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semiologia abdominal aplicada

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Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● SEMIOLOGIA 
1 
 
www.medresumos.com.br 
 
 
SEMIOLOGIA ABDOMINAL APLICADA 
 
O abdome é a região do tronco situada entre o tórax e a pelve, 
limitada posteriormente pelas vértebras lombares e discos intervertebrais, e 
anterolateralmente por paredes músculo-tendíneas. É um recipiente dinâmico 
e flexível, que abriga a maioria dos órgãos do sistema digestório e parte dos 
sistemas urinário e genital. O abdome é capaz de encerrar e proteger seu 
conteúdo enquanto permite e a flexibilidade entre o tórax mais rígido e a pelve, 
necessária para a respiração, postura e locomoção. 
A cavidade abdominal alberga vários órgãos que compõem o sistema 
digestivo e urinário, sendo eles relacionados com diversas funções, como a 
manutenção do estado nutricional, garantido um bom metabolismo orgânico. 
Por esta razão, é necessário uma a avaliação complexa e integrada de todas 
essas estruturas, tomando conta da importância da anamnese, do exame 
físico geral e do exame físico específico do sistema digestivo. 
 Exame físico: informações limitadas para órgãos praticamente 
inacessíveis como esôfago, estômago. 
 Anamnese e exame físico geral: informações mais decisivas para 
qualquer órgão do sistema digestivo, até mesmo o esôfago. 
 Anamnese segmentar: o sistema digestivo, que se inicia na boca e 
termina no ânus, deve ser avaliado por segmentos, de modo que cada 
órgão seja individualizado. O estudo segmentar será feito na seguinte 
abordagem: cavidade oral, esôfago, estomago, duodeno, jejuno e íleo, 
colos, reto e ânus; fígado e vias biliares, baço e pâncreas. 
 
NOÇÕES DE ANATOMIA TOPOGRÁFICA DO ABDOME 
 Para estudo anatômico, a cavidade abdominopélvica é dividida em duas porções: cavidade abdominal 
(cavidade peritoneal e vísceras abdominais) e cavidade pélvica. O abdome apresenta os seguintes limites: 
 Aspecto externo: 
o Limite superior: apêndice xifoide e arcada costal. 
o Limite inferior: sínfise púbica, cristas ilíacas e pregas inguinais. 
 Aspecto interno: 
o Limite superior: diafragma. 
o Limite inferior: estreito superior do osso do quadril. 
 
 A cavidade abdominal apresenta paredes abdominais músculo-aponeuróticas dinâmicas que não apenas se contraem para 
aumentar a pressão intra-abdominal, mas também se distendem consideravelmente, acomodando as expansões causadas por 
ingestão, gravidez, deposição de gordura ou patologias. As paredes anterolaterais do abdome e diversos órgãos situados contra a 
parede posterior são cobertos em suas faces internas com uma membrana serosa ou peritônio (serosa) que também se reflete (dobra-
se agudamente e continua) sobre as vísceras abdominais, como o estômago, intestino, fígado e baço. Assim, se forma uma bolsa ou 
espaço virtual revestido (cavidade peritoneal) entre as paredes e as vísceras, que normalmente contém apenas líquido extracelular 
(parietal) suficiente para lubrificar a membrana que reveste a maior parte das superfícies das estruturas que formam ou ocupam a 
cavidade abdominal. 
Internamente, temos ainda o ângulo de Treitz, ângulo formado ao nível da junção entre o duodeno e o jejuno (ângulo 
duodeno-jejunal), onde o intestino é fixo, responsável por limitar o tubo digestivo alto do baixo. Logo, sangramentos acima deste 
ligamento serão classificados como hemorragia digestiva baixa e o contrário é verdadeiro. 
 Para estudo semiológico externo do abdome, alguns pontos de referência devem ser traçados para designar possíveis 
achados clínicos consideráveis, tais como: processo xifoide, margem inferior dos arcos costais, espinha ilíaca anterossuperior, 
umbigo, sínfise púbica e linha mediana abdominal (que liga o apêndice xifoide à sínfise púbica). Tais pontos servirão para melhor 
localizar alterações anatômicas, servindo de referência para descrevê-las. 
 
REGIÕES ABDOMINAIS 
 A cavidade abdominal é dividida em nove regiões por quatro planos: 2 planos horizontais (transversais): plano 
subcostal (atravessa a margem inferior da reborda costal que cruza com a linha hemiclavicular de cada lado) e o plano 
transtubercular (que atravessa os tubérculos ilíacos, pontos mais elevados da crista ilíaca, ao nível do corpo de L5); e 2 
planos verticais (sagitais): geralmente são o planos medioclaviculares (que seguem do ponto médio das clavículas até 
os pontos médio-inguinais, que são os pontos médios das linhas que unem a espinha ilíaca anterossuperior e a margem 
superior da sínfise púbica). 
Arlindo Ugulino Netto. 
SEMIOLOGIA 2016 
Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● SEMIOLOGIA 
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www.medresumos.com.br 
 As regiões delimitadas por esses planos são: Hipocondríaca direita, 
Hipocondríaca esquerda, Flanco direito, Flanco esquerdo, Fossa ilíaca direita (região 
inguinal direita), Fossa ilíaca esquerda (região inguinal esquerda), Região Epigástrica, 
Umbilical e Hipogástrica. Posteriormente, o abdome é dividido, a partir de uma linha 
mediana, em duas regiões: região Lombar Direita e região Lombar Esquerda. 
1. Hipocôndrio Direito: fígado, vesícula biliar, rim direito, flexura hepática do 
cólon. 
2. Epigástrio: fígado (lobo esquerdo), piloro, duodeno, cólon transverso e 
cabeça e corpo do pâncreas. 
3. Hipocôndrio Esquerdo: baço, estômago, flexura esplênica do cólon, 
pâncreas (cauda), rim esquerdo. 
4. Flanco Direito: cólon ascendente, jejuno e rim direito. 
5. Mesogástrio ou umbilical: duodeno, jejuno, íleo, aorta abdominal, 
mesentério, linfonodos. 
6. Flanco Esquerdo: cólon descendente, jejuno, íleo. 
7. Fossa Ilíaca Direita: ceco, apêndice, ovário e tuba uterina direita. 
8. Hipogástrio: bexiga, útero, ureter. 
9. Fossa Ilíaca Esquerda: cólon sigmoide, ovário e tuba esquerda. 
 
 
QUADRANTES ABDOMINAIS 
 A cavidade abdominal pode ser dividida também em quatro quadrantes, a partir de planos como o plano 
mediano (vertical), seguindo o trajeto da linha alba; e o plano transumbilical (horizontal), ao nível do disco IV entre 
L3 e L4. Os quadrantes são: 
 Quadrante superior direito: lobo direto do fígado, vesicular biliar, piloro do estômago, duodeno (1ª – 3ª parte), 
cabeça do pâncreas, glândula suprarrenal direita, rim direito, flexura hepática direita do colo, parte superior do 
colo ascendente, metade direita do colo transverso. 
 Quadrante superior esquerdo: lobo esquerdo do fígado, baço, estômago, jejuno e íleo proximal, corpo e cauda 
do pâncreas, rim esquerdo, glândula suprarrenal, flexura cólica (esplênica) esquerda, metade esquerda do colo 
transverso, parte superior do colo descendente. 
 Quadrante inferior direito: ceco, apêndice vermiforme, maior parte do íleo, parte inferior do colo ascendente, 
ovário direito, tuba uterina direita, ureter direito (parte abdominal) funículo espermático direito (parte abdominal), 
útero (se aumentado) e bexiga (se muito cheia). 
 Quadrante inferior esquerdo: colo sigmoide, parte inferior do colo descendente, ovário esquerdo, tuba uterina, 
ureter esquerdo (parte abdominal) funículo espermático esquerdo (parte abdominal), útero (se aumentado) e 
bexiga (se muito cheia). 
 
 
Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● SEMIOLOGIA 
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ANAMNESE DO SISTEMA DIGESTIVO 
 Como os componentes do sistema digestivo funcionam de forma integrada e organizada, é necessário dar 
ênfase a pontos da anamnese para determinar diagnósticos ou exames complementares mais efetivos. 
 
HISTÓRIA DA DOENÇA ATUAL E INTERROGATÓRIO SINTOMATOLÓGICO 
 Disfagia: dificuldade na deglutição, mais relacionada com doenças do esôfago. 
 Odinofagia: dor no ato da deglutição. 
 Soluço: contrações espasmódicas do diafragma, concomitantes com o fechamento da glote, acompanhadas de 
um ruído rouco. Pode ser isolado ou em crises. 
 Hematêmese: vomito de sangue que, diferentemente da epistaxe e da hemoptise, é derivado das vias digestivas. 
 Dor: pesquisar localização e demais características semiológicas. 
 Dispepsia: conjunto de sintomas constituído de desconforto epigástrico, empanzinamento, sensação de 
distensão por gases,náuseas, intolerância a certos alimentos. 
 Pirose (azia): sensação de queimação retroesternal. 
 Náuseas: sensação de mal estar que precede o vômito, ou vontade de vomitar. Pesquisar o horário em que 
aparece e relações com a ingestão de alimentos. 
 Vômitos: ato de expelir conteúdo digestivo pela boca. 
 Diarreia: aumento no teor líquido das fezes, frequentemente associado ao aumento no número das evacuações 
e do volume fecal das 24 h. 
 Esteatorreia: aumento da quantidade de gorduras nas fezes. 
 Disenteria: tipo de diarreia. 
 Distensão abdominal: sensação de gases no abdome. 
 Flatulência: eliminação de gases pelo ânus. 
 Eructações: eliminação de gases pela boca. 
 Melena: presença de sangue nas fezes perceptível através da eliminação de fezes negras, semelhante a borra 
de café, resultantes da decomposição bacteriana sofrida pela hemoglobina na luz intestinal. 
 Hematoquezia: eliminação de sangue vivo pelo ânus, indicando, comumente, sangramentos maciços 
normalmente superiores a 1000 ml, acompanhados de transito intestinal rápido. 
 Enterorragia: eliminação de sangue por meio do ânus, também decorrente do sistema digestivo. 
 Obstipação: alteração no transito digestivo em que o paciente apresenta uma dificuldade para evacuar. 
 Tenesmo: sensação falsa de querer evacuar ou manutenção do desejo de evacuar, mesmo depois de defecar. 
 Sangramento anal: sangue oriundo da própria região anal, e não de estruturas profundas. 
 Prurido: coceira que se apresenta como sintoma inespecífico, mas que se manifesta, principalmente, em 
doenças de obstrução das vias biliares. 
 Icterícia: coloração amarelada da pele secundária a um aumento de bilirrubina no sangue. 
 Perda ponderal: sinal inespecífico muito importante para o exame físico do aparelho digestivo, uma vez que a 
função deste aparelho é promover a nutrição do indivíduo. 
 Anemia: perda de sangue que pode ser causada por uma má absorção de alimentos. 
 Febre: relacionada não só a processos infecciosos, mas que pode estar presente em afecções neoplásicas do 
sistema digestivo, bem como nas hemorragias digestivas. 
 Desorientação: sinal inespecífico que pode ocorrer por afecções no aparelho digestivo (como por exemplo, nas 
doenças hepáticas crônicas descompensadas). 
 Crescimento abdominal: pode se dar por ascite, distensão abdominal ou aumento de qualquer órgão do abdome. 
 
