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2 fase da Oab (todas as matérias) comentadas

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1 
 
COMENTÁRIOS DA PROVA DA ORDEM – 2ª FASE 
 
UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ 
 
 
 
Comentários da prova da 2ª Fase do 
X Exame Unificado da OAB 
 
ÍNDICE 
DIREITO ADMINISTRATIVO ....................................................................... 2 
DIREITO CIVIL ............................................................................................... 10 
DIREITO CONSTITUCIONAL ....................................................................... 18 
DIREITO EMPRESARIAL .............................................................................. 24 
DIREITO PENAL E PROCESSUAL PENAL ................................................. 33 
DIREITO DO TRABALHO E PROCESSUAL DO TRABALHO .................. 40 
DIREITO TRIBUTÁRIO .................................................................................. 48 
 
 
 
 
 
 
2 
 
COMENTÁRIOS DA PROVA DA ORDEM – 2ª FASE 
 
UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ 
X EXAME UNIFICADO DA OAB 
 
 
 
DIREITO ADMINISTRATIVO 
COMENTÁRIOS DA PROVA DA ORDEM – 2ª FASE 
 
QUESTÃO 1 
PEÇA: Contestação 
ENDEREÇAMENTO : EXMO SR. DR. JUIZ FEDERAL... DA VARA FEDERAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA 
DE SÃO PAULO – 3ª. REGIÃO 
 
FRANCISCO,  já  qualificado  nos  autos  da  AÇÃO  INDENIZATÓRIA,  DE  RITO  ORDINÁRIO,  de 
número em  
epígrafe,  que lhe ajuizou  MATHEUS, vem, por seu procurador, nos termos do artigo 297 do 
Código  de  Processo  Civil,  oferecer  CONTESTAÇÃO,  pelo  que  expõe  e  requer  a  Vossa 
Excelência o seguinte.  
I. BREVE RELATO DA AÇÃO PROPOSTA  
Francisco,  servidor público que exerce o  cargo de motorista do Ministério Público 
Federal da 3ª Região,  localizada em  São Paulo, há  tempo  vinha  alertando o  setor 
competente  de  que  alguns  carros  oficiais  estavam  apresentando  constantes 
problemas na pane elétrica e no sistema de frenagens, razão pela qual deveriam ser 
retirados  temporariamente  da  frota  oficial  até  que  tais  problemas  fossem 
solucionados. 
Contudo, nesse  ínterim, durante uma diligência oficial, em razão de tais problemas, 
3 
 
COMENTÁRIOS DA PROVA DA ORDEM – 2ª FASE 
 
Francisco  perdeu  o  controle  do  veículo  que  dirigia  e  acabou  destruindo 
completamente a moto de Mateus, estudante do 3º período de Direito, que estava 
estacionada na calçada. 
Mateus, por essa razão, assim que obteve sua inscrição como advogado nos quadros 
da  Ordem  dos  Advogados,  ingressou,  em  causa  própria,  perante  este  juízo  a 
presente ação, de  responsabilidade civil, com  fulcro no Art. 37, § 6º, da CF/88 em 
face de Francisco e da União Federal, com o  intuito de  ser  ressarcido pelos danos 
causados à sua moto 
No entanto, como será demonstrado a seguir, não merece prosperar a pretensão do 
Autor em relação ao requerido que ora contesta. 
 II. PRELIMINARMENTE (Da Preliminar)  
 Da Ilegitimidade  passiva  
(alegar  que  a  responsabilidade  do  agente  público  é  regressiva,  e,  portanto  não  há 
legitimidade  para  figurar  no  polo  passivo  da  ação  juntamente  com  a  União  cuja 
responsabilidade é primária, teoria da dupla garantia .) 
Art 37 § 6º, CF‐ As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de 
serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a 
terceiros,  assegurado  o  direito  de  regresso  contra  o  responsável  nos  casos  de  dolo  ou 
culpa. 
Lei 8112/90  Art. 122.  A responsabilidade civil decorre de ato omissivo ou comissivo, doloso 
ou culposo, que resulte em prejuízo ao erário ou a terceiros. 
        § 1o  A  indenização de prejuízo dolosamente causado ao erário somente será  liquidada 
na forma prevista no art. 46, na falta de outros bens que assegurem a execução do débito 
pela via judicial. 
         § 2o  Tratando‐se  de  dano  causado  a  terceiros,  responderá  o  servidor  perante  a 
Fazenda Pública, em ação regressiva. 
Desde logo, requer a Vossa Excelência a extinção do processo, nos termos do artigo 267 do  
Código de Processo Civil, uma vez que parte ____ não é legítima e, consequentemente, está 
configurada a carência de ação em relação ao réu que ora contesta. 
 Todavia,  caso  Vossa  Excelência  não  entenda  dessa  forma,  o  que  se  admite  apenas  para  
argumentar, no mérito também não procede o pedido do Autor.  
4 
 
COMENTÁRIOS DA PROVA DA ORDEM – 2ª FASE 
 
 III. DO MÉRITO  
 III.1. Da prescrição ( argumentar a tese de que em se tratando de responsabilidade 
civil, sendo o prazo do código civil mais benéfico à fazenda pública ‐ o artigo 206, § 3º, II, IV e 
V, do Código Civil prescreve ser tão somente de 03 (três) anos o prazo prescricional para as 
pretensões relativas à reparação civil, seria incoerente, como dito, que a prescrição contra a 
Fazenda  Pública  tivesse  prazo  superior  a  este, sob  pena  de  restar  afastado  o  interesse 
público de proteção ao erário, no mínimo em condições  idênticas à  tutela dos  interesses 
privados. 
A prescrição das dívidas particulares, portanto,  jamais poderia  ter prazo  inferior 
àqueles previstos em relação aos débitos da Fazenda Pública, eis que tal fato resultaria em 
ofensa ao Princípio da Supremacia do Interesse Público sobre o interesse particular. 
Assim passados quatro anos do fato estaria a ação de reparação de danos, prescrita  
 
II. 2. Do Direito  
Sendo a responsabilidade do agente subjetiva, não resta configurada   pela  falta do 
elemento culpa, ainda que seja inequívoca a relação de causa e efeito entre o ato do 
agente e o dano causado ao requerente, não agiu o agente com dolo ou culpa. 
IV. DO REQUERIMENTO  
 Por todo o exposto, requer a Vossa Excelência seja julgado IMPROCEDENTE o pedido  
formulado  pelo  Autor,  com  a  condenação  do  Autor  ao  pagamento  dos  honorários 
advocatícios de  
sucumbência, bem como o reembolso das despesas processuais adiantadas, nos termos do 
artigo 20 do Código de Processo Civil.  
  
  
 O Réu provará o alegado por todos os meios em Direito admitidos.  
Termos em que  
pede deferimento.  
 Local e data. / Nome e assinatura do advogado.  
5 
 
COMENTÁRIOS DA PROVA DA ORDEM – 2ª FASE 
 
 Número de inscrição na OAB  
 Endereço para intimações 
 
QUESTÃO 1:  
 
Deve  a  entidade  privada  sem  fins  lucrativos  prestar  contas  quando  receber  repasse  de 
Subvenção Social, não o fazendo, caracterizada a omissão do dever de prestar contas, caberá 
a imputação de débito, no montante repassado  
Em  relação  ao  controle  externo,  o  Tribunal  de  Contas  tem  dúplice 
competência,  de  auxiliar  a  atividade  do  Poder  Legislativo  e  de  realizar,  ele  próprio,  o 
controle dos atos da administração. Nos casos em que auxilia o Legislativo, cinge‐se a emitir 
parecer que se sujeita a apreciação pelo órgão controlador. Porém nos casos, em exerce a 
sua competência própria, a eficácia de suas decisões prescinde de aprovação.  
Este  o  texto  da  Constituição  da  República,  na  parte  em  que  trata  da 
competência  de  controle  da  Administração  própria  dos  Tribunais  de  Contas,  e  de  sua 
eficácia, para o caso em apreço: 
 
Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, será 
exercido com o auxílio do Tribunal de Contas da União, ao qual 
compete: 
(...) 
IV  ‐ realizar, por  iniciativa própria, da Câmara dos Deputados, 
do  Senado  Federal,  de  Comissão  técnica  ou  de  inquérito, 
inspeções  e  auditorias  de  natureza  contábil,  financeira, 
orçamentária,  operacional  e  patrimonial,  nas  unidades 
administrativas dos Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário, e 
demais entidades referidas no inciso II; 
(...) 
VIII  ‐  aplicar  aos  responsáveis,  em  caso  de  ilegalidade  de 
despesa ou  irregularidade de  contas, as  sanções previstas em 
6 
 
COMENTÁRIOS DA PROVA DA ORDEM – 2ª FASE 
 
lei,que  estabelecerá,  entre  outras  cominações,  multa 
proporcional ao dano causado ao erário;  
(... 
§  3º  ‐ As  decisões  do  Tribunal  de  que  resulte  imputação  de 
débito ou multa terão eficácia de título executivo. (grifos não 
constantes do roiginal) 
  
No mesmo sentido, o texto da Constituição de nosso Estado: 
 
Art. 71 ‐ O controle externo, a cargo da Assembléia Legislativa, 
será  exercido  com  auxílio  do  Tribunal  de  Contas,  ao  qual 
compete, além das atribuições previstas nos arts. 71 e 96 da 
Constituição  Federal,  adaptados  ao  Estado,  emitir  parecer 
prévio  sobre  as  contas  que  os  Prefeitos  Municipais  devem 
prestar anualmente. (grifos não constantes do original) 
 
Evidentemente que, não sendo de natureza judicial esta atividade, e sim administrativa, está 
também ela sujeita ao controle  judicial, exercido por todos os meios admissíveis, como no 
caso, por meio dos embargos opostos à execução fiscal.Questão 2: 
Enunciado 36‐FVC‐IMN: art. 22 do CDC ‐ princípio da continuidade do serviço público ‐ não 
impede corte de energia na hipótese de inadimplência 
Enunciado 36‐FVC‐IMN: "O princípio da continuidade do serviço público, tal como previsto 
no  art.  22  do  CDC,  não  impede  o  corte  no  fornecimento  de  energia  elétrica  em  caso  de 
inadimplência do consumidor, desde que notificado previamente". 
  
