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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO GRANDE DO SUL Faculdade de Matemática – Departamento de Matemática Cálculo Diferencial e Integral I FUNÇÕES Quando dizemos que o volume ocupado por uma massa constante de um gás, em condições de pressão constante, depende unicamente da temperatura do gás, queremos dizer que conhecida a medida da temperatura T , podemos determinar o seu volume V, através da expressão V = kT . A equação V =kT , onde k é uma constante, define V como função de T , pois dado o valor da variável independente T , existe, em correspondência, um único valor para a variável dependente V. Uma relação deste tipo é denominada de função de uma variável. Uma grandeza y é uma função de outra grandeza x, se a cada valor de x estiver associado um único valor de y. Dizemos que y é o valor da função ou a variável dependente, e x a variável independente. Escrevemos y = f(x), onde f é o nome da função. O domínio da função é um conjunto de possíveis valores da variável independente e a imagem é o conjunto correspondente de valores da variável dependente. As funções de uma variável podem ser representadas por meio de tabelas, gráficos e fórmulas. Observe o exemplo a seguir. A tabela abaixo, construída experimentalmente, apresenta a relação entre pressão e volume de um gás ideal numa certa temperatura. P(atm) 1 2 4 5 8 10 V(L) 40 20 10 8 5 4 Observe que a cada valor de V esta associado um único valor de P e vice versa. Portanto, podemos pensar que V é uma função de P ou P é uma função de V. Na físico-química, considera-se P como função de V, sendo então V a variável independente e P a variável dependente. Nota As tabelas são importantes porque com freqüência é a forma como as funções aparecem Esta mesma função de V em P, poderia ser dada através do gráfico abaixo. P(atm) 10 8 5 4 2 1 0 4 5 8 10 20 40 V(L) 2 Notas a) A variável independente V não é uma variável discreta e sim uma variável continua, pois assume valores numéricos num intervalo e não valores isolados. b) Através do gráfico podemos perceber propriedades globais rapidamente, por exemplo: domínio, imagem, velocidades de crescimento e decrescimento, etc... Outra forma de apresentar esta função de V em P é através de uma fórmula. Da tabela, P.V = 40 e portanto a função pode ser dada pela equação P V 40= . ZEROS DE UMA FUNÇÃO Zeros ou raízes de uma função f são os valores de x para os quais f(x) = 0. Geometricamente, são os pontos de interseção da curva, gráfico de f , com o eixo dos x. FUNÇÕES CRESCENTES E DECRESCENTES Uma função f é crescente num intervalo I, quando para quaisquer x1 e x2 ∈ I, x1 < x2 ⇒ f(x1) < f(x2). Uma função f é decrescente num intervalo I, quando para quaisquer x1 e x2∈ I, x1 < x2 ⇒ f(x1)> f(x2). x1 x2 f(x2) f(x1) y x x1 x2 f(x1) f(x2) y x 3 FUNÇÕES PARES E ÍMPARES • Uma função f é par quando f(-x) = f(x), para todo x do domínio da f. Obs.: o gráfico cartesiano de uma função par é simétrico em relação ao eixo dos y. • Uma função f é ímpar quando f(-x) = -f(x), para todo x do domínio da f. Obs.: o gráfico cartesiano de uma função ímpar é simétrico em relação à origem. ALGUMAS FUNÇÕES REAIS IMPORTANTES Função Polinomial É a função f: lR→ lR definida por f(x) = a0xn + a1xn-1 + a2xn-2 +...+ an-1x +an onde a0, a1, a2 ... an-1 e an são números reais chamados coeficientes e n é um número natural. Obs.: Se a0 ≠ 0 então n é o grau da função polinomial. -x2 -x1 x1 x2 y x x1 -x1 f(x1) x f(-x1) y 4 Função Constante É a função f: lR→ lR definida por f(x) = c, onde c ∈ lR. O gráfico cartesiano de uma função constante é sempre uma reta paralela ao eixo dos x e que intercepta o eixo dos y no ponto (0, c). Dom f = lR Im f = { c } Função Polinomial de 1o grau É a função f: lR→ lR definida por f(x) = ax + b, com a e b ∈ lR e a ≠ 0. O gráfico cartesiano de uma função polinomial do 1o grau é sempre uma reta, onde “a” é o coeficiente angular e “b” é o coeficiente linear. Consideremos