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Processo Coletivo Daniel Assunção

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Curso Fórum TV – Carreiras Jurídicas 2015 
Processo Coletivo 
Daniel Assumpção 
Nathália Moreira Nunes de Souza 
1/1/2015 
 
 
 
PROCESSO COLETIVO | Daniel Assumpção 
1
 Tutela Jurisdicional Coletiva ...................................................................... 4 
Conceito ................................................................................................. 4 
Origem ................................................................................................... 6 
Origem Remota ................................................................................... 6 
Brasil ................................................................................................... 6 
Microssistema Coletivo .......................................................................... 8 
Marcos Legislativos .............................................................................. 12 
Lei 4.717/65 – Lei de Ação Popular (LAP) .......................................... 12 
Lei 7.347/85 – Lei da Ação Civil Pública (LACP) ................................ 13 
Constituição Federal de 1988 ........................................................... 13 
Lei 8.078/90 – Código de Defesa do Consumidor (CDC) ................... 14 
Espécies de Processo Coletivo ................................................................ 15 
Processo Coletivo Comum ................................................................... 15 
Ação Coletiva x Ação Civil Pública .................................................... 16 
Ação de Improbidade Administrativa ................................................ 17 
Processo Coletivo Especial ................................................................... 18 
Processo Pseudocoletivo ...................................................................... 18 
Processo Pseudoindividual ................................................................... 19 
Princípios do Processo Coletivo ............................................................... 22 
Princípio do Acesso à Ordem Jurídica Justa .......................................... 22 
Princípio da Participação ...................................................................... 24 
Princípio do Ativismo Judicial ............................................................... 26 
Sistemas Processuais Dispositivo e Inquisitivo ................................. 26 
Sistema Processual Coletivo / Poderes do Juiz .................................. 26 
Processo Coletivo e Implementação de Políticas Públicas ................ 29 
Princípio da Economia Processual ........................................................ 31 
Princípio do Interesse no Julgamento do Mérito ................................... 33 
Princípio da Disponibilidade Motivada ................................................. 41 
Obrigatoriedade da Ação Coletiva ....................................................... 44 
Obrigatoriedade da Execução .............................................................. 45 
Princípio da Não Taxatividade da Tutela Coletiva ................................ 47 
Direitos materiais tuteláveis ............................................................. 47 
Espécies de ação .............................................................................. 48 
Princípio da Competência Adequada ................................................... 50 
Direitos tutelados pelo microssistema coletivo ....................................... 55 
Direitos e Interesses ............................................................................ 55 
Direito Difuso ....................................................................................... 56 
Direito Coletivo .................................................................................... 59 
Direito Individual Homogêneo .............................................................. 61 
 
 
PROCESSO COLETIVO | Daniel Assumpção 
2
 Direito Individual Indisponível .............................................................. 65 
Competência ........................................................................................... 71 
Competência Originária dos Tribunais Superiores ............................... 71 
Ação Popular e Ação Civil Pública ..................................................... 71 
Ação de Improbidade Administrativa ................................................ 72 
Mandado de Segurança Coletivo ...................................................... 74 
Competência da Justiça Especializada ................................................. 75 
Competência da Justiça Comum .......................................................... 75 
Justiça Federal .................................................................................. 76 
Justiça Estadual ................................................................................. 77 
Competência do Foro ........................................................................... 78 
Exceções ........................................................................................... 80 
Competência do Juízo .......................................................................... 82 
Legitimidade ........................................................................................... 83 
Espécies ............................................................................................... 83 
Legitimados Ativos ............................................................................... 86 
Cidadão ............................................................................................. 86 
Ministério Público .............................................................................. 91 
MP e Direito Individual Homogêneo ............................................... 96 
Associação e Sindicato ..................................................................... 98 
Representação adequada ............................................................... 101 
Pessoas Jurídicas da Administração Pública .................................... 108 
Administração Pública Direta: União, Estados, DF e Municípios .. 108 
Empresa Pública, Autarquia, Fundação e Sociedade de Economia 
Mista ................................................................................................. 109 
Defensoria Pública .......................................................................... 111 
Mandado de Segurança Coletivo .................................................... 116 
Ação de Improbidade Administrativa .............................................. 118 
Legitimidade Passiva ......................................................................... 119 
ACP ................................................................................................. 119 
Ação Popular ................................................................................... 119 
Ação de Improbidade Administrativa .............................................. 121 
MS Coletivo ..................................................................................... 121 
Legitimação Bifronte da Pessoa Jurídica de Direito Público ............... 123 
Ação Popular ................................................................................... 123 
Improbidade Administrativa ........................................................... 124 
Relação entre ações coletivas ............................................................... 126 
Introdução .......................................................................................... 126 
Conexão / Continência ....................................................................... 127 
 
 
PROCESSO COLETIVO | Daniel Assumpção 
3
 Relação entre ação coletiva e ação individual ......................................132 
Litispendência .................................................................................... 132 
Conexão / Continência ....................................................................... 133 
Suspensão da Ação Individual ........................................................... 136 
Extinção do Processo Individual ......................................................... 138 
Meios de solução dos conflitos .............................................................. 139 
Introdução .......................................................................................... 139 
Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) ......................................... 139 
Coisa julgada ......................................................................................... 147 
Introdução .......................................................................................... 147 
Eficácia Subjetiva da Coisa Julgada na Tutela Coletiva ...................... 148 
Relação entre Ações Coletivas ........................................................... 149 
Relação entre Ações Coletivas e Ações Individuais ........................... 151 
Limitação Territorial ........................................................................... 153 
Liquidação de sentença ........................................................................ 157 
Espécies de Liquidação de Sentença ................................................. 157 
Execução ............................................................................................... 160 
Introdução .......................................................................................... 160 
Direito Transindividual ....................................................................... 161 
Direito Individual Homogêneo ............................................................ 161 
 
 
 
 
PROCESSO COLETIVO | Daniel Assumpção 
4
 
Tutela Jurisdicional Coletiva 
 
Conceito 
 
A tutela jurisdicional se desenvolve por meio do processo. Esse 
processo tem como objetivo tutelar direito material. 
O processo é um instrumento para a proteção de direitos 
materiais. 
Se o direito material tiver natureza individual, teremos uma tutela 
jurisdicional individual, essencialmente regulamentada pelo CPC. 
A tutela jurisdicional coletiva tem como objeto de proteção os 
direitos transindividuais (difusos e coletivos stricto sensu) e 
também direitos individuais. 
Há espécies de direitos individuais que também serão tutelados 
pela tutela jurisdicional coletiva, como é o caso dos direitos 
individuais homogêneos e dos direitos individuais 
indisponíveis (ECA e Estatuto do Idoso). 
 
 
PROCESSO COLETIVO | Daniel Assumpção 
5
 
 
 
No que toca à tutela jurisdicional coletiva, falamos num 
microssistema coletivo. São diferentes sistemas com diferentes 
regras procedimentais, sob uma ótica de tutela diferenciada. 
O microssistema coletivo se associa à ideia de tutela jurisdicional 
diferenciada, que é adequar o procedimento às exigências do direito 
material no caso concreto. 
 
 
 
Tutela 
jurisdicional 
Individual 
Direito individual 
Coletiva 
Direitos 
transindividuais 
Difusos 
Coletivos stricto 
sensu 
Direitos 
individuais 
Homogêneos Indisponíveis 
ECA 
Estatuto do 
Idoso 
 
 
PROCESSO COLETIVO | Daniel Assumpção 
6
 Origem 
Origem Remota 
Nos países de civil Law (tradição romano-germânica) como é o 
Brasil, a origem da Tutela Coletiva está no Direito Romano. Lá, a coisa 
pública era de todos e todos poderiam defendê-la. Qualquer cidadão 
romano poderia defender a coisa pública, que na verdade era de 
todos. 
É tipicamente a ideia da defesa do patrimônio público por um 
cidadão, correspondente à Ação Popular de hoje. 
Quando o Império Romano caiu, os povos bárbaros não tinham a 
ação coletiva, que só ressuscitou em 1836, aproximadamente. 
Nos países de Common Law, temos notícias de que na Inglaterra 
Medieval do séc. XII já havia ações de natureza coletiva. 
No séc. XVII, foram criadas as Cortes de Equidade, com o Bill of 
Peace e ações representativas. Em algumas situações, a formação do 
litisconsórcio inviabilizaria o andamento da ação porque era muita 
gente interessada naquele direito. 
Se colocássemos todos os sujeitos do processo em litisconsórcio, 
isso inviabilizaria o andamento do processo. Criou-se uma ação em 
que era parte apenas um representante daquelas pessoas. 
Era um sujeito só em juízo representando o interesse de todo 
mundo. 
Essas ações representativas significam a origem das ações 
coletivas de direito individual homogêneo (DIH), correspondente às 
class actions do Direito americano. 
Portanto, não é de hoje que surge a Tutela Coletiva. 
 
