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Estado de Coisas Inconstitucional uma nova fórmula de atuar do STF Andrey Stephano Silva De Arruda JurisWay

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04/09/2016 Estado de Coisas Inconstitucional: uma nova fórmula de atuar do STF ­ Andrey Stephano Silva De Arruda ­ JurisWay
http://www.jurisway.org.br/v2/dhall.asp?id_dh=16279 1/9
 
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Estado de Coisas Inconstitucional: uma nova fórmula de
atuar do STF
  JurisWay     Sala dos Doutrinadores     Artigos Jurídicos    Direito Constitucional   Indique este texto a seus amigos 
Autoria:
Andrey Stephano
Silva De Arruda
Bacharel em Direito pela Faculdade ASCES,
Especialista em Direito público pela Faculdade
ASCES,Advogado.
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Resumo:
O  presente  estudo  tem  o  objetivo  de  tratar
sobre  um  instituto  novo  que  caiu  de  pára­
quedas  no  ordenamento  jurídico  brasileiro,
através  de  uma  ADPF  ajuizada  no  Supremo
Tribunal  Federal  em  Setembro  de  2015  pelo
partido político PSOL.
Texto enviado ao JurisWay em 15/01/2016.
Indique este texto a seus amigos 
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Saiba como...
Estado de Coisas Inconstitucional: uma nova fórmula de atuar do STF
 
Andrey Stephano Silva de Arruda[1]
 
Sumário:  Introdução,  1.  Evolução  Histórica;  2.  Distinção  entre  Judicialização  da  Política,
Ativismo  Judicial  e  Estado  de  Coisas  Inconstitucional;  3.  Competência  e  Requisitos  para
declarar  o Estado de Coisas  Inconstitucionais;  4. A  tutela  estrutural;  5. Considerações Finais;
Referencias.
 
Resumo
 
O presente estudo tem o objetivo de tratar sobre um instituto novo que caiu de pára­quedas
no  ordenamento  jurídico  brasileiro,  através  de  uma  ADPF  ajuizada  no  Supremo  Tribunal
Federal em Setembro de 2015 pelo partido político PSOL, no qual visa a declaração do Estado
de Coisas  Inconstitucional,  tendo esta  tese  jurídica o  afã de  combater demasiadas violações  a
Direitos  Fundamentais  pelos  poderes  públicos,  bem  como  uma  série  de  medidas  que  serão
trazidas a baila neste estudo.
 
Palavras chave: Estado de Coisas Inconstitucional
 
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Abstract
 
This study aims to handle on a new institute which dropped by parachute in the Brazilian legal
system,  through  a  ADPF  filed  in  the  Supreme  Court  in  September  2015,  which  aims  at  the
State's  assurance  Things  unconstitutional,  and  this  legal  interpretation  the  desire  to  fight  too
many violations of fundamental rights by the public authorities, as well as a series of measures
that will be brought to the fore in this study.
 
Keywords: State of Things Unconstitutional
 
Introdução
 
No fim da década de 90 surgiu o instituto do Estado de Coisas Inconstitucional, no qual
tratou  da  crise  que  o  sistema  prisional  colombiano  passava  e  que  afetava  a  estigmatizada
população carcerária daquela  localidade, passando a ser declarado quando o Estado através de
seus poderes violasse demasiadamente Direitos tidos como fundamentais e não viabilizasse sua
concretude.
Mas o Brasil só veio a recepcionar tal instituto, apenas no ano passado, tendo em vista
também em razão de uma verdadeira e horrível estrutura das carceragem brasileiras, mas que tal
tese  pode  chegar  a  tutelar  também  outras  problemáticas  como  a  violação  dos  Direitos
Fundamentais  Sociais  como  à  saúde,  alimentação,  educação,  segurança,  entre  outras  questões
sensíveis da Constituição Federal.
Com isso, por ser uma problemática atual e ter posições favoráveis e contrárias, chamou
nossa  atenção  para  pesquisar  sobre  esta  tese,  e  por  ser  algo  novo  no  ordenamento  pátrio,  foi
realizado  pesquisa  em  artigos  e  comentários  publicados  eletronicamente,  periódicos  e
dissertações,  haja  vista  não  existir  quase  bibliografias  sobre  este  tema,  do  qual  será  agora
abordado, desde sua Evolução até a tutela estrutural típica deste instituto.   
 
