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Módulo 7 01M DIREITO CONSTITUCIONAL

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1 
DIREITO CONSTITUCIONAL 
PROF: PAULO ADIB CASSEB 
 
ORGANIZAÇÃO DO ESTADO 
 
REPARTIÇÃO DOS PODERES 
 
Uma das principais características da Federação é a repartição constitucional de 
competências entre os entes que compõem a Federação Brasileira. 
Os entes autônomos que compõem a Federação são a União Federal, os Estados Membros, o 
Distrito Federal e os Municípios. 
Não há Federação se a própria constituição não estabelecer uma divisão de tarefas. Esta é 
uma das características das Federações em geral, também da nossa da Constituição, 
evidentemente, e uma das mais importantes porque mostra qual é o modelo de federalismo que a 
Constituição resolveu optar. Um modelo federativo de ampla autonomia dos Estados, cabendo ou 
não a eles a maior parte das competências estatais. Um modelo que ainda concentra no governo 
central a maior parte das atividades estatais. O modelo brasileiro ainda mantém a maior parte das 
atividades estatais com a União Federal. 
 
REPARTIÇÃO DAS COMPETÊNCIAS 
 
A doutrina analisa a repartição constitucional de competências sob diversas perspectivas, e, 
portanto, apresenta várias classificações dessa repartição de competências. 
 
1ª) Quanto à natureza da atividade: 
a) Competência Legislativa: é a competência para a edição de leis em sentido estrito. 
Exemplos: artigos 22 e 24 da CF. O art. 22 prevê a competência legislativa privativa da União 
Federal e o art. 24 prevê a competência legislativa concorrente da União, dos Estados e do Distrito 
Federal. Os dois dispositivos, no caput estabelecem que a competência é para legislar. 
b) Competência Administrativa: também chamada competência executiva ou material, é a 
competência para a prática de atos administrativos governamentais. É a competência de prática de 
atos de gestão dos negócios e serviços públicos. Exemplos: artigos 21 e 23 da CF. O art. 21 prevê a 
competência administrativa da União Federal e o art. 23 as competências administrativas comuns 
que cabem a todos os entes da Federação. 
Existe uma posição doutrinária que entende que mesmo ao conceder uma competência 
administrativa, a Constituição, implicitamente, confere também àquele ente uma competência 
legislativa. Tem por base esta posição doutrinária o princípio da legalidade voltado à Administração 
Pública, que significa que o Estado, em seu sentido latu, só pode agir se houver lei que o autorize. 
Diz o seguinte: de que adiantaria a Constituição conferir genericamente uma competência 
administrativa, por exemplo, no campo da saúde, aos Estados, ao Distrito Federal, aos Municípios, 
se não houvesse também uma competência prévia para legislar. Por isso é que esse segmento 
doutrinário critica esta divisão técnico-formal, que em princípio, a Constituição teria feito, entre 
competência legislativa, em alguns artigos, e competências apenas administrativas, em outros 
artigos. 
Deste modo, esse segmento entende que mesmo os artigos que, em tese, não falam em 
competência legislativa, como o art. 21 e o art. 23, implicitamente atribuem também àqueles entes 
a competência legislativa. 
Nos últimos anos, as decisões do STF, de fato, não têm seguido aquele rigor técnico-formal, 
no sentido de visualizar nesses artigos, por exemplo, arts. 21 e 22 da CF, competências apenas 
 
 
 
 2 
DIREITO CONSTITUCIONAL 
PROF: PAULO ADIB CASSEB 
 
administrativas. Muitas vezes nos votos dos Ministros do Supremo é possível encontrar referências 
ao artigo 21, ao artigo 23 da CF, como sendo competências legislativas. 
Entretanto, em provas, especialmente de 1ª fase, os examinadores ainda procuram testar o 
candidato, para verificar se ele está ciente desta distinção do ponto de vista técnico-formal que a 
Constituição traz. Ao menos do ponto de vista formal em alguns artigos a Constituição utiliza a 
palavra legislar, em outros não. 
 
2ª) Quanto à forma: 
a) Competência enumerada: são as competências que a Constituição expressamente atribui a 
um ou mais entes, expressamente indica a qual ente pertence àquela competência. Ela enumera as 
atribuições de um ou mais entes. Exemplos: art. 21 da CF enumera as competências administrativas 
da União; o art. 22 da CF enumera competências legislativas da União; o art. 23 da CF enumera 
competências comuns de todos os entes da Federação; o art. 24 da CF também enumera as 
competências que, do ponto de vista legislativo, cabem à União, aos Estados, ao Distrito Federal; o 
art. 30 da CF enumera as competências do Município. Portanto, são competências enumeradas. 
b) Competência remanescente: significa que aquilo que a Constituição não atribui 
expressamente à União, aquilo que não foi atribuído aos Municípios e aquilo que também não foi 
considerado pela Constituição expressamente competência comum nem concorrente, o que 
sobrou, cabe aos Estados. Esse é o sentido da competência remanescente, daí decorre o nome 
“remanescente”. 
O Brasil importou este modelo dos Estados Unidos, esse mecanismo de distribuição de 
competências, em competências enumeradas e competências remanescentes. Nos EUA a 
Constituição enumera as competências da União e tudo aquilo que não foi enumerado para a União 
cabe aos Estados, o princípio é o mesmo. No Brasil, tudo aquilo que não foi enumerado para a 
União, como os Municípios também são entes da Federação e receberam competências, tudo 
aquilo que também não foi enumerado para os Municípios, e como a nossa Constituição também 
prevê competências compartilhadas, tudo aquilo que não consta das relações das competências 
compartilhadas, quer dizer, das competências que cabem a mais de um ente, enfim, tudo aquilo 
que não foi previsto para ninguém, aquilo que sobrou, cabe aos Estados. 
A diferença entre o nosso modelo e o dos EUA não está nesse princípio, o princípio é o 
mesmo. O que não foi enumerado, que é remanescente, pertence aos Estados. A diferença está na 
amplitude do campo remanescente. No modelo norte americano a enumeração para o governo 
central é mínima, o que provoca um amplo campo remanescente de competências para os Estados. 
No Brasil não, a enumeração para a União é gigantesca, basta que analisem os artigos 21 e 22 da 
CF, cada qual com mais de vinte incisos, portanto, são muitas as competências da União. Também 
são muitas as competências dos Municípios, e também são muitas as competências comuns e 
concorrentes. É difícil sobrar alguma coisa, mas, eventualmente sobrando alguma coisa, esta 
matéria será de competência dos Estados. Temos um exemplo importante que já apareceu em 
concurso público: transportes intermunicipais, notem que a CF não faz referência a quem caberá 
esta matéria, e não faz referência a transportes intermunicipais. A CF prevê que transportes 
interestaduais cabem à União, e aspectos de interesse local dos transportes urbanos cabem aos 
Municípios. Mas e transportes entre os Municípios? A CF não faz referência. E se a CF não faz 
referência, sobrou, e sobrando, a competência é do Estado. 
OBS: José Afonso da Silva, para evitar confusão entre esta competência do art. 25, §1º, da CF, 
que é estadual, e a competência da União em matéria de impostos para instituição de impostos, 
prevista no art. 154, I, da CF, denomina a competência da União em matéria de impostos, de 
competência residual. 
 
 
 
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DIREITO CONSTITUCIONAL 
PROF: PAULO ADIB CASSEB 
 
Então o autor opta por chamar a competência estadual do art. 25, §1º, CF, de competência 
remanescente, e a competência da União, em matéria de impostos, do art. 154, I da CF, de 
competência residual, apenas para evitar confusão. Isto porque o art. 154, I, CF diz que além dos 
impostos previstos no artigo anterior, cabe à União instituir outros, portanto, é uma competência 
residual. 
A crítica doutrinária lembraque os termos “remanescente” e “residual” possuem, 
etimologicamente, o mesmo significado. Entretanto, este artifício sugerido por José Afonso da Silva 
é apenas para se evitar confusão entre a competência do art. 25 e a competência do art. 154 da 
Constituição. 
c) Competência resultante: também é denominada competência inerente, ou ainda, 
decorrente. É a competência que, embora não conste expressamente do texto constitucional, é 
identificada a partir das características de determinado ente da Federação, ou então, do próprio 
sistema constitucional de repartição de competências. Exemplo: competência da União para 
deportação, que não está prevista nos artigos da Constituição. Há apenas no art. 22, XV, da CF, a 
competência legislativa da União para tratar de expulsão e extradição de estrangeiro, mas o 
dispositivo não faz referência à deportação, e nenhum outro faz. 
 
