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Processo Penal Marcos Paulo

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dp 
 
 
PROCESSO PENAL 
Marcos Paulo 
Carreiras Jurídicas 2015 
Curso Fórum TV – Nathália Moreira Nunes de Souza 
 
 
PROCESSO PENAL | Marcos Paulo 
1
 Polícia ................................................................................................................. 7 
Poder Investigatório do MP ............................................................................... 8 
Inquérito Policial ............................................................................................... 15 
Características ............................................................................................... 15 
Dispensabilidade do Inquérito Policial ......................................................... 15 
Inquisitoriedade .......................................................................................... 17 
Reflexos da inquisitoriedade do inquérito policial ..................................... 18 
Exceções à inquisitoriedade do inquérito policial ...................................... 21 
Oficiosidade ................................................................................................ 25 
Sigilo ........................................................................................................... 30 
Indisponibilidade ......................................................................................... 34 
Escrito ........................................................................................................ 36 
Unidirecional............................................................................................... 36 
Autoritariedade ........................................................................................... 36 
Oficialidade ................................................................................................. 36 
Retrospectividade ........................................................................................ 36 
Limites à atuação da autoridade policial – Auto de Resistência ....................... 38 
Garantias do Indiciado ................................................................................... 40 
Prazo para conclusão do inquérito e oferecimento da denúncia ....................... 47 
Prazos especiais .......................................................................................... 52 
Arquivamento ................................................................................................. 54 
Natureza Jurídica ........................................................................................ 54 
Espécies ...................................................................................................... 55 
Arquivamento Indireto ............................................................................. 57 
Controle Judicial sobre o Arquivamento ...................................................... 57 
Arquivamento nos crimes de ação originária do PGJ .................................... 62 
Arquivamento nos crimes contra a economia popular e a saúde pública ...... 63 
Irretratabilidade da promoção de arquivamento ........................................... 64 
Qualidade da decisão de arquivamento ........................................................ 66 
Desarquivamento ........................................................................................ 69 
Ação Penal......................................................................................................... 71 
Classificação das Ações Penais ....................................................................... 71 
Ação Penal Pública ......................................................................................... 75 
Princípios .................................................................................................... 75 
 
 
PROCESSO PENAL | Marcos Paulo 
2
 Princípio da Obrigatoriedade .................................................................... 75 
Princípio da Indisponibilidade .................................................................. 81 
Retratação da Retratação ...................................................................... 83 
Princípio da Indivisibilidade ..................................................................... 84 
Princípio da Instranscendência ................................................................ 85 
Princípio da Titularidade .......................................................................... 87 
Representação ............................................................................................. 89 
Titularidade da Representação / Legitimidade para Queixa-Crime ............... 92 
Vítima pessoa física ................................................................................. 94 
Emancipado .......................................................................................... 94 
Responsável Legal ................................................................................. 95 
Cônjuge, Ascendente, Descendente e Irmão ........................................... 96 
Menor de 18 Anos Não Emancipado ...................................................... 97 
Ação Penal Pública Condicionada a Requisição do Ministro da Justiça ... 100 
Ação Penal Privada ....................................................................................... 101 
Ação Penal Privada Exclusiva .................................................................... 101 
Princípios ............................................................................................... 101 
Princípio da Oportunidade e Conveniência .......................................... 101 
Princípio da Disponibilidade ................................................................ 103 
Princípio da Indivisibilidade ................................................................ 105 
Princípio da Instrancedência ............................................................... 109 
Classificação da Ação Penal Privada .......................................................... 109 
Ação Penal Privada Exclusiva ................................................................. 109 
Ação Penal Privada Personalíssima ......................................................... 109 
Ação Privada Subsidiária da Pública ...................................................... 111 
Ação Penal nos Crimes contra a Dignidade Sexual ........................................ 115 
Estupro de Vulnerável ............................................................................... 115 
Estupro do Art. 213 CP ............................................................................. 119 
Limitações constitucionais à atuação probatória do Estado .............................. 122 
Inviolabilidade de Domicílio .......................................................................... 122 
Bens móveis .............................................................................................. 124 
Exceções ................................................................................................... 125 
Desastre e Prestação de Socorro ............................................................. 126 
Consentimento do Morador .................................................................... 127 
 
 
PROCESSO PENAL | Marcos Paulo 
3
 Determinação jurisdicional a ser cumprida durante o dia ....................... 128 
Flagrante Delito ..................................................................................... 133 
Sigilo da Correspondência e das Comunicações Telegráficas ......................... 135 
Sigilo de Dados ............................................................................................. 137 
Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) ...................................................140 
Sigilo das Comunicações Telefônicas ............................................................ 142 
Direito de não ser obrigado a produzir prova contra si mesmo ...................... 145 
Inadmissibilidade das Provas Obtidas por Meios Ilícitos ................................ 151 
Procedimento .................................................................................................. 159 
Procedimento Ordinário ................................................................................ 165 
Denúncia ou Queixa .................................................................................. 165 
Rejeição ou recebimento da denúncia ........................................................ 165 
Citação...................................................................................................... 169 
Citação do réu preso ........................................................................... 170 
Citação por carta precatória ................................................................ 172 
Citação Circunduta ............................................................................. 173 
Citação por carta rogatória .................................................................. 173 
Citação do servidor público e do militar ............................................... 174 
Citação no JECRIM ............................................................................. 174 
Citação por Edital ............................................................................... 177 
Citação por Hora Certa ....................................................................... 184 
Resposta à Acusação ................................................................................. 185 
Absolvição Sumária ................................................................................... 188 
Audiência de Instrução, Interrogatório e Julgamento ................................. 191 
Prova Oral .............................................................................................. 191 
Carta Precatória .................................................................................. 196 
Número de Testemunhas .................................................................... 199 
Interrogatório ......................................................................................... 201 
Videoconferência .................................................................................... 203 
Videoconferência pela autoridade policial ............................................ 206 
Carta Rogatória e Recolhimento de Custas ............................................. 207 
Debates Orais (ou apresentação de memoriais) ....................................... 208 
Alegações Finais do Ministério Público ................................................ 209 
Alegações Finais Defensivas ................................................................ 213 
 
 
PROCESSO PENAL | Marcos Paulo 
4
 Alegações Finais do Querelante na Ação Penal Privada Exclusiva ........ 214 
Sentença ................................................................................................... 214 
Princípio da Identidade Física do Juiz .................................................... 214 
Agravantes ............................................................................................. 218 
Sentença Condenatória .......................................................................... 219 
Mutatio e Emendatio Libelli................................................................. 219 
Verba Indenizatória Mínima ................................................................ 234 
Sentença Absolutória ............................................................................. 238 
Eficácia cível da sentença absolutória ................................................. 239 
Prisão e Liberdade ........................................................................................... 241 
Presunção de estado inocência ou de não culpabilidade? .............................. 241 
Requisitos das tutelas cautelares constritivas da liberdade ........................... 242 
Fumus Comissi Delicti (ou fumaça do bom direito) .................................... 242 
Periculum in libertatis ............................................................................... 244 
Razoabilidade sob o prisma da proporcionalidade e princípio da 
homogeneidade das medidas cautelares .................................................... 249 
Pressupostos de Admissibilidade das Tutelas Cautelares .............................. 252 
Prisão Preventiva ....................................................................................... 253 
Art. 312, p. único: descumprimento de outras tutelas cautelares ........... 259 
Procedimento pertinente às tutelas cautelares constritivas da liberdade ....... 262 
Poder de Cautela do Juiz ........................................................................... 262 
Devido Processo Legal ............................................................................... 264 
Legitimidade.............................................................................................. 265 
Atuação ex officio do juiz ..................................................................... 267 
Prisão em Flagrante ...................................................................................... 270 
Lavratura do Auto de Prisão em Flagrante (APF) ........................................ 276 
Prisão Preventiva Domiciliar ......................................................................... 280 
Fiança .......................................................................................................... 282 
Jurisdição e Competência ................................................................................ 290 
Competência ................................................................................................ 291 
Incompetência Relativa e Incompetência Absoluta ..................................... 292 
Competência em Razão da Matéria ............................................................ 297 
Competência da Justiça Federal ............................................................. 301 
Competência por Prerrogativa da Função .................................................. 317 
 
 
PROCESSO PENAL | Marcos Paulo 
5
 Perpetuação da Competência por Prerrogativa da Função ....................... 327 
Competência por Prerrogativa da Função e Exceção da Verdade ............. 331 
Competência Territorial ............................................................................. 334 
Prevenção .............................................................................................. 338 
Competência Funcional ............................................................................. 339 
Varas Criminais Regionais ..................................................................... 339 
Competência do Juízo de Plantão ........................................................... 339 
Conexão e Continência .............................................................................. 340 
Hipóteses de Conexão ............................................................................ 340 
Hipóteses de Continência ....................................................................... 341 
Critérios ................................................................................................. 344 
Natureza Jurídica .................................................................................. 347 
Prorrogação da Competência .................................................................. 348 
Conflito de Competência ............................................................................349 
 
 
 
 
PROCESSO PENAL | Marcos Paulo 
6
 BIBLIOGRAFIA:1 
Paulo Rangel – para inquérito policial 
Renato Brasileiro – abrange tudo, excelente para prova objetiva, 
mas não aprofunda algumas controvérsias doutrinárias 
importantes para discursiva. 
Aury Lopes Jr. – parece ser o melhor meio-termo, porque é crítico 
(para discursivas), traz posições interessantes para a defesa, mas 
não deixa de citar a posição dominante. 
O mais importante é o caderno. 
Ler Informativos!2 
 
 
 
 
1 Obs.: primar pela objetividade, nada de ler vários livros da mesma matéria. O livro é 
para construir conceitos básicos técnicos de cada matéria, mas o direcionamento vem 
das aulas e do caderno. 
2 Obs.: as questões em geral são extraídas de informativos dos dois últimos anos. Se 
estamos em 2015, ver informativos de 2013, 2014 e 2015. Se não der tempo, no 
MÍNIMO de um ano pra cá. 
 