ANTECEDENTES 
 Queixas que direcionem o médico a um problema do aparelho digestivo devem ser levadas em consideração na 
abordagem semiológica deste sistema. Alguns dos principais eventos, são: 
 Anorexia e perda de peso; 
 Alterações do hábito intestinal; 
 Passado de doença ulcerosa; 
 “Angina” mesentérica (isquemia da artéria mesentérica); 
 Sangramento pelo TGI; 
 Cardiopatia tromboembólica; 
 Doenças hematológicas; 
 Cirurgias prévias; 
 Antecedentes ginecológicos; 
 Antecedentes urológicos; 
 Dislipidemias, hepatites; 
 Doenças familiares; 
 Etilismo; 
 Uso de medicamentos; 
 Banhos de rio. 
Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● SEMIOLOGIA 
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EXAME FÍSICO DO ABDOME 
 Durante o exame físico do abdome, deve-se procurar estabelecer uma boa relação médico-paciente, de modo 
que o paciente deposite confiança no profissional. Para isso, o médico deve avisar sempre ao paciente, para cada 
manobra, o procedimento que será realizado. Isto porque, quando o paciente se mostra nervoso ou desconfiado, alguns 
achados semiológicos podem se mostrar alterados. 
É necessário seguir toda a sequência da anamnese para só então dar início ao exame físico geral. Para a 
realização de um bom exame físico, é sugestivo procurar um ambiente calmo, com boa iluminação e com o abdome do 
paciente despido. 
A principal sequência para o exame físico do abdome é a seguinte; 
 Inspeção 
 Palpação 
 Percussão 
 Ausculta 
 
Contudo, esta sequência pode ser alterada, como por exemplo, diante de um paciente com abdome agudo 
cirúrgico, é aconselhável realizar a ausculta do abdome antes da palpação para que os movimentos peristálticos do 
paciente ou demais eventos abdominais não sejam alterados de forma iatrogênica. 
 
INSPEÇÃO 
 Por meio da inspeção, que deve ser feita com o paciente em decúbito dorsal com as pernas estendidas, são 
observadas as alterações de superfície cutânea, forma e volume do abdome. Dentre as alterações superficiais mais 
comumente encontradas estão as cicatrizes operatórias, estrias, distribuição anormal dos pelos, anomalias da cicatriz 
umbilical e circulação colateral. 
 Os principais pontos semiológicos a serem abordados na inspeção são: 
 Forma do abdome: é necessário avaliar o caráter do abdome como um todo, avaliando, também, a sua 
simetria. Um abdome assimétrico é encontrado nas hepatoesplenomegalias, neoplasias, hérnias da parede, 
megacólon e síndromes obstrutivas. 
o Normal (atípico): geralmente é plano ou levemente abaulado e simétrico. 
o Globoso: pode ser fisiológico, como na obesidade; ou patológico, como na ascite, pneumoperitônio, 
obstrução intestinal, grandes tumores ou hepatoesplenomegalia, 
o Ventre de batráquio: caracteriza a ascite, em que, em decúbito dorsal, o líquido tende a escorrer pelos 
flancos; 
o Pendular: caracteriza a gravidez; 
o Em avental: caracteriza a obesidade, 
o Escavado: como em doença consuptiva ou emagrecimento. 
 
 Presença de abaulamentos: podem indicar a presença de massas abdominais no abdome superior (pâncreas, 
fígado, estômago ou cólon transverso) ou no abdome inferior (bexigomas, gravidez, massas ovarianas ou de 
cólon). O abdome na gravidez é descrito como abaulamento piriforme. Para diferenciar se uma massa ou tumor 
está localizado (a) na parede abdominal ou na cavidade abdominal, solicita ao paciente para realizar contrações 
musculares. Se a massa ficar melhor distinguida, significa que está na parede. Caso contrário, está localizada na 
cavidade abdominal, em algum órgão interno. 
 
 Presença de depressões (retrações): 
o Retração generalizada: abdome escafoide ou escavado (má-nutrição, marasmo, caquexia, peritonite 
difusa- rigidez muscular). 
o Retração localizada: bridas pós-cirúrgicas 
 
 Movimentos respiratórios: é importante avaliar a movimentação da parede abdominal com a respiração. Nos 
processos inflamatórios agudos intraperitoneais (peritonite aguda), pode haver contratura muscular, cessando os 
movimentos respiratórios abdominais. O normal seria: 
o Homens e crianças: respiração abdominal ou tóraco-abdominal. 
o Mulheres: respiração torácica. 
o Peritonite aguda: movimentos respiratórios são limitados ou desaparecem. 
 
 Circulação colateral: em indivíduos normais, as veias abdominais geralmente não são visíveis. Quando há 
obstrução do sistema venoso porta ou veia cava, os vasos superficiais podem se mostrar distendidos. 
o Obstrução na circulação porta (circulação colateral tipo porta): desenvolvimento da cabeça de 
medusa (caput medusae), que se irradiam a partir do umbigo. 
Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● SEMIOLOGIA 
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o Obstrução da veia cava inferior (circulação 
colateral tipo cava inferior): veias 
evidentes de fluxo ascendente (caudal-
cranial) que surgem devido a uma trombose 
da veia cava inferior. 
o Obstrução da veia cava superior 
(circulação colateral tipo cava superior): 
veias dilatadas e evidentes de fluxo 
descendente (craniocaudal) na superfície da 
parede torácica. 
o Determinação da direção do fluxo: localize 
um segmento da veia e a comprime com os 
dois indicadores, esvaziando-as. Depois, 
solte um dos dedos para observar se houve 
enchimento vascular, o que determinará o 
sentido do fluxo. Repita a técnica soltando, 
desta vez, o outro dedo para testar a 
veracidade. 
 
 Ondas peristálticas: os movimentos peristálticos do intestino delgado, que normalmente não são observados à 
inspeção, podem tornar-se visíveis em pacientes caquéticos, com adelgaçamento da parede abdominal, ou em 
condições patológicas, comonas síndromes obstrutivas. É possível observar as contrações peristálticas 
gástricas na síndrome de estenose pilórica, e o peristaltismo exacerbado do intestino delgado, quando existe um 
obstáculo ao livre transito em sua luz. 
o Indivíduos normais: não visível. 
o Obstrução pilórica: no epigástrio, do rebordo costal esquerdo para o direito. 
o Obstrução intestinal: peristalse irregular ao redor do umbigo. 
 
 Lesões cutâneas: 
o Erupções cutâneas: quando acompanhadas de diarreia, sugere febre tifoide – roséolas 
o Coloração: 
 Condições normais: pigmentação abdominal mais clara que o restante do corpo; 
 Hipofunção adrenocortical crônica; 
 Doença de Addison: hiperpigmentação na linha do cinturão; 
 Sinal de Cullen: pigmentação azulada ao redor do umbigo; denota hemoperitônio; 
 Sinal de Turner: pigmentação azulada nos flancos; denota hemoperitônio (pancreatite 
hemorrágica); 
 Estrias: podem acontecer em condições fisiológicas (gravidez, adolescência, etc.) ou em 
condições patológicas (denotando Síndrome de Cushing). 
 
 Cicatriz cirúrgica: perguntar sobre as cirurgias as quais o paciente foi submetido. Avaliar as características da 
cicatriz. 
 
 Distribuição dos pelos pubianos: a quantidade pode ser modificada por doença hepática crônica e 
anormalidades endócrinas. 
o Mulheres: púbicos (distribuição triangular), com base voltada para a sínfise púbica. 
o Homens: formato de diamante, com pelos continuando no abdome. 
 
 Presença de hérnias: é comum nos pacientes com ascite ou depois de operações abdominais. Podem ser 
confirmadas por meio da manobra de Valsalva. 
 
 Diástase dos Mm. retos abdominais: separação visível das fibras do músculo reto abdominal que é confirmada 
na palpação superficial. 
 
 Cicatriz umbilical: normalmente é plana ou pouco deprimida (normotrusa), localizada na linha mediana no 
abdome. Contudo, pode apresentar-se retrusa ou protrusa. Um abaulamento da cicatriz pode sugerir um 
aumento da pressão intra-abdominal, aumento de órgão abdominal, etc. 
 
 Pulsações epigástricas: podem ser fisiológicas quando visíveis em pessoas magras, mas podem apresentar-se 
na hipertrofia ventricular direita ou em casos de aneurisma da aorta abdominal. 
 
 
Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● SEMIOLOGIA 
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PALPAÇÃO 
 A palpação constitui a fase mais importante no exame físico do abdome. Por seu intermédio, colhem-se 
elementos propedêuticos indispensáveis ao diagnóstico. Os mais significativos referem-se às características da parede, 
do conteúdo e da tensão abdominal. No abdome agudo, por exemplo, além de fornecer subsídios para as indicações 
cirúrgicas, avalia o estágio da evolução da doença e orienta quanto a maior ou menor urgência da intervenção. 
A palpação do abdome pode ser de dois tipos: a palpação superficial (feita de forma mais delicada, em que se 
pesquisa possíveis alterações na parede abdominal) ou a palpação profunda (feita de maneira mais profunda, com 
mais força, para pesquisar possíveis alterações nos órgãos abdominais). 
A palpação pode ser mono ou bimanual e mono ou bidigitial. De modo geral, a palpação monomanual é utilizada 
para avaliar a parede, e a bimanual para avaliar o conteúdo abdominal. Para a palpação bimanual, as duas mãos podem 
atuar de modo ativo ou uma ativa e outra passiva. A mão passiva serve para relaxar a parede, estabelecer um ponto de 
apoio e, com isso, ajudar a mão ativa na palpação profunda. A palpação com as mãos superpostas (a dominante sobre a 
não-dominante) é útil para avaliação do conteúdo abdominal em pessoas com obesidade ou para vencer uma contratura 
voluntária da parede abdominal. 
O normal do abdome à palpação é ser flácido. Se for dolorido ou não, classifica-se com abdome com dor ou sem 
dor. Como nos exemplos abaixo: 
Ex1: Abdome plano, flácido, indolor à palpação. 
Ex2: Abdome plano, flácido, doloroso à palpação (determinar o ponto doloroso). 
 