Como deduzir que se trata da competência da União? 
Primeiramente pelas características do próprio ente Federal da União, que representa o 
Estado Nacional. Não se identifica, ou seja, União não equivale ao Estado Nacional, ela representa o 
Estado Nacional nas relações internacionais. Portanto, pela natureza e características da União 
Federal, esta competência, embora não conste expressamente da Constituição, só pode competir à 
União. Do mesmo modo, esta conclusão é decorrente da análise do sistema constitucional de 
repartição de competências, pois, se o art. 22, XV, da CF, atribui à União a competência para legislar 
sobre expulsão e extradição, só faz sentido imaginar que a competência para legislar sobre 
deportação também seja da União. Não teria sentido outra conclusão. É isso o que a doutrina 
denomina de competência resultante, inerente ou decorrente. 
 
3ª) Quanto ao conteúdo: 
Leva-se em consideração o conteúdo, a natureza da matéria que é atribuída a um ou mais 
entes. A classificação será atinente à matéria que é atribuída a cada ente. São as seguintes 
competências quanto ao conteúdo: 
a) competência econômica; 
b) competência social; 
c) competência político-administrativa; 
d) competência financeira; 
e) competência tributária. 
 
4ª) Quanto à origem: 
a) Competências originárias: são aquelas atribuídas diretamente pela Constituição, 
originariamente pela Constituição, a um ou mais entes. Portanto, é a regra geral. A Constituição, 
diretamente, atribui como competência primária, natural, certas matérias a determinados entes. 
No momento em que a Constituição diz que cabe à União manter as relações internacionais, 
manter relações contra os Estados, participar de organizações internacionais, ainda quando a 
Constituição diz que cabe à União, Estados e Municípios dispor sobre saúde, são competências 
originárias, a própria Constituição diretamente estabeleceu os detentores da competência. 
 
 
 
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DIREITO CONSTITUCIONAL 
PROF: PAULO ADIB CASSEB 
 
b) Competência delegada: é aquela atribuída a um ente, por parte daquele que havia 
recebido uma competência originária. Portanto, um ente recebe a competência por delegação de 
outro. Exemplo: parágrafo único do art. 22 da CF, que prevê que os Estados, e entenda-se também, 
embora não conste textualmente, o Distrito Federal, poderão receber da União, via delegação, por 
lei complementar, a competência para legislar sobre alguns pontos das matérias enumeradas deste 
art. 22, da CF. 
 
5ª) Quanto ao modelo Federativo: 
a) Competência horizontal: é aquela atribuída a um ente com exclusão dos demais. Este 
modelo de competência horizontal, que prevê competências exclusivas, é própria do Federalismo 
Dual, ou Dualista, que é aquele marcado pela definição clara das competências de cada ente da 
Federação, cada qual com suas competências. Por isso é chamada competência horizontal, não 
pode invadir a competência do outro, a distribuição é horizontal. 
b) Competência vertical: é aquela atribuída a mais de um ente com uma graduação no seu 
exercício. Exemplo: artigo 24 da CF, ao atribuir as competências para legislar sobre as matérias 
desse artigo a mais de um ente: à União, aos Estados e ao Distrito Federal. Mas há uma graduação 
no exercício dessa competência sobre as matérias desse artigo, a União faz normas gerais, e sobre 
as matérias desse mesmo artigo os Estados e o Distrito Federal fazem normas específicas. As 
competências, portanto, verticais, são próprias do modelo de Federalismo de Cooperação. 
 
6ª) Quanto à extensão: 
OBS: é a mais solicitada em concursos públicos e, principalmente em primeira fase. Temos as 
seguintes competências: 
a) competência exclusiva; 
b) competência privativa; 
c) competência comum, também chamada paralela; 
d) competência concorrente e 
e) competência suplementar. 
 
a) Competência exclusiva: é aquela atribuída a apenas um ente da Federação que não poderá 
delegá-la a outro. Portanto, a característica da competência exclusiva é a impossibilidade de 
delegação. Ilustra-se a seguir exemplos com os artigos mais cobrados nos concursos públicos: 
O artigo 21 da CF. Apresenta as competências administrativas exclusivas da União Federal. 
Nos primeiros incisos deste artigo, não há como se cogitar outra competência senão a competência 
exclusiva da União. Não há como se cogitar uma eventual competência compartilhada com outros 
entes, pela natureza da matéria tratada nesses incisos: manter relações com Estados estrangeiros e 
participar de organizações internacionais, garantir a defesa nacional, decretar guerra ou paz, 
decretar intervenção federal, estado de defesa e estado de sítio, autorizar a permanência e o 
trânsito de forças estrangeiras no território nacional, fiscalizar a produção e o comércio de material 
bélico, emitir moeda, dispor sobre administrar as reservar cambiais do país. Não há como se 
imaginar tais atribuições a outros entes, são todas competências que só podem ser associadas à 
União. 
Note-se, portanto, que esses artigos assustam, mas é possível, mediante o raciocínio e a 
análise da natureza da atividade, natureza do ente que deve exercer, é possível visualizar a quem 
caberá o exercício daquela competência. Esses oito primeiros incisos do art. 21 não há como deixar 
de atribuir exclusivamente à União. 
 
 
 
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O inciso IX deste mesmo art. 21 merece atenção, pois é muito usado como “pegadinha”, 
porque é a “competência da União para dispor sobre planos nacionais e regionais de ordenação do 
território e de desenvolvimento econômico e social”. Na hora da prova a palavra “regionais” pode 
confundir, parecendo ser de competência comum, mas não é. Tal competência é exclusiva da 
União. 
Outro dispositivo que chama a atenção nesse art. 21 é o inciso XX, que também pode ser 
usado como pegadinha, pois dispõe a competência da União para “instituir diretrizes sobre o 
desenvolvimento urbano, inclusive habitação, saneamento e transporte”. Saneamento básico e 
habitação reaparecem no art. 23, da CF. Portanto, o que cabe exclusivamente à União é instituir 
diretrizes. 
Lembrar-se ainda que a concessão de anistia também está no art. 21, da CF, e é necessário 
atenção, há uma série de serviços que também cabem à União, diretamente ou mediante a 
concessão, autorização ou permissão. Por exemplo, serviços de radiodifusão de sons e imagens, 
serviços de energia elétrica, telecomunicação, serviços na área de transportes nos três planos: ar, 
água e terra, serviços de transportes rodoviários interestaduais, serviços de transportes 
ferroviários, aquaviários, navegação, aérea aeroespacial, portanto o gerenciamento de aeroportos, 
portos lacustres, marítimos e fluviais; e também serviços relacionados à atividade nuclear, mas 
estes relacionados diretamente à Uniãoe não mediante autorização, concessão ou permissão. 
 
