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Didática: Concepções e Tendências

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DIDÁTICA
 Rosângela Silveira Rodrigues
 Rose Mary Ribeiro 
Montes Claros - MG, 2010
2010
Proibida a reprodução total ou parcial.
Os infratores serão processados na forma da lei.
EDITORA UNIMONTES
Campus Universitário Professor Darcy Ribeiro
s/n - Vila Mauricéia - Montes Claros (MG)
Caixa Postal: 126 - CEP: 39041-089 
Correio eletrônico: editora@unimontes.br - Telefone: (38) 3229-8214
REITOR
Paulo César Gonçalves de Almeida
VICE-REITOR
João dos Reis Canela
DIRETOR DE DOCUMENTAÇÃO E INFORMAÇÕES
Giulliano Vieira Mota
Andréia Santos Dias
Bárbara Cardoso Albuquerque
Clésio Robert Almeida Caldeira
Débora Tôrres Corrêa Lafetá de Almeida
Diego Wander Pereira Nobre
Gisele Lopes Soares
REVISÃO DE LÍNGUA PORTUGUESA Jéssica Luiza de Albuquerque
Arlete Ribeiro Nepomuceno Karina Carvalho de Almeida
Rogério Santos Brant
REVISÃO TÉCNICA
Cláudia de Jesus Maia
IMPRESSÃO, MONTAGEM E ACABAMENTO
Gráfica Yago
PROJETO GRÁFICO E CAPA
Alcino Franco de Moura Júnior
Andréia Santos Dias
EDITORAÇÃO E PRODUÇÃO
Alcino Franco de Moura Júnior - Coordenação
CONSELHO EDITORIAL
Maria Cleonice Souto de Freitas
Rosivaldo Antônio Gonçalves
Sílvio Fernando Guimarães de Carvalho
Wanderlino Arruda
Copyright ©: Universidade Estadual de Montes Claros
 Catalogação: Biblioteca Central Professor Antônio Jorge - Unimontes
Ficha Catalográfica: 
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS - UNIMONTES
Ministro da Educação
Fernando Haddad
Secretário de Educação a Distância
Carlos Eduardo Bielschowsky
Coordenador Geral da Universidade Aberta do Brasil
Celso José da Costa 
Governador do Estado de Minas Gerais
Antônio Augusto Junho Anastasia
Secretário de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior
Alberto Duque Portugal
Reitor da Universidade Estadual de Montes Claros - Unimontes
Paulo César Gonçalves de Almeida
Vice-Reitor da Unimontes
João dos Reis Canela
Pró-Reitora de Ensino
Maria Ivete Soares de Almeida
Coordenadora da UAB/Unimontes
Fábia Magali Santos Vieira
Coordenadora Adjunta da UAB/Unimontes
Betânia Maria Araújo Passos
Diretor de Documentação e Informações
Giulliano Vieira Mota
Diretor do Centro de Ciências Biológicas e da Saúde - CCBS
Maria das Mercês Borém Correa Machado
Chefe do Departamento de Ciências Biológicas
Marcílio Fagundes
Coordenador do Curso de Ciências Biológicas a Distância
Ronaldo Reis Júnior
AUTORES
Rosângela Silveira Rodrigues
Doutora em História e Filosofia da Educação, na área de Epistemologia, pela 
UNICAMP. Mestre em Educação, na área Docência do Ensino Superior, pela 
PUC/Campinas. Professora de Didática do Departamento de Métodos e 
Técnicas Educacionais da Unimontes. Graduada em Pedagogia pela FUNM. 
Pesquisadora do Grupo de Pesquisa GEHES. Coordenadora da Pós-
graduação. Especialista em Metodologia Científica e Epistemologia da 
Pesquisa. 
Rose Mary Ribeiro 
Mestre em Educação, na área de Políticas Públicas, pela Universidade 
Católica de Brasília – UCB. Especialista em Sociologia pela Universidade 
Federal de Minas Gerais – UFMG. Especialista em Didática: Fundamentos 
Teóricos e Práticas Pedagógicas pela Faculdade de São Luís. Graduada em 
Pedagogia. Professora do Departamento de Métodos e Técnicas 
Educacionais da Unimontes. 
SUMÁRIO
Apresentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 07
Unidade I: As Concepções de educação que fundamentam o ato de ensinar: 
expressão da ação política do homem, para educar o homem, que, por 
meio de suas ações, produz e reproduz a história do universo onde
 habita . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
1.1 Concepções de Educação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
1.2 Referências. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
Unidade II: As tendências pedagógicas implantadas na educação escolar 
brasileira: propostas de ensino - aprendizagem/viabilização de
 interesses. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
2. 1 Tendência pedagógica tradicional liberal . . . . . . . . . . . . . . . . 37
2.2 Tendência pedagógica liberal renovada/moderna . . . . . . . . . . 41
2.3 Tendência pedagógica libertadora/teorias críticas da educação 49
2.4 A didática adotada nas relações ensino-aprendizagem norteadas 
pelas tendências pedagógicas predominantes na história da 
educação brasileira . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54
2.5 Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63
Unidade I I I : Di ferentes formas de t raba lho pedagógico na 
contemporaneidade: projetos de trabalho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65
3.1 Trabalho pedagógico, organização escolar, pluralidade cultural e 
conteúdos culturais: uma ideologia pol í t ica ou proposta 
de emancipação?. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 68
3.2 Projetos de trabalho: fundamentos e características . . . . . . . . 78
3.3 Referências. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 100
Unidade IV: Planejamento de ensino: objetivos, métodos, recursos e 
avaliação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 101
4.1 Planejamento de um sistema educacional . . . . . . . . . . . . . . 107
4.2 Planejamento escolar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 107
4.3 Plano curricular. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 109
4.4 Plano de ensino. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 109
4.5 Referências. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 125
Resumo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 127
Referências básica, complementar e suplementar. . . . . . . . . . . . . . . 137
Atividades de aprendizagem - AA. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 145
APRESENTAÇÃO
07
Caro(a) acadêmico(a):
A Didática é uma das disciplinas que compõem os cursos de 
formação de professores da UAB/Unimontes na modalidade EAD. 
Convidamo-lo (a) para refletir acerca dos elementos que consistem nos 
objetos de estudo da Didática, a fim de compreendermos a importância dela 
para a formação dos professores da Educação Básica.
Neste Caderno de referência você encontrará o conteúdo das 
quatro unidades propostas para essa disciplina nos cursos de formação de 
professores. 
As unidades I e II foram produzidas pela professora doutora 
Rosângela Silveira Rodrigues. Nessas unidades, discutiremos a respeito de 
assuntos referentes às concepções de educação que fundamentam as teorias 
clássicas de ensino-aprendizagem, as quais sustentam as tendências 
pedagógicas que norteiam as diferentes concepções de didática presentes 
nas práticas pedagógicas vivenciadas no decorrer da história da educação 
ocidental. 
No decorrer de nossas reflexões, buscaremos realizar uma análise 
com o intuito de desvelarmos as implicações políticas e ideológicas que 
permitiram a implantação dessas tendências, bem como a utilização das 
didáticas norteadas por elas no contexto educacional presente nas escolas 
brasileiras no decorrer da história da educação vivenciada nesse país. 
As unidades III e IV foram produzidas pela professora mestre Rose 
Mary Ribeiro. Na terceira unidade, dialogaremos a respeito da pluralidade 
cultural e de conteúdos culturais a partir dos PCNs e ainda faremos uma 
reflexão acerca da importância dos projetos de trabalho na organização da 
escola. Na quarta unidade, o nosso dialogo envolverá o planejamento de 
ensino e seus elementos. 
Como profissional da educação em formação, é indispensável que 
você conheçaos elementos aqui discutidos, porque o conhecimento deles 
contribuirá com a sua formação para o desenvolvimento de sua prática 
pedagógica no futuro. Esclarecemos que essa disciplina não é composta de 
receita de modelos, métodos, ou de como fazer, mas consiste em discussões 
teórico-práticas indispensáveis à formação do educador emancipado. 
08
Ciências Biológicas Caderno Didático - 3º Período
Figura 1: experiência de aprendizagem
Fonte: Arquivo pessoal Rosângela Silveira Rodrigues, 2009
Figura 2: situação de interação
Fonte: Caderno História da Educação - UAB 2009.
EXPERIÊNCIAS DE APRENDIZAGEM
09
Didática UAB/Unimontes
Situação de interação: Aqui você contará com o apoio do tutor, que 
recorrerá às ferramentas possíveis para auxiliá-lo.
Caro(a) acadêmico(a), sugerimos que você busque realizar as 
atividades propostas de forma a não ficar apenas com a leitura. Assim, 
atenda às sugestões e busque ler os textos apresentados, conheça as 
pesquisas mencionadas e, principalmente, faça a leitura de outros autores 
citados nas referências complementares. 
Preste muita atenção! Não se esqueça de realizar as atividades 
sugeridas após a leitura dos textos, pois elas são fundamentais para sua 
comprensão, bem como o ajudarão a pensar nas questões presentes nas 
leituras.
É importante salientar que você não pode se esquecer de que, por 
meio das reflexões propostas, pretendemos dialogar, a fim de contribuir para 
o seu crescimento intelectual e humano. 
Desejamos que este estudo seja desafiador e inquietante, 
provocando a problematização de conceitos que contribuam com a 
produção de novos conhecimentos referentes à temática discutida.
Bom estudo!
1
11
UNIDADE 1
AS CONCEPÇÕES DE EDUCAÇÃO QUE FUNDAMENTAM O ATO DE ENSINAR: EXPRESSÃO 
DA AÇÃO POLÍTICA DO HOMEM, PARA EDUCAR O HOMEM, QUE, POR MEIO DE SUAS 
AÇÕES, PRODUZ E REPRODUZ A HISTÓRIA DO UNIVERSO ONDE HABITA
INTRODUÇÃO À DIDÁTICA
Caro(a) acadêmico(a), apresentamos a você a primeira unidade da 
disciplina Didática I. O nosso objetivo principal é oferecer elementos 
necessáríos à reflexão acerca da Didática norteada pelas diversas 
concepções de educação, as quais fundamentam as tendências pedagógicas 
que norteiam as relações ensino-aprendizagem que permeiam as práticas 
educacionais nas escolas brasileiras. 