A dor pode ser de 2 tipos: (1) dor à palpação (superficial ou profunda); (2) dor à descompressão (quando tira-se 
a mão do local palpado, o paciente sente dor). 
 
1. Palpação superficial: tem o objetivo de avaliar a sensibilidade, a integridade anatômica e o grau de distensão 
da parede abdominal. Os pacientes com dor abdominal devem ser solicitados a localizá-la. Só então inicia-se a 
palpação, sempre começando de fora da área indicada como mais sensível para a área de mais dor. Deve ser 
feita com uma mão (unimanual) à 45º ou duas mãos superpostas, sempre levemente postas sobre a parede 
abdominal do paciente. É aconselhável esquentar um pouco as mãos antes de usá-las na palpação, uma vez 
que mãos frias podem causar contratura da musculatura. É preferível espalmar a mão sobre o abdome do 
paciente e fazer movimentos sutis, de baixo para cima, em todos os quadrantes. Por meio da palpação 
superficial, avalia-se: 
 Tensão abdominal: é testada palpando-se delicadamente a parede com as falanges distais dos dedos 
com o paciente em decúbito dorsal. Devem ser avaliadas hipertonia muscular localizada (que 
acompanha processos inflamatórios viscerais que comprometem o peritônio parietal) ou generalizada 
(abdome em tábua, encontrada em perfurações de vísceras ocas). Deve-se distinguir ainda a tensão de 
origem parietal do de origem intra-abdominal. No primeiro caso, geralmente acompanha-se de contratura 
muscular, que é determinante do quadro. Entretanto, o aumento de tensão de origem intra-abdominal, 
usualmente, não é acompanhado de contratura muscular, exceto de houver irritação do peritônio 
parietal. As ascites volumosas, as massas intra-abdominais e as distensões intestinais, entre outras 
causas, constituem exemplos de situações em que a tensão abdominal está aumentada sem que haja 
contratura da musculatura. As peritonites difusas com irritação do peritônio parietal e as lesões do 
neurônio motor central ou dos nervos intercostais causam aumento de tensão associado à contratura 
muscular. 
Deve-se ainda diferenciar se a contratura é voluntária (psicomotora) ou involuntária (reflexo viscero-
motor). Para diferenciá-las pede-se para o paciente respirar com a boca semiaberta e fletir as pernas, 
procedimentos que distraem o paciente, para só então palpar a área. 
O aumento patológico da tensão abdominal pode ter um significado semiológico importante, quando 
produzido por um reflexo víscero-motor que leva a um estado de contração tônica dos músculos 
parietais, denominado defesa abdominal. 
 
 Sensibilidade da parede abdominal: por meio do toque, verificar o aumento da sensibilidade que pode 
manifestar-se sob a forma de hiperestesia cutânea ou dor. A hiperestesia cutânea é pesquisada 
deslizando-se suavemente as pontas dos dedos ou um objeto pontiagudo sobre a pele. 
o Hiperestesia cutânea (testada com os dedos os objetos pontiagudos sobre a pele) reflete 
irritação de neurônio (radiculopatias, reflexo víscero-sensitivo). 
o Em caso de dor, discriminar pontos dolorosos. 
o Pontos dolorosos: são pontos na parede abdominal que têm a particularidade de se tornarem 
hipersensíveis quando há comprometimento dos órgãos a eles correspondentes e devem ser 
pesquisados. São eles: 
 Ponto epigástrico: na metade da linha xifo-umbilical. Mostra-se sensível na úlcera péptica 
em atividade. 
 Ponto cístico: situa-se no ângulo formado pela reborda costal direita com a borda externa do 
músculo reto abdominal, bem na intersecção da linha hemiclavicular com o rebordo costal 
Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● SEMIOLOGIA 
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direito. Desperta dor nos processos inflamatórios da vesícula biliar. A colecistite aguda pode 
ser pesquisada pelo sinal de Murphy durante a palpação profunda. 
 Ponto apendicular (Ponto de McBurney): união do terço externo com os dois terços 
internos da linha que une a espinha ilíaca anterossuperior à cicatriz umbilical. A dor neste 
ponto sugere apendicite aguda, especialmente quando há sinais de reação peritoneal. A dor 
na descompressãosignifica a presença do sinal de Blumberg, verificado na palpação 
profunda. 
 Pontos ureterais: localizam-se na borda externa dos músculos retos abdominais em dois 
níveis: na interseção com uma linha horizontal que passa pela cicatriz umbilical e outra que 
liga as duas espinhas ilíacas anterossuperiores. A maior sensibilidade nestes pontos é 
encontrada na cólica nefrética durante a migração de um calculo renal. 
 
 Presença de nodulações: discriminar a localização das nodulações e as características das mesmas. 
 
 Presença de herniações: vísceras que ultrapassam a parede abdominal (são bem evidenciadas 
fazendo uso do sinal de Valsalva). 
 
 Espessura da parede: põe-se a parede abdominal pinçada entre os dedos indicador e polegar. A 
espessura do tegumento cutâneo encontra-se aumentada na obesidade, pelo aumento do panículo 
adiposo, e quando há edema, nos casos de anasarca. A diminuição da espessura pode ser por perda de 
tecido adiposo, nos pacientes emagrecidos, ou devida à desidratação. 
 
 Temperatura: identificar áreas com temperaturas acima ou abaixo do normal. Áreas com maior 
espessura e aumento da temperatura sugerem abscessos. 
 
 Continuidade da parede: é avaliada tocando-se a mão por toda a superfície da parede. Deste modo é 
possível reconhecer diástases ou hérnias. A diástase mais comumente encontrada é a dos músculos 
abdominais e consiste na separação destes músculos, criando-se, na linha mediana, uma brecha por 
onde os dedos podem aprofundar-se. A diástase dos retos abdominais é mais frequente acima da 
cicatriz umbilical. 
 
2. Palpação profunda: tem como objetivo palpar o conteúdo abdominal, procurando visceromegalias ou 
tumorações. Para que a palpação profunda atinja seu objetivo, é necessário que a musculatura parietal esteja 
relaxada. Por isso, é aconselhável palpar na fase expiratória. Nessa fase, a pressão intra-abdominal é menor e a 
musculatura da parede encontra-se mais flácida. Na palpação profunda das vísceras, se faz bimanualmente, 
com as mãos superpostas. Tenta-se ir um pouco mais fundo do que a palpação superficial, usando a técnica do 
deslizamento: desliza-se as mãos na superfície abdominal em movimentos de vai-e-vem, pois existem estruturas 
que não são fixas, mas são móveis. É necessário avaliar fígado, baço, estômago e intestino. Normalmente, as 
estruturas não são palpáveis. A avaliação dos pontos dolorosos vem por último, aproveitando para avaliar os 
sinais e evitar a contratura indesejada do abdome. 
 Órgãos não-palpáveis incluem corpo e antro gástrico, duodeno, vesícula biliar, baço, alças jejunais, 
cólon ascendente, cólon descendente, bexiga, útero, trompa, ovários. 
 Órgãos palpáveis incluem a borda inferior do fígado, piloro, ceco, cólon transverso, cólon sigmoide, polo 
inferior Rim D (mulher), coluna vertebral. 
 
 Palpação do fígado: é importante para encontrar a borda inferior do fígado, abaixo da 12ª costela 
direita. Para ter noção da localização do fígado, pode-se percutir a região a procura da macicez hepática. 
A palpação do fígado pode ser feita por meio das seguintes manobras: 
o Método de Mathieu: o examinador posiciona-se à direita do tórax do paciente com as costas 
voltadas para o rosto do paciente. A seguir, tenta agarrar com os dedos fletidos das duas mãos 
(em paralelo, formando uma garra) a borda anterior do fígado durante a inspiração profunda, 
com se estivesse procurando o fígado abaixo das costelas (no hipocôndrio direito). Antes de 
chegar a região subcostal, deve-se iniciar a garra desde a região umbilical, para avaliar casos de 
expansão hepática. 
o Método de Lemos Torres: com a mão esquerda espalmada sobre a região lombar direita (no 
dorso) do paciente, o examinador tenta evidenciar (com esta mão) o fígado para frente e, com a 
mão direita espalmada sobre a parede anterior do abdome, tenta palpar a borda hepática 
anterior, durante a inspiração profunda, com as falanges distais dos dedos indicador e médio ou 
em forma de gancho com o polegar e indicador. 
o Localização do limite inferior do fígado: Mão direita aberta e espalmada na fossa ilíaca direita e 
subindo, por meio de movimentos telegrafados ascendentes, chega ao hipocôndrio direito, 
procurando a margem anterior do fígado abaixo do rebordo costal. 
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o Outra manobra é realizar uma garra, colocando os dedos indicador e polegar, em garra, na 
região do hipocôndrio direito para tentar palpar o fígado durante a inspiração profunda. 
 
 
Depois de achada a borda inferior do fígado, deve-se verificar a espessura do órgão. O fígado sem 
patologia pode ou não ser palpável. Se palpável, é macio, tem superfície lisa, borda fina e, usualmente, é 
pouco doloroso. Contudo, podemos achar os seguintes parâmetros: borda fina ou romba; avaliar a 
regularidade da superfície; sensibilidade; consistência: elástica ou normal; firme ou aumentada; 
diminuída; presença de nodulações hepáticas; características da vesícula biliar. 
 
 Palpação do baço: normalmente, não é um órgão palpável. O baço é palpável quando atinge duas ou 
três vezes o seu tamanho normal. Esplenomegalia reflete em abaulamento do flanco esquerdo. 
o Para palpá-lo, o médico se posiciona à esquerda (ou a direita) do paciente, e com a mão direita 
em garra, procura sentir o polo inferior esplênico durante a inspiração profunda, abaixo ou junto 
ao rebordo costal, esquerdo. 
o O mesmo procedimento anterior é repetido com o paciente em posição de Shuster: em posição 
intermediária entre o decúbito lateral direito e o dorsal, o paciente estende a perna direita e 
flexiona a esquerda; e põe o braço esquerdo por traz da cabeça. Isso faz com que a ação da 
gravidade desloque o baço para diante e para a direita, facilitando a sua palpação. 
o Esplenomegalia – causas: Hipertensão portal, infecção ou parasitose (mononucleose, hepatite 
viral, febre tifoide, malária, esquistossomose), hematológica (anemia hemolítica, policitemia 
Vera, leucemia), neoplásica (linfomas sim e não de Hodgkin), metabólica (reticuloendoteliose), 
colagenose (artrite reumática, lúpus eritematoso), cistos, amiloidose. 
 