Brasil 
No Brasil, em razão das Ordenações Portuguesas, ganhamos a 
ação popular. Logo, foi a primeira ação coletiva por aqui reconhecida. 
A ação popular foi retirada do sistema jurídico pelo CC 1916, só 
retornando na CF 1934. Saiu novamente do nosso sistema pela CF 
 
 
PROCESSO COLETIVO | Daniel Assumpção 
7
 1937, só retornando com a CF 1946. Desde então, permanece entre 
nós. 
A ação popular é a origem de todas as nossas ações coletivas no 
Brasil. 
Aliás, a nossa tutela coletiva principiou com os direitos 
transindividuais (difusos / coletivos), já que para essas espécies de 
direito a tutela jurisdicional individual é inadequada à efetiva tutela 
do direito. 
O sistema processual individual é manifestamente incapaz de 
tutelar os direitos difusos e coletivos. Enquanto temos apenas a tutela 
jurisdicional individual, os direitos transindividuais ficam em clara 
violação ao art. 5º, XXXV, CF. 
Se a tutela individual não conseguia proteger esses direitos, 
nasceu a necessidade de criar uma tutela para protegê-los, o que se 
deu pelo microssistema coletivo. 
Após um tempo, passamos a tutelar também os direitos 
individuais, sejam os homogêneos, sejam os indisponíveis do ECA e 
EI. 
A tutela jurisdicional individual é capaz de proteger esses direitos. 
Se hoje não tivéssemos tutela jurisdicional coletiva, o direito 
individual indisponível ou homogêneo estaria sendo tutelado pela 
tutela individual. 
Por que o microssistema coletivo passa a proteger direitos que já 
são tuteláveis pela tutela jurisdicional individual? 
Hugo Nigro Mazzilli leciona que, apesar de a tutela individual ser 
capaz de tutelar esses direitos, existem multifacetários obstáculos 
para a sua tutela efetiva (jurídicos, econômicos, sociais, políticos...). 
Pt. 02 
 
 
 
PROCESSO COLETIVO | Daniel Assumpção 
8
 Microssistema Coletivo 
Também é denominado de “minissistema coletivo”, termo não 
muito comum, mas já utilizado pelo STJ no REsp 1.106.515/MG.i Parte 
da doutrina fala ainda em “sistema único coletivo”. 
De todo modo, trata-se da somatória de várias leis, especialmente: 
 Lei 4.71765 – Lei da Ação Popular (LAP) 
 Lei 6.938/81 – Lei da Política Nacional do Meio Ambiente 
 Lei 7.347/85 – Lei da Ação Civil Pública (LACP) 
 Constituição Federal 
 Lei 7.853/89 – Lei das Pessoas Portadoras de Deficiência 
 Lei 7.913/89 – Lei dos Investidores dos Mercados de Valores 
Mobiliários 
 Lei 8.069/90 – Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) 
 Lei 8.078/90 – Código de Defesa do Consumidor (CDC) 
 Lei 8.429/92 – Lei de Improbidade Administrativa (LIA) 
 Lei 10.471/2003 – Estatuto do Idoso (EI) 
 Lei 10.671/2003 – Estatuto do Torcedor 
 Lei 12.016/2009 – Lei do Mandado de Segurança (LMS) 
 Lei 12.846/2013 – Lei Anticorrupção 
 
Existe um núcleo duro nesse sistema, formado pela Lei de Ação 
Civil Pública (LACP) e CDC. 
Uma corrente doutrináriadiz que existe uma preferência pelas 
normas da Lei de Ação Civil Pública (Carvalho Filho e Fredie Didier). 
Essa preferência da LACP em detrimento do CDC viria do art. 21 
LACP, alterado pelo próprio CDC, que prevê uma aplicação subsidiária 
do CDC à Lei de Ação Civil Pública. Portanto, quem teria colocado a 
LACP em preferência foi o próprio CDC. 
Outra corrente doutrinária diz que o CDC é aplicado para relações 
de consumo (ações coletivas de relação consumerista) e a LACP seria 
aplicada para as demais relações jurídicas. Esse é o entendimento do 
Nelson Nery e não parece o mais adequado. 
 
 
PROCESSO COLETIVO | Daniel Assumpção 
9
 Obs.: de todo modo, só se aplica à tutela coletiva a parte do CDC 
sobre tutela coletiva, que será aplicável a consumidores e não 
consumidores. 
Só o CDC, aliás, prevê o DIH. Se o CDC só fosse aplicável a 
relações consumeristas, só haveria proteção de DIH nas relações 
consumeristas. 
O CDC e a LACP se complementam, atuando em grande sintonia. 
Há algumas repetições e muitas complementações nestas leis, mas 
inexistem divergências entre as normas. 
 
Como esse núcleo duro (LACP / CDC)_ se relaciona com as demais 
leis que compõem o microssistema coletivo? 
Neste tema, surgem 03 soluções possíveis: 
 Aplicaremos primeiro o núcleo duro. No que o núcleo duro não 
prever, aplicaremos as demais leis. Essa é a opinião do Didier, 
Zanetti. 
 Primeiro, aplicaremos as demais leis. Só depois aplicaremos o 
núcleo duro. Esta é a opinião do Gajardoni. 
 Parece adequado se valer à norma mais benéfica à tutela do 
direito. Ao invés de resolver o conflito a priori, abstratamente, 
devemos indagar para fins da tutela efetiva do direito, no caso 
concreto, qual a norma mais adequada. É esse o entendimento 
do professor Daniel Assumpção. 
 
A tendência do STJ é primeiro prestigiar a lei extravagante e 
depois o núcleo duro. 
Art. 2º LACP + art. 93 CDC -> regra geral de competência prevista 
pelo núcleo duro: competência do local do dano, competência esta 
ABSOLUTA. 
Art. 209 ECA -> prevê como competência o local do ato ou 
omissão que deu causa ao conflito de interesses. 
Art. 80 EI -> competência do local do domicílio do idoso. 
 
 
PROCESSO COLETIVO | Daniel Assumpção 
1
0
 A competência do ECA e do EI também são consideradas 
ABSOLUTAS. 
Art. 5º LAP – não prevê a competência territorial. O STJ ii , 
quebrando a ideia de microssistema, deixou de aplicar a LACP para 
determinar a aplicação do CPC. 
O CPC prevê competência territorial com natureza relativa. 
Portanto, ao aplicar o CPC, o STJ não apenas definiu qual o foro 
territorialmente competente, mas também fez com que houvesse 
uma competência relativa, quebrando com a ideia do microssistema. 
 
Art. 14 LACP + art. 19, caput, LAP 
Enquanto a LACP prevê uma apelação sem efeito suspensivo, a 
LAP prevê uma apelação no duplo efeito. 
O STJiii decidiu que a apelação na ação popular tem duplo efeito. 
Ou seja, havendo conflito entre o núcleo duro e a legislação 
extravagante no microssistema, deve-se aplicar a legislação 
extravagante. 
 
Art. 22, caput, LMS – prevê para o mandado de segurança coletivo 
uma coisa julgada material pro et contra. O MS coletivo terá eficácia 
ultra partes, atingindo terceiros “para o bem e para o mal”. 
Se o MS coletivo for julgado procedente, isso aproveita a todos os 
indivíduos. Outrossim, se o MS coletivo for improcedente, prejudicará 
os indivíduos. 
O indivíduo não poderá propor ação individual, porque será 
beneficiado ou prejudicado pela decisão do MS coletivo. 
Pt. 03 
Essa regra da LMS confronta o art. 103, §1º, CDC, que prevê uma 
coisa julgada material secundum eventum litis in utilibus. A coisa 
julgada material só pode beneficiar o terceiro, não prejudicá-lo. É uma 
CJ material segundo o resultado do processo, para beneficiar (que 
seja útil). 
Portanto, existe um choque entre a LMS e o CDC. 
 
 
PROCESSO COLETIVO | Daniel Assumpção 
1
1
 Mais uma vez, o STJ
iv
 demonstra que se aplica a norma 
extravagante e, só na sua omissão, aplicar-se-á o núcleo duro do 
microssistema coletivo. No que toca à coisa julgada material, por 
exemplo, vale o que dispõe a LMS e não o CDC. 
 
O núcleo duro pode ser complementado por lei extravagante. 
Pegamos uma lei que não faz parte do núcleo duro e aplicamos a sua 
norma como uma norma geral do microssistema coletivo, como se 
fosse mesmo parte do núcleo duro. A norma que seria específica é 
transformada em norma genérica dentro do microssistema coletivo. 
Art. 21 da Lei 4717/65 => prazo prescricional em 05 anos. A LACP 
não fala em prescrição, tampouco o CDC no que toca ao processo 
coletivo. O STJ torna a regra da LAP em norma geralv, exceto para o 
mandado de segurança coletivo que tem prazo decadencial e não 
prescricional. 
Art. 19 da Lei 4717/65 => reexame necessário. A ideia é de tutela 
do direito objeto da demanda, e não tutela da Fazenda Pública. Isto 
porque o reexame necessário será aplicado à sentença de 
improcedência e sentença terminativa. Ou seja, sempre que a 
sentença não tutelar o direito, mesmo que o autor não apele, o 
processo subirá em reexame necessário. 
O objeto de tutela aqui não é a Fazenda Pública, mas o direito 
discutido no processo. 
O STJ
vi
 aplica esta regra do reexame necessário ao núcleo duro e, 
dali, se irradia para o restante do microssistema coletivo. 
 
Havendo conflito, prevalece a lei específica, que por seu turno tem 
capacidade de criar normas gerais, compondo o núcleo duro e dali se 
irradiando, mesmo que não conste na LACP e nem no CDC. 
 
 
 
PROCESSO COLETIVO | Daniel Assumpção 
1
2
 Marcos Legislativos 
Lei 4.717/65 – Lei de Ação Popular (LAP) 
Esta foi a primeira lei infraconstitucional a regulamentar processo 
coletivo no Brasil. Embora a tutela coletiva constasse na CF, até então 
não havia qualquer regulamentação. 
Sua primeira grande novidade foi a coisa julgada material 
secundum eventum probationis. 
Outra inovação foi a possibilidade de o réu virar autor, bem 
como a obrigatoriedade da execução. 
Também é previsto na LAP o reexame necessário. 
A LAP prevê a legitimidade ativa do cidadão. As leis que se 
seguiram à LAP não preveem a legitimidade ativa do cidadão, mas 
sim os entes coletivos legitimados. 
 