Queremos que você saiba que, ao ler os textos encontrados nessa 
unidade, vamos dialogar a respeito de questões referentes às concepções de 
educação presentes no decorrer da história da humanidade, com base em 
uma perspectiva histórico-crítica. 
Sendo assim, é importante esclarecermos que, aqui, partimos dos 
pressupostos de que a educação, como todos os elementos que compõem 
as relações entre homem e natureza, é produto do trabalho do homem, 
realizado no decorrer da história da sociedade.
Portanto, para estudarmos tais assuntos propostos, ancorar-nos-
emos no pensamento de teóricos que serão utilizados para nos proporcionar 
espaço de problematização e reflexão acerca dos conteúdos de Didática 
aqui abordados. Dessa forma, buscaremos respaldo no pensamento de 
autores como: Libâneo, Haidt, Veiga, Saviani, Gasparim, Silveira Rodrigues, 
Suchodolski, Damis, Resende, Aristóteles, Platão, Agostinho, Aquino, Marx, 
Engels, Descartes, Chatelet, Gramsci.
Nessa medida, o estudo proposto nesta unidade encontra–se 
organizado conforme apresentado abaixo:
1 As concepções de educação que fundamentam o ato de ensinar: 
expressão da ação política do homem, para educar o homem, que, por meio 
de suas ações, produz e reproduz a história do universo onde habita
1. 1 Concepções de educação
1.1.1 Concepção de educação essencialista: Sócrates, Platão e 
Aristóteles: um confronto entre o idealismo e realismo
1.1.2 Concepção de educação de Santo Agostinho e São Tomás de 
Aquino: contraposição entre a educação contemplativa e ativa 
1.1.3 Concepção de educação de Descartes e Bacon: a 
modernidade e os interesses pela construção da mentalidade educacional 
racionalista e empirista
1.1.4 Concepção de educação de Marx e Engels: tendência 
pedagógica histórico-crítica 
Bom estudo!
12
Ciências Biológicas Caderno Didático - 3º Período
AS CONCEPÇÕES DE EDUCAÇÃO QUE FUNDAMENTAM O ATO DE 
ENSINAR: EXPRESSÃO DA AÇÃO POLÍTICA DO HOMEM, PARA 
EDUCAR O HOMEM, QUE, POR MEIO DE SUAS AÇÕES, PRODUZ E 
REPRODUZ A HISTÓRIA DO UNIVERSO ONDE HABITA
Caro(a) acadêmico(a), iniciaremos nosso estudo alertando que 
pensar a Didática implica pensar no ato de ensinar, o qual, por sua vez, 
traduz uma ação do homem, que, como qualquer outra ação, traz em si uma 
intenção. Afirmar que cada ação expressa uma intenção é basear-se no 
ponto de vista de que o homem é um animal político, como já dizia 
Aristóteles. 
Diante da colocação acima, podemos concluir que as ações do 
homem são políticas, ou seja, precisamos compreender que nenhum ato do 
homem é neutro. Nessa direção, compreendemos que a forma como nós 
seres humanos agimos diante de qualquer situação é determinada pela 
nossa maneira de conceber o mundo, que, por sua vez, define os nossos 
interesses. 
Com base nas considerações acima, ressaltamos que o ato de 
ensinar também não é neutro. Sendo assim, para deslanchar esse estudo, 
você precisa levar em conta que partimos do pressuposto de que o professor 
ensina de uma forma ou de outra porque aprendeu ou aprimorou aquela 
maneira, cujos fundamentos foram pensados, no contexto de uma 
Figura 3
Fonte: Fotografia Saviane, Dermeval, II Lombarde, José Claudunei, III. Sanfelice. José Luís 
(Org) História da educação: o debate teórico-metodológico atual. Campinas, 
SP.: Autores associados: HISTEDBR, 1986
PARA REFLETIR
Segundo Adorno, a modelagem 
de ninguém tem o direito de 
modelar pessoas a partir do seu 
exterior; e ainda afirma que a 
mera transmissão de 
conhecimentos caracteriza a 
coisa morta. A educação 
verdadeira requer a produção 
de uma consciência verdadeira, 
que é da maior importância 
política (Adorno, 2003, p.141).
Nessa perspectiva, podemos 
concluir que a educação 
propõe desenvolver pessoas 
autônomas, ao deixar clara a 
necessidade de formar pessoas 
capazes de falar e agir por si 
próprias, o que significa 
capazes de se libertar da 
condição de tutela para se 
tornar um ser crítico diante da 
sociedade.
Assim, precisamos ter claro que 
na lógica aqui atribuída a 
educação emancipatória é 
condição para o 
desenvolvimento das relações 
sociais, políticas, econômicas e 
culturais de forma 
contextualizada, condição 
indispensável ao fortalecimento 
do trabalho pedagógico de 
qualidade, o que, por sua vez, 
é necessário para a formação 
de sujeitos emancipados. Ou 
seja, preparados no sentido 
que se refere aos aspectos 
culturais, antropológicos, 
econômicos e políticos, de 
forma que se tornam capazes 
de viver de forma autônoma.
www.dicionarioonline.com.br
13
Didática UAB/Unimontes
sociedade em alguma circunstância histórica, por pessoas movidas pelos 
interesses que predominavam em cada época da história. 
Esclarecemos que, na direção ora proposta, entendemos que a 
maneira como o professor ensina expressa o que ele pensa, sente, e, 
principalmente, o que deseja, ou seja, a sua intenção, caso tenha 
consciência do que faz. 
Lembre-se de que, caso o professor ensine repetindo 
mecanicamente uma forma de ensinar que aprendeu, sem pensar em 
quando, onde e como, em que contexto essa forma de ensinar foi criada, 
esse professor estará correndo o risco de expressar a concepção de mundo 
de outros, que o leva a realizar os interesses de outros, e de negar seus 
interesses, assumindo a condição de alienado.
Gostaríamos de que, na direção das reflexões que apresentamos 
nos parágrafos anteriores, você pensasse conosco a respeito das seguintes 
indagações: Quais as concepções de educação que fundamentam as teoriasdo ensino-aprendizagem propostas pelas tendências pedagógicas que 
fundamentam as práticas educacionais nas escolas brasileiras? Quais as 
visões de mundo que fundamentam essas concepções de educação? Em que 
contexto e a serviço de que interesses tais concepções foram produzidas? 
Quais são suas características? Até que ponto essas concepções se 
cristalizaram e permanecem presentes na educação escolar atual? 
Diante da contextualização e da problematização que 
apresentamos, faz-se necessário iniciarmos esse estudo com uma reflexão 
acerca das diferentes concepções de educação que deram origem às teorias 
clássicas do ensino-aprendizagem produzidas no decorrer da história da 
civilização e que vêm fundamentando as tendências pedagógicas que 
definem a Didática vivenciada na prática pedagógica das escolas brasileiras 
no decorrer da história da educação desse país até os dias atuais. 
1.1 CONCEPÇÕES DE EDUCAÇÃO
Iniciaremos nosso diálogo a respeito das concepções de educação 
procurando apresentar elementos histórico-filosóficos, os quais nos 
possibilitem compreender as concepções de educação que fundamentam 
as teorias de ensino-aprendizagem, que dão origem às tendências 
pedagógicas, permeiam a educação escolar do mundo ocidental e, por sua 
vez, definem a didática adotada pelos professores para ensinar nas escolas. 
Para tal tarefa, iremos refletir acerca do pensamento de alguns 
filósofos cuja visão de mundo dá origem às concepções de ensino-
aprendizagem que marcam a história da educação da antiguidade até os dias 
atuais. 
Salientamos que o pensamento dos filósofos que aqui 
apresentaremos não se encontra em constante consenso. Pelo contrário, 
PARA REFLETIR
Quando falamos de 
emancipação não estamos 
falando segundo a versão 
dicionarizada que concebe a 
emancipação como a 
libertação; chegada à 
maioridade. Porém, o sentido 
que atribuímos à palavra 
emancipação aqui está de 
acordo com Adorno (2003), 
quando esse fala a respeito da 
educação emancipatória como 
caminho para formar o sujeito 
racional, não de acordo com a 
razão instrumental e 
manipuladora, mas sim por 
meio de um caminho que 
eleva o homem a se 
desenvolver autônomo. Nessa 
direção, Adorno afirma que 
uma educação verdadeira é 
aquela comprometida com a 
verdade que vai além da 
aparência imediata. Sendo 
assim, é fundamental 
reconhecer a realidade e suas 
relações, buscar os fatos que a 
constituem, pois somente 
através do pensamento 
autônomo, valendo-se dos 
conhecimentos verdadeiros, o 
homem se liberta, se 
desprende de sua condição 
primitiva e consegue se 
encontrar como ser humano.
www.dicionarioonline.com.br
14
Ciências Biológicas Caderno Didático - 3º Período
marcam divergências de opiniões e, assim, veiculam interesses muitas vezes 
diferentes. 
Esclarecemos, então, que, em primeiro lugar, apresentaremos a 
concepção de educação de Sócrates, Platão e Aristóteles, filósofos que 
representam a Paidéia Grega. 
Na sequência, pontuaremos o pensamento de Santo Agostinho e 
Santo Tomás de Aquino que, no contexto da Idade Média, resgatam as ideias 
de Platão e Aristóteles, adequando-as àquele contexto com uma 
interpretação à luz do cristianismo.
Refletiremos, ainda, a respeito do pensamento de Bacon e 
Descartes que, no início da modernidade, dão continuidade às duas 
posições ideológicas favoráveis aos interesses político-econômicos da 
época.
Enfim, nesta unidade, realizaremos, ainda, uma reflexão a respeito 
da concepção de educação materialista histórico-dialética, que nega todas 
as demais concepções apontadas anteriormente, por meio da defesa de uma 
educação fundamentada na ideia da dialética produzida por meio do 
trabalho das mãos do homem. 
1.1.1 Concepção de educação essencialista: Sócrates, Platão e 
Aristóteles: um confronto entre o idealismo e realismo
Caro(a) acadêmico(a), para iniciarmos nosso diálogo, lembramos-
lhe que, no período denominado clássico, a partir de 450 a.C., na Grécia, 
encontramos o filósofo Sócrates, que, por meio de diálogos com os jovens 
em praças públicas, defendendo a ideia do auto-conhecimento, relacionava 
sua concepção de educação com a profissão de sua mãe, que era parteira.
