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apostila do curso enfermagem em saude mental

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ENFERMAGEM EM SAÚDE MENTAL 
 
1. APRESENTAÇÃO 
 
O início do processo de Reforma psiquiátrica 
no Brasil é contemporâneo ao “movimento 
sanitário”, nos anos setenta e oitenta, em 
favor da mudança dos modelos de atenção e 
gestão nas práticas de saúde, defesa da saúde 
coletiva e equidade na oferta dos serviços. 
O ano de 1978 é identificado como o ano de 
início efetivo do movimento social pelos 
direitos dos pacientes psiquiátricos no Brasil. 
No Rio de Janeiro, em 1978, eclode o 
movimento dos trabalhadores da Divisão 
Nacional de Saúde Mental (DINSAM), que 
faz denúncias sobre as condições de quatro 
hospitais psiquiátricos da DINSAM e coloca 
em questão a Política Psiquiátrica exercida 
no país. Diante desse contexto, foi 
fomentada a criação de novas Políticas 
Públicas que atendesse as demandas da 
psiquiatria. 
 
 
 
2. OBJETIVOS 
 
Atualizar o profissional de enfermagem e 
estudantes de enfermagem acerca do 
histórico da assistência ao paciente com 
transtorno mental no Brasil e no mundo. 
Abordar a questão da Reforma Psiquiátrica 
Brasileira e a influência das Políticas 
Públicas na atenção ao indivíduo portador de 
transtorno mental. 
Possibilitar ao graduando e ao profissional 
de enfermagem o conhecimento teórico 
sobre a evolução e as mudanças na atuação 
do enfermeiro na saúde mental. 
Oferecer uma visão panorâmica e 
interdisciplinar da política de saúde mental, 
bem como os principais debates teóricos e 
políticos correntes de fundo, na perspectiva 
da reforma psiquiátrica em curso no país e 
conhecimento sobre a trajetória da saúde 
mental. 
Esclarecer dúvidas sobre as peculiaridades 
inerentes aos serviços alternativos de atenção 
ao paciente psiquiátrico. 
 
 
3. PREMISSAS 
 
Diante das mudanças na assistência 
institucional ao paciente psiquiátrico e da 
implementação de tratamento sem a 
internação em hospital, uma nova postura é 
exigida dos profissionais de saúde que 
prestam assistência a esse usuário/ paciente, 
dentre estes o enfermeiro. 
O processo de desinstitucionalização da 
psiquiatria reflete diretamente na assistência 
em enfermagem psiquiátrica, tornando 
possível no espaço institucional programar 
uma assistência mais comprometida com o 
ser humano e com a sua cidadania. 
 
 
 
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4. HISTÓRICO DA SAÚDE 
MENTAL 
 
A humanidade convive com a loucura há 
séculos e, antes de se tornar um tema 
essencialmente médico, o louco habitou o 
imaginário popular de diversas formas. De 
motivo de chacota e escárnio a possuído pelo 
demônio, até marginalizado por não se 
enquadrar nos preceitos morais vigentes, o 
louco é um enigma que ameaça os saberes 
constituídos sobre o homem. 
Através de toda a história tem sido registrada 
a existência de distúrbios mentais. Os gregos 
e os romanos tratavam os membros da 
família (exceto escravos) com uma razoável 
compreensão. Com o advento do 
cristianismo começou a mudar a atitude para 
com os doentes mentais. As doenças mentais 
teriam ligação com o diabo. Tal conceito 
chegou ao auge na Idade Média e durante 
três séculos os doentes mentais foram 
perseguidos, especialmente as mulheres, que 
chegaram a serem queimadas como bruxas. 
Começaram a ser construídos hospitais 
psiquiátricos em todo o país. Em sua maior 
parte, eles eram enormes, com dois mil ou 
mais leitos, situados em locais bem distantes 
da cidade, das quais recebiam seus pacientes. 
Eles eram empilhados em pavilhões e 
trancados frequentemente muitos sedados e 
praticamente sem qualquer oportunidade 
para o desenvolvimento de respeito próprio e 
iniciativa. 
Na Renascença, a segregação dos loucos se 
dava pelo seu banimento dos muros das 
cidades européias e o seu confinamento era 
um confinamento errante: eram condenados 
a andar de cidade em cidade ou colocados 
em navios que, na inquietude do mar, 
vagavam sem destino, chegando, 
ocasionalmente, a algum porto. 
 
 
 
No entanto, desde a Idade Média, os loucos 
são confinados em grandes asilos e hospitais 
destinados a toda sorte de indesejáveis – 
inválidos portadores de doenças venéreas, 
mendigos e libertinos. Nessas instituições, os 
mais violentos eram acorrentados; a alguns 
era permitido sair para mendigar. 
 
 
 
No século XVIII, Phillippe Pinel, 
considerado o pai da psiquiatria, propõe uma 
nova forma de tratamento aos loucos, 
libertando-os das correntes e transferindo-os 
aos manicômios, destinados somente aos 
doentes mentais. Várias experiências e 
tratamentos são desenvolvidos e difundidos 
pela Europa. 
O tratamento nos manicômios, defendido por 
Pinel, baseia-se principalmente na 
reeducação dos alienados, no respeito às 
normas e no desencorajamento das condutas 
inconvenientes. Para Pinel, a função 
disciplinadora do médico e do manicômio 
deve ser exercida com firmeza, porém com 
 
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gentileza. Isso denota o caráter 
essencialmente moral com o qual a loucura 
passa a ser revestida. 
 
 
 
No entanto, com o passar do tempo, o 
tratamento moral de Pinel vai se 
modificando e esvazia-se das ideias originais 
do método. Permanecem as ideias corretivas 
do comportamento e dos hábitos dos doentes, 
porém como recursos de imposição da ordem 
e da disciplina institucional. No século XIX, 
o tratamento ao doente mental incluía 
medidas físicas como duchas, banhos frios, 
chicotadas, máquinas giratórias e sangrias. 
Aos poucos, com o avanço das teorias 
organicistas, o que era considerado como 
doença moral passa a ser compreendido 
também como uma doença orgânica. No 
entanto, as técnicas de tratamento 
empregadas pelos organicistas eram as 
mesmas empregadas pelos adeptos do 
tratamento moral, o que significa que, 
mesmo com outra compreensão sobre a 
loucura, decorrente de descobertas 
experimentais da neurofisiologia e da 
neuroanatomia, a submissão do louco 
permanece e adentra o século XX. 
A partir da segunda metade do século XX, 
impulsionada principalmente por Franco 
Basaglia, psiquiatra italiano, inicia-se uma 
radical crítica e transformação do saber, do 
tratamento e das instituições psiquiátricas. 
Esse movimento inicia-se na Itália, mas tem 
repercussões em todo o mundo e muito 
particularmente no Brasil. 
5. ESQUIZOFRENIA 
 