 
PROCESSO PENAL | Marcos Paulo 
7
 Aula 01 – Pt. 01 
POLÍCIA 
A polícia administrativa tem viés preventivo, visando a evitar o exercício do 
ilícito. Em compensação, quando ocorre um crime, chamamos uma patrulha, 
existe um poder de polícia judiciária, exercido não para evitar e sim para 
reprimir a atividade delitiva. 
O poder de polícia judiciária vem delineado no art. 144 CF. Este artigo 
estabelece, no §1º, inc. IV, o seu exercício privativo pela Polícia Federal. 
O poder de polícia judiciária, em nível federal, é exercido privativamente pela 
Polícia Federal. 
O §4º prevê que em nível estadual o exercício será pela polícia civil. 
No caso da polícia federal, o §1º, IV, usou com exclusividade. Já no §4º, 
quando cuida do exercício do poder de polícia judiciária da polícia civil, não 
diz com exclusividade. O §5º dá à polícia militar atribuição para exercer 
policiamento ostensivo. 
No âmbito estadual, polícia judiciária é exercida pela polícia civil e pela polícia 
militar (através de seu policiamento ostensivo). 
Entretanto, o inquérito policial é privativo da polícia civil, através dos 
delegados de polícia de carreira. 
No âmbito federal, o poder de polícia judiciária será exercido com 
exclusividade pela polícia federal. No âmbito estadual, o poder de polícia 
judiciária é exercido conjuntamente por polícia civil e militar, porque esta 
exerce policiamento ostensivo e, durante este, pode se deparar com crimes que 
serão reprimidos (ex.: prisão em flagrante). Mas os inquéritos e investigação só 
podem ser exercidos pela polícia civil, sob presidência dos delegados de polícia 
de carreira. 
Nas infrações de menor potencial ofensivo (IMPO), não falaremos em inquérito 
policial e sim em termo circunstanciado (TCO), conforme art. 69, Lei 
9.099/95. A lavratura desse termo circunstanciado também é de atribuição 
dos delegados de polícia de carreira. 
O TCO faz as vezes do inquérito em se tratando de IMPO. 
Segundo o STF, são inconstitucionais os convênios que deleguem à 
polícia militar atribuição para lavrar termo circunstanciado. 
 
 
PROCESSO PENAL | Marcos Paulo 
8
 Vários Estados da Federação celebraram convênios em que foi delegado à 
polícia militar poder para lavrar o termo circunstanciado. Todos esses 
convênios estão sendo declarados inconstitucionais pelo STF. 
O TCO faz as vezes do IPL no âmbito das IMPO. No âmbito estadual, a 
lavratura do IPL é privativa dos delegados de polícia e, mutatis mutandis, a 
lavratura do TCO também é de atribuição exclusiva dos delegados. 
 
Poder Investigatório do MP 
 
Devemos fazer uma diferenciação: o MP fazendo investigações pontuais 
(requisitando documentos, tomando um depoimento, providenciando 
determinada diligência) e a possibilidade de termos um procedimento 
investigatório ministerial próprio, distinto do policial. 
São duas questões completamente distintas. Uma coisa é a investigação 
pontual pelo MP, outra é o procedimento investigatório próprio pelo MP. 
Ditado: é incontroversa a possibilidade de o MP realizar diligências 
probatórias pontuais, como a colheita de um depoimento ou a requisição 
de um documento ou de uma perícia. 
O que vamos discutir de maneira mais vertical é quanto à existência de um 
procedimento investigatório ministerial próprio, com capa, autuação, várias 
colhas, instauração de procedimento, etc. 
 
Pt. 02 
STJ e STF admitem o procedimento ministerial investigatório próprio. 
Ditado: tanto o STJ quanto o STF admitem um procedimento investigatório 
próprio do MP, mas não de maneira sempre concorrente ao policial, exceto nos 
crimes contra a Administração Pública, e sim complementar ou suplementar. 
O STJ admite essa investigação ministerial há tempos, o STF também. 
Temos um julgamento no STF a respeito do tema, no qual já foram lançados 
mais de 6 votos, todos pela possibilidade de haver procedimento investigatório 
ministerial próprio. Embora o julgado não esteja encerrado, já temos 
virtualmente a conclusão pela possibilidade de se ter investigação própria do 
Ministério Público. Os ministros que ainda faltam declarar seus votos já se 
manifestaram em outros julgados de órgãos fracionários favoravelmente à 
investigação direta pelo MP. 
 
 
PROCESSO PENAL | Marcos Paulo 
9
 Essa investigação não é concorrendo com o inquérito policial, até porque o art. 
144 CF deixa claro que a investigação é primordialmente a cargo da polícia. 
Só teremos essa concorrência desde o início em se tratando de crimes contra a 
Administração Pública. Fora isso, essa investigação ministerial é a título 
complementar ou suplementar. 
A título complementar significa que a investigação policial foi instaurada e se 
desenvolveu, mas há algum tempo não há nada de novo apurado pela polícia. 
Nada impede que o MP instaure procedimento investigatório para 
complementar o que a polícia já apurou. 
A título suplementar é quando não for possível confiar na própria polícia. Você 
é promotora em uma cidade com Juízo Único em que você está investigando a 
delegacia local. É óbvio que você irá fazer procedimento investigatório próprio, 
não havendo como confiar na polícia. 
 
Argumentação para isso (polícia judiciária é matéria constitucional (art. 144 
CP), então os argumentos para investigação pró-MP também devem estar na 
Constituição): 
 Art. 129, VII e VIII, CF c/c Teoria dos Poderes Implícitos -> o art. 129, 
VII, prevê que o Ministério Público controlará externamente a atuação 
policial. O inc. VIII prevê que o MP requisitará diligências 
investigatórias. Conjugando essas atribuições do MP à Teoria dos 
Poderes Implícitos (quem pode o mais, pode o menos), temos que se o 
MP pode controlar externamente a atividade policial e ordenar que se 
investigue, por que não poderia simplesmente investigar? 
 
 Art. 129, VII e VI, CF -> cabe ao MP controlar externamente a atuação 
policial, o que significa que a investigação criminal não deixa de estar 
dentro da atribuição do MP. Partindo desta premissa, vemos que 
compete ao MP expedir notificações nos procedimentos administrativos 
de sua competência. O procedimento investigatório tem cunho 
administrativo. O inc. VI permite emitir requisições de documentos para 
instruí-los, sendo outra manifestação do poder investigatório do MP. 
Consultando a legislação respectiva, deparamo-nos com a Lei 
Complementar 75/93, cujo art. 8º, inc. V, prevê categoricamente a 
investigação direta pelo Ministério Público. A LC 75/93 cuida do MP da 
União, prevendo que para o exercício de suas atribuições o MPU poderá, 
em procedimentos de sua atribuição, realizar inspeções e diligências 
investigatórias. Ora, é o MP diretamente investigando. A LC 75/93 
cuida do MPU, mas as atribuições confiadas a estese estendem 
naturalmente aos Ministérios Públicos dos Estados, porque o MP é um 
 
 
PROCESSO PENAL | Marcos Paulo 
1
0
 só. A unidade e a indivisibilidade do MP justificam essa extensão, 
conforme art. 127, §1º, CF. 
Lei 8.625/93, art. 26, inc. I, alíneas “a, b, c”, inc. II e IV -> também 
seriam manifestações do poder investigatório do MP. 
 
 Art. 129, III, CF, por analogia -> é atribuição do MP promover o 
inquérito civil público. A ação civil pública tem escopo metaindividual e 
para instruí-la o MP pode diretamente investigar. A ACP nem é privativa 
do MP, e mesmo assim este pode investigar. Se o MP pode diretamente 
investigar por mandamento constitucional para dar subsídios a ACP, 
que nem tem nele seu titular privativo, o que dizer da investigação para 
trazer subsídios a uma ação penal? ACP e ação penal cumprem 
ontologicamente a mesma função, apenas não versam sobre a mesma 
matéria. Ditado: o art. 129, III, CF, por analogia, significa que se a 
Constituição permite ao MP investigar para trazer subsídios para uma 
futura ação civil pública, que tem uma dimensão metaindividual, com 
maior razão o MP poderá investigar para reunir subsídios que permitam 
a deflagração de uma ação penal, daí a analogia. A fronteira entre o ICP 
e um IPL é mínima. Digamos que você promotor instaure um ICP para 
apurar dano ambiental, mas no curso venha uma informação sobre 
crime ambiental. Certamente você poderá aproveitar aquela informação 
em futura ação penal. 
 