1. Evolução Histórica
 
O  Estado  de  Coisas  Inconstitucionais  é  um  instituto  ou  conceito  jurídico  novo,  com
quase 20 anos de existência, bastante atual em alguns países latinos, mas que já ganha rumo em
países fora do continente americano.
Ele  surgiu  no  ano  de  1997  com  a  Sentencia  de  Unificación  prolatada  pela  Corte
Constitucional Colombiana, quando 45 professores das cidades de Zambrano e Maria La Baja,
tiveram  direitos  previdenciários  que  era  inerente  à  entidade  de  classe  dos  docentes,  pelas
autoridades  daquela  localidade,  então  com  isso  a  Corte  Constitucional  Colombiana  passou  a
investigar  o  caso  e  chegou  à  conclusão  que  havia  omissões  estruturais  e  problemas
generalizados  que maculava  direitos  humanos,  do  qual  se  elencava  aquele  pleiteado  pelos  45
professores,  só  que,  as  omissões  do  Poder  público  não  abrangiam  apenas  estes  professores
específicos, mas sim toda a classe.[2]
Com a publicação da SU – Sentencia  de Unificación 559/1997  a Corte Constitucional
Colombiana, reconheceu pela primeira vez o Estado de Coisas Inconstitucional, enviando cópias
da  mesma  para  vários  órgãos  vinculados  aos  Poderes  Políticos  envolvidos  em  tal  violação
massiva de direitos humanos.
Após  este  caso,  a  Corte  Constitucional  Colombiana  analisou  e  julgou  a  questão  do
problema  do  Sistema  Carcerário,  que  era  um  caos  e  violava  os  direitos  humanos  daquela
comunidade,  no  qual  na  Sentencia  de  Tutela  153/98  foi  reconhecido  o  Estadode  Coisas
Inconstitucionais, bem como, a problemática do deslocamento forçado de pessoas, que se tratava
de migrações de pessoas dentro do território colombiano, devido questões de ameaças e perigo
de vida destes indivíduos transportados pelo Estado, por parte dos terroristas das Farcs e outros
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conflitos  armados,  no  qual  a  Sentencia  de  Tutela  025/2004  reconheceu  também  o  Estado  de
Coisas Inconstitucional nesta espécie de migração.
Atualmente países como a Argentina, Estados Unidos, Índia, África do Sul e Canadá[3]
adotam tal  tese, e o Brasil na seção plenária do Supremo Tribunal Federal de 09/09/2015, em
apreciação  a  Cautelar  na  ADPF  nº  347/DF  impetrada  pelo  PSOL  face  a  crise  do  Sistema
Penitenciário brasileiro, foi reconhecido o Estado de Coisas Inconstitucional aqui no Brasil, no
qual o STF de plano julgou em sede de liminar
I  ­  proibição  do Poder Executivo  de  contingenciar  os  valores  disponíveil  no Fundo Penitenciário
Nacional  –  FUNPEN.  A  decisão  determinou  que  a  União    libere    o    saldo    acumulado    do    Fundo
Penitenciário  Nacional  para  utilização  com  a  finalidade  para  a  qual  foi    criado,  abstendo­se  de  realizar
novos contingenciamentos;
II  ­  determinação  aos  Juízes  e  Tribunais  que  passem  a  realizar  audiências  de  custódia  para
viabilizar  o  comparecimento  do  preso  perante  a  autoridade  judiciária,  num  prazo  de  até  24  horas  do
momento da prisão.[4]
Tal  decisão  causou  bastante  preocupação  doutrinária,  haja  vista  aqueles  mais
conservadores  ser  contra  e  tachar,  digamos,  como  um  grande  caos  da  atuação  do  Poder
Judiciário via STF, e que pode chegar a declarar a inconstitucionalidade da Constituição Federal
vigente, e por falta de atuação dos Tribunais, o STF fecharia estes; caso 51% dos parlamentares
fosse acusado de corrupção poder­se­ia declarar a inconstitucionalidade do Congresso e decretar
seu  fechamento,  bem  como,  também  pode  ocorrer  a  decretação  da  inconstitucionalidade  do
próprio Brasil.
Conforme  os  argumentos  supracitados,  por  ser  o  Brasil  um  país  de  conchavo  político
daqui e propinas acolá, devido a corrupção imperar perante boa parte dos parlamentares, seja na
Câmara  dos  Deputados  ou  no  Senado,  passou  os  ortodoxos  a  pensar  além,  no  que  pode
acontecer  caso  esta  tese  constitucionalista  venha  ganhar  corpo  e  produzir  efeitos,  mas  na
verdade quase tudo que possamos pensar sobre os direitos calcados na Constituição vigente, não
são garantidos pelos Poderes Público, tais como:  dignidade da pessoa humana, direito a saúde, a
moradia,  educação,  segurança,  alimentação,  ordem  tributária,  econômica  e  financeira,  mas  a
problemática ainda não chegou a tal esfera aqui no Brasil e sim ao Sistema Penitenciário, mas se
a  carapuça  serve  é  bom  que  tais  direitos  que  necessitam  de  um  atuar  do  Poder  Executivo  e
Legislativo comecem a ser concretizados.       
 