 
 
A esquizofrenia é um transtorno psíquico 
severo que se caracteriza classicamente pelos 
seguintes sintomas: alterações do 
pensamento, alucinações (visuais, 
sinestésicas, e sobretudo auditivas), delírios e 
alterações no contato com a realidade. 
Atualmente é compreendida como um 
transtorno mental, podendo atingir diversos 
tipos de pessoas, sem exclusão de grupos ou 
classes sociais. 
De acordo com algumas estatísticas, a 
esquizofrenia atinge 1% da população 
mundial, manifestando-se habitualmente 
entreos 15 e os 25 anos, com proporção 
semelhante entre homens e mulheres, 
podendo igualmente ocorrer na infância ou 
na meia-idade. 
Algumas pessoas acometidas da 
esquizofrenia se destacaram e se destacam no 
meio acadêmico, artístico e social. 
A esquizofrenia, talvez o transtorno mental 
de maior comprometimento ao longo da 
vida, caracteriza-se essencialmente por uma 
fragmentação da estrutura básica dos 
processos de pensamento, acompanhada pela 
dificuldade em estabelecer a distinção entre 
experiências internas e externas. 
Embora primariamente uma doença orgânica 
neuropsiquiátrica que afeta os processos 
cognitivos[de conhecimento], seus efeitos 
repercutem-se também no comportamento e 
nas emoções. 
Os sintomas da esquizofrenia podem não ser 
os mesmos de pessoa para pessoa, podendo 
 
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aparecer de forma insidiosa e gradual ou, 
pelo contrário, manifestar-se de forma 
explosiva e instantânea. Podem ser divididos 
em duas grandes categorias: sintomas 
positivos e negativos. 
Os sintomas positivos estão presentes com 
maior visibilidade na fase aguda da doença e 
são as perturbações mentais "muito fora" do 
normal, como que "acrescentadas" às 
funções psiquico-orgânicas da pessoa. 
Entende-se como sintomas positivos os 
delírios — ideias delirantes, pensamentos 
irreais, ideias individuais do doente que não 
são partilhadas por um grande grupo, por 
exemplo, um indivíduo que acha que está a 
ser perseguido pela polícia secreta, e acha 
que é o responsável pelas guerras do mundo; 
as alucinações, percepções irreais – ouvir, 
ver, saborear, cheirar ou sentir algo irreal, 
sendo mais frequente as alucinações 
auditivo-visuais; pensamento e discurso 
desorganizado (confusão mental), elaboração 
de frases sem qualquer sentido ou invenção 
de palavras; alterações visíveis do 
comportamento, ansiedade excessiva, 
impulsos ou agressividade constantes na fase 
de crise. 
Os sintomas negativos são o resultado da 
perda ou diminuição das capacidades 
mentais, acompanham a evolução da doença 
e refletem um estado deficitário ao nível da 
motivação, das emoções, do discurso, do 
pensamento e das relações interpessoais; 
isolamento social; apatia; indiferença 
emocional total e não transitória; pobreza do 
pensamento. 
Estes sinais não se manifestam todos na 
pessoa esquizofrênica. Algumas pessoas 
vêem-se mais afetadas do que outras, 
podendo muitas vezes ser incompatível com 
uma vida normal. No entanto, alguns 
sintomas podem oscilar, aparecer e 
desaparecer em ciclos de recidivas e 
remissões. 
 
 
6. TRANSTORNO BIPOLAR 
 
 
 
A Psicose Maníaco-Depressiva (PMD) é um 
distúrbio do humor chamado de perturbação 
bipolar e é subdividida de acordo com a 
sintomatologia do episódio presente: 
maníaco, depressivo ou misto. 
Para que se possa proporcionar uma efetiva 
assistência de enfermagem a um paciente 
com diagnóstico de PMD é necessário que se 
conheça a doença a fim de entender alguns 
comportamentos esperados neste quadro. 
Características da Fase Maníaca da doença: 
elevação do humor, euforia intensa onde 
ocorrem ideias e planos grandiosos. Há 
aumento da atividade, que pode agravar-se 
para a irritabilidade, acompanhado de insônia 
(sem queixas de ser incômoda), sentimentos 
de grandiosidade, aumento da libido, 
logorréia, gastos excessivos (dão presentes 
para os amigos e também para quem não 
conhecem) e evolução para a hostilidade e 
violência física a quem impor limites e dê 
conselhos. 
O paciente em fase maníaca tem pensamento 
acelerado e sem crítica de seus atos: pensa 
que é o "Superman", resolve fazer compras 
às quatro horas de manhã, "esquece" de se 
alimentar, pois possui coisas "mais 
importantes" para fazer. Em casos mais 
graves, este tipo de paciente torna-se 
tipicamente psicótico com fugas de ideias, 
fala desorganizada, agitação psicomotora, 
delírios de grandeza e mesmo alucinações. 
Os tratamentos mais utilizados nesta fase são 
os Benzodiazepínicos, Neurolépticos e 
Eletroconvulsoterapia. 
 
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Características da fase de depressão: a 
melancolia importante e a perda do interesse 
pela vida. O paciente sente-se desanimado e 
inútil, perde o prazer em qualquer tipo de 
atividade, com grande desinteresse por tudo 
o que se passa ao seu redor. 
Apresenta dificuldades de concentração e, 
principalmente o idoso, tem a sensação de 
que a memória não está funcionando bem. O 
deprimido fica ruminando ideias e 
pensamentos tristes e pessimistas, tem um 
caráter de baixa auto-estima, sente-se muito 
inseguro, possui dificuldades para tomar 
decisões, sente-se culpado, pensa em 
suicídio, tem perda de apetite e, como 
consequência emagrece, diminui a libido e 
apresenta insônia. 
Os tratamentos mais utilizados nesta fase são 
os antidepressivos tricíclicos. 
 