Outro exemplo de competência exclusiva, mas dos Estados: art. 25, §§ 1º, 2º e 3º, da CF, que 
relacionam as competências exclusivas dos Estados. 
O § 1º prevê a competência remanescente dos Estados. Do ponto de vista da extensão é uma 
competência que cabe apenas aos Estados, portanto, é uma competência exclusiva dos Estados. 
O §2º prevê a competência dos Estados para dispor sobre serviços de gás canalizado. Esta é 
outra competência exclusiva dos Estados, e este é um artigo que chama muito a atenção do 
examinador, não somente por causa do gás. 
Foi um dos fundamentos utilizados pelo STF para admitir que, se a Constituição do Estado 
quiser, poderá atribuir ao Governador a capacidade de edição de medida provisória. O dispositivo 
do § 2º do art. 25 da CF, prevê a competência estadual para dispor sobre esta matéria, e veda a 
edição de medida provisória sobre esta mesma matéria. 
E esta vedação é dirigida a quem? Ao Presidente da República? Mas essa matéria é de 
competência exclusiva estadual, portanto, o Presidente da República não pode tratar desse 
assunto. A União Federal não pode tratar desse assunto, seja por lei, seja por medida provisória. 
Assim sendo, nem teria sentido uma observação “sendo vedada a edição de medida provisória pelo 
Presidente”. Não precisaria esse texto porque o Presidente não pode tratar dessa matéria, nem o 
Congresso Nacional. Não cabe à União, é competência exclusiva dos Estados. 
Então, no momento em que o dispositivo faz essa ressalva “sendo vedada a edição de medida 
provisória sobre a matéria”, isso só pode ter sido dirigido a Governador. 
Portanto, neste dispositivo, a Constituição, de uma maneira muito discreta, autoriza sim os 
Estados, dentro da sua autonomia, as Constituições Estaduais, a optarem pela edição de medida 
provisória a ser editada pelo Governador. E se o Estado adotar medida provisória para 
Governadores, este, por medida provisória, não poderá tratar de serviços de gás canalizado. 
O §3º do art. 25 da CF também faz referência exclusiva dos Estados, e é matéria muito 
cobrada em concursos públicos, em primeira fase. O dispositivo prevê a competência exclusiva dos 
Estados para, mediante lei complementar estadual, criar regiões metropolitanas, aglomerações 
urbanas e microrregiões, que são áreas formadas por Municípios vizinhos, Municípios limítrofes, 
que são social e economicamente parecidos, semelhantes. 
 
 
 
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DIREITO CONSTITUCIONAL 
PROF: PAULO ADIB CASSEB 
 
Por que um Estado membro possui interesse em criar essas áreas? 
Para mapear o Estado de acordo com as necessidades sociais, econômicas das várias áreas 
daquele Estado, para facilitar a atuação da prática dos atos governamentais. 
Para concluir, exemplo de competência municipal, que está no art. 30, I, CF, e prevê a 
competência para tratar de assuntos de interesse local. Prevaleceu o entendimento de que se trata 
de competência exclusiva dos Municípios. Há posição doutrinária divergente, como a de Hely Lopes 
Meirelles que entendeu que esta competência não seria exclusiva municipal, mas, tão somente, 
uma competência preponderantemente municipal, mas não exclusiva. 
Prevalece, contudo, a posição de que há uma competência exclusiva dos Municípios, 
inclusive, é o que se extrai das próprias decisões do STF. 
A Constituição não define o que é interesse local, seria até difícil pela abertura da expressão 
“interesse local”. Na realidade, isto é identificado, caso a caso, na medida em que surgem os 
conflitos em ações judiciais e o STF tem se pronunciado diante de cada situação concreta, se há ou 
não interesse local. 
b) Competência privativa: é a segunda competência quanto à extensão, é a que cabe a apenas 
um ente, mas pode ser delegada a outro. Portanto, a diferença feita por José Afonso da Silva e que 
ficou consagrada, entre competência exclusiva e competência privativa, é a possibilidade ou não de 
delegação. Se não houver possibilidade de delegação a competência será exclusiva, se houver 
possibilidade de delegação a competência será privativa. Só há um exemplo de competência 
privativa, o art. 22 da CF, prevê as competências privativas legislativas da União. O parágrafo único 
deste dispositivo prevê a possibilidade de delegação. Significa que a União, se quiser, poderá 
mediante lei complementar, delegar pontos específicos das matérias deste artigo aos Estados e 
Distrito Federal, desde que a natureza da matéria permita. Isso porque, notem que em relação a 
algumas matérias do art. 22 não é possível se imaginar a delegação. No momento em que o 
dispositivo prevê a competência da União para legislar sobre a organização judiciária do Distrito 
Federal, do Ministério Público e da Defensoria Pública do Distrito Federal, ou mesmo dos 
Territórios, é impossível se imaginar a delegação desta competência aos Estados. Por isso, essa 
ressalva que se faz, que não consta textualmente do parágrafo único, mas se extrai do sistema, ou 
seja, desde que a natureza da matéria permita a delegação. 
Reparem que a lei complementar da União, que opta por delegar, deve definir quais os 
aspectos daquela matéria que os Estados e o Distrito Federal poderão legislar. A delegação não 
pode ser aberta dispondo “autorizo os Estados a legislar sobre Direito Civil”. Ao contrário, ela tem 
que definir qual é o ponto, como por exemplo, a lei complementar da União autorizou os Estados a 
legislar sobre piso salarial. Assim, não foi uma delegação aberta, por exemplo, dispondo “que 
autorizava os Estados a legislar sobre o Direito do Trabalho”, mas uma delegação sobre um ponto 
específico. Isto porque a Constituição Brasileira não quis que esta delegação provocasse no Brasil 
um modelo federativo idêntico ao dos Estados Unidos, porque se a delegação fosse aberta 
correríamos o risco de termos um Federalismo à moda Norte Americana, com uma ampla 
competência estadual para legislar sobre o Direito Civil, Direito Penal, Direito Processual, 
aproximando-se ao sistema que existe naquele país. Por isso a União controla essa delegação e 
define os pontos específicos. 
Lembrando, portanto, que em nosso modelo essa delegação é feita a todos os Estados, não 
pode ser direcionada a um ou outro Estado. Se a União quiser delegar, delega a todos, e o Estado 
que quiser, exerce a competência, o que não quiser, não exerce. Mas todos receberam essa 
competência delegada. 
Deve-se prestar muita atenção a este art. 22, da CF, que é comum ser cobrado em primeira 
fase dos concursos. Reparem que o inciso I do dispositivo prevê a competência da União para 
 
 
 