2.  Distinção  entre  Judicialização  da  Política,  Ativismo  Judicial  e  Estado  das  Coisas
Inconstitucional
 
Judicialização  da  Política  é  um  instituto  de  origem  norte­americana,  nascido  com  a
política  the global  expansion  of  judicial  Power[5]  elaborada  por  Tate  e  Vallinder,  ocorrendo
quando o Judiciário analisa uma questão de natureza política, prevista na Constituição Federal e
que lhe é levado para apreciação por intermédio de um indivíduo, mediante uma demanda por
este ajuizada, devido ter um Direito Fundamental seu lesado pelo Poder Público.
Nesta mesma senda se posiciona o Ministro do Supremo Tribunal Federal, Luiz Roberto
Barroso
 
A judicialização, no contexto brasileiro, é um fato, uma circunstância que decorre do
modelo  constitucional  que  se  adotou,  e  não  um  exercício  deliberado  de  vontade
política. Em todos os casos referidos acima, o Judiciário decidiu porque era o que lhe
cabia fazer, sem alternativa. Se uma norma constitucional permite que dela se deduza
uma pretensão, subjetiva ou objetiva, ao juiz cabe dela conhecer, decidindo a matéria.
[6]
 
Já o professor Dirley da Cunha Júnior assim define
 
Consiste na transferência para os órgãos do Poder Judiciário do poder de decidir sobre
questões de  larga  repercussão política ou social,  antes  reservadas exclusivamente às
instâncias políticas tradicionais: o Poder Legislativo e o Poder Executivo. [7]
 
04/09/2016 Estado de Coisas Inconstitucional: uma nova fórmula de atuar do STF ­ Andrey Stephano Silva De Arruda ­ JurisWay
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Agora sobre o Ativismo Judicial que se reporta num atuar proativo do Poder Judiciário
em  face  de  questões  políticas,  sem  ter  sido  provocado,  conceituou  doutrinador  pátrio  em
Seminário realizado pela OAB como
 
Uma  forma  de  interpretação  constitucional  criativa,  que  pode  chegar  até  a
constitucionalização  de  direitos,  pelo  que  se  pode  dizer  que  se  trata  de  uma  forma
especial  de  interpretação  também  construtiva  (...)  onde  não  há  decisão  política,  é
preciso resolver o problema; mais que isso, onde haja um direito fundamental e de sua
maioria, o Judiciário precisa intervir.[8]
 