Esclarecemos que Sócrates tinha uma visão de mundo que se 
manifestava idealista, essencialista quando propunha a busca do 
conhecimento da identidade, ou seja, do conhecimento da essência que 
cada um já traz consigo desde que nasce.
Alertamos, assim, que, nessa perspectiva, a concepção de 
educação é inatista, lembrando-se de que, para Sócrates, a pessoa só pode 
se conhecer por meio de seus pensamentos, ao buscar voltar para si mesma. 
Dessa forma, podemos compreender que, para Sócrates, o 
professor não devia ensinar diretamente, pois ele nada sabe. 
Você precisa saber que, nessa direção, ao professor cabia tirar da 
alma do aluno o que estava sendo gerado. E, na convivência de ambos, por 
meio de indagações, promovia-se a prática do pensar e, assim, conduzia-se 
o parto espiritual que proporcionava condições ao aluno para o auto-
conhecimento e descoberta do belo.
Ao pensamos a respeito da concepção de educação de Sócrates, 
vamos voltar o nosso olhar para a concepção de educação de Platão, 
PARA REFLETIR
Foi com base nas ideias dos 
filósofos que viveram na Grécia 
a partir do século IV a.C. que 
foram elaboradas várias 
concepções de homem que até 
hoje definem as visões de 
mundo e, consequentemente, 
a maneira de agir das pessoas, 
os valores; enfim, a sociedade.
Ao falar da Grécia, estamos 
falando de um aglomerado de 
cidades (polis), que não 
dependem umas das outras e 
que, na maioria das vezes, são 
rivais. Essas cidades se 
modificavam de acordo com o 
poder adquirido ou perdido, 
por meio de derrotas e vitórias, 
ao se enfrentarem guerreando. 
A forma de governo naquele 
contexto era a democracia. Os 
escravos eram as pessoas que 
pertenciam às cidades 
derrotadas pelas suas rivais 
durante as batalhas. O homem 
era livre somente entre os seus 
iguais. No governo 
democrático, cidadãos livres 
não passavam de 500 homens, 
sendo estes aristocratas, o que 
não incluía escravos, mulheres 
e camponeses.
15
Didática UAB/Unimontes
discípulo de Sócrates, pertencente a uma nobre família ateniense, o qual dá 
continuidade às ideias de seu mestre. 
Para continuarmos nossa conversa, você precisa ter clara a 
afirmação de Platão de que só os cidadãos livres passavam do mundo das 
aparências para o mundo das ideias da essência, do mundo da opinião para 
o mundo da razão. Assim, fica visível o caráter excludente e elitista do 
pensamento de Platão que seleciona as pessoas capazes de pensar lógica e 
metodicamente, que eram os cidadãos filósofos, seres libertos da ilusão, 
capazes de governar. Segundo Platão (1989, p. 32): 
Um homem perfeito só pode ser um perfeito cidadão. É 
necessário conhecer o bem para ser um homem de bem ou 
um bom cidadão. Se não o conhecer por si mesmo em todo 
seu esplendor, convém pelo menos ser orientado por 
aqueles que se elevaram até este conhecimento, ou seja, os 
filósofos. Eis por que é necessário, para o bem de todos, que 
os filósofos sejam considerados os líderes da cidade 
(PLATÃO,1989, p.32). 
Ressaltamos que, de acordo com o pensamento de Platão, 
conforme apresentamos anteriormente, em uma fase de sua vida concebia 
que o homem era livre perante os seus pares e apenas poucas pessoas 
tinham a capacidade de ver os fenômenos além das aparências, esta 
qualidade era para poucas pessoas. Dessa forma, a educação era concebida 
por Platão como o resultado da natureza de cada indivíduo.
Enfatizamos que, aqui, os processos educativos priorizavam os 
homens considerados livres, assim como nos dias atuais a educação é 
concebida com um caráter seletivo e excludente, por mais que não seja o 
que constanos discursos oficiais.
DICAS
Leia Mito das cavernas, de 
Platão, In OS PENSADORES, 
São Paulo: Abril Cultural, 1980.
Figura 4: Platão
Fonte: http://www.suapesquisa.com/grecia/
16
Ciências Biológicas Caderno Didático - 3º Período
Para darmos sequência aos nossos diálogos, lembramos-lhe que 
Platão, em outra época de sua vida, vê o mundo de forma mais realista. E, 
assim, ele muda sua maneira de conceber o homem: não como livre, mas 
obrigado a agir sob as instâncias da lei. 
Na perspectiva que caminha nossa reflexão, você precisa ter claro 
que, diante da nova visão de mundo de Platão, a sua concepção de 
educação encontra-se ligada às leis, partindo do entendimento de que, para 
cumprir as leis, o homem precisa ser educado. Assim, a educação é 
concebida como a preparação do homem para ser cidadão de acordo com 
os parâmetros exigidos para a sociedade, o que não é diferente da nossa 
realidade nos dias atuais. 
Salientamos, portanto, que, nesse contexto, sendo a educação uma 
necessidade do Estado, inclusive para se manter, o Estado é responsável pela 
educação, e o legislador é também um educador, em prol da formação de 
homens com as características necessárias ao exercício da obediência às leis, 
necessárias para uma cidade justa. 
Desse modo, ressaltamos que se torna necessário pensar como as 
ideias de política e ética teriam que ser passadas para o bom convívio social. 
Ou seja, que tipo de educação teria de ser proposta. Assim, podemos 
perceber que a educação é concebida como produto do homem, que a 
projeta e a vivencia, de acordo com interesses de determinados grupos de 
pessoas. 
Diante dessa reflexão, lembramos-lhe que a origem dos sistemas 
educacionais relaciona-se aos interesses ligados à sustentação da 
desigualdade social de uma determinada época. 
As considerações que ora apresentamos encontram-se de acordo 
com o nosso entendimento a respeito da lógica das palavras de Manacorda 
(1988) quando ele se refere à educação dos faraós no Egito, dizendo que eles 
eram preparados por escravos que se ocupavam da transmissão de uma 
cultura por meio de um tipo de discurso necessário à manutenção do 
modelo de estratificação social. Assim sendo, desde as civilizações antigas a 
divisão do trabalho é característica determinante da sociedade.
Você precisa saber, aqui, que a educação dos escravos era 
concebida por meio do processo de endoculturação. Lembramos que essa 
concepção só é massificada com a revolução burguesa, quando é proposta a 
política, a escolarização estatal. 
Considerando as colocações anteriores, urge problematizarmos 
que, no decorrer da história das civilizações, os processos educativos são 
criados de acordo com as classes sociais. Para você entender melhor, de 
acordo com os interesses das classes sociais que se encontram no poder em 
cada época da história.
Podemos, ainda, exemplificar essa problematização da seguinte 
maneira: Para os governantes, uma educação que prepara para o exercício 
do poder, o pensar, o falar e o fazer direcionado ao uso das armas; para o 
C
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B GGLOSSÁRIO
Maiêutica: Criada por Sócrates 
no século IV a.C., a maiêutica é 
o momento do "parto" 
intelectual da procura da 
verdade no interior do 
Homem. A auto-reflexão, 
expressa no nosce te ipsum - 
"conhece a ti mesmo" -, põe o 
Homem à procura das 
verdades universais que são o 
caminho para a prática do bem 
e da virtude. Sócrates aplicou-a 
para questionar os da nobreza 
grega, que se julgava superior e 
apta a controlar e orientar os 
demais, pertencentes ao povo.
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Paidéia: termo criado por volta 
do século V a.C. que quer dizer 
“criação dos meninos” (pais 
paidós) 
Fonte: Arruda Aranha, Maria
17
Didática UAB/Unimontes
produtor, o treinamento por meio da observação e da imitação; para os 
considerados governados e para os “socialmente excluídos”, nenhum tipo 
de educação. 
Para você compreender melhor a influência do pensamento 
idealista e seletivo de Platão nas diversas concepções de educação, é 
pertinente citar Suchodolski quando ele se refere à filosofia de Platão:
Sua importância capital na história espiritual da Europa 
resulta não só de ter sido, por diversas vezes, ponto de 
partida de várias correntes filosóficas, desde a época 
helenística, ao Renascimento, mas também de algumas das 
teses desta filosofia terem entrado por vezes no domínio 
público quase geral, tornando-se expressão da posição 
idealista mais vulgar em relação à realidade. Isto revelou-se 
particularmente fértil no campo da pedagogia 
(SUCHODOLSKI, 1984, p.19).
Ressaltamos, também, que, dessa maneira, esta concepção de 
educação separa teoria da prática quando define que algumas pessoas já 
nascem com a capacidade de praticar, enquanto outras nascem com a 
capacidade de pensar. Tais qualidades são determinadas de acordo com a 
identidade da classe social de cada um.
Caro(a) acadêmico(a), após as nossas conversas anteriores, nós 
podemos concluir que a concepção de educação centrada nas ideias 
socrático-platônicas não é dialética porque defende que a verdade está 
pronta e acabada por ser centrada na alma, na essência, e, assim, traz um 
modelo ideal de mundo pré-determinado, que precisa apenas ser 
descoberto no decorrer do processo educacional. 
Desde que já tenhamos consciência do que discutimos, para 
continuarmos nossas reflexões, lembramos-lhe que já dialogamos a respeito 
da concepção de educação presente na filosofia ou maneira de pensar de 
Sócrates e Platão. 
Sendo assim, conforme propomos no início desse diálogo, agora 
convidamo-lo (a) para pensarmos na concepção de educação presente na 
visão de mundo de Aristóteles. 
Precisamos de que você tenha claro que esse convite ajudará 
conhecer um pouco mais a respeito de como as ideias dos filósofos que 
representam a Paidéia Grega ainda encontram-se presentes na maneira de 
ensinar utilizada nas práticas pedagógicas que vivenciamos na escola 
atualmente.
