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___________________________________________________________________ 1 ___________________________________________________________________________ www.enfermagemadistancia.com.br HPV E O CÂNCER DE COLO DE ÚTERO As Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST) estão entre os problemas de saúde pública mais comuns em todo mundo. Dentre elas está a infecção causada pelo Papiloma Vírus Humana (HPV), que está associada ao carcinoma de colo uterino, de pênis e de ânus. Estudos demonstraram que o HPV é o agente causal de tumores benignos como papilomas, verrugas comuns e condilomas. Com o avanço das técnicas de detecção molecular, o genoma de HPV tem sido identificado em células neoplásicas malignas. Assim, o HPV passou a ser associado a cânceres, principalmente com o carcinoma cervical. As evidências de associação destes vírus com neoplasias, somadas a estudos epidemiológicos publicados ultimamente, permitiu estabelecer uma relação etiológica entre alguns tipos de HPV e o carcinoma cervical. Um dos descobrimentos mais importantes da investigação etiológica do câncer nos últimos 25 anos é a relação causal entre a infecção pelo vírus de papiloma humano (HPV) e o câncer de colo de útero. Atualmente, está amplamente estabelecido que o HPV seja o causador de cerca de 99% dos casos de câncer de colo de útero e de uma fração variável de câncer de vagina, vulva, pênis e ânus. Outros fatores que contribuem para a etiologia deste tumor são o tabagismo, baixa ingesta de vitaminas, multiplicidade de parceiros sexuais, iniciação sexual precoce e uso de contraceptivos orais. Com o surgimento da microscopia eletrônica, a partir de 1949, na Universidade de Yale, estabeleceu-se, que, a etiologia das partículas virais tanto as encontradas nas lesões papilomatosas quanto às das lesões condilomatosas, eram as mesmas, derivadas do papiloma vírus humano. A verdadeira confirmação de que o HPV era um agente de transmissão sexual, foi no ano de 1954. Nesta época, as esposas dos soldados, os quais haviam voltado da guerra da Coréia, passaram a desenvolver lesões cutâneas num período de quatro a seis semanas, mesmo período em que eles também apresentavam lesões penianas. Foi quando evidenciou a presença de lesões cutâneas após a exposição ao agente. Ao longo da história do papiloma vírus humano, não se esclareceu muito sobre sua verdadeira etiologia, porém, tornou-se evidente sua transmissão por via sexual no século XX. E mesmo com tantas descobertas foi somente nos anos setenta, a partir da biologia molecular que se pôde pesquisar melhor o vírus. As DSTs são um problema de saúde pública não só no Brasil, mas em todo o mundo, todavia, só adquiriu maior importância após epidemia da Síndrome de Imunodeficiência Adquirida (AIDS), isto porque estudos comprovam que úlceras genitais aumentam em até 18 vezes a maior possibilidade da infecção pelo vírus da AIDS. Segundo o Ministério da Saúde, estudos de prevalência mostram que as mulheres apresentam cinco vezes mais frequência de lesões precursoras de câncer de colo uterino quando estas mesmas têm histórias de DST, e este fator aumenta maisquando apresentam infecções por HPV, mostrando maior probabilidade de serem mais propensas a desenvolver câncer do colo do útero. ___________________________________________________________________ 2 ___________________________________________________________________________ www.enfermagemadistancia.com.br De acordo com a Organização Mundial da Saúde, em 2008, ocorreram 1.384.155 casos novos de câncer da mama em todo o mundo, o que torna o tipo de câncer mais comum entre as mulheres. Nesse mesmo ano, foram registrados cerca de 530 mil casos novos de câncer do colo do útero. No Brasil, em 2012, foram estimados 52.680 casos novos de câncer de mama feminino e 17.540 casos novos de câncer de colo de útero. A incidência do câncer do colo do útero manifesta-se a partir da faixa etária de 20 a 29 anos, aumentando seu risco rapidamente até atingir o pico etário entre 50 e 60 anos. O número de novos casos de câncer de colo de útero estimados para o Brasil em 2012 foi 17.540 casos novos de câncer do colo do útero, com um risco estimado de 17 casos a cada 100 mil mulheres. Uma provável explicação para as altas taxas de incidência em países em desenvolvimento seria a inexistência ou a pouca eficiência dos programas de rastreamento.No Brasil, a estratégia de rastreamento recomendada pelo Ministério da Saúde é o exame citopatológico prioritariamente em mulheres de 25 a 64 anos. Faz-se necessário, portanto, garantir a organização, a integralidade e a qualidade dos programas de rastreamento, bem como o seguimento das pacientes. 1. O ÚTERO O útero é um órgão fibromuscular, ímpar, oco, em forma de pera invertida, localizado no plano sagital mediano da cavidade pélvica. Recebe as tubas uterinas na região mais abaulada e continua-se, inferiormente, com a vagina, com a qual forma usualmente um ângulo de 90 graus. A figura abaixo, demonstra as relações anatômicas do útero. Possui parede relativamente espessa e composta por três camadas. Externamente existe uma serosa, constituída por mesotélio e tecido conjuntivo ou, dependendo da porção do órgão, uma adventícia, formada por tecido conjuntivo sem revestimento de mesotélio. As outras duas camadas uterinas são o miométrio, espessa camada de músculo liso, e o endométrio ou mucosa uterina. O miométrio é a parede mais espessa do útero, sendo composta por pacotes de fibras musculares lisas separadas por tecido conjuntivo, divididos em quatro camadas não muito bem definidas. A primeira e a quarta camada são compostas, basicamente, de fibras dispostas longitudinalmente; as camadas intermediárias contêm os grandes vasos sanguíneos que irrigam o órgão. Durante o período gestacional, o miométrio passa por um grande crescimento devido à hiperplasia e hipertrofia das fibras musculares. Durante essa fase, muitas dessas células musculares lisas adquirem características ultra-estruturais de células secretoras de proteínas e sintetizam ___________________________________________________________________ 3 ___________________________________________________________________________ www.enfermagemadistancia.com.br ativamente colágeno, cuja quantidade aumenta significativamente no útero. Após a gravidez, há degeneração de algumas células musculares lisas, diminuição do tamanho de outras e degradação enzimática de colágeno. O útero reduz seu tamanho para as dimensões aproximadas de antes da gravidez. O endométrio consiste em um epitélio e uma lâmina própria que contém glândulas tubulares simples que às vezes se ramificam nas porções mais profundas, próximo ao miométrio. As células que revestem a cavidade uterina se organizam em um epitélio colunar simples, formado de células ciliadas e células secretoras. Pode ser dividido em duas camadas: Camada basal: mais profunda, adjacente ao miométrio, constituída por tecido conjuntivo e pela porção inicial das glândulas uterinas. Camada funcional: formada pelo restante do tecido conjuntivo da lâmina própria, pela porção final e desembocadura das glândulas e também pelo epitélio superficial. Enquanto a camada funcionalsofre grandes mudanças durante o período menstrual, a basal permanece quase inalterada. Os vasos sanguíneos que irrigam o endométrio são muito importantes para o fenômeno cíclico de perda de parte do endométrio durante a menstruação. O útero pode variar de forma, tamanho, localização e estrutura, de acordo com a idade, a paridade, o estado gravídico e a estimulação hormonal. Suas dimensões, na mulher adulta, variam de tal modo que o comprimento pode oscilar de 6 a 9 cm e a profundidade ou espessura, entre 2 a 3 cm. O peso do útero varia de 25 a 90 g. Durante o período menstrual em nulíparas, as dimensões do útero são menores e nas multíparas, podem ser maiores. Após a menopausa ocorre redução de dimensões, principalmente do corpo do útero. 1.1 Colo do útero O colo do útero é a porção inferior do útero onde se encontra a abertura do órgão, localizando-se no fundo da vagina. O colo do útero separa os órgãos internos e externos da genitália feminina estando mais exposto ao risco de doenças e alterações relacionadas ao ato sexual. O colo uterino apresenta formato cilíndrico e possui uma abertura central conhecida como canal cervical que liga o interior do útero à cavidade vaginal – local no qual ocorre a eliminação do fluxo menstrual e a entrada do esperma. É através do colo uterino que se dá a passagem do feto durante o parto vaginal. ___________________________________________________________________ 4 ___________________________________________________________________________ www.enfermagemadistancia.com.br Mas o que é o HPV e quais os principais cuidados que devemos ter para evitar a contaminação? 2. PAPILOMA VIRUS HUMANO O HPV é um vírus DNA que possui mais de 100 tipos identificados atualmente. Sua família é conhecida como Papovavírus e atualmente é denominada como Papovaviridae, uma abreviação de seus gêneros. São constituídos por genoma de DNA circular de dupla hélice que infectam alguns animais, dentre eles, répteis, pássaros e mamíferos, incluindo o ser humano. Eles infectam as células dos epitélios cutâneo e mucoso produzindo lesões e neoplasias. Papiloma vírus são vírus de DNA espécie - específicos. Muitos mamíferos diferentes abrigam este vírus que infecta as células do epitélio basal (pele e mucosas). O genoma do HPV foi sequenciado e consiste de aproximadamente 8.000 pares de base circulares de DNA, com 8 open reading frames (ORFs) que codifica proteínas estruturais necessárias à replicação e ao revestimento viral. Esses vírus acometem pele e mucosas. A infecção pode ser assintomática, causar verrugas não genitais, verrugas genitais (condilomas) ou estar associada a várias neoplasias benignas e malignas. Os HPVs infectam os tecidos epiteliais e são caracterizados pelos epitélios de atuação e segundo o potencial de oncogenicidade, ou seja, sua capacidade de causar neoplasia. 3. TIPOS DE HPV O HPV é o principal agente promotor das Neoplasias Intraepiteliais Cervicais (NICs) e câncer cervical.Dentre os vários subgrupos do HPV existem alguns que oferecem maiores riscos de desenvolvimento de neoplásias em várias regiões do corpo. Segundo o epitélio de atuação: Cutâneos: são epidermotrópicos e infectam principalmente a pele das mãos e dos pés e se manifestam formando verrugas. Mucosos: infectam o revestimento da boca, garganta, trato respiratório e epitélio ano- genital, manifestando-se através de condilomas planos e acuminados. A caracterização do potencial de oncogenicidade é uma subdivisão dos tipos de HPVs de mucosas. Segundo o potencial de oncogenicidade: Baixo risco oncogênico:(HPVs tipo 6, 11, 40, 42, 43, 44, 54, 61, 72, 81, e CP6108) estão associados às infecções benignas do trato ano-genital como condiloma acuminado plano e lesões intraepiteliais de baixo grau – NIC I. Estão presentes na maioria das infecções clinicamente aparentes. Os tipos 6 e 11 causam a maioria das verrugas genitais visíveis na vulva, vagina, colo uterino, pênis, bolsa escrotal, uretra e ânus. Alto risco oncogênico: (16,18, 31, 33, 35, 39, 45, 51, 52, 56, 58, 59, 66, 68, 70, 73 e 82), sendo os tipos HPV 16 e 18, relacionados com aproximadamente 70% dos casos de câncer cervical invasivo e mais de 90 % das lesões intraepiteliais graves NIC II, ___________________________________________________________________ 5 ___________________________________________________________________________ www.enfermagemadistancia.com.br NIC III e aos carcinomas de colo de útero, de vulva, vagina, pênis (raro) e de ânus. 4. HISTÓRIA NATURAL DA DOENÇA A necessidade da presença do HPV para infecção do Câncer de útero foi comprovada ao longo das décadas de 10 e 1980. Um estudo de Walboomers e colaboradores, realizado em 22 países localizados nos cinco continentes, demonstrou prevalência de HPV nos carcinomas cervicais uterinos de 99,7%. Aproximadamente 100 tipos de HPVs foram identificados e tiveram seu genoma mapeado, 40 tipos podem infectar o trato genital inferior e 12 a 18 tipos são considerados oncogênicospara o colo