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A IMPORTÂNCIA DA TEORIA DAS INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS PARA O DESENVOLVIMENTO DAS ATIVIDADES DOCENTES NAS SÉRIES INICAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL DA ESCOLA MUNICIPAL DE ENSINO FUNDAMENTAL LUIZ CAPILLA DE PRESIDENTE MÉDICI – RO

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FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA-UNIR 
Departamento de Ciências Humanas e Sociais-Campus de Ji-Paraná 
Curso de Pedagogia 
 
CAMILA DE FREITAS RODRIGUES 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A IMPORTÂNCIA DA TEORIA DAS INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS 
PARA O DESENVOLVIMENTO DAS ATIVIDADES DOCENTES NAS 
SÉRIES INICAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL DA ESCOLA 
MUNICIPAL DE ENSINO FUNDAMENTAL LUIZ CAPILLA DE 
PRESIDENTE MÉDICI – RO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Ji-Paraná 
2015 
 
 
CAMILA DE FREITAS RODRIGUES 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A IMPORTÂNCIA DA TEORIA DAS INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS 
PARA O DESENVOLVIMENTO DAS ATIVIDADES DOCENTES NAS 
SÉRIES INICAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL DA ESCOLA 
MUNICIPAL DE ENSINO FUNDAMENTAL LUIZ CAPILLA DE 
PRESIDENTE MÉDICI – RO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Monografia apresentada ao Departamento de 
Ciências Humanas e Sociais da Fundação 
Universidade Federal de Rondônia – UNIR, 
Campus de Ji-Paraná/RO, como requisito 
avaliativo de conclusão do Curso de Pedagogia, 
sob a orientação da professora Neidimar Vieira 
Lopes Gonzales. 
 
 
 
 
 
 
 
Ji-Paraná 
2015 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dedicatória 
 
 
Aos inúmeros indivíduos rotulados – no passado ou no presente – 
como incapazes pelos testes de inteligência, mas que mostraram em 
suas histórias de vida que são mais do que o que os testes dizem ser. 
 
E à minha família. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Agradecimentos 
 
 
 Ao meu Deus e Pai, que me deu força, saúde e equilíbrio nessa caminhada. À Ele, toda 
honra, glória e louvor! 
 À minha família que entendeu a minha ausência mesmo estando presente, sendo meus 
pais Luzia e Lourival que em pequenos e grandes detalhes me fortaleceram, e meus 
irmãos Lucas, Sabrina e Fabrício, bem como à sua família, Ingrid (minha cunhada) e 
minha sobrinha, Laura Lissa, que trouxe alegria e paz inexplicável em muitos 
momentos de tensão no decorrer deste trabalho. Amo vocês! 
 Aos meus amigos, à minha amiga fiel Ana, e ao mesmo tempo, irmãos na fé a quem 
dou mérito pelo companheirismo, compreensão e preocupação com a minha vida. 
Vocês são essenciais! 
 À escola e professores que colaboraram para a realização das pesquisas. 
 À todas e todos colegas de sala do curso de Pedagogia. 
 Um agradecimento especial às mais que colegas; Nilcéia, Rita e Yara, que me 
permitiram colaborar em todos os sentidos de suas vidas, e que colaboraram também 
de diversas formas para que a jornada não fosse tão árdua. 
 Aos professores e professoras do Curso de Pedagogia, Campus de Ji-Paraná, que em 
momentos dentro de sala ou fora dela colaboraram para o meu crescimento pessoal e 
como educadora, com certeza sou uma pessoa melhor hoje. 
 A banca examinadora deste trabalho: Professora Rosiane Ribas de Souza e Professora 
Mestre Ednéia Maria Azevedo Machado, que deram contribuições valiosas a este 
trabalho. 
 Em especial à Professora Mestre Neidimar Vieira Lopes Gonzales, minha orientadora, 
que foi imprescindível para a realização desse trabalho e no meu desenvolvimento 
pessoal e profissional antes mesmo dessa oportunidade de ser orientada pela mesma. 
 
 
 
 
RESUMO 
 
Atualmente tem sido grande a preocupação quanto às habilidades e competências 
apresentadas pelos estudantes e até mesmo pelos profissionais. Após os estudos de Gardner é 
possível compreender que o ser humano apresenta inteligências múltiplas e que algumas são 
mais evidentes e permite que a pessoa se destaque ao usá-la. Com a intenção de compreender 
melhor a teoria de Gardner, este estudo tem como objetivo geral investigar, se na prática, o 
professor utiliza a teoria das Inteligências Múltiplas para compreender e identificar as 
habilidades e competências dos alunos que apresentam dificuldades na aprendizagem, e 
objetivos específicos, verificar, se o professor conhece e qual a concepção que tem acerca da 
teoria das Inteligências Múltiplas e se acredita que a mesma pode contribuir para identificar as 
habilidades dos estudantes, verificar se o professor utiliza a teoria das Inteligências Múltiplas e 
como faz isso; identificar se o professor faz investigações individuais dos alunos que 
apresentam dificuldades de aprendizagem para conhecer e identificar as habilidades que os 
mesmos apresentam. Essa pesquisa é do tipo estudo de caso com abordagem qualitativa 
desenvolvida através de questionários e observação nas salas de aula. Os sujeitos são cinco 
professores das séries iniciais do ensino fundamental da Escola Municipal de Ensino 
Fundamental Professor Luiz Capilla do município de Presidente Médici-RO que lidam com 
diferentes aptidões e dificuldades em sala de aula. O projeto apresenta a seguinte problemática: 
Qual a concepção do professor acerca da teoria de Gardner (teoria das inteligências múltiplas), 
e qual a importância que atribui à mesma na hora de planejar as atividades docentes e tratar o 
aluno que não consegue se desenvolver nas áreas exigidas pelo currículo escolar? Esta pesquisa 
tem como referencias teóricos: Gardner (1994, 2000, 2001), Armstrong (2001), Campbell, 
Campbell & Dickinson (2001) e outros. Como resultado é possível perceber que a maioria dos 
professores sujeitos da pesquisa têm uma concepção superficial acerca das teorias múltiplas, 
por um momento sabem até dizer como fazer uso da mesma, mas apresentam dificuldades para 
aplicá-las no seu planejamento e nas aulas, bem como para identificar as habilidades de seus 
alunos. 
Palavras- Chave: Inteligências Múltiplas. Diversidade. Planejamento docente. 
 
 
 
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS 
 
AEE – Atendimento Educacional Especializado 
IDEB – Índice de Desenvolvimento da Educação Básica 
IM – Inteligências Múltiplas 
LDB – Leis de Diretrizes e Bases 
MEC – Ministério da Educação 
PDDE - Programa Dinheiro Direto na Escola 
PIBID - Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência 
PNE - Plano Nacional de Educação 
QI – Quociente de Inteligência 
 
LISTA DE FIGURAS 
 
Figura 1- Porcentagem dos professores de educação básica com curso superior e porcentagem 
dos anos finais do Ensino Fundamental que tem licenciatura na área em que atuam de 
2013.......................................................................................................................................... 37 
Figura 2 – Diferentes recursos lúdicos e espaços da escola......................................................66 
Figura 3 – Sala da AEE com diversos recursos........................................................................66 
Figura 4 – Espaço de aula criado pelo Professor 04..................................................................68 
 
 
LISTA DE QUADROS 
 
Quadro 1: As inteligências e os respectivos componentes curriculares que atingem o 
conhecimento............................................................................................................................44 
Quadro 2 – Propostas de atividades para as inteligências correspondentes..............................45 
Quadro 3- Exemplo de um plano de aula de IM para oito dias................................................49 
Quadro 4 –Testagem Padronizada Versus Avaliação Autêntica................................................52 
Quadro 5- Formação dos professores pesquisados...................................................................59 
Quadro 6 – Planejamento de aula e orientaçãodo planejamento.............................................60 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
INTRODUÇÃO..........................................................................................................................8 
I. BREVE HISTÓRICO SOBRE O ESTUDO DA INTELIGÊNCIA......................................10 
II. COMPREENDENDO A TEORIA DE GARDNER E SUA IMPORTÂNCIA PARA A 
EDUCAÇÃO............................................................................................................................20 
2.1. A formação e o desenvolvimento profissional docente para um olhar significativo às IM 
...............................................................................................................................36 
2.2. As Inteligências Múltiplas e currículo escolar .............................................................40 
2.3. A teoria das Inteligências Múltiplas como estratégia de ensino em sala de aula..........44 
2.4. As Inteligências Múltiplas na avaliação escolar ...........................................................50 
III. ANÁLISE DOS DADOS DA PESQUISA REALIZADA NA ESCOLA LUIZ 
CAPILLA.............................................................................................................................55 
3.1 Metodologia da pesquisa ...............................................................................................55 
3.2 Observações empíricas ..................................................................................................64 
CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................................70 
REFERÊNCIAS........................................................................................................................72 
APÊNDICES.............................................................................................................................76 
 