1) Coisa julgada material secundum eventum probationis 
2) Possibilidade de o réu virar autor 
3) Obrigatoriedade da execução 
4) Reexame necessário 
5) Legitimidade ativa do cidadão 
 
O grande objetivo da ação popular é a tutela do patrimônio 
público. No início, era apenas o patrimônio público material, isto é, o 
erário. Hoje, a ação popular também serve para tutelar o patrimônio 
público imaterial, o que permite tutelar a moralidade administrativa, o 
meio ambiente, o patrimônio histórico, cultural, paisagístico e 
turístico via ação popular. 
Com o tempo, a ação popular deixa de ser voltada apenas ao 
erário, sendo atualmente bem mais ampla. 
 
 
 
PROCESSO COLETIVO | Daniel Assumpção 
1
3
 Lei 7.347/85 – Lei da Ação Civil Pública (LACP) 
Num primeiro momento, a LACP foi criada para tutelar o 
consumidor, o meio ambiente e o patrimônio histórico e cultural. 
Num 2º momento, entendemos que todo direito difuso e coletivo 
seria tutelado pela LACP. 
Num 3º momento, que hoje vivemos, criaram-se 2 exceções a essa 
amplitude de tutela. 
Art. 1º, §1º, LACP – exclui da incidência da LACP os tributos e as 
contribuições previdenciárias. 
 
Outra relevante novidade da LACP foi a questão da legitimação 
ativa, retirando-a da pessoa física (humana) e concedendo-a para 
pessoas jurídicas. Essafoi uma inovação repetida nas demais leis do 
microssistema coletivo. 
 
Constituição Federal de 1988 
A CF 88 foi a primeira a consagrar direitos difusos e coletivos. 
Portanto, destacou-se sobremaneira no direito material coletivo, 
embora no direito processual coletivo não tenha feito muitas 
previsões. 
Art. 5º, LXXIII, CF -> foi o responsável pela ampliação do objeto de 
tutela da ação popular. Houvera uma lei infraconstitucional que já nos 
levara além do erário, mas a amplitude atual merece ser creditada à 
CF. 
Art. 129, III, CF -> prevê a legitimidade do Ministério Público para 
inquérito civil (ICP) e ação civil pública (ACP) na tutela de qualquer 
direito difuso ou coletivo. 
Em 1990, o CDC alterou a LACP para admitir que todo direito 
difuso e coletivo fosse tutelável. Entre a CF 88 e essa alteração da 
LACP, só o MP poderia propor a LACP para matérias amplas; os 
demais legitimados, que não tinham previsão constitucional, tinham 
que observar a letra da lei, que ainda previa matérias limitadas para 
a ACP. 
 
 
PROCESSO COLETIVO | Daniel Assumpção 
1
4
 Para o MP, não se exige a representação adequada. Isso porque a 
CF já estipulou que ele pode tutelar qualquer direito difuso ou 
coletivo. 
Art. 5º, LXX, CF -> mandado de segurança coletivo. Isso só foi 
regulamentado em 2009, mas já era utilizado antes em razão da 
previsão constitucional. Utilizava-se o procedimento do MS individual 
e os efeitos do processo coletivo. 
 
Lei 8.078/90 – Código de Defesa do Consumidor (CDC) 
Pt. 04 
Foi o CDC quem previu que qualquer direito difuso ou coletivo 
seria objeto de ação coletivo, alterando para tanto a LACP. 
O CDC também tem o louro de ser a única lei prevendo o direito 
individual homogêneo. Aliás, o CDC conceitua o que é direito difuso, 
direito coletivo e DIH, preocupação que a LACP não tivera. 
 
 
 
PROCESSO COLETIVO | Daniel Assumpção 
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5
 
Espécies de Processo Coletivo 
 
Processo Coletivo Comum 
Há uma lesão ou uma ameaça de lesão a direito material tutelável 
pelo microssistema coletivo. 
Nesse caso, teremos uma ação coletiva. 
Tratamos a ação coletiva como qualquer ação voltada a resolver o 
problema da lesão ou ameaça de lesão a direito material tutelável por 
microssistema coletivo. Portanto, como um gênero do qual são 
espécies: 
1) Ação popular (AP) 
2) Ação civil pública (ACP) 
3) Ação de improbidade administrativa (AIA) 
4) Mandado de segurança coletivo (MS coletivo) 
 
 
 
 
Processo 
Coletivo 
Comum 
Ação 
Coletiva 
Ação popular 
ACP 
Ação de 
Improbidade 
Administrativa 
MS coletivo 
 
 
PROCESSO COLETIVO | Daniel Assumpção 
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 Ação Coletiva x Ação Civil Pública 
Existe uma discussão acerca da distinção entre “ação coletiva” e 
“ação civil pública”. Para o professor, como vimos, a ação civil pública 
é espécie do gênero ação coletiva. 
São 04 correntes sobre este tema: 
(1) São expressões sinônimas. Esse é o entendimento do Cássio 
Scarpinella Bueno. 
(2) Ação Civil Pública é aquela proposta pelo MP. Ação Coletiva é 
aquela proposta pelos demais legitimados. Esta é a posição 
do Mazzilli.1 
(3) Ação Civil Pública é para tutela de direitos difusos e 
coletivos; a Ação Coletiva é para a tutela de direitos 
individuais homogêneos (Zavascki)2. 
(4) Ação Civil Pública é aquela regulada pela LACP; Ação 
Coletiva é aquela regulada pelo CDC. Esta é a visão do 
Arruda Alvim.3 
Além disso, o professor tem uma tese que acredita que a ação 
coletiva é um gênero do qual a ACP é espécie. Vide gráfico acima. 
 
 
11
 Mazzilli diz que o MP tem legitimidade exclusiva da ação pública. A ação pública pode 
ser penal ou cível, mas só um ente pode promovê-la, o MP. Ou é uma ação penal pública, ou 
uma ação civil pública. 
Associação e sindicato não podem propor ação pública, então propõem ação coletiva. 
É um fundamento bem razoável. 
2
 Para Zavascki, a diferença não é pela legitimidade e sim pela natureza do direito 
tutelado. 
A LACP não fala nada sobre direito individual homogêneo, fazendo parecer estranho 
utilizar a ACP para tutelar direitos que nem constam em sua lei regente. 
3
 Esta visão é ruim porque atenta contra a ideia de microssistema, sobretudo quando a 
LACP e o CDC formam o seu núcleo duro, convivendo e se integrando. 
 
 
PROCESSO COLETIVO | Daniel Assumpção 
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 Ação de Improbidade Administrativa 
O STJvii já decidiu que a Ação de Improbidade Administrativa (AIA) 
é uma espécie de ação civil pública. 
Gilmar Mendes e Carvalho Filho discordam. 
O STJ fala em ACP de Improbidade Administrativa, dizendo que 
seguirá o rito geral da LACP, mas observadas as especificidades da 
LIA. 
A improbidade é regulamentada pela Lei 8429/92, cujo Capítulo III 
se chama “Das Penas”. Ora, pena é sanção, que não é um tema típico 
das ações de natureza cível. 
Também traz um capítulo VI, chamado de “Das Disposições 
Penais”. 
Art. 17, §7º, LIA -> prevê uma fase preliminar anterior ao 
recebimento da petição inicial. Os réus da AIA são notificados para 
apresentar uma defesa prévia / preliminar. Em poder da defesa 
prévia, o juiz admitirá a inicial ou não. 
Este procedimento é típico do procedimento penal para crimes 
funcionais (art. 513 a 515 CPP). 
O STJ, diante da ausência desta fase, manda aplicar o p. da 
instrumentalidade das formas. 
Art. 17, §12 -> faz uma remissão expressa ao art. 221, caput e §1º, 
CPP. Embora o CPC preveja a mesma matéria, houve uma opção da 
LIA em remeter ao CPP e não ao CPC. 
 
Mesmo com todas essas circunstâncias, o STJviii esclarece que a 
AIA tem natureza cível. Não é nem caso de uma “natureza híbrida” 
(defendida por alguns pelos aspectos cíveis e pelos aspectos penais). 
Para o STJ, é “apenas” cível. 
 
 
 
 
PROCESSO COLETIVO | Daniel Assumpção 
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 Processo Coletivo Especial 
Trata-se do processo objetivo, ou seja, as ações de controle 
de constitucionalidade. 
Não há lesão e nem ameaça de lesão, mas uma necessidade de 
discutir a adequação da norma ao texto constitucional. 
Neste processo coletivo, está-se discutindo um direito difuso, ou 
seja, o bem da vida tutelado é o sistema juridicamente coeso sob 
a perspectiva constitucional. 
AgReg em RE 372.571 
Pode haver controle incidental de constitucionalidade no processo 
coletivo comum? O processo coletivo comum pode ter eficácia erga 
omnes, gerando receio de que daríamos ao controle incidental uma 
eficácia erga omnes, ainda que feito pelo juiz de 1º grau. 
Se o controle for parte do pedido, não pode ser feito em ACP. Mas 
se estiver na causa de pedir, não há qualquer óbice. O controle 
incidental será feito como em qualquer outra ação. 
A eficácia erga omnes não é da causa de pedir, mas do 
acolhimento do pedido. 
Portanto, pode haver a declaração incidental de 
inconstitucionalidade, desde que limitada à causa de pedir da 
demanda. 
 