7. REFORMA PSIQUIÁTRICA 
 
 
 
O movimento da Luta Antimanicomial nasce 
profundamente marcado pela idéia de defesa 
dos direitos humanos e de resgate da 
cidadania dos que carregam transtornos 
mentais. 
Aliado a essa luta, nasce o movimento da 
Reforma Psiquiátrica que, mais do que 
denunciar os manicômios como instituições 
de violências, propõe a construção de uma 
rede de serviços e estratégias territoriais e 
comunitárias, profundamente solidárias, 
inclusivas e libertárias. 
No Brasil, tal movimento inicia-se no final 
da década de 70 com a mobilização dos 
profissionais da saúde mental e dos 
familiares de pacientes com transtornos 
mentais. Esse movimento se inscreve no 
contexto de redemocratização do país e na 
mobilização político-social que ocorre na 
época. 
 
8. POLÍTICA DE SAÚDE MENTAL 
 
 
 
Importantes acontecimentos como a 
intervenção e o fechamento da Clínica 
Anchieta, em Santos/SP, e a revisão 
legislativa proposta pelo então Deputado 
Paulo Delgado por meio do projeto de lei nº 
3.657, ambos ocorridos em 1989, 
impulsionam a Reforma Psiquiátrica 
Brasileira. 
Em 1990, o Brasil torna-se signatário da 
Declaração de Caracas a qual propõe a 
reestruturação da assistência psiquiátrica, e, 
em 2001, é aprovada a Lei Federal 10.216 
que dispõe sobre a proteção e os direitos das 
pessoas portadoras de transtornos mentais e 
redireciona o modelo assistencial em saúde 
mental. 
Dessa lei origina-se a Política de Saúde 
Mental a qual, basicamente, visa garantir o 
cuidado ao paciente com transtorno mental 
em serviços substitutivos aos hospitais 
psiquiátricos, superando assim a lógica das 
internações de longa permanência que tratam 
o paciente isolando-o do convívio com a 
família e com a sociedade como um todo. 
A Política de Saúde Mental no Brasil 
promove a redução programada de leitos 
psiquiátricos de longa permanência, 
incentivando que as internações 
psiquiátricas, quando necessárias, se dêem 
 
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no âmbito dos hospitais gerais e que sejam 
de curta duração. 
Além disso, essa política visa à constituição 
de uma rede de dispositivos diferenciados 
que permitam a atenção ao portador de 
sofrimento mental no seu território, a 
desinstitucionalização de pacientes de longa 
permanência em hospitais psiquiátricos e, 
ainda, ações que permitam a reabilitação 
psicossocial por meio da inserção pelo 
trabalho, da cultura e do lazer. 
A história confirma que a mudança do 
modelo de atenção aos portadores de 
transtornos mentais não apenas é possível e 
viável, como, de fato, é real e acontece. 
A Coordenação Nacional de Saúde Mental 
e o Programa de Humanização no SUS, 
ambos do Ministério da Saúde, 
implantaram em todo o país casas nas quais 
residem pessoas egressas de longas 
internações psiquiátricas e que, por suas 
histórias e trajetórias de abandono nos 
manicômios, mais parecem personagens do 
impossível. 
Antes, destituídos da própria identidade, 
privados de seus direitos mais básicos de 
liberdade e sem a chance de possuir qualquer 
objeto pessoal (os poucos que possuíam 
tinham que ser carregados junto ao próprio 
corpo), esses sobreviventes agora vivem. São 
personagens da cidade: transeuntes no 
cenário urbano, vizinhos, trabalhadores e 
também turistas, estudantes e artistas. 
Compuseram e compõem novas histórias no 
mundo. 
 
 
 
 Portanto o Programa de Volta para 
Casa e os Serviços Residenciais 
Terapêuticos beneficiaram o 
individuo portador de transtorno 
psíquico permitindo que estes 
transponham os muros dos hospitais, 
da sociedade e os seus próprios. 
 
9. CENTRO DE ATENÇÃO 
PSICOSSOCIAL- CAPS 
 
 
 
O Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) é 
um serviço comunitário que tem como papel 
cuidar de pessoas que sofrem com 
transtornos mentais, em especial os 
transtornos severos e persistentes, no seu 
território de abrangência. 
Seu objetivo é oferecer atendimento à 
população, realizar o acompanhamento 
clínico e a reinserção social dos usuários 
pelo acesso ao trabalho, lazer, exercício dos 
direitos civis e fortalecimento dos laços 
familiares e comunitários. 
Os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), 
entre todos os dispositivos de atenção à 
saúde mental, têm valor estratégico para a 
Reforma Psiquiátrica Brasileira. 
Com a criação desses centros, possibilita-se a 
organização de uma rede substitutiva ao 
Hospital Psiquiátrico no país. Os CAPS são 
serviços de saúde municipais, abertos, 
comunitários que oferecem atendimento 
diário. 
Os CAPS deverão obedecer a alguns 
princípios básicos: devem se responsabilizar 
pelo acolhimento de 100% da demanda dos 
portadores de transtornos severos de seu 
território, garantindo a presença de 
profissional responsável durante todo o 
 
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período de funcionamento da unidade 
(plantão técnico) e criar uma ambiência 
terapêutica acolhedora no serviço que possa 
incluir pacientes muito desestruturados que 
não consigam acompanhar as atividades 
estruturadas da unidade. 
A atenção deve incluir ações dirigidas aos 
familiares e comprometer-se com a 
construção dos projetos de inserção social. 
Devem ainda trabalhar com a idéia de 
gerenciamento de casos, personalizando o 
projeto de cada paciente na unidade e fora 
dela e desenvolver atividades para a 
permanência diária no serviço. 
Os projetos terapêuticos dos CAPS devem 
ser singulares, respeitando-se diferenças 
regionais, contribuições técnicas dos 
integrantes de sua equipe, iniciativas locais 
de familiares e usuários e articulações 
intersetoriais que potencializem suas ações. 
 
 
 
O CAPS deve considerar o cuidado intra, 
inter, e transubjetivo, articulando recursos de 
natureza clínica, incluindo medicamentos, de 
moradia, de trabalho, de lazer, de 
previdência e outros, através do cuidado 
clínico oportuno e programas de reabilitação 
psicossocial. 
 