Justificativa:  
A questão do corte de fornecimento de energia elétrica tem ocupado os debates nas cortes 
judiciárias. Diante  do  inadimplemento  do  consumidor,  parte  da  jurisprudência  inclinou‐se 
por  inadmiti‐lo, ao argumento da essencialidade do bem em questão e da característica de 
7 
 
COMENTÁRIOS DA PROVA DA ORDEM – 2ª FASE 
 
continuidade do serviço de fornecimento de energia elétrica, com apoio no art. 22 do CDC 
(Lei 8.078/90), que consagra o princípio da continuidade dos serviços públicos essenciais. O 
Poder  Público  ou  seu  delegado  só  ficaria  autorizado  a  proceder  à  cobrança  executiva  do 
débito, sob pena de infringir o art. 42 do mesmo diploma, que proíbe o uso de expedientes 
constrangedores na cobrança de dívidas a consumidores. Essa corrente prevaleceu durante 
algum tempo na Primeira Turma do STJ, tendo o Min. José Augusto Delgado sido o relator do 
acórdão  padrão  que  resultou  no  assentamento  desse  entendimento  (ver  o  acórdão 
proferido no ROMS 8915‐MA, unânime, j. 12.05.98, DJ 17.08.98). 
Todavia, o direito à continuidade do serviço público, como está assegurado ao consumidor 
no art. 22 (bem como no § 1o do art. 6o, da Lei 8.987/95), não significa que não possa haver 
corte  do  fornecimento,  mesmo  na  hipótese  de  inadimplência  do  consumidor.  A 
continuidade,  aqui,  tem  outro  sentido,  significando  que,  já  havendo  execução  regular  do 
serviço,  a  Administração  ou  seu  agente  delegado  (concessionário  ou  permissionário)  não 
pode interromper sua prestação, sem um motivo justo, a exemplo das excludentes de força 
maior  ou  caso  fortuito.  O  dispositivo  nem  sequer  obriga  a  Administração  a  fornecer  o 
serviço, mas, desde que  implantado e  iniciada sua prestação, não poderá ser  interrompida 
se o consumidor vem satisfazendo as exigências regulamentares, aí incluído o pagamento da 
tarifa ou preço público. O art. 6o, par. 3º,  inc.  II, da Lei 8.987/95  ("Lei das Concessões dos 
Serviços  Públicos"),  deixa  isso  bem  claro,  ao  dizer  que  "não  se  caracteriza  como 
descontinuidade  do  serviço  a  sua  interrupção  em  situação  de  emergência  ou  após  aviso 
prévio", em caso de "inadimplemento do usuário, considerado o interesse público". 
Como se vê, o corte de energia elétrica é um direito que assiste ao Poder Público ou a seu 
concessionário, no caso de inadimplência do usuário. Decorre de disposição legal e, por isso 
mesmo,  jamais poderia ser considerado um expediente constrangedor ou qualquer tipo de 
ameaça ou infração a direitos do consumidor. 
Essa  questão,  no  entanto,  encontra‐se  superada,  diante  do  novo  posicionamento  do  STJ, 
considerando  legítimo o corte no caso de  inadimplemento do usuário, não caracterizando 
descontinuidade do  serviço essa hipótese  (ver, e.g., o acórdão proferido no REsp 363943‐
MG, rel. Min. Humberto Gomes de Barros, j. 10.12.03, DJ de 01.03.04). 
  
 
8 
 
COMENTÁRIOS DA PROVA DA ORDEM – 2ª FASE 
 
"ADMINISTRATIVO. RECURSO ESPECIAL. FORNECIMENTO DE ENERGIA ELÉTRICA. MUNICÍPIO 
INADIMPLENTE. SUSPENSÃO DO SERVIÇO. PREVISÃO LEGAL. POSSIBILIDADE. PRINCÍPIO DA 
PROPORCIONALIDADE. 
1.  A  interrupção  no  fornecimento  de  energia  por  inadimplemento  do  usuário,  conforme 
previsto  no  art.  6o.,  par.  3o.,  II,  da  Lei  n.  8.987/95,  não  configura  descontinuidade  na 
prestação do serviço para fins de aplicação dos arts. 22 e 42 do CDC. 
2. Demonstrado nos autos que a  fornecedora, ao  suspender o  serviço de energia elétrica, 
teve o cuidado de preservar os serviços essenciais do município, não há que se cogitar tenha 
o corte afetado os interesses imediatos da comunidade local. 
3.  Destoa  do  arcabouço  lógico‐jurídico  que  informa  o  princípio  da  proporcionalidade  o 
entendimento de que, a pretexto de resguardar os interesses do usuário inadimplente, cria 
embaraços às ações implementadas pela fornecedora de energia elétrica com o propósito de 
favorecer  o  recebimento  de  seus  créditos,  prejudicando,  em  maior  escala,  aqueles  que 
pagam em dia as suas obrigações. 
4. Se a empresa deixa de ser, devida e tempestivamente, ressarcida dos custos inerentes às 
suas atividades, não há como fazer com que os serviços permaneçam sendo prestados com 
o mesmo padrão de qualidade (STJ‐2a. Turma, Resp 302620‐SP, rel. p/ o acórdão Min. João 
Otávio de Noronha, j. 11.11.03, DJ 16.02.04). 
 
QUESTÃO 3 
 
Trata‐se de ocupação temporária, indenizável em caso de dano, artigo 36 do DL3365/41 
 
Questão 4: 
A  competência para  instituir  regras gerais  sobre a   a matéria é da união,  contudo não  se 
exclui a competência dos entes federativos para legislar sobre regras específicas de licitações 
e  contratos  desde  que  não  contrarie  a  regra  geral, mantendo‐se  no  que  é  necessário  ao 
cumprimento das suas competências constitucionais. 
A PPP pressupõe o pagamento de remuneração, ou sua complementação, por parte da  
administração pública  ao  ente particular  em  até  35  anos,  e por  isso  a  vantagem  sobre o 
regime  
9 
 
COMENTÁRIOS DA PROVA DA ORDEM – 2ª FASE 
 
tradicional de licitação de obra, que exige um desembolso de caixa quase imediato, e sobre 
o  
contrato de prestação de serviços à administração, cujo prazo é limitado a cinco anos. 
Não , artigo 7º. Lei 10.079/11 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
10 
 
COMENTÁRIOS DA PROVA DA ORDEM – 2ª FASE 
 
UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ 
X EXAME UNIFICADO DA OAB 
 
 
 
DIREITO CIVIL 
COMENTÁRIOS DA PROVA DA ORDEM – 2ª FASE 
 
QUESTÃO 1: PEÇA PRÁTICO‐PROFISSIONAL 
Trata‐se de Embargos de Terceiros tendo em vista que José Afonso não faz parte da relação 
jurídico processual e foi esbulhado em sua posse. A peça deve ser elaborada da seguinte 
maneira: 
 
EXCELENTÍSSIMO  SENHOR  JUIZ  DE  DIREITO  DA  4ª  VARA  CÍVEL  DA  COMARCA  DE 
ITAPERUNA/RJ 
 
Distribuição por dependência ao processo n.º: 6002/2011 
 
  JOSÉ  AFONSO,  nacionalidade,  solteiro,  engenheiro,  portador  da  carteira  de 
identidade   n.º  ...,  inscrito no CPF sob o nº  ...  , residente e domiciliado na Rua Central n.º 
123,  Bairro  Funcionários,  Murici,  Espírito  Santo,  por  seu  advogado,  com  endereço 
profissional sito na ..., para fins do artigo 39, I do Código de Processo Civil, vem, opor 
EMBARGOS DE TERCEIRO 
pelo rito especial, em face de CARLOS BATISTA, nacionalidade, contador, solteiro, portador 
da carteira de identidade n.º ...,inscrito no CPF sob o n.º..., residente e domiciliado na Rua 
Rio Branco n.º 600, Itaperuna, e Rio de Janeiro, pelos fatos e fundamentos a seguir aduzidos. 
11 
 
COMENTÁRIOS DA PROVA DA ORDEM – 2ª FASE 
 
 
 
DOS FATOS 
 
  O  embargante  em  02/05/2011  adquiriu  por  meio  de  compromisso  de  compra  e 
venda  imóvel sito na   Rua Central n.º 123, Bairro Funcionários, Murici, Espírito Santo, pelo 
preço de R$ 100.000,00, quitado de uma única vez, por meio de depósito bancário, de Lúcia 
Maria, como faz prova documento anexo à exordial. 
  Dez  meses  após  a  aquisição  do  imóvel,  ao  fazer  o  levantamento  das  certidões 
necessárias para lavratura da escritura, qual não foi sua surpresa ao descobrir que o imóvel 
adquirido  havia  sido  penhorado,  por  decisão  do  juízo  da  4ª  Vara  Cível  da  Comarca  de 
Itaperuna,  em  razão  da  execução  de  título  extrajudicial  em  que  figuram  como  partes  o 
embargado e Lúcia Maria. 
  Importante salientar que o cheque   ensejador da execução de título extrajudicial foi 
emitido quatro meses após o compromisso de compra e venda, devendo ser observado que  
a penhora sobre seu  imóvel por  indicação expressa do embargado,  tendo este  ignorado a 
existência de outros imóveis livres e desimpedidos de titularidade de Lúcia Maria, cidadã de 
posses da cidade em que reside. 
  Alternativa não restou ao embargante a não ser a oposição do presente. 
DOS FUNDAMENTOS 
  Considera‐se terceiro que, não sendo parte no processo, sofrer turbação ou esbulho  
na  posse  de  seus  bens  por  ato  de  apreensão  judicial,  como  nos  casos  de  penhora,  em 
consonância com o artigo 1.046 do Código Civil. 
  No presente caso, o embargante é possuidor do  imóvel objeto da penhora e por tal 
razão  pode  opor  embargos  de  terceiro  fundado  em  alegação  de  posse  advinda  de 
compromisso  de  compra  e  venda  de  imóvel,  ainda  que  desprovido  de  registro,  em 
conformidade com o verbete  84 da súmula do Superior Tribunal de Justiça.    
  Desta forma razão não assiste ao embargado. 
DO PEDIDO 
a) A concessão da distribuição por dependência ao processo n.º 6002/2011; 
b) A expedição de mandado de manutenção de posse em favor do embargante; 
c) A citação do embargado; 
d) O  acolhimento  dos  presentes  embargos,  desconstituindo‐se  a  penhora  que  recai 
12 
 
COMENTÁRIOS DA PROVA DA ORDEM – 2ª FASE 
 
sobre o imóvel Rua Central n.º 123, Bairro Funcionários, Murici, Espírito Santo; 
e) A condenação do embargado aos ônus sucumbenciais. 
DAS PROVAS 
    Indica  como  provas  a  serem  produzidas  as  de  caráter  documental, 
testemunhal e depoimento pessoal na amplitude do artigo 332 do Código de Processo 
Civil. 
 
DO VALOR DA CAUSA: R$ 100,00. 
 
Local e data. 
 