 
 
 Palpação do estômago: avalia-se apenas na região epigástrica, com movimentos telegrafados acima 
da cicatriz umbilical. 
 
 Palpação da vesícula biliar: a vesícula biliar em condições normais não é palpável. Entretanto, é 
possível percebê-la, quando for sede carcinoma ou estiver distendida em consequência de colecistite ou 
obstrução biliar por carcinoma pancreático (sinal de Corvoisier-Terrier, ver OBS
6
). A sensibilidade da 
vesícula deve ser avaliada por meio do sinal de Murphy no ponto cístico. 
 
 Palpação do intestino: segue-se a moldura do intestino, da fossa ilíaca direita à fossa ilíaca esquerda a 
procura de nodulações ou fecalomas. 
 
 Palpação da bexiga: acima da sínfise púbica. 
 
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 Pesquisa dos sinais nos pontos dolorosos: 
o Sinal de Murphy: o examinador toca o fundo da vesícula no ponto cístico e solicita a inspiração 
forçada do paciente. O sinal de Murphy é positivo se o paciente reagir com uma contratura de 
defesa e interrupção da inspiração. Sugere colecistite aguda. 
o Manobra da descompressão súbita e Sinal de Blumberg: comprime-se o ponto de McBurney 
(ponto apendicular), na fossa ilíaca direita, até o máximo tolerado, descomprimindo subitamente. 
Esse sinal é positivo quando ocorre um aumento súbito da dor após a descompressão. Sugere, 
geralmente, apendicite aguda com inflamação de peritônio. Inicialmente, esta manobra foi 
descrita para a fossa ilíaca direita nos casos de apendicite aguda supurada, no entanto, ela é 
positiva em todos os casos de irritação peritoneal que qualquer que seja a causa. 
o Sinal de Rowsing: realiza-se a palpação profunda e ascendente, desde o colon descendente 
(na fossa ilíaca esquerda), seguindo a moldura do intestino grosso, levando o ar,em sentido 
contrário ao trajeto do bolo fecal, até o apêndice. Este movimento estimula o deslocamento do ar 
desde a fossa ilíaca esquerda até a região do apêndice. A distensão do apêndice sugere uma 
apendicite aguda. 
o Manobra de Valsalva: para exame de hérnia. Com o paciente em pé, solicita-o para soprar 
contra a mão, o que faz com que aumente a pressão abdominal e a hérnia se torna palpável. 
o Embora não sejam pesquisados durante a palpação profunda, é aconselhável por algumas 
metodologias incluir ainda no tópico da Pesquisa dos Sinais o Piparote (ver OBS
1
) e o sinal de 
Giordano (ver OBS
4
), ambos pesquisados no advento da percussão. 
 
PERCUSSÃO 
 A sequência para a percussão varia muito de autor para autor. Contudo, qualquer manobra é valida, contanto 
que todo o abdome seja percutido. Uma das mais válidas é iniciar ao longo de uma linha mediana no abdome e seguir, a 
partir desta, planos diagonais, abrangendo todo abdome. 
Por intermédio da percussão, pode-se identificar a presença de ar livre, líquidos e massas intra-abdominais. O 
método é digito-digital, assim como se realiza a percussão no exame do aparelho respiratório. A exemplo da palpação, a 
percussão deve ser sempre iniciada fora da área de maior sensibilidade, estendendo-se a todo o abdome com a mesma 
intensidade. 
 Som normal: maciço (baço e fígado), timpanismo (vísceras ocas), submaciço (quando há conteúdo alimentar no 
intestino). 
 Som de órgão maciço: zona hepática, espaço de Traube ocupado (6
a
 a 10
a
 costelas), vísceras sólidas 
aumentadas, vísceras ocas repletas de líquido, ascite (macicez de declive), gravidez, tumores. 
 Percussão normal: Macicez hepática no hipocôndrio direito; timpanismo (presença de ar na víscera oca) no 
espaço de Traube (que inclui as regiões epigástrica e hipocôndrio esquerdo); timpanismo nas demais regiões. 
Em alguns casos, é comum encontrar macicez também nos flancos, além do hipocôndrio direito, compatível com 
órgão maciço ou víscera oca com conteúdo sólido ou líquido. As massas abdominais sólidas ou líquidas (como 
na ascite) e os hematomas também se revelam maciços à percussão. 
 Hipertimpanismo: aerofagia com meteorismo; gastrectasia, meteorismo, obstrução intestinal, pneumoperitônio. 
 
O timpanismo indica a presença de ar livre na cavidade peritoneal ou no interior de víscera oca ou formação 
cística. 
 Timpanismo generalizado: como em casos de obstrução 
 Timpanismo localizado: em casos de perfuração, volvo 
 
A presença de líquidos na cavidade peritoneal, em volume superior a 1,5 litros, pode ser detectada pela 
percussão, que revela macicez, cuja localização é constante (macicez fixa) ou variável, de acordo com a mudança da 
posição do paciente (macicez móvel). Na macicez móvel, revelada em casos de ascite de médio volume, quando o 
paciente está em decúbito dorsal, o líquido se acumula nas regiões laterais do abdome e as alças intestinais aproximam-
se da parede anterior, revelando timpanismo na região anterior e macicez nos flancos e região lombar. Quando o 
paciente adota decúbitos laterais, o líquido desloca-se para a região mais baixa, determinando o aparecimento de som 
maciço, enquanto que na parte oposta obtém-se som timpânico. Portanto, nestes casos, ao mudar o decúbito, as áreas 
de macicez e de timpanismo se invertem. 
 Macicez fixa: sugere tumores; plastrões. 
 Macicez móvel: sugere a presença de líquidos, sendo uma das maneiras de verificar ascite (juntamente do sinal 
do Piparote e do semicírculo de Skoda, ver OBS
1
): Paciente em decúbito dorsal: havendo ascite, encontra-se 
timpanismo no mesogástrio e macicez nos flancos. Paciente em decúbito lateral demonstra inversão dos sons. 
Esta inversão não ocorre em casos de cistos de ovário. 
 
A percussão também é realizada para pesquisar os limites do fígado (hepatimetria). O limite superior do fígado 
localiza-se na linha hemiclavicular, no 5º EIC direito, onde se encontra som submaciço para maciço. Para encontrar este 
limite superior, percute-se desde o 4º ou 5º EIC direito, onde ainda se percute som claro pulmonar, até o encontro de 
Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● SEMIOLOGIA 
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som maciço. O limite inferior é em nível dos arcos costais e é encontrado realizando a técnica de modo inverso: iniciando 
desde a fossa ilíaca direita até o rebordo costal direito. Quando, devido a aumento de tamanho, o fígado se projeta para 
limites ainda mais inferiores que o rebordo costal, deve ser relatado a quantidade em centímetros do aumento com 
relação às costelas. 
 
OBS
1
: Abordagem semiológica da ascite: a ascite é a acumulação excessiva de fluidos na cavidade do peritônio. Essa 
condição patológica deve ser avaliada por meio das seguintes manobras: 
o Sinal de macicez móvel: é avaliado por meio da percussão nos flancos direito e esquerdo e mesogástrio com o 
paciente em decúbito dorsal e depois, em decúbito lateral. Em decúbito dorsal, percute-se macicez nos flancos e 
timpanismo do mesogástrio, devido ao depósito de líquido nos flancos. Contudo, em decúbito lateral esquerdo, o 
timpanismo encontra-se em flanco direito e mesogástrio, mas com macicez no flanco correspondente ao 
decúbito (por estar repleto de líquido que se concentrou na região). 
o Semicírculos de Skoda: serve para diferenciar uma ascite de pequeno volume de nodulações na região do 
hipogástrio. Com o paciente em decúbito dorsal, com o leito inclinado em torno de 30º, percute-se a região infra-
umbilical de forma radiada, em direção às fossas ilíacas e hipogástrio. Em casos de ascite, observa-se alteração 
do timpanismo característico da região do mesogástrio e nas fossas ilíacas. 
o Sinal do Piparote: para a palpação da ascite de grau importante. O médico, posicionado do lado direito do 
paciente, percute o lado direito do abdome com pequenos golpes com a ponta dos dedos (como “petelecos”) 
enquanto a outra mão (a esquerda), fica posicionada no lado oposto às batidas. Se houver líquidos, a mão 
esquerda capta os choques das ondas líquidas ocasionadas pelos piparotes. 
OBS
2
: Sinal de Torres-Homem: realiza-se punho-percussão na região da loja hepática. Qualquer sinal de dor, 
caracteriza a presença de abscesso inflamatório hepático. 
OBS
3
: Sinal de rechaço hepático: serve para avaliar ou encontrar o fígado em pacientes com ascite volumosa. Para 
isso, realiza-se compressões na região do hipocôndrio direito do paciente. Ao se encontrar o fígado, o médico, ao soltar 
a compressão, sente o retorno hepático contra a sua mão. 
OBS
4
: Sinal de Giordano: percute-se este sinal por meio de golpes leves na região lombar (dorsal) do paciente 
sentado. Os golpes serão concentrados na região da loja renal. O desencadeamento de dor por este tipo de percussão 
(que geralmente faz o paciente retirar o corpo da posição normal), sugere afecções inflamatórias retroperitoniais 
(refletindo dor renal ou uretérica). 
OBS
5
: Sinal de Jobert: encontro de timpanismo ao nível da linha axilar média sobre a área hepática ou no próprio 
hipocôndrio direito, indicando a presença de ar livre na cavidade peritoneal (pneumoperitônio), via de regra decorrente 
de perfuração de víscera. 
 