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PROF: PAULO ADIB CASSEB 
 
legislar sobre a maior parte do Direito, Direito Civil, Direito Comercial, Direito Processual, Direito do 
Trabalho, Direito Agrário, Direito Marítimo, Direito Eleitoral, Direito Aeronáutico e até mesmo 
Direito Espacial. 
Neste artigo também constam algumas competências muito chamativas em primeira fase de 
concurso público, como legislar sobre normas gerais de licitação e contratação, legislar sobre 
seguridade social, legislar sobre diretrizes e bases da educação nacional. Cuidado com a educação, 
que reaparece em outros artigos: a parte que está no artigo 22, XXIV, da CF, diz respeito à diretrizes 
e bases da educação nacional. Também chama a atenção neste dispositivo a competência da União 
para legislar sobre consórcios e sorteios. Com base nessa competência, o STF editou até Súmula 
Vinculante reconhecendo que só cabe à União legislar sobre jogos de loteria e de bingo (artigo 22, 
XX, da CF), e não aos Estados. 
Do mesmo modo, o principal e que é mais cobrado em concurso público neste artigo 22 é o 
inciso IX, a competência da União para legislar sobre trânsitoe transporte. 
É importante lembrar que o emprego destes termos “exclusiva” e “privativa”, para distinguir 
as competências delegáveis e não delegáveis, partiu de José Afonso da Silva, e teve ampla difusão e 
aceitação, e por isso ainda é cobrado com muita frequência nos concursos de primeira fase. 
Mas, é importante, também, destacar a divergência doutrinária, já que alguns autores 
questionam o emprego dos termos “exclusiva” e “privativa” para se definir como competências 
distintas dizendo que a Constituição não os diferenciou. Primeiro, aduzindo que etimologicamente 
“exclusiva” e “privativa” possuem o mesmo significado. Em segundo lugar, porque em outros 
dispositivos a Constituição utilizou estes termos indistintamente. E de fato, analisando os artigos 
49, 51 e 52 da CF, percebe-se que o art. 49, fala de competências exclusivas do Congresso, e os 
artigos 51 e 52 falam de competências privativas da Câmara e do Senado, sendo que em nenhum 
desses casos a competência pode ser delegada. Assim, nestes dispositivos a Constituição utilizou 
indistintamente os termos “exclusiva” e “privativa”. Esse é o seguimento doutrinário que critica a 
posição consagrada por José Afonso da Silva, que prega os termos “exclusiva” e “privativa” com 
sentidos distintos. 
c) Competência comum: está prevista no art. 23 da CF, são as competências que cabem a 
todos os entes da Federação: União, Estados, Distrito Federal e Municípios. No art. 23 estão 
matérias importantes como: zelar pela guarda da Constituição; das leis; da saúde; meio ambiente; 
proteção a bens de valor histórico, artístico ou cultural; combate à poluição; construção de 
moradias; melhoria das condições habitacionais e saneamento; e principalmente, o inciso XII do 
mencionado art. 23 que é cobrado com frequência nos concursos: implantar uma política de 
educação para a segurança no trânsito. Se são competências comuns, cabem a todos os entes. 
Portanto, pode-se imaginar o problema: aquilo que cabe a todos, ou pode ocorrer um conflito ou 
um encosta para o outro. O art. 23, CF prevê a solução, com a redação dada pela Emenda 53/2006, 
prevê que leis complementares, entenda-se: da União, definirão a parte que cabe a cada ente no 
exercício dessa competência, para promover a cooperação entre eles, de modo a atingir o bem 
estar social. 
Independentemente disso, o STF tem entendido que o exercício dessa competência comum 
deve observar o chamado princípio da preponderância do interesse. Pelo princípio da 
preponderância do interesse cabe à União os aspectos dessas matérias de interesse nacional geral; 
aos Estados os aspectos dessas matérias de interesse regional e, aos Municípios os aspectos dessas 
matérias de interesse local; e o Distrito Federal fica com os aspectos de interesse regional e local. 
É assim, portanto, que se exerce a competência comum. 
 
 
 
 
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d) Competência concorrente: está prevista no art. 24, da CF. O dispositivo prevê a 
competência legislativa concorrente da União, Estados e Distrito Federal. Atenção, cuidado com a 
primeira fase nos concursos: não há previsão aqui de Município. 
No exercício da competência concorrente, a União fará as normas gerais sobre as matérias 
desse artigo, portanto, normas que tratam de princípios, de conceitos gerais, de definições gerais, 
que contenham elementos estruturantes sobre as matérias ali relacionadas, uma relação básica de 
direitos e deveres. 
Aos Estados e Distrito Federal cabem a edição de normas específicas, ou seja, de acordo com 
as particularidades, necessidades, características dos respectivos entes. 
Na prática é difícil diferenciar a fronteira entre uma norma geral e uma norma específica, e é 
o que gera muito conflito e ação judicial discutindo a competência. 
Enfim, esse artigo 24 da CF é muito visado pelos examinadores. Prevê, logo no inciso I a 
competência concorrente para vários ramos do Direito: Direito Tributário, Direito Financeiro, 
Direito Econômico, Direito Urbanístico e Direito Penitenciário. Também neste artigo 24 chamam a 
atenção as seguintes matérias: legislar sobre custas forense, educação, cultura, ensino e desporto. 
Ainda, funcionamento, processo em juizados de pequenas causas; assistência jurídica e Defensoria 
Pública; proteção da infância e juventude; previdência social; saúde; meio ambiente; proteção ao 
consumo; responsabilidade por dano ambiental ao consumidor; proteção a bens de valor artístico, 
histórico e cultural. E o que mais chama a atenção: procedimentos em matéria processual. 
e) Competência suplementar: chegamos à última competência e deve-se ter muito cuidado 
para não confundir essa última competência (suplementar) com a que acabamos de ver 
(concorrente). Nós temos de um lado a competência suplementar dos Estados e do Distrito Federal, 
que está no próprio artigo 24, §§ 2º, 3º e 4º, e de outro lado a competência suplementar dos 
Municípios que está em outro dispositivo. 
I. Competência suplementar dos Estados e do Distrito Federal, artigo 24, §§ 2º, 3º e 4º, CF. 
Significa que os Estados e o Distrito Federal poderão editar normas gerais sobre as matérias do art. 
24 em duas hipóteses: 
a) para desenvolver melhor, detalhar normas gerais editadas pela União sobre as matérias 
desse artigo; 
b) diante da omissão da União, os Estados e Distrito Federal adquirem capacidade legislativa 
plena para legislar sobre normas gerais sobre as matérias do art. 24, da CF. 
E se depois surgir a norma geral da União? 
Todas são aplicadas. 
Mas e se existirem pontos conflitantes? 
Neste caso, a norma estadual terá sua execução suspensa. Cuidado, pois a Constituição não 
fala em revogada, ela diz que norma estadual terá a sua execução suspensa, pela primazia da União 
em relação a essas matérias, segundo a opção do constituinte. 
 
II. A competência suplementar dos Municípios não está no art. 24 da CF, mas no artigo 30, 
inciso II, da CF, o que significa que o Município poderá suplementar lei federal ou estadual no que 
couber. Prevalece o entendimento que a expressão “no que couber” significa aspectos de interesse 
local. Só assim o Município poderá suplementar lei federal ou estadual, se houver aspecto de 
interesse local. 
 
 
 
 
 
 
 
 9 
DIREITO CONSTITUCIONAL 
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INTERVENÇÃO FEDERAL 
 
A intervenção de um ente da Federação em outro Estado Federal, é sempre uma medida de 
natureza excepcional, afinal, a regra geral no Federalismo é a preservação de cada um dos entes da 
Federação. 
Entretanto, conforme a previsão constitucional, se as circunstâncias assim o exigirem, haverá 
a intervenção de um ente em outro. 
Portanto, toda intervenção será excepcional. A própria redação do caput art. 34 da CF, que 
trata da intervenção federal foi preparada para deixar bem claro que a regra geral é a não 
intervenção. O dispositivo diz que a União não intervirá nos Estados, no Distrito Federal, exceto 
para as hipóteses ali elencadas, que são as hipóteses interventivas. Notem a redação inicial do 
caput do artigo propositadamente assim disposta para enfatizar que a regra é a não intervenção. 
Portanto, a primeira observação sobre a figura da intervenção é a sua natureza excepcional. 
Pelos mesmos fundamentos, em razão do princípio da autonomia dos entes federados, toda 
intervenção será temporária, não pode existir intervenção permanente. A Constituição não define 
qual é o limite máximo tolerável de intervenção, isso depende da razoabilidade. O fato é que 
sempre deverá ser decretado um prazo determinado. 
De acordo com Constituição Brasileira a matéria vem disciplinada nos artigos 34 a 36. Esses 
dispositivos estabelecem os pressupostos materiais e pressupostos formais daintervenção da 
União nos Estados, no Distrito Federal e nos Municípios dos Territórios Federais, e da intervenção 
dos Estados nos seus Municípios. 
Portanto, a intervenção ocorre da seguinte maneira: 
 
 Intervenção da União nos Estados e no Distrito Federal com base no art. 34 da CF; e a 
intervenção União nos Municípios dos Territórios Federais, se eventualmente estes forem 
criados, com base no art. 35, CF. 
 Intervenção dos Estados nos seus Municípios, com base no art. 35 da CF. 
 
Denomina-se intervenção federal a intervenção da União nos Estados e Distrito Federal. 
Portanto, sempre que se falar em Estados entenda-se também Distrito Federal. 
Serão estudados, separadamente, os pressupostos materiais da intervenção, ou seja, os 
motivos que geram a intervenção. Após, será estudado o procedimento da intervenção, como ela é 
determinada, quais os requisitos, portanto, os pressupostos formais. 
 