Advogado 
OAB 
 
QUESTÃO 2 
Joaquim  estava  irresignado  porque  não  encontrava  mais  seu  vinho  favorito  à  venda. 
Conversando com Manuel, dono de um estabelecimento comercial perto de sua residência, 
o mesmo  lhe  informou que aquele vinho não era mais entregue pelo fornecedor, mas que 
vendia  outro  muito  bom,  melhor  que  o  apreciado  por  Joaquim.  O  vinho  não  possuía 
qualquer  informação no rótulo além de seu nome, mas Joaquim resolveu comprá‐lo diante 
dos elogios feitos por Manuel. 
Chegando à sua residência, ao tentar abrir a bebida, o vidro se estilhaça e atinge o olho de 
Joaquim, causando‐lhe uma lesão irreparável na córnea. 
Joaquim tenta conversar com Manuel sobre o ocorrido, mas o mesmo afirma que não possui 
qualquer  responsabilidade. Ajuíza,  então,  ação  em  face  de Manuel,  pleiteando  reparação 
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COMENTÁRIOS DA PROVA DA ORDEM – 2ª FASE 
 
por danos materiais. 
Oferecida a defesa, Manuel alega que não possui qualquer responsabilidade e que não seria 
parte legítima, por ser apenas o vendedor do produto. 
A respeito desta hipótese, responda, fundamentadamente: 
A) Merecem prosperar as alegações de Manuel? (Valor: 0,75) 
B) Se Joaquim falecesse no curso do processo, como os herdeiros poderiam pleitear inclusão 
na relação processual? 
(Valor: 0,50) 
A simples menção ou transcrição do dispositivo legal não pontua.  
RESPOSTA 
A) Como se trata de fato do produto, realmente o comerciante não responde (art.13 CDC). 
Trata‐se de responsabilidade do fabricante do produto em razão do disposto no art. 12, do 
mesmo diploma. 
B) O instituto processual aplicável é o pedido de habilitação , na forma do art. 1.055 a 1.062, 
CC. 
QUESTÃO 3 
Luzia sempre desconfiou que seu neto Ricardo, fruto do casamento do seu filho Antônio com 
Josefa,  não  era  filho  biológico  de Antônio,  ante  as  características  físicas  por  ele  exibidas. 
14 
 
COMENTÁRIOS DA PROVA DA ORDEM – 2ª FASE 
 
Vindo Antônio a falecer, Luzia pretende ajuizar uma ação negatória de paternidade. 
A respeito do fato apresentado, responda aos seguintes itens, de forma fundamentada. 
A) Tem Luzia legitimidade para propor a referida ação? (Valor: 0,50) 
B) Caso Antônio tivesse proposto a ação negatória e falecido no curso do processo, poderia 
Luzia prosseguir com a demanda? Qual o instituto processual aplicável ao caso? (Valor: 0,75) 
A simples menção ou transcrição do dispositivo legal não pontua. 
RESPOSTA 
A)  Tal  qual  determina  o  art.  1.601,  CC,  a  negatória  de  paternidade  somente  pode  ser 
ajuizada por Antônio, cabendo aos herdeiros, dar prosseguimento à ação caso ela  já tenha 
sido  ajuizada  antes  da  morte  do  suposto  pai.  Ademais,  segundo  o  Enunciado  520,  da  V 
Jornada  de  Direito  Civil,  o  conhecimento  da  ausência  de  vínculo  biológico  e  a  posse  de 
estado de filho obstam a contestação da paternidade presumida. Portanto, somente Antônio 
poderia sustentar e provas o erro em que trilhou ou a  inexistência dos  laços sócio‐afetivos, 
não cabendo ninguém expressar sua vontade e sentimentos íntimos.  
B) Sim, na  forma do próprio art. 1.601, CC. Nesta hipótese,  teria  Luiza de  comprovar que 
assumiria a vocação hereditária se declarada a ausência de laços de filiação entre Antônio e 
Ricardo. O instituto processual aplicável é o pedido de habilitação , na forma do art. 1.055 a 
1.062, CC. 
QUESTÃO 4 
Gabriel, proprietário de um apartamento  localizado na Rua Boa  Sorte, nº 168, Bairro Vila 
Madalena, São Paulo/SP, celebrou com Mário, em 20.01.2010, contrato escrito de  locação 
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COMENTÁRIOS DA PROVA DA ORDEM – 2ª FASE 
 
pelo prazo de um ano. Restou acordado que pela locação Mário pagaria R$ 1.200,00 (um mil 
e  duzentos  reais)  mensais,  mais  os  encargos  referentes  a  impostos  e  ao  condomínio. 
Estabeleceu‐se, ainda,  como modalidade de garantia, a  fiança, no ato, prestada por  Júlio, 
cunhado  de Mário.  Findo  o  prazo  de  um  ano, Mário  continuou  na  posse  do  imóvel  sem 
oposição de Gabriel e, por  força de  lei, mesmo sem que  tenha havido qualquer aditivo ao 
acordo,  o  contrato  de  locação  de  imóvel  urbano  transformou‐se  em  contrato  por  prazo   
indeterminado. Face aos fatos narrados, indaga‐se: 
a)  Caso  Júlio  desentenda‐se  com  Mário  e  resolva  se  exonerar  da  fiança  prestada,  como 
deverá proceder? Fundamente. (Valor: 0,60) 
b) Considerando que no  contrato de  locação não  consta que  a  fiança  se estenderá  até  a 
entrega  do  imóvel,  qual  a  consequência  que  a  prorrogação  da  locação  por  prazo 
indeterminado trará para a fiança prestada? Fundamente de acordo com a jurisprudência do 
Superior Tribunal de Justiça. (Valor: 0,65) 
A simples menção ou transcrição do dispositivo legal não pontua. 
RESPOSTA 
a)  Caso  Júlio  desentenda‐se  com  Mário  e  resolva  se  exonerar  da  fiança  prestada,  como 
deverá proceder? Fundamente. (Valor: 0,60) 
Considerando  que  o  contrato  de  fiança  ficou  prorrogado  por  tempo  indeterminado,  haja 
vistaa manutenção dos efeitos da locação após o vencimento do prazo fixado, Júlio terá de 
notificar o fiador para lhe dar ciência da resilição do contrato, ficando vinculado a garantir o 
pagamento dos encargos locatícios e aluguéis por 120 dias a contar da notificação, segundo 
art. 40, X, da Lei 8.245/91 (alterada pela Lei 12.112/2009). 
16 
 
COMENTÁRIOS DA PROVA DA ORDEM – 2ª FASE 
 
 
b) Considerando que no  contrato de  locação não  consta que  a  fiança  se estenderá  até  a 
entrega  do  imóvel,  qual  a  consequência  que  a  prorrogação  da  locação  por  prazo 
indeterminado trará para a fiança prestada? Fundamente de acordo com a jurisprudência do 
Superior Tribunal de Justiça. (Valor: 0,65)  
O entendimento adotado pelo Superior Tribunal de Justiça é no sentido de que, havendo no 
contrato de  locação cláusula expressa prevendo a responsabilidade do fiador até a entrega 
definitiva das chaves ao locador, esse responde pelas obrigações contratuais decorrentes da 
prorrogação do contrato até a efetiva entrega das chaves do imóvel. Logo, como no caso não 
havia tal previsão expressa, a prorrogação sem a anuência expressa do fiador implica em sua 
automática desoneração. 
QUESTÃO 5 
No  dia  23.11.2012  por  volta  das  17  horas,  Roberto,  trafegando  normalmente  com  seu 
veículo na BR 101, Km 20, via de duplo sentido, foi surpreendido por uma manobra brusca 
realizada pelo carro de Jonas, que dirigia  imprudentemente, no mesmo sentido de direção. 
Em razão desse fato, o veículo de Roberto invadiu a pista contrária, vindo a atingir o ciclista 
Marcelo, que  sofreu  amputação da perna esquerda e  fraturas nos braços.  Face  aos  fatos 
narrados, indaga‐se: 
a) A conduta praticada por Roberto tem o condão de obrigá‐lo a reparar os danos causados a 
Marcelo? Fundamente de acordo com a atual jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça. 
( Valor: 0,65) 
b) Na  hipótese  de Marcelo  ter  ajuizado  ação  pleiteando  compensação  dos  danos morais 
sofridos em decorrência do sinistro e faleça no curso do processo, os herdeiros terão direito 
de receber a indenização por danos morais requerida por Marcelo? Fundamente de acordo 
17 
 
COMENTÁRIOS DA PROVA DA ORDEM – 2ª FASE 
 
com a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça. ( Valor: 0,60 ) 
A simples menção ou transcrição do dispositivo legal não pontua. 
RESPOSTA 
A) O condutor do veículo tem o dever de indenizar o ciclista e posteriormente tem o direito 
de regresso. 
B) Sim, pois compõe o direito hereditário o crédito, mesmo que decorrente de evento ilícito, 
cuja titularidade seja do falecido. O instituto processual aplicável é o pedido de habilitação , 
na forma do art. 1.055 a 1.062, CC. 
 
 
 
 
 
 
 
 
18 
 
COMENTÁRIOS DA PROVA DA ORDEM – 2ª FASE 
 
UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ 
X EXAME UNIFICADO DA OAB 
 
 
 
DIREITO CONSTITUCIONAL 
COMENTÁRIOS DA PROVA DA ORDEM – 2ª FASE 
 
PEÇA PRÁTICO‐PROFISSIONAL: O Tribunal de  Justiça do Estado  J  julgou  improcedente ação 
direta  de  inconstitucionalidade  proposta  pelo  Prefeito  do município W,  tendo  o  acórdão 
declarado constitucional norma da lei orgânica municipal que dispôs que o Prefeito e o Vice‐
Prefeito  não  poderiam  ausentar‐se  do  país,  por  qualquer  período  sem  autorização  da 
Câmara Municipal. No prazo recursal foram ofertados embargos declaratórios, improvidos. 
Contratado  como  advogado  pelo  Prefeito  do  Município,  após  a  decisão  proferida  nos 
embargos declaratórios, apresente a peça cabível. (Valor: 5,0) 
Comentário: O candidato deveria redigir um Recurso Extraordinário. Entende a doutrina do 
Direito  Constitucional  que  diante  do  controle  concentrado  de  constitucionalidade  de  lei 
municipal em face da Constituição Estadual, quando o preceito vulnerado da Carta Estadual 
for  repetição  de  regra  constitucional  federal,  caberá  Recurso  Extraordinário  ao  STF,  pois 
cabe a este, em última instância, analisar a Constituição Federal. 
 QUESTÃO 1 Determinado Ministério apresentou desempenho considerado insuficiente pela 
imprensa e pela opinião pública, havendo sério questionamento quanto aos gastos públicos 
19 
 