8 
 
Introdução 
 
 
 Atualmente há uma preocupação com relação às habilidades e competência do 
indivíduo, seja no campo profissional ou educacional. Sobre estas habilidades nos indivíduos 
Gardner apresentou a teoria das inteligências múltiplas e enfatizou que o “ser inteligente”, ou 
seja, ser capaz de trazer soluções aos problemas de um determinado cenário cultural, é uma 
necessidade que caracteriza nossas sociedades e que varia conforme as culturas; provando isto 
vemos as valorizações de alguns destes cenários culturais, tais como os antigos gregos que 
atentavam para a agilidade em física, a racionalidade e o comportamento virtuoso, os romanos 
para a coragem máscula, os chineses valorizavam aqueles que tinham habilidades para a poesia, 
música, caligrafia, a arte de manejar o arco e o desenho. Hoje, nossa cultura ocidental criou a 
imagem de uma pessoa inteligente que também varia de cenário, onde em escolas mais 
tradicionais, a matemática e a linguagem são consideradas prioridades para ser considerado 
inteligente. (GARDNER, 2001) 
 Considerando este aspecto das culturas, onde a inteligência está subsidiada em alguns 
fatores superficiais e traduzida, muitas vezes, apenas em testes, a teoria das Inteligências 
Múltiplas surge na perspectiva de reformular o conceito de inteligência e ampliar as 
possibilidades de ser inteligente dentro de nossas culturas. Essa perspectiva se tornou possível 
na medida em que o autor encontrou na neuropsicologia através de experimentos com crianças 
e adultos que haviam sofrido lesão cerebral, fundamentos para a comprovação de várias 
estruturas da mente que daria nome ás inteligências múltiplas (linguística, lógico-matemática, 
espacial, corporal-cinestésica, musical, intrapessoal, interpessoal e naturalista). 
 Sendo assim, este estudo tendo como sujeitos da pesquisa 5 (cinco) professores das 
séries iniciais do Ensino Fundamental da Escola Municipal Luiz Capilla da cidade de Presidente 
Médici – RO, e a relação de sua prática pedagógica com os subsídios que a Teoria das 
Inteligências Múltiplas pode oferecer, tanto para o planejamento das aulas quanto para lidar 
com as dificuldades de aprendizagem dos alunos. 
O objetivo é identificar se na prática, o professor utiliza a teoria das Inteligências 
Múltiplas de Gardner para compreender e identificar as habilidades e competências dos 
alunos que apresentam dificuldades na aprendizagem. 
A pesquisa pretende levantar dados, por meio de questionários e observações, para 
verificar se o professor considera ou não as particularidades e necessidades dos alunos, além 
9 
 
dos conhecimentos adquiridos pelo contexto que vivem. Trazer uma reflexão a respeito da 
intervenção do professor em relação ao desenvolvimento do aluno, mostrando que a Teoria de 
Gardner é uma aliada e um grande desafio ao docente. 
 
 
10 
 
I - BREVE HISTÓRICO SOBRE O ESTUDO DA INTELIGÊNCIA 
 
 
A tarefa de compreender o intelecto humano, e como o mesmo se desenvolve começou 
há um tempo remoto, pois, o desenvolvimento do cérebro e a compreensão de como o ser 
humano chega ao conhecimento é muito importante para o desenvolvimento também da 
sociedade. Antes de contemplar os estudos realizados por uma gama de pesquisadores de 
diferentes ramos sobre a inteligência, destacamos a importância em analisar significados 
estabelecidos para a palavra. 
Recorrendo ao significado da palavra inteligência nota-se que a mesma tem sua origem 
na junção de duas palavras latinas: inter= entre e eligare=escolher. Pode-se entender que 
inteligência é então a capacidade mental que se têm para escolher corretamente entre diversas 
opções (ANTUNES, 2008). Ainda segundo o dicionário Aurélio, inteligência pela psicologia, 
significa: “7 Psicol Capacidade de resolver situações problemáticas novas mediante 
reestruturação dos dados perceptivos. ” (1999, p. 1.122) 
Para compreender a profundidade da inteligência na história humana, vejamos o 
pensamento de Santo Agostinho: 
 
O primordial autor e motor do universo é a inteligência. Portanto, a causa final 
do universo deve ser o bem da inteligência e isto é verdade... De todas as 
buscas humanas, a busca da sabedoria é a mais perfeita, a mais sublime, a mais 
útil e a mais agradável. A mais perfeita porque na medida em que o homem 
entrega-se à busca da sabedoria, nesta extensão ele já desfruta de alguma 
parcela da verdadeira felicidade. (RANDALL,1940, apud GARDNER, 
1994, p. 5) 
 
Analisando as citações, pode-se imaginar a complexidade do tema, o tempo e o estudo 
que se levou para criar definições a respeito, por isso será tratado sobre seu histórico, que é 
também de suma importância para a compreensão da teoria que aqui será abordada, a Teoria 
das Inteligências Múltiplas, pois a mesma é resultado de uma série de estudos e delimitações 
das ideias e pesquisas de diversos estudiosos empenhados em compreender o ser humano em 
suas capacidades e habilidades. 
Sabe-se que as discussões sobre funções cerebrais, habilidades do indivíduo e demais 
estudos do cognitivo, antecedem o século XIX, como quando os egípcios acreditavam que o 
pensamento estava relacionado ao coração, o julgamento à cabeça ou aos rins, e ainda quando 
11 
 
Pitágoras e Platão sustentaram que a mente se encontrava no cérebro e Aristóteles pensava 
consigo que a sede da vida está no coração ou Descartes colocou a alma na glândula pineal. 
(GARDNER, 1994). 
Ainda no final do século XVIII, Franz Joseph Gall, anatomista e fisiologista germânico 
que foi pioneiro na identificação das funções do cérebro, ainda enquanto estudante: 
 
[...] observou um relacionamento entre determinadas características de seus 
colegas de escola e os formatos de suas cabeças. [...] e alguns anos depois, 
colocou-a no centrode uma disciplina chamada “frenologia”. [...] A ideia 
chave da frenologia é simples. Os crânios humanos diferem uns dos outros e 
suas variações refletem diferenças no tamanho e na forma do cérebro. 
Diferentes áreas do cérebro, por sua vez, servem a funções distintas; e assim, 
examinando cuidadosamente as configurações cranianas de um indivíduo, um 
especialista seria capaz de determinar os pontos fortes, as fraquezas e as 
idiossincrasias de seu perfil mental. (GARDNER, 1994, p. 10). 
 
A observação de Gall alcançou grande popularidade, tanto pelas críticas que recebeu por 
parte dos líderes religiosos que acreditavam que a mente humana era divina e não poderia ser 
tratada como um mero assunto anatômico, assim como recebeu o apoio de diversos cientistas 
da época e com a ajuda especial do seu colega Joseph Spurzheim, que adicionou 10 às 27 
faculdades mentais e morais de sua lista como a intelectualidade, percepção, amor, etc., formou-
se a frenologia, conforme acima citada. (SABBATTINI, 1997). 
 Como toda teoria, muitas falhas foram encontradas na frenologia, pois o tamanho do 
cérebro não apresenta qualquer relação nítida com o intelecto do indivíduo, sendo que tanto 
indivíduos com um cérebro pequeno podem alcançar grande sucesso, como indivíduos com o 
cérebro pesado podem ser ignorantes. Embasados neste argumento, superficial, mas 
convincente, juntamente com as experiências feitas com o cérebro de animais, que algumas das 
proposições de Gall não puderam ser sustentadas. No entanto, nos anos 60 após a demonstração 
do antropólogo e cirurgião francês Pierre-Paul Broca, foi possível ver a relação indiscutível 
entre uma lesão cerebral e uma debilitação cognitiva específica, em que essa certa lesão havia 
prejudicado as funções linguísticas do indivíduo, e foi assim que a teoria da frenologia voltou 
à evidência. (GARDNER, 1994). 
 Logo após a observação de Gall, depois da segunda metade do século XIX, a psicologia 
começa a se instituir como ciência tendo como principais estudiosos Wilhelm Wundt na 
Alemanha e William James nos Estados Unidos, no entanto, como ciência a psicologia, até 
então, estava mais ligada à Filosofia do que à Medicina, o que diminuía o contato dos 
profissionais da área da psicologia com os profissionais da medicina responsáveis pelas 
12 
 
experiências com o cérebro humano o que dificultou que houvesse um entendimento de que 
pensassem em conteúdos mentais específicos, ao contrário, pensaram de forma independente 
de modalidade sensorial daquele domínio apresentado, onde por este motivo a psicologia 
científica se atentou para as leis mais gerais do conhecimento humano. Uma outra parte da 
psicologia científica significante foi a que buscou diferenças individuais, ou seja, os diferentes 
perfis de habilidades e incapacitações do indivíduo (GARDNER, 1994). 
Quanto a investigação de diferentes habilidades e incapacitações, o britânico 
psicometrista Francis Galton foi determinante para a mesma, pois foi o responsável por montar 
o primeiro laboratório antropométrico após as descobertas de Charles Darwin, seu primo, em 
1860 sobre a origem e evolução das espécies e sua curiosidade sobre os traços psicológicos, 
intelectuais e emocionais dos indivíduos (GARDNER, 2001). Essa curiosidade de Darwin 
levou outros diversos pesquisadores, inclusive em Galton, a se dedicar ao estudo das diferenças 
intelectuais das pessoas onde levantou diversas considerações a respeito daqueles considerados: 
 
[...] ‘gênios’ ou ‘eminências’, e outras formas de sucesso [...] E, desenvolveu 
métodos estatísticos que possibilitaram classificar os seres humanos em 
termos dos seus poderes físicos e intelectuais e a correlacionar estas medidas 
entre si. Estas ferramentas capacitaram-no a verificar a suspeita de uma 
ligação entre linhagem genealógica e sucesso profissional. (GARDNER, 
1994. p. 12) 
 