PRESSUPOSTOS MATERIAIS DA INTERVENÇÃO FEDERAL 
 
HIPÓTESES DE CABIMENTO DA INTERVENÇÃO 
 
Será analisada a forma como a doutrina trata dessa matéria, conforme José Afonso da Silva, 
que divide as hipóteses geradoras da intervenção, em grupos, de acordo com a finalidade principal 
de cada um desses casos de intervenção. 
Recorda-se, de antemão, que todas as hipóteses interventivas, todos os pressupostos 
materiais da Intervenção Federal encontram-se relacionados no art. 34 da Constituição Federal, nos 
seus sete incisos. Trata-se de rol taxativo, não pode existir intervenção que não esteja prevista 
expressamente neste rol, afinal, como se disse há pouco, pelos mesmos fundamentos, a 
excepcional intromissão de um ente na autonomia de outro só pode ocorrer em situações 
extraordinárias e expressamente contempladas pela Constituição. 
 
 
 
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1º Grupo – Hipóteses que visam a defesa da soberania nacional (inciso I e 1ª parte do inciso 
II do art. 34, da CF) 
 
Inciso I, art. 34, CF - O inciso I prevê que haverá intervenção para assegurar a integridade 
territorial do país, portanto, visa a assegurar a unidade nacional, a unidade territorial do país e, por 
consequência, assegurar a preservação da própria soberania nacional. 
Neste caso, encontra-se uma eventual situação concreta de risco iminente de separatismo, 
um risco concreto e iminente de secessão. Não é a mera defesa da ideia separatista. Para permitir a 
intervenção federal de um Estado-membro deve existir uma situação de risco concreto e iminente 
de separatismo. Não é apenas essa a situação que se enquadra nesta hipótese interventiva. Essa 
hipótese é a mais chamativa e este foi o objetivo central do inciso I, do art. 34, da CF, exatamente 
porque é característica da Federação a vedação à secessão. Não se trata de confederação, que é 
uma aliança de Estados soberanos. É uma Federação, os Estados-membros autônomos não podem 
se separar do conjunto, não há o direito à secessão. Portanto, diante de uma situação concreta que 
põe em risco a integridade territorial, a Constituição responde com a possibilidade da intervenção 
federal. Mesmo assim, há outros cenários que podem ser enquadrados nesse inciso I, por exemplo, 
a circulação de forças estrangeiras no território nacional sem autorização do Congresso Nacional, e 
com a conivência, muitas vezes de um Estado-membro, ou, mesmo sem a conivência de um Estado- 
membro, se há circulação de forças estrangeiras em um determinado Estado-membro, sem a 
autorização do Congresso, cabe sim à União intervir com base nesse inciso I, do art. 34, da CF. 
Outra situação seria a hipótese em que um Estado-membro mantenha tratativas diretas com 
Estados estrangeiros, não tratativas quaisquer, mas tratativas que coloquem em risco a coesão 
interna, e portanto, a unidade nacional. 
 
Inciso II, art. 34, CF – O inciso II, primeira parte prevê a intervenção no Estado que sofrer 
invasão estrangeira. Portanto, isto envolve não apenas uma situação de invasão de forças militares 
por determinação oficial de Estado estrangeiro, isso pode abranger também a invasão estrangeira 
provocada por forças paramilitares, por forças terroristas. 
Da mesma maneira, cumpre à União intervir para repelir essa invasão estrangeira. A doutrina 
cogita até mesmo que um cenário de ingresso de estrangeiros no país, de forma irregular e com a 
conivência de um Estado-membro, poderia gerar a intervenção nesse Estado com base no inciso II, 
primeira parte. 
Destaca-se que a intervenção federal pode ser decretada independentemente de declaração 
de guerra e independentemente de estado de sítio. São situações paralelas que podem ocorrer ou 
não paralelamente à intervenção federal. Independentemente disto a intervenção federal serve 
para que a União promova uma ingerência no governo estadual para facilitar a expulsão da invasão 
estrangeira. 
Portanto, são essas as hipóteses que tem por finalidade da defesa da soberania nacional. 
 
2º Grupo – Hipóteses que visam a defesa do princípio federativo (inciso II 2ª parte, inciso III 
e inciso IV do art. 34, CF) 
 
Inciso II, segunda parte, do art. 34, CF – prevê a intervenção se um Estado-membro invadir 
outro Estado-membro da Federação. É uma situação remota, mas que cabe à Constituição prever a 
solução diante de um caso concreto. 
Via de regra, a intervenção ocorreria apenas no Estado membro invasor. Porém, como 
destaca Manoel Gonçalves Ferreira Filho, eventualmente, se houver necessidade para a solução do 
 
 
 
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DIREITO CONSTITUCIONAL 
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problema, a intervenção poderá ocorrer também no Estado membro invadido. Ainda não houve 
uma hipótese como esta na história do Brasil Republicano. Tivemos uma situação parecida no início 
do século XX na “Campanha do Contestato”, no conflito entre Paraná e Santa Catarina, que foi 
resolvido até com o envio de Forças Federais, mas não houve a decretação de intervenção federal. 
Vale lembrar que sobre a Constituição de 1988 ainda não foi decretada intervenção federal 
oficialmente. 
É bom lembrar também que essa hipótese do inciso II, segunda parte, do art. 34 da CF, não 
contempla cenários de conflitos entre Estados-membros por áreas territoriais, por regiões 
fronteiriças e áreas territoriais que são solucionadas judicialmente, porque a intervenção federal é 
medida extrema, se ficar caracterizada a invasão. Não abrange disputas judiciais entre Estados por 
área territorial, pois, nesta hipótese já existe o remédio, que é a discussão judicial. 
 
Inciso III do art. 34, CF – prevê a hipótese mais abrangente de intervenção federal, é a 
intervenção federal para solucionar grave comprometimento da ordem pública em um Estado. 
Cabe ao Presidente da República interpretar o que é grave comprometimento da ordem pública. 
Como já mencionado, ainda não houve, a partir da Constituição Federal de 1988, uma 
intervenção federal decretada pelo Presidente da República. É uma matéria que hoje, na prática, é 
mais importante no concurso público, bastante cobrada, do que para a vida política nacional, diante 
da inexistência de decreto interventivo pós-Constituição de 1988. 
 
Mas não houve, nem mesmo para conter grave comprometimento da ordem pública 
estadual? 
Não, nem esta situação ocorreu. 
 
Mas e nos casos de pico de violência em alguns Estados da Federação gerados por motivos 
diversos, ao longo das décadas a partir da Constituição de 1988; episódios de greve de polícia 
militar em que houve o envio do exército para atuar com função policial de preservação da ordem? 
Não foi decretada a intervenção federal em nenhuma dessas hipóteses? 
Não, na realidade o que tivemos nesses casos foi o emprego do exército sem decreto 
interventivo. Isso em razão de uma outra discussão,da interpretação dada ao art. 142 da 
Constituição, que trata das Forças Armadas, de acordo com este artigo, as Forças Armadas têm por 
finalidade a defesa Pátria, a defesa dos poderes constitucionais e a garantia da lei, da ordem. Essa 
finalidade expressa no art. 142 da CF gerou divergência interpretativa na doutrina. 
 
Como seria essa missão das Forças Armadas de promover a garantia da lei da ordem? Isso 
justificaria a atuação das Forças Armadas com função policial? 
Nessas hipóteses temos na doutrina duas interpretações principais. 
A primeira interpretação, de cunho mais restritivo, entende que as Forças Armadas só 
poderiam atuar com função policial, para garantia da lei e da ordem, nos casos previstos 
expressamente pela própria Constituição, porque é o que seria mais condizente com o regime 
democrático. E quais seriam os casos previstos expressamente pela própria Constituição? 
Intervenção federal, exatamente como neste inciso III, do art. 34, da CF, para resolver grave 
comprometimento da ordem pública, estado de defesa e estado de sítio. 
Mas existem outras posições doutrinárias que entendem que, por tratar-se de função 
primária e originária das Forças Armadas, estas poderiam agir, exercer a função policial para a 
garantia da lei e da ordem, independentemente de decreto interventivo, de decreto de estado 
defesa e de decreto de estado de sítio. 
 