COMENTÁRIOS DA PROVA DA ORDEM – 2ª FASE 
 
destinados para a sua manutenção. 
Dessa  forma,  um  Senador  pelo  Estado  Y  apresentou  um  projeto  de  lei  no  sentido  de 
extinguir este Ministério. Tal projeto foi votado em plenário em um dia em que 32 (trinta e 
dois)  dos  81  (oitenta  e  um)  senadores  estavam  presentes,  sendo  aprovado  pelo  voto  da 
maioria dos presentes e encaminhado à Câmara dos Deputados. 
Contando com forte apoio popular, a proposta legislativa foi aprovada pela maioria absoluta 
dos deputados  federais e encaminhada ao Presidente da República, que a sancionou doze 
dias úteis depois de tê‐la recebido, determinando sua  imediata publicação no Diário Oficial 
da União. 
Uma semana após a publicação da  lei na  imprensa oficial, a CONAMP (Associação Nacional 
dos Membros do Ministério Público) ajuizou uma ação declaratória de constitucionalidade 
em que pleiteava a declaração de conformidade da nova norma legal com a Constituição. 
Responda  justificadamente  aos  questionamentos  a  seguir,  empregando  os  argumentos 
jurídicos apropriados e apresentando a fundamentação legal pertinente ao caso. 
A) Há algum vício que fulmine a constitucionalidade da norma em questão? (Valor: 0,80) 
Comentário: Sim. De acordo com o art. 61 §1º,II,e da CRFB/88 é de competência privativa do 
Presidente da República a  iniciativa de projeto de  lei que extinga ministério. Cabe ressaltar 
que de acordo com entendimento do STF a sanção do Chefe do Executivo não supre vício de 
iniciativa. 
B) A CONAMP poderia ter ajuizado a ação declaratória de constitucionalidade? (Valor: 0,45) 
Comentário: A CONAMP não poderia ter ajuizado a ADC por duas razões: 1‐ Com o prazo de 
uma  semana  não  haveria  tempo  suficiente  para  a  se  atender  a  condição  da  ação 
20 
 
COMENTÁRIOS DA PROVA DA ORDEM – 2ª FASE 
 
estabelecida  no  art.  14,  III  da  L.  9868/99,  tal  seja:  “a  existência  de  controvérsia  judicial 
relevante  sobre a aplicação da disposição objeto da ação declaratória.” 2‐ A CONAMP, de 
acordo com entendimento do STF, deveria demonstrar pertinência  temática com o objeto 
discutido na ação, o que não está presente no caso concreto. 
QUESTÃO  2  Lei  do  Estado  “Y”,  editada  em  abril  de  2012,  com  base  no Art.  215,  §  1°  da 
Constituição da República,  regulamenta a chamada  rinha de galo, prática popular em que 
dois  galos  se  enfrentam  em  lutas  e  espectadores  apostam  no  galo  que  acreditam  ser  o 
vencedor. 
Comumente,  os  dois  galos  saem  com muitos  ferimentos  da  contenda,  e  não  raras  vezes 
algum  animal  morre  ou  adquire  sequelas  permanentes  que  recomendam  seu  abate 
imediato. 
A  Associação  Comercial  do  Estado  “Y”  ajuíza  ação  direta  de  inconstitucionalidade  no 
Supremo Tribunal Federal em que pleiteia a declaração de inconstitucionalidade da referida 
lei estadual. 
Em defesa da norma, parlamentar que votou pela sua aprovação, diz, em entrevista a uma 
rádio local, que a prática da conhecida briga de galos é comum em várias localidades rurais 
do Estado “Y”, ocorrendo há várias gerações. Além do mais, animais, especialmente aves, 
são  abatidos  diariamente  para  servir  de  alimento,  o  que  não  ocorreria  com  as  aves 
destinadas para as rinhas. 
Responda  justificadamente  aos  questionamentos  a  seguir,  empregando  os  argumentos 
jurídicos apropriados e apresentando a fundamentação legal pertinente ao caso. 
A) Quanto ao mérito do pedido, é  cabível a declaração de  inconstitucionalidade da  lei do 
Estado “Y”, que regulamenta a chamada rinha de galo? (Valor: 0,65) 
21 
 
COMENTÁRIOSDA PROVA DA ORDEM – 2ª FASE 
 
Comentário: Sim. De acordo com o art. 102,I,a da CRFB/88 é possível ADI para controlar  lei 
ou  ato  normativo  estadual.  Deve‐se  desenvolver  raciocínio  também  que  valorize  o 
desrespeito as normas constitucionais de proteção a fauna, como também ao que a doutrina 
denomina de dignidade dos animais não‐humanos. 
B) Há regularidade na legitimidade ativa da ação? (Valor: 0,60) 
Comentário: Não. De acordo com o rol taxativo de legitimados ativos para a propositura da 
ADI do art. 103 da CRFB/88 a associação deve ter caráter nacional. 
QUESTÃO 3 
Proposta de emenda à Constituição é  apresentada por  cerca de 10%  (dez por  cento) dos 
Deputados  Federais,  cujo  teor  é  criar  novo  dispositivo  constitucional  que  determine  a 
submissão  de  todas  as  decisões  do  Supremo  Tribunal  Federal,  no  controle  abstrato  de 
normas,  ao  crivo  do  Congresso  Nacional,  de  modo  que  a  decisão  do  Tribunal  somente 
produziria  efeitos  após  a  aprovação  da  maioria  absoluta  dos  membros  do  Congresso 
Nacional em sessão unicameral. 
A  proposta  é  discutida  e  votada  nas  duas  casas  do  Congresso  Nacional,  onde  recebe  a 
aprovação  da  maioria  absoluta  dos  Deputados  e  Senadores  nos  dois  turnos  de  votação. 
Encaminhada para o Presidente da República, este resolve sancionar a proposta, publicando 
a nova emenda no Diário Oficial. 
Cinco dias após a publicação da emenda constitucional, a Mesa da Câmara dos Deputados 
apresenta perante o Supremo Tribunal Federal ação declaratória de constitucionalidade em 
que  pede  a  declaração  de  constitucionalidade  desta  emenda  com  eficácia  erga  omnes  e 
efeito vinculante. 
A partir da hipótese apresentada, responda justificadamente aos questionamentos a seguir, 
22 
 
COMENTÁRIOS DA PROVA DA ORDEM – 2ª FASE 
 
empregando  os  argumentos  jurídicos  apropriados  e  apresentando  a  fundamentação  legal 
pertinente ao caso. 
A) Há inconstitucionalidades materiais ou formais na emenda em questão? (Valor: 1,00) 
Comentário: Sim. Quanto à  inconstitucionalidade material, há  claro desrespeito a cláusula 
pétrea  relacionada  à  separação  dos  poderes  (art.  60§4º,III  da  CRFB/88).  Em  relação  às 
inconstitucionalidades  formais  temos  clara  afronta  ao  que  dispõe  o  artigo  60,I  (1/3  da 
Câmara  e  não  10%),  §2º  (3/5  e  não maioria  absoluta  das  Casas),  §3º  (não  há  sanção  do 
Presidente e quem promulga as emendas constitucionais são as mesas).  
B) A ação declaratória de constitucionalidade poderia ser conhecida pelo Supremo Tribunal 
Federal? (Valor: 0,25) 
Comentário: Não. Pois o prazo de cinco dias não seria tempo suficiente para a se atender a 
condição  da  ação  estabelecida  no  art.  14,  III  da  L.  9868/99,  tal  seja:  “a  existência  de 
controvérsia judicial relevante sobre a aplicação da disposição objeto da ação declaratória.” 
QUESTÃO 4 O Estado W,  sem motivo de  força maior, não  repassa aos municípios  receitas 
tributárias  determinadas  pela  Constituição  Federal,  nos  prazos  nela  determinados.  O 
Município  JJ  necessita  dos  recursos  para  realizar  os  serviços  básicos  de  atendimento  à 
população. 
Diante do narrado, responda aos itens a seguir, de forma fundamentada. 
A) Quais as consequências do não repasse das verbas referidas? (Valor: 0,50) 
Comentário: A consequência será, de acordo com o art. 34,V,a,b da CRFB/88, a possibilidade 
de decretação de intervenção federal pela União no Estado W. 
23 
 
COMENTÁRIOS DA PROVA DA ORDEM – 2ª FASE 
 
B) Quais os procedimentos exigidos pela Constituição nesse caso? (Valor: 0,75) 
Comentário: No presente caso, estamos diante do que a doutrina denomina de intervenção 
federal  espontânea,  sendo  assim,  caberia  ao  juízo  de  oportunidade  e  conveniência  do 
Presidente da República decretar ou não a intervenção federal. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
24 
 
COMENTÁRIOS DA PROVA DA ORDEM – 2ª FASE 
 
UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ 
X EXAME UNIFICADO DA OAB 
 
 
 
DIREITO EMPRESARIAL 
COMENTÁRIOS DA PROVA DA ORDEM – 2ª FASE 
 
QUESTÃO 1  
PRÁTICA JURÍDICA EMPRESARIAL  
Em 09/10/2011 Quilombo Comércio de Equipamentos Eletrônicos Ltda, com sede e principal 
estabelecimento em Abelardo Luz, Estado de Santa Catarina, teve sua falência requerida por 
Indústria e Comércio de Eletrônicos Otacílio Costa Ltda., com fundamento no art. 94, I, da Lei 
11101/05. O devedor, em profunda crise econômico‐financeira, sem condição de atender os 
requisitos para pleitear sua recuperação judicial, não conseguiu elidir o pedido de falência. O 
pedido foi julgado procedente em 11/11/2011, sendo nomeado pelo Juiz de Direito da Vara 
Única da Comarca de Abelardo Luz, o Dr. José Cerqueira como Administrador Judicial. 
Ato  contínuo  à  assinatura  do  termo  de  compromisso  o  administrador  judicial  efetuou  a 
arrecadação  separada  dos  bens  e  documentos  do  falido,  além  da  avaliação  dos  bens. 
Durante a arrecadação  foram encontrados no estabelecimento do devedor 200  (duzentos) 
computadores e igual número de monitores. Esses bens foram referidos no inventário como 
bens do falido, adquiridos em 15/09/2011 de Informática e TI d´Agronômica Ltda, pelo valor 
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COMENTÁRIOS DA PROVA DA ORDEM – 2ª FASE 
 
de R$ 400.000,00 (quatrocentos mil reais). 
Paulo  Lopes,  único  administrador  de  Informática  de  TI  d´Agronômica  Ltda.,  procura  você 
para orientá‐lo na defesa de  seus  interesses diante da  falência de Quilombo Comércio de 
Equipamentos  Eletrônicos  Ltda.  Pelas  informações  e  documentos  apresentados,  fica 
evidenciado  que  o  devedor  não  efetuou  nenhum  pagamento  pela  aquisição  dos  200 
(duzentos) computadores e monitores, que a venda  foi a prazo e em 12  (doze) parcelas, e 
que a mercadoria foi recebida no dia 30/09/2011 por Leoberto Leal, gerente da sociedade. 
Na  qualidade  de  advogado(a)  de  Informática  e  TI  d´Agronômica  Ltda.,  elabore  a  peça 
adequada,  ciente  de  que  não  é  do  interesse  do  cliente  o  cumprimento  do  contrato  pelo 
Administrador Judicial. 
1. Peça: “Petição  Inicial em Ação Restituitória”  . A nomenclatura da peça pode apresentar 
uma variante e , por tal razão, também estarão corretas as formas :   “Ação de Restituição” 
ou “Ação para Pedido de Restituição”. 
2. Endereçamento : Excelentíssimo Senhor Doutor de Direito da Vara Única da Comarca de 
Abelardo Luz do Estado de Santa Catarina. 
Pelo juízo universal da falência a presente peça será distribuída por dependência.  
3.  Identificação das Partes  :   AUTOR:  Informática  de  TI  d´Agronômica.,  representada  por 
Paulo  Lopes.  RÉU:  Massa  Falida  de  Quilombo  Comércio  de  Equipamentos  Eletrônicos, 
representada por seu Administrador Judicial, o Sr. José Cerqueira. 
4. Dos Fatos: Parafrasear o enunciado da questão. 
5. Do Direito:  
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COMENTÁRIOS DA PROVA DA ORDEM – 2ª FASE 
 