 Art. 129, IX e I, CF -> o feixe de atribuições do MP listado no art. 129 da 
CF não é exaustivo, mas exemplificativo (numerus apertus). E a 
primeiríssima função institucional é promover a ação penal pública. A 
investigação criminal pelo MP prevista em nível infraconstitucional já 
teria naturalmente aval constitucional, porque a atribuição 
investigatória criminal é compatível com uma das funções institucionais 
do MP, a promoção privativa da ação penal pública. 
 
 Inegavelmente, quando falou em atividade investigatória, a CF priorizou 
a polícia (art. 144). No próprio texto constitucional, temos dispositivos 
que demonstram que a investigação não é monopólio da polícia. O 
constituinte em nenhum momento quis monopolizar a investigação da 
polícia, como se nota no art. 58, §3º, CF (CPI). 
 
 Há um problema: se a polícia investiga, quem fiscaliza é o MP. Mas e 
quando o MP investiga, quem fiscaliza? Temos na CF um sistema de 
controle baseado na investigação pela polícia. Já quando é o MP 
investigando, quem controla a idoneidade e higidez da investigação? O 
CNMP. Ditado: Ainda que o MP diretamente investigue, o controle 
 
 
PROCESSO PENAL | Marcos Paulo 
1
1
 externo desta investigação fica a cargo do Conselho Nacional do 
Ministério Público (art. 130-A, §2º, II, CF). 
 
 É importante mostrar que a investigação direta pelo MP já teria 
chancela na nossa legislação desde 1941, com o nosso CPP. Três artigos 
são emblemáticos neste ponto: art. 4º, p. único, art. 27 e art. 47 CPP 
(são todas regras originárias de 1941). O art. 4º, p. único, CPP estipula 
que a “competência” da polícia judiciária não excluirá a de autoridades 
administrativas a quem por lei seja acometida a mesma função. É o 
próprio CPP reconhecendo que o poder de investigação não é monopólio 
policial e a lei pode dar atribuições investigatórias a outras autoridades 
administrativas. Aqui inseriríamos o MP. O art. 27 diz que qualquer 
pessoa poderá procurar o MP e lhe dar informações sobre o fato. Se a 
investigação fosse monopólio da polícia, qualquer pessoa do povo teria 
que procurar a polícia, não poderia ir diretamente ao MP. 
 
Resolução nº 13 do CNMP 3 – prevê a possibilidade de procedimento 
investigatório próprio do Ministério Público. 
Resolução nº 77 MPF4 
Súmula 234 STJ – se partimos da premissa de que o MP pode investigar, por 
óbvio não estará impedido e nem suspeito para oferecer a denúncia. 
Ao investigar, o MP está liberado para oferecer denúncia, porque está no 
exercício regular das suas atribuições institucionais. Mas esse promotor que 
investigou poderia ser arrolado como testemunha? Imagine que Rômulo é 
promotor de investigação penal, conseguiu uma remoção, concorreu e ganhou. 
Você sucede Rômulo no órgão de promotoria de investigação penal e oferece 
denúncia. Você poderia arrolar Rômulo como sua testemunha? 
Se Rômulo fosse denunciante, não haveria qualquer problema, é fruto do 
trabalho dele. Mas ele ser arrolado como testemunha, JAMAIS, pela teoria do 
órgão. Afinal, arrolar Rômulo como testemunha equivaleria a arrolar o próprio 
MP, também autor da ação. Não podemos admitir que o mesmo ente figure no 
processo como autor e como testemunha. 
Imaginemos que você recebe auto de prisão em flagrante (APF) em que a 
testemunha de viso é Rômulo, promotor. Ele poderia ser arrolado, porque não 
 
3 
http://www.cnmp.mp.br/portal/images/Normas/Resolucoes/Resolucao_n%C2%BA_
13_alterada_pela_Res._111-2014.pdf 
4 http://2ccr.pgr.mpf.mp.br/legislacao/recomendacoes/docs-
resolucoes/resolucao_77_instauracao_e_tramitacao_do_procedimento_investigatorio_c
riminal.pdf 
 
 
PROCESSO PENAL | Marcos Paulo 
1
2
 estaríamos arrolando o promotor Rômulo, mas o cidadão Rômulo. Neste caso, 
não pode ser invocada a Teoria do Órgão. 
Só podemos arrolar promotor que atuou no caso em exercício de suas funções 
em dois casos: promotor do trabalho e MP que atua junto ao Tribunal de 
Contas, e isso porque tais espécies de MP não têm qualquer atribuição 
criminal, apenas atribuição civil. 
Ditado: em apreço à Teoria do Órgão, o promotor que interveio na investigação 
não está impedido nem suspeito para oferecer a denúncia, mas por 
incompatibilidade não pode ser arrolado como testemunha, já que o mesmo 
ente, o MP, não pode figurar no processo simultaneamente como autor e 
testemunha. A única exceção corresponde a membros do MPT ou do MP junto 
ao Tribunal de Contas, porque são ramos desvestidos de toda e qualquer 
atribuição criminal. 
Pt. 03 
Qual é a linha argumentativa da posição contrária à investigação direta pelo 
MP?5 
Ditado: houve silêncio eloquente do poder constituinte a respeito da 
investigação direta pelo MP, exatamente para conservar a necessária isenção 
ao exercício do principal múnus que lhe foi confiado pela Constituição: defesa 
da ordem jurídica. 
O constituinte teve duas oportunidades para dar ao MP poderes de 
investigação, no art. 144 (quando disciplinou o poder de polícia judiciária) e no 
art. 129 (quando listou as atribuições do MP). Entretanto, nos dois casos o 
constituinte ficou em silêncio. Esse silêncio é emblemático, eloquente, já que 
no art. 129 o constituinte não pestanejou em conceder ao MP poderes para 
promover o inquérito civil público, entretanto ficou em silêncio em relação à 
investigação criminal. Isso já enfatiza claramente o desejo do constituinte de 
que o MP não investigue diretamente. Tanto é que a preocupação do 
constituinte foi a todo momento distanciar o MP das investigações. 
No art. 129, VII, é o MP controlando externamente a atuação policial, sem que 
ele fique na linha de frente da investigação. 
Nos inc. VI e VIII, é o MP requisitando diligências investigatórias, ou seja, 
ordenando que se faça, e não ele próprio fazendo. 
Isso é para que o MP conserve o distanciamento necessário não à preservação 
de sua imparcialidade (porque o MP não é imparcial, tanto que é quem 
promove a ação penal após formar sua opinião delitiva), mas de sua isenção. 
Promove a ação penal desinteressadamente, não para obter vantagens 
 
5 São contrários a essainvestigação direta o Rogério Lauria Tucci, o Nucci, dentre 
outros. 
 
 
PROCESSO PENAL | Marcos Paulo 
1
3
 pessoais. Promove a justiça segundo a sua ótica, mas de qualquer forma tem 
uma ótica, embora o processo nem tenha começado. 
Portanto, o ideal é que o MP seja isento, não imparcial. Se o promotor fez a 
investigação do início ao fim, já deflagra a ação penal interessadamente. Sua 
expectativa natural é que tudo o que ele mesmo apurou seja ratificado em 
juízo. 
Isso comprometeria a principal missão que a CF confiou ao MP em seu art. 
127, caput: a defesa da ordem jurídica. 
Essa argumentação responde todos os argumentos favoráveis à investigação 
direta pelo MP. 
 O art. 129, VII e VIII + teoria dos poderes implícitos -> se parto da 
premissa de que a não investigação pelo MP foi propositalmente eleita 
pelo constituinte, então não usaremos a teoria dos poderes implícitos. A 
ideia do constituinte foi estabelecer uma divisão de tarefas, sendo a 
investigação a cargo da polícia e o controle externo (e só ele) para a 
fiscalização. 
 
 Para falarmos em analogia, deve haver lacuna. Se o silêncio é eloquente, 
não há lacuna a ser preenchida. 
 
 Art. 129, VI e VII – remete à legislação infraconstitucional. A lei 
infraconstitucional, todavia, deve obediência à Constituição. Como a lei 
infraconstitucional deve obediência à CF, se partirmos da premissa de 
que o MP não pode diretamente investigar, então toda menção 
infraconstitucional a procedimentos e atos do MP não poderão englobar 
a investigação criminal. Faríamos uma interpretação mais restritiva da 
legislação infraconstitucional. 
 
 Quanto ao art. 4º, p. único, CPP, nas “outras autoridades 
administrativas”, excluiríamos o MP. Igualmente, quando se diz que 
qualquer pessoa do povo pode levar informações ao MP, 
reconheceríamos que são pessoas indo ao MP, e não o MP procurando 
por informações. É apenas reconhecer que o inquérito é indispensável, 
mas não equivale ao MP com postura proativa buscando a prova. 
 