 Galton, também acreditava que se os indivíduos considerados gênios fossem 
identificados, os mesmos poderiam ser cruzados com indivíduos também com grande 
capacidade intelectual (seleção artificial), para que fosse gerada uma raça humana com grande 
capacidade intelectual, formulando, com o auxílio da matemática e da biologia, a teoria da 
Eugenia ou simplesmente “bem nascido”, como podemos ver em sua declaração sobre Eugenia 
no artigo de COLT (2008): “A eugenia pode ser definida como a ciência que trata daquelas 
agências sociais que influenciam, mental ou fisicamente, as qualidades raciais das futuras 
gerações.” (GALTON, 1906, p. 3, apud. COLT, 2008). 
 Galton também foi um contribuinte para as primeiras ideias dos testes, quando em 1870 
começou a elaborar testes mais formais utilizando principalmente a estatística para suas 
pesquisas. Os testes sondavam em sua maioria, “os modos como os indivíduos distinguiam as 
diferenças de volume dos sons, de brilho da luz, de peso dos objetos. ” Gardner (1994, p. 12). 
Talvez por isso, os testes de Galton não obtiveram resultados satisfatórios. Mesmo com as 
primeiras considerações sobre os testes de inteligência feitos por Galton, o mérito foi dado a 
13 
 
Alfred Binet, como veremos adiante. 
Os primeiros testes de inteligência começaram a surgir no intuito de descobrir os alunos 
com retardo mental ou aqueles com habilidades altamente desenvolvidas. Estes animaram 
diversos grupos da sociedade visto que os mesmos poderiam auxiliar no reconhecimento de 
habilidades necessárias nas escolas, nas empresas e etc. E foi, por exemplo, o caso dos Liceus 
Parisenses, que eram as escolas de ensino geral ou tecnológico, onde: 
 
No início do século XX, as autoridades francesas solicitaram a Alfred Binet 
que criasse um instrumento pelo qual se pudesse prever quais as crianças que 
teriam sucesso nos liceus parisenses. O instrumento criado por Binet testava a 
habilidade das crianças nas áreas verbal e lógica, já que os currículos 
acadêmicos dos liceus enfatizavam, sobretudo o desenvolvimento da 
linguagem e da matemática. Este instrumento deu origem ao primeiro teste de 
inteligência, desenvolvido por Terman, na Universidade de Standford, na 
Califórnia: o Standford-Binet Intelligence Scale. (GAMA, 1994, p. 01) 
 
Binet foi então o principal estudioso da área, e juntamente com Théodore Simon 
projetou os primeiros testes de inteligência, ou testes de QI (quociente de inteligência) que 
separavam as crianças com retardo e classificava as crianças nas séries adequadas, 
(GARDNER, 1994) de onde vem também o conceito de idade mental. Binet, no entanto, deixou 
bem claro que os testes não poderiam medir a inteligência humana, visto que esta abordagem é 
mais ampla e que os testes possuíam uma série de limitações que procurou, juntamente com 
Simon, melhorar. 
 Outro contexto apresentado na criação dos testes de QI seriam os fatores genéticos 
pensados sobre a inteligência, quando alguns autores colocaram a inteligência como fator inato 
herdado dos pais e podendo ser pouco influenciado pelo meio. 
 
A inteligência, bem como aptidões individuais, seria herdada dos pais e já 
estaria predeterminada no momento do nascimento da criança. Dessa forma, 
o comportamento e as habilidades das crianças seguiriam padrões mais ou 
menos fixos, governados pelos processos de maturação, que seriam 
independentes da aprendizagem ou da experiência. 
Para chegar a essa conclusão, desde o início do século pesquisadores que 
defendem essa posição se dedicaram a observar crianças e constataram que, 
na maioria das vezes, pessoas com aptidões especiais normalmente tinham 
familiares que apresentavam os mesmos traços. Diante dessas evidências, 
concluíram que características psicológicas como o nível de inteligência e 
habilidades de escrita, leitura, cálculo, entre outras,seriam transmitidas de pai 
para filho através da herança biológica. O meio social e a educação, portanto, 
cumpririam apenas o papel de impedir ou de deixar aflorar essas 
características. (GOULART, 2010, p. 24) 
14 
 
 
 Assim, estavam criados os primeiros testes e logo em seguida, em 1912, o psicólogo 
Wilhelm Stern traria a proposta do nome de quociente de inteligência, e também a medida que 
era dada pela razão entre a idade mental e idade cronológica do indivíduo, expressa através de 
um número multiplicado por 100 (GARDNER, 2001). 
 Nesta época, os testes foram tidos como a grande descoberta da psicologia pelos 
estudiosos da área e fora dela, onde surgiram os psicometristas, causando uma série de 
discussões entusiasmadas ou críticas sobre o assunto, se falando em crítica, em 1920 o jornalista 
Walter Lippman levantou algumas questões através de debate com Lewis Terman na revista 
américa New Republic criticando “a superficialidade e os possíveis preconceitos culturais das 
perguntas do teste [...]” (GARDNER, 2001, p. 24). 
 Assim como foram feitos discursos entusiasmantes na época de sua descoberta, 
inúmeras também são as críticas atuais em relação aos testes de QI tanto que não 
conseguiríamos colocar aqui, como este relatando esta realidade no Brasil: 
 
Infelizmente, muitas dessas ferramentas foram usadas para discriminar e 
excluir socialmente crianças e adolescentes pertencentes às camadas mais 
pobres da população, especialmente em países como o Brasil, que, em meados 
do século XX, abria as portas das escolas para esse público. (GOULART, 
2010, p. 25) 
 
Ainda sobre os debates gerados pela descoberta da testagem de inteligência vale 
relembrar alguns, como este: 
 
De um lado estão alinhados os indivíduos influenciados pelo psicólogo 
educacional britânico Charles Spearman, em meus termos, um “ouriço” – que 
acredita na existência de um “g” – um fator geral de inteligência dominante 
medido por cada tarefa em um teste de inteligência. Do outro lado, encontram-
se os partidários do psicometrista americano e “raposa” L. L. Thurstone, que 
acredita na existência de um pequeno conjunto de faculdades mentais 
primárias relativamente independentes entre si e medidas por tarefas 
diferentes. Thurstone, de fato, nomeou sete destes fatores – compreensão 
verbal, fluência verbal, fluência numérica, visualização espacial, memória 
associativa, velocidade de percepção e raciocínio. (GARDNER, 1994. p. 13) 
 
 Ou seja, nesse debate, Spermean, identificou um fator, denominado “g”, que 
determinaria grande parte da inteligência e do outro lado, Thurstone, identificou outros fatores 
secundários que também explicariam a inteligência e que deveriam ser considerados. Gardner, 
em seu livro, Inteligência: um conceito reformulado (2001), também detalha que esta discussão 
15 
 
permeou três décadas (até meados de 1930), pois se tratava de teóricos que de um lado 
acreditavam na singularidade da inteligência, representada por Spermean e sua teoria do fator 
“g” e de outro na pluralidade da mesma, representada por Thurstone e seu levantamento de sete 
vetores do intelecto humano. 
 O que pode se dizer ainda sobre os testes de QI é que, após passado todo o entusiasmo 
de uma descoberta recente, percebeu-se que não eram suficientes para medir ou mensurar a 
inteligência humana, visto que se ignora o processo que ocorre até que o indivíduo responda a 
questão do teste, pois o indivíduo se esforça, em uma atividade mental, para responder a questão 
a ele colocada. Além disso, os testes apresentavam uma série de inadequações e era 
tendencioso, interferindo na maneira como haveria de ser respondido, principalmente pela falta 
de conexão, tanto entre as questões como no assunto das mesmas que são em sua maioria fora 
do contexto do indivíduo, ou seja, exigia do indivíduo uma familiarização com conhecimentos 
específicos de uma cultura, e não, com conhecimentos globais ou de sua cultura. 
 Nesse contexto não poderíamos deixar de falar de Piaget e sua grandiosa colaboração a 
cognição humana. Piaget também se trata de um psicólogo insatisfeito com os testes de QI, 
visto que esteve inserido neste contexto e participou como pesquisador no laboratório de Simon 
onde “tornou-se particularmente interessado no erro que as crianças cometem quando tentam 
resolver itens num teste de inteligência” (GARDNER, 1994, p. 14), pois para ele, bem mais 
importante que as respostas que as crianças davam às questões do teste eram as linhas de 
raciocínio e o caminho que trilhavam até chegar as mesmas. E apesar de não se opor a ideia dos 
testes de QI, suas estratégias científicas nos fazem identificar algumas das inadequações do 
programa Binet-Simon (GARDNER, 1994), como as citadas no parágrafo acima. 
 Dessa forma, Piaget desenvolveu sua concepção sobre o intelecto ao identificar fases de 
desenvolvimento e as características que definem a busca pelo conhecimento nas mesmas, e, 
além disso, como os indivíduos agem diante dessa busca. Estas fases de desenvolvimento 
possibilitam compreender um pouco sobre como o indivíduo interage com a aquisição dos 
conhecimentos do mundo: 
 
Inicialmente o bebê entende o mundo principalmente através dos seus 
reflexos, suas percepções sensoriais e suas ações físicas sobre o mundo. Após 
um ano ou dois ele chega a um conhecimento prático ou sensório-motor do 
mundo dos objetos, conforme eles existem no tempo e no espaço. [...] A seguir, 
a criança começa a desenvolver ações interiorizadas ou operações mentais. 
[...] Ao mesmo tempo, a criança também torna-se capaz de utilizar símbolos: 
agora ele está apto a usar várias imagens ou elementos – como palavras, gestos 
ou figuras – para significar objetos da “vida real” no mundo e pode tornar-se 
hábil em entender diversos sistemas de símbolos, como a linguagem ou a 
16 
 
desenho. Estas capacidades de interiorização e simbolização em 
desenvolvimento, atingem um ponto elevado por volta dos sete ou oito anos, 
quando a criança torna-se capaz de realizar operações concretas. [...] Segundo 
Piaget, um estágio final de desenvolvimento entra em existência no início da 
adolescência. Agora capaz de operações formais, o jovem pode raciocinar 
sobre o mundo não apenas através de ações ou de símbolos isolados, mas 
calculando as implicações consequentes de um conjunto de proposições 
relacionadas. [...] Com estas habilidades em mãos (ou na cabeça), o jovem 
atingiu o estado final da cognição humana adulta. Ele é agora capaz de 
empregar a forma de pensamento lógico-racional valorizada no Ocidente e 
epitomizada por matemáticos e cientistas. Evidentemente, o indivíduo pode 
continuar a fazer descobertas, mas não passa mais por mudanças qualitativas 
em seu pensamento. (GARDNER, 1994. p. 15) 
 