5.1  Fundamento  do  pedido  de  restituição:  parágrafo  único,  art.  85,  Lei  11101/05  dando 
cumprimento  ao  art.  87  ( Descrição  da  coisa  reclamada  em  cumprimento  ao  art.  87,  Lei 
11101/05.) 
5.2   STF Súmula nº 495: A restituição em dinheiro da coisa vendida a crédito, entregue nos 
15 (quinze) dias anteriores ao pedido de falência ou de concordata, cabe, quando, ainda que 
consumida ou transformada, não faça o devedor prova de haver sido alienada a terceiro. 
6. Do Pedido:  
6.1 Procedência da Ação para devolução da  coisa  reclamada no prazo de  48  (quarenta e 
oito) horas, recebida por dependência. 
6.2  Intimação  para  manifestação  do  falido,  comitê,  credores  e  administrador  judicial  no 
prazo de 5 (cinco) dias conforme art. §1º, art. 87, Lei 11101/05;  
6.3 Pedido da disponibilidadeda coisa até o  trânsito em  julgada da ação  restituitória, nos 
termos do artigo 91 Lei 11.101/86 
6.4 Condenação do Réu para pagamento custas judiciais e honorários de sucumbência. 
6.5 Demonstração da prestação de caução conforme parágrafo único, art. 90, Lei 11101/05; 
Cumprimento do disposto no art. 39, I do CPC; Protesto por provas, inclusive documental e 
testemunhal. 
 6.6 Pedido  sucessivo.  “Na hipótese da possibilidade do  acolhimento do presente pedido, 
que seja incluído o crédito do requerente no quadro geral de credores na classe de créditos 
quirografários, 
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COMENTÁRIOS DA PROVA DA ORDEM – 2ª FASE 
 
6.7 Protesta por todas as provas admitidas em Direito 
7. Valor da Prova: Dá‐se o valor da causa de R$ 400.000,00 (valor do bem a ser restituído)  
8. Fechamento:  
Nestes Termos 
Pede e Espera Deferimento 
Local, Data, Advogado , nº da Oab 
 
QUESTÃO 1.  
A Saúde Vital Farmacêutica S/A é uma  companhia  fechada,  cuja diretoria é  composta por 
quatro membros: Hermano, Diretor Presidente, Paulo, Diretor Financeiro, Roberto, Diretor 
Médico e Pedro, Diretor  Jurídico. Todos possuem  atribuições específicas estabelecidas no 
Estatuto da Companhia. Não há Conselho de Administração.  
Em dezembro de 2010, os acionistas apuraram que três funcionários da área  financeira da 
Companhia desviaram, ao  longo do ano, R$ 3.000.000,00 (três milhões de reais) das contas 
da companhia, promovendo saídas de capital que poderiam ser facilmente identificadas por 
meio de simples extratos bancários.  
Os extratos bancários eram enviados, mensalmente, a todos os diretores da companhia.  
Os acionistas da Saúde Vital Farmacêutica S/A procuram um Advogado com o objetivo de, 
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COMENTÁRIOS DA PROVA DA ORDEM – 2ª FASE 
 
independente das penalidades cabíveis aos funcionários, responsabilizar a administração da 
Companhia.  
A partir do caso apresentado, responda aos seguintes itens. 
A)  Qual o procedimento judicial a ser adotado? 
Resposta: Ação de Responsabilidade, com fundamento nos artigos 158 c/c 159, Lei 6404/76.  
B) Quem pode ser responsabilizado pelo desvio dos recursos? Somente Paulo ou também os 
demais Diretores? 
Resposta: Responsabilidade aferida no art. 158, I, Lei 6404/76, §§ 3º e 4º. A responsabilidade 
será  de  Paulo,  caso  os  demais  não  tenham  comunicado  o  ocorrido  a  assembleia,  do 
contrário, todos serão responsáveis. 
QUESTÃO 2.  
Os  sócios  da  Sociedade  Gráfica  Veloz  Ltda,  atuante  no  setor  de  impressões,  vinham 
passando  por  dificuldades  em  razão  da  obsolescência  de  seus  equipamentos.  Por  este 
motivo,  decidiram,  por  unanimidade,  admitir  Joaquim  como  sócio  na  referida  sociedade. 
Joaquim subscreveu, com a concordância dos sócios, quotas no montante de R$ 100.000,00 
(cem  mil  reais)  se  comprometendo  a  integralizá‐las  no  prazo  de  duas  semanas.  O  ato 
societário refletindo tal aumento de capital foi assinado por todos e levado para registro na 
Junta Comercial competente.  
Contando com os  recursos  financeiros oriundos do aumento de capital e na esperança de 
recuperar  o  mercado  perdido,  os  administradores  da  Gráfica  Veloz  Ltda.  adquiriram  os 
equipamentos  necessários  ao  aprimoramento  dos  serviços  prestados  pela  sociedade, 
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COMENTÁRIOS DA PROVA DA ORDEM – 2ª FASE 
 
comprometendo‐se a efetuar o pagamento de tais aparelhos dentro do prazo de dois meses. 
Como  Joaquim  não  integralizou  o  valor  subscrito  no  prazo  acertado,  a  Sociedade Gráfica 
Veloz  Ltda.  o  notificou  a  respeito  do  atraso  no  pagamento  e,  após  1  (um)  mês  do 
recebimento desta notificação, Joaquim não integralizou as quotas subscritas.  
Em função do inadimplemento de Joaquim, a Gráfica Veloz Ltda. assumiu expressiva dívida, 
na medida em que atrasou o pagamento dos equipamentos adquiridos e teve renegociar seu 
débito, submetendo‐se a altos juros. Na qualidade de Advogado dos sócios da Gráfica Veloz 
Ltda., responda aos seguintes itens. 
A) É possível excluir Joaquim da Sociedade? 
Resposta. Sim. Art. 1004, CC, “caput” e parágrafo único . Os sócios poderão escolher entre 
a  indenização,  exclusão  ou  redução  de  quota  ao  montante  já  realizado.  Haverá  a 
correspondente  redução do capital social, salvo se os demais sócios suprirem o valor da 
quota (1031, §1º, CC). 
B) É possível  cobrar de  Joaquim os prejuízos  sofridos pela  sociedade, caso ele permaneça 
como sócio da Gráfica Veloz Ltda? 
Resposta: Sim. Na qualidade de sócio remisso, tendo deixado de cumprir a obrigação nos 
trinta  dias    posteriores  à  notificação,  responderá  Joaquim  perante  a  sociedade,  pelos 
danos  decorrentes  da  mora,  além  da  sua  parcela  correspondente  ao  capital  social, 
conforme estabelece o art. 1004 parágrafo único do Código Civil.   
QUESTÃO 3.  
Uma Letra de Câmbio foi sacada tendo como beneficiário Carlos e foi aceita. Posteriormente, 
Carlos endossou a Letra em preto para Débora, que, por sua vez, a endossou em branco para 
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COMENTÁRIOS DA PROVA DA ORDEM – 2ª FASE 
 
Fábio. Após seu recebimento, Fábio cedeu, mediante tradição, sua Letra para Guilherme. Na 
data do vencimento, a Letra não é paga e Guilherme exige o pagamento de Carlos, que se 
recusa a  realiza‐lo sob a alegação de que endossou a Letra de Câmbio para Débora e não 
para Guilherme e de que Débora é sua devedora, de modo que as dívidas se compensam. 
Com base na  situação hipotética,  responda os  itens a  seguir,  indicando os  fundamentos e 
dispositivos legais pertinentes. 
A) Guilherme poderá ser considerado portador  legítimo da  letra de câmbio? Contra quem 
Guilherme terá direito de ação cambiária?  
Resposta:  Sim,  Guilherme  é  o  legitimo  portador  da  Letra  conforme  o  art.  14.3  e  43, 
Decreto 57.663/66, a seguir: 
“Art. 14 ‐ O endosso transmite todos os direitos emergentes da letra.  
Se o endosso for em branco, o portador pode:  
1 – [...] 
2 – [...] 
3 ‐ Remeter a letra a um terceiro, sem preencher o espaço em branco e sem a endossar.” 
Guilherme poderá acionar todos que estejam na posição anterior à ele e  ‐ nessa ordem – 
poderá acionar o sacador da  letra, o aceitante, na qualidade de devedor principal, além 
dos endossantes: Carlos e Debora. 
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COMENTÁRIOS DA PROVA DA ORDEM – 2ª FASE 
 
B) A alegação de Carlos é correta? 
Resposta  : Não está correta a alegação de Carlos visto que pelo art. 17, Decreto 57663/66 
que disciplina o princípio da  inoponibilidade das exceções pessoais, as  relações  jurídicas 
pessoais não podem  servir de  fundamento para  a oposição das obrigações  cambiárias  , 
visto  ser  tal  máxima  jurídica  vinculada  ao  princípio  maior  que  é  o  da  Autonomia  das 
relações cambiárias. 
QUESTÃO 4.  
José  da  Silva  constituiu  uma  Empresa  Individual  de  Responsabilidade  Limitada  com  a 
seguinte  denominação  –  Solução  Rápida  Informática  EIRELI.  No  ato  de  constituição  foi 
nomeada como única administradora sua  irmã, Maria Rosa. A pessoa  jurídica celebrou um 
contrato  de  prestação  de  serviços  e  nesse  documento  José  da  Silva  assinou  como 
administrador e representante da EIRELI.  
Com base na situação hipotética apresentada, responda aos itens a seguir. 
A)  Foi  correto  o  uso  do  nome  empresarial  por  José  na  situação  descrita  no  enunciado? 
Justifique e dê amparo legal. 
Resposta: Sim. Art. 980‐A, §6º, CC remete à aplicação da sociedade limitada nos casos de 
omissão das normas da empresa individual de responsabilidade limitada. E , nesse sentido, 
o artigo 1064 do CC autoriza o uso do nome empresarial por José. 
B)  Na  omissão  do  ato  constitutivo,  Maria  Rosa,  na  condição  de  administradora,  poderia 
outorgar procuração em nome da pessoa  jurídica a  José da Silva?Justifique e dê amparo 
legal. 
Resposta: Sim, o Art. 980‐A, §6º remetendo às normas da sociedade limitada , autoriza no 
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COMENTÁRIOS DA PROVA DA ORDEM – 2ª FASE 
 