Se partirmos da premissa de que o MP não pode diretamente investigar, por 
mandamento constitucional, se ele fizer isso estará agindo em 
desconformidade coma Constituição. Logo, todas as provas por ele carreadas 
serão ilícitas. Então caberia um HC para trancar a ação penal, postulando a 
extinção do processo porque ele está todo lastreado em provas ilícitas. 
 
 
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 Ditado: não se admitindo a investigação direta pelo MP, as provas por ele 
carreadas serão ilícitas, a justificar a impetração de habeas corpus para 
“trancar” a ação penal por falta de justa causa. 
 
O art. 22, inc. I, CF diz que direito processual penal é competência legislativa 
privativa da União. Contesta-se a constitucionalidade de resoluções como a 13 
do CNMP e a 77 do MPF não só do ponto de vista material (como acabamos de 
analisar), mas também sob ponto de vista formal (vício de iniciativa), porque 
não poderíamos por resolução disciplinar investigação ministerial. Isso seria 
matéria processual penal, e por isso sua regulamentação só poderia ocorrer 
por lei federal. 
A constitucionalidade das resoluções que dão esse poder investigatório 
instrumentalizado é contestada também sob ponto de vista formal, ao 
argumento de que a matéria seria processual penal e, por isso, exigiria lei 
federal, não podendo ser disciplinada por meio de resolução. 
A resolução vem do poder regulamentar, que não pode ter caráter inovador. 
Apenas esmiúça tema que já está disciplinado legalmente, e não inova. 
Ditado: a par da discussão material sobre a possibilidade ou não de o MP 
diretamente investigar, questiona-se a constitucionalidade destas resoluções 
também sob o aspecto formal, ou seja, por ser matéria processual penal 
exigiria lei federal, não podendo ser equacionada a partir do poder 
regulamentar do MP, que não pode ter cunho inovador e nem versar sobre 
temas que não sejam estritamente institucionais. Não obstante, os dispositivos 
infraconstitucionais citados na primeira posição avalizariam estas resoluções. 
A partir do momento em que a 1ª posição, favorável à investigação direta para 
o MP, cita a Lei Complementar 75 e lei federal que estabeleceriam investigação 
direta pelo MP, então as resoluções seriam constitucionais por esmiuçar o que 
já consta na lei (e não inovando). Ademais, as questões seriam institucionais, 
interna corporis. 
Pt. 04 
 
 
 
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INQUÉRITO POLICIAL 
Ditado: É o procedimento administrativo de cunho inquisitório presidido pela 
autoridade policial que tem por escopo carrear justa causa para a deflagração 
da ação penal. 
- procedimento administrativo 
- cunho inquisitório 
- presidido pela autoridade policial 
- escopo de carrear justa causa para deflagrar ação penal 
 
Características 
Dispensabilidade do Inquérito Policial 
Arts. 12, 27, 39, §5º, 46, §1º, CPP 
O inquérito policial é dispensável, e de fato tem que ser. O seu escopo é 
carrear justa causa para a ação penal. Se o MP dispõe dessa justa causa, é 
possível ir diretamente para a denúncia. 
Se o MP já tiver em mão provas que permitam a deflagração da ação penal, já 
teremos de plano a denúncia, sem precisar perpassar pelo inquérito. 
O inquérito é um PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO, não podendo se 
confundir com a ação penal, que já será um processo jurisdicional iniciado 
com o exercício do direito de ação (direito abstrato). 
O inquérito é procedimento administrativo iniciado por portaria ou APF 
lavrado por autoridade administrativa, como o delegado. A ação penal é 
processo jurisdicional que se inicia pelo direito de ação, que é direito abstrato. 
Para ser validamente exercido, é preciso preencher algumas condições, mas o 
direito em si é abstrato. 
Sendo assim, eventuais nulidades do inquérito não se transmitirão para o 
processo. Se o processo é fruto do exercício do direito de ação, que é um 
direito abstrato, a rigor nada existia até a deflagração da ação penal. 
Ditado: as nulidades verificadas no inquérito não contaminam formalmente o 
processo. 
Alguns autores cometem uma imprecisão técnica. Numa conversa informal, 
seria correta a afirmativa de que vícios do inquérito podem contaminar o 
 
 
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 processo. Mas num discurso acadêmico, com seu rigor científico, isso não 
convence. Podemos ter vícios verificados no inquérito, a contaminar não o 
processo, mas o mérito. Ou seja, a procedência ou improcedência do pedido 
condenatório. 
Ditado: eventualmente vícios no inquérito terão repercussão meritória, 
comprometendo não o processo (que será válido), e sim a procedência do 
pedido condenatório. 
Ex.1: flagrante forjado. Isso significa que a conduta em si não existiu, ou que 
existiu, mas sua autoria foi forjada. O reconhecimento do flagrante forjado não 
importará em processo nulo, mas em absolvição do réu, seja com base na 
inexistência da conduta, seja com base na negativa de autoria (art. 386, I ou I, 
CPP). O processo tanto é válido que ele será extinto com julgamento do mérito, 
prolatando-se sentença absolutória. 
Ex.2: flagrante provocado, que traduz crime impossível, nos termos da S. 145 
STF. Isso também dá azo à prolação de uma sentença absolutória (e não à 
nulidade do processo), reconhecendo-se a atipicidade da conduta (art. 386, III, 
CPP). O processo não só existiu e transcorreu validamente, como encerramos 
com a prolação de sentença absolutória por atipicidade da conduta. 
Ex.3: acervo indiciário ilícito. Se isso ocorrer, teremos uma sentença 
absolutória, com base no art. 386, inc. II, V, VI, VIII, CPP. O processo é válido 
e se encerrarácom a prolação de sentença absolutória. 
Se esses vícios forem identificados pelo juiz logo de cara, haverá a rejeição da 
denúncia (e não uma nulidade processual). Portanto, são vícios verificados no 
inquérito, que não contaminam o processo, não importam em nulidade do 
processo, mas têm repercussão meritória. 
Ditado: Obs.: suficiência probatória começa o processo como condição para o 
regular exercício da ação, cuja carência importa rejeição da denúncia ou da 
queixa. Ao final do processo, entretanto, convola-se em questão de mérito, 
sendo fundamento de sentença absolutória. 
Esta dualidade da suficiência probatória é muito interessante. A suficiência 
probatória inicia o processo como uma categoria processual. Sua ausência 
importará em rejeição da denúncia ou da queixa. É um processo que vai ser 
extinto não por ser nulo e sim sem resolução do mérito por falta de justa 
causa. NUNCA trabalhar com nulidade processual. 
Em contrapartida, se isso não for identificado no início do processo e só na 
sentença, isso dará azo à sentença absolutória, que inclusive faz coisa julgada 
material. 
 
 
 
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 Inquisitoriedade 
Art. 14 CPP – é mais um efeito do que a causa. 
Ditado: Enquanto o processo jurisdicional é acusatório, o inquérito é 
inquisitório, ou seja, o contraditório e a ampla defesa são essenciais à validade 
do processo, mas são acidentais (facultativos) para a validade do inquérito. 
Lemos em vários autores a seguinte afirmação: a inquisitoriedade do inquérito 
o transformaria em procedimento que transcorre sem ampla defesa e 
contraditório. Como se inquisitoriedade significaria ausência de contraditório e 
ampla defesa. 
Numa prova objetiva, uma alternativa com esse conteúdo estaria no rol das 
verdadeiras, de tão propalada que é essa informação de que inquisitoriedade 
está associada à ausência de contraditório e ampla defesa. 
Todavia, isso não é preciso. 
V. art. 5º, LXIII, CF -> é assegurado ao indiciado a assistência de um 
advogado. Se o indiciado diz que o indiciado tem direito à presença de um 
advogado, isso já é uma manifestação da ampla defesa. 
Portanto, na realidade qual a diferença entre inquisitoriedade do IPL e o 
processo acusatório? Não há processo válido sem contraditório e ampla defesa. 
Doutro lado, o inquérito é perfeitamente válido ainda que transcorra sem 
ampla defesa e contraditório. 
Não é que não existam contraditório e ampla defesa no inquérito, mas eles são 
facultativos, acidentais, porque sua ausência não importará em invalidade do 
inquérito. 
- o processo é obrigatoriamente em ampla defesa e contraditório 
- o inquérito é inquisitório, de modo que ampla defesa e contraditório não são 
obrigatórios 
Tanto é assim que o delegado poderá deferir ou indeferir os requerimentos 
formulados pelo indiciado e pela vítima, sem precisar fundamentar sua 
promoção. Isso justamente porque não há contraditório e ampla defesa que 
obriguem o delegado a prestar contas. 
Se o juiz pudesse simplesmente deferir ou indeferir sem fundamentar, o 
contraditório e ampla defesa inerentes ao processo seriam mera caricatura. Já 
no IPL ,como contraditório e ampla defesa são elementos facultativos, o 
delegado defere ou indefere a partir de um juízo de oportunidade e 
conveniência seus. 
Ditado: como o contraditório e ampla defesa são facultativos no inquérito, o 
delegado não precisa fundamentar suas promoções de deferimento ou 
 
 
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 indeferimento, pautando-se num juízo de oportunidade e conveniência. O art. 
14 CPP é consequência, e não causa, da inquisitoriedade. 
A exigência constitucional de fundamentação dos provimentos jurisdicionais é 
uma consequência do contraditório e da ampla defesa. Se pensarmos no 
processo, contraditório e ampla defesa são elementos absolutamente 
essenciais à sua validade. Se o juiz estivesse liberado de fundamentar seus 
provimentos e manifestações, a ampla defesa e o contraditório seriam mera 
caricatura. 
 