 Este breve relato sobre sua colaboração já nos permite reconhecer que foi de extrema 
importância para reconhecer as funções cerebrais e a complexidade da mesma, e também 
colaborou para que o estudo da inteligência fosse levada adiante em uma nova perspectiva, 
porém, como citado acima a abordagem sobre o desenvolvimento humano está enquadrada em 
um contexto do Ocidente, ou seja, para a teoria “supõe relativamente menos importância nos 
contextos não ocidentais e pré-literários e pode, de fato, ser aplicável apenas a uma minoria dos 
indivíduos, mesmo no Ocidente” (GARDNER, 1994, p. 16). A grande questão encontrada por 
Gardner, está na limitação do uso da abordagem de Piaget a um determinado público, não 
podendo ser utilizada em outras culturas, ou contextos quando se trata do estudo da inteligência. 
Influenciado por este pensamento está Robert J. Sternberg, um psicólogo 
contemporâneo de Yale, que publicou seu primeiro escrito sobreinteligência em 1977 e 
escreveu outros inúmeros trabalhos sobre o assunto, procurou descrever os processamentos de 
informação nas questões padronizadas dos testes, e considerava os processos mais importantes 
do que a resposta em si buscando compreender as conexões que o cérebro é capaz de estabelecer 
com as informações que estão ao dispor de quem responde as questões. Além disso, considerou 
também a maneira que as pessoas lidam em diferentes contextos; no trabalho, na faculdade, nos 
relacionamentos, na família, e em diferentes situações, e apontou a realidade de que estas não 
são ensinadas ou testadas. No entanto, as considerações de Sternberg e seu interesse por uma 
nova maneira de medir a inteligência não obtiveram êxito pois os psicometristas eram fiéis aos 
testes anteriormente lançados, e Sternberg era contrário a alguns pontos dos testes anteriores 
(GARDNER, 2001). 
 Para Gardner, as abordagens de QI, a piagetiana, e a de processamento de informações, 
focalizam um determinado tipo de resolução de problemas lógico ou linguístico, mas falham 
juntamente em um ponto muito importante para ele; a biologia e a criatividade em diferentes 
17 
 
níveis e desconsideram os inúmeros papéis relevantes na sociedade (GARDNER, 1994). 
Não poderíamos deixar de falar de alguns outros estudos sobre a inteligência como a 
Inteligência Artificial que apareceu entre os anos de 1950 e 1960, a princípio com o trabalho de 
Warren McCulloch e Walter Pitts, anteriormente aos anos 50, onde trouxe uma proposta sobre 
neurônios artificiais, e mostraram como qualquer função computável podia ser calculada por 
certa rede de neurônios conectados (RUSSELL; NORVIG, 2013). A inteligência artificial se 
encontra “no cruzamento da cognição, das neurociências e da informática, buscando 
compreender o pensamento e o comportamento humano, a fim de reproduzi-los artificialmente” 
(PASTERNAK, 1993, p. 194). Ou seja, a intenção dessa inteligência era compreender a 
cognição humana a fim de fazer com que as máquinas reproduzissem as ações humanas 
inteligentes. Gardner (2001), nos lembra também que a princípio do estudo sobre esta 
inteligência pensava-se em uma capacidade geral de resolver problemas mesmo dentro do 
campo tecnológico, mas ao longo dos estudos desenvolvidos percebeu-se que seriam 
necessários outros tipos específicos de conhecimento para cada programa, e muitos estudiosos 
da área da informática passaram a desconsiderar esta capacidade geral de resolver problemas. 
Entre estas teorias da inteligência está este trabalho, a teoria das múltiplas inteligências de 
Gardner, que surge no ano de 1983 e desafia uma mudança na maneira de lidar com este tema, 
afirmando “que a nossa cultura definira a inteligência de forma muito limitada” 
(ARMSTRONG, 2001. p. 13), desta forma ele definiu a princípio a existência de sete 
inteligências básicas, que dois anos depois se tornaram oito, conhecida como teoria das 
inteligências múltiplas. Ele confrontou o fato de que a inteligência estivesse ligada a atividades 
padrões que todos os indivíduos deveriam realizar, quando na realidade para ele a inteligência 
estivesse mais relacionada a “capacidade de (1) resolver problemas e (2) criar produtos em 
ambientes com contextos ricos e naturais (ARMSTRONG, 2001. p.13). Mais detalhes sobre a 
teoria de Gardner será colocada no capítulo a seguir. 
Outra contribuição relevante veio em 1994, quando mais um livro era escrito sobre a 
inteligência, o livro The Bell Curve, em português, A Curva Normal de Richard J. Herrnstein e 
Charles Murray. Muitos autores poderiam ser citados ao se tratar das críticas oriundas desse 
livro, e os motivos desta polêmica também são inúmeros visto que acreditavam na “inteligência 
como tendo sua base geneticamente determinada, distribuída de forma diferenciada entre as 
raças humanas e as posições sociais” (MAGALHÃES, 1999. p. 15). Em poucas palavras, o 
livro foi tido como preconceituoso e por mais que tenham tentado assumir uma posição neutra, 
foi possível identificar opiniões equivocadas como as que Gardner observou, onde: 
 
18 
 
Embora não assumissem uma posição explícita em relação aos dados 
conhecidos, mostrando QIs mais elevados entre brancos em comparação a 
negros, os autores deram claramente a impressão de que as diferenças eram 
difíceis de mudar e, portanto, deveriam ser um produto de fatores genéticos. 
[...] Do mesmo modo, embora não recomendem práticas eugênicas, eles usam 
repetidamente a seguinte forma de raciocínio: a patologia social deve-se à 
baixa inteligência, e não se pode modificar significativamente a inteligência 
por meio de intervenções societais. (GARDNER, 2001, p. 19) 
 
 Desse modo, polêmico e duvidoso, o livro The Bell Curve foi alvo de inúmeras resenhas 
negativas e comentado em rodas de conversas e rodas de intelectuais (GARDNER, 2001). Um 
ano depois, no outro extremo e para um público bem diferente de The Bell Curve, surge um 
sucesso maior ainda de vendas, o livro Inteligência emocional por Daniel Goleman, que 
também era repórter do Jornal New York Times, Goleman não foi o criador do conceito, pois 
antes de seu livro, Peter Salovey, John Mayer e David Caruso já haviam escrito sobre, no 
entanto, seu conceito de inteligência emocional difere um tanto da teoria a princípio abordada 
por estes autores (PRIMI, 2003). Neste livro, Goleman escreve como a inteligência tem a ver 
com outros fatores a mais do que aqueles que os testes de QI estavam lidando, nesta inteligência 
as emoções eram evidenciadas, como retrata a seguir: 
 
A inteligência emocional prevalece sobre o QI apenas naquelas áreas ‘tenras’ 
mas quais o intelecto é relativamente menos relevante para o sucesso – nas 
quais, por exemplo, autocontrole emocional e empatia podem ser habilidades 
mais valiosas do que aptidões meramente cognitivas. Como se sabe, algumas 
dessas áreas são extremamente importantes em nossas vidas. [...] Aqueles que 
conseguem gerenciar suas vidas emocionais com mais serenidade e 
autoconsciência parecem ter uma vantagem clara e considerável na saúde. 
(GOLEMAN, 2007. p. 13) 
 
 A inteligência emocional ampliou então a gama de possibilidades sobre inteligência e 
como Goleman mesmo cita, foi tida pela Harvard Business Review como “uma ideia inovadora, 
capaz de destruir paradigmas” (GOLEMAN, 2007, p. 11), e também mostrou como o equilíbrio 
das emoções são importante para o processo adaptativo do indivíduo (PRIMI, 2003). 
 Algumas questões perpetuam até nossos dias sobre a inteligência, sobre ser ou não 
herdada, sobre a singularidade ou diversidade da mesma, se é única ou há diversas faculdades 
mentais responsáveis por ela, e ainda há a questão sobre os testes de QI, se são válidos, se são 
de fato justificáveis e até onde podem responder as perguntas que sempre serão feitas sobre 
inteligência humana. Queiróz & Néri (2005 apud. Flerck, 2008), diz ainda que as teorias sobre 
inteligência sempre tiveram três focos: psicométrica, desenvolvimentista e cognitivista. A 
19 
 
psicométrica trata basicamente sobre a quantidade de faculdades mentais, a desenvolvimentista 
não se importa muito com a quantidade de faculdades mentais ou definição de inteligência e 
sim com os esquemas e estruturas mentais; e por último a cognitivista que lida com o ato de 
resolução dos problemas. 
 Há muito para se desenvolver sobre inteligência, uma história já foi construída, mas 
nunca será suficiente estudar sobre a mesma, esta não é mais pertencente a um grupo especifico 
de pesquisadores, pois profissionais de diferentes áreas buscam contribuir para este tema e 
muitos outros grupos de interesse ainda participarão de seu uso (GARDNER, 2001), sabemos 
também que a inteligência é complexapois sua multiplicidade de níveis de organização 
(biológica e contextual) não podem ser desconsideradas. O que se sabe é que: 
 
É de máxima importância reconhecer e estimular todas as variadas 
inteligências humanas e todas as combinações de inteligências. Nós todos 
somos tão diferentes em grande parte porque possuímos diferentes 
combinações de inteligências. Se reconhecermos isso, penso que teremos pelo 
menos uma chance melhor de lidar adequadamente com os muitos problemas 
que enfrentamos neste mundo. (GARDNER, 1994, p. 18) 
 
 Diante da citação acima, abordaremos agora a teoria das inteligências múltiplas e sua 
contribuição para a educação, e como a mesma pode mudar a maneira de ver o ser humano em 
si, e sua capacidade intelectual, tendo como base os aspectos biológicos e culturais. 
 