No Ativismo Judicial o Judiciário intervém construindo, elaborando uma formula de se
concretizar direitos fundamentais, no qual deveria ser garantido pelo Poder Executivo, ou pelo
Legislativo, mas por estes serem omissos ou por alegarem insuficiência de recursos embasados
na malfadada tese da reserva do possível, não os tornam viáveis a sociedade, como ocorre com o
direito à saúde, alimentação, moradia, educação, entre outros.
Para o professor Dirley da Cunha Junior só existirá ativismo se houver judicialização da
política, uma não anda sem a outra[9], enquanto que, para Luiz Roberto Barroso os dois “são
primos,  vem  da  mesma  família,  freqüentam  os  mesmos  lugares,  mas  não  têm  as  mesmas
origens”[10]. Em suma ousamos discordar do primeiro e se posicionar conforme o Ministro do
STF,  haja  vista  são  institutos  distintos,  pois  o Ativismo  em  regra  é  dado  através  do Controle
Concentrado de Constitucionalidade e a Judicialização da Política por meio do Controle Difuso,
do qual se leva ao Judiciário uma questão política que traz um direito fundamental subjetivo a
uma  pessoa,  do  qual  está  sendo  violado  e  só  resta  ao  Judiciário  solucionar  este  conflito  de
interesse,  enquanto  aquele  é  um  atuar  proativo,  do  qual  o  Judiciário  exorbita  de  seu  mister
constitucional e invade outra esfera política.
Sobre o Estado de Coisas Inconstitucional, uns falam que é uma tese nova recepcionada
pelo  Supremo  Tribunal  Federal,  outros  dizem  que  é  um  ativismo  camuflado  ou  um  ativismo
estrutural,  bem  como,  também  já  foi  apelidado  de  “uma  nova  onda  de  verão”[11],  e  assim
trazemos a baila algumas definições por parte da doutrina que domina a matéria.
Para  o  jurista  Lenio  Luiz  Streck  “o  Estado  de  Coisas  Inconstitucional  é  um  ativismo
camuflado, sendo o nome da tese tão abrangente que é difícil combatê­la”.[12]
Mesmo a conceituando desta forma e sendo bastante crítico em seu artigo publicado na
Conjur, o  jurista supra se diz a favor do Estado de Coisa Inconstitucional  torcendo que ele dê
certo.[13]  
Para o doutor Cláudio Alexandre de Azevedo Campos “é um ativismo estrutural, visando
superar bloqueios políticos e institucionais, e aumentar a deliberação e o diálogo sobre causas e
soluções do Estado de Coisas Inconstitucional.”[14]
Visto  as  definições  acima  mencionadas,  vislumbra­se  que  todos  são  distintos,  mas  oEstado de Coisas Inconstitucional é uma espécie do gênero Ativismo Judicial, do qual o Poder
Judiciário  (STF)  passa  através  de  uma  decisão  de  sua  lavra,  a  exigir  um  comportamento
positivo,  uma  ação,  do  Executivo  ou  Legislativo,  no  condão  de  concretizar  Direitos
Fundamentais massivamente violados por omissões reiteradas destes poderes supra, e com isso,
seja evitado um abarrotamento do Judiciário com demandas individuais. 
Em  suma,  é  uma  espécie  de Ativismo, mas  que  diferencia  dos  hard  cases  ativistas  já
julgados pelo STF, e que tem o condão de impor condutas aos poderes políticos, como também
ceifar a própria Judicialização da Política que não surtiu os efeitos que se pretendia.
 É o Estado das Coisas  Inconstitucional  uma  espécie  de  senha[15]  de  acesso da Corte
brasileira a tutela estrutural no afã de solucionar o problema institucional deflagrado, que devido
a  omissões  reiteradas  do  Poder  público,  Direitos  Fundamentais  que  necessitam  de  políticas
públicas são violados massivamente.
 
3. Competência e Requisitos para declarar o Estado das Coisas Inconstitucionais
 
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Como é cediço no campo doutrinário, a competência para apreciar e declarar um Estado
de Coisas  Inconstitucional  quem possui  é  a Corte Constitucional  de um país,  que no  caso do
Brasil é o Supremo Tribunal Federal, e tal posicionamento já ficou explícito com a apreciação
do  Relator  da  ADPF  nº  347/DF,  o  Ministro  Marco  Aurélio,  no  qual  visa  tal  ação,  atacar  o
Sistema  Penitenciário,  sua  crise  carcerária  conforme  acima  mencionado,  onde  se  encontra
violado Direitos Fundamentais da população carcerária.
   Tal visão também foi levantada na tese de doutorado de Carlos Alexandre de Azevedo
Campos, no qual afirma que
 
Portanto,  no Brasil,  reúnem­se  requisitos  institucionais  e  políticos  que  permitem  se
cogitem, ao menos em abstrato, da declaração do estado de coisas inconstitucional e
da  atuação  do  Supremo  Tribunal  Federal  no  sentido  de  superá­lo  mediante  ordens
estruturais.[16]
 
Visto  que  a  competência  para  tal  apreciação  é  do  Supremo  Tribunal  Federal,  deve
também para  tal  reconhecimento  e  apreciação  daquele  órgão  de  cúpula máxima do  Judiciário
tupiniquim, apresentar certos requisitos em sua ação, que segundo George Marmeistein
 