uterino. A infecção pelo HPV é muito comum, até 80% das mulheres sexualmente ativas irão adquiri-la ao longo de suas vidas. Aproximadamente 291 milhões de mulheres são portadoras do HPV, sendo que 32% estão infectadas pelos tipos 16, 18 ou ambos. A comparação desse dado com a incidência anual mundial de aproximadamente 530 mil casos de câncer do colo do útero, indica que o câncer é um desfecho raro, mesmo na presença da infecção pelo HPV. Na maioria das vezes a infecção cervical pelo HPV é transitória e regride espontaneamente,entre seis meses a dois anos após a exposição. No pequeno número de casos nosquais a infecção persiste e, especialmente, é causada por um tipo viral oncogênico, pode ocorrero desenvolvimento de lesões precursoras, cuja identificação e tratamento adequado possibilita aprevenção da progressão para o carcinoma cervical invasivo. Além de aspectos relacionados à própria infecção pelo HPV (tipo e carga viral, infecçãoúnica ou múltipla), outros fatores ligados à imunidade, à genética e ao comportamento sexual, também influenciam os mecanismos ainda incertos que determinam a regressão ou a persistênciada infecção e também a progressão para lesões precursoras ou câncer. A idade também interferenesse processo, sendo que a maioria das infecções por HPV em mulheres com menos de 30 anosregride espontaneamente, ao passo que acima dessa idade a persistência é mais frequente. O tabagismo aumenta o risco para o desenvolvimento do câncer do colo doútero, proporcionalmente ao número de cigarros fumados por dia e ao início em idade precoce. Vários estudos analisaram a história natural do câncer do colo do útero e suas lesõesprecursoras, e importantes revisões e metanálises foram realizadas, mas a interpretação dos seus dados deve considerar apossibilidade de viés de seleção e de aferição. Apesar dessas limitações, os estudos sobre história natural indicam que as lesõesintraepiteliais escamosas de baixo grau (do inglês Low-Grade SquamousIntraepithelialLesions–LSIL) simplesmente refletem a manifestação citológica da infecção pelo HPV e não representamlesõesverdadeiramente precursoras do câncer do colo do útero, regredindo espontaneamentena maior parte dos casos. Em contrapartida, as lesões ___________________________________________________________________ 6 ___________________________________________________________________________ www.enfermagemadistancia.com.br intraepiteliais escamosas de alto grau (doinglês High-Grade SquamousIntraepithelialLesions – HSIL) apresentam efetivamente potencialpara progressão, tornando sua detecção o objetivo primordial da prevenção secundária do câncerdo colo do útero. 5. MODOS DE TRANSMISSÃO A transmissão do HPV se dá principalmente pelo ato sexual, através da fricção dos órgãos genitais. Ele se aloja na superfície do epitélio escamoso do colo uterino devido à microtraumas causados neste local pela relação sexual. Quando atinge o epitélio pavimentoso, o vírus perde seu invólucro proteico e o genoma viral atinge o núcleo da célula, onde se estabelece a forma epissomal provocando uma resposta celular local e sistêmica que induz à produção de anticorpos das Células de Langerhans ativando os linfócitos T. Esta é a primeira linha de defesa humana, porém a resposta humoral não é suficiente para acabar com o processo infeccioso, pois dependerá também do estado imunológico de cada pessoa, e sua resposta celular efetiva. Há poucos estudos relacionados à transmissão por vias não sexuais, tais como fômites, mas há indícios sobre esse tipo de transmissão, porém o índice de casos é mínimo. Já a transmissão vertical tem merecido destaque na literatura, pois essa via de transmissão é particularmente importante na infecção do recém-nascido por HPV. A contaminação materno-fetal se dá por meio do líquido amniótico ou durante o trabalho de parto. Apenas 20% dos indivíduos infectados têm algum tipo de lesão visível, podendo transmitir a infecção silenciosamente. Fato esse que contribui para o agravamento na relação conjugal, levando a desconfiança do parceiro que atribui infidelidade por parte da mulher. 6. FORMAS DE APRESENTAÇÃO DA INFECÇÃO As infecções por HPV podem ser sintomáticas quando a forma clinica é evidenciável, ou seja, com observação a olho nu ou assintomáticas. As lesões podem aparecer na forma de verrugas genitais e serem chamadas de diversas maneiras, desde condilomas ou mais popularmente como crista de galo, figueira, cavalo de crista ou jacaré de crista. Surgem em regiões como vulva, períneo, colo, vagina e região perianal na mulher. E no homem há possibilidade de aparecer na glande e sulco bálano-prepucial. Menos frequentemente podem estar presentes em áreas extragenitais como conjuntivas, mucoso-nasal, oral e laríngea. Quando assintomáticas podem ser classificadas de duas maneiras, subclínicas ou latentes. Na Forma Subclínicaforma subclínica são evidenciáveis apenas sob técnicas de magnificação (lentes) e após aplicação de reagentes como o ácido acético. As lesões são localizadas principalmente na cavidade oral, vulva, vagina, colo uterino, pênis e região anal. Na Forma Latente é evidenciável apenas através de técnicas de hibridação do DNA ___________________________________________________________________ 7 ___________________________________________________________________________ www.enfermagemadistancia.com.br em indivíduos com tecidos clínicos e histológicamente normais; Mesmo no aspecto histopatológico não existem sinais da atividade viral. É a forma mais frequente da infecção;Caracteriza-se pela presença de DNA viral em áreas sem quaisquer evidências clínicas e subclínicas. Não está relacionada de maneira direta com oncogenicidade enquanto não evoluir para a Forma subclínica. As lesões condilomatosas podem apresentar diversas formas no local de alteração, podendo ser únicas ou múltiplas, restritas ou difusas e de tamanhos variável. Dependendo do tamanho e localização, podem ser dolorosas, friáveis e/ou pruriginosas, de crescimento exofítico, papilar, frondoso ou róseo. 7. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS As manifestações clínicas dependem da localização das lesões e do tipo de HPV. Presença de verrugas comuns nas mãos e dos pés que são evidenciadas por pápulas exofíticas e hiperceratóticas da cor da pele ou castanhas. Em crianças as verrugas planas são mais comuns e ocorrem na face, no pescoço, no tórax e nas superfícies flexoras dos antebraços e das pernas. As lesões podem ser múltiplas, localizadas ou difusas, de tamanho variável, ou ainda lesão única; caracterizadas por pápulas circunscritas, hiperquerotósicas, ásperas e indolores com tamanho variável; o condiloma gigante é raro. O condiloma acuminado pode manifestar-se na vulva, vagina, períneo, colo do útero, uretra, pênis, bolsa escrotal e região anal. Presença de verrugas na genitália feminina, mais frequentes na região vulvar, apresentando-se como tumorações múltiplas, amolecidas, de superfície irregular e espiculadas. Acometem principalmente, o introito vaginal, grandes e pequenos lábios e a região da fúrcula.As verrugas são menos frequentes nas paredes vaginais, onde se apresentam na coloração avermelhada e sangrantes ao contato, causando ardor e sangramento durante a relação sexual. O condiloma acuminado pode se desenvolver no colo uterino, apesar de raro, e quando ocorre é acompanhado de condilomas de outras áreas do trato genital inferior. Em ambos os sexos, as verrugas externas sugerem a existência de lesões internas, porém as lesões internas podem ocorrer sem verrugas externas principalmente nas mulheres; Foram detectados HPVs em lesões da cavidade oral e nasal, na conjuntiva, seios paranasais, laringe, mucosa traqueobrônquica e esôfago. A prática do sexo oral e a variedade de parceiros contribuíram para elevar a transmissão do HPV na mucosa oral. A língua é o lugar mais frequente dessas lesões. Dentre as lesões bucais possivelmente associadas a esse vírus o condiloma, a papiloma e a verruga na cavidade oral são as manifestações orais de maior frequência, causadas principalmente pelo HPV 6 e 11.Alguns tipos de HPV foram associados com lesões orais malignas. 8. PERÍODO DE INCUBAÇÃO O reservatório do vírus é o homem. O período de incubação do vírus varia de três semanas a oito meses, com média de três ___________________________________________________________________ 8 ___________________________________________________________________________ www.enfermagemadistancia.com.br meses. Entretanto, as lesões podem permanecer anos na forma subclínica. O período de transmissibilidade é desconhecido, entretanto ocorre transmissão enquanto houver lesão viável. Não é conhecido o tempo que o HPV pode permanecer quiescente e que fatores são responsáveis pelo desenvolvimento das lesões,pode permanecer por muitos anos no estado latente. A recidiva das lesões está provavelmente relacionada à ativação de “reservatórios” do vírus do que à reinfecção pelo parceiro sexual. Por esta razão, não é possível estabelecer o intervalo mínimo entre a contaminação e o desenvolvimento de lesões no período de incubação, variando de semanas a décadas. O principal fator de risco para o desenvolvimento de lesões intraepiteliais dealto grau e do câncer do colo do útero é a infecção pelo papilomavírus humano (HPV). Apesar de ser considerada uma condição necessária, a infecção pelo HPV por si só não representa uma causa suficiente para o surgimento dessa neoplasia. Além de aspectos relacionados à própria infecção pelo HPV (tipo e carga viral, infecção única ou múltipla), outros fatores ligados à imunidade, à genética e ao comportamento sexual parecem influenciar os mecanismos ainda incertos que determinam a regressão ou a persistência da infecção e também a progressão para lesões precursoras ou câncer. A idade também interfere nesse processo, sendo que a maioria das infecções por HPV em mulheres com menos de 30 anos regride espontaneamente, ao passo que, acima dessa idade, a persistência é mais frequente. O tabagismo eleva o risco para o desenvolvimento do câncer do colo do útero. Esse risco é proporcional ao número de cigarros fumados por dia e aumenta sobretudo quando o ato de fumar é iniciado em idade precoce. Existem hoje 13 tipos de HPV reconhecidos como oncogênicos pela Agência Internacional para Pesquisa sobre o Câncer (IARC). Desses, os mais comuns são o HPV16 e o HPV18. 9. PREVENÇÃO A prevenção das DSTs em geral, é o meio mais importante de evitar tais transtornos, e existem inúmeras maneiras de evitar tais doenças. No caso do HPV deve-se considerar o relevante fator de que não existe tratamento que realmente cure. Os meios de prevenção mais comuns são os usos de preservativos, os quais diminuem o índice de contaminação pelo HPV, mas, não os impede. Valendo ressaltar que, a abstinência de qualquer prática sexual, é o meio mais seguro de prevenção. Outra maneira eficaz que tem mostrado resultados positivos atualmente para o controle do câncer do colo do útero é o rastreamento através do exame Papanicolau ou simplesmente exame preventivo ou de prevenção. É fundamental que os serviços de saúde orientem sobre a importância do exame preventivo, pois a sua realização periódica permite reduzir em 70% a mortalidade por câncer uterino na população de risco. ___________________________________________________________________ 9 ___________________________________________________________________________ www.enfermagemadistancia.com.br 9.1.Exame citopatológico Exame citopatológico ou papanicolau como é mais conhecido, deve ser feito anualmente. Outras formas de identificação da doença são os exames, imunoistoquímico, microscopia eletrônica e o reconhecimento do tipo de DNA. Nesse exame ginecológico preventivo do câncer de colo de útero, são coletadas células do colo uterino (colpocitologia) com a finalidade de detectar células cancerosas ou anormais, além de identificar condições não cancerosas como infecções ou inflamações. Toda mulher deve fazer o exame preventivo de câncer de colo do útero (Papanicolau) a partir da primeira relação sexual. Ele deve ser feito anualmente ou com menor frequência, a critério do médico. Entretanto vale ressaltar que o exame citopatológico não detecta exatamente a infecção pelo HPV e nem mesmo o seu tipo, mas ajuda muito no diagnóstico precoce de um câncer cervical, pois a citologia ajuda a diferir prováveis células do vírus. Quando diagnosticados NIC II ou NIC III, há uma recomendação de exames específicos para o vírus HPV como a colposcopia e a histopatologia. 