Vamos, agora, dialogar buscando pensarmos a respeito da 
concepção de educação de Aristóteles (384-322 a.C.), e, para tanto, caro (a) 
acadêmico (a), você precisa ter claro que esse filósofo, por meio do seu 
pensamento, dá continuidade às várias ideias de Platão, até mesmo porque 
era seu discípulo. Contudo, ressaltamos que essa continuidade ao 
PARA REFLETIR
Platão propõe a divisão de 
classes e estabelece que cada 
pessoa tem obrigação de 
cumprir seus papéis de forma a 
manter a harmonia entre a 
hierarquia. Para isso, era 
preciso deixar de lado as 
desilusões criadas pelos 
interesses individuais.
Platão apresenta suas ideias de 
liberdade ainda jovem, no livro 
A República. Porém, depois de 
viver várias decepções, já em 
uma fase mais madura, ele 
nega as ideias idealistas 
propostas na República e 
apresenta no livro às Leis ideias 
realistas. Muda, assim, sua 
concepção de homem quando 
nega a liberdade da República 
por meio da proposta da 
ordem natural. A esse respeito, 
Chatelet 1974 comenta que, 
nas Leis, é proposto um estado 
definitivo do ensinamento 
político do platonismo, em que 
Atenas é governada pelas regras 
das leis, que demandam um 
legislador para criá-las e 
colocá-las em prática para 
organizar a vida coletiva atual 
do ser humano.
18
Ciências Biológicas Caderno Didático - 3º Período
pensamento de Platão não é na integra, pois Aristóteles rompe com algumas 
ideias de Platão, o que influencia em sua concepção de educação, como 
veremos a seguir. 
Caríssimos(as), após termos refletido acerca de elementos 
referentes à concepção de educação de Platão, dedicaremos agora as nossas 
reflexões a respeito do pensamento de Aristóteles, considerando que ele diz 
que o homem é um ser racional e, assim, é um ser pensante. Dessa maneira, 
o homem deve viver de acordo com suaconsciência reflexiva, que é a 
essência do ser racional. 
Para continuarmos, precisamos, portanto, esclarecer-lhe que, para 
Aristóteles, o ato de pensar é um ato racional, que é a essência da natureza 
humana. O pensamento comanda os demais atos humanos que podem ser 
condutas éticas, que o direciona ao equilíbrio e define sua postura. 
Dessa forma, queremos que você se lembre de que Aristóteles, ao 
considerar o homem com ser pensante, nega o pensamento de Platão, o 
qual defende que a qualidade de pensar não era para todos os homens, mas 
apenas para os aristocratas. 
Assim sendo, afirma a ideia de que o homem tem como potência a 
possibilidade de transformar o mundo em que vive. Nesse contexto, 
entendemos que Aristóteles busca defender a ideia da dialética, mesmo não 
conseguindo, como veremos logo mais. 
Para a sua melhor compreensão do assunto, você não pode se 
esquecer de que, ao contrário de Platão, Aristóteles é mais realista do que 
idealista. Concebe a educação de forma realista e diz que o 
desenvolvimento do homem segue uma lógica que é: potencial inato 
(natureza), hábito, ensino (razão). 
Esclarecemos-lhe que, por meio dessa lógica, podemos perceber a 
defesa de uma concepção de educação que se fundamenta em 
condicionamentos. Afirmamos porque sabemos que, por meio de 
condicionamento, podemos modelar as pessoas a adquirir determinados 
PARA REFLETIR
Aristóteles organiza o 
conhecimento grego e que, 
com essa organização, ele 
exerce forte influência na 
cultura do Ocidente?
Aristóteles diz que o homem é 
um animal político e que a 
ciência teria que observar a 
constituição dos seres por meio 
dos sentidos. Segundo ele, para 
alcançar a essência, é preciso ir 
do específico para o genérico. 
Defende, assim, a tese de que 
o conhecimento é construído 
por meio da indução que é a 
base intelectual.
C
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B GGLOSSÁRIO
Dialética: (do grego 
διαλεκτική). Era, na Grécia 
Antiga, a arte do diálogo, da 
contraposição e contradição de 
ideias. 
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Figura 5: Sociedade Grega
Fonte: JAERGER, W. Paidéia. São Paulo: Martins Fontes, 1995
19
Didática UAB/Unimontes
hábitos conforme determinadas conveniências. 
Alertamos para o fato de que naquele contexto a educação era 
concebida como um processo no qual o mestre dava ao homem as 
condições de aprendizagem praticando, por entender que, por meio do 
hábito, deve-se aprender o que é preciso fazer. Desse modo, o homem 
aprenderia a ser um nobre ou um ser inferior.
Gostaríamos de que você compreendesse que Aristóteles valoriza a 
atividade prática, que antes era destinada apenas aos considerados seres 
inferiores. É importante você entender, também, que Aristóteles discorda de 
Platão quando esse diz que a aprendizagem é inata e torna-se material por 
meio da maiêutica.
Na concepção aristotélica, a educação ocorre por meio da 
experiência da prática elaborada pelas mãos do homem, rompendo com a 
ideia platônica de que a educação é uma atividade meramente teórica.
Chamamos a sua atenção para o fato de que nessa perspectiva a 
educação se dá por meio do uso dos sentidos e das mãos. Nasce a ideia do 
aprender fazendo que predomina nas abordagens em que o professor não 
ensina, mas orienta por meio de suas atitudes, fato que não significa 
conceber a educação de forma dialética. 
Logo, posicionamo-nos quando lembramos que Aristóteles diz que 
o homem já nasce com potência que se materializará por meio da 
observação e do ato, repetido por várias vezes, que consiste no treino, como 
propõem as concepções técnicas, condicionantes. A esse respeito, Fritz 
afirma:
É possível tirar conclusões antropológicas da sua concepção 
educacional, podemos dizer que Aristóteles é realista 
também nas suas idéias sobre o homem. Se considerarmos 
os três fatores principais, que, segundo ele, determinam o 
desenvolvimento espiritual do homem - isto é: disposição 
inata, hábito e ensino - é altamente significativa a modesta 
importância que atribui ao ensino. Aproxima-se neste ponto, 
do resignado idealista Platão. Manifesta-se favorável às 
medidas educacionais condicionantes: discurso e instrução 
(...) certamente não tem eficácia para todos os homens; a 
alma do ouvinte precisa ser antes cultivada pelo hábito (...) ( 
FRITZ ,1987, p.11).
DICAS
Para compreender melhor 
sobre a concepção de homem 
proposta por Sócrates, Platão e 
Aristóteles, consulte o caderno 
das disciplinas História da 
Educação e Filosofia da 
Educação e/ou acesse os sítios: 
www.google.com.br 
http://pt.wikipedia.org/wiki
Figura 6: Modelo de escola na Idade Média
Fonte: www.educ.fc.ul.pt 
20
Ciências Biológicas Caderno Didático - 3º Período
1.1.2 Concepção de educação de Santo Agostinho e São Tomás de 
Aquino: contraposição entre a educação contemplativa e ativa 
Para continuarmos nosso estudo a respeito das diferentes 
concepções de educação, após termos falado a respeito das concepções 
socrático-platônicas e aristotélicas, convidamo-lo (a) a enveredar em outra 
época da histórica que se inicia por volta de 264 a.C., período em que a 
cultura grega era entendida como pagã e negada pelo dogma cristão, 
presente na cultura romana, momento histórico denominado Idade Média. 
Você precisa saber que se faz necessário enveredar nossa discussão 
rumo a Idade Média, porque nesta predomina a filosofia cristã, que, em 
determinados momentos, adaptou o pensamento grego aos dogmas 
cristãos, de forma a influenciar diretamente na concepção de educação 
predominante naquela época a serviço de seus próprios interesses.
No período medieval, encontramos o pensamento de Santo 
Agostinho e São Tomás de Aquino. Suas idéias marcam a história por meio 
de suas concepções de educação, cujas origens se encontram no 
pensamento de Sócrates e Platão e as conseqüências se encontram 
presentes nas concepções de educação predominantes nas escolas 
brasileiras. 
Nessa medida, continuaremos essa reflexão a partir do pensamento 
de Santo Agostinho, considerado discípulo de Platão, que, na Idade Média, 
produz uma concepção de educação que se torna reconhecida como uma 
doutrina pedagógica. 
Para falarmos da concepção de educação de Agostinho, tomamos 
como ponto de partida a sua 
concepção de homem: uma 
alma que se vale do corpo 
para viver na terra. A alma, 
comanda o corpo, que, por 
sua vez, precisa ir em direção 
à ética do bem, buscando 
permanecer longe do mal. Por 
esse motivo, vive em meio a 
conflitos, que devem ser 
disciplinados a reconhecer 
D e u s , c o n d i ç ã o p a r a 
encontrar a verdade, que está 
em seu interior, onde Deus 
habita. 
Assim, concebe o 
homem como um se r 
miserável, que poderá se 
PARA REFLETIR
Retome ao caderno da 
disciplina História da Educação 
e releia a unidade que diz 
respeito à educação na Idade 
Média. 
Acesse também: 
http://www.suapesquisa.com/id
ademedia
Figura 6: Santo Agostinho
Fonte: Foto extraída da obra, AGOSTINHO, Santo. 
Confissões; De Magistro. In: OS PENSADORES, 
São Paulo: Abril Cultural 1980
21
Didática UAB/Unimontes
salvar apenas pela graça divina, pois, mesmo sendo feito semelhante a Deus, 
vive sempre com a tendência de distanciar-se dele. 
Chamamos a sua atenção para o fato de que, no cerne da 
concepção de homem de Agostinho, encontramos sua concepção de 
educação – que, segundo ele, é obra de Deus –, pois só Deus é capaz de 
informar a mente do homem.
Agostinho afirma o pensamento socrático-platônico dizendo que a 
educação é “iluminação interior”. Para o homem se educar, é necessário 
voltar para si mesmo. A contemplação é fundamental no processo 
educacional, pois é necessária numa situação em que o homem se sente 
aflito e busca respostas. Na obra (De Magistro) , “O mestre”, escrita por 
Agostinho, ele diz que o único mestre é Deus e que o papel do professornão 
é educar, mas sim incomodar o aluno, para que ele busque consultar seu 
interior, considerado como morada de Cristo que é a verdade imutável, 
sendo, dessa maneira, coerente com a proposta platônica de uma educação 
que nasce na alma. Nas palavras de Agostinho: 
Erram, pois, os homens ao chamar de mestres os que não 
são, porque na maioria das vezes entre o tempo da audição e 
o tempo da cognição nenhum intervalo se interpõe; e 
porque como depois da admoestação do professor, logo 
aprendem interiormente, julgam que aprenderam pelo 
mestre exterior que nada mais faz do que admoestar (... ) ( 
AGOSTINHO,1980, p. 323-324).