 
 Funções dos CAPS: 
 
• Prestar atendimento clínico em 
regime de atenção diária, evitando as 
internações em hospitais 
psiquiátricos. 
• Acolher e atender as pessoas com 
transtornos mentais graves e 
persistentes, procurando preservar e 
fortalecer os laços sociais do usuário 
em seu território. 
• Promover a inserção social das 
pessoas com transtornos mentais por 
meio de ações intersetoriais. 
• Regular a porta de entrada da rede de 
assistência em saúde mental na sua 
área de atuação. 
• Dar suporte a atenção à saúde mental 
na rede básica. 
• Organizar a rede de atenção às 
pessoas com transtornos mentais nos 
municípios. 
• Articular estrategicamente a rede e a 
política de saúde mental num 
determinado território. 
• Promover a reinserção social do 
indivíduo através do acesso ao 
trabalho, lazer, exercício dos direitos 
civis e fortalecimento dos laços 
familiares e comunitários. 
• Estes serviços devem ser 
substitutivos e não complementares 
ao hospital psiquiátrico. De fato, o 
CAPS é o núcleo de uma nova 
clínica, produtora de autonomia, que 
convida o usuário à responsabilização 
e ao protagonismo em toda a 
trajetória do seu tratamento. 
• Os projetos desses serviços, muitas 
vezes, ultrapassam a própria estrutura 
física, em busca da rede de suporte 
social, potencializadora de suas 
ações, preocupando-se com o sujeito 
e a singularidade, sua história, sua 
cultura e sua vida cotidiana. 
 
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• O perfil populacional dos municípios 
é sem dúvida um dos principais 
critérios para o planejamento da rede 
de atenção à saúde mental nas 
cidades, e para a implantação de 
centros de Atenção Psicossocial. O 
critério populacional, no entanto, 
deve ser compreendido apenas como 
um orientador para o planejamento 
das ações de saúde. 
• De fato, é o gestor local, articulado 
com as outras instâncias de gestão do 
SUS, que terá as condições mais 
adequadas para definir os 
equipamentos que melhor respondem 
às demandas de saúde mental de seu 
município. 
 
10. CENTRO DE ATENÇÃO 
PSICOSSOCIAL INFANTIL 
 
 
 
O CAPS para Infância e Adolescência 
(CAPSi) é um serviço de atenção diária 
destinado ao atendimento de crianças e 
adolescentes gravemente comprometidos 
psiquicamente. 
Estão incluídos nesta categoria os portadores 
de autismo, psicoses, neuroses graves e todos 
aqueles que, por sua condição psíquica, estão 
impossibilitados de manter ou estabelecer 
laços sociais. 
A experiência acumulada em serviços que já 
funcionavam segundo a lógica da atenção 
diária indica que se ampliam as 
possibilidades de tratamento para crianças e 
adolescentes quando o atendimento tem 
início o mais cedo possível, devendo, 
portanto, os CAPSi estabelecerem as 
parcerias necessárias com a rede de saúde, 
educação e assistência social ligadas ao 
cuidado da população infanto-juvenil. 
Uma média de 5% a 7% das crianças e 
adolescentes, de acordo com a Organização 
Mundial de Saúde (OMS), sofre de 
transtornosmentais. O CAPS infantil é um 
serviço de atendimento diário destinado a 
infância comprometida com algum grau 
psíquico. 
Vários estudos indicam que, crianças que 
recebem atendimento e acompanhamento o 
mais cedo possível, tende a se desenvolver 
socialmente e até a exercer funções que sem 
os atendimentos oferecidos por serviços 
como o CAPS infantil os impediria de 
desenvolver. 
Os Transtornos não são tão comuns em 
crianças, mas os pais têm que ficar atentos 
aos sintomas, os responsáveis por essas 
crianças precisam aprender a lidar com elas, 
pois o olhar da família é fundamental no 
tratamento. Outrora tratar desse assunto era 
tabu, hoje com o avanço da medicina e dos 
serviços, não se é mais permitido esconder a 
criança afetada com esses transtornos. Tratar 
sempre é a melhor opção. 
As psicoses da infância e o autismo infantil 
são condições clínicas para as quais não se 
conhece uma causa isolada que possa ser 
responsabilizada por sua ocorrência. Apesar 
disso, a experiência permite indicar algumas 
situações que favorecem as possibilidades de 
melhora, principalmente quando o 
atendimento tem início o mais cedo possível, 
observando-se as seguintes condições: 
 
 O tratamento tem mais possibilidade 
de sucesso quando a criança ou 
adolescente é mantido em seu 
ambiente doméstico e familiar. 
 As famílias devem fazer parte 
integrante do tratamento, quando 
possível, pois se observa maior 
dificuldade de melhora quando se 
 
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trata a criança ou adolescente 
isoladamente. 
 O tratamento deve ter sempre 
estratégias e objetivos múltiplos, 
preocupando-se com a atenção 
integral a essas crianças e 
adolescentes, o que envolve ações 
não somente no âmbito da clínica, 
mas também ações intersetoriais. É 
preciso envolver-se com as questões 
familiares, afetivas, comunitárias, 
com a justiça, a educação, a saúde, a 
assistência, a moradia, etc. A 
melhoria das condições gerais dos 
ambientes onde vivem as crianças e 
os adolescentes tem sido associada a 
uma melhor evolução clínica para 
alguns casos. 
 As equipes técnicas devem atuar 
sempre de forma interdisciplinar, 
permitindo um enfoque ampliado dos 
problemas, recomendando-se a 
participação de médicos com 
experiência no atendimento infantil, 
psicólogos, enfermeiros, terapeutas 
ocupacionais, fonoaudiólogos, 
assistentes sociais, para formar uma 
equipe mínima de trabalho. A 
experiência de trabalho com famílias 
também deve fazer parte da formação 
de equipe. 
 Deve-se ter em mente que no 
tratamento dessas crianças e 
adolescentes, mesmo quando não é 
possível trabalhar com a hipótese de 
remissão total do problema, a 
obtenção de progressos no nível de 
desenvolvimento, em qualquer 
aspecto da sua vida mental, pode 
significar melhora importante nas 
condições de vida para eles e suas 
famílias. 
 As atividades de inclusão social em 
geral e escolar em particular devem 
ser parte integrante dos projetos 
terapêuticos. 
 Em geral, as atividades desenvolvidas 
no CAPSi são as mesmas oferecidas 
nos CAPS, como atendimento 
individual, atendimento grupal, 
atendimento familiar, visitas 
domiciliares, atividades de inserção 
social, oficinas terapêuticas, 
atividades sócio-culturais e 
esportivas, atividades externas. Elas 
devem ser dirigidas para a faixa etária 
a quem se destina a atender. Assim, 
por exemplo, as atividades de 
inserção social devem privilegiar 
aquelas relacionadas à escola. 
 