A  linha de  ação  segue o  seguinte  esquema:  (a)  identificação  e  prova do quadro de
violações  sistemática  de  direitos,  por  meio  de  inspeções,  relatórios,  perícias,
testemunhas  etc.  →  (b)  declaração  do  Estado  de  Coisas  Inconstitucional  →  (c)
comunicação do ECI aos órgãos relevantes, sobretudo os de cúpula e aos responsáveis
pela adoção de medidas administrativas e legislativas para a solução do problema →
(d)  estabelecimento  de  prazo  para  apresentação  de  um  plano  de  solução  a  ser
elaborado pelas instituições diretamente responsáveis → (e) apresentação do plano de
solução com prazos e metas a serem cumpridas → (f) execução do plano de solução
pelas entidades envolvidas → (g) monitoramento do cumprimento do plano por meio
de  entidades  indicadas  pelo  Judiciário →  (h)  após  o  término  do  prazo  concedido,
análise do cumprimento das medidas e da superação do ECI → (i) em caso de não­
superação do ECI, novo diagnóstico, com imputação de responsabilidades em relação
ao que não foi feito → (j) nova declaração de ECI e repetição do esquema, desta vez
com atuação judicial mais intensa.[17]
 
Mas  para  o  reconhecimento  do  Estado  de  Coisas  Inconstitucional,  só  basta  apenas
verificar a existência de: I­ violação massiva de Direitos Fundamentais; II­ Omissão reiterada e
persistente das autoridades políticas/públicas, no cumprimento de  suas obrigações de defesa e
promoção  dos  Direitos  Fundamentais;  III­  Praticas  inconstitucionais  que  desencadeia  na
obrigatoriedade de se ajuizar ação para obter a garantia do direito;  IV­ A omissão de medidas
legislativas, administrativas e orçamentárias no afã de evitar violações de direitos; V­ Problema
social genérico, que abrange vários órgãos e autoridades, VI­ Possibilidade de abarrotamento do
Poder  Judiciário  com  várias  demandas  individuais.  Ocorrendo  o  preenchimento  dos  pontos
acima, já se encontra existente o instituto em tela abordado.  
Destarte,  conforme  o  argumentado,  passará  o  STF  a  obter  famosa  senha  de  acesso  a
Tutela estrutural e reconhecer o Estado de Coisas Inconstitucional.
 
4. A Tutela estrutural
 
Tutela  estrutural  se  entende  como,  aquela  que  se  busca  no  Estado  de  Coisas
Inconstitucional  perante  o  Supremo Tribunal  Federal,  tendo  em vista  o  que  se  pleiteia  é  uma
proteção da Constituição e seus valores, bem como de institutos nela previstos, como os direitos
fundamentais,  objetivos  fundamentais  entre  outros  de  conteúdos  políticos,  através  de  uma
sentença estrutural.
Esta  decisão  estrutural  no  Estado  de Coisas  Inconstitucional,  visa  trazer  soluções,  um
melhor desenvolvimento, bem como impor aos Poderes Executivo e Legislativo a elaboração de
políticas  públicas  e  seu  implemento,  bem  como de  projetos  leis  para  que  direitos  possam  ser
protegidos e garantidos, sob o acompanhamento e fiscalização deste órgão de cúpula máxima da
jurisdição constitucional tupiniquim.
In caso, buscará o Supremo Tribunal Federal, não penetrar como uma flecha na estrutura
e atuação dos outros dois poderes, mesmo impondo na sentença estrutural as coisas que podem
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ser  modificadas  por  causa  do  Estado  de  Coisas  Inconstitucional,  mas  sim  tentar  auxiliá­lo
através de fiscalização, audiências pública e incentivo, para que o problema social, institucional
e político possa ser revertido e tais direitos violentamente violados por omissão destes poderes
possam  ser  respeitados  e  concretizados,  e  tal  posicionamento  do  guardião  da  Constituição
Federal não afetará a Separação dos Poderes, haja vista, a doutrina atual[18] e mais flexível que
os ortodoxos[19], entender que estes poderes devem ser harmônicos e não separados, devendo
um auxiliar  o outro  e  apontar o dedo quando ocorrer  algum desvio de  sua  conduta no  afã de
corrigir, bem como suas independências não significa isolamento, mas sim autonomia em suas
decisões,  estando  a  sentença  estrutural,  em  conformidade  com  o  que  elenca  o  art.  2º  da
Constituição Federal do Brasil.
Em suma, a Tutela estrutural através de sua sentença estrutural, tem o condão de ceifar a
violação massiva de direitos fundamentais que afetam a sociedade ou um grupo da coletividade
por  omissão  dos  que  são  competentes,  impor  a  um  poder  político  e  seus  órgãos  que  tomem
medidas  para  solucionar  tais  problemas  por  eles  causados  e  diminuir  o  número  de  demandas
individuais  no  Poder  Judiciário,  pois  o  Estado  de  Coisas  Inconstitucional  tem  eficácia  erga
omnes.    
 