Assim, podemos considerar essa concepção de educação 
contemplativa, em que, por meio do verbalismo do professor, o aluno é 
incomodado e busca a contemplação que o leva ao auto-conhecimento que 
significa encontrar a essência por meio da reflexão. Concebe que a 
educação não depende da atividade do homem, ela é gratuita. A pessoa já 
nasce com a sabedoria, só precisa buscar conhecê-la. 
Após termos refletido acerca da concepção de educação de 
Agostinho, buscaremos voltar nossas reflexões para o pensamento de Santo 
Tomás de Aquino. Para tanto, 
precisamos lembrar que no curso da 
história os bárbaros invadem Roma e 
provocam a queda do seu império.
Esclarecemos que, nesse 
contexto, pensadores cristãos 
transmitem as ideias dos filósofos 
gregos a serviço dos interesses da fé e 
da razão. Ressaltamos, ainda, que 
São Tomás de Aquino apresenta 
uma concepção de educação 
baseada no pensamento de 
Figura 7: São Tomas de Aquino
Fonte: AQUINO, Tomás. Sobre o Ensino 
(De Magistro), Os sete Pecados Capitais, 
São Paulo: Martins Fontes, 2001
22
Ciências Biológicas Caderno Didático - 3º Período
Aristóteles, que defende a ideia de que a educação passa pelos sentidos que 
percebem a realidade e que, a partir de então, por meio da atividade do 
pensamento, elabora argumentos que justificam a existência de Deus. 
Todavia, para o entendimento desse contexto, você precisa 
considerar que Aristóteles e Aquino valorizam a vida ativa intelectiva e a 
atividade prática, mostrando o valor do trabalho do homem nas relações 
com a natureza que promovem a evolução da história da humanidade. 
Dessa forma, apontam, ao mesmo tempo, a diferença singular entre o 
homem e os demais animais. Nas palavras de Aquino:
(...) alma intelectiva, sendo compreensiva dos universais, 
tem faculdade para infinitas coisas. E, por isso, a natureza 
não lhe podia estabelecer determinados conhecimentos 
naturais, ou ainda, determinados auxílios de defesa ou de 
proteção, como para os outros animais, cujas almas têm 
apreensão para cousas particulares. Mas, em lugar de tudo 
isso, o homem tem naturalmente a razão; e as mãos, órgãos 
dos órgãos, e com elas pode preparar para si instrumentos de 
modos infinitos e com infinitos efeitos (AQUINO, 2001, p. 
663).
Ao compreendermos que Aquino nega que a pessoa já nasce com o 
conhecimento, pressupõe-se que elas não precisam ser educadas. Para 
acontecer a educação, é necessária uma relação íntima entre a razão e as 
mãos. O professor não ensina, mas, por meio dos atos, oferece um ambiente 
adequado à observação dos alunos, que, por sua vez, memoriza-os por meio 
da imitação. Afirma, ainda, que tal relação é a característica do homem, 
possibilitando-lhe transformar o mundo. 
Na obra De Magistro, ao defender que o espírito é integrado à 
matéria, Aquino contradiz as idéias da existência de um só intelecto para 
todos os homens, defendendo as doutrinas dominantes na época. Sua 
concepção de educação também contradiz as doutrinas dominantes na 
época, ao defender que a pessoa não aprende por si própria, só ouvindo o 
professor falar e meditando. 
Podemos observar a defesa da concepção de que a educação é, ao 
mesmo tempo, ativa e contemplativa (teórica e prática), que se inicia por 
meio do intelecto que ilumina tudo que vê, ou seja, pelos órgãos do sentido 
da visão que apreende a imagem de forma a possibilitar a ação intelectual 
intencional que é o pensamento.
Ressaltamos, também, que Aquino trata a educação intelectual 
como intencional. Ou seja, os atos do homem não são neutros, pois ele é um 
ser pensante. Logo, se entendemos que a Didática diz respeito ao ato de 
ensinar do professor que é um homem, a Didática não é neutra, mas sim 
carregada de interesses. Diante da premissa ora apresentada, pode afirmar 
que, para Aquino, a educação não é neutra. 
Precisamos entender que Aquino concebe a educação como um 
23
Didática UAB/Unimontes
fenômeno ativo, não mecânico. Com base nas ideias de Aristóteles, a 
educação é como a condução da potência, a qual é a predisposição inata 
que a pessoa tem ao ato estimulado, com fim em si próprio. Aprender 
fazendo. 
Diante dessas ideias, podemos problematizar: Até que ponto a 
presente concepção de educação pode ser entendida como uma concepção 
dialética? 
Ora, se seus pressupostos se referem ao entendimento de que a 
educação não é neutra, valoriza a teoria e a prática, ou seja, propõe o 
aprender fazendo, não concebe o aluno como um ser passivo. Dessa forma, 
podemos entender que, mesmo não se concretizando de forma dialética, a 
concepção de educação de Aquino apresenta características de uma visão 
dialética. 
Alertamos utilizando o ditado popular que diz que “nem tudo que 
parece é”. Vejamos: Mesmo apresentando algumas características coerentes 
com a visão dialética, devemos observar que essa concepção afirma que a 
pessoa já nasce com um potencial, ou seja, com identidade, essência, e 
precisa ser estimulada e conduzida a ações que a fará desenvolver sua 
potencialidade. Entendemos que conduzir é dirigir, guiar e direcionar. 
Então, reconhecemos que aqui é visível o caráter revolucionário ao 
valorizar a atividade prática. Porém, contradiz uma concepção dialética, 
pois, esta entende que as pessoas não nascem com um potencial pré-
determinado. Mas que o potencial é produto das relações vivenciadas no 
decorrer do processo histórico de sua vida. 
O potencial dos indivíduos é produzido no decorrer da vivência, no 
contexto das contradições sociais enfrentadas no dia a dia, que o provoca a 
pensar e elaborar propostas para resolver problemas vivenciados na 
realidade, o que contradiz a ideia da necessidade de alguém com atos a 
serem observados como exemplos a serem seguidos. 
Enfim, podemos considerar que até então já refletimos acerca de 
duas concepções de educação, sendo uma idealista, centrada na atividade 
intelectual, proposta na Grécia clássica por Sócrates e Platão, e resgatada na 
Idade Média, com enfoque cristão, por Santo Agostinho. A outra concepção 
é realista, centrada na atividade prática e teórica, viabilizada pelos sentidos, 
proposta por Aristóteles, e resgatada, no final da Idade Média, por Santo 
Tomás de Aquino, com enfoque cristão. A respeito das concepções clássicas 
de educação estudadas, Damis afirma:
SÓCRATES, PLATÃO E ARISTÓTELES, na antiguidade, e 
SANTO TOMÁS DE AQUINO, na idade média, representam 
bem o pensamento da época ao desenvolverem e 
difundirem, como filósofos e educadores, suas concepções 
de mundo. Apesar de viverem em momentos diferentes, 
seus estudos e reflexões pedagógicas convergiram para um 
ponto comum: desenvolver no homem sua essência ideal de 
PARA REFLETIR
Quando nasce a nova escola 
burguesa, nasce o humanismo, 
um movimento de cunho 
aristocrático, contrário à cultura 
medieval. 
Nesse contexto, formam-se as 
classes sociais do clero, da 
nobreza e da burguesia. 
Nesse ambiente, dá-se início 
ao processo de venalidade da 
ciência, em que se procura 
formar o profissional do 
mundo, que busca uma 
profissão.
24
Ciências Biológicas Caderno Didático - 3º Período
forma a atender às necessidades que as justificavam. 
Levando em conta a estratificação socialpredominante na 
sociedade, nesta época, o homem a ser desenvolvido era o 
que compunha a classe de homens livres. A eles eram 
conferidas todas as prerrogativas humanas (DAMIS, 1995, 
p.14).
Concordamos com o pensamento da Damis e podemos 
compreender, também, que as duas concepções de educação estudadas 
norteiam as práticas pedagógicas adotadas até a atualidade, mesmo tendo 
como fundamento uma visão essencialista. 
Lembramos-lhe que essa visão fundamenta as concepções de 
educação, ora por meio de uma lógica idealista, ora por meio de uma lógica 
realista. Mas, em nenhum momento, nenhuma das duas é embasada em 
uma visão dialética, o que justifica terem sido pensadas a serviço da 
estratificação social da época.
Dando continuidade ao nosso estudo, iremos enveredar em outra 
época da histórica, em que encontramos o início da idade moderna em 
meio a conflitos. Contexto em que se encontra em destaque o pensamento 
de Bacon e Descartes, cujos pensamentos reforçam as concepções de 
educação estudadas. Conforme entendemos, influenciam diretamente as 
tendências pedagógicas que fundamentam a Didática implantada no 
contexto da educação brasileira no decorrer de sua história.
Convidamo-lo (a), agora, para procurar conhecer determinados 
elementos relevantes no contexto de transição da Idade Média para a 
Moderna, considerados pré-requisitos à realização de uma reflexão acerca 
das concepções de educação fundamentadas no pensamento de Descartes 
e Bacon. 
1.1.3 Concepção de educação de Descartes e Bacon: a modernidade e os 
interesses pela construção da mentalidade educacional racionalista e 
empirista 
É indispensável lembramos que, com o renascimento da 
mentalidade científica moderna, os interesses sociais, em relação ao 
conhecimento, não eram apenas os de conhecer fenômenos naturais, mas 
sim de descobrir as leis que os regia, em busca de possibilidades de explorá-
los. 
Na sequência, precisamos ressaltar, também, que, nesse momento 
da história, a escola é transformada em uma sociedade mercantil, menos 
dependente da igreja e do império. E, assim, os interesses políticos e 
econômicos revolucionam os métodos de ensino por meio da venda da 
ciência.