11. PROGRAMA DE VOLTA PARA 
A CASA 
 
 
 
O Programa de Volta para Casa foi 
instituído pelo Presidente Lula, por meio da 
assinatura da Lei Federal 10.708 de 31 de 
julho de 2003 e dispõe sobre a 
regulamentação do auxílio-reabilitação 
psicossocial a pacientes que tenham 
permanecido em longas internações 
psiquiátricas. 
O objetivo deste programa é contribuir 
efetivamente para o processo de inserção 
social dessas pessoas, incentivando a 
organização de uma rede ampla e 
diversificada de recursos assistenciais e de 
cuidados, facilitadora do convívio social, 
capaz de assegurar o bem-estar global e 
estimular o exercício pleno de seus direitos 
civis, políticos e de cidadania. 
 
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Além disso, o De Volta para Casa atende ao 
disposto na Lei 10.216 que determina que os 
pacientes longamente internados ou para os 
quais se caracteriza a situação de grave 
dependência institucional, sejam objeto de 
política específica de alta planejada e 
reabilitação psicossocial assistida. 
Em parceria com a Caixa Econômica 
Federal, o programa conta hoje com mais de 
2.600 beneficiários em todo o território 
nacional, os quais recebem mensalmente em 
suas próprias contas bancárias o valor de 
R$240,00. 
Em conjunto com o Programa de Redução de 
Leitos Hospitalares de longa permanência e 
os Serviços Residenciais Terapêuticos, o 
Programa de Volta para Casa forma o tripé 
essencial para o efetivo processo de 
desinstitucionalização e resgate da cidadania 
das pessoas acometidas por transtornos 
mentais submetidas à privação da liberdade 
nos hospitais psiquiátricos brasileiros. 
O auxílio-reabilitação psicossocial, instituído 
pelo Programa de Volta para Casa, também 
tem um caráter indenizatório àqueles que, 
por falta de alternativas, foram submetidos a 
tratamentos aviltantes e privados de seus 
direitos básicos de cidadania. 
 
 
O movimento de voltar para casa tem este 
sentido de acolhida e de cuidado. Imagem-
afeto que nos toca como as fotografias que 
registram o Programa de Volta para Casa 
que, desde julho de 2003, dá força de lei a 
mais este passo importante no movimento da 
reforma psiquiátrica brasileira. Imagem-
afeto, imagem-movimento, o tema da saúde 
mental ganha assim toda a sua consistência 
entre a clínica, a política e a estética. 
No Brasil, o tema da saúde mental se tornou 
uma questão de natureza “psicossocial”: eis 
aí um termo que já se tornou consensual 
entre nós e que nos desafia na experiência da 
clínica no contemporâneo. A clínica, 
segunda esta designação, se dá no limite 
entre o individual e o coletivo. É nesta zona 
de indiscernibilidade que o movimento da 
reforma psiquiátrica faz a sua aposta e que os 
serviços substitutivos ao manicômio afinam 
os seus dispositivos de intervenção 
(dispositivos de atenção e de gestão). 
Se falarmos de um campo em que individual 
e coletivo se distinguem, mas não se separam 
é porque outra relação de inseparabilidade se 
coloca: aquela entre clínica e política. 
No campo da reforma, a clínica não pode ser 
definida como o domínio do privado, dos 
nossos segredos íntimos, das experiências 
interiores de um sujeito e que seja diferente e 
separada da política, entendida como 
domínio do público (pólis), isto é, domínio 
onde encontramos os jogos de poder, o 
embate entre as forças dominantes e as 
forças dominadas. 
Quando se supera as velhas oposições entre 
clínica e política, entre sujeito e mundo, 
definimos subjetividade não como uma 
natureza, uma essência, uma realidadedada. 
Não estamos falando de alguma coisa que 
seja sempre idêntica a si. Não estamos 
falando de uma identidade: a do louco, a do 
doente mental, a deste indivíduo cujo 
adoecimento pareceria lhe ameaçar a 
condição de cidadão. 
Por subjetividade devemos entender não um 
estado de coisa ou estrutura, mas um 
processo – um processo de criação de si e do 
mundo. Este processo se realiza com 
múltiplos elementos: o ambiente familiar 
com suas relações (pai/mãe, mãe/filho, 
pai/filho etc.), a mídia, a violência das 
cidades, a participação nos movimentos 
 
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sociais, as políticas públicas de saúde, as 
artes dentre outros. 
A clínica da reforma psiquiátrica é uma 
experiência de transversalidade, isto é, não 
há como pensá-la senão de modo transversal 
ou num plano onde a clínica, política, mas 
também a arte se atravessam. 
E por que o destaque da interface com a 
política e a arte? Porque no cotidiano das 
práticas de gestão e de atenção psicossocial, 
fomentamos não só modos de produção de 
bens de consumo como nas oficinas de 
geração de renda, mas também, e, sobretudo, 
modos de produção da experiência coletiva 
(as assembléias, as associações, os grupos 
terapêuticos), modos de produção de outras 
relações da loucura com a cidade (o AT, os 
dispositivos residenciais, a luta pelo passe 
livre, o de volta para casa), modos de 
produção de outras formas de expressão da 
loucura (as oficinas expressivas, as rádios e 
TVs comunitárias), enfim, modos de criação 
de si e do mundo. 
Pensamos a inseparabilidade entre a clínica e 
a política, não podendo negligenciar a 
interface da clínica com a estética, já que 
estamos às voltas com processos de criação. 
O trabalho dos profissionais de saúde mental 
é o de cuidar desses processos de criação: 
ensejá-los e acompanhá-los. E tal cuidado 
não pode ser confundido com uma ação 
assistencialista, uma ação do bom 
profissional definido como “bom homem”. 
Na verdade, as práticas de atenção/gestão 
psicossocial são, no campo das políticas 
públicas de saúde, um exemplo efetivo do 
SUS que enfrenta os grandes problemas da 
universalidade do acesso, da integralidade do 
cuidado e da equidade das ofertas em saúde. 
Substituir os manicômios, recusar as práticas 
de atenção pautadas pelo desrespeito aos 
direitos dos usuários, fomentar o 
protagonismo, autonomia e a co-
responsabilidade dos gestores, trabalhadores, 
usuários e rede social é tarefa de 
humanização do SUS. 
Um SUS mais humano é este que reconhece 
o outro como legítimo cidadão de direitos, 
valorizando os diferentes sujeitos implicados 
no processo de produção de saúde. 
Apostamos na renovação dos modelos de 
atenção e de gestão no SUS. O movimento 
da reforma psiquiátrica é atualmente uma 
política de governo que, assim como o 
Humaniza SUS, fortalecem as práticas de 
atenção e de gestão nos fazendo entender que 
a saúde é um bem público que devemos 
constantemente, numa ação clínico-estético-
política, criar e recriar. 
 