 
AUSCULTA 
 Auscultam-se os quatro quadrantes, inicialmente, de forma superficial e delicada para avaliar os ruídos 
hidroaéreos. Para avaliar alterações no fluxo aórtico (sopros ou aneurismas), aprofunda-se mais o diafragma do 
estetoscópio ao longo do trajeto mediano da aorta e de seus ramos. 
 Os ruídos intestinais são produzidos pela interação do peristaltismo com os líquidos e gases. A ausculta normal 
do abdome revela ruídos hidroaéreos que refletem o deslocamento dos gases misturados ao bolo alimentar ao longo 
de uma víscera oca. O melhor local para auscultar os ruídos hidroaéreos é na fossa ilíaca esquerda. 
 De um modo geral, a exacerbação do peristaltismo é menos significativa que a redução. As exceções ocorrem 
na fase final da obstrução intestinal, nas hemorragias digestivas intraluminarese nas gastroenterites agudas não 
complicadas. 
 As principais alterações a serem pesquisadas durante a ausculta são: 
 Presença de ruídos hidroaéreos: descrever sua tonalidade, intensidade, timbre e frequência (normal entre 5 e 
10 por minuto). 
 Burburinhos: som de gases e líquido passando por dobras intestinais. 
 Peristaltismo da luta: obstrução. 
 Íleo paralítico: silêncio abdominal. Caracteriza, na maioria dos casos, situações de pós-operatório, em que 
ocorre um silencio abdominal causado por uma resposta de defesa funcional do trato gastrointestinal em 
consequência a um trauma. O retorno dos movimentos deve acontecer entre 24 e 72 h. Se o tempo for maio, 
indica complicações (infecção peritoneal ou desequilíbrio hidroeletrolítico). 
 Sopros: sugerem aneurismas e compressões, arteriais, fístulas arteriovenosas. 
 
OBS
6
: Duas considerações clínico-semiológicas devem ser avaliadas e diferenciadas entre si; 
o O sinal de Corvoisier-Terrier é caracterizado por três sinais: icterícia, vesícula palpável e indolor, ausência de 
irritação peritoneal. Estes três sinais em conjunto indicam neoplasia obstrutiva das vias biliares. 
o A tríade de Charcot é caracterizada por icterícia (baixa intensidade), vesícula dolorosa (palpável ou não) e 
febre. Indica colangite (inflamação nas vias biliares). 
 
 
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DIAGNÓSTICOS SINDRÔMICOS 
 
DOR ABDOMINAL 
 Durante a anamnese, é especialmente importante pesquisar todas as características relacionadas à dor 
abdominal. Esta pode ser responsável por fornecer bases para diagnósticos de síndromes abdominais. 
 Início: é necessário pesquisar o tempo exato e a intensidade da dor no início. 
 Localização: é importante descrever a localização da dor no início do sintoma, as alterações na localização e a 
sua irradiação. 
 Caráter: Cólica, Contínua, Aguda, Surda, Aperto ou Pulsátil. 
 
 
 Tipo: dor visceral, dor referida ou dor parietal. 
 Causas e características: cólicas biliares, úlcera duodenal perfurada, apendicite perfurativa aguda, gravidez 
ectópica, torção do ovário, diverticulite aguda, obstrução intestinal aguda, pancreatite aguda, úlcera gástrica 
perfurada, etc. 
 Irradiação: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ABDOME AGUDO 
 Abdome agudo é toda condição dolorosa dessa parte do organismo, em geral de início súbito e que requer uma 
decisão rápida, seja ela clínica ou cirúrgica. Constitui um dos problemas mais importantes para o médico não só pela 
frequência com que ocorre como também pelas dificuldades diagnósticas que pode vir a apresentar. 
 O conceito de abdome agudo pode ser simplificado como qualquer dor que acometa o abdome de um indivíduo 
previamente sadio, durando cerca de 6 horas e sendo necessária uma intervenção cirúrgica ou clínica. 
 É necessário lembrar que os músculos da parede abdominal anterior e o peritônio subjacente recebem inervação 
sensitiva dos seis últimos nervos intercostais. Os músculos da parede lateral recebem ainda inervação de T5 a L1. Isso 
explica que afecções à distância podem ter reflexos nas paredes do abdome; qualquer doença desses nervos ou das 
estruturas por eles inervadas, dentro ou fora do abdome, pode acarretar uma contratura desse músculo. O peritônio 
visceral recebe inervação do simpático e do parassimpático. 
 O abdome agudo pode ser classificado por meio da sua respectiva fisiopatologia: 
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 Abdome agudo inflamatório: a dor apresenta uma característica variável, apresentando uma progressão de 
acordo com a causa. Geralmente é associado a náuseas, vômitos, mal-estar geral, febre, sinais de irritação 
peritoneal (sensibilidade dolorosa à palpação, abdome contraído ou em tábua, ausência da respiração 
abdominal, etc.). As principais causas são: apendicite aguda, colecistite aguda, pancreatite aguda, doença 
inflamatória pélvica, diverticulite aguda. 
 Abdome agudo obstrutivo: a dor tende a ser do tipo cólica e o paciente tende a apresentar um abdome 
distendido. O que acontece, geralmente, é uma parada de eliminação de gases e fezes. O paciente pode 
apresentar ainda náuseas e vômitos. As principais causas são: aderências (PO), hérnia encarcerada, neoplasia 
de cólon, volvo de sigmoide, bolo de áscaris. Na radiografia, as alças intestinais apresentam-se dilatadas. 
 Abdome agudo perfurativo: é o tipo de abdome agudo que mais causa peritonite. A dor abdominal é de forte 
intensidade, fazendo com que apareça o abdome em tábua. É caracterizado, principalmente, pelo 
pneumoperitônio e história anterior de úlcera. As principais causas são úlcera gástrica/duodenal perfurada ou 
perfuração de alça intestinal. 
 Abdome agudo hemorrágico: tende a cursar com dor abdominal intensa, síndrome hipovolêmica, sinais de 
irritação peritoneal. As principais causas são: gravidez ectópica rota, ruptura de aneurisma de Aorta, ruptura de 
vísceras. 
 Abdome agudo vascular: dor abdominal intensa relacionada com história anterior de arteriopatias crônicas, 
IAM, AVC, claudicação abdominal (dor após a alimentação). O que acontece é uma eliminação de líquido 
necrótico causada por trombose arterial periférica, embolia arterial ou trombose venosa mesentérica. 
 
 
SEMIOLOGIA DO SISTEMA URINÁRIO 
 A principal função dos rins é manter o volume e a composição química dos líquidos do organismo dentro de 
limites ótimos à vida celular. Por isso diz-se que a função dos rins é manter a homeostase, ou seja, a manutenção das 
condições fisiológicas compatíveis com a vida. 
 O sistema urinário é composto basicamente pelos rins, ureteres, a bexiga e a uretra. 
 Rins: Em número de dois, são órgãos abdominais glandulares com forma 
de feijão, com uma parte convexa voltada para fora a uma parte côncava, 
voltada para dentro, onde encontramos o hilo renal, local de entrada ou 
saída para os vasos renais e ureteres. São órgãos retroperitoneais 
localizados entre a 12ª vértebra torácica e a 3ª lombar, estando o rim 
direito cerca de 1,5 cm mais baixo que o esquerdo devido a sua relação 
com o fígado. 
A irrigação dos rins é feita pelas artérias renais, ramos diretos, em ângulo 
reto, da aorta. A artéria renal direita passa atrás da veia cava inferior. Cada 
artéria divide-se próximo ao hilo em cinco artérias segmentares. Cada 
segmento é suprido por uma artéria segmentar que vai dar origem às 
artérias interlobares. 
A drenagem do sangue faz-se por várias veias que vão formar a veia renal, 
que deságuam na cava inferior. 
A inervação dos rins provém do plexo renal e consistem em fibras 
simpáticas e parassimpáticas. 
A secção sagital do rim mostra que seu parênquima apresenta uma porção mais externa, o córtex, de onde 
derivam formações parenquimatosas de coloração mais escura, de forma piramidal, com ápice orientado para o 
hilo renal. Essas pirâmides medulares são separadas entre si por extensões do tecido cortical, formando as 
colunas de Bertin. As papilas renais, em número de 10 a 18, conectam-se a receptáculos músculo-
membranosos, chamados cálices menores. Dois a quatro destes cálices unem-se para formar os cálices 
maiores, e estes formam a pelve renal, que se continua com o ureter. 
O néfron constitui a unidade morfofuncional do rim. Os dois rins contêm em torno de 2400000 néfrons 
compostos pelo glomérulo, túbulos contorcidos proximal e distal, alça de Henle e tubo coletor. 
A irrigação dos néfrons se dá da seguinte forma: A. renal  Aa. segmentares  Aa. interlobares; Aa. arqueadas 
 Aa. Interlobulares; A. aferente  Néfron. 
No segmento inicial do túbulo distal encontram-se células epiteliais especializadas – mácula densa – que, em 
decorrência da arquitetura do néfron, se justapõem às células granulares especiais do tufo vascular do mesmo 
glomérulo (células justaglomerulares). Este conjunto constitui o aparelho justaglomerular, responsável pela 
secreção de renina, enzima fundamental na produção da angiotensina. 
As principaisfunções dos rins são: 
o Manutenção do volume e da composição química dos líquidos corporais: 
 Formação de urina; 
 Regulação endócrina do volume líquido; 
 Regulação da pressão arterial: sistema renina-angiotensina-aldosterona; Hormônio antidiurético; Sistema 
calecreína-cinina; Prostaglandinas renais. 
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o Depuração de produtos químicos endógenos: 
 Excreção de resíduos metabólicos. 
 Detoxicação e eliminação de toxinas, drogas. 
 Degradação e catabolismo de hormônios peptídios: insulina, glucagon, hormônio do crescimento. 
o Regulação da produção de hemácias pela síntese de eritropoetina. 
o Regulação do metabolismo mineral: cálcio, fósforo e magnésio. 
o Síntese de fatores de crescimento. 
 
 Ureteres: os ureteres são condutos musculares que se originam na pelve renal, apresentando 30-35 cm com 4-8 
mm de diâmetro. Ao percorrer o abdome, chegam à bexiga desembocado nos seus respectivos óstios. 
 
 Bexiga: a bexiga é um órgão muscular oco, formando uma cavidade virtual, situada no assoalho pélvico e que 
se continua com a uretra. A localização da bexiga na primeira infância é abdominal, assumindo 
progressivamente localização pélvica à medida que a criança se desenvolve. O assoalho pélvico lhe serve de 
suporte. A parede da bexiga é formada por uma rede entrelaçada de tecido muscular cujas fibras se orientam 
para formar o colo vesical. 
 
 Uretra: constitui o conduto para eliminação da urina e, nos homens, ejaculação e eliminação das secreções 
prostáticas. 
 
