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“Comunicação”. Esse é um termo recorrentemente empregado no nosso cotidiano, caracterizando os
meios de transmissão de informações (meios de comunicação), nomeando áreas específicas
(comunicação social, empresarial e afins) ou, simplesmente, referindo-se às nossas atividades diárias
de fala e escrita. Em cada ambiente no qual a comunicação ocorra é natural que ela assuma padrões
específicos, no entanto alguns caracteres básicos mantêm-se inalterados: a comunicação sempre será
um processo, dinâmico e multifuncional, constituído de elementos que interagem via linguagem.
Nesta unidade, percorreremos um trajeto delineado com base em importantes reflexões acerca desse
universo. Assim, inicialmente, conceituaremos a comunicação, evidenciando alguns de seus aspectos
sociais e enfocando algumas das funções que a linguagem assume nesse contexto. Além disso,
verificaremos os variados tipos de comunicação e as eventuais barreiras que podem impedir ou
dificultar o seu bom funcionamento.
Preparado para comunicar-se com o conhecimento? Vamos lá!
A Comunicação como processo e seus elementos 
Você seria capaz de definir “comunicação”? 
Para Bordenave (1987, p. 19), “a comunicação é uma necessidade básica da pessoa humana, do
homem social”. Ao iniciarmos uma atividade de comunicação, iniciamos um processo pelo qual, de
certa forma, atribuímos significados às coisas, ao mundo que conhecemos. 
Por meio da comunicação, situamo-nos nesse mundo, compartilhamos ideias, mensagens, informamos
e somos informados. Sob essa perspectiva, portanto, temos uma atividade que acompanhou o homem
ao longo de toda a sua trajetória, desenvolvendo-se junto à humanidade.
Porém, a comunicação não é nada simples. Ela é marcada, ao contrário, por certa complexidade, pois
comporta toda uma estrutura, sistematicamente arranjada, voltada para que sejam atingidos objetivos
diversos. Dessa forma, quando falamos em comunicação, falamos do objeto de estudo de inúmeras
pesquisas.
O linguista Roman Jakobson foi um dos primeiros a sistematizar conceitos referentes à comunicação.
Basicamente, segundo o seu clássico esquema, o processo comunicativo ocorre assim: inseridos em
um contexto específico, com o auxílio de um canal e de um código, dois sujeitos – o emissor e o
receptor– interagem para a troca de uma mensagem.
Você, neste momento, está vivenciando um exemplo disso: no contexto desta aula, por meio deste
material didático e da linguagem comum entre nós dois, eu e você, professor e aluno, estamos
interagindo para que sejam transmitidos conceitos necessários ao seu desenvolvimento. Em síntese:
estamos nos comunicando!
O sistema proposto por Jakobson (1995), com todos os seus elementos, pode ser assim ilustrado:
Esses elementos variam suas características de acordo com cada situação, embora suas funções
permaneçam inalteradas: o contexto diz respeito ao ambiente em que ocorre o ato comunicativo e, de
certa forma, ao assunto tratado; o emissor é aquele que transmite a mensagem para o receptor,
responsável por captá-la e decodificá-la; o código, por sua vez, é a línguagem empregada na
elaboração da mensagem; e o canal é o meio por onde ela é veiculada.
A comunicação, por meio da linguagem, dissemina-se por todos os ambientes da vida cotidiana: o
doméstico, o escolar, o profissional, enfim, a comunicação é multifacetada e onipresente, verificada
em todas as esferas do mundo contemporâneo, sendo, inclusive, determinante em certas situações.
Esse é o caso da comunicação empregada no mundo empresarial, responsável pelo sucesso ou pelo
fracasso de um único funcionário, de todo um setor ou, em maior grau, de uma instituição inteira.
Conforme Rego (1986, p. 9), “[...] a comunicação exerce um extraordinário poder para o equilíbrio, o
desenvolvimento 
e a expansão das empresas”.
Com tantas funções assim definidas, ela pode se dar de variadas maneiras, a partir da movimentação
de inúmeras estratégias, selecionadas para finalidades diversas: relatar, informar, impressionar,
questionar, convencer, corrigir, organizar... Comunicar é empregar a linguagem objetivando a
interação, no ambiente empresarial ou em outro qualquer.
Portanto, é nessa perspectiva interacional que nossas reflexões devem ser ancoradas, uma vez que a
comunicação parte de um ponto – o emissor – em direção a outro – o receptor –, instaurando uma
relação dialógica, interativa. No campo da linguagem, a interação é fundamental, ainda mais se
pensarmos nas discussões hoje empreendidas acerca das relações entre os indivíduos. Se há
necessidade de interação, há necessidade de comunicação.