 
 
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E a legislação infraconstitucional que regulamentou o art. 142 da Constituição deu guarida à 
esta segunda posição, permitindo o emprego das Forças Armadas para a garantia da lei e da ordem 
sem decreto interventivo, decreto de estado defesa e decreto de estado de sítio, basta que se 
reconheça a insuficiência ou a inexistência das forças locais para que se utilize as Forças Armadas 
com função policial. 
Nesse caso, cabe ao Governador pedir à União Federal, ao Executivo Federal, o auxílio das 
Forças Armadas para que, então, a União Federal promova o uso das Forças Armadas, para a 
garantia da lei e da ordem no Estado-membro, sem a necessidade de decreto de intervenção 
federal. É exatamente por isso que, nos vários episódios de conflitos, de violência gerados em 
vários Estados, por motivos diversos como crime organizado, greve de polícia militar, houve a 
atuação do Exército e até mesmo de outras forças, como da marinha, mas sem decreto de 
intervenção federal. Então, ainda não houve a utilização da intervenção federal também com base 
neste inciso III da Constituição Federal. 
 
Inciso IV do art. 34, CF – prevê a intervenção para assegurar o livre exercício dos poderes 
públicos nas unidades da Federação, entenda-se, nos Estados e no Distrito Federal, porque não 
cabe à União intervir nos Municípios dos Estados membros. Então, essa expressão unidades da 
Federação deve ser interpretada como Estado membro e Distrito Federal. 
Cabe aí assegurar a capacidade de autogoverno dos Estados-membros. Se, eventualmente, 
um dos poderes estaduais sofrer um sério obstáculo ao seu livre funcionamento, esse inciso IV, do 
art. 34, da CF legitima a intervenção. 
A doutrina, como por exemplo, o Ministro Lewandowski, na sua obra sobre o tema, tenta 
exemplificar algumas situações concretas, como por exemplo, impedimento ao Poder Legislativo 
para reunir-se livremente, para tomar deliberações dentro de sua competência constitucional; 
algum constrangimento junto ao Poder Judiciário que o impeça de exercer suas regulares 
atribuições; uma recusa por parte da Assembleia Legislativa de dar posse ao Governador eleito ou 
ao substituto do Governador na linha de substituição; o Poder Executivo ao se recusar repassar 
verbas orçamentárias ao Poder Legislativo e ao Poder Judiciário. São cenários cogitados pela 
doutrina que se enquadram nesse inciso IV do art. 34 da CF. Não houve caso concreto, como se 
disse, não houve qualquer decreto interventivo pós Constituição de 1988. 
 
3º Grupo – Hipóteses que visam a defesa das finanças dos entes da Federação (inciso V, 
alienas “a” e “b” do art. 34, CF) 
 
Inciso V, alínea “a” do art. 34, CF – Prevê a intervenção federal no Estado que deixar de 
pagar, por mais de dois anos consecutivos, salvo força maior, dívida fundada. A expressão “dívida 
fundada” é usada pela Constituição em oposição à dívida flutuante. 
A doutrina, na realidade, apresenta várias concepções de dívida fundada. Há quem 
recomende, como, por exemplo, Geraldo Ataliba, que se interprete dívida fundada como sendo 
aquela contraída a partir de um investimento de capital, de um incremento ao patrimônio público 
de um determinado ente da Federação, em oposição à dívida flutuante que seria aquela contraída 
para cobrir despesas emergenciais transitórias ou mesmo despesas corriqueiras. 
Mas há definição legal de dívida fundada. A primeira lei que define dívida fundada é a Lei 
4.320/64, que considera como dívida fundada aquela contraída por um determinado ente sujeito a 
um prazo de pagamento superior a 12 (doze) meses, com finalidade específica; ou para reorganizar 
as finanças daquele ente ou para custear obras públicas. 
 
 
 
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A lei de responsabilidade fiscal dá uma definição mais abrangente de dívida fundada, como 
sendo o montante total das obrigações financeiras contraídas por um ente, decorrentes de tratado, 
previsão legal, operações de crédito, com prazo de amortização superior a 12 (doze) meses. 
 
Inciso V, alínea “b” do art. 34, CF – Prevê a intervenção federal no Estado que deixar de 
repassar aos seus Municípios receitas, verbas, nos prazos estipulados e conforme determina a 
Constituição. 
Parte da arrecadação dos Estados deve ser repassada aos Municípios. Se os Estados não o 
fizerem ou se estabelecerem condições para esse repasse sujeitam-se esses Estados à intervenção 
com base nesse inciso V, alínea “b” do art. 34, CF. 
 
4º Grupo – Hipóteses que visam a defesa da Constituição e seus princípios (incisos VI e VII 
do art. 34, CF) 
 
Inciso VI do art. 34, CF – O inciso VI tem duas partes. 
A primeira parte trata da intervenção no Estado que deixar de executar lei federal. Se um 
Estado não concordar com uma lei federal, entendendo que tal lei é inconstitucional, não cabe a ele 
unilateralmente deixar de executá-la. A própria Constituição prevê uma possibilidade, que é a 
legitimidade ativa de Governador e de Assembleia Legislativa para a propositura de ADIN, até 
mesmo para questionar lei federal, desde que demonstrado o interesse direto do próprio Estado. 
Portanto, há uma solução jurídica para o Estado descontente com uma lei federal. Não cabe a 
ele unilateralmente deixar de executá-la. Se assim agir estará sujeito à intervenção federal. 
A outra parte deste mesmo inciso VI do art. 34 da CF prevê a intervenção no Estado que 
deixar de cumprir ordem ou decisão judicial. 
 
Isso se aplica ao não cumprimento de precatório? 
Para o STF o não pagamento de precatório só permitirá a intervenção federal com base nesse 
inciso VI se o não pagamento decorrer de dolo, portanto, no caso de não pagamento intencional. 
De tal modo que, se o Estado demonstrar que já tem um plano de pagamento, não dará ensejo à 
intervenção federal. Esta é a posição do STF. 
É bom lembrar que no plano Municipal, em que se admite a intervenção de Estado em 
Município, quanto a essa situação, nem todo Tribunal de Justiça tem seguido essa posição do 
Supremo, vários Tribunais tem admitido a intervenção independentemente do dolo no não 
pagamento do precatório. 
 
Inciso VII do art. 34, CF – O inciso VII tem cinco alíneas prevendo princípios constitucionais 
que a doutrina denomina como princípios constitucionais sensíveis. Sãoeles: forma republicana, 
regime democrático, sistema representativo, direitos da pessoa humana, autonomia municipal, 
prestação de contas pela administração pública direta e indireta; e aplicação de parte dos recursos 
estaduais nos setores de ensino e saúde. 
Em relação a esses princípios sensíveis, é importante a seguinte observação em relação a, 
pelo menos, dois deles: 
 
a) Forma republicana (alínea “a”): na realidade no sentido de princípio republicano; não é 
uma alusão direta e específica à forma de governo republicana. Isso envolve os princípios 
republicanos, inclusive de preservação da coisa pública, os princípios da eletividade, da 
responsabilidade, da temporariedade. Isso tudo aliado ao regime democrático na sua expressão 
 
 
 
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DIREITO CONSTITUCIONAL 
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máxima, na democracia direta, na participação popular direta; como também a democracia 
representativa, por meio de representantes eleitos pelo povo. Por isso é que são três itens em uma 
mesma alínea do inciso VII do art. 34, CF: forma republicana, sistema representativo e regime 
democrático. 
b) Quanto aos direitos da pessoa humana (alínea “b”): Há uma posição do STF no sentido de 
que, uma violação ocasional, ainda que grave, a direitos da pessoa humana, em um determinado 
Estado, não gera a intervenção federal. O que legitima a intervenção federal com base nesse 
pressuposto é a hipótese de violação reiterada, sistemática, crônica, a direitos da pessoa humana, 
provocada por ação ou omissão dos poderes públicos estaduais. Afinal, a intervenção é medida 
excepcional, portanto, um caso isolado, ainda que grave, pode ser eventualmente solucionado 
pelas vias regulares, como pela atuação administrativa do poder público ou mesmo judicial. A 
intervenção federal é medida extrema, portanto, só seria cabível diante de um cenário como esse 
de violação crônica, endêmica, dos direitos da pessoa humana. 
 