ANAMNESE 
 Uma história clínica é a principal chave para o diagnóstico das doenças do sistema urinário. As manifestações 
das doenças do sistema urinário incluem alterações da micção, do volume e do ritmo urinário, alterações das 
características da urina, dor, edema e febre. 
 
1. Queixas principais 
Em condições normais de saúde e em clima ameno, uma pessoa adulta normal eliminar cerca de 800 – 2500 ml 
de urina por dia. As alterações da micção, do volume e do ritmo urinário compreendem a hesitação, a oligúria, anúria, 
poliúria, disúria, urgência, polaciúria, noctúria, retenção urinária, incontinência e piúria. 
 Oligúria: excreção de um volume de urina inferior às necessidades de excreção de solutos. Clinicamente, 
convencionou-se chamar de oligúria uma diurese inferior a 400-500 ml/dia ou 20 ml/hora. Geralmente decorre de 
redução do fluxo sanguíneo renal (desidratação, hemorragia, insuficiência cardíaca) ou então por lesões renais 
(glomerulonefrite aguda, necrose tubular aguda). 
 Anúria: diurese inferior a 50-100 ml/dia. Ocorre na obstrução bilateral das artérias renais ou dos ureteres e na 
necrose cortical bilateral. 
 Poliúria: volume urinário superior a 2500 ml por dia. Como o volume de cada micção está limitado pela 
capacidade vesical, verifica-se um maior número de micções, inclusive à noite. Os dois mecanismos básicos de 
poliúria são por diurese osmótica (decorrente da excreção de um volume aumentado de solutos, determinando 
maior excreção de água) ou por incapacidade de concentração urinária (diabetes insipidus, hipopotassemia). 
 Disúria: micção associada à sensação de dor, queimor ou desconforto. Ocorre na cistite, prostatite, uretrite, 
traumatismo geniturinário, irritantes uretrais, reações alérgicas. 
 Urgência e Polaciúria: a urgência urinária significa a necessidade súbita e imperiosa de urinar, podendo, mesmo, 
haver esvaziamento involuntário da bexiga. A polaciúria é o aumento da necessidade de urinar, com o intervalo 
entre as micções inferior a 2 horas, sem que haja concomitante aumento do volume urinário. Estes sintomas são 
provocados por uma redução da capacidade da bexiga, dor à distensão vesical ou por comprometimento da 
uretra posterior. Decorrem de várias causas, tais como infecções, cálculo, obstrução, alterações neurológicas, 
frio, ansiedade. 
 Hesitação: aumento do intervalo para aparecimento do jato urinário. Indica, geralmente, obstrução do tracto de 
saída da bexiga. Para conseguir urinar, o paciente faz um esforço maior que em condições normais. 
 Noctúria (ou nictúria): necessidade de esvaziar a bexiga à noite. Pode ocorrer na fase inicial da insuficiência 
renal, insuficiência cardíaca ou em hepatopatias. 
 Retenção urinária: incapacidade de esvaziar a bexiga, seja parcialmente ou totalmente. Causas: globo vesical, 
estenose uretral, hipertrofia e próstata, bexiga neurogênica; 
 Incontinência urinária: eliminação involuntária de urina, sendo normal em crianças até 1 ano e meio de idade. 
Acontece, principalmente, devido a bexiga neurogênica, cistites, lesões tocoginecológicas, hipertrofia prostática. 
 Piúria: existência de números anormais de leucócitos na urina. 
 
A urina normal é transparente e tem uma tonalidade que varia de amarelo claro ao amarelo escuro, conforma 
esteja diluída ou concentrada. As principais alterações das características da urina são: 
 Hematúria: significa a presença de sangue na urina, podendo ser micro ou macroscópica. A hematúria pode ser 
maciça, inclusive com o aparecimento de coágulos. É importante determinar se a hematúria é total (lesões renais 
ou ureterais), inicial (lesões da uretra distal ou cólon vesical) ou terminal (lesões do trígono vesical). 
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 Hemoglobinúria: presença de hemoglobina livre na urina, secundária à hemólise intravascular (malária, 
leptospirose e queimaduras). 
 Mioglobinúria: decorre da destruição muscular maciça por traumatismos ou queimaduras. 
 Porfirinúria: é consequência da eliminação de porfirinas ou de seus precursores, os quais produzem uma 
coloração vermelho-vinhosa da urina, algumas horas após a micção. 
 Urina turva: relato de urina turva ocorre com frequência por causas diversas. Sendo uma solução 
supersaturada, algumas horas após emitida e guardada em um vaso, a urina pode apresentar precipitação de 
diversos tipos de cristais (cristalúria), sendo mais frequentes os de ácido úrico, oxalato de cálcio e uratos 
amorfos, quando a urina é ácida, e carbonatos e fosfatos de cálcio quando a urina for alcalina. A urina turva, 
formando depósito esbranquiçado e quase sempre com odor desagradável, está associada à infecção urinária, 
seja cistite, pielonefrite, abscesso renal, perirrenal, uretral ou prostático. Uma causa rara de urina turva é a 
obstrução de ductos linfáticos. Nestes casos, a linfa ao ser drenada para a pelve renal origina quilúria (causada 
por filariose, tuberculose ou neoplasias), assumindo a urina uma coloração esbranquiçada e opalescente. 
 Mau cheiro: o odor característico da urina decorre da liberação de amônia. Um simples aumento da 
concentração de solutos na urina pode determinar cheiro desagradável. Porém, fetidez propriamente dita surge 
nos processos infecciosos, pela presença de pus ou por degradação de substâncias orgânicas. Alguns 
medicamentos (vitaminas, antibióticos) também alteram o odor da urina. 
 Urina com espuma: pode ser fisiológica em casos de urina muito concentrada ou pode ocorrer em 
glomerulonefrites, nefropatia diabética, nefrites intersticiais, hiperfosfatúria. 
 
2. Dor originada no sistema urinário 
 A dor originada no sistema urinário pode assumir características diversas. Os tipos principais são: dor lombar, 
cólica renal, dor vesical, estrangúria e dor perineal. 
 Dor lombar e no flanco: embora o parênquima renal seja insensível e não gere dor, a distensão da cápsula 
renal dá origem a uma dor que é percebida na região lombar e flanco. A dor é descrita como uma sensação 
profunda, pesada, fixa, piora em posição ereta e se agrava no fim do dia. Geralmente, não se associa a náuseas 
e vômitos. 
Na síndrome nefrótica, glomerulonefrite aguda, nefrite intersticial e pielonefrite aguda este tipo de dor pode estar 
presente. Se a dor piora com a movimentação, obrigando o paciente a manter-se imóvel, sugere-se inflamação 
peri-nefrética acompanhadade irritação capsular, nefrite bacteriana, infarto renal ou ruptura de cisto renal. Se a 
dor localiza-se no ângulo costo-vertebral, sugere rompimento de cisto de rins policísticos. 
A dor de origem renal pode ficar restrita à área de projeção dos rins (região lombar) ou seguir trajeto uretral 
alcançando o pênis e o testículo, no caso do homem, ou o grande lábio, no caso da mulher. 
 Cólica renal: tipo especial de dor decorrente da obstrução do trato urinário alto, com dilatação da pelve renal e 
ureter e contrações musculares. Seu início pode ser caracterizado por desconforto lombar, com irradiação para o 
QI do mesmo lado. Rapidamente esta sensação de desconforto evolui para dor lancinante, de grande 
intensidade, mal-estar, inquietação, sudorese, náuseas, vômitos, dor em cólica. 
A dor geralmente tem início no ângulo costo-vertebral, lombar e flanco, irradiando-se para fossa ilíaca e região 
inguinal, testículo e pênis e grandes lábios. 
Existem algumas variantes clínicas da cólica renal, conforme a altura da obstrução: obstrução na junção uretero-
pélvica (dor em flanco; irradia-se QS), obstrução uretrovesical (disúria, urgência, frequência), obstrução no final 
do ureter (dor persistente no testículo e pênis ou grandes lábios). 
 Dor hipogástrica ou vesical: dor originada no corpo da bexiga que geralmente é percebida na região 
suprapúbica. Quando ela decorre de irritação envolvendo a região do trígono e do colo vesical, a dor irradia-se 
para a uretra e meato externo, podendo ser relatada como uma sensação de queimor. 
 Estrangúria: inflamação vesical intensa que pode provocar a emissão lenta e dolorosa de urina. A estrangúria 
significa “dor ao urinar”, de fato, e geralmente está associado de disúria (“dificuldade para urinar”). 
 Dor perineal: infecção aguda da próstata causa dor perineal intensa, sendo referida no sacro ou no reto. Pode 
causar também estrangúria. 
 
3. Edema 
 O relato de edema constitui uma manifestação marcante nas doenças renais agudas e crônicas. O edema que 
surge nas doenças renais resulta de diferentes mecanismos patogênicos e tem características semiológicas próprias. 
 O edema da glomerulonefrite é generalizado, sendo mais intenso na região periorbitária pela manhã. No final do 
dia, acomete os membros inferiores. Em crianças, o aparecimento de edema costuma ser súbito, podendo ser 
acompanhado de manifestações de ICC. 
 Na glomerulonefrite crônica, a presença e a intensidade do edema são muito variáveis, podendo estar ausente 
ou manifestar-se apenas como edema periorbitário pela manha. 
 O edema da síndrome nefrótica é generalizado, mais intenso que na glomerulonefrite, podendo chegar à 
anasarca, com intenso edema facial. Devido à glomerulopatia, ocorre um aumento da permeabilidade glomerular 
na síndrome nefrótica, gerando quadros de hipoalbuminemia. Isso reduz a pressão coloidosmótica do plasma, 
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reduzindo o volume plasmático (o que faz, por meio do sistema renina angiotensina, uma maior retenção de 
H2O, reduzindo ainda mais a pressão coloidosmótica) e aumentando o líquido intersticial (gerando o edema). 
 O edema da insuficiência renal crônica é muito variável, na dependência da causa determinante. 
 Na insuficiência renal aguda, o edema decorre geralmente da hiper-hidratação. 
 
4. Febre 
A febre é um sinal interessante para as afecções do sistema urinário: as infecções do trato urinário alto (ureterite 
e pielonefrite) causam febre (geralmente alta, com cerca de 39ºC). Já as infecções do trato urinário baixo (cistite e 
uretrite), a febre é um sinal que nuca está presente. 
De uma forma geral, na infecção aguda, a febre costuma ser elevada acompanhando-se de calafrios, dor lombar 
ou suprapúbica. As principais causas são pielonefrite, cistite e prostatite. 
 Nas infecções crônicas, a temperatura está discretamente aumentada ou com elevações intermitentes, às vezes 
acompanhadas de calafrios. 
 O adenocarcinoma renal costuma acompanhar-se de febre, que até mesmo pode ser a única manifestação 
clínica da doença. 
 