Aula 02 – pt. 01 
Processo Pseudocoletivo 
No processo pseudocoletivo, existe uma ação de natureza 
individual, posto que tutela direito individual. 
Essa ação de direito individual se desenvolverá por meio de um 
processo que tem algum tipo de relação com o processo coletivo. É o 
caso de uma ação rescisória promovida pelo réu condenado na ação 
coletiva. Ele quer desconstituir a decisão; mas a AR busca a tutela do 
 
 
PROCESSO COLETIVO | Daniel Assumpção 
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 direito individual do réu em desconstituir a decisão, ainda que de 
natureza coletiva. O interesse tutelado é individual. 
O mesmo num embargo à execução. O MP executa um TAC e o réu 
promove embargos à execução, que se trata de umaação individual. 
O autor da ação é o réu-executado, que busca tutela do seu direito 
individual e não do direito difuso ou coletivo discutido na execução. 
O mesmo para os embargos de terceiro. Se na execução coletiva é 
penhorado o bem de um terceiro, que promove embargos para liberar 
o bem, nada há de coletivo nisso. 
Outro processo pseudocoletivo é a execução de uma sentença 
coletiva a respeito de DIH (art. 97 e 98 CDC). Apesar de a execução 
ser individual (ela busca tutelar dos credores), os legitimados 
coletivos têm legitimidade ativa para promovê-la. 
A sentença é coletiva, a execução é promovida pelo legitimado 
coletivo, mas a natureza dessa execução é individual. Está-se 
buscando tutelar cada um dos indivíduos beneficiados pela execução, 
cada um com seu direito individual. 
 
Processo Pseudoindividual 
No processo pseudoindividual, temos um indivíduo como autor, 
fazendo um pedido que não o tutela como indivíduo e sim como 
membro de uma coletividade. 
Não se está tratando de um direito individual, mas de um direito 
da coletividade. E como o autor pertence à coletividade, é óbvio que 
também tem o direito. 
Quando entro com ação individual, só posso pedir a tutela de 
direitos de que eu seja titular como indivíduo. Direitos que eu tenha 
por participar de grupo, classe, categoria ou coletividade, deles eu 
não tenho legitimidade para pedir a tutela. 
 
 
PROCESSO COLETIVO | Daniel Assumpção 
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 Quando o sujeito não tem legitimidade para fazer o pedido, porque 
ele é titular como membro de uma coletividade e não por um direito 
individual, falamos em processo pseudoindividual. 
Por exemplo, é o caso de o sujeito se sentir enganado e ultrajado 
por uma propaganda enganosa. Ele age assim como um membro da 
coletividade e não como indivíduo. 
Nesse caso, não há outra solução que não a extinção do 
processo por ilegitimidade. 
O sujeito propõe a ação com roupagem de ação individual, mas em 
verdade o direito tutelado é coletivo, sendo imperiosa a sua extinção 
por ilegitimidade. 
Agora vamos imaginar que um mesmo ato ilícito viola direito 
transindividual e direito individual. O que define isso não é a causa de 
pedir, mas o pedido da ação. Pelo pedido, podemos fazer uma ação 
genuinamente individual. 
Por exemplo, um sujeito é vizinho de uma indústria que emite 
enorme poluição, então ele pede que a indústria seja condenada a lhe 
comprar uma casa em outro local. 
Mas vamos imaginar que o sujeito propõe uma ação com pedido 
que ao mesmo tempo tutela o seu direito individual e o direito 
transindividual. 
Por exemplo, eu peço que seja interrompida a atividade da fábrica 
poluidora. Esse pedido atende ao direito individual do sujeito, mas 
também atende ao direito difuso ao meio ambiente equilibrado. 
Para esse pedido de tutela do meio ambiente equilibrado, o 
indivíduo não tem legitimidade para atuar em juízo. Chegamos a uma 
situação difícil, porque ou julgaremos extinto o processo por 
ilegitimidade, sacrificando o direito individual, ou daremos 
andamento a um processo atribuindo a um indivíduo uma 
legitimidade que lhe falta. 
A experiência revela que a solução neste caso também será a 
extinção do processo por ilegitimidade. 
 
 
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 O indivíduo então fica sabendo que deve adequar seus pedidos 
àquilo que represente apenas os seus direitos individuais; ou pode 
provocar o MP para promover ACP; ou pode promover uma ação 
popular. 
 
Obs.: No NCPC, haviam criado a solução para essa celeuma, com a 
conversão da ação individual em ação coletiva. Se o indivíduo fizesse 
um pedido só de direito coletivo, chamaríamos um legitimado coletivo 
para assumir o processo; se houvesse pedido individual e de tutela 
coletiva, o ente coletivo seria chamado seguindo na defesa do pedido 
coletivo enquanto o indivíduo seguiria na defesa do pedido individual, 
havendo a autuação em apenso. Assim, não haveria óbice ao direito 
de ação do particular. Todavia, a Presidente Dilma vetou esta 
conversão. 
Essa conversão seria uma possível solução e não uma solução 
obrigatória. Convocaríamos os legitimados, mas ninguém teria o 
dever de assumir a ação, porque ela poderia ser temerária, caso em 
que seria extinta. 
Pt. 02 
 
 
 
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2
 
Princípios do Processo Coletivo 
Princípio do Acesso à Ordem Jurídica Justa 
Este princípio é a concretização moderna do art. 5º, XXXV, CF. O 
objetivo é criar um sistema processual que concretize esta promessa 
constitucional. 
É um sistema baseado em 4 pilares principais: 
(1) AMPLO ACESSO 
(2) AMPLA PARTICIPAÇÃO 
(3) DECISÃO JUSTA 
(4) EFICÁCIA DA DECISÃO 
Esse sistema deve ser aplicado a qualquer tipo de processo. 
No que toca ao “amplo acesso”, existem dois pontos críticos. O 
primeiro deles é o viés econômico, ligado ao “pobre” na acepção 
jurídica do termo (não tem acesso porque não tem dinheiro para 
tanto). Isso é resolvido com a concessão da gratuidade. 
Tentamos resolver o problema do pobre com a gratuidade, 
presente nas ações coletivas em favor dos autores: para todo autor 
de ação coletiva, há gratuidade. 
Tentamos ampliar o acesso como uma forma de incentivar a 
propositura. A gratuidade é um incentivo à propositura da ação. 
existem órgãos que existem para isso, como é o caso de MP. Toda 
ação coletiva é uma ação altruísta, porque o sujeito sempre está lá 
como autor “brigando pelo dos outros”. 
Oferecemos a esse sujeito a gratuidade. É possível propor AP e, na 
maior das hipóteses, gastará tempo e energia, porque não haveria 
perdas econômicas. 
Outro ponto de estrangulamento é o direito transindividual. 
 
 
 
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3
 
 
 
Obs.: houve uma reunião mundial de Processo, há algum tempo 
atrás, que gerou um relatório final com coordenação de Cappelletti e 
Brian Garth. Detectou-se que a crise no processo era mundial, com 
problemas comuns, e pensou-se em 3 ondas renovatórias para tentar 
melhorar o processo. 
A primeira era o pobre. A segunda era o direito transindividual. A 
terceira era o modo de ser do processo. 
“Acesso à Justiça” – relatório final do Cappelletti e Garth, traduzido 
por Ellen Grace. 
Foi ali que começaram a ser criados os microssistemas coletivos. 
Perceberam que o acesso daqueles direitos à jurisdição estava 
comprometido. Embora usássemos ação popular, ela era incapaz de 
fazer frente a todas as exigências. Ampliamos o acesso criando 
sistema processual novo. O sistema de processo individual era 
incapaz de solucionar as diversas crises existentes, surgindo então o 
microssistema coletivo. 
 
Ampla participação => contribui para a qualidade da prestação 
jurisdicional. Quanto mais elementos o juiz tiver para decidir, em tese 
Sistema 
processual 
Amplo Acesso 
Econômico 
Pobre 
Incentivo 
Direito 
transindividual 
Ampla 
Participação 
Decisão Justa 
Eficácia da 
Decisão 
 
 
PROCESSO COLETIVO | Daniel Assumpção 
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 maior a qualidade jurisdicional. Essa ampla participação também é 
importante para fins de pacificação social. 
O derrotado fica conformado com a derrota mais facilmente 
quando participou ativamente do processo. 
Essa ampla participação, a decisão justa e a eficácia da decisão 
são amplificadas no processo coletivo. E isso por duas razões: 
 Quando usamos o processo coletivo, ou estamos falando de 
direito indisponível (todo direito difuso e coletivo é 
indisponível), ou de um direito disponível com repercussão 
social. Dar uma decisão injusta entre A e B é uma coisa; dar 
uma decisão injusta numa ação coletiva quetutela 500.000 
pessoas é outra coisa. Idealmente, toda decisão deveria ser 
justa e eficaz independentemente do direito tutelado. A 
natureza do direito tem relevância. 
 O processo coletivo trabalha com eficácia erga omnes / ultra 
partes. Como diz Ada Pellegrini, é a universalidade da 
jurisdição. 
 
Princípio da Participação 
Num processo individual, como regra trabalhamos com a 
legitimação ordinária. Isso significa que os titulares do direito (relação 
jurídica de direito material controvertida) estão no processo. 
A coisa julgada só gera efeitos entre as partes porque só elas 
tiveram acesso à ampla defesa e ao contraditório. 
Quando trabalhamos com o processo coletivo, não existe 
legitimação ordinária ativa. O titular do direito nunca será o autor 
da ação coletiva, seja porque pode ser um ente abstrato (que não 
tem como se materializar para propor a ação), seja por falta de 
legitimidade (no caso de DIH). 
O legitimado ativo, portanto, é sempre um terceiro. 
A coisa julgada material se opera ultra partes ou erga omnes. 
 
 
PROCESSO COLETIVO | Daniel Assumpção 
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 O terceiro não participa do processo, mas é afetado por ele. Na 
tutela individual, a afetação depende da participação, que é de 
poucos sujeitos. 
Ada Pellegrini Grinover diz que no processo coletivo existe menor 
participação no processo, mas maior participação pelo processo. 
 