Enfatizamos, ainda, que, com o renascimento, as ideias 
PARA REFLETIR
Martinho Lutero foi o primeiro 
a propor a universalização do 
saber? 
ATENÇÃO!
Ele foi o primeiro a pensar em 
ensino básico público gratuito 
para todos, com interesses 
relacionados à fé, e de acordo 
com o espírito do 
individualismo burguês, por 
meio da defesa da vontade 
livre do homem, em relação ao 
que é inferior a ele. 
Por volta dos séculos XVI e 
XVII, a modernidade envolveu 
pensadores, como: Giordano 
Bruno, Nicolau Copérnico, 
Galileu Galilei, Francis Bacon, 
René Descartes, João Amos 
Comênio, John Locke, etc. 
Destaca-se nesse contexto 
Galileu Galilei(1564-1642). 
Segundo ele, produz-se 
conhecimento pela 
experiência, construindo, 
assim, o método científico, o 
qual propõe como etapas: 
observações, hipóteses, 
experimentação e produção 
das leis conforme resultados.
25
Didática UAB/Unimontes
racionalistas valorizam a intelectualidade com o interesse de explorar a 
natureza e conhecer e controlar as leis que a regem, por meio da observação 
e experimentação dos fenômenos, com o propósito de confirmar ou não 
hipóteses sobre eles. 
No cerne desse contexto, a ciência passa a ter um caráter ativo, de 
acordo com a lógica mecanicista, quantitativa de causa e efeito, por 
intermédio do pensamento de Galileu. Logo mais esse método é 
formalizado por Bacon.
Nesse caminho, esclarecemos-lhe que Bacon propõe uma ciência 
que defende a lógica indutiva por meio do método experimental, com base 
em generalizações oriundas de observações repetidas de fenômenos, com a 
finalidade de formular leis científicas. Logo, podemos considerar que a 
concepção de educação proposta por meio das ideias empiristas de Bacon 
encontra-se em consonância com o pensamento de Aquino na Idade Média 
quando ele afirma que o conhecimento é construído da abstração 
intelectual a respeito do que é percebido pelos sentidos na natureza. A 
respeito do pensamento empirista, nas palavras de Resende:
(...) teoria do conhecimento que explica a origem das idéias 
a partir de um processo de abstração que se inicia com a 
percepção que temos das coisas através de nossos sentidos. 
“Nada está no intelecto que não tenha estado antes nos 
sentidos” – eis um dos lemas do empirismo. É a partir dos 
dados de nossa sensibilidade que o entendimento produz, 
por um processo de abstração, as idéias (RESENDE, 1989, p. 
99).
Nessa direção, podemos entender que a concepção de educação 
que origina no pensamento em questão tem suas raízes no pensamento 
realista de Aristóteles, que se encontra presente na história da educação 
brasileira por meio de tendências pedagógicas aqui adotadas, as quais 
pressupõem que o aluno constroi seu conhecimento ao observar a natureza 
e escutar o mundo, independentemente do verbalismo de professor. 
Aprender fazendo, manipulando, experimentando.
É preciso lembramos, também, que tais tendências consistem em 
concepções dominantes, que, por meio da proposta de educação via 
experiência pratica, ou aprender fazendo, que relaciona com o aprender a 
aprender, estão a serviço dos interesses originados nas ideias iluministas, as 
quais afirmam que o aluno constroi gradativamente o conhecimento no 
decorrer de sua existência, por meio dos estímulos apresentados no meio 
em que vive.
Após termos pensado na concepção de educação de Bacon, que 
podemos observar ser essencialista, porém realista, podemos dar sequência 
às nossas reflexões na direção de buscarmos agora o pensamento de 
Descartes. 
Sendo assim, salientamos que, no desenrolar desse contexto 
PARA REFLETIR
A concepção de homem de 
Bacon e Descartes que 
apresentamos se tornou o 
paradigma dominante da 
ciência moderna, que, por sua 
vez, considera que o mundo 
regido por modelo mecânico 
está pronto para ser conhecido, 
por meio intervenção técnica. 
Dos pensamentos discutidos 
nesta unidade, nasce o 
humanismo, com base em 
ideias de individualidade, e o 
conhecimento é visto de 
acordo com os racionalistas. 
Ou seja, dedutivo, das ideias 
para as sentidos, ou de acordo 
com os empiristas: indutivo, 
dos sentidos para as ideias.
26
Ciências Biológicas Caderno Didático - 3º Período
histórico, Descartes, com o seu pensamento, passa a ser visto como o pai do 
racionalismo, influenciando decisivamente a maneira de pensar 
predominante na cultura ocidental.
Precisamos ter claro que Descartes defende o homem como um ser 
pensante e racional, independente, capaz de perceber o mundo 
sensorialmente e conhecê-lo por meio do pensamento, de forma a fazer 
escolhas convenientes. 
Essa concepção rompe com o conhecimento originado na fé e 
concebe o sujeito como conhecedor, afirmando que o homem existe a partir 
de sua capacidade de elaboração do pensamento, por meio de uma razão, 
direcionada à busca do conhecimento pelo menor número de regras.
Com base nas ideias que apresentamos no parágrafo acima, 
Descartes estabelece a dúvida metódica como condição para conhecer a 
verdade. Dessa maneira, nega o empirismo e propõe questionar todos os 
conhecimentos e analisá-los criteriosamente, tendo em vista encontrar a 
verdade. 
Nessa veia, Descartes concebe o homem como ser pensante e 
racional, independente, consciente do seu valor, capaz de discernir o que é 
melhor para si mesmo, capaz de perceber as coisas sensorialmente e 
conhecê-las por intermédio do pensamento. 
Diante da concepção de homem produzida por Descartes, 
podemos concluir que a sua concepção de educação se encontra originada 
nas ideias socrático-platônicas que defendem que a aprendizagem se dá na 
alma. Prioriza, dessa forma, o pensamento entendidocomo atividade 
teórica que, por sua vez, é considerada a essência da natureza humana.
Ressaltamos, então, que a educação é concebida como produto do 
Figura 8: Descartes
Fonte: DESCARTES, René. Discurso do Método; Meditações; Objeções e respostas; 
As paixões da alma, Cartas. In. OS PENSADORES, São Paulo: Abril Cultural, 1979.
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Didática UAB/Unimontes
homem que, na condição de ser pensante, é capaz de perceber o mundo 
por meio dos sentidos e conhecer os dados percebidos por meio do 
raciocínio, o qual consiste na atividade do pensamento. 
Esclarecemos, também, que, com Descartes, nasce a concepção de 
educação humanista moderna, fato que fica visível ao defender o 
antropocentrismo. E ainda quando explica que a construção do 
conhecimento é mecânica e acontece por meio da intervenção técnica 
sobre a natureza física e humana.
Com as reflexões realizadas, é possível percebermos que 
concepções filosóficas de educação, produzidas na Grécia e cristalizadas até 
a sociedade atual, deram origem a correntes filosóficas diferentes. Correntes 
que têm como fundamentos o princípio da identidade (mundo das 
essências). Essas correntes podem ser consideradas: uma idealista que 
origina as concepções de educação idealista e outra realista que dá origem às 
concepções de educação com base empirista.
Diante do exposto, você precisa entender que as concepções de 
educação abordadas fundamentam as tendências pedagógicas educacionais 
predominantes no decorrer da história da educação brasileira, por meio da 
Didática adotada nas práticas pedagógicas vivenciadas pelos docentes nas 
salas de aula das escolas. 
Aqui se faz indispensável tecermos algumas considerações 
referentes aos elementos que estamos discutindo. Dessa forma, pontuamos 
que as concepções de educação produzidas no contexto do nascimento da 
classe burguesa determinam as concepções de educação que fundamentam 
os pensamentos dos autores que produzem as teorias clássicas de ensino-
aprendizagem adotadas atualmente. 
Conforme mencionamos, as concepções de ensino-aprendizagem 
produzidas por autores, como: Comênio, Rousseau, Herbart, originadas nas 
ideias defendidas por Sócrates e Platão na Grécia clássica, Santo Agostinho 
na Idade Média, e Descartes na Modernidade, contradizem as concepções 
de ensino-aprendizagem produzidas por pensadores, como: Pestalozzi, 
Froebel, Montessori, J. Dewey, etc., concepções que se originam nas ideias 
de Aristóteles na Grécia clássica, Santo Tomás de Aquino na Idade Média, 
bem como nas ideias de Bacon na Modernidade. 
Lembramos, enfim, que, no decorrer desse estudo, buscamos 
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Cosmopolita: pessoa que se 
considera cidadão do mundo e 
que em toda a parte há 
conhecimentos, adaptando-se 
facilmente aos costumes das 
diferentes terras por onde 
passa, vivendo em todas 
perfeitamente e adaptando-se 
ao meio ambiente. 
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Figura 9: Marx 1996
Fonte: Fotografias MARX K. Manuscritos econômico-filosóficos. Lisboa, Edições 70
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Ciências Biológicas Caderno Didático - 3º Período
problematizar que as duas concepções mencionadas foram produzidas a 
serviço de interesses relacionados à divisão do trabalho, a favor da 
manutenção de uma classe dominante, independentemente do contexto 
social em que elas foram vivenciadas. 
Ressaltamos, ainda, que essas concepções encontram-se ora 
priorizando a teoria, ora a prática, ora a qualidade, ora a quantidade. Nesse 
caminho, conforme diz Silveira Rodrigues,
As duas direções apresentadas acima direcionam, também, 
elaboração de muitas teorias psicológicas e, consequente-
mente, teorias do ensino-aprendizagem, que fundamentam 
a Didática a ser adotada nos séculos XVII e XVIII, e 
conseqüentemente na atual realidade da educação 
institucional brasileira, quando esta tem como eixo dos 
problemas a explicação do mundo, através ora de sua 
representação, ora ou através do pensamento (SILVEIRA 
RODRIGUES, 2006, p. 38).
Podemos considerar que as concepções de educação até então 
discutidas não foram produzidas a serviço da sociedade em seu todo, mas 
apenas de um pequeno grupo de pessoas que se colocavam como 
detentoras do poder.