Art. 1053, CC “caput” c/c art. 1018, 1064, CC a outorga de procuração. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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COMENTÁRIOS DA PROVA DA ORDEM – 2ª FASE 
 
UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ 
X EXAME UNIFICADO DA OAB 
 
 
 
DIREITO PENAL 
COMENTÁRIOS DA PROVA DA ORDEM – 2ª FASE 
 
PEÇA PRÁTICO‐PROFISSIONAL  
Leia com atenção o caso concreto a seguir: 
Jane,  no  dia  18  de  outubro  de  2010,  na  cidade  de  Cuiabá  – MT,  subtraiu  veículo 
automotor de propriedade de Gabriela. Tal subtração ocorreu no momento em que a vítima 
saltou do carro para buscar um pertence que havia esquecido em casa, deixando‐o aberto e 
com a chave na  ignição.  Jane, ao ver  tal  situação, aproveitou‐se e  subtraiu o bem, com o 
intuito  de  revendê‐lo  no  Paraguai.  Imediatamente,  a  vítima  chamou  a  polícia  e  esta 
empreendeu perseguição  ininterrupta,  tendo prendido  Jane em  flagrante  somente no dia 
seguinte, exatamente quando esta tentava cruzar a fronteira para negociar a venda do bem, 
que estava guardado em local não revelado.  
Em  30  de  outubro  de  2010,  a  denúncia  foi  recebida.  No  curso  do  processo,  as 
testemunhas arroladas afirmaram que a ré estava, realmente, negociando a venda do bem 
no país vizinho e que havia um comprador, terceiro de boa‐fé arrolado como testemunha, o 
qual, em suas declarações, ratificou os fatos. Também ficou apurado que Jane possuía maus 
antecedentes e  reincidente específica nesse  tipo de  crime, bem  como que Gabriela havia 
morrido no dia seguinte à subtração, vítima de enfarte sofrido  logo após os fatos,  já que o 
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COMENTÁRIOS DA PROVA DA ORDEM – 2ª FASE 
 
veículo era essencial à sua subsistência. A ré confessou o crime em seu interrogatório.  
Ao cabo da instrução criminal, a ré foi condenada a cinco anos de reclusão no regime 
inicial  fechado  para  cumprimento  da  pena  privativa  de  liberdade,  tendo  sido  levada  em 
consideração  a  confissão,  a  reincidência  específica,  os  maus  antecedentes  e  as 
consequências  do  crime,  quais  sejam,  a  morte  da  vítima  e  os  danos  decorrentes  da 
subtração de bem essencial à sua subsistência.  
A condenação transitou definitivamente em julgado, e a ré iniciou o cumprimento da 
pena em 10 de novembro de 2012. No dia 5 de março de 2013,  você,  já na  condição de 
advogado(a) de  Jane,  recebe em  seu  escritório  a mãe de  Jane,  acompanhada de Gabriel, 
único parente vivo da vítima, que se  identificou como sendo filho desta. Ele  informou que, 
no  dia  27  de  outubro  de  2010,  Jane,  acolhendo  os  conselhos  maternos,  lhe  telefonou, 
indicando o local onde o veículo estava escondido. O filho da vítima, nunca mencionado no 
processo,  informou  que  no mesmo  dia  do  telefonema,  foi  ao  local  e  pegou  o  veículo  de 
volta, sem nenhum embaraço, bem como que tal veículo estava em seu poder desde então. 
Com base  somente nas  informações de que dispõe e nas que podem  ser  inferidas 
pelo caso concreto acima, redija a peça cabível, excluindo a possibilidade de impetração de 
Habeas Corpus, sustentando, para tanto, as teses jurídicas pertinentes. (Valor: 5,0) 
Sugestão de padrão de resposta: 
Peça processual 
Revisão Criminal, com fundamento no artigo 621, III, do CPP 
Endereçamento: Excelentíssimo Senhor Doutor Presidente do Tribunal de Justiça do Estado 
de Mato Grosso 
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COMENTÁRIOS DA PROVA DA ORDEM – 2ª FASE 
 
Fundamentação: 
Como fundamento da Revisão Criminal, deverá ser informado que o filho da vítima, que não 
havia sido ouvido durante a instrução criminal, apareceu após a sentença, esclarecendo que 
Jane, logo após a consumação do crime havia ligado para ele, em razão dos pedidos da mãe, 
lhe  informando  onde  o  veículo  se  encontrava  escondido,  tendo  sido  rapidamente 
recuperado pelo mesmo sem nenhum embaraço, estando com o veículo desde então. 
A  situação em  tela configura‐se como arrependimento posterior, previsto no artigo 16 do 
Código  Penal,  haja  vista  que  estavam  presentes  todos  os  seus  requisitos,  quais  sejam: 
crime cometido sem violência ou grave ameaça à pessoa, reparação o dano ou restituição da 
coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa, por ato voluntário do agente.  
Ressalte‐se, que o arrependimento  foi voluntário, apesar de não  ter  sido espontâneo, em 
razão da condenada ser atendido aos conselhos de sua mãe. 
O Arrependimento posterior funciona como causa de redução de pena, de 1 a 2/3, devendo 
ser pleiteado a redução em seu grau máximo, qual seja, 2/3. 
Cabe  também  alegar  que  em  razão  da  redução  de  pena  deve  ser  observado  o  direito  a 
progressão de regime, com base no artigo 112 da Lei 7.210/84. 
Pedido:  Que  a  nova  testemunha  seja  ouvida  e  a  decisão  judicial  seja  rescindida  pelo 
Tribunal, para reduzir a pena em 2/3, conforme o disposto no artigo 16 do CP c/c artigo 621 
do CPP.  
Questão 1) O Ministério Público, tomando conhecimento da prática de falta grave no curso 
de execução penal, pugna pela interrupção da contagem do prazo para efeitos de concessão 
do  benefício  do  livramento  condicional,  fundamentando  seu  pleito  em  interpretação 
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COMENTÁRIOS DA PROVA DA ORDEM – 2ª FASE 
 
sistemática do Art. 83, do CP, e dos artigos 112 e 118, I, ambos da Lei n. 7.210/84. 
Levando em conta apenas os dados contidos no enunciado, com base nos princípios 
do processo penal e no entendimento mais  recente dos Tribunais  Superiores,  responda à 
seguinte questão, de forma fundamentada: 
O Ministério Público está com a razão? (Valor: 1,25) 
A simples menção ou transcrição do dispositivo legal não pontua. 
Sugestão de padrão de resposta: 
Segundo a orientação firmada pelo STJ, o Ministério Público não está com razão, haja vista 
que, de acordo com o previsto no Verbete Sumular 441 do citado Superior Tribunal, a falta 
grave não interrompe o prazo para obtenção de livramento condicional. 
Questão  2)  Maria,  mulher  solteira  de  40  anos,  mora  no  Bairro  Paciência,  na  cidade 
Esperança.  Por  conta  de  seu  comportamento,  Maria  sempre  foi  alvo  de  comentários 
maldosos por parte dos vizinhos; alguns até chegavam a afirmar que ela tinha “cara de quem 
cometeu  crime”.  Não  obstante  tais  comentários,  nunca  houve  prova  de  qualquer  das 
histórias contadas, mas o fato é que Maria é pessoa conhecida na localidade onde mora por 
ter má‐índole, já que sempre arruma brigas e inimizades.  
Certo  dia,  com  raiva  de  sua  vizinha  Josefa,  Maria  resolve  quebrar  a  janela  da 
residência desta. Para tanto, espera chegar a hora em que sabia que Josefa não estaria em 
casa e, após olhar em volta para ter certeza de que ninguém a observava, Maria arremessa 
com força, na direção da casa da vizinha, um enorme tijolo. Ocorre que Josefa, naquele dia, 
não havia saído de casa e o tijolo após quebrar a vidraça, atinge também sua nuca. Josefa 
falece instantaneamente.  
37 
 
COMENTÁRIOS DA PROVA DA ORDEM – 2ª FASE 
 
Nesse  sentido,  tendo  por  base  apenas  as  informações  descritas  no  enunciado, 
responda justificadamente:  
É  correto  afirmar  que  Maria  deve  responder  por  homicídio  doloso  consumado? 
(Valor: 1,25) 
A simples menção ou transcrição do dispositivo legal não pontua. 
Sugestão de padrão de resposta: 
Não,  pois  trata‐se  de  situação  configuradora  do  instituto  do  "resultado  diverso  do 
pretendido", previsto no artigo 74 do Código Penal, pois o dolo de Maria era somente de 
causar  dano  ao  patrimônio  de  sua  vizinha  Josefa,  e  não  de  matá‐la,  devendo  assim, 
responder criminalmente peloresultado diverso do pretendido à título de culpa, ou seja, por 
homicídio culposo. 
Questão 3) José, conhecido em seu bairro por vender entorpecentes, resolve viajar para Foz 
do Iguaçu (PR). Em sua bagagem, José transporta 500g de cocaína e 50 ampolas de cloreto 
de etila. Em Foz do  Iguaçu,  José  foi preso em  flagrante pela Polícia Militar em virtude do 
transporte das  substâncias entorpecentes. Na  lavratura do  flagrante,  José  afirma que  seu 
objetivo  era  transportar  a  droga  até  a  cidade  de  Porto  Vera  Cruz  (RS),  mencionando, 
inclusive, a passagem de avião que já havia comprado. 
Você  é  contratado  para  efetuar  um  pedido  de  liberdade  provisória  e  o  que  mais 
entender de Direito em favor de José. 
Atento  somente  ao  que  foi  narrado  na  hipótese  acima,  responda, 
fundamentadamente, aos itens a seguir: 
A) O órgão  competente para  julgamento é a  Justiça Estadual ou a  Justiça Federal? 
38 
 