a função y = ax + b, representada no gráfico. Sendo α o ângulo que a reta forma com o sentido positivo do eixo x, a = tgα. Logo conhecendo 2 pontos do gráfico da função, a pode ser obtido por: a = x y xx yy 12 12 ∆ ∆=− − , Observação • Se 0900 <<α então tgα > 0, logo a > 0 e f é uma função crescente. ) α c y x α P x1 y2 y1 α Q x y x y 5 • Se 00 18090 <<α então tgα < 0, logo a < 0 e f é uma função decrescente. Função Quadrática É a função f: lR→ lR definida por f(x) = ax2 + bx + c, com a, b e c ∈ lR e a ≠ 0. Seu gráfico é uma curva denominada parábola. Dependendo do “a” ser positivo ou negativo, o gráfico tem uma das formas mostradas abaixo: Em ambos os casos a parábola possui um eixo de simetria paralelo ao eixo y. Este eixo corta a parábola num ponto chamado vértice. Caso a > 0, o vértice é o ponto mais baixo da curva e caso a < 0, o vértice é o ponto mais alto da curva. Para construir o gráfico de uma parábola é interessante o conhecimento de alguns pontosnotáveis, como o vértice e os zeros. a) Vértice: V(xv, yv) A abscissa do vértice xv = 2a b− . A ordenada do vértice yv = f(xv) ou yv = a4 ∆− , onde ∆ = b2 – 4ac. α y x Vértice a > 0 vértice a < 0 y x y x 6 b) Zeros ou pontos de interseção da parábola com o eixo x. Um ponto que pertence ao eixo x tem ordenada y = 0. Logo, para descobrir os pontos em que a parábola intercepta o eixo dos x, basta achar as raízes da equação ax2 + bx + c = 0. • Se ∆ > 0 então há duas raízes reais e distintas e a parábola intercepta o eixo x em dois pontos. • Se ∆ = 0 então há duas raízes reais e iguais e a parábola intercepta o eixo x em um único ponto. • Se ∆ < 0 então não há raiz real e a parábola não intercepta o eixo x. Estas situações podem ser mostradas no esquema abaixo: Delta Interseção com o eixo x a > 0 (concavidade para cima) a < 0 (concavidade para baixo) ∆ > 0 em dois pontos ∆ = 0 em um ponto ∆ < 0 em nenhum ponto y y y y y y x x x x x 7 Função Potência É a função f : lR→ lR definida por f(x) = xn , n ∈ lN* . Representações geométricas de algumas funções potências: • “n” ímpar . • “n” par. Função Racional É a função f(x) )( )( xQ xP= onde )(xP e )(xQ são funções polinomiais e )(xQ ≠ 0. Exemplos de funções racionais: a) f(x) = x 1 b) f(x) = 2 1 x y = x y x x y = x3 y y = x5 y x 1 1 y x y x y x y = x2 x y y = x4 8 c) f(x) = 1 12 − − x x Função Raiz n-ésima É a função f definida por n xxf =)( ( ou nxxf 1 )( = ) . Exemplos Observação Se “n” é ímpar o domínio da função raiz n-ésima é o conjunto IR e se “n” é par o domínio é o intervalo [ )∞+;0 . Função valor absoluto (ou função módulo) É a função f : lR → lR definida por f(x) = x onde ⎩⎨ ⎧ <− ≥= 0, 0, xsex xsex x . y x xy = x 3 xy = y x o 1 y 2 9 • Propriedades do valor absoluto Se +∈∈∈ lRaelRylRx , , temos : 1) xx =− 2) yxxy ⋅= 3) 0, ≠= y y x y x 4) yxyx +≤+ 5) axaxax −=∨=↔= 6) axaax ≤≤−↔≤ 7) axaxax ≥∨−≤↔≥ 8) 22 xx = Observação: xx =2 OPERAÇÕES COM FUNÇÕES Operações Aritméticas com funções Assim como podemos adicionar, subtrair, multiplicar ou dividir números reais, obtendo novos números reais, podemos operar com funções, produzindo novas funções. Duas funções f e g podem ser adicionadas, subtraídas, multiplicadas ou divididas para formar as funções ,.,, g fegfgfgf −+ ditas, respectivamente, função soma, função diferença, função produto e função quociente, assim definidas: )( )()( )().())(.( )()())(( )()())(( xg xfx g f xgxfxgf xgxfxgf xgxfxgf =⎟⎟⎠ ⎞ ⎜⎜⎝ ⎛ = −=− +=+ Sendo, DomgDomfgfDomgfDomgfDom I==−=+ ).