nesse processo de afirmação identitária, buscam, em instituições femininas da tradição religiosa, 
nas figuras míticas e nas ancestrais coletivas, os valores e modelos de insubordinação para 
confrontar a ordem patriarcal e racista. 
 
Tal processo tem sido objeto da investigação científica de pesquisadoras negras 
contemporâneas, que buscam iluminar as linhas de continuidade entre a tradição e as estratégias 
de luta atuais. É o caso, por exemplo, do estudo realizado por Angélica Basti, que demonstra que 
o processo de rememoração implica em dois movimentos simultâneos: a lembrança do passado 
e a produção de um novo sentido no presente. E faz do mito “uma poderosa ferramenta para a re-
significação da memória coletiva”. 
 
Para a pesquisadora, as organizações femininas negras são as novas guardiãs da produção 
discursiva do grupo. Pois resgatam, registram, arquivam e difundem a história das mulheres 
negras. E lutam por essa re-significação como instrumento para a transformação do presente. 
 
Do interior dos mitos, emergem os símbolos que inspiraram e inspiram o protagonismo 
religioso e político de parcelas da população feminina negra brasileira e demarcam as 
especificidades de sua perspectiva. Assim, Oxun, Iansã, Obá, Ewá, Iemanjá, Nanã conformam 
arquétipos que alargam e complexificam nossa compreensão do feminino. Cada orixá personifica 
uma linha de força da natureza, um papel na divisão sexual e social do trabalho, um conjunto de 
características temperamentais e emocionais. A existência de orixás femininos, masculinos e 
andróginos expressa uma compreensão profunda da própria sexualidade humana. Os indivíduos 
concretos serão percebidos do ponto de vista de seus caracteres psíquicos básicos, de sua ação 
concreta sobre o real e das múltiplas possibilidades de combinações desses componentes. 
 
Esse sistema de representações, particularmente suas mulheres míticas, oferece vivências 
que a sociedade machista nega. O conservadorismo cristão, que moldou a moral brasileira 
passada, impôs às mulheres a escolha entre os estereótipos da Virgem Maria e de Maria 
Madalena. Do ponto de vista patriarcal, esta última só encontra redenção ao abdicar de sua 
sexualidade. As deusas africanas legitimaram a transgressão dessa dicotomia maniqueísta. As 
deusas africanas são mães dedicadas e amantes apaixonadas. 
 
A partir do exemplo de Mãe Menininha de Gantois, Ruth Lande nos mostra o tipo de 
comportamento que essa visão alternativa de mundo ensejou: “Menininha não se casou 
legalmente […] pelas mesmas razões que as outras mães e sacerdotisas não se casam. Teriaperdido muito. De acordo com as leis daquele país católico e latino, a esposa deve submeter-se 
inteiramente à autoridade do marido. Quão incompatível é isso com as crenças e a organização 
do candomblé! Quão inconcebível para a dominadora autoridade feminina! E tão poderosa é a 
tendência matriarcal, em que as mulheres se submetem apenas aos deuses, que os homens […] 
nada podem fazer além de enfurecer-se, censurar e brigar com as sacerdotisas que amam”3. 
 
Inspiradas nos exemplos dessas precursoras poderosas, as mulheres negras, mestiças e 
brancas exibem hoje suas saias coloridas e vestem ojás e batas brancas engomadas durante as 
festas. Trabalham, cantam e dançam noite adentro para seus orixás. Entendem que, apesar de 
Oxalá ser o grande genitor masculino, ele se curva em adobale (prostração reverencial) diante de 
Oxum, o poder genitor feminino. 
 
Sabem que, embora Oxalá só possa usar a cor branca, ele põe nos cabelos a pena 
vermelha, o ekodide, em homenagem ao sangue menstrual, símbolo da fertilidade e da 
concepção. Então, percebem que a dominação masculina não se explica pela natureza inferior da 
mulher, mas pelo reconhecimento de suas potencialidades e pelo temor que isso inspira. Enfim, 
descobrem que a Virgem Maria e Maria Madalena são forças vivas em seu interior e que não 
precisam abdicar da sexualidade para atingir o reino dos céus. 
 