COMENTÁRIOS DA PROVA DA ORDEM – 2ª FASE 
 
Justifique. (Valor: 0,75) 
B) Se José objetivasse apenas traficar drogas em Foz do Iguaçu, o órgão competente 
seria o mesmo do respondido no item A? Justifique. (Valor: 0,50) 
A simples menção ou transcrição do dispositivo legal não pontua. 
Sugestão de Padrão de resposta 
a) Em se tratando de tráfico interestadual, a competência é da Justiça Estadual, não havendo 
necessidade de  se  transpor  fronteiras par  sua  configuração,  conforme orientação  firmada 
pelo  próprio  STF,  no julgamento  do HC  99.452/MS,  rel.  Min.  Gilmar  Mendes,  j.  em 
8.10.2010.  Entretanto,  se  caracterizado  o  tráfico  transnacional,  a  competência  será  da 
Justiça  Federal,  conforme dispõe o  art.  70 da  Lei  11.343/2006. Assim, no  caso  em  tela,  a 
Justiça competente é a Estadual, haja vista que em nenhum momento restou evidenciada a 
transnacionalização do tráfico perpetrado por José, tendo sido o mesmo preso em flagrante 
em  Foz  do  Iguaçu  (PR),  ou  seja,  em  território  nacional,  tendo  ainda  informado  que  sua 
intenção  era  de  traficar  em  Porto  Vera  Cruz  (RS),  também  dentro  do  território  nacional, 
evidenciando assim, tratar‐se de tráfico interestadual de drogas. De maneira a reforçar esse 
entendimento,  trazemos  á  colação  o Verbete  Sumular  522  do  STF,  que  dispõe  que  salvo 
ocorrência de tráfico com o exterior, quando, então, a competência será da Justiça Federal, 
compete  a  justiça  dos  estados  o  processo  e  o  julgamento  dos  crimes  relativos  a 
entorpecentes. 
b) Se José objetivasse apenas traficar drogas em Foz do  Iguaçu, a competência continuaria 
sendo da Justiça Estadual, haja vista tratar‐se de tráfico realizado em território nacional. 
Questão  4)  Erika e Ana Paula,  jovens universitárias,  resolvem passar o dia  em uma praia 
paradisíaca, de difícil acesso  (feito através de uma  trilha), bastante deserta e  isolada,  tão 
isolada  que  não  há  qualquer  estabelecimento  comercial  no  local  e  nem mesmo  sinal  de 
39 
 
COMENTÁRIOS DA PROVA DA ORDEM – 2ª FASE 
 
telefonia  celular.  As  jovens  chegam  bastante  cedo  e,  ao  chegarem,  percebem  que,  além 
delas, há somente um salva‐vidas na praia. Ana Paula decide dar um mergulho no mar, que 
estava  bastante  calmo  naquele  dia.  Erika,  por  sua  vez,  sem  saber  nadar,  decide  puxar 
assunto com o salva‐vidas, Wilson, pois o achou muito bonito. Durante a conversa, Erika e 
Wilson percebem que têm vários interesses em comum e ficam encantados um pelo outro. 
Ocorre  que,  nesse  intervalo  de  tempo, Wilson  percebe  que Ana  Paula  está  se  afogando. 
Instigado  por  Erika,  Wilson  decide  não  efetuar  o  salvamento,  que  era  perfeitamente 
possível. Ana Paula, então, acaba morrendo afogada.  
Nesse  sentido,  atento  apenas  ao  caso  narrado  e  respondendo  de  forma 
fundamentada, indique a responsabilidade jurídico‐penal de Erika e Wilson. (Valor: 1,25) 
A simples menção ou transcrição do dispositivo legal não pontua. 
Sugestão de Padrão de resposta: 
De acordo com a questão formulada, Wilson, por ser considerado agente garantidor, tendo 
sua posição  jurídica previsão no artigo 13, §2º do CP, haja vista ser salva‐vidas, responderá 
em  razão  de  sua  omissão,  pelo  delito  de  homicídio  doloso  por  omissão  imprópria,  pois 
poderia  e  devia  ter  agido  para  impedir  o  resultado  morte  da  vítima,  quedando‐se, 
entretanto, inerte, dolosamente para que a mesma viesse à óbito, o que de fato ocorreu. 
Como Érika instigou Wilson para que este não efetuasse o salvamento da vítima Ana Paula, 
também responderá pelo crime de homicídio doloso, na condição de partícipe. (artigo 29 do 
CP) 
 
 
40 
 
COMENTÁRIOS DA PROVA DA ORDEM – 2ª FASE 
 
UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ 
X EXAME UNIFICADO DA OAB 
 
 
 
DIREITO DO TRABALHO 
COMENTÁRIOS DA PROVA DA ORDEM – 2ª FASE 
 
PEÇA PRÁTICO‐PROFISSIONAL 
Zenga Modas Ltda., CNPJ 1.1.0001/00, com  sede na Rua Lopes Quintas, 10  ‐ Maceió  ‐ AL, 
encontra‐se na seguinte situação: Joana Firmino, brasileira, casada, costureira, residente na 
Rua Lopes Andrade, 20 ‐ Maceió ‐ AL ‐ CEP 10.0001‐00, foi contratada, em 12.09.2008, para 
exercer  a  função  de  costureira,  na  unidade  de Maceió  ‐ AL,  sendo  dispensada  sem  justa 
causa em 11.10.2012, mediante aviso prévio indenizado. Naquele dia Joana entregou a CTPS 
à  empresa  para  efetuar  as  atualizações  de  férias,  e  tal  documento  ainda  se  encontra 
custodiado no setor de recursos humanos. 
Joana foi cientificada de que no dia 15.10.2012, às 10h, seria homologada a ruptura e pagas 
as verbas devidas no  sindicato de classe de  Joana. Contudo, na data e hora designadas, a 
empregada  não  compareceu,  recebendo  a  empresa  certidão  nesse  sentido  emitida  pelo 
sindicato. 
Procurado por Zenga Modas Ltda. em 17.10.2012, apresente a medida  judicial adequada à 
defesa dos interesses empresariais, sem criar dados ou fatos não informados, ciente de que 
a empregada fruiu férias dos períodos 2008/2009 e 2009/2010 e de que, no armário dela, foi 
encontrado  um  telefone  celular  de  sua  propriedade,  que  se  encontra  guardado  no 
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COMENTÁRIOS DA PROVA DA ORDEM – 2ª FASE 
 
almoxarifado da empresa. 
É desnecessária a indicação de valores. (Valor: 5,0) 
Sugestão de resposta: 
Endereçamento:  EXCELENTÍSSIMO  SENHOR  DOUTOR  JUIZ  DO  TRABALHO  DA  VARA  DO 
TRABALHO DE MACEIÓ ‐ ALAGOAS 
   
Qualificação da Partes: ZENGA MODAS  LTDA.,  inscrita no CNPJ  sob o nº1.1.0001/00,  com 
sede na Rua Lopes Quintas nº 10, Maceió, Alagoas, CEP.: ... vem a presença de V. Exª por seu 
advogado  regularmente  constituído,  indicando  para  os  efeitos  do  art.  39,  I,  do  CPC,  o 
endereço sito na Rua..., Cidade..., CEP..., propor a presente 
AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO 
com fundamento no art. 890, CPC c/c art. 769, CLT, em face de JOANA FIRMINO, brasileira, 
casada,  costureira, portadora da C.T.P.S. nº  ..., e da  carteira de  identidade nº..., expedida 
pelo ..., inscrito no CPF sob o nº ... e no PIS sob o nº..., residente e domiciliada na Rua Lopes 
Andrade  nº  20,  ...  Cidade...,  CEP.:  10.0001‐00,  pelos motivos  de  fato  e  de  direito  abaixo 
aduzidos: 
Do  contrato  de  trabalho:  A  Consignada  foi  contratada  pela  Consignante  em  12.09.2008, 
para exercer a função de costureira, com salário mensal no valor de R$....Foi dispensada sem 
justa  causa no dia 11.10.2012,  com aviso prévio  indenizado. A Consignada  foi  cientificada 
que em 15.10.2012 às 10 horas seria homologada a ruptura contratual e pagas as verbas no 
sindicato  de  classe,  mas  não  compareceu,  tendo  a  Consignante  recebido  certidão  nesse 
sentido  emitido  pelo  sindicato.  A  Consignada  entregou  sua  CTPS  para  as  atualizações  de 
férias  estando  tal  documento  custodiado  no  departamentode  recursos  humanos  da 
Consignante,  como  também  esqueceu  o  telefone  celular  que  se  encontra  guardado  no 
almoxarifado da empresa.  
Das verbas rescisórias, depósito da CTPS e do telefone celular  : Em virtude dispensa sem 
justa causa e a recusa da Consignada em receber o que lhe é devido, requer o depósito dos 
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COMENTÁRIOS DA PROVA DA ORDEM – 2ª FASE 
 
valores das verbas rescisórias: 11 dias de saldo de salário; aviso prévio proporcional de 42 
dias,  com  a  integração  ao  tempo de  serviço;  férias  integrais 2010/2011, em dobro;  férias 
integrais 2011/2012, de forma simples; férias proporcionais de 2/12, do período 2012/2013, 
todas  com  acréscimo  de  1/3;  décimo  terceiro  salário  proporcional  de  11/12;  entrega  das 
guias para saque do FGTS, com a indenização compensatória de 40% do FGTS e guias seguro 
desemprego, bem como o depósito da CTPS e do telefone celular. 
Da multa  do  art.  477,  §8º,  da  CLT  –  é  indevida  a multa  do  art.  477,§8º,  da  CLT,  pois  a 
Consignada não compareceu para receber as verbas rescisórias e o depósito judicial exclui a 
incidência da multa, por não caracterizar atraso no pagamento das verbas rescisórias. 
Pedido:  Pelo  exposto,  requer  a  consignação  da  CTPS,  do  telefone  celular  e  das  verbas 
rescisórias, quais  sejam: 11 dias de  saldo de  salário; aviso prévio proporcional de 42 dias, 
com a integração ao tempo de serviço; férias integrais 2010/2011, em dobro; férias integrais 
2011/2012, de  forma  simples;  férias proporcionais de 2/12, do período 2012/2013,  todas 
com acréscimo de 1/3; décimo terceiro salário proporcional de 11/12; entrega das guias para 
saque  do  FGTS,  com  a  indenização  compensatória  de  40%  do  FGTS  e  guias  seguro 
desemprego. 
Requerimentos finais: Requer a notificação citatória da Consignada para  levantamento dos 
valores  consignados  e  recebimento  da  CTPS  e  telefone  celular  ou,  querendo,  oferecer 
resposta,  sendo  ao  final  julgado  procedente  o  pedido  dando  quitação  geral  ao  extinto 
contrato de trabalho, com requerimento de produção de todos os meios de prova em direito 
admitidos e valor da causa. 
QUESTÃO 1 
Jessica  é  gerente,  de  uma  sapataria  e  é  responsável  por  oito  funcionários  da  filial, 
orientando  as  atividades  e  fiscalizando  as  tarefas  por  eles  realizadas,  tomando  todas  as 
medidas  necessárias  para  o  bom  andamento  dos  serviços,  inclusive  punindo‐os,  quando 
necessário. 
Jéssica  cumpre  jornada de 2ª  a 6ª  feira das 10h  às 20h  com  intervalo de uma hora para 
refeição e aos sábados das 10h às 17h, com pausa alimentar de uma hora e meia. No seu 
43 
 
COMENTÁRIOS DA PROVA DA ORDEM – 2ª FASE 
 
contracheque  existem,  na  coluna  de  crédito,  os  títulos  "salário"  ‐  R$  3.000,00  ‐  e 
"gratificação de função” ‐ R$ 1.000,00. 
Com base na hipótese acima, responda aos itens a seguir, de forma fundamentada. 
A)Quais são os elementos necessários para que um empregado seja considerado ocupante 
de cargo de confiança? (Valor: 0,65) 
B) Analise e  justifique  se é possível à empregada em questão  reivindicar o pagamento de 
horas extras. (Valor: 0,60) 
O  examinando  deve  fundamentar  corretamente  sua  resposta.  A  simples  menção  ou 
transcrição do dispositivo legal não pontua. 
 