 
20 
 
II - COMPREENDENDO A TEORIA DE GARDNER E SUA IMPORTÂNCIA PARA A 
EDUCAÇÃO 
 
 
Howard Gardner foi um pesquisador idiossincrático da inteligência, pois é o autor 
principal da teoria que consta neste trabalho. Após entrar na Universidade Harvard para estudar 
História e Direito acaba por se aproximar do psicanalista Erick Erikson e muda seus estudos 
para as áreas de psicologia e educação e passa a estudar a inteligência. E especificamente após 
sua pós graduação dedicou-se ao estudo do desenvolvimento dos sistemas simbólicos, pela 
inteligência humana. Após integrar-se ao projeto Harvard Project Zero, passa a desenvolver a 
teoria das inteligências múltiplas que foi publicada em 1983, (FERRARI, 2008). As pesquisas 
sobre o histórico da inteligência abordado acima, propõe um novo olhar sobre essa temática. 
Todo o contexto apresentado no ponto acima levou Gardner a refletir sobre aspectos que 
deveriam ser aprofundados visto que sua insatisfação não estava simplesmente nos testes de QI, 
pois o mesmo acreditava que o número gerado a partir dos resultados dos testes de QI, poderiam 
de fato informar habilidades do indivíduo e com certeza influenciariam na maneira como os 
professores e todo o contexto escolar veriam ao indivíduo, ao mesmo tempo via nos testes uma 
superficialidade ao desconsiderarem uma gama de possibilidades visto que os testes 
potencializavam as questões de lógica e verbal, mas tinham pouco a contribuir ou a dizer no 
contexto fora da escola. Sobre isso, vejamos a citação de Modernell: 
 
Antes da copa do mundo de 1958 o Brasil possuía seu primeiro psicólogo 
esportivo, João Carvalhaes, que atendia a seleção brasileira de futebol. O 
psicólogo resolveu aplicar em todos os jogadores testes de QI. Garrincha, que 
estava no apogeu de sua carreira, após responder os testes ficou sabendo que 
seu quociente intelectual era irrisório, sendo classificado como débil mental. 
Por este motivo quase foi impedido de participar da Copa. (MODERNELL, 
1992 apud KRUSZIELSKI, 1999, p.1) 
 
A habilidade de Garrincha era evidente para todos, no entanto, o teste psicométrico de 
inteligência apontou que o mesmo não teria grandes chances de ser bem-sucedido na vida. O 
que podemos entender, é que os testes podem nos dar um respaldo para o que talvez aconteça 
na vida escolar, mas não tem muito a dizer sobre o sucesso profissional que será conquistado 
pelo indivíduo como vemos no caso de Garrincha (KRUSZIELSKI, 1999). 
Observações como estas foram importantes para as ideias de Gardner, mas ainda, de 
uma forma mais ampla, sua principal insatisfação estava na maneira de se entender o intelecto: 
O problema está menos na tecnologia da testagem do que nas maneiras 
21 
 
pelas quais habitualmente pensamos sobre o intelecto e em nossas 
concepções arraigadas de inteligências. Apenas quando expandirmos e 
reformularmos nossa concepção do que conta como intelecto humano 
seremos capazes de projetar meios mais adequados para avalia-lo e 
meios mais eficazes para educa-lo. (GARDNER, 1994, p. 4) 
 
Ao observarmos suas perspectivas a respeito da inteligência podemos compreender que 
o mesmo não se limitou a questionar os testes de QI ou a forma como a inteligência era 
compreendida, mas buscou trazer novas perspectivas para tratar a inteligência e compreender 
como, em seu cotidiano, as pessoas lidam com as mais variadas situações. A concepção de 
Gardner sobre inteligência pode ser descrita como “produto de uma operação cerebral e permite 
ao sujeito resolver problemas e, até mesmo, criar produtos que tenham valor específico dentro 
de uma cultura” (ANTUNES, 2008. p. 11). E foi a partir de aspectos até então ignorados que 
chegou a esta conclusão sobre o intelecto humano, e estes aspectos serão abordados a partir de 
agora. 
Gardner desafia todas as pesquisas até então realizadas a respeito do intelecto, pois suas 
fontes se dão por meio de observações no Harvard Project Zero ou Projeto Zero juntamente 
com um grupo da Harvard Graduate School of education, que a princípio realizava pesquisas 
sobre a educação artística, com crianças comuns ou superdotadas e observava em geral, a 
simbologia humana que se tratava de unidades com significados específicos que geravam 
produtos culturais para um conjunto comum de pessoas. Este projeto levou Gardner a estudar 
sobre a neuropsicologia, área da neurologia responsável pelas funções psicológicas das áreas 
neurais, e após ter compreendido um pouco sobre a mesma, ele decidiu se dedicar também ao 
estudo minucioso no Centro de pesquisa da Afasia da Universidade de Boston com a 
colaboração de Geschwint e seus colegas, sobre como o cérebro funciona em adultos normais 
e como ele é prejudicado, e às vezes treinado novamente quando o sistema nervoso sofre uma 
lesão, onde dentro deste estudo do cérebro ele se dedicou a entender através da observação 
como ficariam as capacidades artísticas após uma lesão cerebral (GARDNER, 1994). E foi a 
partir destes estudos que se tornou possível reunir evidências de não apenas uma, mas de outras 
diversas competências humanas, ou simplesmente, “inteligências humanas ou estruturas da 
mente”. 
 
Ambas as populações com que eu estava trabalhando estavam me dando pistas 
para a mesma mensagem: a de que se pensa melhor a mente humana como 
uma série de faculdades relativamente independentes, tendo relações apenas 
frouxas e não previsíveis umas com as outras, do que como uma máquina 
22 
 
única para todas as coisas, com uma capacidade de desempenho constante, 
independente de conteúdo e contexto. (GARDNER, 1994. p. 45) 
 
Nestas pesquisas Gardner também conseguiu levantar considerações mais complexas 
que não poderiam ser esquecidas quando as pesquisas se tratassem de inteligência. Entre estas 
considerações estão os fundamentos biológicos dos quais Gardner separou um capítulo 
exclusivo em seu livro Estruturas da Mente (1994) para tratar sobre o assunto. 
 Em seus embasamentos biológicos a respeito de inteligência, Gardner observou o ponto 
de encontro entre as ciências do cérebro e a biológicas em duas questões; a primeira na 
flexibilidade do desenvolvimento humano que se trata da mudança que as intervenções podem 
ou não efetuar no desenvolvimento do indivíduo, e a identidade ou a natureza das capacidades 
intelectuais que propõe o uso das capacidades humanas para um ou infinitos usos, ou como 
estas se desenvolvem mais claramente em uns do que em outros. De uma forma mais ampla 
essas questões tentam responder, sem considerar as exceções, como funciona a natureza e o 
desenvolvimento das capacidades humanas; como se organizam, como se utilizam, como se 
transformam ao longo da vida (GARDNER, 1994). 
Gardner se posicionou claramente sobre o que pensava a respeito destas questões 
fundamentando seus argumentos na ordem biológica de que estudos realizados sobre 
inteligência e cognição mostravamdiferentes pontos intelectuais, e ainda a presença de áreas 
no cérebro que correspondem a determinadas formas de inteligência (como veremos adiante), 
ou seja, o cérebro reconhece os diferentes modos de processos de informação. 
 
[...] em qualquer momento histórico, pode-se especificar os processos 
componentes de cada mecanismo computacional ou, se preferir, de cada forma 
de inteligência. [...] conforme vejo as evidências, tanto os achados de 
psicólogos sobre o poder de diferentes sistemas simbólicos, quanto os achados 
de neurocientistas sobre a organização do sistema nervoso humano apoiam o 
mesmo quadro da mente humana: a mente consiste em alguns mecanismos 
computacionais bem específicos e bastante independentes. (GARDNER, 
1994, p. 43) 
 
Juntamente com os aspectos biológicos identificamos a importância da cultura para a 
definição de uma inteligência pois torna possível examinar a maneira como as capacidades 
humanas se desenvolvem quando são inseridas em determinado ambiente e as capacidades que 
uma sociedade irá valorizar. 
Além do aspecto biológico de inteligência e a interferência da cultura, ele também 
23 
 
afirmou alguns pré-requisitos para a definição das sete inteligências básicas de sua teoria, 
publicadas em 1983, onde: 
1. Uma inteligência deve proporcionar um conjunto de habilidades para resolver 
problemas ou dificuldades, que capacite o indivíduo a criar produtos através das 
situações problemas; 
2. Deve apresentar o potencial para encontrar ou criar problemas que o leve a 
adquirir conhecimento; 
Estas duas primeiras representam o esforço de Gardner por considerar o aspecto cultural 
na qual a inteligência está envolvida, entendendo também que estes produtos que serão 
produzidos irão diferir grandemente um do outro, já que as culturas humanas são tão diferentes 
e que o conhecimento produzido em um contexto cultural pode ser pouco importante em outro 
contexto. Dessa forma, a inteligência também deve ser: 
3. Útil e importante em diferentes cenários culturais, ou seja, deve captar uma 
gama razoavelmente completa dos tipos de competência valorizados pelas 
culturas humanas. 
Além dos pré-requisitos, Gardner aponta também oito critérios para a definição de uma 
inteligência, sendo estes: 
1- Ser isolável em casos de lesão cerebral; 
2- Deve ser desenvolvida em autistas “eruditos”, prodígios ou indivíduo excepcionais; 
3-Basear-se em uma (ou mais) série de operações identificáveis; 
4-Atingir níveis diversos de competência identificáveis em todo indivíduo; 
5- Ter história evolutiva plausível; 
6- Ser apoiada por dados da psicologia experimental; 
7- Ser apoiada por provas de psicometria; 
8- Ser codificável em um sistema de símbolos. (GARDNER, 2000) 
Dessa forma, sete inteligências foram identificadas em 1983 e são elas: linguística, 
musical, lógico-matemática, espacial, corporal-cinestésica, intrapessoal e interpessoal e uma 
por último inserida, a inteligência naturalista. Deste modo, estas oito inteligências não são 
colocadas por Gardner como finalizadas pois o mesmo afirma que podem existir outras 
inteligências: 
Torna-se necessário dizer, de uma vez por todas, que não há e jamais haverá 
uma lista única, irrefutável e universalmente aceita de inteligências humanas. 
Jamais haverá um rol mestre de três, sete ou trezentas inteligências que 
possam ser endossadas por todos os investigadores. (GARDNER, 1994. p. 7) 
24 
 