9.2.Vacina A descoberta de que as verrugas genitais e o câncer cervical estão relacionados com a etiologia do HPV levou ao desenvolvimento de vacinas que podem prevenir o câncer de colo do útero. A vacinação preventiva deve ser dada antes da infecção pelo HPV, a fim de ajudar o sistema imune a reconhecer e evitar a infecção viral antes da entrada do vírus na célula, ou antes que a doença se estabeleça. O conhecimento da biologia viral é essencial para o desenvolvimento destas vacinas que contém o vírus atenuado, gerando anticorpos neutralizantes dirigidos às proteínas L1 e L2 do capsídeo, a qual tem papel importante na entrada do vírus na célula. Estas vacinas, que tem efeito profilático sobre o HPV, são constituídas pelo vírus recombinante monoinfeccioso, como a partícula L1 do capsídeo, induzindo à ativação do sistema imune pela fagocitose das partículas e formação de anticorpo contra o tipo específico de partícula do capsídeo viral recombinante. Logo, a vacina bivalente induz à formação de anticorpo contra HPV 16 e 18 (responsáveis por 70% dos casos de câncer cervical), enquanto que a quadrivalente leva à produção de anticorpo anti- HPV 6, 11, 16 e 18, responsáveis por 90% dos casos de câncer cervical. Desta forma, supõe-se que a vacina quadrivalente evite lesões de colo de útero classificadas como NIC II, NIC III, câncer de colo de útero e verrugas genitais, sendo que este último não é evitado pela vacina bivalente. Atualmente já existem meios de vacinação como método de prevenção, sendo a Gardasil a primeira vacina aprovada no Brasil. É recomendada na faixa etária de 9 a 26 anos de idade em três doses e sua duração é em torno de cinco anos e meio. Protege contra quatro tipos de HPV (6, 11, 16 e 18), causadores de verrugas e câncer cervical. ___________________________________________________________________ 10 ___________________________________________________________________________ www.enfermagemadistancia.com.br A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), já aprovou a segunda vacina contra HPV no Brasil, com nome comercial de Cervarix recomendada na idade de 10 a 25 anos. Ela também é quadrivalente, aplicada em três doses, porém não será disponível no sistema público assim como a Gardasil. O programa nacional de imunizações (PNI), introduziu no calendário básico, na data de 10 de março de 2014 a vacina quadrivalente contra HPV que confere proteção contra HPV de baixo risco (HPV 6 e 11) e de alto risco (HPV 16 e 18). Essa vacina previne infecções pelos tipos virais presentes na vacina e, consequentemente, o câncer do colo do útero e reduz a carga da doença. Tem maior evidência de proteção e indicação para pessoas que nunca tiveram contato com o vírus. A vacina HPV é destinada exclusivamente à utilização preventiva e não tem efeito demonstrado ainda nas infeções pré- existentes ou na doença clínica estabelecida. Portanto, a vacina não tem uso terapêutico no tratamento do câncer do colo do útero, de lesões displásicas cervicais, vulvares e vaginais de alto grau ou de verrugas genitais.A população alvo da vacinação com a vacina HPV e composta por adolescentes do sexo feminino. Em 2016, a faixa etária escolhida é de 9 anos, para meninas nascidas entre 01/01 e 31/12 do ano em que completam 9 anos. Recomenda-se que, no momento da administração da 1ª dose, seja entregue uma carta à adolescente orientando sobre aonde se dirigir para a administração da 2ª dose. Nas Unidades Básicas de Saúde, a vacinação das adolescentes ocorrerá sem necessidade de autorização ou acompanhamento dos pais ou responsáveis. Na vacinação em escolas, caso o pai ou responsável não autorize a vacinação da adolescente, orienta-se que assine e encaminhe a escola o “Termo de Recusa de Vacinação contra HPV”, distribuído pelas Escolas antes da vacinação.Depois de assinado, o termo deverá retornar à Unidade de Saúde de referência com antecedência de uma semana, para o planejamento das doses a serem administradas Para maiores informações, realize estudos nos cursos de ATUALIZAÇÃO DO CALENDÁRIO DE VACINAS PARA CRIANÇAS E ADOLESCENTES e IMUNIZAÇÃO – CONCEITOS E TÉCNICAS DE VACINAS. 10. DIAGNÓSTICO O diagnóstico da infecção pelo HPV é clínico, epidemiológico e laboratorial, observando-se suas formas de apresentação. Geralmente a infecção não apresenta sintomas e o único sinal é a presença de verrugas, pápulas em algum lugar da pele ou mucosa. Na maioria das vezes, o homem permanece assintomático (80%) e as lesões são subclínicas comportando-se apenas como um portador do HPV. A infecção pelo HPV na forma clínica é realizado a anamnese onde a paciente pode relatar a presença de verrugas ou mesmo contar sua história com ou sem presença de fatores de risco. Durante o exame físico, a infecção pode ser evidenciada a olhos nus, nas regiões perianal e genitália externa. As ___________________________________________________________________ 11 ___________________________________________________________________________ www.enfermagemadistancia.com.br lesões são localizadas em áreas úmidas, especialmente expostas ao atrito sexual, aumentam com o passar do tempo com crescimento em forma de “couve-flor”. A infecção do HPV na forma sub-clínica é baseado em alterações citológicas e/ ou histopatológicas. Através de peniscopia, colpocitologia, colposcopia com biópsia, e histopatologia, apesar de produzirem resultados discordantes no diagnóstico de infecção por HPV, representam eficientes métodos complementares. As lesões oriundas de infecção pelo HPV provocam, geralmente, alterações morfológicas características, nas quais células superficiais, intermediárias e endocervicais apresentam alterações na forma e tamanho do núcleo, hipercromatismo, cromatina granulosa e grosseira, detectáveis