 
 
Participação 
Processo Individual 
Legitimação 
Ordinária 
Titulares da relação 
jurídica de direito 
material estão no 
processo 
Coisa julgada 
material inter 
partes 
Ampla defesa e 
contraditório 
Processo Coletivo 
Não existe 
legitimação 
ordinária ativa 
Coisa julgada 
material 
Erga omnes Ultra partes 
 
 
PROCESSO COLETIVO | Daniel Assumpção 
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 Princípio do Ativismo Judicial 
Sistemas Processuais Dispositivo e Inquisitivo 
O sistema processual dispositivo é fundado na vontade das 
partes. Esta é a peça central do sistema. 
Já no sistema processual inquisitivo, a peça central são os 
poderes do juiz. 
Existe ainda um sistema misto, indiscutivelmente adotado por nós 
atualmente, havendo certa preponderância do sistema dispositivo, 
que será amenizada no processo coletivo. 
Aliás, no processo coletivo o nosso sistema é bastante equilibrado. 
 
Sistema Processual Coletivo / Poderes do Juiz 
As características da tutela coletiva reforçam alguns poderes do 
juiz, tais como: 
 Poderes instrutórios; 
 Poderes de saneamento (p. da cooperação); 
 Probidade processual (dever que o juiz tem de exigir das partes 
a probidade processual, a boa-fé e a lealdade). 
 
Pela abrangência do direito, pela repercussão subjetiva ampla e 
pela preocupação de que o titular do direito não está no processo 
defendendo seus interesses, esses poderes do juiz são ainda maiores 
na tutela coletiva. 
Note: o juiz tem esses poderes em qualquer processo, mas 
considerando o direito que está sendo tutelado no processo coletivo, 
a afetação de pessoas fora do processo e que os titulares da relação 
jurídica de direito material sequer se encontram em juízo, tais 
poderes são potencializados no processo coletivo. 
Art. 7º, IV, LAP – o juiz pode dobrar o prazo de contestação em 
razão da dificuldade na produção da prova documental de defesa. A 
dificuldade que legitimará o prazo em dobro é para a produção da 
 
 
PROCESSO COLETIVO | Daniel Assumpção 
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 prova documental. A complexidade jurídica não leva à dobra do 
prazo. 
Obs.: O NCPC permite que o juiz amplie qualquer prazo, não 
especificando quanto e nem por que razão. Ou seja, será com base no 
caso concreto. 
 
Art. 15 LAP – remessa de cópia dos autos quando for infringida a 
lei penal ou quando for constatada falta disciplinar que gere como 
pena a demissão ou a rescisão do contrato de trabalho. 
O juiz tem dever de oficiar o órgão administrativo para que a 
demissão ou rescisão do contrato de trabalho sejam adotadas por 
aquele órgão. 
Não há óbice a aplicar esta norma para as demais ações coletivas. 
 
Art. 7º, LACP -> o p. da inércia da jurisdição está presente no 
processo coletivo. Nem mesmo na ação coletiva o juiz pode iniciar o 
processo de ofício. 
Entretanto, o juiz pode provocar o Ministério Público para que esse 
legitimado tome providências para a propositura de uma ACP. 
O juiz está em ação individual e percebe que há elementos 
suficientes à propositura de uma ação coletiva. Com essa percepção, 
o magistrado provoca o MP. 
Obs.: a lei limita a comunicação ao MP, mas a remessa de peças 
também pode ser feita a outros legitimados coletivos. Podem ser 
provocados a DP e um sindicato ou associação com histórico na 
defesa de direitos consumeristas. 
 
Art. 100 CDC – trata da execução por fluid recovery. 
Pego uma sentença coletiva de DIH e faço uma execução coletiva. 
Só iremos para a execução por fluid recovery se não houver um 
número adequado de indivíduos habilitados nessa ação coletiva. 
Imagine que um dano atingiu 500.000 pessoas. Esperamos 01 ano 
do trânsito em julgado e fazemos um levantamento para saber 
 
 
PROCESSO COLETIVO | Daniel Assumpção 
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 quantos indivíduos se habilitaram nessa ação coletiva para executar 
seus DIH. 
Se uns 400.000 se habilitaram, está ótimo, é um número 
adequado. 
Mas se dos 500.000 só 30.000 se habilitaram, está “ficando 
barato” para o réu. Ele pratica ato ilícito que violou o direito de 
500.000 pessoas, mas destas somente 30.000 se habilitam para 
serem ressarcidas, indo em busca da satisfação do seu direito. 
O MP tem dever institucional de propor execução por fluid 
recovery. Nesta, não executamos em benefício dos indivíduos 
omissos, que não foram para o processo. Eles não são tutelados pela 
execução por fluid recovery. 
O dinheiro que entrar nesta execução entrará para o FDD – Fundo 
de Direitos Difusos. 
A fixação do valor na execução por fluid recovery se dá pelo que o 
juiz entender adequado numa razoabilidade e proporcionalidade. Por 
vezes, não há nem como saber qual a extensão do direito sem que os 
indivíduos se habilitem. 
Geralmente, a sentença condena a ressarcir os danos que os 
indivíduos suportaram. Cada um suportou dano diferente, então é 
necessário liquidar esse valor e definir o valor da indenização. 
Não é possível fazer isso no fluid recovery porque os indivíduos 
lesados nem estão no processo. Por isso, essa execução é muito 
relacionada aos poderes do juiz, que definirá o valor executado no 
fluid recovery. 
 
Defining function => muito presente nas class actions 
americanas. Uma corrente doutrinária, como Ada Pellegrini, 
Gajardoni, defende a sua aplicação no Brasil. 
Pt. 04 
O primeiro aspecto da defining function é o desmembramento do 
processo coletivo. Por essa técnica, desmembra-se o processo 
coletivo quando ele tem ao mesmo tempo o intento de tutelar direito 
difuso / coletivo e um direito individual homogêneo. 
 
 
PROCESSO COLETIVO | Daniel Assumpção 
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9
 No nosso sistema, não há nenhuma vedação a esse 
desmembramento, que poderia ocorrer (mas não ocorre na prática). 
Outro aspecto é a certificação da ação como ação coletiva. 
Chamaríamos de “conversão de ação individual em ação coletiva”. 
Lá, eles são mais técnicos reconhecendo que a ação sempre foi 
coletiva, de modo que não há conversão. Simplesmente se certifica a 
ação (que sempre foi coletiva) como sendo coletiva. 
A terceira característica é a flexibilização procedimental. O juiz 
pode flexibilizar o procedimento para adequá-lo às exigências do caso 
concreto. 
Por fim, ocorre a suspensão dos processos individuais. Segundo o 
STJ (REsp 1.110.549/RS),essa suspensão é obrigatória no Brasil. 
 
 
 
Processo Coletivo e Implementação de Políticas Públicas 
A implementação de política pública envolve o tema do controle da 
atividade administrativa pelo Poder Judiciário. 
Isso não desperta maiores problemas no ato vinculado, porque 
como não há espaço de liberdade, caso a regra legal seja violada é 
óbvio que cabe o controle judicial. 
Defining Function 
Desmembramento de processo 
coletivo 
Difuso / 
coletivo 
DIH 
Certificação 
da ação como 
ação coletiva 
Flexibilização 
procedimental 
Suspensão 
dos processos 
individuais 
 
 
PROCESSO COLETIVO | Daniel Assumpção 
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0
 Ocorre que nos atos discricionários existem espaços de 
oportunidade e conveniência. 
O STF ix nos lembra que discricionariedade não significa uma 
liberdade absoluta. A discricionariedade deve tomar por base a 
finalidade do ato administrativo e o melhor resultado possível da 
escolha realizada. 
Não há quebra de separação de poderes por esse controle do 
Poder Judiciário. 
Não se pode impedir o processo coletivo de impor ao 
administrador a adoção de políticas públicas com o argumento de 
discricionariedade, impossibilidade de atuação do Poder Judiciário e 
violação à separação de poderes, argumentos estes já superados. 
O STF x e o STJ xi afirmam que a implementação das políticas 
públicas é encargo político-jurídico que incide em caráter impositivo 
ao administrador público. 
A Fazenda Pública tipicamente se defende alegando a reserva do 
possível. Ou seja, que por razões orçamentárias o Estado se vê 
obrigado a fazer escolhas trágicas. 
STF e STJ rejeitam a alegação da reserva do possívelxii, defendendo 
que ela não pode servir de óbice à efetivação da garantia 
constitucional do mínimo existencial. 
A garantia do mínimo existencial deriva do princípio da dignidade 
da pessoa humana. 
Aula 03 – pt. 01 
 
 
 
PROCESSO COLETIVO | Daniel Assumpção 
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1
 Princípio da Economia Processual 
Aplica-se tanto ao processo individual quanto ao processo coletivo. 
Interessa-nos aqui a análise macroscópica da economia 
processual. 
Economia processual macroscópica é aquela analisada sob a ótica 
do sistema como um todo. Ou seja, o conjunto de processos. 
O sistema judiciário é um conjunto de processos. Queremos 
analisar a economia processual sob essa ótica, daí falarmos em 
análise macroscópica. 
O grande objetivo da economia macroscópica é ter menos 
atividade e mais resultado. 
Conseguimos isso evitando a multiplicidade de processos, que é 
justamente uma das promessas da Tutela Coletiva. 
O STJxiii reconhece que uma das funções principais do processo 
coletivo é evitar a multiplicidade de processos. Um processo coletivo 
faz o serviço de 50.000 processos individuais, às vezes mais, o que é 
saudável para a economia macroscópica. 
O Brasil ainda não tem uma cultura de processo coletivo, o que 
não se cria do dia pra noite. Essa ausência de cultura fez com que as 
ações individuais não diminuíssem significativamente. 
Em verdade, o processo coletivo aumentou a quantidade de 
demandas. O indivíduo que já entraria com ou sem processo coletivo 
continua entrando. As 50.000 ações individuais continuam existindo. 
Com o processo executivo, passamos a beneficiar os que não 
entrariam mesmo com ação individual. 
Além disso, os outros 50.000 que naturalmente não proporiam a 
ação individual acabam aparecendo ao Judiciário, agora para liquidar 
uma sentença. Ou seja, não iriam propor uma ação de conhecimento, 
mas já que foram beneficiados por uma sentença coletiva, agora 
realizarão liquidações e execuções. 
Outra forma de ter menos atividade e mais resultado é evitando a 
repetição de atos processuais. Conseguimos isso nos processos 
coletivos em virtude do entendimento do STJ de suspensão 
 
 
PROCESSO COLETIVO | Daniel Assumpção 
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2
 obrigatória dos processos individuais em razão do processo 
coletivoxiv. 
Isso só é possível em razão do entendimento do STJ, porque se 
realmente dependêssemos de opção do autor – como a lei prevê 
expressamente – decerto o processo individual não seria suspenso, 
em virtude da cultura brasileira contrária ao processo coletivo. Nem a 
repetição de atos o processo coletivo lograria evitar. 
 