O vídeo nos mostra que, hoje, alcançamos um estágio em que a comunicação está baseada na
transmissão da “informação minuto a minuto: a internet”. Reflita: considerando a inevitável e
incessante evolução tecnológica, qual é o futuro da comunicação no mundo? 
Vimos, até aqui, que a comunicação, via linguagem, promove a interação entre os indivíduos, portanto
podemos considerá-la sob um viés social. Na sociedade, então, qual o papel das atividades
comunicativas? Basicamente, a comunicação constitui um dos elementos fundadores da sociedade tal
qual a conhecemos, como demonstra essa interessante observação de Bordenave (1987, p. 17-18):
[...] a comunicação não existe por si mesma, como algo separado da vida da sociedade. Sociedade e
comunicação são uma coisa só. Não poderia existir comunicação sem sociedade, nem sociedade sem
comunicação. A comunicação não pode ser melhor que sua sociedade, nem esta melhor que sua
comunicação. Cada sociedade tem a comunicação que merece. Dize-me como é a tua comunicação e
te direi como é a tua sociedade. 
Essa passagem suscita uma importante e necessária reflexão: o que seria da sociedade, hoje e ao longo
de toda a história, sem a comunicação? Assim, de acordo com Teixeira (2007, p. 25-27), podem ser
definidas algumas funções sociais para a comunicação: 
• Função ideacional: na comunicação são transmitidos valores e crenças, pertencentes ao sistema
ideológico da sociedade.
• Função interpessoal: na comunicação, por meio das relações sociais, são construídas as identidades
individuais e coletivas.
• Função textual: na comunicação, as informações (os textos) organizam-se de acordo com a situação
social em que se inserem.
Fica claro, desse modo, que a comunicação é permeada por aspectos sociais de toda ordem, os quais
determinam sua eficácia. Comunicar, portanto, pressupõe tomar como ponto de partida o ambiente
social em que emissores e receptores se encontram, vivenciando a linguagem a partir de escolhas
adequadas a cada situação comunicativa. 
Funções da Linguagem 
Comunicação, história e sociedade. Essa relação, discutida há pouco, não seria possível sem um
elemento fundamental: a linguagem. Chegamos, assim, a uma conclusão inquestionável: a
comunicação é um fato linguístico. Desse modo, faz-se necessário que pensemos um pouco mais sobre
o que é a linguagem, conceitualmente tão complexa como a própria comunicação. 
Historicamente, a linguagem foi considerada de várias formas. Sua caracterização, portanto, ficou
marcada por, especialmente, três concepções distintas, três modos diferentes de ver a linguagem e a
sua função no mundo (KOCH, 2010): 
Representação ("espelho") do mundo e do pensamento. 
Instrumento ("ferramenta") de comunicação.
Forma ("lugar") de ação ou interação.
 
A primeira concepção considera a língua como um mero recurso pelo qual o homem expressa o seu
pensamento e aquilo que sabe sobre o mundo. A segunda concepção, por sua vez, atribui à língua uma
função comunicativa, assumindo-a como uma ferramenta para a transmissão de informações. Por fim,
a terceira instaura uma visão interacional, ou seja, a língua passa aser compreendida como um
elemento capaz de estabelecer relações e propiciar a realização de certas ações pautadas no uso da
linguagem.
De qualquer forma, essas concepções não devem ser tomadas de forma excludente, uma vez que, na
prática, elas se complementam. Pense: você usa a linguagem para expressar seu pensamento, para
transmitir mensagens, para interagir com outras pessoas, tudo ao mesmo tempo, não é? Assim,
podemos admitir a ideia de que a linguagem é multifuncional.
Você deve estar se perguntando: “Mas, afinal, a linguagem tem função?” É claro que tem!
Reflita sobre sua rotina. É bem possível que, em seu dia a dia, você desenvolva uma série de
atividades nas quais/para as quais você emprega a língua, a linguagem: ao cumprimentar pessoas, ao
conversar com amigos ou ao interagir com os colegas na empresa, para você, a linguagem estará
exercendo uma função, concorda?
Aqui, mais uma vez, podemos ampliar nossas reflexões. Você se lembra dos elementos da
comunicação propostos por Jakobson (1995)? Para cada um deles – emissor, receptor, contexto, canal,
código e mensagem – existe uma função específica da linguagem sendo desempenhada. Observe a
distribuição a seguir: 
Embora pareça algo complexo, a identificação dessas funções é bastante simples: a partir de
características presentes nos textos, conseguimos detectar o elemento sobre o qual a ênfase recai,
o que nos leva ao tipode função.
Porém, os textos não comportam apenas uma função, uma vez que a linguagem pode percorrer vários
caminhos durante o seu funcionamento. Desse modo, como salienta Jakobson (1995), há uma ordem
hierárquica de funções, ou seja, uma função prevalece, sendo capaz de determinar a estrutura verbal
do enunciado, embora outras estejam presentes.