Aula 02 – Pt. 01 
Reflexos da inquisitoriedade do inquérito policial 
Art. 6º, inc. V, CPP 
Este artigo nos diz que o IPL observará, no que for aplicável, as mesmas 
disposições referentes ao interrogatório judicial. 
Mais do que nunca, devemos atentar para a locução “no que for aplicável". 
Dentre as etapas investigatórias a serem cumpridas pela autoridade policial, 
está a oitiva do indiciado. 
O art. 6º, V, CPP é uma regra originária de 1941, ao passo que o interrogatório 
judicial foi inteiramente reformulado pela Lei 10.792/2003 e depois um 
arremate por outra lei no tocante à videoconferência. 
Como era o interrogatório judicial em 1941? O interrogatório judicial era um 
ato privativo do juiz, ou seja, sem perguntas pelas partes. A presença da 
defesa técnica era facultativa, só era obrigatória em caso de menor de 21 anos. 
Nesse caso, era preciso nomear um curador, que era o defensor. Este é um 
modelo INQUISITÓRIO. 
O CPP remeter o interrogatório policial para esse modelo fazia todo o sentido. 
Com a Lei 10.792/2003, passou a haver uma audiência em contraditório, ou 
seja, após as perguntas do juiz haveria as perguntas das partes. O 
contraditório se torna elemento essencial ao interrogatório (art. 188 CPP). 
Ademais, a presença da defesa técnica passa a ser obrigatória (art. 185, caput 
e §5º, CPP). Atualmente, existe um modelo ACUSATÓRIO. 
Se transpuséssemos esse modelo para o inquérito policial, isso desvirtuaria a 
inquisitoriedade do inquérito. 
Por isso, a inquirição policial continua seguindo um modelo pré-Lei 
10.792/2003. 
 
 
 
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 Redação originária de 1941 Após modificação da Lei 
10.792/2003 
Ato privativo do juiz. Audiência em contraditório (art. 188 
CPP). 
Sem perguntas das partes. Com perguntas das partes. 
Defesa técnica facultativa. Defesa obrigatória (art. 185, caput e 
§5º, CPP). 
 
Ditado: o interrogatório policial, quando se reporta ao interrogatório judicial, 
continua a seguir o modelo originário, de cunho inquisitório: ato privativo do 
delegado, presença facultativa da defesa técnica, sem direito a perguntas, 
a não ser que o delegado, por cortesia, as disponibilize. O advogado, 
entretanto, pode intervir durante a inquirição no tocante à orientação ao 
indiciado quanto ao direito ao silêncio. 
Ou seja, quando pensarmos no interrogatório policial, iremos nos espelhar no 
interrogatório judicial em seu modelo originário, anterior à Lei 10.792/2003. É 
ato privativo do delegado (perguntas só dele), a presença da defesa técnica é 
facultativa e não há perguntas das partes, exceto se o delegado, por gentileza, 
franquear perguntas ao advogado. 
O advogado, diante de pergunta formulada pelo delegado, poderá dizer “isso 
você não responde”, afinal, é parte do direito ao silêncio que consta no art. 5º, 
LXIII, CF. 
 
Ditado: obs.: descabe a videoconferência no inquérito, já que exige 
determinação jurisdicional (art. 185, §2º, CPP). 
A videoconferência pode ser usada para toda a instrução (art. 185, §4º), então 
poderíamos pensar que ela fosse realizada pelo delegado no tocante à colheita 
de depoimento de testemunha que se encontra em comarca ou circunscrição 
diversa. Mas daí a pensar em videoconferência envolvendo o próprio indiciado, 
complica. A videoconferência é uma exceção e, por isso, sua interpretação deve 
ser sempre restritiva. 
 
Sendo um procedimento sem ampla defesa e contraditório obrigatórios, o 
inquérito não pode servir para embasar a sentença. Afinal, a sentença é fruto 
de um processo que exige a ampla defesa e contraditório. 
Daí a redação do art. 155 CPP. O IPL não pode ser ratio decidendi deuma 
condenação. Atuará apenas como argumento de reforço, ou seja, como obter 
dictum. É um argumento a mais da condenação, mas nunca poderemos 
condenar apenas com base no inquérito, senão a sentença derivaria apenas de 
um procedimento sem ampla defesa e sem contraditório. 
 
 
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 O IPL NÃO PODE SER RATIO DECIDENDI DE UMA CONDENAÇÃO, MAS 
PODE SER INVOCADO COMO ARGUMENTO DE REFORÇO (OBTER DICTUM). 
Há um IPL no qual é ouvido o indiciado, que confessa amplamente a autoria 
delitiva. É deflagrada a ação penal e, como é primário de bons antecedentes, é 
oportunizada a suspensão condicional do processo, aceita pelo réu. O 
processo fica suspenso por 2 anos. Passou 1 ano e 6 meses, com revogação da 
suspensão por descumprimento das condições (o sujeito parou de comparecer 
mensalmente a juízo). Designa-se audiência de instrução e julgamento. As 
testemunhas policiais dizem que se passou muito tempo e não se lembram de 
absolutamente nada. A vítima do furto não foi encontrada. 
O réu esteve presente, mas no interrogatório judicial invocou o direito ao 
silêncio. 
O que se apurou no inquérito não foi ratificado em juízo, devendo sobrevir 
sentença absolutória. Para falar em condenação, deveríamos embasar tudo no 
IPL, o que é impensável. 
Por si só, o inquérito policial é um nada probatório. Ele não sustenta um 
decreto condenatório. No máximo, é um argumento de reforço. 
 
Ditado: este dispositivo também alcança a pronúncia ao final da primeira fase 
do júri. 
Por que o Júri é o único procedimento bifásico do país? O juiz final da causa é 
o Conselho de Sentença, leigo em Direito. A primeira fase visa a realizar 
filtragem da acusação originária, podando excessos (ex.: ao invés de 
pronunciar por homicídio qualificado, pronuncia por homicídio simples), de 
modo que só seja levado ao conhecimento do Conselho de Sentença 
argumentos factíveis, plausíveis. 
Para que essa primeira fase faça sentido, não basta o inquérito para haver 
pronúncia. É fundamental que o que se apurou no IPL seja minimamente 
ratificado na 1ª fase do júri. 
Quando o art. 155, caput diz que o inquérito não pode ser a ratio decidendi de 
uma condenação, devemos entender que também não pode ser a ratio 
decidendi da pronúncia. Senão, nem precisaríamos da primeira fase, porque o 
recebimento da denúncia já faria as vezes da pronúncia. A expectativa é que 
na 1ª fase ratifiquemos ou não o que houve no IPL. Se houver ratificação é que 
existirá a pronúncia. 
 
 
 
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 O art. 155, caput, positivou a jurisprudência dos tribunais superiores, que 
sempre entenderam que o IPL, por si só, não poderia embasar a condenação e 
nem a pronúncia. 
Isso não vale para a sentença absolutória. Se eventualmente pensarmos no 
IPL para tentar uma absolvição, é porque em juízo, sob crivo de contraditório e 
ampla defesa, tudo o que foi apurado só ratificou os termos narrados na 
denúncia. Não existe o discurso se o IPL pode embasar sentença absolutória 
porque, para eu pensar dessa forma, é porque tudo o que se apurou no 
processo só ratificou a denúncia. Se as provas colhidas em juízo ratificaram a 
denúncia, teremos uma sentença condenatória. 
Se a sentença condenatória está apenas lastreada no inquérito (ou uma 
pronúncia só lastreada no IPL), recorrer pedindo a REFORMA da decisão. 
Na realidade, não houve um erro no processamento, mas um erro no 
julgamento (error in judicando). 
Ditado: na sentença lastreada só no inquérito se tem error in judicando, a 
justificar a sua REFORMA, e não a anulação. 
Existem exceções ao desvalor probatório do inquérito, ditado pela sua 
inquisitoriedade: são as provas cautelares, irrepetíveis e antecipadas. 
Pt. 02 
O nosso sistema acusatório é híbrido, mas não por causa da inquisitoriedade 
do IPL e sim pela forte ingerência do juiz no curso da ação (atuação muito 
proativa do magistrado) o que impede o reconhecimento de um sistema 
acusatório híbrido entre nós. Nucci fala que o nosso sistema é inquisitório-
acusatório, tamanhas são as mesclas, o que o professor acha que é um 
exagero. 
 