Sueli Carneiro é doutora em Filosofia da Educação pela USP, escritora e diretora do Geledés 
- Instituto da Mulher Negra. Este artigo nasceu da pesquisa realizada por ela na década de 
1980, sob o título "O poder feminino no culto aos orixás". 
 
 
1 Leni Silverstein, “Mãe de Todo Mundo: modos de sobrevivência nas comunidades de 
candomblé da Bahia”, em Religião e Sociedade, número 4. 
2 Ruth Landes, A cidade das mulheres, 2a ed. Rio de Janeiro, Editora da UFRJ, 2002. 
3 Idem. 
4 Terezinha Bernardo, “O poder feminino no candomblé”, em Revista de Estudos da Religião, 
no 2, 2005. 
TEXTO 4 
 
NUNCA FOI CASO DE AMOR: A HIPERSSEXUALIZAÇÃO DOS NOSSOS CORPOS 
 Aline Silveira 
 
Como consequência do machismo, historicamente, toda mulher é objetificada e tratada como 
mercadoria sexual, no entanto, a mulher negra tendo a dupla discriminação, o machismo e o 
racismo, é desumanizada e tratada como a carne mais barata do mercado. 
 
Voltando alguns séculos na história do país, mais precisamente no período do Brasil 
Colônia, as negras que tinham o tom de pele mais claro e os traços do rosto mais finos, eram 
escolhidas para trabalhar na Casa Grande e consequentemente ficavam a disposição sexual dos 
senhores brancos. Do estupro que a história, a literatura e as novelas fantasiaram de amor 
nasceram os bastardos chamados de mulatos. Mulata ou mulato, é um termo depreciativo (animal 
híbrido, estéril, produto do cruzamento do cavalo com a jumenta, ou da égua com o jumento), é 
o resultado da mistura de negro com branco. 
 
Para muitos, ainda hoje, a palavra “negro” soa como palavrão e por isso o uso da palavra 
é evitada por muitas pessoas. Quem nunca ouviu de alguém “Ah, mas você nem é negra. É 
moreninha”? Ser negra/negro é algo pesado para muitos, afinal, quem quer ser negro no país mais 
racista do mundo? Sendo assim, os termos mulata, morena, moreninha, da cor do pecado, são 
usados na intenção de tornar mais suave o fardo de ser negro no Brasil. Descobrir a sua negritude, 
portanto, é um ato de resiliência, resistência e político. 
 
A democracia racial é o mito que a nossa sociedade criou para vender uma imagem 
positiva que não coincide com a realidade. Nos dias atuais é durante o carnaval que o mito é 
reformulado. A mulher negra passa de invisível, já que somos rejeitadas frente a mulheres 
brancas (que são o padrão de beleza e o modelo para casar) e passamos a ser a “mulata”, a exótica 
desejada e boa de cama, mas não o suficiente para casar. Nossos corpos são hiperssexualizados 
que é a reprodução machista e racista em que foi construída a imagem da mulher negra 
historicamente. 
 
No carnaval a objetificação das negras é naturalizada e personificada na “Globeleza”. É 
a imagem que é exportada para o mundo, reproduzindo a ideia de que mulheres negras são 
libertinas e sempre prontas para o sexo. É a preta tipo exportação, porém a preta exportação é 
aceita apenas no carnaval (festa do pecado, do profano) onde tudo é permitido. A cor do pecado 
não poderia ser outra se não a preta. 
 