em citologia de raspados cérvico-vaginais e biópsia. Portanto é de grande importância os exames rotineiros de detecção de câncer por meio de esfregaços corados – Papanicolau, que permite a visualização das alterações citomorfológicas relacionadas ao HPV. O diagnóstico do HPV pode ser confirmado por biópsia. O diagnóstico definitivo é realizado pela detecção da presença do DNA viral por meio de testes de hibridização molecular (hibridização in situ, reação em cadeia de polimerase [PCR], captura híbrida). Além do teste de Papanicolau, tradicionalmente usado há mais de 30 anos, novas tecnologias têm-se juntado ao arsenal diagnóstico disponível para a detecção precoce desse tipo de neoplasia, entre as quais incluem a citologia em meio líquido e os testes para detecção do HPV por captura híbrida. A citologia em meio líquido é um método segundo o qual as células cervicais são imersas em líquido conservante antes da fixação da lâmina, o que evita o ressecamento do material e reduz a quantidade de artefatos, produzindo menor taxa de exames insatisfatórios. O prognóstico no câncer de colo uterino depende muito da extensão da doença no momento do diagnóstico, estando sua mortalidade fortemente associada ao diagnóstico tardio e em fases avançadas. As pacientes que são tratadas, quando o tumor está restrito ao cérvix, podem esperar uma taxa de sobrevida de 85% ou uma melhor sobrevida em cinco anos. Ao contrário, os tumores que se disseminaram além do cérvix para o tecido parametrial e paredes pélvicas laterais estão associados com sobrevida em cinco anos de 70% e 50%, respectivamente. 11. TRATAMENTO No tratamento da infecção pelo HPV, os resultados obtidos com as diferentes condutas terapêuticas são parciais, uma vez que, na maioria das vezes, não possibilitam a erradicação do vírus. No momento, não dispomos de medicamentos de ação sistêmica capazes de interferir na replicação viral. Parece haver consenso de que o tratamento da infecção pelo HPV restringe-se à destruição ou à excisão das lesões observadas. Assim mesmo, para conseguir esse feito, as dificuldades não são pequenas. ___________________________________________________________________ 12 ___________________________________________________________________________ www.enfermagemadistancia.com.br As decisões relacionadas ao início do tratamento da infecção pelo HPV devem ser tomadas considerando-se que as modalidades terapêuticas hoje disponíveis, não são totalmente eficazes e algumas produzem significativos efeitos colaterais. O tratamento pode ser dispendioso. Algumas lesões regridem espontaneamente. O objetivo do tratamento da infecção pelo HPV consiste na remoção das lesões condilomatosasvisíveis e subclínicas, visto que não é possível a erradicação do vírus HPV. Mesmo com o tratamento adequado são frequentes recidivas. A escolha do método terapêutico depende do número e da topografia das lesões e da associação ou não com neoplasia intraepitelial. No tratamento são utilizados as seguintes substâncias e métodos terapêuticos: - Substâncias:Podofilina, Ácido tricloroacético (ATA), Podofilotoxina,ImiquimodeInterferon - Métodos:Eletrocauterização, Crioterapia, Vaporização à laser e Exérese cirúrgica. 12. O HPV E O CÂNCER DE COLO UTERINO Historicamente, a associação do vírus HPV com o câncer de colo de útero começou no final da década de 40 quando médico grego Geórgios Papanicolaou introduziu o exame Papanicolau. Estudos ao longo dos anos confirmaram a presença do DNA do Papiloma Vírus Humano em quase 100% dos epitélios dos carcinomas invasivos de colo de útero, levando à tese mundialmente aceita de que a infecção pelo vírus HPV é "causa necessária para o desenvolvimento do carcinoma invasivo". Casos do câncer sem a presença do vírus HPV são raros e supõe-se,nestas situações, que o carcinoma não foi originado pela infecção viral ou possa ter ocorrido falha na detecção do HPV. Estudos consistentes possibilitaram o aprofundamento do conhecimento da resposta imunológica ao vírus, proporcionando o desenvolvimento de vacinas com baixas doses de antígenos e altamente imunogênicas. Porém, a vacina atuará como um meio de prevenção ao câncer de colo de útero somente para as mulheres que previamente tiverem acesso a ela antes do início da vida sexual. Fora deste contexto, o combate ao câncer cervical deve ser feito por meio da detecção de lesõesprecursoras e seu devido tratamento e seguimento clínico. Este tipo de câncer é o segundo mais comum entre as mulheres e apesar dos avanços nos conhecimentos sobre o HPV, as taxas de morbimortalidade por câncer de colo uterino continuam altas em países em desenvolvimento, por ser uma patologia de evolução lenta, sem manifestação clínica no seu início e por se tratar de uma infecção de transmissão sexual. Faz-se necessária a detecção precoce da infecção pelo HPV, pois milhares de mulheres já foram expostas a esse vírus e necessitam de acompanhamento adequado para que a infecção não progrida para o câncer. Para o enfrentamento do câncer, são necessárias ações que incluam: educação em saúde em todos os níveis da sociedade; promoção e prevenção orientadas a indivíduos e grupos (não esquecendo daênfase em ambientes de trabalho e nas ___________________________________________________________________ 13 ___________________________________________________________________________ www.enfermagemadistancia.com.br escolas); geração de opinião pública; apoio e estímulo à formulação de leis que permitam monitorar a ocorrência de casos. Para que essas ações sejam bem-sucedidas, será necessário ter como base as propostas em informações oportunas e de qualidade (consolidadas, atualizadas e representativas) e análises epidemiológicas a partir dos sistemas de informação e vigilância disponíveis. 