()()( }0)(/{ =∈−=⎟⎟⎠ ⎞ ⎜⎜⎝ ⎛ xgIRxDomgDomf g fDom I 10 Exemplo Se f(x) = x e g(x) = 3x + (f + g)(x) = x + 3x + , Dom( f + g ) = [-3; +∞) Observe que o gráfico da função soma f+g pode ser obtido adicionando-se as correspondentes coordenadas y de seus gráficos. Tomando as funções do exemplo: Da mesma forma se pode obter geometricamente as funções f – g, f . g e f/g. Composição de funções Vamos considerar uma operação, chamada composição, que não tem análoga na aritmética ordinária. Informalmente a operação de composição consiste em substituir em uma dada função a variável independente por alguma função, desde que exista condição para isto. Dadas duas funções f e g, a composta de f e g denotada por fog, é a função definida por (fog)(x)=f(g(x)). Dom fog = {x ∈ dom g / g(x) ∈ dom f} • x g(x) f(g(x)) g f domínio da g domínio da f 11 Exemplo f(x) = x2 – 16, Dom f = IR g(x) = x , Dom g = [0; +∞) fog(x) = f( x ) = ( x )2 – 16 = x –16 , Dom fog = [0; +∞) gof(x) = g(x2 – 16) = 16x 2 − , Dom gof = (-∞; -4] ∪ [4; +∞) FUNÇÃO INVERSA Suponhamos que f é uma função tal que, para dois valores distintos de x no Dom f , correspondem dois valores também distintos de y na Im f. Neste caso se invertermos a ordem dos elementos nos pares ordenados (x, y) da f, obteremos o conjunto dos pares (y, x) que representam uma função chamada de inversa da f e que é notada por f –1, sendo Dom f = Im f –1 e Im f = Dom f –1. 1),(),( −∈⇔∈ fxyfyx Exemplos 1) })4,1(,)1,5(,)2,3{( )}1,4(,)5,1(),3,2{( 1 −= −= −f f 1 1 }1,5,3{Im Im}4,1,2{ − − =−= == fDomf ffDom 2) 2 1)(12 2 1 1212)( 1 1 +=−= += −=−= − − xxfxy xyou yxxxf ff x y f f -1 12 Observação Os gráficos cartesianos de duas funções inversas são simétricos em relação a reta y = x . Função Exponencial É a função f: lR→ lR definida por f(x) = ax, onde a∈ lR , a > 0 e a ≠ 1. O gráfico de f(x) = ax depende do valor da base a. a > 1 0 < a < 1 função crescente função decrescente A fórmula f(t) = fo at gera uma família de funções exponenciais com parâmetro fo e base a. A base tem a mesma importância para uma função exponencial do que a declividade tem para uma função linear. O crescimento ou decaimento exponencial é descrito com freqüência em forma de porcentagem. Por exemplo, se uma população está aumentando 20% , o fator de crescimento é a = 1 + 100 20 = 1 + 0,20 = 1,2. De modo análogo, se uma população está diminuindo 20%; o fator de decaimento é a = 1 - 100 20 = 0,8. 1/2 1/2 x y -1 -1 f y = x f -1 y y y = ax 1 x y = ax x 1 0 0 13 • Propriedades Para quaisquer x e y reais e k racional, temos: a) ax + y = ax. ay b) ax - y = y x a a c) ax . k = (ax)k d) a- x = xa 1 As funções exponenciais são usadas para representar muitos fenômenos nas ciências naturais e sociais. A base mais usada é o número e = 2,71828 ..., número irracional chamado número de Euler. • Crescimento e Decrescimento ExponencialUma função f cresce exponencialmente se f (x) = foekx e decresce exponencialmente se f(x) = foe-kx onde fo é o valor f(0). Função logarítmica É a função f: (0;+ ∞) → lR definida por f(x) = loga x , onde a∈ lR, a > 0 e a ≠ 1. A função logarítmica de base a, é a inversa da função exponencial de base a. Assim temos y = logax ⇔ ay = x a > 1 0 < a < 1 função crescente função decrescente Se a = e = 2,718282 ... (Número de Euler) a função é chamada função logarítmica natural e é notada por: f(x) = ln x ou f(x) = L(x) y y = loga x y x y = loga x x 1 1 0 0 14 Como a função logarítmica natural é a inversa da função exponencial, temos: y = ln x ⇔ ey = x • Propriedades Sendo x, y números reais positivos e k um real qualquer, temos: a) loga(x.y) = logax + logay b) loga ⎟⎟⎠ ⎞ ⎜⎜⎝ ⎛ y x = logax - logay c) logaxk = k logax FUNÇÕES TRANSFORMADAS A partir do gráfico y = f(x) (função base), pode-se obter os gráficos de algumas funções transformadas da função f. a) Translação Vertical y = f(x) ⇒ g(x) = f(x) + k, k∈ lR k > 0 translação vertical para cima k < 0 translação vertical para baixo Observe o exemplo: f(x) = x2 g1(x) = x2 + 2 g2(x) = x2 - 2 x y g2 g1 f 15 b) Translação Horizontal y = f(x) ⇒ g(x) = f(x + k), k∈ lR k > 0 translação horizontal para esquerda k < 0 translação horizontal para direita Observe o exemplo: c) Reflexão em torno do eixo dos x y = f(x) ⇒ g(x) = -f(x) Observe o exemplo: f(x) = x2 g1 (x) = (x - 2)2 g2(x) = (x + 2)2 y x y g1 g2 f f(x) = x g(x) = x− y x f g 16 d) Reflexão em torno do eixo dos y y = f(x) ⇒ g(x) = f(-x) Observe o exemplo: f(x) = x g(x) = x- y f g x
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