 Gardner estava certo ao evidenciar a existência de outras inteligências, pois atualmente 
cogita-se a possibilidade da inserção de mais uma inteligência que está sendo discutida e por 
mais que em diversos livros já se lida com a mesma, o autor das IM não definiu efetivamente 
como sendo uma inteligência de sua teoria, conforme a citação a seguir: 
 
A inteligência existencial ainda não pode ser integralmente acrescentada às 
oito estudadas por Howard Gardner e sua equipe. Em uma palestra proferida 
por este cientista em São Paulo, ele a mencionou como uma “meia-
inteligência”, não lhe atribuindo um valor menor do que têm as outro oito, 
mas querendo afirmar que os atributos inerentes às demais inteligências, e que 
comprovariam sua existência, ainda não haviam sido plenamente alcançados 
pela pesquisa sobre a inteligência existencial. (ANTUNES, 2008, p. 185) 
 
Gardner, após o seu estudo complexo, juntamente com outros pesquisadores da 
Universidade Harvard definiu uma forma menos mística de tratar a inteligência e por meio do 
conceito que abordou criou uma espécie de mapa que agrupa as capacidades humanas em oito 
categorias ou inteligências, onde a maioria dos seres humanos podem desenvolve-las, sejam 
eles talentosos ou inteiramente normais que não possuem nenhum talento especial em alguma 
das inteligências. Tendo feito uma breve apresentação sobre a teoria, a partir daqui 
detalharemos cada uma: 
1. Inteligência linguística: Conforme vimos no capítulo 01, as áreas evidenciadas nos 
testes de QI eram as de linguagem e lógico-matemático, e por muito tempo foram tidas assim. 
Gardner, não as desconsiderou, pois de fato são as que mais facilmente identificamos em nosso 
dia a dia. 
Podemos caracterizar esta inteligência como a capacidade de usar as palavras de forma 
efetiva, seja oralmente ou por meio da escrita. Vejamos a seguir: 
[...] vê-se em funcionamento com especial clareza as operações centrais da 
linguagem. Uma sensibilidade ao significado das palavras, por meio do qual 
o indivíduo aprecia as sutis nuances de diferença entre derramar tinta 
“intencionalmente”, “deliberadamente” e “de propósito”. Uma sensibilidade 
à ordem entre as palavras – a capacidade de seguir regras gramaticais e, em 
ocasiões cuidadosamente, violá-las. Num nível um tanto mais sensorial – uma 
sensibilidade aos sons, ritmos, inflexões e metros das palavras – aquela 
habilidade que pode tornar belo de ouvir até mesmo um poeta em uma língua 
estrangeira. E uma sensibilidade às diferentes funções da linguagem – seu 
potencial para entusiasmar, convencer, estimular, transmitir informações ou 
simplesmente agradar. (GARDNER, 1994, p. 60) 
 Os aspectos centrais do conhecimento linguístico destacados por Gardner e que são 
25 
 
muito importantes em nossa sociedade são a capacidade de usar a linguagem para convencer 
outros indivíduos a tomarem uma decisão diferente da primeiramente pensada, de mesmo modo 
a capacidade de ajudar a lembrar informações que são importantes em diferentes situações, 
também o seu papel na explicação que é fundamental às instruções e explicações e por último 
seu potencial para explicar suas próprias atividades (GARDNER, 1994). 
Esta inteligência é também a mais ampla e mais democraticamente compartilhada na 
espécie humana (GARDNER, 1994), entretanto, ela está evidenciada e bem desenvolvida nos 
contadores de história, oradores, políticos, editores, jornalistas e principalmente nos poetas, 
como Gardner cita constantemente ao falar desta inteligência. 
O desenvolvimento desta inteligência se dá da seguinte forma: 
 
Os sinais de desenvolvimento da inteligência linguística surgem nos primeiros 
meses de vida, com o balbucio da criança, por volta do início do segundo ano, 
a actividade linguística envolve a pronúncia ocasional de certas palavras 
(como mãe, papa, etc.), e mais tarde de pares de palavras. A criança de três 
anos pronuncia já sequências mais complexas, incluindo perguntas, negações 
e frases com orações subordinadas. Por volta dos 4 ou 5 anos, as crianças já 
corrigem falhas sintáticas menores e são capazes de falar com uma fluência 
bastante próxima da do adulto. Nesta idade são já capazes de recorrer a figuras 
de estilo, narrar pequenos contos, inventar personagens, alteraro registo da 
fala, e praticar análise metalinguística (“o que é X?”). O desenvolvimento 
desta inteligência ocorre duma forma tão rápida e precisa, e aparentemente 
com relativa autonomia face ao desenvolvimento de outras habilidades de 
resolução de problemas, o que parece apontar para uma predisposição 
genética, para a existência de um esquema a priori de natureza biológica. 
(RODRIGUES, 2013, p. 19 e 20) 
 
A cultura é forte influenciadora da versatilidade que encontraremos, visto que as culturas 
nos oferecem diferentes modos de vê-la e compreendê-la, aliás, como em todas as inteligências, 
a cultura é com certeza o ponto principal de Gardner, ou seja, encontraremos nas diferentes 
culturas do universo, maneiras diferentes de valorização da linguagem. Um exemplo dessa 
multiforme da linguagem é em casos como no sul dos Estados Unidos ou em diplomados de 
escolas públicas da Inglaterra, onde são realizados treinamentos para retórica política ainda na 
infância (GARDNER, 1994). 
 No aspecto da neuropsicologia, profundamente estudada por Gardner, pode-se 
identificar que a área do cérebro responsável pela linguagem é o Centro de Broca, que recebe 
este nome pelo neurologista francês Paul Broca que observou em um paciente quase totalmente 
incapaz de falar e ao mesmo tempo tinha uma lesão nos lobos frontais, o que gerou 
questionamentos sobre a existência de um centro da linguagem no cérebro, e a área de 
26 
 
Wernicke, denominada assim pelo nome do Neurologista Karl Wernicke que foi capaz de 
identificar que lesões na superfície superior do lobo temporal, entre o córtex auditivo e o giro 
angular, também prejudicariam a fala (VAZ & RAPOSO, 2002). 
 
2. Inteligência lógico-matemática: Gardner aponta que o desenvolvimento desta 
capacidade no indivíduo pode ser percebido desde muito cedo como Piaget relatou. Piaget teve 
o pensamento lógico-matemático como principal objeto de estudo, juntamente com a 
linguagem, e acreditava que este conhecimento, bem como os demais, vinha através das ações 
sobre o mundo, por isso seus estudos observavam desde o berço até o completo 
desenvolvimento das capacidades no indivíduo. 
Sobre o desenvolvimento do conhecimento lógico-matemático observou fatos que 
levavam a consolidação da lógica e da matemática como quando o bebê explora seus objetos 
tais como, chupetas, chocalhos, móbiles ou xícaras, e percebe como cada objeto reage a cada 
circunstância, porém, o bebê lida com estes objetos no devido momento e quando estes não 
estão mais a sua vista é como se o objeto não mais existisse para eles, e só após os 18 meses 
que o bebê passa a adquirir a consciência que Piaget chama de permanência de objeto, onde o 
mesmo passa a perceber da existência dos objetos longe de sua vista. E logo após essa fase, a 
criança passa a perceber a similaridade dos objetos e passa então a agrupá-los em seus 
respectivos grupos; chupetas com chupetas, carrinhos com carrinhos e etc., e mais adiante 
percebe que além desse agrupamento é necessário dar um aspecto quantitativo a estes objetos, 
já diferenciando o pequeno do grande, o muito do pouco, e assim por diante. Passada essa fase 
até os quatro ou cinco anos, a criança aprende a contar mecanicamente e daí em diante é capaz 
de criar a relação dos números que menciona mecanicamente com uma determinada quantidade 
de objetos, sabe por exemplo que se apontar para um único objeto, ele corresponderá ao número 
um. E por fim, a partir dos seis ou sete anos de idade chegou ao nível de jovem futuro 
matemático de Piaget, pois é capaz de distinguir as classes e a quantidade pertencente a cada 
uma. (GARDNER, 1994) 
Resumindo o que essa inteligência significa; ela é a capacidade de utilizar os números 
de forma efetiva e a capacidade de raciocinar bem. Além disso, essa inteligência torna capaz de 
identificar os problemas e gerar soluções para eles. 
 