Na sequência de nossas reflexões, em busca do entendimento a 
respeito das concepções de educação, necessitamos ressaltar que, na esteira 
da história, com a ascensão dos burgueses, esses se conscientizaram de sua 
condição de classe social. E, em meio a esse contexto, são encontradas 
pessoas que se articulam na direção de pensar possibilidades de uma 
sociedade mais justa e digna para todos.
Dando prosseguimento às nossas conversas, encontramos a 
produção dos pensamentos originados no materialismo histórico dialético 
proposto por Marx e Engels, que consiste na concepção de mundo que 
fundamenta a concepção de educação, objeto de reflexão na continuidade 
desse estudo.
1.1.4 Concepção de Educação de Marx e Engels: tendência 
pedagógica histórico-crítica 
Realizamos até então discussões a respeito das concepções de 
educação de cunho essencialista, que, por sua vez, fundamentam-se na 
visão de mundo inatista.
Agora, daremos início a uma reflexão acerca de elementos que nos 
mostram que, mesmo em meio a uma história de milhares de anos, existiram 
pessoas que pensaram de forma diferente da cultura produzida na Grécia e 
difundida a serviço de interesses das classes dominantes. 
Temos, nesse momento do nosso estudo, de dialogar a respeito da 
29
Didática UAB/Unimontes
concepção de educação histórico-crítica, que, por meio de uma visão de 
mundo materialista histórico-dialética, concebe o homem como produto e 
produtor das ideias que compõem a história.
Estudaremos, então, a concepção de educação histórico-crítica 
que compreendemos contrapor todas as concepções de educação 
estudadas. Assim, afirmamos que, a princípio, essa concepção se embasa em 
uma filosofia que vê o mundo de forma dinâmica, afirmando que a mudança 
do mundo se dá por meio do enfrentamento das contradições vivenciadas 
pelas diferentes classes sociais no decorrer da história da humanidade, por 
meio da ação do homem que é um ser pensante, independentemente da 
classe social em que se encontra inserido.
Dessa forma, urge esclarecermos que a concepção de educação 
histórico-crítica tem seus fundamentos na concepção filosófica, materialista, 
histórica e dialética, produzida por Marx e Engels, que, segundo Silveira 
Rodrigues,
(...) contrariando os interesses que fundamentam as 
concepções filosóficas aqui estudadas até então, vem 
fundamentando uma nova concepção de ensino-
aprendizagem, que tem o trabalho como ponto de partida e 
ponto de chegada. Por meio de suas idéias esses pensadores 
problematizaram a necessidade da revolução proletária, a 
fim de construir uma sociedade mais justa e digna para todos 
(SILVEIRA RODRIGUES, 2006, p. 64 ).
Diante do exposto até então, nessa etapa desse estudo, 
esclarecemos que, para compreendermos a concepção de educação, é 
necessário entendermos que Marx e Engels, filósofos e economistas 
alemães, em defesa do proletariado, defendem a concepção dialética do 
mundo, negando o princípio da identidade defendido por Platão. 
E, diante da concepção de mundo deles, eles constroem uma teoria 
conforme o método dialético. Porém, é preciso deixar claro que, conforme 
esses pesquisadores, ao se falar de dialética, não se trata da dialética 
proposta por Hegel. 
Esclarecemos, assim, que Marx e Engels rompem com a visão 
apriorística das ideias. Porém, buscam em Hegel a visão de totalidade, que 
sustenta a concepção histórico-crítica, que compreende a construção das 
ideias a partir da realidade material concreta, vivenciada nas relações 
contraditórias existentes entre consumo e produção. 
Para entendemos essa visão, precisamos ter claro que, nessa 
perspectiva, as ideias são construídaspelos homens, e não apenas 
conhecidas por eles a partir da sua existência, por meio de experimentações 
ou de contemplações. 
Sendo assim, deixamos claro que a dialética concebida nessa 
perspectiva é explicada pelas leis do pensamento organizadas por Engels. 
Leis que, segundo ele, regem o pensamento e promovem a dialética. 
Quanto a essas leis, Engels afirma que a primeira consiste na visão 
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Materialismo: é o tipo de 
fisicalismo o qual sustenta: que 
a única coisa da qual se pode 
afirmar a existência é a 
matéria; que, 
fundamentalmente, todas as 
coisas são compostas de 
matéria e todos os fenômenos 
são resultado de interações 
materiais; e que a matéria é a 
única substância.
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Ciências Biológicas Caderno Didático - 3º Período
de que não se separa qualidade de quantidade e vice-versa; a qualidade será 
obtida somente acrescentando-se ou retirando-se alguma quantidade de 
matéria. A segunda diz respeito à continuidade da mudança constante da 
natureza. Essa lei é chamada de compenetração dos opostos. Para entendê-
la, precisamos lembrar que a sociedade é organizada por classes diferentes e 
que cada classe tem seus próprios interesses. Quando os diversos interesses 
se chocam, provocam atritos que poderão ser geradores de propostas de 
mudanças para atender aos diversos interesses. Já a terceira lei é chamada de 
negação da negação. Essa lei nega a existência de uma verdade única, ao 
garantir que toda conclusão pode tornar uma indagação, em vez de uma 
verdade. Sendo assim, é possível ser contestada e transformada em outra 
conclusão. Ou seja: cada síntese é, por sua vez, a tese de uma nova antítese, 
que dará lugar a uma nova síntese. 
De acordo com as ideias expostas, podemos concluir que Marx e 
Engels concebem o homem como sujeito de sua própria história. E, assim, 
por meio das leis do pensamento, constantemente constroi e reconstroi a 
história, promovendo a mudança continua da natureza, ou seja, o homem 
faz a Dialética. 
A respeito dessa concepção de homem, Gramsci (1995), ao indagar 
o que é o homem, responde afirmando o homem como um sujeito que pode 
se transformar. E, assim, pode controlar seu próprio destino, produzir ou 
criar sua própria vida.
É importante termos claro aqui que a concepção materialista-
histórico-dialética, conforme abordamos, nega a visão apriorística do 
mundo e entende que a dialética acontece por meio da contradição, e não a 
partir de interesses individuais advindos da essência dos seres.
Compreendendo a concepção de homem de Marx e Engels e a 
dialética proposta por eles, lembramos que entender esses elementos foi 
indispensável para compreendermos a concepção de educação desses 
filósofos. 
Ressaltamos que a concepção de educação de Marx e Engels foi 
produzida com base nas relações vivenciadas no trabalho, considerando 
que a atenção deles se relacionava com as contradições vivenciadas pela 
classe proletária no contexto da sociedade capitalista. 
Nesse contexto, a concepção de educação parte do pressuposto de 
que o estudo tem de ser unido ao trabalho; enfim, a educação é construída 
em direção da formação crítica do cidadão, construída na coletividade. 
Portanto, entende-se que, para os referidos autores, a educação encontra-se 
sempre implícita em seus pensamentos, considerando a compreensão da 
existência de uma relação estreita entre pedagogia e a política.
Segundo Silveira Rodrigues,
PARA REFLETIR
Hegel, filosofo alemão, o qual 
Marx e Engels eram discípulos, 
concebe que o mundo não é 
estático, mas sim dialético. 
Porém, concebe que as ideias 
nascem antes do homem, que, 
no decorrer da sua existência, 
conhece as ideias que já 
existiam antes de ele nascer e 
que, ao conhecer as ideias de 
acordo com seu ponto de vista, 
ele interpreta as ideias que já 
existiam antes de ele nascer (a 
priori)) . Assim, conhecendo as 
ideias, ele vai adaptando-as ao 
contexto micro- em que ele se 
encontra inserido. E, dessa 
forma, de acordo com os seus 
interesses individuais, o 
homem vai transformando as 
idéias, ou seja, faz a dialética 
do mundo. Marx e Engels 
consideram seu método como 
a antítese da dialética de 
Hegel. Porém, valorizam o 
mérito de Hegel ao conceber o 
mundo, a natureza e o espírito 
em constante movimento, 
mudança, transformação.
31
Didática UAB/Unimontes
É necessário afirmar que, na concepção desses pensadores, 
as idéias e as representações da consciência são produzidas 
pelos próprios homens reais e ativos, ao contrário da filosofia 
idealista que fundamenta as concepções de ensino-
aprendizagem vivenciadas até então, independentemente 
de ser por meio de uma abordagem liberal autoritária, liberal 
democrática ou técnica (SILVEIRA RODRIGUES, 2006, p. 
178).
Finalmente, esclarecemos que a tendência pedagógica alicerçada 
na ideologia marxista embasa o pensamento de intelectuais, como 
Makarenko e Gramsci, ao buscar elaborar uma pedagogia socialista, cuja 
proposta pedagógica nasce a partir da ideia de solidariedade dentro de um 
complexo social. 
Enfatizamos, também, que a concepção de educação nessa 
perspectiva defende a ideia de que o método de ensino tem de ser pensado 
a partir da organização da escola em uma perspectiva coletiva. Assim, o 
ensino não pode ser pensado vislumbrando a ideia do individuo isolado. 
Também não pode ter como base relação professor-aluno no contexto micro 
da sala de aula, sem levar em conta as contradições vivenciadas na realidade 
social. 
Diante de todos os elementos discutidos, podemos compreender 
que a presente concepção, contrariando as teorias essencialistas elaboradas 
até então, defende o conhecimento como produto da ação humana. Com 
relação à concepção de educação, nessa perspectiva, Wachowicz esclarece 
que diz respeito à práxis social:
Como práxis social, a educação é uma ação que se 
desenvolve segundo a intenção específica de uma classe 
social. Nosso pressuposto é o de que a apropriação do saber 
é a intenção específica da classe “que está na vanguarda em 
cada etapa histórica, a classe efetivamente capaz de exercer 
a função educativa”. Sendo a intenção especifica, é uma 
práxis, sendo própria de uma classe social e até da sociedade 
inteira, é uma práxis social. Sendo seu objeto o saber, a práxis 
educativa cuida de realizar sua apropriação e nisso está sua 
especificidade (WACHOWICZ, 1995, p. 51).
DICAS
Marx e Engels, na obra 
Ideologia Alemã, afirmam: “A 
produção das idéias, das 
representações, da consciência 
é, em primeiro lugar, 
diretamente entrelaçada com a 
atividade material e com as 
relações dos homens, 
linguagem da vida real. As 
representações e os 
pensamentos, a troca espiritual 
aparecem aqui ainda como 
emanação direta do 
comportamento material deles. 