Por isso, ao iniciar um processo comunicativo, você precisa ter seus objetivos bem definidos, para que
faça escolhas adequadas e construa um texto eficaz. Ao se considerar o propósito do texto, o enfoque
que será dado, a linguagem assumirá marcas específicas, desempenhando bem sua função. 
Vamos discutir um pouco mais sobre as funções da linguagem? Para embasar melhor suas reflexões,
assista ao vídeo disponibilizado no link a seguir, em que você encontra uma síntese do assunto.
Tipos de Comunicação 
Foi fácil compreender a comunicação até aqui, certo? Você pode verificar que se trata de um processo
dinâmico, constituído por variados elementos, os quais se complementam na atividade de colocar a
linguagem em funcionamento. A linguagem, por sua vez, pode assumir características variadas, de
acordo com as intenções do texto, ou seja, ela desempenha diversas funções. Assim, a partir desse
variado conjunto de possibilidades, o próprio ato comunicativo pode se manifestar de modos
diferenciados, também a partir de caracteres e objetivos específicos. 
Conheça, agora, alguns dos principais tipos de comunicação: 
Comunicação oral e Comunicação escrita
A comunicação oral baseia-se no uso da oralidade, um processo constituído de três elementos
fundamentais: a voz, a fala e as manifestações corporais. Para Martins e Fortes (2008), assumida como
um fator estratégico de comunicação, a oralidade pode influenciar na construção da imagem
organizacional. Trata-se, segundo os autores, de “[...] um diferencial competitivo que, quando bem
trabalhado e desenvolvido, congrega dimensões comunicacionais que incidem diretamente nas ações,
competências e habilidades dos sujeitos atuantes em organizações” (p. 2). Assim, em uma empresa, a
oralidade também deve ter seu espaço reservado, visto sua relevância, embora devam ser observados
aspectos importantes, como o tipo de informação a ser transmitida, os receptores dessas mensagens e
os objetivos a serem alcançados, para a eficácia comunicacional. 
A comunicação escrita tem, no ambiente empresarial, um papel de destaque, uma vez que a grande
maioria das atividades de comunicação tem como base o texto escrito. Esse tipo de comunicação,
caracterizado pelo registro gráfico de informações em suportes diversos – digitais ou não –, constitui
um dos grandes desafios do universo empresarial, devido à possibilidade de falhas interpretativas.
Diferentemente da oralidade, quando emissor e receptor ocupam um mesmo espaço e podem trabalhar
na reformulação das informações, a escrita deve garantir mais ainda a clareza da mensagem. Para
Tacini et al. (2011, p. 38), “a escrita é produto da interação entre autor-leitor, e não apenas do uso do
código escrito”. Portanto, os indivíduos, em uma empresa, devem dominar técnicas de escrita, além de
serem bons leitores, de modo que as mensagens possam ser codificadas (escritas) e decodificadas
(lidas e compreendidas) com efetividade. 
Comunicação verbal e Comunicação não verbal 
A comunicação verbal constitui um tipo de comunicação discursiva, linguística, que tem como base a
“palavra”, podendo se manifestar por meio da fala ou da escrita. É visualizada em diversas situações,
na comunicação por meio de textos, falados ou escritos, cartas, e-mails, relatórios, cartazes, enfim, em
qualquer tipo de ferramenta de transmissão de informações que faça uso da grafia. 
A comunicação não verbal, por sua vez, caracteriza-se por ser um tipo de comunicação não discursiva
que, em vez de elementos linguísticos, recorre a outros elementos decorrentes das produções humanas,
como gestos, cores, símbolos, imagens, sons, texturas, enfim, tudo que não seja “palavra”, mas que
possa transmitir sentido. 
Conforme salienta Mesquita (1997, p. 155), “é fato que um gesto vale mais que 1000 palavras, mas
são necessárias mais que 1000 palavras para abordar um assunto tão amplo que contemple o gesto e
seu possível significado”. Em outras palavras, comunicação verbal e não verbal atuam de forma
complementar: para algumas mensagens, a palavra tem maior eficácia; para outros objetivos, a
imagem tem maior poder de significação; em outras situações, ainda, ambas são necessárias.
Assim, no ambiente empresarial, a comunicação deve ser pensada de forma a integrar todos os
recursos disponíveis, uma vez que o teor das informações varia de uma situação para outra, o que pode
determinar a necessidade de alteração no suporte. Esses tipos básicos de comunicação – oral, escrita,
verbal e não verbal – podem ser empregados, portanto, na constituição de outras formas de
comunicação em uma empresa: 
• Comunicação comercial ou mercadológica: enquanto um tipo de comunicação externa, é voltada
para a divulgação de produtos ou serviços oferecidos pela empresa, caracterizada por ações de
marketing e publicidade.