 
Economia 
Processual 
Evitar a 
multiplicidade 
de processos 
Evitar repetição 
de atos 
processuais 
Visão 
Macroscópica 
Menos 
atividade, maior 
resultado 
 
 
PROCESSO COLETIVO | Daniel Assumpção 
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3
 Princípio do Interesse no Julgamento do Mérito 
Este é mais um princípio de Teoria Geral do Processo. 
Quando pensamos no fim do processo, tradicionalmente o 
dividimos em “fim normal” ou “fim anômalo”, ou fim típico e atípico. 
O fim normal do processo é aquele pretendido pelo legislador, qual 
seja, a solução do mérito. É a única solução que resolve o processo e 
resolve o conflito. 
Se o processo é instrumento para resolver o conflito, óbvio que o 
fim normal é que a solução final resolva tanto o processo quanto o 
conflito. 
Porém, existe um fim terminativo, que é o fim anômalo. Não é o 
que desejamos, mas por vezes não há como escapar. Esse fim 
terminativo é aquele que resolve o processo, mas não resolve o 
conflito. 
Art. 249, §2º, CPC/73 – se é possível julgar o processo em favor de 
uma parte que teria sido prejudicada pela nulidade processual, então 
se deve decidir o mérito ao invés de proferir decisão terminativa. 
O juiz deve fazer o possível para chegar à solução do mérito, 
porque é isso que todos esperam, inclusive o sistema e as partes. 
Especificamente no âmbito do processo coletivo, trabalhamos este 
interesse no julgamento do mérito com a sucessão processual. Ela 
não apresenta especificidades no que toca ao polo passivo. 
Havendo ilegitimidade passiva, a superação deste vício se daria 
por nomeação à autoria segundo o CPC/734; no CPC/2015, não há 
mais nomeação à autoria como intervenção de terceiro, mas o art. 
340 CPC/2015 prevê que qualquer ilegitimidade passiva alegada 
em contestação pelo réu, que indicará quem é o legitimado, 
deve ensejar a intimação do autor e, se este concordar, o 
terceiro vira réu automaticamente. Esse terceiro será citado já 
como réu. 
 
4
 Uma péssima intervenção de terceiro, porque era limitada a duas hipóteses específicas. 
Ora, se a intenção é salvar o processo, este seria um salvamento pontual (arts. 62 e 63 
CPC/73). De resto, o processo seria extinto. 
Ademais, o terceiro nomeado à autoria poderia recusar participar do processo. 
Apenas para ele, a citação seria um convite, que poderia ser aceito ou não. 
 
 
PROCESSO COLETIVO | Daniel Assumpção 
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4
 A sucessão processual não depende mais da vontade do terceiro, 
apenas da vontade do autor. 
Agora, o novo réu será citado para comparecer a audiência de 
conciliação e mediação e o processo seguirá adiante. 
Não há nada de diferente no processo coletivo. A nomeação à 
autoria em tese se aplica tanto ao processo individual quanto ao 
coletivo no CPC/73. Essa nova forma de correção do polo passivo do 
CPC/2015 se aplicará também ao processo coletivo, sanando vícios 
também nestes processos coletivos. 
No que toca à ilegitimidade ativa, a lei não prevê alguma forma de 
sanatória. Se o juiz concluir, no processo individual, que o autor é 
parte ilegítima, então deve extinguir o processo por carência de ação. 
No processo coletivo, aplicamos por analogia o art. 5º, §3º LACP, 
que trata da desistência ou abandono do processo coletivo. 
Essa analogia faz com que o juiz, antes de extinguir o processo 
por ilegitimidade ativa, publiqueum edital que servirá para 
convocar legitimados para assumirem o processo. 
Não há um dever desses legitimados, nem mesmo para o MP. Mas 
com a convocação por edital dos legitimados, aumentamos a chance 
de salvar o processo. 
STJ, REsp 1.177.453/RSxv 
Pt. 02 
Outra decorrência é a FUNGIBILIDADE. 
O equívoco quanto ao nome da ação é irrelevante. Se alguém faz 
uma ação atendendo a todos os requisitos da ação popular, mas 
chama isso de “ação civil pública”, o juiz deve reconhecer que esse 
nome é irrelevante e que na verdade se trata de uma ação popular. 
A fungibilidade, na realidade, é mais do que isso, é substituir uma 
ação pela outra. 
Isso é especialmente relevante em termos de tutelar o patrimônio 
público, o que pode ocorrer por meio de ACP, AP ou AIA. 
Essas ações têm especificidades procedimentais. 
 
 
PROCESSO COLETIVO | Daniel Assumpção 
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5
 A ideia de substituir uma ação por outra passa necessariamente 
pelo p. da adaptabilidade. A partir do momento em que o juiz 
receber uma ação coletiva por outra, deve intimar o autor para 
adaptar os requisitos formais dessa nova ação. 
Proponho uma ação que tem seus requisitos formais e agora ela é 
recebida como outra ação. Ora, é preciso fazer adaptações para se 
adequar àquela ação que foi recebida pelo Judiciário. 
Inclusive, a legitimidade ativa e passa se altera segundo a ação 
utilizada. 
Se uma AIA é recebida como AP, no polo passivo é preciso fazer 
adaptações. Se não for aberta uma oportunidade para o autor 
adequar o polo passivo, a ação recém-convertida estará fadada à 
extinção por ilegitimidade passiva. 
Outrossim, o art. 12 da LIA prevê sanções exclusivas da ação de 
improbidade. Se a Defensoria Pública, que não tem legitimidade para 
propor a AIA, resolve interpor a respectiva petição inicial, o 
magistrado pode recebê-la como uma ACP para evitar extinção. 
Naturalmente, as sanções pleiteadas na petição inicial devem ser 
excluídas. 
Iremos mudar apenas o nome quando houve mero erro de nome. 
Mas se, mais que isso, houve erro quanto à ação, devem ser feitas 
adaptações correspondentes. 
O NCPC inclusive prevê fungibilidade recursal com expressa 
adaptabilidade, com prazo para complementar a peça anteriormente 
oferecida. O mesmo deve ser aplicado à fungibilidade entre processos 
coletivos. 
 
Outra decorrência é a CUMULAÇÃO DE PEDIDOS NA AÇÃO DE 
IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. 
Na ação de improbidade administrativa (AIA), cabe o pedido de 
reparação de danos, de restituição de bens e valores5, assim como o 
 
5
 Como visam a uma reparação, quanto a esses dois pedidos falamos em tutela 
reparatória. 
 
 
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6
 pedido de perda do cargo ou função do agente público, a suspensão 
dos direitos políticos, multa civil e proibição de contratação com o 
Poder Público ou recebimento de incentivos ou benefícios fiscais6 ou 
creditícios7. 
 Reparação de danos 
 Restituição de bens ou valores 
 Perda do cargo / função 
 Suspensão de direitos políticos 
 Multa civil 
 Proibir a contratação com o Poder Público ou recebimento de 
benefícios fiscais ou creditícios. 
 
A tutela sancionatória PRESCREVE, ao contrário dos pedidos de 
reparação de danos e restituição de bens ou valores, aos quais se 
aplica o art. 37, §5º, CF. 
Quando reconhecemos a prescrição da tutela sancionatória, a ação 
deixa de ser de improbidade. 
Se só sobram pedidos de restituição de coisa ou valor e de 
reparação de danos, é uma ação civil pública comum. 
 
Esses pedidos de reparação de danos e restituição de bens e valores podem ser feitos 
em qualquer ação coletiva, inclusive AP e ACP. 
6
 Só se aplica para benefícios individuais, se for conceito um benefício para a categoria à 
qual o réu pertence, nada obsta que ele também se beneficie. 
7
 Neste ponto, existe uma tutela sancionatória privativa da ação de improbidade 
administrativa. 
São pedidos que não existem em outras ações coletivas que não a AIA. 
 