5. Considerações Finais
 
O Estado de Coisas  Inconstitucional mesmo sendo um instituto novo, com quase vinte
anos  de  idade,  tendo  como  berço  a  Colômbia,  do  qual  já  o  reconheceu  em  vários  casos
analisados  por  sua  Corte  Constitucional,  no  Brasil  é  uma  tese  nova,  que  foi  abordada
recentemente pelo  jurista Daniel Sarmento na petição da ADPF nº 347/DF do Partido Político
PSOL­Partido Socialismo e Liberdade x União, no qual bem abordou em relação ao falacioso
Sistema Penitenciário  do Brasil,  os  requisitos  essenciais  para  acaracterização do  instituto  em
tela comentado, e este, ou seja, o Estado de Coisas Inconstitucional foi reconhecido em decisão
liminar  em  sede  de  MC  na  ADPF  supracitada  pelo  Ministro  e  Relator  do  processo  Marco
Aurelio,  tendo  sido  votada  também  pelo  Ministro  Edson  Fachin,  no  qual  o  Relator  em  sua
decisão  implantou  várias  medidas  aos  órgãos  jurisdicionais  inferiores,  bem  como  a  União
quanto a questão do Fundo Penitenciário, para que este  libere  seu  saldo acumulado no afã da
realização dos fins para o qual foi criado.
É  o  Estado  de  coisas  Inconstitucional  um  modelo  ou  espécie  nova  e  estruturada  de
Ativismo,  no  qual  merece  guarida  no  nosso  ordenamento  jurídico,  cujo  tem  o  condão  de
combater  as  irregularidades  do  governo  e  representação  política  parlamentar,  em  relação  a
Direitos  Fundamentais  massivamente  violados  pela  falta  de  políticas  públicas,  reiteradas
omissões  dos  órgãos  e  Poder  competente  para  elaboração  destas  políticas,  bem  como  sua
execução  no  afã  de  garantir  tais  direitos,  como  também  irá  diminuir  o  número  de  demandas
individuais.
Em suma é a senha para que se possa ver um Estado mais organizado, aonde o Supremo
Tribunal Federal irá exigir, fiscalizar, incentivar e orientar os Poderes Executivo e Legislativo,
bem  como  seus  órgãos  e  as  Cortes  Judiciais  inferiores  a  garantir  os  Direitos  Fundamentais
calcados na CF/88 e inerente ao povo brasileiro.    
 
Referencias
 
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Sobre o Autor
Graduado  em  Direito  e  Pós­graduado  em  Direito  Público  pela  Faculdade  ASCES  em  Caruaru/PE,
Advogado inscrito na OAB/PE, Escritor.
 