ANAMNESE – ANTECEDENTES PESSOAIS 
 Antecedentes Patológicos: infecções ou cálculos recorrentes, cirurgia renal e detecção prévia de proteinúria ou 
hematúria, diagnóstico de diabetes mellitus, gota ou hipertensão sistêmica, ou se realizou biópsia renal. 
 Antecedentes Familiares: doença policística dos rins, diabetes mellitus e hipertensão arterial. 
 
ECTOSCOPIA 
Durante a ectoscopia, é importante avaliar a presença de fácies renal (caracterizada por edema de face, 
palpebral, palidez de pele, lividez dos lábios), movimentos lentos e dor que não cede em nenhuma posição. 
 
EXAME FÍSICO DOS RINS 
 Inspeção: quando os rins estão aumentados, é possível percebê-los na inspeção, se o aumento foi muito 
grande, principalmente em crianças ou no caso de rins policísticos em adultos. Nestes casos percebe-se um 
abaulamento do flanco. É necessário realizar a inspeção do abdome, flancos e costas, estando o paciente 
sentado. 
 Percussão: deve ser realizada a “punho-percussão de 
Murphy”, realizada como pequenos golpes com a face 
interna da mão fechada. Esta manobra pode produzir 
uma reação dolorosa, profundamente localizada, uni ou 
bilateral, nos casos de pielonefrite aguda, obstrução 
urinária ou inflamação perinefrética. A punho-percussão 
deve ser realizada no ângulo costovertebral, formado 
pela borda inferior da 12ª costela e processos 
transversais das vértebras lombares superiores. O 
aparecimento da dor ou de uma reação exuberante do 
paciente durante a punho-percussão (o paciente emite 
grito ou pula) denota sinal de Giordano positivo (ver 
OBS
4
), caracterizando, geralmente, uma infecção renal. 
Alguns autores defendem que o sinal de Giordano deve 
ser pesquisado com a percussão das regiões lombares 
utilizando a borda ulnar da mão que percute, estando ela 
espalmada. 
 Palpação: A palpação dos rins é feita com o paciente em decúbito dorsal da seguinte maneira: enquanto uma 
das mãos procura explorar os quadrantes superiores do abdome, a outra, espalmada, empurra o flanco 
correspondente de baixo para cima, na tentativa de trazer o rim para uma posição mais anterior (palpação 
bimanual), semelhante ao Método de Guyon (ver OBS
7
). Com o paciente em decúbito dorsal, pode-se pedir para 
ele por seus membros superiores ao longo do corpo e fletir um pouco seus membros inferiores para só então 
realizar a palpação. 
Tendo em vista suas características anatômicas, especialmente sua localização retroperitoneal, é fácil 
compreender que os rins normais são praticamente inacessíveis à palpação. Entretanto, o polo inferior pode ser 
palpável em crianças e adultos magros com musculatura abdominal delgada. Aumento de ambos os rins decorre 
geralmente de doença policística ou de hidronefrose bilateral. 
 Durante a palpação dos rins, deve-se avaliar a sensibilidade renal. Muitas vezes a compressão com as pontas 
do dedo pode ser suficiente para despertar dor. As características normais do rim são: órgãos duros, superfícies 
lisas, borda inferior nítida e não doloroso. 
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Algumas manobras podem ser feitas na tentativa de alcaçar o órgão: manobra de Israel (decúbito lateral oposto 
ao rim que se deseja palpar); manobra de Trousseau (decúbito dorsal); manobra de Glenard (decúbito dorsal); 
manobra de Bellington (posição ortostática). 
 
 
OBS
7
: Palpação combinada (Método de Guyon): O médico deve posicionar ao lado do rim a ser examinado. Por 
exemplo, para examinar o rim direito do paciente em decúbito dorsal, a mão esquerda do examinador é colocada na 
fossa renal direita e, apoiando-se sobre a cama, impulsiona a massa renal adiante; no flanco, com a mão direita, o 
examinar espera o momento do rechaço do rim, tentando palpar o polo inferior do rim direito (mais fácil de ser palpado 
que o esquerdo). 
 
EXAME DA BEXIGA 
 A bexigavazia não é palpável, porém, pode haver hipersensibilidade na área suprapúbica ao se fazer a 
palpação. Retenção urinária aguda ou crônica levando à distensão vesical pode ser percebida pela inspeção, palpação e 
percussão da região suprapúbica. 
 Se houver retenção urinária, observam-se reação dolorosa intensa e presença de um abaulamento no 
hipogástrio. À palpação, observa-se uma massa lisa e firme na linha média (globo vesical). Em mulheres, o 
esvaziamento vesical por cateterismo poderá ser necessário para o diagnóstico diferencial com cisto do ovário. 
 
EXAME DA PRÓSTATA 
 O exame da próstata é feito pelo toque retal. O toque retal é um exame de extrema importância para o 
diagnóstico do câncer de próstata, e depende muito da experiência do médico. É um exame de grande utilidade, com 
80% de sensibilidade e 90% de especificidade. Embora a próstata não seja um componente do sistema urinário, ela se 
relaciona com a porção prostática da uretra masculina e, portanto, a pesquisa de alterações do volume ou da 
consistência desta glândula torna-se importante para o diagnóstico de retenção urinária por hiperplasia da próstata, por 
exemplo. 
 O paciente é deitado na maca em uma posição em que o ânus seja acessível e relaxado (deitado de lado, 
apoiado na mesa de exame, de ventre 
para cima, etc.). O médico, vestindo luvas, 
lubrifica seu dedo indicador em uma 
solução (com ou sem anestésico). 
Solicitando que o paciente efetue um leve 
esforço defecatório, para facilitar a 
protrusão da mucosa, o médico insere o 
indicador no reto passando através do 
ânus e palpa seu interior. 
 A consistência normal da próstata 
é glandular ou fibroelástica (semelhante à 
cartilagem do nariz). Alterações 
relacionadas à consistência ou textura da 
glândula devem ser relatadas pelo 
examinador, e tem-se indicação de biópsia 
prostática, tais como: 
 Presença de nódulo endurecido 
 Superfície irregular. 
 
 Como 70% dos tumores são de localização periférica, é bastante eficaz o diagnóstico por meio deste método. O 
exame do toque torna-se mais importante que o próprio PSA – uma vez alterado o toque prostático, indica-se biópsia, 
independente dos valores de PSA. 
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SEMIOLOGIA DAS PATOLOGIAS ABDOMINAIS 
 
 DIARREIA 
Diarreia é sintoma caracterizado pela 
alteração do hábito intestinal regular de uma 
pessoa, que geralmente é caracterizada pelo 
aumento na frequência das evacuações e 
aumento do teor líquido das fezes. Estas podem 
ser eliminadas semiformadas ou em forma 
líquida. Geralmente, conceitua-se diarreia como 
eliminação de fezes que contêm volume de água 
maior que o normal e cujo peso total calculado 
em 24h ultrapassa 200 g. 
Em uma pessoa adulta com boas 
condições de saúde, alimentando-se 
normalmente, chegam à luz intestinal, de 
diversas formas, cerca de 9 a 10 litros de água e 
aproximadamente 1 Mol de sódio, que 
corresponde a 60 g de Na. Através da dieta são 
obtidos de 1,5 a 2 litros de água, sendo a maior 
parte através de alimentos sólidos, os quais 
contêm até 80% de água em sua composição. 
Desse modo, fica claro que dos 9 a 10 litros de 
água que passam pelo tubo digestivo, apenas 
uma pequena fração é derivada da dieta. O 
restante é derivado da saliva, suco gástrico, bile, 
secreções pancreáticas e intestinais. 
A maior parte desta água (9 litros) é 
absorvida no intestino delgado e somente 1 litro 
chega até o intestino grosso, onde, em 
condições normais, 0,9 litros (900 ml) serão 
absorvidos restando apenas 0,1 litro (100 ml) 
para serem eliminados com as fezes. Estes 
dados já orientam no sentido de que as diarreias 
associadas a doenças do intestino delgado 
sempre serão volumosas e aquelas associadas 
ao intestino grosso apresentarão pequenos 
volumes. 
 