12. RESIDÊNCIA TERAPÊUTICA 
 
 
 
Os Serviços Residenciais Terapêuticos, 
também conhecidos como Residências 
Terapêuticas, são casas, locais de moradia, 
destinadas a pessoas com transtornos mentais 
que permaneceram em longas internações 
psiquiátricas e impossibilitadas de retornar às 
suas famílias de origem. 
As Residências Terapêuticas foram 
instituídas pela Portaria/GM nº 106 de 
fevereiro de 2000 e são parte integrante da 
Política de Saúde Mental do Ministério da 
Saúde. Esses dispositivos, inseridos no 
âmbito do Sistema Único de Saúde/SUS, são 
centrais no processo de 
desinstitucionalização e reinserção social dos 
egressos dos hospitais psiquiátricos. 
Tais casas são mantidas com recursos 
financeiros anteriormente destinados aos 
leitos psiquiátricos. Assim, para cada 
morador de hospital psiquiátrico transferido 
para a residência terapêutica, igual número 
 
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de leitos psiquiátricos deve ser 
descredenciado do SUS e os recursos 
financeiros que os mantinham devem ser 
realocados para os fundos financeiros do 
estado ou do município para fins de 
manutenção dos Serviços Residenciais 
Terapêuticos. 
Em todo o território nacional existem mais 
de 470 residências terapêuticas. 
As denúncias contra o tratamento desumano 
no interior dos manicômios, que se iniciam 
no final da década de 70 e tomam força nos 
anos 80 e 90, citam os hospitais de 
Barbacena e começam a mobilizar a 
sociedade. Na crença de que o paciente com 
transtorno mental pode e deve ser tratado 
sem ser retirado do seu meio familiar e social 
e sem ficar trancafiado, sem liberdade, no 
hospital psiquiátrico é que se sustenta toda a 
revolução na atenção à saúde mental. 
O Ministério da Saúde tem organizado as 
chamadas Residências Terapêuticas, as 
quais recebem os egressos dessas longas 
internações psiquiátricas, e a assistência é 
oferecida nos Centros de Atenção 
Psicossocial. 
 
13. ASSISTÊNCIA DE 
ENFERMAGEM AO PACIENTE 
PSICÓTICO 
 
 
 
As síndromes psicóticas caracterizam-se por 
sintomas como alucinações e delírios; 
pensamento desorganizado e comportamento 
claramente bizarro como falam e risos 
imotivados; distúrbios das relações pessoais 
e a incapacidade de comunicar-se com 
clareza. Os sintomas paranóides são muito 
comuns, como ideias delirantes e alucinações 
auditivas de conteúdo persecutório. 
 
I. Processo de Enfermagem 
 
 Histórico 
 
• Anamnese 
• Entrevista com o cliente 
• Observação 
 
 
 
II. Diagnóstico de Enfermagem 
 
 Ansiedade 
 Déficit de autocuidado 
 Alteração no padrão do sono 
 Alteração nos processos do 
pensamento 
 Alteração do senso-percepção 
 Deterioração da comunicação verbal 
 Isolamento social 
 Deterioração da manutenção do lar 
 Potencial de violência consigo 
mesmo e com os outros 
 Diminuição da auto-estima 
 Não seguimento do tratamento 
 Ajuste familiar ineficaz 
 
III. Prescrição 
 
 Estabelecimento de metas com o 
cliente. 
 Estabelecimento de critérios 
para evolução final desejada para 
o cliente. 
 
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 Estabelecimento de critérios 
para evolução final desejada para 
a família. 
 
IV. Implementação 
 
Observação e anotação do comportamento 
que o cliente manifesta. Deve ser completa 
e detalhada para auxiliar na prevenção de 
agressões, fugas e suicídio. 
Fazer um levantamento das necessidades 
básicas afetadas: 
 
 Hidratação 
 Alimentação 
 Sono e repouso 
 Eliminações 
 Higiene e aparência pessoal 
 Atividade Motora 
 
 Proporcionar ambiente terapêutico. 
 
 Ser sincero, cumprir promessas feitas. 
 Orientar sistematicamente para a 
realidade. 
 Estabelecer umarelação 
terapêutica baseada na confiança 
e no reconhecimento de 
suas qualidades e 
capacidades, reforçando-as. 
 Ser coerente na comunicação 
verbal e não verbal servindo como 
modelo para o cliente. 
 Na presença de delírios e 
alucinações não criticar ou 
menosprezar as ideias do cliente. 
 Estar atento quanto à aceitação 
do tratamento. Verificar se o 
cliente toma os medicamentos 
prescritos. 
 Encaminhar, mobilizar 
oportunidades para o cliente se 
ocupar e recrear-se em tarefas 
corretas. 
 Estimular progressivamente a sua 
interação social. 
 Orientar cliente e familiares a 
respeito da doença, dos possíveis 
efeitos da medicação, da 
importância do tratamento e de segui-
lo corretamente. Incentivar 
visitas, observação da interação 
entre eles. 
 
14. ASSISTÊNCIA DE 
ENFERMAGEM AO PACIENTE 
COM TRANSTORNO BIPOLAR 
 
 
 
Durante a assistência de enfermagem ao 
paciente psiquiátrico, a interação enfermeiro-
paciente é de vital importância e esta 
depende das características próprias de cada 
enfermeiro, o qual deverá usar sua própria 
personalidade, compreensão e habilidade 
para desenvolver com o paciente, atitudes 
mais positivas para lidar com situações 
difíceis e stress. 
O enfermeiro deve ser útil para o paciente 
psiquiátrico e ter em mente que este teve 
uma história anterior em sua vida, de 
fracasso. 
Para que haja um bom relacionamento 
enfermeiro-paciente, o enfermeiro deve 
aceitar o paciente, chamando-o pelo nome, 
compreendendo seus direitos, não se 
afastando por causa de seu diagnóstico. 
O enfermeiro deve ainda, estimular o 
paciente a expressar seus sentimentos, 
entendendo também o significado de seus 
atos. O enfermeiro deve ter uma atitude não 
crítica, ou seja, os comportamentos do 
 