13. HPV E SITUÇÕES ESPECIAIS 13.1. Gestantes Gestantes têm o mesmo risco que não gestantes de apresentarem câncer do colo do útero ouseus precursores. O achado destas lesões durante o ciclo grávido puerperal reflete a oportunidadedo rastreio durante o pré-natal. Apesar de a junção escamocolunar no ciclo gravídico puerperal encontrar-se exteriorizada na ectocérvice na maioria das vezes, o que dispensaria a coletaendocervical, a coleta de espécime endocervical não parece aumentar o risco sobre a gestaçãoquando utilizada uma técnica adequada. Recomendação: o rastreamento em gestantes deve seguir as recomendações de periodicidadee faixa etária como para as demais mulheres, sendo que a procura ao serviço de saúde pararealização de pré-natal deve sempre ser considerada uma oportunidade para o rastreio (A). 13.2. Pós-menopausa Mulheres na pós-menopausa, sem história de diagnóstico ou tratamento de lesões precursorasdo câncer do colo uterino, apresentam baixo risco para desenvolvimento de câncer. O rastreamento citológico em mulheres na menopausa pode levar a resultados falso- positivoscausados pela atrofia secundária ao hipoestrogenismo, gerando ansiedade na paciente e procedimentosdiagnósticos desnecessários. Mulheres no climatério devem ser rastreadas de acordo com as orientações para as demaismulheres; e, em casos de amostras com atrofia ou ASC-US, deve-se proceder à estrogenizaçãolocal ou sistêmica. É fato que o diagnóstico de casos novos de câncer do colo uterino está associado, em todasas faixas etárias, com a ausência ou irregularidade do rastreamento. Oseguimento de mulheres na pós-menopausa deve levar em conta seu histórico de exames. Recomendação: mulheres na pós- menopausa devem ser rastreadas de acordo com asorientações para as demais mulheres (A). Caso necessário, proceder à estrogenização prévia àrealização da coleta, conforme sugerido adiante (vide Exame citopatológico normal – Resultadoindicando atrofia com inflamação) (B). 13.3. Histerectomizadas O rastreamento realizado em mulheres sem colo do útero devido à histerectomia porcondições benignas apresenta menos de um exame citopatológico alterado por mil examesrealizados. Recomendação: mulheres submetidas à histerectomia total por lesões benignas, sem históriaprévia de diagnóstico ou tratamento de lesões cervicais de alto grau, podem ser ___________________________________________________________________ 14 ___________________________________________________________________________ www.enfermagemadistancia.com.br excluídas dorastreamento, desde que apresentem exames anteriores normais (D). Em casos de histerectomiapor lesão precursora ou câncer do colo do útero, a mulher deverá ser acompanhada de acordocom a lesão tratada (A). 13.4. Mulheres sem história de atividade sexual Considerando os conhecimentos atuais em relação ao papel do HPV na carcinogênese docâncer do colo uterino e que a infecção viral ocorre por transmissão sexual, o risco de umamulher que não tenha iniciado atividade sexual desenvolver essa neoplasia é desprezível. Recomendação: não há indicação para rastreamento do câncer do colo do útero e seusprecursores nesse grupo de mulheres (D). 13.5. Imunossuprimidas Alguns fatores de risco diretamente relacionados à resposta imunológica têm sido associadosà maior chance de desenvolvimento de NIC. Mulheres infectadas pelo vírus da imunodeficiênciahumana (HIV), mulheres imunossuprimidas por transplante de órgãos sólidos, em tratamentos decâncer e usuárias crônicas de corticosteroides constituem os principais exemplos deste grupo. Aprevalência da infecção pelo HPV e a persistência viral, assim como a infecção múltipla (por maisde um tipo de HPV), são mais frequentes nesse grupo de mulheres. Em mulheres infectadas peloHIV, o desaparecimento do HPV parece ser dependente da contagem de células CD4+ e lesõesprecursoras tendem a progredir mais rapidamente e a recorrer mais frequentemente do que emmulheres não infectadas pelo HIV. Entretanto, mulheres infectadas pelo HIV imunocompetentes,tratadas adequadamente com terapia antirretroviral de alta atividade (HAART), apresentamhistória natural semelhante às demais mulheres. Existem questionamentos quanto à eficácia do exame citopatológico em mulheres infectadaspelo HIV, pela maior prevalência de citologias com atipias de significado indeterminado e maiorfrequência de infecções associadas. Para minimizar os resultados falso-negativos, alguns autorespreconizam a complementação colposcópica. É consenso que, pelas características mencionadas, as mulheres infectadas pelo HIV devemser submetidas ao rastreio citológico de forma mais frequente. Diretrizes americanas recomendam a coleta anual da citologia após duas citologias semestraisnormais e, em mulheres com CD4 abaixo de 200 células/mm3, realizar citologia e encaminhar paracolposcopia a cada seis meses. Também, considerando a maior frequência de lesões multicêntricas, é recomendadocuidadoso exame da vulva, incluindo região perianal e da vagina. No caso de a citologia mostrarinflamação acentuada ou alterações celulares escamosas reativas, realizar nova coleta citológicaem três meses, após tratamento adequado. Recomendação: o exame citopatológico deve ser realizado neste grupo após o início daatividade sexual com intervalos semestrais ___________________________________________________________________ 15 ___________________________________________________________________________ www.enfermagemadistancia.com.br no primeiro ano e, se normais, manter seguimentoanual enquanto se mantiver o fator de imunossupressão (B). Mulheres HIV positivas com CD4abaixo de 200 células/mm³ devem ter priorizada a correção dos níveis de CD4 e, enquanto isso,devem ter o rastreamento citológico a cada seis meses (B). 