Exceções à inquisitoriedade do inquérito policial 
 
Art. 155 CP -> obs.: a produção antecipada de provas é uma espécie de prova 
cautelar, donde concluímos que o legislador foi redundante neste artigo. 
Provas cautelares são determinadas pelo juiz. Logo, já temos o crivo do juiz 
natural (art. 5º, LIII, CF). Como são provas cautelares, que partem de um 
juízo, já estão inseridas num procedimento jurisdicional. 
Às vezes, contraditório e ampla defesa serão exercidos de forma diferida, mas 
serão exercidos. Não deixo de submeter a peça de informação ao contraditório 
e à ampla defesa. 
 
 
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 Se tenho juiz natural, contraditório e ampla defesa, então não haveria por que 
se excepcionar estas provas, que terão pleno valor. 
Por exemplo, quem determina é a interceptação telefônica, de modo que é uma 
prova que já nasce sob o crivo do juiz natural. Depois de realizada, abre-se 
vista à defesa. Aí se concretiza a ampla defesa e contraditório. Por tudo, 
garante-se a ampla defesa, contraditório e juiz natural, que permitem conferir 
valor probatório, ainda que realizado nesta etapa. 
A produção antecipada de provas, enquanto medida cautelar, é determinada 
pelo juiz, nos termos do art. 156, I, CPP + art. 225 CPP. 
É o juiz quem vai determinar essa prova, a ser colhida pelo próprio juiz. Isso 
ocorre quando a prova correr risco de perecimento. Se uma testemunha está 
doente, acamada, correndo o risco de falecer, abre-se a possibilidade de 
produção antecipada de provas. Se for uma testemunha jovem, acamada, mas 
com possibilidade de se mudar em definitivo para o Butão, também é possível 
a oitiva antecipada. A expectativa de expedir carta precatória ao Butão é 
aterradora, porque o sujeito pode simplesmente desaparecer por lá e nunca 
mais o encontrarmos. 
O foco é garantir que não pereça a prova, mesmo que a testemunha seja jovem 
e saudável, ou seja, é uma pessoa física que em si não tem qualquer risco de 
perecimento. Mas a mudança pode ensejar um risco de perda da prova, do 
depoimento. 
Essa prova é colhida pelo juiz, que se tornará prevento, na presença da 
acusação e da defesa. É considerada uma prova porque a tríade está satisfeita: 
juiz natural, ampla defesa, contraditório. 
 
Provas irrepetíveis -> provas irrepetíveis aqui significam provas periciais. Não 
tem nada a ver com irrepetibilidade. 
O delegado vai ouvir uma testemunha que está hospitalizada em estado grave, 
mas não perdeu os sentidos. Depois, você representa ao juízo para que seja 
ouvida antecipadamente, mas no dia seguinte a testemunha morre. É um 
depoimento irrepetível. 
Aqui, trata-se de mero indício. O depoimento é irrepetível, mas foi colhido pelo 
delegado, sem juiz natural, sem contraditório e sem ampla defesa, por isso não 
é prova. 
Provas irrepetíveis se relacionam com provas PERICIAIS. Os peritos têm status 
de juiz, ou seja, desfrutam de um nível de imparcialidade tal como o do 
magistrado. Tanto que estão sujeitos a arguição de suspeição e, por extensão, 
de impedimento (art. 105 CPP). 
 
 
PROCESSO PENAL | Marcos Paulo 
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 Quando a lei se refere a prova irrepetível, está se referindo a provas periciais. 
Depois de um tempo, não há como repetir o exame cadavérico. 
Tive um auto de exame de corpo de delito que constatou apenas lesões leves. 
Depois de alguns dias, não terei como repetir o exame. É um exame irrepetível. 
O mesmo para o laudo de entorpecentes que foram apreendidos em 
quantidade diminuta, de modo que toda a droga apreendida é consumida nopróprio exame. É uma prova porque os peritos gozam de fé pública. 
Provas irrepetíveis são provas periciais. A irrepetibilidade por si só não 
transforma o indício em prova. 
 
No inquérito, falaremos em INDICIADO ou INVESTIGADO, diferentemente do 
processo, quando falaremos em réu, acusado, denunciado. 
Outra diferença é que no inquérito temos INDÍCIOS, enquanto que no 
processo temos provas. Todavia, nessas provas do processo incluímos as 
provas indiciárias (art. 239 CPP). Quando falamos em prova indiciária, lemos 
que estão inseridas no título Dos Indícios. Devemos interpretar isso como 
sendo “Da Prova Indiciária”. 
Ditado: indícios são peças de informação colhidas sem o crivo do 
contraditório, da ampla defesa e do juiz natural. Logo, por si só não 
validam uma condenação. Já as provas indiciárias são provas indiretas, 
relacionadas a fato diverso daquele que está sendo julgado, mas que a ele se 
chega por dedução. Provas indiciárias, desde que formem um todo harmônico 
e coerente, avalizam uma condenação criminal. 
 Indício -> peça de informação colhida sem contraditório, ampla defesa e 
juiz natural. Por si só não tem valor probatório e não pode embasar a 
condenação. 
 Prova indiciária -> é prova indireta, prova fato diverso do que está sendo 
julgado. Se formar todo harmônico e coerente, permite a condenação. 
 Não se pode condenar com base em uma prova indiciária, mas pode-se 
condenar quando várias provas indiciárias apontam para a materialidade e 
autoria. 
Para finalizar, no inquérito falamos em INFORMANTES, não em testemunha. 
Isso porque falece judicialidade e uma das características da prova 
testemunhal é a judicialidade (testemunha é aquela ouvida em juízo e 
compromissada com a verdade). 
Surge então uma dúvida: podemos ter o crime de falso testemunho no 
inquérito? Sendo possível, o informante poderia ser sujeito ativo deste crime? 
 
 
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 É possível existir falso testemunho no inquérito policial, já que o tipo penal 
fala em distorcer ou omitir a verdade em procedimento judicial, arbitral, 
administrativo ou inquérito policial. São cinco os sujeitos ativos do crime de 
falso testemunho. 
O informante poderia ser sujeito ativo do crime de falso testemunho ou não? 
Este tema é controvertido. Uma primeira posição, majoritária na doutrina e 
com precedentes do STJ, diz que em apreço aos princípios da tipicidade e da 
legalidade penal estrita, o informante não é sujeito ativo do crime de falso 
testemunho, sob pena de interpretação extensiva in malam partem. 
A lei se refere como sujeito ativo à testemunha, que tecnicamente é aquele 
ouvido em juízo e compromissado com a verdade. Se abrangermos também o 
informante, estaremos fazendo interpretação extensiva in malam partem de 
norma penal incriminadora. 
Todavia, numa segunda posição que conta com precedentes do STF, entende-
se que são sujeitos ativos perito, tradutor, intérprete, contador, etc. e 
testemunha em inquérito policial. A menção em testemunha não se deu em 
sentido técnico processual, mas em sentido vulgar, com o sentido de depoente. 
Por isso, a menção a testemunha compreende também o informante, até pelo 
dever de lealdade processual e a boa-fé objetiva que deve nortear todas as 
relações intersubjetivas. 
Ditado: a menção a testemunha deu-se em seu sentido vulgar, até porque 
atrelada não só ao processo judicial, mas também ao arbitral, administrativo e 
inquérito policial. Por conseguinte, compreende o informante (interpretação 
ontológica). 
Sempre que os tribunais superiores querem sair um pouco da literalidade do 
texto legal que é restritivo de direitos (e não concessivo de direitos), recorrem à 
interpretação compreensiva ou ontológica da norma. Reconhecem que 
determinava palavra contida naquele texto compreenderia algumas variantes. 
No caso em tela, a elementar “testemunha”, como estaria associada não só a 
processo judicial mas a outros processos não judiciais, estaria aplicada no 
sentido vulgar e não técnico, no sentido de depoente. Por isso, o termo 
“testemunha” compreenderia também o informante. 
A doutrina quase que à unanimidade não aceita essa equiparação de 
testemunha e informante, ao argumento de que seria interpretação extensiva 
in malam partem, enquanto que na jurisprudência o tema é completamente 
controvertido. 
Pt. 03 
 
 
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 Oficiosidade 
Remete à ideia de atuação oficiosa, isto é, atuação de ofício. Ao tomar ciência 
da autoria delitiva, o delegado não só pode, como deve instaurar o inquérito 
policial. 
O delegado atua de ofício (art. 5º, inc. I, CPP). Para isso, deve tomar ciência da 
ocorrência do crime. Temos as espécies de notícia-crime, que pode ser de 
cognição DIRETA, INDIRETA e COERCITIVA. 
A autoridade policial, ao tomar ciência da ciência do crime, não só pode como 
deve, de ofício, instaurar inquérito policial. Mas é fundamental que o crime lhe 
seja noticiado, e aí temos a notícia-crime que se triparte em notícia-crime de 
cognição direta, indireta e coercitiva: 
a) COGNIÇÃO DIRETA -> os próprios envolvidos noticiam o ocorrido ao 
delegado. É o caso de registro de ocorrência feito pela própria vítima, 
ou o autor do fato comparece espontaneamente à Delegacia relatando o 
que ele fez. Ditado: o comparecimento espontâneo do autor do fato, 
exemplo de notícia-crime de cognição direta, não autoriza a prisão em 
flagrante porque não se subsume nas hipóteses do art. 302 CPP, a não 
ser que se dê numa hipótese flagrancial própria. O comparecimento 
espontâneo é exemplo de notícia-crime de cognição direta. O 
comparecimento espontâneo não dá azo à prisão em flagrante, a não ser 
que esteja ainda numa situação flagrancial própria. Se formos ao art. 
302, III, CPP, leremos que há prisão em flagrante quando o agente for 
perseguido logo após, enquanto o art. 302, IV, fala em agente 
encontrado logo depois. Isso significa que, para fins de prisão em 
flagrante, precisamos antes de uma perseguição que culmina com sua 
captura ou com investigação imediata que culmina com a captura do 
infrator. No comparecimento espontâneo, não houve perseguição e nem 
investigação que culminou na captura, então não há hipótese legal para 
a prisão em flagrante, que só pode se implementar nas hipóteses 
previstas em lei. A exceção é quando existe situação flagrancial própria. 
 