“Quando a mulher negra não é considerada indesejável e repulsiva devido a sua pele, 
acaba se tornando alvo de objetificação racista, que a exotifica sexualmente. Esses estereótipos 
acabam naturalizando a violência sexual contra as mulheres negras e limitando sua existência a 
um limbo de rejeição e indesejabilidade” Jarid Arraes 
 
Desde criança aprendemos que nossos corpos não são desejados como o da protagonista 
da novela, nossos cabelos não são lisos como os da vizinha loira e que nossos traços não são 
finos como da menina mais popular da escola. Vamos crescendo e aceitando (mesmo sem 
perceber) a sermos desprezadas, a não termos confiança ou autoestima e aceitar a solidão que é 
submetida para toda mulher negra. Aceitamos relacionamentos abusivos, e muitas vezes nem 
sabemos que são abusivos, afinal o amor nos foi negado sempre e quando estamos em um 
relacionamento não podemos simplesmente abandonar, porque ter alguém ao nosso lado nos 
torna sortudas. Isso tudo é uma violência muito forte, é uma forma de genocídio (que não se 
caracteriza apenas com arma do PM na nossa cara). Em síntese, nós mulheres negras sofremos 
violência desde a infância e isso é genocídio também. 
 
A hiperssexualização do corpo negro feminino promove uma falsa valorização de que 
deixamos de ser rejeitadas para nos tornarmos aceitas. Muitas mulheres negras não entendem, 
inclusive, quando uma pessoa branca a convida para sair ou tem algum tipo de interesse afetivo. 
A neura (ou não) de que a pessoa branca está contigo porque te acha exótica, afinal “ser preta tá 
na moda” ou porque tem quem queira pagar de “humildão da esquerda”, e isso sempre foi o teto 
que escuto de muitas irmãs negras. Cria-se a ideia que somos apenas objetos sexuais exóticos 
para o consumo alheio. 
 
“Isso traz grandes obstáculos para que as mulheres negras consigam conquistar algum 
crescimento profissional e ocupar lugares de relevância em sociedade. As mulheres negras 
precisam lutar para serem reconhecidas como seres humanos tridimensionais, com gostos, 
personalidades e características individuais, e não somente seres excêntricos para serem usadas 
sexualmente por quem quer ‘experimentar algo diferente’.” Jarid Arraes 
Recentemente a Revista “Azmina – para mulheres de A a Z”, foi até New Orleans, nos 
Estados Unidos, que tem um dos carnavais mais famosos do mundo, saber opiniões sobre a 
exposição da Globeleza e a pergunta mais frequente foi o “Porque sempre tem ser uma mulher 
negra a ser exposta de forma depreciativa?” e “Porque não um casal sambando? Porque não um 
homem sambando nú?” indagou uma moradora de New Orleans. 
A resposta é simples: vivemos ainda resquícios da escravidão no Brasil. As mulheres 
negras eram constantemente estupradas pelo senhor branco e carregava o estigma daquela que 
deveria servir sexualmente aos homens. Hoje nós negras continuamos atreladas a visão racista 
secular que dizia que só servimos para o sexo sujo e selvagem. Não se trata, portanto, de uma 
escolha deliberada ou livre, vivemos numa sociedade em que o corpo feminino foi e é associado 
a objeto de prazer do homem. Portanto, para além da objetificação, nós negras queremos inclusão 
e visibilidade, não de forma depreciativa, estereotipada ou subalterna que nos foi imposta desde 
o período colonial. Nós negras não aceitamos mais e estamos cansadas de ser a carne mais barata 
do mercado. 
Referência:http://blogueirasnegras.org/2016/01/28/nunca-foi-caso-de-amor-a-hiperssexualizacao-dos-nossos-corpos/MATERIAL DE APOIO E COMPLEMENTAR 
 
Analise as mensagens visuais abaixo de acordo com os conceitos de: SIGNO, 
SIGNIFICANTE E SIGNIFICADO: 
 
Imagem 1 
 
Fonte: http://artenarede.com.br/blog/index.php/tag/portinari/ 
 
 
 
 
 