Esta inteligência baseia-se na capacidade lógica e matemática, assim como a 
capacidade de raciocínio científico ou indutivo, embora processos de 
pensamento dedutivo também estejam envolvidos. Esta inteligência envolve 
27 
 
a capacidade de reconhecer padrões, de trabalhar com símbolos abstratos 
(como números e formas geométricas) assim como discernir relacionamentos 
ou então ver conexões entre peças separadas ou distintas. Relaciona-se, 
também, à capacidade de manejar habilmente longas cadeias de raciocínio, 
elaborar perguntas que ninguém fez, conceber problemas e leva-los a diante. 
(SOUSA, 2011, p. 10) 
 
 Diferente do que muitos acreditavam e continuam a acreditar, Gardner não apontou o 
conhecimento lógico-matemático como superior e reconheceu inclusive que ela deve ser 
considerada uma, entre as diversas inteligência e quanto a presença da lógica nas outras 
inteligências, explicou que essa lógica presente nas demais inteligências operam sobre suas 
próprias regras. 
Esta é geralmente uma inteligência típica dos matemáticos, contadores, estatísticos, 
cientistas ou programadores de computador e a área do cérebro responsável pela inteligência 
lógico-matemático é o Centro de Broca. (TRAVASSOS, 2001), hemisfério direito do cérebro 
onde é responsável pela categorização e pelas relações espaciais quantitativas (LENT in: 
APOSO & VAZ, 2002). 
 
3.Inteligência espacial: Essa inteligência implica-se a ser capaz de criar um mundo 
visual e espacial e, além disso, poder manobrá-lo. Quanto as capacidades centrais desta 
inteligência, estão: 
As capacidades de perceber o mundo visual com precisão, efetuar 
transformações e modificações sobre as percepções iniciais e ser capaz de 
recriar aspectos da experiência visual, mesmo na ausência de estímulos físicos 
relevantes. (GARNDER, 2001, p. 135) 
 
Semelhantemente à inteligência lógico-matemática, Piaget também falou do 
desenvolvimento da noção de espaço em crianças, relatando sobre a compreensão sensório-
motor do espaço que é evidente na primeira infância. Dentre o desenvolvimento dois fatores 
são centrais: a apreciação inicial das trajetórias observadas em objetos e a capacidade de se 
orientar em várias localidades (GARDNER, 1994). 
Esta é uma inteligência dos marinheiros, engenheiros, cirurgiões e no sentido visual os 
designers de interiores. A área do cérebro onde está localizada a inteligência espacial é o 
Hemisfério direito, onde se orienta em determinado local, se reconhece os rostos e cenas etc. 
(GARDNER, 1994). 
4. Inteligência Corporal Cinestésica: É a capacidade de utilizar o corpo para expressão 
de sentimentos ou ideias, e está relacionada ao movimento físico e ao conhecimento do corpo, 
28 
 
sendo esta uma característica marcante dos atores, dançarinos, atletas ou mímicos. Sobre as 
características dessa inteligência podemos ver que; 
 
Característica dessa inteligência é a capacidade de usar o próprio corpo de 
maneiras altamente diferenciadas e hábeis para propósitos expressivos assim 
como voltados a objetivos: estes que vemos quando Marceu – o mímico – 
finge correr, subir no trem ou carregar uma maleta pesada. Igualmente 
característica é a capacidade de trabalhar habilmente com objetos, tanto os que 
envolvem movimentos motores finos dos dedos e mãos quanto os que 
exploram movimentos motores grosseiros do corpo [...]. (GARDNER, 1994, 
p. 161) 
 
 No desenvolvimento desta inteligência é preciso pensar que desde a infância ela precisa 
ser trabalhada, e ainda que “cada cultura possui seu jeito próprio de preservar esses recursos 
expressivos do movimento, havendo variações na importância dada às expressões faciais, aos 
gestos e às posturas corporais, bem como nos significados atribuídos a eles” (BRASIL, 1998, 
p. 20). 
O domínio dessa inteligência está localizadono hemisfério esquerdo (TRAVASSOS, 
2001). As crianças dotadas desta capacidade se desenvolvem com facilidade nas áreas de 
esportes, danças e rapidamente se envolvem quando o assunto são atividades que precisam se 
movimentar. 
 
5. Inteligência Musical: Essa capacidade se caracteriza por saber distinguir, transformar, 
e expressar formas musicais, ou seja, há uma grande sensibilidade em relação a tudo que 
envolve música. “Trata-se de um potencial que revela a capacidade do indivíduo de aprender 
sons e ritmos e de interpretá-los, concebendo novos contornos melódicos com arranjos 
musicais.” (BRENNAND & VASCONCELOS, 2005, p. 31) 
 Os componentes centrais da música são precisamente o tom, o ritmo e o timbre. Estes 
componentes trouxeram a seguinte indagação: Qual o papel da audição na definição da música? 
A resposta é clara quanto a dois componentes destes; o tom e o timbre, onde a audição é 
imprescindível para estes componentes, mas o componente rítmico foi o acesso encontrado por 
aqueles que perderam sua audição para contemplarem a música. Nestes componentes 
percebemos também a cultura como evidência 
 
[...] o tom que é mais central em determinadas culturas – por exemplo, as 
sociedades orientais que fazem uso de pequenos intervalos de quarto de tom, 
enquanto o ritmo é correlativamente enfatizado na África do Sul onde as 
29 
 
proporções rítmicas podem atingir uma complexidade métrica vertiginosa. 
(GARDNER, 1994, p. 82) 
 
 Ou quando encontramos a música sendo valorizada em diferentes formas e representada 
de diferentes maneiras como as culturas que variam tanto em nosso globo. Para a maioria dos 
contextos a música é a representação de seus gostos, suas comidas, sua religião, e sua forma de 
viver, ou seja, é comunicadora importante de sua cultura. 
 Outro aspecto dessa inteligência é o encontro das emoções que é capaz de transmitir, 
dentre as inúmeras relações que a mesmo pode ter com outros contextos de estudo as 
implicações emocionais são com certeza a forma mais marcante identificada, pois qualquer um 
que se envolva com a música, seja como músico, compositor ou apenas ouvinte da música, pode 
nos contar uma experiência que teve com a mesmo se tratando de suas emoções. Talvez em um 
momento de tristeza profunda onde uma música foi capaz de animar, ou de trazer ainda mais 
intensidade ao sentimento de tristeza, ou em um filme onde a música foi capaz de intensificar 
a cena, mas além disso, a música por si só é capaz de trazer sentimentos sem que não 
estivéssemos nem mesmo pensando naquele determinado sentimento. 
 Ao tentarmos identificar essa inteligência logo percebemos que a música é presente na 
vida de todas as pessoas e em diferentes formas, não é preciso olhar para um indivíduo 
superdotado na área da música para percebê-la pois, qualquer indivíduo é capaz de perceber um 
elemento da estrutura musical, ou quando algo saiu fora do campo rítmico, melódico ou 
harmônico que se imaginava. Basta olhar para as pessoas presentes em um evento em que a 
banda toca e de repente um componente da banda deixa escapar um acorde errado, as pessoas 
rapidamente olharão atônitas entendendo que algo saiu errado. 
A música tem ainda uma relação entre a linguagem, muito discutida por outros autores, 
seja a linguagem escrita e falada, ou a linguagem corporal; a relação da linguagem escrita ou 
falada deve-se ao fato de que da mesma forma a música não necessita de objetos físicos no 
mundo, havendo apenas uma exploração dos canais oral e auditivo, quanto a linguagem 
corporal basta apenas tentar imaginar uma dança sem a presença da música, não tentando 
considerar que esta não seja possível, mas que com certeza identificaríamos a falta de algum 
elemento e certamente será a música (GARDNER, 1994). 
Gardner (1994) usou o compositor como expressão eficiente do desenvolvimento da 
música, mas a encontramos também nos cantores, músicos e maestros. Para falarmos do 
desenvolvimento desta inteligência nos seres humanos é preciso pensar desde o bebê e sua 
propensão a música até depois do amadurecimento para o autor, as crianças “normais” quando 
30 
 
ainda bebês, cantam e balbuciam emitindo sons individualmente, produz padrões ondulantes e 
são capazes de imitar padrões prosódicos e sons cantados por outros com precisão melhor do 
que aleatória. Os bebês têm predisposição para captar estes aspectos da música – sendo mais 
sensíveis às propriedades centrais da fala – podem também engajar-se em brincadeiras com som 
com propriedades generativas ou criativas. A partir de meados do segundo ano de vida as 
crianças são capazes de efetuar uma transição em suas vidas musicais, pois começam, por conta 
própria, primeira vez a emitir uma seriação de sons pontilhados explorando diversos intervalos 
pequenos. Inventam músicas de forma espontânea e começam a produzir pequenas ações 
(“trechos característicos”) de músicas familiares ouvidas em torno delas. 
Quanto a isso, Gardner afirma ainda que: 
 