CLASSIFICAÇÃO DAS DIARREIAS 
A diarreia pode ser classificada quanto ao seu tempo de duração e quanto a sua fisiopatologia. 
 Considerando critérios fisiopatológicos, classificamos em osmótica, secretora, inflamatória, motora e mista. 
o Diarreia osmótica: a presença de solutos inabsorvíveis osmoticamente ativos (tanto orgânicos como 
inorgânicos) na luz intestinal poderá provocar aumento do volume de líquidos intraluminais com objetivo 
de preservar a isotonicidade com o plasma. Por se tratar de uma condição relacionada com o conteúdo 
intestinal (pode ser alimentos como carboidratos ou mesmo medicamentos), este tipo de diarreia cessa 
quando o paciente permanece em jejum. A diarreia osmótica pode ter um caráter congênito ou um caráter 
adquirido. 
 Causas congênitas: síndrome de má absorção geral, deficiência de dissacaridases, má absorção 
congênita de glicose-galactose, má absorção congênita de frutose. 
 Causas adquiridas: consumo de lactulose, sorbitol (presente em alimentos diet e algumas frutas), 
frutose (em bebidas, maçãs peras, uvas), manitol (em produtos diet) e fibras. A diarreia pode ser 
induzida pelo magnésio (suplementos dietéticos, antiácidos e laxantes) ou por laxantes que 
contém ânions pouco absorvíveis (sulfato de sódio, fosfato de sódio e citrato de sódio). 
o Diarreia secretora: o volume de líquidos presentes na luz intestinal, em qualquer nível, representa o 
balanço entre o fluxo de fluido de um segmento intestinal mais proximal e a absorção e secreção de fluido 
e eletrólitos pela mucosa instestinal. O aumento no volume intraluminal de líquidos pode resultar tanto do 
aumento da secreção de fluidos e eletrólitos pela mucosa intestinal como também da diminuição da 
absorção dessas substâncias. Pode ser causada por um defeito congênito da absorção iônica, por 
ressecções intestinais, doenças que acometem a mucosa intestinal (que reduzem a área de contato do 
alimento com as vilosidades intestinais), má absorção de sais biliares. Existem ainda causas virais, 
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bacterianas, iatrogênicas (uso de laxativos), doenças associadas às vilosidades intestinais, tumores 
secretores de produtos endógenos (linfoma, adenoma de reto), síndrome da cólera pancreática, doenças 
do colágeno (atrofiam a mucosa), etc. 
o Diarreia motora: as alterações da motilidade intestinal poderão causar diarreia tanto por permitir 
crescimento excessivo de bactérias (estase), como por decréscimo do tempo de contanto entre o fluido 
intraluminal e a superfície absortiva (atividade peristáltica aumentada). O diagnóstico diferencial com 
diarreia secretora ou osmótica é feito quando se pesquisa a presença de produtos iônicos ou 
osmoticamente ativos nas fezes e não se encontra. Portanto, a diarreia motora tem como causas comuns: 
 Motilidade diminuída: com o transito intestinal lentificado, ocorre aumento da quantidade de 
bactérias na mucosa intestinal, sendo elas responsáveis por desconjugar sais biliares, o que 
dificulta a absorção de gorduras, causando diarreias. As causas são: desnutrição, diabetes, 
pacientes em uso de antiperistálticos, doenças do tecido conjuntivo, divertículos, lesões do 
sistema nervoso autônomo, drogas (opiáceos e anticolinérgicos). 
 Motilidade aumentada: com o transito intestinal aumentado, a água tem um menor tempo de 
contato com a mucosa intestinal, diminuindo a sua absorção. As causas são: drogas (propanolol, 
quinidina), laxativos, hipertireoidismo, diarreias agudas-infecciosas. 
o Diarreia exsudativa (inflamatória): ocorre uma inflamação difusa na mucosa colônica e ruptura a 
integridade intestinal que, não somente pode inibir a função absortiva normal do cólon, mas também 
produzida exsudato inflamatório contendo sangue, pus e muco. A diarreia inflamatória poderá ser causada 
por lesões não infecciosas que provocam alterações estruturais ou por lesões secundárias a infecções. As 
principais causas são: infecções bacterianas invasivas, doenças inflamatórias intestinais, colite isquêmica, 
neoplasias de colo e reto. 
 
 Considerando os critérios cronológicos, classificados a diarreia em diarreias agudas,persistentes e 
crônicas. 
o Diarreia aguda: é aquela cujo período de duração não ultrapassa 14 dias e em que o paciente não 
apresenta sintomas semelhantes antes do início dos sintomas. As causas mais comuns são: infecções, 
uso de alguns medicamentos, isquemia intestinal (diarreia exsudativa), impactação fecal (causando 
diarreia motora de transito lento). 
o Diarreia aguda persistente: quando seu período de duração ultrapassa 14 dias porém é menor que 30 
dias. De modo geral, é causada por agentes infecciosos e sua abordagem terapêutica é semelhante à 
diarreia aguda. 
o Diarreia crônica: quando seu período de duração ultrapassa 4 semanas. As principais causas são 
doenças crônicas: má absorção, inflamações ou infecções crônicas intestinais, medicamentos de uso 
crônico, alcoolismo crônico, divertículos, metais pesados, colites, tumores, etc. 
 
DIAGNÓSTICO DE DIARREIA 
A abordagem clínica de um paciente com diarreia deve constar a investigação de várias características 
semiológicas, tais como: 
 Pesquisar a idade (as doenças inflamatórias intestinais estão presentes em adultos jovens, enquanto que a 
incontinência fecal, que pode ser confundida com diarreia, pode estar presente no paciente idoso), naturalidade 
e procedência, profissão (avaliar a exposição a tóxicos ou ingestão de substancias em ambientes comunitários). 
 Avaliar, durante a HDA, o início e duração dos sintomas, possibilitando classificar a diarreia quanto a sua 
cronicidade, garantindo uma atuação mais efetiva. 
 Número de evacuações diarreicas apresentadas diariamente. 
 Verificar a quantidade de fezes e seus aspectos. 
 Avaliar a presença de dor abdominal. Quando o problema acontece no intestino delgado ou no cólon proximal, a 
dor tende a ser intermitente, do tipo cólica, e localizada na região periumbilical ou no quadrante inferior direito. 
Quando o problema está localizado no cólon distal ou reto, a dor tende a ser em aperto, ocasionalmente 
contínua, e localizada no hipogástrio, quadrante inferior direito ou esquerdo, ou região sacral. Esta dor 
geralmente é aliviada com enemas, evacuação ou eliminação de flatos. 
 Avaliar o volume das fezes eliminadas e atribuir fatores que inferem neste sintoma: quando o volume da diarreia 
é muito grande, o problema está situado no intestino delgado ou no cólon proximal (por serem os locais de maior 
absorção de água) e sugerem estímulo secretor. Essas fezes são aquosas, mal cheirosas e não apresentam 
sangue. Se a diarreia apresenta pequeno volume, provavelmente a doença subjacente estará localizada no 
cólon distal ou reto. Esses pacientes se queixam de urgência para defecação, mas eliminam apenas pequenas 
quantidades de fezes, flatos ou muco. As fezes podem ser grudentas ou com aspecto de geleia avermelhada, 
geralmente misturada com muco, pus ou sangue. 
 Presença de febre (poderá estar presente na doença inflamatória intestinal ou nas infecções bacterianas 
provocadas por agentes invasivos) ou emagrecimento (sugerirá má absorção, neoplasias, doenças inflamatórias 
e tireotoxicose). 
 Sintomas constitucionais 
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 Doenças associadas 
 Uso de medicamentos, laxativos ou demais drogas. 
 Investigar sobre os hábitos alimentares (carboidratos e fibras). 
 Pesquisar sobre históricos de viagens para áreas endêmicas de parasitoses. Existe ainda a chamada diarreia do 
viajante causada pela Escherichia coli. 
 Pesquisar antecedentes pessoais e familiares. A história familiar poderá identificar parentes de primeiro grau 
com a mesma doença, por exemplo, doenças inflamatórias, neoplasias endócrinas intestinais, diabetes, etc. 
 A história social poderá contribuir para esclarecer os hábitos sexuais do paciente (o homossexualismo e a AIDS 
são condições frequentemente associadas à doença diarreica). 
 Exame físico: deve avaliar sinais gerais presentes na pele e mucosas (procura de sinais de desidratação), perda 
de peso significante, febre, artralgias e edemas, linfadenopatias (poderá estar presente na AIDS e no linfoma), 
hipotensão postural, sinais de neuropatia periférica, etc. 
 
EXAMES COMPLEMENTARES 
Não existe qualquer exame complementar que isoladamente permite determinar a base orgânica ou funcional de 
uma diarreia em pacientes adultos. A solicitação de exames deverá ser criteriosa e sempre orientada pelos resultados da 
anamnese e do exame físico do paciente. 
A diarreia aguda geralmente é autolimitada, sem maiores intercorrências, e não é necessário a realização de 
exames complementares. Deve-se investigar a etiologia da diarreia quando o paciente apresentar sinais de hipovolemia, 
toxemia, distensão abdominal importante, diminuição de ruídos hidroaéreos ou na dor iminente. Na diarreia aguda, 
devemos solicitar exames de fezes. Na diarreia crônica, além do exame de fezes, pode-se fazer exame parasitológico, 
retossigmoidoscopia com biópsia, enema opaco e colonoscopia. 
Os exames laboratoriais incluem: 
 Exame de fezes: identificação da presença de leucócitos (piócitos), usando o corante de Wrigth, que, 
quando presentes, indicam infecção na mucosa intestinal, especialmente Shigella, Salmonela, 
Cmapylobacter, Yersina e vibriões não coléricos; identificação da lactoferrina; presença de sangue oculto 
nas fezes; coprocultura. 
 Exame protoparasitológico: muito importante para exclusão da presença de parasitoses intestinais como 
causa da diarreia. 
 Testes químicos: fezes alcalinizadas poderão resultar da presença de fenolftaleína nas fezes por 
pacientes que abusam deste laxante ou consomem produtos para emagrecer; fezes acidificadas quando 
o pH encontra-se abaixo de 5,3, como em casos de diarreia secundária a má absorção de glicose. 
 
Os exames endoscópicos incluem retossigmoidoscopia ou sigmoidoscopia com aparelho flexível, que poderão 
ser importantes para o diagnóstico do abuso de laxantes, evidenciando a melanose cólica que é observada com o uso 
excessivo de catárticos antracênicos. O estudo radiológico de valor no estudo de pacientes com diarreia baseia-se na 
avalição do transito intestinal, enema opaco, tomografia abdominal, arteriografia mesentérica. 
 
 
 CONSTIPAÇÃO INTESTINAL 
A definição epidemiológica de constipação intestinal é baseada na frequência de evacuações: um mínimo de três 
evacuações por semana. Tem como sinônimos “prisão de ventre”, “obstipação intestinal”, “intestino preso” ou 
“ressecamento”. 
Foram estabelecidos critérios clínicos que permitem considerar como portadores de constipação intestinal os 
pacientes que, por pelo menos 12 semanas, apresentem duas ou mais das seguintes queixas: 
1. Ocorrência de pelo menos um dos seguintes sintomas em mais de ¼ das evacuações: 
 Esforço aumentado. 
 Fezes endurecidas ou em cíbalos. 
 Sensação de evacuação incompleta. 
 Manobras digitais para facilitar a evacuação (digitação anal ou vaginal, suporte pélvico). 
2. Número de evacuações por semana inferior a 3. 
 
EPIDEMIOLOGIA 
Geralmente, a constipação se inicia na idade escolar, piora com o passar dos anos e tem seu pico máximo 
durante a velhice. Não se sabe por que o transito intestinal lentifica-se nesta faixa etária, mas sabe que há fatores 
relacionados com a constipação como o sedentarismo. Foi confirmado ainda que os hábitos alimentares tem grande 
relação com a constipação: indivíduos que ingerem muita massa e pouca fibra tendem a ser mais constipados. 
 
ETIOLOGIA 
O mau hábito alimentar (ideal: ingerir cerca de 1 g de fibra/10kg de massa corporal/dia), o sedentarismo, pouca 
ingestão de água, condições trabalhistas, perda do reflexo de defecação, hospitalizações, viagens, algumas drogas 
(analgésicos, anticolinérgicos, neurolépticos, antiácidos, magnésio, uso crônico de laxativos), transtornos alimentares, 
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síndrome do intestino irritável, idade, entre outros são alguns dos fatores que interferem no desenvolvimento da

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