Imagem 2 
 
Fonte: http://pt.slideshare.net/WagnerLouza/frida-kalho-e-tarsila-do-amaral 
 
 
Imagem 3 
 
 
Fonte: http://www.dezenovevinte.net/obras/negro_representacoes.htm 
 
 
 
 
 
Imagem 4 
 
http://www.mcnadv.com.br/noticias/migalhas-com-br/nao-e-ofensiva-propaganda-da-devassa-
com-referencia-ao-corpo-da-mulher-negra 
 
 
Imagem 5 
 
 
 
 
 
Fonte: http://memoriaglobo.globo.com/mostras/carnaval-na-globo/carnaval-na-globo/carnaval-
na-globo-globeleza.htm 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MÚSICA 
Mulheres Negras 
Yzalú 
Enquanto o couro do chicote cortava a carne, 
A dor metabolizada fortificava o caráter; 
A colônia produziu muito mais que cativos, 
Fez heroínas que pra não gerar escravos matavam os 
filhos; 
Não fomos vencidas pela anulação social, 
Sobrevivemos à ausência na novela, no comercial; 
O sistema pode 
até me 
transformar em 
empregada, 
Mas não pode me fazer raciocinar como criada; 
Enquanto mulheres convencionais lutam contra o 
machismo, 
As negras duelam pra vencer o machismo, 
O preconceito, o racismo; 
Lutam pra reverter o processo de aniquilação 
Que encarcera afros descendentes em cubículos na prisão; 
Não existe lei maria da penha que nos proteja, 
Da violência de nos submeter aos cargos de limpeza; 
De ler nos banheiros das faculdades hitleristas, 
Fora macacos cotistas; 
Pelo processo branqueador não sou a beleza padrão, 
Mas na lei dos justos sou a personificação da determinação; 
Navios negreiros e apelidos dados pelo escravizador 
Falharam na missão de me dar complexo de inferior; 
Não sou a subalterna que o senhorio crê que construiu, 
Meu lugar não é nos calvários do brasil; 
Se um dia eu tiver que me alistar no tráfico do morro, 
É porque a lei áurea não passa de um texto morto; 
 
Não precisa se esconder segurança, 
Sei que cê tá me seguindo, pela minha feição, minha trança; 
Sei que no seu curso de protetor de dono praia, 
Ensinaram que as negras saem do mercado 
Com produtos em baixo da saia; 
Não quero um pote de manteiga ou um shampoo, 
Quero frear o maquinário que me dá rodo e uru; 
Fazer o meu povo entender que é inadmissível, 
Se contentar com as bolsas estudantis do péssimo ensino; 
Cansei de ver a minha gente nas estatísticas, 
Das mães solteiras, detentas, diaristas. 
O aço das novas correntes não aprisiona minha mente, 
Não me compra e não me faz mostrar os dentes; 
Mulher negra não se acostume com termo depreciativo, 
Não é melhor ter cabelo liso, nariz fino; 
Nossos traços faciais são como letras de um documento, 
Que mantém vivo o maior crime de todos os tempos; 
Fique de pé pelos que no mar foram jogados, 
Pelos corpos que nos pelourinhos foram descarnados. 
Não deixe que te façam pensar que o nosso papel na pátria 
É atrair gringo turista interpretando mulata; 
Podem pagar menos pelos os mesmos serviços, 
Atacar nossas religiões, acusar de feitiços; 
Menosprezar a nossa contribuição para cultura brasileira, 
Mas não podem arrancar o orgulho de nossa pele negra; 
 
Refrão: 
Mulheres negras são como mantas kevlar, 
Preparadas pela vida para suportar; 
O machismo, os tiros, o eurocentrismo, 
Abalam mas não deixam nossos neurônios cativos. 
 
https://www.letras.mus.br/yzalu/mulheres-negras/ 
 
 
 
 
 
 
 
 
BOA ATIVIDADE!

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