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paciente não devem ser julgados, condenados 
e nem aceitos totalmente; deve ter firmeza no 
modo de agir, sendo sempre firme e coerente 
para que o paciente possa se sentir seguro, e 
toda a equipe deve ter a mesma postura. 
O enfermeiro deve utilizar técnicas de 
comunicação terapêutica a fim de facilitar a 
interação enfermeiro-paciente: ouvir o 
paciente reflexivamente, permanecendo em 
silêncio, verbalizando aceitação e interesse; 
utilizar frases incompletas, repetir 
comentários feitos pelo paciente ou repetir 
suas últimas palavras, proporcionando-lhe 
estímulos para falar e exprimir seus 
sentimentos; permitir ao paciente que 
escolha o assunto, colocando em foco a idéia 
principal; deve estimular comparações e 
descrever os eventos em sequência lógica; 
deve repetir a mensagem do paciente, 
sumarizando o que foi dito durante a 
interação. 
Como medidas terapêuticas, na assistência de 
um paciente psiquiátrico, o apoio é muito 
importante: ficar ao lado do paciente quando 
este está passando por momentos de tensão 
emocional ou confusão; saber ouvir e ajudá-
lo a tomar decisões e a reconhecer suas 
próprias limitações; ressaltar suas 
características sadias, valorizando seus 
sucessos e progressos. 
 O estabelecimento de limites, além da ajuda 
na expressão dos pensamentos e sentimentos, 
também é uma medida terapêutica de grande 
importância durante esta assistência de 
enfermagem, pois irá ajudar o paciente a 
diminuir seu nível de ansiedade, 
proporcionando-lhe condições para testar 
padrões de comportamento mais adequados; 
desta forma ele terá aceitação por parte das 
pessoas com as quais convive. Além disto, o 
paciente mudará o conceito que tem de si, 
orientará sua própria vida e terá oportunidade 
de experimentar sucesso onde não obtivera 
antes. 
 
 
15. ASSISTÊNCIA DE 
ENFERMAGEM DURANTE A 
FASE DEPRESSIVA 
 
Com relação aos comportamentos 
depressivos, o isolamento social era bastante 
característico, pois o paciente nesta situação 
não interage com os demais usuários. O 
enfermeiro deve além de conversar com 
usuário e oferecer-lhe apoio, sempre que 
podia apresentava-lhe os outros pacientes. 
Outro comportamento característico desta 
fase era sua postura cabisbaixa, sobre a qual 
o enfermeiro deve informar-lhe que poderá 
dar-lhe dores nas costas e solicitar que 
levante o rosto para que possa conversar 
melhor. 
Com relação à sua comunicação, o paciente 
às vezes pode apenas murmurar palavras, o 
enfermeiro deve pedi-lhe para que falasse 
mais alto, pois não conseguia escutá-lo, 
procurando incentivá-lo a falar mais, 
fazendo-lhe perguntas mais abertas, 
repetindo suas últimas palavras para que 
pudesse continuar o assunto, mostrando 
interesse em seu discurso. 
Problemas somáticos como turgor 
diminuído, emagrecimento e obstipação 
devem ser minimizados da seguinte forma: 
ao invés de somente oferecer-lhe água e 
orienta-lhe quanto à importância da ingestão 
hídrica para que melhore seu turgor, favoreça 
o acesso a água aconselhando-lhe a bebê-la. 
Durante a fase depressiva, a assistência de 
enfermagem consiste em assumir 
responsabilidades pela segurança do 
paciente, dado o risco de suicídio e para isto, 
o enfermeiro deve estimulá-lo a falar, para 
que possa verbalizar seus sentimentos e 
ideias de autodepreciação, ruína e inutilidade 
e assim, avaliar seu nível de perspectiva e de 
esperança. O enfermeiro deve usar frases 
curtas e claras e lembrar-se da demora que o 
paciente depressivo possui para elaborar 
respostas. O uso do silêncio, ouvir 
reflexivamente. 
 
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Assistência de Enfermagem a Pacientes com 
Desordem Bipolar deve contemplar a 
imposição de limites que são também 
técnicas terapêuticas de comunicação 
importantes. Ocupar e socializar o paciente 
são formas de elevar a auto-estima na fase 
depressiva, desde que sejam dadas atividades 
fáceis e importantes para que o paciente se 
sinta útil, para que ele veja resultados 
rapidamente, não se esquecendo de comentar 
positivamente suas conquistas. 
O enfermeiro deve estar atento ao 
autocuidado com a higiene e aparência do 
paciente, verificando seu grau de 
dependência; verificar e estimular 
alimentação, hidratação, eliminações; 
observar sono e verificar problemas 
somáticos. 
 
16. ASSISTÊNCIA DE 
ENFERMAGEM DURANTE A 
FASE MANÍACA 
 
Durante a fase maníaca, existe a dificuldade 
de evitar o medo, a rejeição e a irritação que 
o paciente provoca nos membros da equipe 
de enfermagem, dada a sua agitação e 
agressividade. 
A assistência de enfermagem ao paciente que 
apresenta a fase maníaca deve ser coerente 
entre todos os membros da equipe. 
Deve-se ter uma observação constante e 
relato das manifestações de comportamento 
do paciente, tendo sempre em mente de que é 
um suicida em potencial; o maníaco deve 
permanecer em local com poucos pacientes e 
o ambiente deve ser o mais tranquilo 
possível, com o mínimo de estímulos e, de 
preferência, separá-lo dos pacientes 
deprimidos (o comportamento destes o irrita) 
e com o mesmo tipo de manifestações 
(aumento de excitação); deve-se usar tombaixo de voz, frases curtas e linguagem clara, 
em vista da sua dificuldade em fixar a 
atenção; tentar manter seu discurso coerente; 
impor limites; ajudá-lo em sua higiene; 
evitar que seja alvo de zombaria. 
A pessoa com alterações no humor, na fase 
maníaca, apresenta sintomas característicos, 
os quais se manifestaram visivelmente no 
decorrer da sua assistência. 
Com frequência ela manifestava o seu desejo 
de fuga, sendo necessário explicar-lhe 
diversas vezes que não poderia sair sem a 
autorização de seu médico e a importância de 
continuar o seu tratamento. Ao mesmo 
tempo, procurava dar-lhe opções para 
resolver questões prementes, como busca de 
possíveis substitutos para receberem o 
dinheiro da paciente no seu lugar. 
Em alguns contatos, o paciente pode 
demonstrar desorientação no tempo e espaço, 
havendo a necessidade de informa-lhe a 
respeito do tempo e do espaço. 
Quando o seu discurso do paciente parecer 
incoerente, relata-lhe, que não conseguia 
entendê-lo, pois fala vários assuntos ao 
mesmo tempo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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ENFERMAGEM EM SAÚDE MENTAL 
 