(...) Os homens são produtores 
das suas representações, idéias 
etc., mas os homens reais 
operantes (...). A consciência 
não pode jamais ser algo 
diverso do ser consciente, e o 
ser dos homens é o processo 
real das suas vidas. Se na 
ideologia os homens e as suas 
relações aparecem de cabeça 
para baixo como numa câmera 
escura, esse fenômeno deriva 
do processo histórico da vida”. 
(...) (MARX ; ENGELS, 1996, p. 
36).
32
Ciências Biológicas Caderno Didático - 3º Período
REFERÊNCIAS
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e terra, 2003.
AGOSTINHO, Santo. Confissões; De Magistro. In OS PENSADORES, São 
Paulo: Abril cultural, 1980.
AQUINO, Tomás. Sobre o Ensino (De Magistro), Os sete Pecados Capitais, 
São Paulo: Martins Fontes, 2001.
DESCARTES, René. Discurso do Método; Meditações; Objeções e 
respostas; As paixões da alma, Cartas. In. OS PENSADORES, São Paulo: Abril 
Cultural, 1979.
GRAMSCI, A. Os intelectuais e a organização da Cultura.Tradução 
COUTINHO, C. N. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1995. 
JAERGER, W. Paideia Martins Fontes São Paulo:1995.
LIBÂNEO. J. C. Didática. São Paulo: Cortez, 1991. 
MANACORDA, M. A. Historia da Educação: Da Antiguidade aos nossos 
dias. Editora Cortes, 1988.
MÄRZ, Fritz. Grandes educadores. São Paulo: EPU, 1987.
MARTINS, Pura Lúcia Oliver. Didática teórica/didática prática: para além 
do confronto. São Paulo: Loyola. 2000, 181p. 
MARX K. Manscritos econômicos-filosóficos. Lisboa, Edições, 1996
PLATÃO. As LEIS incluindo Epinomis São Paulo: Edipro, 1989
REZENDE, A. M. (Org.) Iniciação teórica e prática às ciências da 
educação. Petrópolis: Vozes, 1989
______. Pedagogia Histórico-Crítica: Primeiras Aproximações. 6ª ed. 
Campinas, SP: Autores Associados, 1998.
SILVEIRA RODRIGUES, Teoria Critica da Didática: contraposições 
epistemológicas possibilidades políticas e tendências atuais. Tese de 
Doutorado em Educação – Campinas: UNICAMP, 2006, 
SUCHODOLKI, Bogdan. Pedagogia da essência e a pedagogia da 
existência. Lisboa: Livros Horizonte, 1984.
WACHOUVICZ, Lilian Anna. O método dialético na didática. Campinas: 
Papirus,1995.
Pedagogia Caderno Didático - 3º Período2UNIDADE 2AS TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS IMPLANTADAS NA EDUCAÇÃO ESCOLAR BRASILEIRA: PROPOSTAS DE ENSINO-APRENDIZAGEM/VIABILIZAÇÃO DE INTERESSES 
INTRODUÇÃO
Apresentamos esta segunda unidade cujo objetivo principal é 
conhecer as tendências pedagógicas vivenciadas no contexto da educação 
brasileira no decorrer da história da educação desse país. 
Por meio das discussões que aqui realizaremos sobre as tendências, 
buscaremos problematizar as concepções de ensino-aprendizagem 
presentes em cada uma. Assim, proporcionaremos condições para vocês 
compreenderem os interesses políticos, econômicos e ideológicos implicitos 
nas referidas concepções em questão. 
Assim como no primeiro capítulo, ao ler os textos, iremos realizar 
uma discussão fundamentada numa visão histórico-crítica, que, de acordo 
com nossos estudos na primeira unidade, concebe a educação como um 
processo dinâmico e dialético, negando os princípios essencialistas, que 
concebem que as ideias nascem antes do homem.
Nessa direção, defendemos que é o homem que produz as ideias 
no decorrer de sua história, por meio das relações com os outros homens no 
contexto social em que vive. 
Os pressupostos teóricos que utilizamos para discutirmos os 
elementos propostos para essa unidade se encontram no pensamento dos 
seguintes autores: Libâneo, Haidt, Veiga, Saviani, Gasparim, Silveira 
Rodrigues e outros.
Lembramos-lhe que a Didática tem como objeto de estudo os 
elementos que compõem o ato de ensinar presente nas relações ensino-
aprendizagem, sejam eles implícitos, sejam explícitos nas práticas 
pedagógicas que não são neutras, mas sim carregadas de intencionalidades, 
de acordo com os interesses sociais predominantes em cada época da 
história. 
O estudo proposto nesta unidade encontra–se organizado da 
seguinte forma:
2 As Tendências Pedagógicas Implantadas na Educação Escolar 
Brasileira: Propostas de Ensino-Aprendizagem/ Viabilização de Interesses. 
2.1 TENDÊNCIA PEDAGÓGICA TRADICIONAL LIBERAL
2.1.1 Tendência Pedagógica Tradicional Vertente Religiosa
2.1.2 Tendência Pedagógica Tradicional Vertente Leiga 
2.2 TENDÊNCIA PEDAGÓGICA LIBERAL RENOVADA/MODERNA 
2.2.1 Tendência Pedagógica Liberal Renovada/Humanista 
Moderna
2.2.2 Tendência Pedagógica Liberal Renovada/Tecnicista 
33
2.3 TENDÊNCIA PEDAGÓGICA LIBERTADORA/TEORIAS 
CRÍTICAS DA EDUCAÇÂO 
2.3.1 Tendência Pedagógica Teoria Crítico-reprodutivista da 
Educação
2 . 3 . 2 Te n d ê n c i a Pe d a g ó g i c a C r í t i c o - s o c i a l d o s 
Conteúdos/Pedagogia Histórico-crítica 
2.4 A DIDÁTICA ADOTADA NAS RELAÇÕES ENSINO-
APRENDIZAGEM NORTEADAS PELAS TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS 
PREDOMINATES NA HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA
2.4.1 A Didática norteada pela Tendência Pedagógica Tradicional 
Liberal na Vertente Religiosa e Leiga
2.4.2 A Didática norteada pela Tendência Pedagógica Liberal 
Renovada/Humanista Moderna
2.4.3 A Didática norteada pela Tendência Pedagógica Tecnicista
2.4.4 A Didática norteada pela Tendência Pedagógica Crítico-
reprodutivista
2.4.5 A Didática norteada pela Tendência Pedagógica Histórico-
crítica 
Bom estudo!
AS TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS IMPLANTADAS NA EDUCAÇÃO 
E S C O L A R B R A S I L E I R A : P R O P O S T A S D E E N S I N O -
APRENDIZAGEM/VIABILIZAÇÃO DE INTERESSES 
Figura 10: Tendências Pedagógicas
Fonte: Silveira Rodrigues, 2009
34
Ciências Biológicas Caderno Didático - 3º Período
Pensar a Didática implica pensar no ato de ensinar, que, por sua 
vez, traduz uma ação do homem, que, como qualquer outra ação, traz em si 
uma intenção. Afirmar que cada ação expressa uma intenção é basear-se no 
ponto de vista de que o homem é um animal político, como já dizia 
Aristóteles. 
Portanto, podemos compreender que o ato do homem não é 
neutro. A forma com nós seres humanos agimos frente a qualquer que seja a 
situação é determinada pela nossa maneira de conceber o mundo, que, por 
sua vez, define os nossos interesses. 
Com base nas considerações acima, ressaltamos que o ato de 
ensinar do professor também não é neutro. O professor ensina de uma 
forma ou de outra, porque aprendeu ou aprimorou aquela maneira, cujos 
fundamentos foram pensados, no contexto de uma sociedade em alguma 
circunstância histórica, por pessoas movidas pelos interesses que 
predominavam. 
Nessa direção, entendemos que a maneira como o professor ensina 
expressa o que ele pensa, sente e, principalmente, o que deseja, ou seja, a 
sua intenção, a sua visão de mundo, se o professor tiver consciência do que 
faz.
Caso o professor ensine repetindo mecanicamente uma forma de 
ensinar que aprendeu, sem pensar em quando, onde e como, em que 
contexto essa forma de ensinar foi criada, estará correndo o risco de ela 
expressar a concepção de mundo de outros, que o leva a realizar os 
interesses de outros e negar seus interesses, assumindo a condição de 
alienado. 
Considerando nossas colocações a respeito da não neutralidade da 
didática, problematizamos: Quais tendências pedagógicas vêm norteando a 
educação brasileira no decorrer de sua história? Quais são suas 
características? Em que contexto e a serviço de que interesses foram 
produzidas as tendências pedagógicas que fundamentam o processo de 
ensino-aprendizagem vivenciado nas escolas brasileiras? Quais as 
implicações das concepções de educação essencialista e histórico-dialética 
nas tendências pedagógicas predominantes nas escolas brasileiras?
A fim de nortear essa segunda unidade, continuamos indagando: 
De que forma é concebida a Didática nas tendências pedagógicas que 
norteiam as concepções de ensino-aprendizagem predominantes na 
educação escolar no Brasil? Quais os princípios da Didática? A serviço de 
quais interesses tais Didáticas foram implantadas no Brasil? É possível pensar 
que a Didática traz em si um conteúdo implícito e que esse conteúdo se 
manifesta na relação ensino-aprendizagem? Qual a relação da Didática com 
o processo de ensino-aprendizagem? Até que ponto a Didática pode 
influenciar a relação ensino-aprendizagem? 
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Hegemonia: Preponderância 
de um povo em relação a 
outro. Na Grécia antiga, era 
patente a supremacia de um 
Estado dentro de uma 
confederação. Todavia, os 
vários casos de hegemonia 
eram instáveis, pois só duravam 
até que o Estado provido de 
hegemonia sofresse o ataque 
de outros Estados. Três cidades 
gregas distinguiram-se pela sua 
hegemonia: Esparta, Atenas e 
Tebas. 
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DICAS
Platão defendia a ideia de que 
o homem é constituído de uma 
essência universal e imutável.
Diante da visão de homem de 
Platão, podemos

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