b) COGNIÇÃO INDIRETA -> é a delatio criminis, realizada por terceiro 
que não se envolveu na atividade delitiva. O STF entende que a lesão 
corporal doméstica contra a mulher é de ação penal pública 
incondicionada, de modo que a autoridade policial, tomando ciência do 
acontecimento do crime, tem que agir. Isso é criticável porque permite 
que um terceiro que inclusive está a fim da mulher leve o caso à 
delegacia, quando nem a mulher tem qualquer interesse nisso (ex.: o 
casal brigou bêbado à noite, mas no dia seguinte voltou a viver uma lua 
de mel, e o vizinho simplesmente leva o caso à delegacia sem 
conhecimento ou vontade da vítima). 
 
 
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c) COGNIÇÃO COECITIVA -> é o flagrante. O sujeito é capturado em 
flagrante e levado coercitivamente à presença da autoridade policial. 
 
A partir do momento que a notícia-crime é levada ao conhecimento da 
autoridade policial, ela automaticamente vai instaurar o IPL? Não. Aqui entra 
o art. 5º, §3º, CPP. Qualquer pessoa do povo poderá comunicar à autoridade 
policial a ocorrência de crime, mas o IPL só será instaurado depois que se 
verificar a procedência das informações. O §3º exige que a notícia crime seja 
acompanhada de algum substrato fático. 
É preciso haver dados concretos que avalizema instauração do IPL. Quando 
se leva ao conhecimento da autoridade policial a ocorrência de um crime, ela 
deverá verificar a procedência das informações. Chegamos aqui às chamadas 
VPIs, que na verdade são procedimentos investigatórios preliminares. 
São procedimentos investigatórios preliminares ao próprio inquérito policial. 
O §3º do art. 5º (1) exige substrato fático mínimo para que se instaure o 
inquérito policial; (2) acaba sendo o berço normativo das VPIs, conforme já 
reconheceu o STJ. 
Os procedimentos de investigação preliminares ao inquérito têm base 
normativa, o art. 5º, §3º, CPP. Quando a polícia federal ou a polícia civil edita 
resolução disciplinando as VPIs, não estão inovando, criando procedimento 
investigatório sem previsão legal, mas esmiuçando o §3º do art. 5º CPP. 
Ditado: Obs.: autores como Pollastri não admitem as VPIs por falta de previsão 
legal, ao argumento de que o §3º do art. 5º exigiria justa causa para a 
instauração do inquérito, evidentemente num grau menor daquela que se 
exige para a ação penal. Entretanto, o STJ pondera que a indisponibilidade do 
inquérito alcança também as VPIs, de maneira que o arquivamento também 
exige a iniciativa do MP. 
No Ministério Público, a existência de VPIs não é muito bem quista. Você é 
delegado, quer burlar o controle externo que o MP tem sobre a sua atuação. 
Você poderia, ao invés de instaurar IPL, quando a hipótese seria de IPL, 
instaurar uma VPI. Então sustentaria que a indisponibilidade é do IPL, que 
por isso só pode ser arquivado pelo MP. Como a VPI é preliminar ao IPL, a 
própria delegada poderia arquivar. Esse cenário causa inquietação no MP. 
Você consegue, na realidade, neutralizar esse risco de maneira tranquila. O 
mesmo STJ que admite VPIs elegendo como amparo normativo o art. 5º, §3º, 
CPP, diz que tal qual o IPL a VPI tem como destinatário último o MP e por isso 
é indisponível. Seu arquivamento só poderá ocorrer por iniciativa do MP. O 
risco decorrente de se dar existência jurídica às VPIs fica neutralizado. Numa 
 
 
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 corregedoria realizada pelo MP na delegacia de polícia, estariam abrangidas as 
VPIs. 
 
Alguns entendem que a notícia-crime anônima não teria vez, já que a CF 
proíbe o anonimato na manifestação do casamento. Todavia, essa linha 
argumentativa é demasiada. Se levássemos a ferro e fogo essa proibição 
constitucional, isso conduziria à imprestabilidade da notícia-crime anônima, 
como o Disque Denúncia. 
Ditado: nos termos do §3º do art. 5º, a notícia-crime antônima não pode, por 
si só, subsidiar o inquérito, mas nada impede que seja instaurado a partir de 
dados concretamente obtidos em decorrência da referida notícia. 
Ou seja, na realidade o art. 5º, §3º não permite que se instaure IPL com base 
apenas na notícia-crime anônima, mas nem por isso esta se torna imprestável. 
Se obtemos dados concretos a partir da notícia-crime antônima, poderemos 
instaurar o inquérito com base na notícia anônima mais os dados 
concretamente obtidos a partir dela. 
Portanto, a notícia-crime anônima consta como elemento subsidiando o 
inquérito. Mas este não é instaurado com base na notícia-crime anônima, mas 
nos dados concretamente obtidos a partir dela. 
 
As formas de instauração do inquérito serão duas: através de Portaria ou de 
Auto de Prisão em Flagrante (APF). Se estivermos no âmbito de IMPO, será 
um Termo Circunstanciado. 
 
E as exceções à oficiosidade, qual seriam? 
Pt. 04 
Art. 5º, §4º, CPP -> falar em formas de instauração do inquérito é falar em 
portaria e auto de prisão em flagrante. Imagine que haja uma captura 
flagrancial, por exemplo o marido ser capturado em flagrante por estar 
ameaçando a esposa. É conduzido coercitivamente à delegacia e a esposa diz 
que não quer representar. O delegado tem que liberá-lo. Não vai instaurar IPL, 
porque para tanto careceria de representação, que não houve no caso. Esta é a 
primeira exceção à oficiosidade do inquérito – a ação penal pública 
condicionada a representação, cuja instauração de IPL depende da 
representação. Ausente esta, cabe HC para trancar o inquérito. 
Outra exceção é o caso de crimes de ação penal privada. Nesse caso, será 
necessário o requerimento do ofendido, já que a ação é disponível e só será 
 
 
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 deflagrada se for do interesse da vítima. A ação penal privada é norteada pelo 
binômio oportunidade-conveniência. Por isso, para instaurar o inquérito é 
necessário o requerimento do ofendido. 
A terceira exceção à oficiosidade é que a instauração de inquérito de ofício em 
desfavor do membro do MP ou de membro da magistratura só se concebe em 
se tratando de flagrante por crime inafiançável. Nos demais casos, a 
autoridade policial se limita a expedir ofício à Procuradoria-Geral respectiva ou 
à Presidência do Tribunal correspondente, com todas as peças de informação 
pertinentes. 
Art. 18, II, d, f, p. único, Lei Complementar 75/93 
Art. 40, III + 41, II, p. único, L. 8625/93 
Art. 33, II, p. único, LC 35/79 
 
Membros do MP e da magistratura só podem ter instaurados contra si IPL de 
ofício pelo delegado em se tratando de flagrante por crime inafiançável. Não 
sendo esse o caso, o delegado reúne todas as provas e peças de informação, 
oficiando à Procuradoria-Geral ou Presidência do Tribunal de Justiça 
correspondente. 
 
O STF construiu uma quarta exceção à oficiosidade do inquérito. 
Ditado: em se tratando de agente político, detentor de foro por prerrogativa de 
função, o indiciamento só ocorrerá pelo delegado depois de obtida autorização 
junto ao Tribunal respectivamente competente por prerrogativa da função, a 
não ser que a lei preveja a captura flagrancial, como por exemplo art. 53, §2º, 
CF. 
 
 
instauração do inquérito ≠ indiciamento 
 
A instauração de inquérito nada mais é do que o início das investigações. É o 
início oficial do procedimento investigatório. 
Indiciamento ocorrerá em um dos relatórios da autoridade policial. Não há um 
momento exato dentro do inquérito para ocorrer o indiciamento, que haverá 
dentro de um dos relatórios da autoridade policial, nos prazos de conclusão do 
inquérito. Trata-se de uma imputação formal, ou seja, o delegado formaliza a 
 
 
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 imputação delitiva contra alguém. A partir desse momento, esse alguém vira 
indiciado criminal. 
O indiciamento é ato privativo do delegado, conforme art. 2º, §6º, Lei 
12.830/2013. 
Instauração do inquérito e indiciamento ocorrerão simultaneamente no auto 
de prisão em flagrante. 
Quando falamos que “é instaurado inquérito contra alguém”, na verdade há 
dois atos: a instauração do inquérito e o indiciamento. 
Geralmente, a existência do fato é inconteste, mas não há um suposto autor. 
Depois, no decorrer do inquérito, é que se tem o indiciamento. 
Tratando-se de agentes políticos detentores de prerrogativa de função, é 
preciso autorização do tribunal respectivamente competente para que haja o 
seu indiciamento (imputação formal contra o agente político). 
 