• Comunicação financeira: marcada pelas ações da empresa ligadas ao setor financeiro, como o
contato com bancos, analistas, acionistas ou investidores, para aquisição/manutenção de capital e
gestão de finanças.
• Comunicação institucional: responsável pela construção e manutenção de uma identidade, uma
imagem positiva da empresa, com base em sua missão, seus valores, ou seja, com base na ideologia da
organização.
• Comunicação interna: definida como o conjunto de todos os processos comunicativos que visam
integrar todos os integrantes/funcionários de uma empresa, com informações sobre a conduta a ser
adotada, as ações desenvolvidas, os resultados esperados e/ou obtidos, enfim, constitui uma espécie de
organização da rotina da empresa.
Para Matos (2009, p. 35), “a comunicação é como uma rua de duas mãos, e a tarefa de comunicar-se
não está concluída até que haja compreensão, aceitação e ação resultante [...] As recompensas das boas
comunicações são grandes, mas difíceis são os meios de obtê-las”. Em síntese: comunicar é difícil, e
muita coisa pode atrapalhar a efetividade desse processo. Nesse sentido, devemos discutir os tipos de
barreiras que se impõem diante da comunicaçãonas empresas. Os principais são: 
• Barreiras fisiológicas: Caracterizam-se por problemas genéticos ou relacionados à má-formação do
aparelho fonador de uma pessoa, ou seja, deficiências ligadas à fala.
• Barreiras psicológicas: Dizem respeito aos efeitos que visões estereotipadas e certos preconceitos
exercem na transmissão de informações, uma vez que podem gerar mal-entendidos.
• Barreiras semânticas: Evidenciam-se, especialmente, pela inadequação da linguagem, ou seja,
quando ocorrem falhas na construção do sentido devido à escolha do código empregado na
construção da mensagem, caso ele não seja compartilhado pelo receptor.
• Barreiras mecânicas ou físicas: São percebidas quando a comunicação sofre interferências ou
bloqueios decorrentes de fatores físicos, como falhas em aparelhos ou instrumentos de transmissão
(telefones, computadores ou outros dispositivos), ruídos ou barulhos no ambiente ou escolha
inadequada de equipamentos para a função.
• Barreiras pessoais: Trata-se da postura das pessoas nas relações comunicativas. Seus
comportamentos, valores, atitudes, emoções ou, até mesmo, o humor podem facilitar ou dificultar a
transmissão ou o acesso às informações.
• Barreiras administrativas: originam-se a partir do modo burocrático como certas empresas
organizam seu sistema comunicacional.
Aliadas a todas essas barreiras, podem ainda ser citados, como elementos que dificultam a
comunicação, o excesso de informações, as comunicações incompletas ou parciais, a pressão do tempo
ou, ainda, a credibilidade da fonte. Quase todas, no entanto, convergem para uma característica
comum: são reversíveis, ou seja, podem ser erradicadas ou minimizadas com a implantação de
estratégias decorrentes de um planejamento capaz de alterar positivamente o ambiente profissional. 
Embora muitos considerem a comunicação empresarial complicada, sua organização pode ser
empreendida com uma boa dose de conhecimento.
No livro Comunicação empresarial sem complicação, Matos (2009) aborda a comunicação enquanto
um instrumento estratégico na gestão de uma empresa, evidenciando conceitos importantes para a
garantia de sua eficácia. Aproveite a sugestão e amplie seus conhecimentos!
"Não corrigir as próprias falhas é cometer a pior delas."
Confúcio.
Como a mensagem do grande filósofo chinês Confúcio pode ser relacionada à instauração ou à
eliminação de barreiras no sistema comunicacional de uma empresa?
Comunicar-se é muito importante. Disso ninguém pode duvidar, certo?
Nesta unidade pudemos verificar que a comunicação é a base das relações sociais, uma vez que, por
meio dela, os indivíduos mantêm contato uns com os outros, o que configuraria a sua intrínseca
relação com a sociedade. Trata-se de um processo bastante complexo, instaurado a partir da associação
de diversos elementos, os quais podem orientar os objetivos dos textos e as funções que a linguagem
assumirá em cada situação.
Além disso, elencamos as características principais dos diversos tipos de comunicação existentes –
oral, escrita, verbal, não verbal –, com ênfase em sua utilização no ambiente empresarial, bem como
abordamos as possíveis barreiras que impedem a fluidez do sistema comunicacional. Diante disso,
devemos ampliar nossas discussões, na próxima unidade, com a abordagem de aspectos ligados à
qualidade da comunicação empresarial, especialmente a escrita.
Até lá!

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