Avaliação 
 
1) No século XVIII, quem foi 
considerado o pai da psiquiatria e 
propôs uma nova forma de 
tratamento aos loucos, libertando-os 
das correntes e transferindo-os aos 
manicômios, destinados somente aos 
doentes mentais? 
 
a) Paulo Delgado 
b) Alberte Pineal 
c) Phillippe Pinel 
d) Filco Pinel 
 
2) Na Idade Média e durante três 
séculos os doentes mentais foram 
perseguidos, especialmente as 
mulheres, que: 
 
a) Foram crucificadas 
b) Foram queimadas como bruxas 
c) Foram apedrejadas 
d) Foram afogadas como bruxas 
 
3) A partir da segunda metade do século 
XX, impulsionada principalmente por 
um psiquiatra italiano, inicia-se uma 
radical crítica e transformação do 
saber, do tratamento e das 
instituições psiquiátricas. Esse 
movimento inicia-se na Itália, mas 
tem repercussões em todo o mundo e 
muito particularmente no Brasil. O 
nome deste psiquiatra é: 
 
a) Francês Baglia 
b) Franco Baglia 
c) Franco Basaglia 
d) Phillippe Pinel 
 
4) A esquizofrenia é um transtorno 
psíquico severo que se caracteriza 
classicamente pelos seguintes 
sintomas: alterações do pensamento, 
alucinações (visuais, sinestésicas, e 
sobretudo auditivas), delírios e 
alterações no contato com a 
realidade. Dentre os sintomas 
negativos podemos citar? 
 
a) Isolamento social e apatia 
b) Ideias delirantes 
c) Pensamentos irreais e ideias 
individuais do doente que não são 
partilhadas por um grande grupo. 
d) Alucinações, percepções irreais – 
ouvir, ver, saborear, cheirar ou sentir 
algo irreal, sendo mais frequente as 
alucinações auditivo-visuais. 
 
5) Os tratamentos mais utilizados na 
fase maníaca do transtorno bipolar 
são as medicações e terapia a seguir, 
exceto: 
 
a) Benzodiazepínicos, 
b) Neurolépticos 
c) Eletroconvulsoterapia 
d) Antidepressivo tricíclico 
 
6) Em 1990, o Brasil torna-se signatário 
da Declaração de Caracas a qual 
propõe a reestruturação da assistência 
psiquiátrica, e em 2001, é aprovada a 
lei que dispõe sobre a proteção e os 
direitos das pessoas portadoras de 
transtornos mentais e redireciona o 
modelo assistencial em saúde mental. 
Esta Lei Federal é: 
 
a) Lei Federal 10.216 
b) Lei Federal 10.217 
c) Lei Federal 10.200 
d) Lei Federal 10.215 
 
 
 
 
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7) Dentre as funções do Centro de 
Atenção Psicossocial, marque a 
questão falsa. 
 
a) Prestar atendimento clínico em 
regime de atenção diária, evitando as 
internações em hospitais 
psiquiátricos. 
b) Acolher e atender as pessoas com 
transtornos mentais graves e 
persistentes, procurando preservar e 
fortalecer os laços sociais do usuário 
em seu território. 
c) Impedir a inserção social das pessoas 
com transtornos mentais. 
d) Regular a porta de entrada da rede de 
assistência em saúde mental na sua 
área de atuação. 
 
8) O Programa de Volta para Casa foi 
instituído pelo Presidente Lula, por 
meio da assinatura da Lei Federal em 
31 de julho de 2003 e dispõe sobre a 
regulamentação do auxílio-
reabilitação psicossocial a pacientes 
que tenham permanecido em longas 
internações psiquiátricas. A Lei 
Federal é: 
 
a) Lei Federal 10.708 
b) Lei Federal 10.700 
c) Lei Federal 10.788 
d) Lei Federal 10.780 
 
9) Os Serviços Residenciais 
Terapêuticos, também conhecidos 
como Residências Terapêuticas, são 
casas, locais de moradia, destinadas a 
pessoas com transtornos mentais que 
permaneceram em longas internações 
psiquiátricas e impossibilitadas de 
retornar às suas famílias de origem. 
As Residências Terapêuticas foram 
instituídas pela Portaria/GM em 
fevereiro de 2000 e são parte 
integrante da Política de Saúde 
Mental do Ministério da Saúde. A 
Portaria é de número? 
 
a) Portaria/GM nº 1065 
b) Portaria/GM nº 106 
c) Portaria/GM nº 109 
d) Portaria/GM nº 108 
 
10) Dentre os Diagnósticos de 
Enfermagem destinados ao paciente 
portador de transtorno bipolar, 
marque a alternativa errada: 
 
a) Déficit de autocuidado 
b) Alteração no padrão do sono 
c) Alteração nos processos do 
pensamento 
d) Inserção social 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Referências 
 
1- BRASIL. MINISTÉRIO DA 
SAÚDE. SECRETARIA 
EXECUTIVA. SECRETARIA DE 
ATENÇÃO À SAÚDE. Legislação 
em Saúde Mental: 1990-2004. 
Brasília, Ministério da Saúde, 2004. 
2- DALGALARRONDO, P. - 
Psicopatologia e Semiologia dos 
Transtornos Mentais. Editora: Artes 
Médicas, 2010. 
3- DEPARTAMENTO DE AÇÕES 
PROGRAMÁTICAS 
ESTRATÉGICAS. Saúde Mental no 
SUS: Os Centros de Atenção 
Psicossocial. Brasília: Ministério da 
Saúde, 2004. 
4- ______________ Saúde Mental e 
Economia Solidária: Inclusão Social 
pelo Trabalho. Brasília, Ministério da 
Saúde, 2005. 
5- ______________ Manual do 
Programa De Volta para Casa. 
Brasília, Ministério da Saúde, 2003. 
6- _____________ Residências 
Terapêuticas: o que são e para que 
servem. Brasília, Ministério da 
Saúde, 2004. 
7- Ministério da Saúde. Saúde Mental 
no SUS: os centros de atenção 
psicossocial. Brasília: Ministério da 
saúde, 2004. 
8- REBOUÇAS, D.; LEGAY L.F.; 
ABELHA, L. Satisfação com o 
trabalho e impacto causado nos 
profissionais de serviço de saúde 
mental. Ver. Saúde Pública, 2007; 41 
(2): 244-50. 
9- SOUSA, G. C. O agente comunitário 
de saúde e a saúde mental: 
percepções e ações na atenção Às 
pessoas em sofrimento mental 
[dissertação]. Ribeirão Preto São 
Paulo (SP): Universidade de São 
Paulo, 2007.

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