Pode ser que o delegado também instaure o inquérito atendendo a uma 
requisição do Ministério Público ou a uma requisição do juiz. Trata-se de 
um ato administrativo complexo. O HC “trancativo” desse inquérito tem como 
autoridade coatora o requisitante, já que a requisição é uma ordem 
(entendimento do STF e da maioria da doutrina). Portanto, se o requisitante é 
o juiz, o HC é dirigido ao TJ ou ao TRF. 
O STJ, entretanto, tem precedentes entendendo que a autoridade coatora seria 
o delegado. Por quê? O STJ parte de premissa incontroversa: o delegado é um 
agente da Administração Públicae por isso tem poderes de autotutela. Se ele 
se deparar com requisição manifestamente ilegal e arbitrária, pode se recusar 
a atendê-la (isso é inconteste em termos doutrinários). Não pode deixar de 
atender porque discorda, já que isso descaracterizaria a requisição enquanto 
ordem. Mas se for manifestamente ilegal e arbitrária, poderia sim negar 
cumprimento, a partir de um controle de legalidade. 
Se o delegado pode se recusar a atender à requisição e não o faz, e é ele quem 
concretiza a ilegalidade, então isso faz com que o delegado seja a autoridade 
coatora. Se entendermos que a autoridade coatora é o delegado, o HC será 
dirigido à 1ª instância. 
Lei 12.016, art. 6º, §3º 
A requisição do juiz é tormentosa à luz do sistema acusatório. É outra 
manifestação da inquisitoriedade, porque é o juiz requisitando a instauração 
de um inquérito. 
 
 
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 Ditado: a requisição judicial de inquérito não foi recepcionada pelo art. 129, I, 
CF, conforme doutrina majoritária e primeiro precedente da 5ª T do STJ, ano 
2015, porque até então os Tribunais Superiores não contestavam esta 
atribuição judicial, ao argumento de que o juiz não teria participação ativa no 
referido inquérito, não comprometendo a sua imparcialidade, até porque esta 
requisição não o torna prevento (art. 75 e 83 CPP). 
 
Aula 03 – Pt. 01 
Sigilo 
Estamos nos referindo ao sigilo externo do inquérito (art. 20, caput, CPP). 
Portanto, é antônimo de “público”. 
Como regra, o processo é público; enquanto isso, o inquérito é sigiloso, é um 
sigilo oposto ao público. 
O sigilo é inerente ao inquérito, daí o art. 20 CPP dizer que o delegado 
“assegurará” o sigilo do inquérito. Não é preciso que seja decretado o sigilo do 
IPL, que já é naturalmente sigiloso. O delegado só resguarda esse sigilo. 
Esse sigilo é constitucional, à luz do art. 5º, inc. XXXIII, CF. Este consagra o 
direito à informação. Qualquer pessoa do povo pode se dirigir a repartição 
pública e obter informações que sejam de seu interesse pessoal ou do 
interesse de toda a coletividade. A exceção fica com hipóteses em que a 
preservação do sigilo seja imprescindível à segurança do Estado e da 
sociedade. É nessa ressalva que se enquadra o sigilo do IPL. 
Todos temos direito à informação, em respeito a assuntos que nos dizem 
respeito particularmente ou que dizem respeito a toda a coletividade, mas a 
própria CF excepcionou situações em que o sigilo seja imprescindível à 
segurança do Estado ou da sociedade, no que se enquadra o sigilo do IPL. 
Esse sigilo de que estamos tratando é EXTERNO, ou seja, é um sigilo oponível 
ao público. Ele claramente cumpre duas finalidades. A finalidade primordial é 
garantir a efetividade da investigação. Imagine se os investigados tivessem 
amplo acesso a tudo o que estivesse sendo investigado. Simplesmente o 
inquérito perderia em efetividade, porque os investigados destruiriam 
evidências que pudessem incriminá-los, testemunhas desapareceriam, etc. 
Efetividade do inquérito seria zero. Por isso, o sigilo do IPL exige 
primordialmente para resguardar a efetividade das investigações. 
Existe ainda um segundo escopo, que é preservar a intimidade, a vida privada 
do investigado. Queira ou não, estamos diante de uma pessoa que está 
somente indiciada. O MP ainda não logrou reunir contra essa pessoa justa 
causa para uma ação penal e, portanto, justifica-se o respeito à intimidade, 
imagem e vida privada do indiciado. 
 
 
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 A denúncia é só uma das possibilidades como desdobramento da persecução. 
A presunção de inocência ou de não culpabilidade ainda se mostra muito 
robusta e deve ser respeitada. 
A finalidade primordial, porém, é a primeira, de garantir a efetividade das 
investigações. 
Surge uma discussão a respeito do sigilo INTERNO do inquérito: a autoridade 
policial pode também impor o sigilo do inquérito aos advogados dos 
investigados? 
Devemos atentar para o art. 7º, XIV, Lei 8.906/94: os advogados possuem o 
direito de vista dos autos do inquérito, inclusive tomar apontamentos. Onde se 
lê “tomar apontamentos”, incluiremos tirar cópias das peças que porventura já 
integram o IPL, e portanto tomar conhecimento de tudo o que já foi apurado. 
No caso da Defensoria Pública, esta é uma prerrogativa. Em alguns casos, o 
defensor tem até prerrogativa de requisitar os autos do inquérito policial, 
embora não seja ilimitada: ocorrerá em casos de ação penal privada em que o 
defensor esteja representando a vítima. O defensor precisa de justa causa, que 
estará no inquérito policial. 
A prerrogativa de vista dos autos é comum a advogados e defensores. O 
defensor também tem prerrogativa de requisitar autos do IPL, mas não pode 
fazer isso quando estiver representando o indiciado, porque isso contraria a 
inquisitoriedade do IPL. Quando estiver representando a vítima em crimes de 
ação penal de iniciativa privada, poderá requisitar autos do IPL. 
Por que fará isso? Porque precisa do IPL para deflagrar a queixa-crime. A justa 
causa está justamente no inquérito. 
Advogados e defensores têm prerrogativa de vista dos autos do inquérito, 
inclusive de tirar cópias para instruir futuro HC (por exemplo). 
Ditado: a prerrogativa de vista dos autos independe de procuração, mas é 
fundamental que o advogado esteja atuando em nome do indiciado ou 
investigado. Este direito de vista tem fundamento constitucional no art. 5º, 
LXIII, CF/88, que é manifestação do direito de defesa já no inquérito. 
Por isso, a inquisitoriedade não significa a absoluta ausência de ampla defesa 
e contraditório no inquérito, mas que são elementos acidentais (e não 
essenciais, como seriam no processo). 
Uma das manifestações da ampla defesa no inquérito é o art. 5º, LXIII, CF, 
que prevê que todo indiciado terá direito à assistência de um advogado. 
Pontua que seria o indiciado preso, mas isso também se estende ao indiciado 
solto. Naquele primeiro caso, quem deve providenciar a assistência ao 
advogado ao Estado, tanto que no APF se o preso não constituir advogado 
 
 
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 uma cópia será remetida à Defensoria Pública. Já se estiver solto, a qualquer 
momento esse sujeito pode procurar um advogado ou a Defensoria. 
 
Com base nisso, analise o seguinte caso. Você tem uma grande amiga 
empresária cujo melhor amigo está envolvido numa investigação, que nada 
tem a ver com sua amiga ou com a empresa dela. Essa sua amiga pede que 
você, advogado, acompanhe a situação. Ao chegar à delegacia, porém, o 
delegado te impede de ter vista do inquérito. 
A atuação do delegado está correta. A prerrogativa de acesso aos autos pelo 
advogado ou defensor é uma manifestação do art. 5º, LXIII, CF, ou seja, direito 
do indiciado à assistência do advogado. No nosso exemplo, você só estava 
representando terceiro interessado ou curioso. Se o delegado tivesse que 
franquear acesso aos autos do inquérito, isso comprometeria o sigilo externo. 
Transformaríamos o IPL num procedimento público, o que não deve ser 
admitido. 
Ditado: a prerrogativa de vista não alcança, portanto, os advogados que 
representem terceiros estranhos ao inquérito, pois do contrário um 
procedimento que é sigiloso se tornaria reflexamente público. 
 
É razoável que um advogado ou defensor tenha acesso a TUDO o que está 
sendo feito no inquérito? Não, porque se fosse assim, o procedimento 
inquisitório já estaria se desenvolvendo em contraditório e ampla defesa. O 
direito de vista abrange o que já tiver sido documentado, apurado. Não pode 
ter acesso o que ainda está em apuração ou ainda será apurado, senão 
haveria um procedimento em contraditório, de

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