PRESSUPOSTOS FORMAIS DA INTERVENÇÃO FEDERAL 
 
Alguns pressupostos são extraídos da própria Constituição Federal, do art. 36, e muitos de 
interpretação da doutrina e de manifestações do próprio STF, além de uma lei que disciplina 
especificamente alguns casos procedimentais, a Lei nº 12.562 de 23 de dezembro de 2011. 
O art. 36 da Constituição Federal não prevê um procedimento único para todas as hipóteses 
interventivas que vimos há pouco, ao contrário, prevê uma variação procedimental. Portanto, 
veremos as regras procedimentais para cada uma daquelas hipóteses do artigo 34, CF. 
 
a) Pressupostos formais para as hipóteses do art. 34, incisos I, II, III, e V, CF. Temos o que se 
denomina de intervenção espontânea, porque cabe exclusivamente ao Presidente da República a 
iniciativa e a avaliação da necessidade ou não de intervenção federal em todas essas hipóteses. 
Se o Presidente da República entender que há necessidade de intervenção, ele deverá ouvir o 
Conselho da República e o Conselho de Defesa Nacional. A audição a esses conselhos é obrigatória, 
sob pena de nulidade da intervenção, mas as manifestações desses conselhos não são vinculantes, 
não vinculam o Presidente, ou seja, o Presidente precisa ouvir os conselhos, mas não precisa segui-
los. 
Depois do pronunciamento desses conselhos o Presidente da República avalia, segundo seus 
critérios de oportunidade e necessidade, segundo a sua valoração subjetiva, se deve ou não 
decretar a intervenção federal. 
Se optar pela decretação da intervenção federal, o Presidente da República redigirá o decreto 
interventivo, nele prevendo todas as medidas que serão adotadas durante a intervenção, o prazo 
de duração da intervenção, e, se entender que há necessidade, designará também um interventor 
para substituir durante a intervenção o Governador do Estado. 
Nada impede, segundo a doutrina chancelada pelo Ministro Lewandowski, de que se houver 
necessidade, o interventor seja nomeado para substituir não o Chefe do Executivo Estadual, mas o 
Chefe do Legislativo Estadual ou o Chefe do Judiciário Estadual, para o exercício das funções 
administrativas que a eles compete. Isso se houver necessidade diante da situação concreta que 
gerou a intervenção. 
Decretada a intervenção federal, esta terá eficácia imediata. Enquanto isso, cabe ao 
Presidente da República encaminhar ao Congresso Nacional, no prazo de 24 hora, o decreto 
interventivo. E o Congresso Nacional, mediante decreto legislativo, examinará a intervenção 
decretada e decidirá se mantém ou interrompe a intervenção. 
 
 
 
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DIREITO CONSTITUCIONAL 
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A Constituição Federal não previu um prazo para que o Congresso se pronuncie, até porque 
não há um prazo específico, único, para a intervenção federal, tudo depende do prazo de 
intervenção que o Presidente fixou. Nada adiantaria a Constituição prever que o Congresso 
Nacional deveria se pronunciar em dez dias se o Presidente da República fixar uma intervenção em 
cinco dias. Portanto, o tempo de atuação do Congresso deverá observar o período de duração da 
intervenção, porque se o Congresso demorar, a sua manifestação perderá o objeto, pois já terá sido 
encerrada a intervenção. 
 
b) Pressupostos formais para as hipóteses do art. 34, inciso IV, CF. O inciso IV do art. 34 da 
CF prevê a intervenção federal para assegurar o livre exercício dos poderes públicos estaduais ou 
distritais. 
A Constituição usa a expressão poderes coactos para designar o poder que sofre obstáculo ao 
seu livre funcionamento. Se os poderes coactos forem o Poder Legislativo Estadual ou o Poder 
Executivo Estadual, o próprio Poder coacto deve solicitar ao Presidente da República a sua 
intervenção. Por isso essa intervenção é denominada intervenção provocada, já que sem essa 
solicitação o Presidente não pode agir. 
Feita a solicitação cabe ao Presidente avaliar se deve ou não intervir. Se entender que é caso 
de intervenção ele ouvirá os Conselhos da República e de Defesa Nacional, cujos pareceres são 
opinativos, não vinculam, e então decidirá se intervém ou não. 
Decretada a intervenção o procedimento será idêntico ao anterior, com decreto interventivo 
e eficácia imediata, em 24 horas remessa ao Congresso Nacional, e o Congresso examina se 
mantém ou não a intervenção. 
 
Mas e se o poder coacto for o Judiciário estadual? 
Também temos uma intervenção provocada. O Tribunal de Justiça do Estado solicita ao 
Supremo, e o STF analisa se é ou não caso de intervenção. Se entender que sim, o STF requisita ao 
Presidente da República a intervenção federal. Trata-se de requisição, e não solicitação, portanto, 
em tese, o Presidente da República é obrigado a decretar a intervenção sob pena de crime de 
responsabilidade. Até porque, a lei que trata de crimes de responsabilidade do Presidente da 
República, a Lei nº 1.079/50, coloca textualmente como hipótese de crime de responsabilidade, o 
não atendimento à requisição judicial de intervenção. 
 
c) Pressupostos formais para as hipóteses do art. 34, inciso VI e VII, CF. 
O inciso VI, do artigo 34, da CF, possui duas partes que preveem a intervenção pelo não 
cumprimento de ordem ou decisão judicial e pela falta de execução de lei federal. 
 
a) Do procedimento para o descumprimento, por parte do Estado, de ordem ou decisão 
judicial. 
Se a ordem descumprida for do STJ, o próprio STJ requisita ao Presidente da República a 
intervenção. 
Se a ordem descumprida for da Justiça Eleitoral, o TSE requisita a intervenção. 
Se a ordem descumprida for do STF ou de qualquer outro órgão do Judiciário, o STF é quem 
irá requisitar a intervenção. 
Assim, por exemplo, se a ordem descumprida for do Judiciário Estadual, o TJ pede ao STF e 
este requisita a intervenção. E se for da Justiça Comum Federal,o TRF pede ao STF e este requisita a 
intervenção. O mesmo ocorrerá se se tratar de descumprimento de ordem judicial da Justiça do 
Trabalho e da Justiça Militar. 
 
 
 
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O Supremo tem uma espécie de competência residual para requisitar a intervenção. 
Trata-se então de mais uma hipótese de intervenção provocada. Há a requisição judicial e o 
Presidente da República é obrigado a decretar a intervenção. 
 
b) A segunda parte, do inciso VI, prevê a intervenção para o descumprimento de execução a 
uma lei federal. O Estado se recusa a executar lei federal. 
O procedimento desta hipótese interventiva será o mesmo procedimento do 
descumprimento do inciso VII, do art. 34, da CF, no caso dos princípios sensíveis. É o que dispõe a 
Lei nº 12.562/2011. 
Na realidade a doutrina chamava a representação que é oferecida de ação direta da 
inconstitucionalidade interventiva, no caso de violação dos princípios sensíveis, e de ação de 
execução de lei federal, no caso de falta de execução de lei federal. 
A lei que disciplina o procedimento nessas duas situações não usa essas expressões, o que 
não significa que a doutrina não possa utilizá-las, mas a lei fala apenas em representação 
interventiva. Portanto, o procedimento será único tanto para a hipótese do inciso VI do artigo 34, 
CF, de não execução de lei federal, como para a hipótese do inciso VI, do art. 34, da CF, que é o 
descumprimento a princípios sensíveis. 
 