Durante um ano aproximadamente, há uma tensão entre as músicas 
espontâneas e a produção de “trechos característicos” de melodias familiares; 
mas por volta da idade de três ou quatro anos as melodias da cultura dominante 
vencem e a produção de músicas espontâneas e brincadeiras de sons 
exploratórios em geral desaparece. [...] Exceto entre crianças com talento 
musical incomum ou oportunidades excepcionais, há pouco desenvolvimento 
musical adicional após o início dos anos escolares. Certamente, o repertório 
musical expande e os indivíduos podem cantar músicas com maior precisão e 
expressividade. Há também um conhecimento sobre música, pois muitos 
indivíduos tornam-se capazes de ler música, de comentar criticamente 
interpretações e de empregar categorias musicais-críticas. [...] Pode-se 
postular um padrão do crescimento para o jovem músico. Até a idade de oito 
ou nove anos, a criança procede com base em puro talento e energia: ela 
aprende peças prontamente devido ao seu ouvido musical sensível e memória, 
é aplaudida por sua habilidade técnica, mas essencialmente não dispende 
esforço indevido. Um período de construção de habilidade mais sustentada 
inicia por volta dos nove anos aproximadamente, quando a criança deve 
começar a praticar com seriedade, até mesmo na medida em que isto pode 
interferir no seu desempenho escolar e nas suas amizades; Isso pode, de fato, 
ocasionar uma “crise” inicial quando a criança começa a perceber que outros 
valores terão que ser suspensos caso ela deseje seguir sua carreira musical. A 
segunda e mais central crise ocorre no início da adolescência. Além de 
confrontar o choque entre maneiras figurativas e formais de conhecer, o jovem 
deve perguntar se ele realmente deseja dedicar sua vida à música. 
(GARDNER, 1994, p. 87) 
 
O desenvolvimento da habilidade musical acontece no decorrer da vida de cada pessoa, 
como vimos acima. O incentivo e a inserção do indivíduo em um contexto musical desde a 
infância, sejam de estudo ou de uma família voltada para a música, são importantes mas, há 
uma fase na vida de cada pessoa que irá requerer uma decisão pessoal quanto ao envolvimento 
mais sério com a música e o amadurecimento desta habilidade como uma opção profissional ou 
não. 
31 
 
 A localização da habilidade musical no cérebro humano está normalmente no hemisfério 
direito mais especificamente nos lóbulos temporal. (GARDNER, 1994). 
 Agora vamos conhecer a sexta Inteligência da teoria de Gardner. 
 
6. Inteligência Interpessoal: A capacidade de perceber e saber diferenciar as intenções 
humanas, seus sentimentos, suas motivações, ou seja, a capacidade de compreender o ser 
humano. A inteligência Interpessoal também permite a comunicação unscom os outros de 
maneira eficaz, criando relacionamentos saudáveis e liderando grupos por essa característica de 
se importar com o outro. 
 
A inteligência interpessoal está baseada numa capacidade nuclear de perceber 
distinções entre os outros; em especial, contrastes em seus estados de ânimo, 
temperamentos, motivações e intenções. Em formas mais avançadas, esta 
inteligência permite que um adulto experiente perceba as intenções e desejos 
de outras pessoas, mesmo que elas os escondam. (GARDNER, 2000, p. 27) 
 
Em pesquisas sobre o cérebro, os lobos frontais parecem desempenhar um papel muito 
importante na inteligência interpessoal (GARDNER, 2000). Ao olharmos na sociedade, 
podemos notar essa inteligência evidente em líderes políticos ou religiosos, líderes de projetos 
sociais, professores, terapeutas ou conselheiros. Nas crianças é possível perceber que se 
envolvem com liderança naturalmente em sala de aula, além de organizar e se relacionar com 
facilidade. 
 
7. Inteligência Intrapessoal: Essa inteligência é muito característica de pessoas tímidas, 
que basicamente estão voltadas para si, e tem uma autoimagem muito precisa de si mesmo, ou 
seja, ela conhece seus próprios sentimentos, humores, intenções e motivações, é exatamente o 
contrário da inteligência interpessoal. Mais explicitamente relatando, a inteligência intrapessoal 
é: 
 
[...] o conhecimento dos aspectos internos de uma pessoa: o acesso ao 
sentimento da própria vida, a gama das próprias emoções, à capacidade de 
discriminar essas emoções e eventualmente rotulá-las e utilizá-las como uma 
maneira de entender e orientar o próprio comportamento. A pessoa com boa 
inteligência intrapessoal possui um modelo viável e efetivo de si mesma. 
(GARDNER, 2000, p. 28) 
 Quanto à localização no cérebro, os lóbulos frontais desempenham um papel central 
semelhantemente a inteligência interpessoal. Quando se trata do senso do eu, há uma fusão das 
inteligências pessoais; inter e intrapessoal que representa “um símbolo que representa todos 
32 
 
tipos de informações sobre uma pessoa e é, ao mesmo tempo uma invenção que todos os 
indivíduos constroem para si mesmos” (GARDNER, 2000, p. 29) 
 
8. Inteligência Naturalista: Esta foi inserida em 1995 por último e podemos dizer que 
grande parte das crianças tem esta bem desenvolvida em si, pois elas têm imenso prazer em 
desvendar a natureza e sua numerosa classificação. Sendo assim, ficam claras as atividades que 
as crianças desta inteligência têm o desejo de se envolver, atividades como; passeio no campo, 
acampamentos e analogias a animais. 
 Esta inteligência passou a ser considerada inteligência propriamente dita por Gardner, 
com base nas experiências de sobrevivência vividas pelos primeiros humanos, da qual dependia 
do reconhecimento das plantas nocivas ou não, clima, e recursos alimentares (CAMPBELL, 
CAMPBELL & DICKINSON, 2000). 
 Atualmente, identificamos o super desenvolvimento desta inteligência nos biólogos, 
botânicos, zoológicos ou entomologistas. 
Após discussão acerca das oito inteligências, é importante ressaltar que a Inteligência 
existencial foi recentemente cogitada como inteligência, mas ainda não adicionada por Gardner 
a esta teoria, porém para que compreendamos um pouco sobre o que se trata e a importância 
que teria se fosse inserida nesta teoria é preciso abordar um pouco mais. Não foi possível obter 
detalhes sobre o progresso de inserção desta inteligência, mas está disponível em revistas, 
artigos e livros eletrônicos ou não, esta é ainda tratada como “meia inteligência”, porém foi 
bem discutida em vários países por meio do livro “As Inteligências Múltiplas ao redor do 
mundo” que reuniu diversos autores falando da colaboração das IM em diferentes países.1 
Zhilong Shen, um dos autores ao falar sobre as inteligências múltiplas na China, diz que “até 
agora, Gardner mantém suas oito inteligências e meia. As oito são bem conhecidas, mas a 
‘meia’, a inteligência existencial, quase foi esquecida por várias pessoas em todo o mundo, 
inclusive os chineses. Contudo, eu a considero uma séria candidata a inteligência. ” (SHEN 
apud GARDNER, 2010, p. 76) 
 Esta inteligência se trata dos questionamentos do ser humano em relação a sua própria 
existência; o significado da vida e da morte, qual o destino dado após a morte, de onde viemos, 
ou simplesmente a busca por respostas sobre o impacto forte que recebemos quando sentimos 
 
1 O livro “As Inteligências Múltiplas ao redor do mundo” (2010), é organizado por Gardner e investiga de que 
maneira as ideias do mesmo são utilizadas em diferentes lugares do mundo da Ásia á Europa e que significados 
elas produzem em diferentes contextos culturais, principalmente na área da educação. Este livro reúne 41 autores, 
relatando as experiências de diferentes lugares do mundo constatando a importância da teoria. 
33 
 
cada sentimento. Ou seja, trata-se da indagação interna que cada um de nós possui e que com 
certeza, após os estudos desenvolvidos a respeito desta inteligência os trabalhos e intervenções 
ocorrerão na educação ou fora dela. 
Embora as oito inteligências não possam ser determinadas como únicas, as mesmas 
foram suficientes para que uma nova teoria a respeito da inteligência fosse adotada, trazendo 
um sentido mais amplo sobre o cognitivo humano, refletindo também sobre os equívocos 
considerados nas teorias anteriores e como os mesmos interferiam no desenvolvimento melhor 
das capacidades do indivíduo, visto que os mesmos nem sempre se encaixarão no padrão 
colocado pelos representantes políticos e/ou pela escola, consequentemente pela sociedade, 
onde a família se apropria e torna o indivíduo uma vítima do significado deturpado de 
inteligência. 
Sobre isso, Gardner declarou em seu livro como o estímulo às inteligências de cada ser 
humano e a combinação que pode existir entre elas são tão importantes, e tem tanto a ver com 
o desenvolvimento da sociedade já que o ser humano se capacita, melhora ou desenvolve para 
si e para a própria sociedade, como em sua citação a seguir: 
 
Se reconhecermos isso, penso que teremos pelo menos uma chance melhor de 
lidar adequadamente com os muitos problemas que enfrentamos neste mundo. 
Se pudermos mobilizar o espectro das capacidades humanas, as pessoas não 
apenas se sentirão melhores em relação a si mesmas e mais competentes; é 
possível, inclusive, que elas também se sintam mais comprometidas e mais 
capazes de reunir-se ao restante da comunidade mundial para trabalhar pelo 
bem comum. Se pudermos mobilizar toda a gama das inteligências humanas 
e aliá-las a um sentido ético, talvez possamos ajudar a aumentar a 
probabilidade da nossa sobrevivência neste planeta, e talvez inclusive 
contribuir para a nossa prosperidade. (GARDNER, 2000, p. 18) 
 
Sobre a teoria das inteligências múltiplas, Gardner afirma que: 
Esta teoria desafia a visão clássica da inteligência que a maioria de nós 
assimilou explicitamente (vivendo numa cultura com uma concepção forte, 
mas possivelmente circunscrita, de inteligência) [...] quer ou não a defesa das 
inteligências múltiplas específicas prove ser persuasiva, terei pelo menos 
reunido entre duas capas diversos corpos de conhecimento que até então 
viveram em relativa segregação. (GARDNER, 1994. p. 4-7). 
De modo ainda mais amplo o mesmo propõe que sua teoria ajude os representantes 
educacionais a compreender aquilo que os testes de QI não puderem identificar, e em outros 
contextos como aos antropólogos, políticos e demais profissionais Gardner desejou contribuir 
para que haja um interesse em estudar como estas competências agem em diferentes contextos 
culturais

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