14. PROMOÇÃO DA SAÚDE A atuação de uma equipe multiprofissional e principalmente o enfermeiro, podem realizar ações que atuem sobre os determinantes sociais do processo saúde-doença e promovamqualidade de vida são fundamentais para a melhoria da saúde da população e o controle dasdoenças e dos agravos. Para o controle do câncer do colo do útero, a melhora do acesso aos serviços de saúde e àinformação são questões centrais. Isso demanda mudanças nos serviços de saúde, com ampliaçãoda cobertura e mudanças dos processos de trabalho, e também articulação intersetorial, comsetores do setor público e sociedade civil organizada. O amplo acesso da população a informações claras, consistentes e culturalmente apropriadasacada região deve ser uma iniciativa dos serviços de saúde em todos os níveis do atendimento. O controle do tabagismo pode ajudar a minimizar o risco de câncer do colo do útero e étambém uma das prioridades da Política Nacional de Promoção da Saúde. ___________________________________________________________________ 16 ___________________________________________________________________________ www.enfermagemadistancia.com.br HPV E O CÂNCER DE COLO DE ÚTERO Avaliação 1) Os HPVS são agentes infecciosos pertencentes ao grupo dos: a) Bacilos b) Protozoários c) Vírus d) Helmintos 2) Em relação a transmissão do HPV: a) Há indícios que objetos contaminados (fômites) podem causar contaminação, porém com risco mínimo. b) O HPV é sexualmente transmissível. c) Pode ocorrer contaminação de mãe para filho. d) Todas as alternativas acima estão corretas. 3) De acordo com o potencial de oncogenicidade, assinale a alternativa INCORRETA: a) Considera-se de Baixo risco lesões de médio grau com NIC I e II; b) Ao Alto Risco estão relacionados aproximadamente 70% dos casos de câncer cervical invasivo e mais de 90 % das lesões intraepiteliais graves NIC II, NIC III; c) O tipo CP6108 é de Baixo Risco; d) Os tipos 6 e 11 causam a maioria das verrugas genitais visíveis na vulva, vagina, colo uterino, pênis, bolsa escrotal, uretra e ânus. 4) Assinale a alternativa correta: I- Os Papilomavírus Humanos infectam apenas os seres humanos. II- O genoma do HPV é constituído por RNA circular de dupla hélice. III- Os HPVs infectam os tecidos epiteliais cutâneos e mucosos. IV- De acordo com o potencial oncogenicidade os HPVs podem ser divididos em alto risco oncogênico e baixo risco oncogênico. Estão corretas as afirmativas: a) I e III b) I e IV c) II e III d) III e IV 5) Sobre o período de incubação do HPV e sua transmissibilidade é CORRETO afirmar: a) Apesar de ser considerada uma condição necessária, a infecção pelo HPV por si só não representa uma causa suficiente para o surgimento dessa neoplasia; b) O homem não é um reservatório do vírus. c) O período de transmissibilidade é conhecido e determinado. d) O HPV é um vírus que não consegue permanecer no estado latente por muitos anos. 6) A descoberta de que as verrugas genitais e o câncer cervical estão relacionados com a etiologia do HPV levou ao desenvolvimento de vacinas que podem prevenir o Câncer de Colo do Útero. Sobre a Vacina contra o vírus HPV: ___________________________________________________________________ 17 ___________________________________________________________________________ www.enfermagemadistancia.com.br I. O conhecimento da biologia viral é essencial para o desenvolvimento destas vacinas que contém o vírus atenuado, gerando anticorpos neutralizantes dirigidos às proteínas L1 e L2 do capsídeo, a qual tem papel importante na entrada do vírus na célula. II. A vacina quadrivalente evita todos os tipos de lesões de colo de útero classificadas como NIC I, II e III, em qualquer fase da infecção. III. A vacinação preventiva deve ser administrada antes da infecção pelo HPV, a fim de ajudar o sistema imune a reconhecer e evitar a infecção viral antes da entrada do vírus na célula, ou antes que a doença se estabeleça. IV. Estas vacinas, que tem efeito profilático sobre o HPV, são constituídas pelo vírus recombinante monoinfeccioso. Estão INCORRETAS: a) Apenas I b) Apenas I e III; c) Apenas II d) Todas as alternativas estão incorretas. 7) O diagnóstico da infecção pelo HPV é clínico, epidemiológico e laboratorial, observando-se suas formas de apresentação. É INCORRETO afirmar: a) O diagnóstico da forma clínica é feito através da anamnese e do exame físico. b) A forma subclínica é visível a olho nu. c) Lesões cervicais subclínicas podem ser detectadas por colpocitologia oncótica. d) O diagnóstico do HPV pode ser confirmado por biópsia. 8) No tratamento da infecção pelo HPV é correto afirmar: a) Os métodos terapêuticos, comprovadamente, podem erradicar o vírus. b) O objetivo do tratamento consiste na remoção das lesões condilomatosas visíveis e subclínicas. c) Na escolha do método terapêutico não deve ser levado em consideração o número e a topografia das lesões nem a associação ou não com neoplasia intra-epitelial. d) A Eletrocauterização é contra- indicada no tratamento das lesões do HPV. 9) Estudos comprovaram a relação do HPV e o Câncer de Colo de Útero. I- O exame Papanicolau é conhecido como exame preventivo do câncer de colo de útero. II- O Papanicolau tem como finalidade apenas detectar células com risco de câncer. III- Casos do câncer sem a presença do vírus HPV são muito raros. Estão CORRETAS: a) I e II b) I e III c) Apenas I d) Apenas II ___________________________________________________________________ 18 ___________________________________________________________________________ www.enfermagemadistancia.com.br 10. Em relação as formas de apresentação da infecção, marque a opção CORRETA: a) As lesões surgem em regiões como vulva, períneo, colo, vagina e região perianal na mulher. Enquanto o homem não apresenta em nenhum lugar do corpo, em nenhum momento da infecção. b) As lesões podem aparecer na forma de verrugas genitais e serem chamadas de diversas maneiras, desde condilomas ou mais popularmente como crista de galo, figueira, cavalo de crista ou jacaré de crista. c) As infecções por HPV nunca são sintomáticas, ou seja, quando a forma clinica é evidenciável, com observação a olho nu ou assintomáticas. ___________________________________________________________________ 19 ___________________________________________________________________________ www.enfermagemadistancia.com.br REFERÊNCIAS 1- BRASIL, Ministério da Saúde. Manual Técnico. Profissionais da Saúde. Prevenção do Colo do Útero. Brasília. 2002. 2- BRASIL. Ministério da Saúde. Doenças infecciosas e parasitárias: guia de bolso. 3. ed. vol. 2. Brasília, DF: 2004. 3- BRASIL, Ministério da Saúde. Manual de Controle das Doenças Sexualmente Transmissíveis DST. 4ª ed. 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