[1] Graduado em Direito e Pós­graduado em Direito Público pela Faculdade ASCES, Advogado inscrito na
OAB/PE.
[2] CAMPOS, Carlos Alexandre de Azevedo. Jota Mundo: Estado de Coisas Inconstitucional. Artigo publicado
in: http://jota.info/jotamundo­estado­de­coisas­inconstitucional acesso em 03.01.2016
[3] MALDONADO,  Daniel  Bonilla. Constitutionalism  of  the  Global  South.  The  Activist  Tribunals  of  India,
South Africa and Colombia. New York: Cambridge University Press, 2013, p. 129­159
[4]  JUNIOR,  Dirley  da  Cunha.  Estado  de  Coisas  Inconstitucional.  Artigo  publicado  in:
http://brasiljuridico.com.br/artigos/estado­de­coisas­inconstitucional acesso em 03.01.2016
[5]  LIMA,  Flávia  Danielle  Santiago. Da  judicialização  da  Política  no  Brasil  após  a  Constituição  de  1988:
Linhas gerais sobre o debate; in: Estudantes Caderno Acadêmico. Edição comemorativa. Recife: Editora Nossa
Livraria, 2007, p. 224
[6] BARROSO, Luis Roberto. Judicialização, Ativismo e Legitimidade Democrática. Artigo publicado em pdf.
Acesso em 28.12.2015
[7] Conceito trazido por este doutrinador no V Congresso Internacional de Direito Processual.  Uninassau, Recife,
2015
[8] Ordem dos Advogados do Brasil, http://www.oab.org.br/noticia/25758/jose­afonso­da­silva­aborda­o­ativismo­
judicial­em­seminario­da­oab acesso em 13.06.2013
[9] Definição abordada no V Congresso Internacional de Direito Processual.  Uninassau, Recife, 2015
[10] BARROSO, Luis Roberto. Judicialização, Ativismo e Legitimidade Democrática. Artigo publicado em pdf.
Acesso em 28.12.2015
[11]MARMEISTEIN, George. O Estado de Coisas Inconstitucional – ECI: apenas uma nova onda do
verão  constitucional?Artigo  publicado  in:  http://direitosfundamentais.net/2015/10/02/o­estado­de­coisas­
inconstitucional­eci­apenas­uma­nova­onda­do­verao­constitucional/ acesso em 03.01.2016.
[12] STRECK, Lenio Luiz. Estado de Coisas Inconstitucional é uma nova forma de Ativismo. Artigo publicado
in:  http://www.conjur.com.br/2015­out­24/observatorio­constitucional­estado­coisas­inconstitucional­forma­
ativismo acesso em 02.01.2016
[13] STRECK, Lenio Luiz. Estado de Coisas Inconstitucional é uma nova forma de Ativismo. Artigo publicado
in:  http://www.conjur.com.br/2015­out­24/observatorio­constitucional­estado­coisas­inconstitucional­forma­
ativismo acesso em 02.01.2016
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[14] CAMPOS, Carlos Alexandre de Azevedo. Dimensões do Ativismo Judicial do STF. Rio de Janeiro: Forense,
2014, p. 314­322.
[15] STRECK, Lenio Luiz. Estado de Coisas Inconstitucional é uma nova forma de Ativismo. Artigo publicado
in:  http://www.conjur.com.br/2015­out­24/observatorio­constitucional­estado­coisas­inconstitucional­forma­
ativismo acesso em 02.01.2016
[16]  CAMPOS,  Carlos  Alexandre  de  Azevedo.  Da  inconstitucionalidade  por  omissão  ao  Estado  de  Coisas
Inconstitucional. Tese de Doutorado apresentada a UERJ, Rio de Janeir, 2015. (Mimeo). 
[17] MARMEISTEIN, George. O Estado de Coisas Inconstitucional – ECI: apenas uma nova onda do
verão  constitucional?Artigo  publicado  in:  http://direitosfundamentais.net/2015/10/02/o­estado­de­coisas­
inconstitucional­eci­apenas­uma­nova­onda­do­verao­constitucional/acesso em 03.01.2016.
[18] BARROSO, Luis Roberto. Judicialização, Ativismo e Legitimidade Democrática. Artigo publicado em pdf.
Acesso em 28.12.2015; JÚNIOR, Osvaldo Canela. Controle Judicial de Políticas Públicas. São Paulo: Saraiva,
2011; NUNES JUNIOR, Vidal Serrano. A Cidadania Social na Constituição de 1988 – Estrategias de positivação
e exigibilidade judicial dos Direitos Sociais. São Paulo: Editora Verbatim, 2009.
[19]  DE  GIORGI,  Raffaele;  FARIA,  José  Eduardo;  CAMPILONGO,  Celso. Estado  de  Coisas  Inconstitucional.
Artigo  publicado  in:  Estadão  em  19.09.2015,  http://opiniao.estadao.com.br/estado­de­coisas­
inconstitucional,10000000043 acesso em 01.01.2016; RAMOS, Elival da Silva. Ativismo Judicial: Parâmetros
Dogmáticos. São Paulo: Saraiva, 2010.
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