E como é esse procedimento? 
Cabe ao Procurador Geral da República oferecer perante o STF, representação interventiva. 
No STF, o relator avaliará os requisitos legais da representação interventiva, inclusive, se a 
petição inicial indicou o ato ou omissão questionada: qual é o ato normativo questionado, qual é o 
ato administrativo questionado, qual é o ato de efeito concreto questionado. Ato de efeito 
concreto é aquele que tem um grupo de destinatários específicos, delimitados. Ou ainda, 
questionar qual é a omissão que gerou a lesão. 
Vejam que essa representação interventiva, portanto, pelo que está disposto na nº 
12.562/2011 , não discute apenas atos normativos “leis”, ela discute também lesões aos princípios 
sensíveis provocadas por ato normativo, ato administrativo, ato concreto, e até omissão do poder 
público. 
Isso deve ser especificado na petição inicial da representação interventiva, e o relator verifica 
se tudo isso consta da inicial, sob pena de indeferimento liminar. Dessa decisão cabe agravo. 
Admite-se a possibilidade de concessão de liminar pela maioria absoluta do STF. E a liminar 
provocará a suspensão de processo, ou então de decisão judicial ou administrativa, ou de qualquer 
outra medida que tenha relação com o objeto da representação. 
Para a concessão de liminar o relator ouvirá aquele que praticou o ato ou omissão que gerou 
todo o problema, o AGU e o Procurador Geral da República, no prazo comum de 5 (cinco) dias. Isso, 
sobre o pedido de liminar. 
Apreciado o pedido de liminar, se houver, o relator solicitará ao órgão ou autoridade 
responsável pelo problema ou omissão, informações no prazo de 10 (dez) dias. 
Na sequência, o relator solicitará a manifestação do AGU e também do Procurador Geral da 
República, cada qual no prazo de 10 (dez) dias. 
E se o relator entender que há necessidade, poderá requisitar informações adicionais, 
providências adicionais, poderá requisitar pareceres de peritos, convocar especialistas na matéria 
para que prestem esclarecimentos. 
E inclusive, vejam que o artigo 7º, parágrafo único dessa Lei nº 12.562/2011, autoriza a 
critério do relator que se permita a juntada de manifestação de interessados no processo, juntada 
de documentos, de manifestações, e dá a ideia também de manifestação verbal de interessados no 
 
 
 
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processo. Nada mais é do que o reconhecimento da possibilidade de participação do amicus curiae, 
do amigo da corte. 
Julgada procedente a representação, que só poderá ocorrer se presentes 8 (oito) Ministros, e 
pelo voto da maioria absoluta do Supremo, o STF comunicará o fato ao Presidente da República 
para que este edite o decreto interventivo. 
O Presidente da República editará o decreto interventivo, inicialmente nos termos do §3º do 
artigo 36 da Constituição, ou seja, para sustar o ato que gerou o problema. Se isso for suficiente, 
estará tudo resolvido. 
Se isso não for suficiente o Presidente da República terá que editar um decreto nos termos do 
§1º do art. 36 da Constituição, adotando novas medidas interventivas e submetendo esse decreto à 
apreciação do Congresso Nacional. 
Esse roteiro que sempre gerou muita dúvida e polêmica na doutrina, agora foi definido pela 
12.562/2011, conforme o próprio artigo 11 da referida Lei. 
São esses os pressupostos formais da intervenção federal. 
 
INTERVENÇÃO ESTADUAL 
 
A intervenção estadual é intervenção dos Estados nos Municípios. 
A matéria é regida pelos artigos 35 e 36 da CF, o art. 35 prevendo os pressupostos materiais e 
o art. 36 prevendo os pressupostos formais para a intervenção dos Estados nos Municípios. 
Algumas hipóteses são semelhantes ao que vimos nas hipóteses para intervenção federal, 
mas em menor número, e o procedimento também é semelhante. 
É importante registrar que a Constituição prevê, no art. 35, nos incisos I a III, os seguintes 
pressupostos materiais para a intervenção nos Municípios: 
 não prestação de contas pela administração municipal (inciso II); 
 não pagamento de dívida fundada por 2 (dois) anos consecutivos, salvo força maior 
(atenção que para a intervenção federal a Constituição fala em 2 anos ou mais), (inciso I); 
 não aplicação de parte da receita municipal nos setores de ensino e saúde (inciso III). 
Nessas três hipóteses cabe ao Governador avaliar se deverá ou não decretar a intervenção, 
trata-se de iniciativa exclusiva do Governador, é a intervenção espontânea. 
Se ele entender que cabe intervenção redigirá o decreto interventivo definindo as medidas 
interventivas, o prazo da intervenção, e o interventor, se entender que é o caso. 
O decreto terá eficácia imediata e em 24 (vinte e quatro) horas será enviado à Assembleia 
Legislativa, que decidirá se a intervenção será mantida ou interrompida. 
Além disso, o inciso IV, do artigo 35, prevê outras hipóteses de intervenção em Município. 
Esse inciso prevê, na verdade três hipóteses interventivas: 
 Violação aos princípios da Constituição do Estado; 
 Não execução de lei; 
 Não cumprimento de ordem ou decisão judicial pelo Município. 
Nesses casos, o procedimento será diferente. O Procurador Geral de Justiça oferece uma 
representação ao Tribunal de Justiça. Se o Tribunal de Justiça entender que é caso de intervenção, 
requisita ao Governador a intervenção, e o Governador será obrigado a decretar a intervenção, isso 
ao menos em tese. 
Vale lembrar que no caso de descumprimento de decisão ou ordem judicial, prevalece na 
prática forense a ideia de que o próprio interessado, portanto, a parte naquele processo judicial 
que teve sua decisão descumprida, poderá provocar o Tribunal de Justiça encaminhando uma 
representação interventiva. 
 
 
 
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PERGUNTAS: 
 
1) Qual a principal característica da federação? 
2) Quais os entes que compõem a federação? 
3) Qual a diferença entre competência legislativa e competência administrativa? 
4) O ente da federação que tem competência administrativa para determinada matéria, tem 
também competência legislativa para a mesma matéria? Qual a posição do STF?5) Qual a diferença entre competência remunerada e remanescente? 
6) Quem tem a competência remanescente? 
7) Dê um exemplo de competência remanescente em matéria de transporte. 
8) A competência residual é da União em alguma matéria? 
9) O que é competência resultante ou inerente ou decorrente? Dê exemplo. Como ela é 
deduzida? 
10) O que é competência originária? 
11) O que é competência delegada? 
12) O que é competência horizontal? 
13) O que é competência vertical? É típica de qual modelo de federalismo? 
14) O que é competência exclusiva? 
15) A União tem competência exclusiva para desenvolvimento urbano, inclusive habitação, 
saneamento e transporte? 
16) Quem tem a competência para legislar sobre gás? É possível medida provisória sobre este 
assunto? 
17) Quem tem competência para criar regiões metropolitanas? 
18) Quem tem competência para tratar de assuntos de interesse local? 
19) O que é competência privativa? Dê exemplo. Como deve ser a delegação? 
20) Quem pode legislar sobre jogos de loteria e bingo? 
21) Qual a diferença entre competência exclusiva e privativa? 
22) O que é competência comum? Qual o princípio que ela deve observar? 
23) O que é competência concorrente? 
24) O que é competência suplementar? 
25) Quais os entes que tem competência concorrente e competência suplementar? 
26) Quais as características da intervenção federal? 
27) Quais as hipóteses de cabimento da intervenção federal? 
28) O que é secessão? 
29) Qual a missão das forças armadas de promover a garantia da ordem? 
30) Quais os pressupostos formais da intervenção federal? 
31) O Presidente de República é obrigado a decretar a intervenção federal? 
32) Os Estados-membros podem intervir nos Municípios? Explique.

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