 
PROCESSO COLETIVO | Daniel Assumpção 
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7
 
 
Obs.: antes, quando era feita uma AIA, mas se reconhecia a 
prescrição em relação aos pedidos sancionatórios, os Tribunais 
extinguiam toda a AIA. Diziam que havia prescrição e os pedidos 
ressarcitórios ficavam prejudicados. 
Isso obviamente violava o p. da primazia do mérito. 
Pedidos AIA 
tutela reparatória 
(imprescritível - art. 37, §5º, 
CF) 
comum a várias ações 
coletivas 
Reparação de danos 
Restituição de bens e valores 
tutela sancionatória 
(prescritível) 
exclusiva da AIA 
Perda do cargo ou função 
Suspensão dos direitos 
políticos 
Multa civil 
Proibição de contratar com o 
Poder Público ou receber 
benefícios fiscais e creditícios 
 
 
PROCESSO COLETIVO | Daniel Assumpção 
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8
 Por óbvio, não é importante o nome que vai ganhar a ação. Se os 
pedidos sancionatórios que caracterizam a AIA estão prescritos, que 
se passe a chamar apenas de “ação civil pública”, mas isso não 
justifica a extinção do processo sem resolução do mérito quando 
ainda há dois pedidos não prescritíveis. 
Atualmente, a orientação jurisprudencial mudou. O STJ reconheceu 
que haverá uma diminuição objetiva da demanda xvi . O processo 
continua normalmente. 
No art. 10º da LIA, constam aqueles atos que causam prejuízo ao 
erário. 
O ato de improbidade é um ato ilícito qualificado, ou seja, um ato 
ilícito ao qual o legislador quis conferir consequências mais severas. 
O art. 9º prevê os atos de improbidade que geram enriquecimento 
ilícito. 
O art. 11 prevê os atos contra princípios da Administração Pública. 
O STJ diz que para o art. 10, basta a culpa. Para os arts. 9º e 11, 
exige-se o dolo.xvii 
Uma corrente doutrinária defendida por Zavascki analisa o caso de 
uma AIA em que se consigna que não houve dolo. Se o sujeito está 
sendo acusado de praticar atos do art. 9º e 11, a solução seria a 
improcedência. Mas vamos dizer que o julgado reconheceu que 
inexistiu dolo, mas houve culpa. Se não houve dolo, não há 
improbidade. Mas se houve culpa, há ato ilícito. Zavascki sugere que 
essa AIA, ao invés de ser julgada improcedente, seja convertida em 
ACP. Para a ACP, a culpa basta. 
Se ficar constatada a culpa, poderíamos converter a AIA em ACP e 
ainda acolher o pedido a depender de qual ele seja. 
Se reconhecer que não houve improbidade, mas houve ato ilícito 
(até por não haver dolo, apenas culpa), não poderá ser aplicada a 
sanção prevista na LIA, mas isso não significa descartar o processo 
por improcedência. Se for possível salvar algum pedido que tenha 
como base de sustentação a culpa, seria possível fazer isso com 
conversão em ACP. 
 
 
PROCESSO COLETIVO | Daniel Assumpção 
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9
 No processo coletivo, temos interesse no melhor julgamento de 
mérito possível. A isso se relaciona a coisa julgada material 
secundum eventum probationis, aplicável aos direitos transindividuais 
(difuso e coletivo). 
Se a improcedência está fundada em ausência ou insuficiência de 
provas, isso significa que apesar de ser uma decisão de mérito, não é 
a melhor decisão possível. A melhor decisão possível é com todas as 
provas possíveis produzidas, porque aí você estará mais próximo da 
verdade. 
A CJ secundum eventum probationis admite a repropositura da 
ação coletiva com base em prova nova. 
O julgamento pode ser no mesmo sentido, quando a prova nova 
não convence o Judiciário a julgar procedente o processo. 
A prova nova não é garantia de vitória ou de procedência,mas sim 
uma garantia de um melhor julgamento de mérito. Se há uma prova 
antes não considerada, que agora pode ser analisada, esse 
julgamento de mérito é melhor do que o anterior. 
Pt. 03 
 
 
 
 
 
 
PROCESSO COLETIVO | Daniel Assumpção 
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0
 
 
Teoria Geral 
do Processo 
Fim normal 
• Mérito 
Fim anômalo 
• Terminativo 
Processo 
Coletivo 
Sucessão Processual 
• Polo passivo: nomeação à autoria 
(CPC/73) ou art. 340 CPC/2015 
• Polo ativo: aplicação analógica do 
art. 5º, §3º LACP. Edital 
convocando legitimados p/ 
assumir processo. 
Fungibilidade 
• Substituir uma ação por outra 
Cumulação de pedidos na 
AIA 
• tutela reparatória 
• tutela sancionatória 
 
 
PROCESSO COLETIVO | Daniel Assumpção 
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1
 Princípio da Disponibilidade Motivada 
Art. 5º, §3º LACP + art. 9º LAP 
Se houver abandono ou desistência do processo coletivo, num 
primeiro momento devemos utilizar as regras gerais do CPC. Isto é, 
ocorrerá a intimação pessoal do autor para dar andamento ao 
processo em 05 dias (NCPC). 
Se o autor der andamento, o processo estará salvo, seja individual 
ou coletivo. 
Agora vamos imaginar que a intimação do autor para dar 
andamento ao processo nos 05 dias não tenha qualquer efeito. 
Mesmo instado por intimação pessoal, o autor permaneceu inerte. 
Nesse caso, haverá a extinção do processo individual, mas, no 
processo coletivo, ocorrerá a publicação de edital convocando 
legitimados ativos para assumirem o polo ativo. 
O MP será intimado, afinal faz parte do processo como fiscal da lei. 
O MP está sempre no processo coletivo, seja como autor ou fiscal da 
lei. Quando o autor abandona o processo coletivo, o MP será 
intimado. 
Mas além disso, é possível intimar IDEC, PROCON e associações 
com atividade frequente na defesa daquele direito. 
Quanto mais legitimados conseguirmos intimar, melhor para os 
fins da previsão legal, no sentido de salvar o processo. 
No que toca à desistência, adotaremos o mesmo procedimento: 
haverá a publicação do edital e intimação de legitimados. 
S. 240 STJ 
Essa súmula 240 STJ é aplicável ao processo coletivo, mas só 
depois da publicação do edital e das intimações, no caso de 
ninguém assumir o polo ativo. 
 
O autor pede desistência porque não quer conduzir o processo. 
Ora, esse autor permanecerá nessa posição a contragosto. O 
problema é que aqui ele não defende um interesse dele mesmo, mas 
sim interesse de outrem. 
 
 
PROCESSO COLETIVO | Daniel Assumpção 
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 Se esse autor não quer mais ser autor, mas desistir, chamamos 
alguém que queira. Se conseguirmos alguém que queira assumir o 
polo ativo, seguimos normalmente. Se não aparecer ninguém, aí sim 
chamamos o réu para concordar ou não com a desistência. 
Se o réu não concordar com a desistência, o processo deve seguir. 
Avulta então a importância do MP como fiscal da lei, afinal sucederá 
uma ação coletiva com autor totalmente desinteressado. 
A publicação de edital e intimação não são garantia de 
continuidade do processo, mas apenas uma tentativa de salvá-lo. 
Não há dever dos legitimados ativos em assumir o polo ativo, nem 
mesmo do MP. 
Aliás, essa não assunção do polo ativo pode até ser uma boa 
estratégia quando o direito material é bom, mas o processo está 
terrivelmente conduzido. Por exemplo, a inicial é porca, o processo 
até ali foi todo mal conduzido, etc., sendo mais inteligente deixar 
extinguir aquele processo para depois promover uma nova ação mais 
bem elaborada. 
Igualmente, o pedido da ação pode ser totalmente infundado. 
No processo coletivo comum, há desistência e abandono do 
processo. Todavia, no processo coletivo especial não há extinção por 
abandono ou desistência. 
Art. 5º e art. 12-D da Lei 9.868/99 
 
E se o autor for o Ministério Público e ele abandonar a ação 
coletiva? 
Se isso ocorrer, deverá ser publicado o edital. Se aparecer alguém, 
o MP sai do polo ativo e fica como fiscal da lei; o novo autor assume o 
polo ativo da demanda. 
Caso o juiz não concorde com a extinção do processo, Mazzilli 
sugere a analogia com o art. 9º LACP, o que tem o mérito de tentar 
achar a resposta dentro do microssistema coletivo. 
Esse entendimento é juridicamente insustentável, porque o art. 9º 
LACP determina a remessa para o Conselho Superior do MP do pedido 
 
 
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 de arquivamento do inquérito civil. E o CSMP não tem função 
jurisdicional. 
O ICP tem natureza administrativa, daí a remessa ao CSMP. Mas no 
caso da desistência da ACP, há verdadeira questão jurisdicional (juiz x 
promotor), para o que o CSMP não tem atribuição. 
A doutrina majoritária, por isso, determina a aplicação analógica 
do art. 28 CPP. 
O art. 28 CPP resolve justamente o conflito entre o promotor e o 
juiz, quando aquele almeja a extinção e este discorda. Quem 
resolverá será o PGJ. 
 
 
 
PROCESSO COLETIVO | Daniel Assumpção 
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4
 Obrigatoriedade da Ação Coletiva 
Este é um princípio exclusivo do Ministério Público. Os demais 
legitimados ativos têm um direito de ação, mas não um dever. 
Art. 129 CF – é finalidade institucional do MP a instauração do ICP e 
a promoção da ACP. 
Nery e Mazzilli falam numa obrigação temperada do MP de 
promover a demanda. Essa obrigação é “temperada” com 
oportunidade e conveniência. 
É humanamente impossível cumprir esse dever. A CF estaria 
dando dever constitucional ao MP do qual ele nunca conseguirá se 
desincumbir. Vem a ideia das prioridades, da premência do tempo. 
O MP não tem tempo e pessoal para essa tutela integral, então são 
criadas prioridades. 
Se o MP tem o dever de propor a ação coletiva, como justificar os 
inúmeros TACs promovidos pelo MP? 
Pt. 04 
O Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) evita a propositura da 
ACP. E se há um dever de propor a ACP, então o TAC violaria tal 
dever. 
Por isso, o professor acredita não na obrigatoriedade da ação 
coletiva e sim numa OBRIGATORIEDADE DA PROMOÇÃO DA 
TUTELA DO DIREITO COLETIVO. 
Dizer que há dever de propor a ação é matar as formas 
consensuais de solução do conflito. Se há dever de propor a ação, a 
transação só poderia ser feita durante o processo, não por um 
instrumento anteriormente à ação. 
 
 
 
PROCESSO COLETIVO | Daniel Assumpção 
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 Obrigatoriedade da Execução 
Existe um dever institucional do MP em executar sentença 
coletiva. 
Se o legitimado ativo não executa dentro de um prazo legal, o MP 
é obrigado a executar. 
Trata-se, portanto, de uma ação que não foi promovida pelo MP, 
mas o autor que conseguiu a sentença coletiva não a executa no 
prazo legal. 
A grande preocupação do legislador foi com o conluio entre autor e 
réu. Imagine uma AP que gerará prejuízo de milhões para o réu; o réu 
chama aquele cidadão, faz um acordo com ele, oferecendo R$ 2 
milhões para que ele não execute essa sentença. 
Ou mesmo desídia: o autor promove a ação de conhecimento, mas 
fica tão exausto em chegar até aquela sentença que, já 
desestimulado, não promove a respectiva execução. 
As sentenças coletivas serão obrigatoriamente executadas. Se o 
legitimado não a promover no prazo legal, o MP terá o dever de 
executar, mesmo que ele tenha opinado contrariamente como fiscal 
da lei na fase de conhecimento. 
Ou seja, ele terá que executar a sentença mesmo que discorde 
dela. 
 
Direito difuso / coletivo 
Art. 15 LACP + art. 16 LAP – ambos preveem um prazo de 60 dias, 
o que muda é o termo inicial. Na LACP, o termo inicial é o trânsito em 
julgado. Na LAP, o termo inicial é a decisão de 2º grau, isto é, a 
decisão da apelação. 
O STJxviii diz que se considerauma norma para cada espécie de 
ação. Para a ação popular, aplicamos a LAP; para a ACP, aplicaremos 
a LACP. 
O art. 16 LAP cria para o MP o dever de promover uma possível 
execução provisória. Se as partes interpuserem RE / REsp, pode se 
passar o lapso previsto na lei antes do trânsito em julgado. 
 
 
PROCESSO COLETIVO | Daniel Assumpção 
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 O MP terá um dever institucional de executar provisoriamente, o 
que contraria o espírito da execução provisória, baseada em risco-
proveito. E quem pagará essa conta é o erário. Se a execução 
provisória se mostrar injusta ou ilegal, quem arcará com o prejuízo 
cobrado pelo réu é o Estado. 
Traduzindo: está-se obrigando o MP a correr um risco com o 
patrimônio estatal. 
A LAP deveria ter criado uma permissão, para que o MP analisasse 
se é adequada uma execução provisória. Mas a LAP, ao invés disso, 
cria para o MP um DEVER. 
Na prática, o MP tende a fazer uma execução provisória simbólica, 
sem realmente promover atos de constrição patrimonial enquanto 
não houver o trânsito em julgado. 
 
Direito Individual Homogêneo 
Art. 100 CDC -> execução por fluid recovery, no prazo de 01 ano 
do trânsito em julgado. 
Os legitimados coletivos têm legitimidade para fluid recovery, de 
modo que sindicatos, associações e pessoas jurídicas de direito 
público podem propor a execução. 
O MP tem o DEVER institucional de promover a fluid recovery. 
Se outro legitimado promover a execução do fluid recovery, o 
destino do dinheiro continua a ser o FDD e o MP ficará como fiscal da 
lei. A execução continua a ser em benefício da coletividade (FDD). 
 
 
 
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 Princípio da Não Taxatividade da Tutela Coletiva 
Direitos materiais tuteláveis 
Art. 1º, IV, LACP – todo direito difuso e coletivo é tutelável por ACP. 
Devemos incluir, por utilização do microssistema coletivo, o direito 
individual homogêneo nesta previsão. 
A LACP não aborda os DIH, cuja tutela consta exclusivamente no 
CDC. Apesar de o art. 1º, IV, LACP falar apenas em direito difuso e 
coletivo, pelo microssistema incluímos os DIH. 
Existem duas exceções: 
 Art. 1º, p. único, LACP -> pretensão que envolva tributos e 
contribuições previdenciárias. O STF, no RE 228.177 xix , 
distinguiu a tarifa pública, em serviços explorados em 
virtude de permissão ou concessão, que não é tributo e, 
portanto, está liberada em ações coletivas. O STF admite 
ações coletivas que versem sobre tarifas públicas. O STJ, 
pelo REsp 1.142.630, distinguiu contribuição previdenciária e 
benefícios previdenciáriosxx. O STJ conclui que se a demanda 
versar sobre benefícios previdenciários, está liberada a ação 
coletiva. O STF, no RE 586.705 xxi , e o STJ, no REsp 
903.189xxii, permitem ação coletiva para anular acordo de 
natureza tributária lesivo ao erário. Ora, demanda que 
envolve tributo não pode ser ação coletiva, mas o acordo 
tributário lesa o Estado, caberá ação coletiva. Isso revela que 
a norma é apenas para beneficiar o Estado, como uma 
proteção. Mas quando a ação coletiva beneficia o Poder 
Público, aí ela acaba sendo admitida (essa é uma norma que 
não foi elaborada em razão da matéria, mas em razão do 
sujeito, para proteger o Estado, de modo que quando a ação 
coletiva tributária ou previdenciária beneficiar o Estado ao 
invés de prejudicá-lo, é admitida). Alguns alegam a 
inconstitucionalidade do art. 1º, p. único, LACP. 
Aula 04 – pt. 01 
 
 
 
PROCESSO COLETIVO | Daniel Assumpção 
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  Art. 21, p. único, LMS => o mandado de segurança coletivo 
só pode ter como objeto os direitos coletivos e os direitos 
individuais homogêneos. Pela previsão legal, não cabe MS 
coletivo para tutela de direito difuso. Humberto Theodoro Jr. 
e Medina defendem essa limitação legal, dizendo que não 
existe direito líquido e certo no direito difuso, em razão da 
indeterminabilidade dos sujeitos. Nelson Nery e Scarpinella 
Bueno (e o professor concorda) entendem que essa é uma 
norma inconstitucional porque a vedação é irrazoável. 
Direito líquido e certo é aquele fato comprovado por prova 
documental. Ou seja, “direito líquido e certo” não precisa ser 
líquido, nem certo, pode ser extremamente controverso. E 
isso nada tem a ver com a indeterminabilidade dos sujeitos 
que compõem a coletividade. O aspecto subjetivo da 
demanda (sujeitos que compõem a coletividade) nada tem a 
ver com o aspecto objetivo da demanda (direito fundado em 
fatos provados por documentos). Portanto, afeta o acesso à 
justiça, o que lhe acarretaria a inconstitucionalidade. S. 101 
STF. O STF já decidia que o MS coletivo não poderia 
substituir a ação popular. Os precedentes que originaram a 
súmula trazem essa ideia de que o direito difuso não pode 
ser tutelado em MS coletivo, mas sim em AP e ACP. 
 
Espécies de ação 
Art. 83 CDC – são cabíveis todas as espécies de ação capazes de 
propiciar a efetiva tutela dos direitos. 
Todas as espécies de ação englobam: 
 Cautelar 
 Conhecimento 
 Execução 
 Todas as espécies de pretensão jurisdicional, englobando: 
o Pretensão meramente declaratória 
 
 
PROCESSO COLETIVO | Daniel Assumpção 
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 o Pretensão constitutiva
8
 
o Pretensão condenatória 
 
Art. 3º LACP – cria uma alternatividade que já foi afastada até 
mesmo pelo STJ xxiii . Existe uma cumulatividade, e não uma 
alternatividade como prevê o dispositivo. 
 
 
 
8
 Por exemplo, pedido de anulação de um ato lesivo ao Estado. 
 
 
PROCESSO COLETIVO | Daniel Assumpção 
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 Princípio da Competência Adequada 
Partimos da premissa de que existem foros concorrentes. Ou seja, 
existe mais de um foro competente na lei, em termos abstratos. 
Incide aqui o forum shopping.Ou seja, escolha livre do autor. 
Contrapondo-se ao fórum shopping, aparece a figura do forum 
non conveniens, criando uma obrigatoriedade de competência do 
foro mais adequado para o caso concreto. Abstratamente, há vários 
foros competentes, mas no caso concreto um deles é mais adequado 
do que os outros. 
Isso geralmente ocorre pela proximidade com o ato ilícito 
praticado. Quanto mais próximo o processo seguir do lugar da prática 
do ato ilícito, melhor será. 
Outro critério é o lugar das repercussões mais nocivas do ato 
ilícito. 
Por fim, outro critério é facilitar a atividade jurisdicional, sobretudo 
a probatória. 
Em algumas situações, fazendo essa análise conseguimos 
visualizar na hora qual é a comarca mais adequada para julgar o 
processo coletivo. Para o forum shopping, isso não interessa em nada. 
Se a comarca A for mais adequada do que a comarca B, mas o autor 
escolher B, pelo forum shopping nada poderia ser feito. 
Processo civil. Medida cautelar visando a atribuir efeito 
suspensivo a recurso especial. Ação proposta pela 
requerente, perante justiça estrangeira. Improcedência 
do pedido e trânsito em julgado da decisão. Repetição 
do pedido, mediante ação formulada perante a Justiça 
Brasileira. Extinção do processo, sem resolução do 
mérito, pelo TJ/RJ, com fundamento na ausência de 
jurisdição brasileira para a causa. Impossibilidade. 
Pedido de medida liminar para a suspensão dos atos 
coercitivos a serem tomados pela parte que sagrou-se 
vitoriosa na ação julgada perante o Tribunal 
estrangeiro. Indeferimento. Comportamento 
contraditório da parte violador do princípio da boa-fé 
objetiva, extensível aos atos processuais. 
- É condição para a eficácia de uma sentença 
estrangeira a sua homologação pelo STJ. Assim, não se 
pode declinar da competência internacional para o 
julgamento de uma causa com fundamento na mera 
 
 
PROCESSO COLETIVO

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