Sugestão de resposta: 
 
a) Um empregado será considerado ocupante de cargo de confiança quando for detentor de 
poder  de  gestão,  de  comando,  de  fiscalização  e  possuir  empregados  que  lhe  são 
subordinados, podendo até aplicar punições. Na forma do art. 62, da CLT são os exercentes 
de cargos de gestão, os gerentes, os diretores, chefes de departamento ou filial. 
b) A empregada em questão poderá reivindicar o pagamento de horas extras, uma vez que 
os  exercentes  de  cargo  de  confiança  estão  excluídos  do  capitulo  da  duração  quando 
perceber gratificação de função de, no mínimo, 40% do cargo efetivo, nos termos do art. 62, 
parágrafo  único,  da  CLT.  No  caso,  a  gratificação  percebida  pela  empregada  é  inferior  a 
patamar previsto na lei, razão pela qual a empregada fará jus ao pagamento de horas extras, 
além  da  8ª  hora  diária  e  44ª  semanal,  nos  termos  do  art.  7º,  XVI,  da  CRFB/88,  pois 
trabalhava além dos limites previstos no art. 7º, XIII, da CRFB/88. 
 
QUESTÃO 2 
44 
 
COMENTÁRIOS DA PROVA DA ORDEM – 2ª FASE 
 
Numa  reclamação  trabalhista  movida  em  litisconsórcio  passivo,  o  autor  e  a  empresa 
reclamada  "X"  (sociedade  de  economia mista)  foram  vencidos  reciprocamente  em  alguns 
pedidos, tendo ambos se quedado  inertes no prazo recursai. Porém, a empresa reclamada 
"Y"  (pessoa  jurídica de direito privado),  vencida  também em  relação  a  alguns pedidos na 
referida  ação  trabalhista,  interpôs  recurso  ordinário,  com  observância  dos  pressupostos 
legais de admissibilidade, tendo inclusive efetuado o preparo. Em seguida, o Juiz do Trabalho 
notificou as partes para que oferecessem suas razões de contrariedade, em  igual prazo ao 
que teve o recorrente. 
Considerando  os  fatos  narrados  acima,  responda,  de  forma  fundamentada,  aos  itens  a 
seguir. 
A) Analise a possibilidade de o autor recorrer, ou não, dos pedidos em que foi vencido, e de 
que maneira isso se daria, se possível for. (Valor: 0,65) 
B) Caso  ambas  as  empresas  tivessem  recorrido  ordinariamente,  e  tendo  a  empresa  "Y" 
requerido  sua  exclusão  da  lide,  analise  e  justifique  quanto  à  necessidade,  ou  não,  de  a 
reclamada "X" efetuar preparo. (Valor: 0,60) 
A simples menção ou transcrição do dispositivo legal não pontua. 
 
Sugestão de resposta: 
a) O Autor poderá recorrer, por meio do recurso ordinário adesivo, nos termos do art. 500, 
do CPC c/c art. 895, I, da CLT, cabível no Processo do Trabalho no prazo de 8 (oito) dias, na 
forma  do  entendimento  contido  na  Súmula  n  283,  do  TST,  sendo  desnecessário  que  a 
matéria nele veiculada esteja relacionada com a do recurso interposto pela parte contrária. 
b) Caso a empresa X queira  recorrer deverá efetuar o depósito  recursal, uma vez que nos 
termos do entendimento contido na Súmula nº 128, III, do TST o depósito recursal efetuado 
por uma das empresas apenas aproveita a outra quando, havendo condenação solidária o 
depósito recursal tenha sido realizado pela empresa que não pretende sua exclusão da lide. 
No caso, a empresa Y, pretende sua exclusão da lide, logo o depósito recursal realizado não 
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COMENTÁRIOS DA PROVA DA ORDEM – 2ª FASE 
 
aproveita a empresa X, que deverá efetuar o depósito recursal, sob pena de o seu recurso 
ser considerado deserto.  
QUESTÃO 3 
DEMÉTRIO ajuizou  reclamação  trabalhista pleiteando o pagamento de multas previstas no 
instrumento  normativo  de  sua  categoria,  cujo  destinatário  é  o  empregado  lesado,  em 
virtude do descumprimento, pelo empregador, da quitação do  adicional de 50%  sobre  as 
horas extras e do acréscimo de 1/3 nas férias. Em contestação, a reclamada sustentou que 
tais multas eram indevidas porque se tratava de meras repetições de dispositivo legal, sendo 
que a CLT não prevê multa para o empregador nessas hipóteses. Adiciona e comprova que, 
no tocante à multa pelo descumprimento do terço de férias, isso já é objeto de ação anterior 
ajuizada  pelo  mesmo  reclamante  e  que  tramita  em  outra  Vara,  atualmente  em  fase  de 
recurso. 
Responda, justificadamente, aos itens a seguir. 
A) Analise se são válidas as multas previstas no instrumento normativo. (Valor: 0,65) 
B) Informe que  fenômeno  jurídico processual ocorreu em relação ao pedido de multa pela 
ausência de pagamento do terço das férias. (Valor: 0,60) 
A simples menção ou transcrição do dispositivo legal não pontua. 
Sugestão de resposta: 
a)  São  válidasas  multas  previstas  nos  instrumentos  normativos,  pois  de  acordo  com  o 
entendimento consagrado na Súmula nº 384,  II, do TST, é aplicável a multa prevista no 
instrumento  normativo  na  hipótese  de  descumprimento  de  obrigação  prevista  em  lei, 
ainda que a norma coletiva seja mera repetição do texto legal.  
 
b) O  fenômeno  jurídico  processual  que  ocorreu  em  relação  ao  pedido  de  multa  pela 
ausência  de  pagamento  do  terço  das  férias  foi  a  litispendência,  uma  vez  que  houve 
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COMENTÁRIOS DA PROVA DA ORDEM – 2ª FASE 
 
repetição de ação  idêntica, com as mesmas partes, pedido e causa de pedir e que ainda 
está em curso em fase recursal, conforme art. 301, §§ 1º, 2º e 3º, do CPC c/c art. 769, da 
CLT.  Sendo  assim,  em  virtude  da  litispendência,  o  processo  deve  ser  extinto  sem 
resolução do mérito em relação a esse pedido, nos termos do art. 267, V, do CPC. 
QUESTÃO 4 
Pedro  trabalhou  numa  empresa  de  10.02.2011  a  20.05.2013,  quando  foi  dispensado  sem 
justa causa e recebeu as. verbas devidas. Após, ajuizou ação pleiteando a participação nos 
lucros  (PL)  de  2013,  prevista  em  acordo  coletivo.  requerendo  que  o  cálculo  fosse 
proporcional  ao  tempo  trabalhado.  Defendendo‐se,  a  empresa  advoga  que  a  parcela  é 
indevida porque uma das condições para o recebimento da PL, prevista no acordo coletivo, é 
que o empregado esteja com o contrato em vigor no mês de dezembro de 2013, o que não 
ocorre no caso. 
Diante dessa situação, responda: 
A) Pedro tem direito à participação proporcional nos lucros de 2013? Justifique sua resposta. 
(Valor: 0,65) 
B) Analise  se  a  participação  nos  lucros  está  sujeita  a  alguma  incidência  tributária. 
Justifique sua resposta. (Valor: 0,60) 
A simples menção ou transcrição do dispositivo legal não pontua. 
Sugestão de resposta: 
a) Sim, Pedro  tem direito à participação nos  lucros de  forma proporcional, pois de acordo 
com o entendimento contido na OJ nº 390, da SDI‐I, do TST,  fere o princípio da  isonomia 
instituir vantagem mediante norma coletiva que condiciona a percepção da participação nos 
lucros e resultados ao fato de o contrato de trabalho estar em vigor na data prevista para a 
distribuição dos  lucros. Dessa  forma, é devido o pagamento da participação dos  lucros de 
forma proporcional aos meses  trabalhados, uma vez que o empregado  concorreu para os 
resultados favoráveis pelo empregador.  
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COMENTÁRIOS DA PROVA DA ORDEM – 2ª FASE 
 
 
b) A participação nos  lucros será tributada na fonte, em separado dos demais rendimentos 
recebidos no mês, como antecipação do imposto de renda, nos termos do art. 3º, §5º, da Lei 
nº  10.101/00,  estando,  portanto,  sujeita  a  incidência  do  imposto  de  renda,  embora  não 
constitua base de incidência de nenhum encargo trabalhista. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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COMENTÁRIOS DA PROVA DA ORDEM – 2ª FASE 
 
UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ 
X EXAME UNIFICADO DA OAB 
 
 
 
 
DIREITO TRIBUTÁRIO 
COMENTÁRIOS DA PROVA DA ORDEM – 2ª FASE 
 
Por Prof. Claudio Carneiro: 
PEÇA PRÁTICO‐PROFISSIONAL: Em ação de indenização, em que determinada empresa fora 
condenada a pagar danos materiais e morais a Tício Romano, o juiz, na fase de cumprimento 
de  sentença,  autorizou  a  liberação  parcial  do  pagamento  efetuado  pelo  executado  e 
determinou a dedução do percentual de 27,5% a título de imposto de renda sobre os valores 
depositados. Determinou ainda a expedição do mandado de pagamento relativo ao depósito 
da condenação e a baixa e arquivamento dos autos. 
Na  qualidade  de  advogado  de  Tício,  redija  a  peça  processual  adequada  que  deve  ser 
proposta em oposição a tal retenção, já superada qualquer dúvida sobre o teor da decisão. A 
peça deve  abranger  todos os  fundamentos de direito que possam  ser utilizados para dar 
respaldo à pretensão do  cliente,  sendo  certo que a publicação da decisão mencionada  se 
deu na data de hoje (dia da realização desta prova). 
Resposta:  Apesar  do mérito  estar muito  bem  definido  quanto  à  não  incidência  do  IR  na 
questão,  a  identificação  da  peça  da  prova  exige  um  esforço  interpretativo  que  vem 
despertando polêmica. A grande questão é justamente saber o que o examinador quis dizer 
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COMENTÁRIOS DA PROVA DA ORDEM – 2ª FASE 
 
ao  relatar  os  fatos,  como,  por  exemplo,  a  retenção  do  IR.  Significa  que  houve  de  fato  o 
recolhimento aos cofres públicos? Quando foi dito que "já superada qualquer dúvida quanto 
ao teor da decisão", foi apenas para afastar os embargos declaratórios? 
Bem, assim temos que: Caso se entenda que quando o examinador se referiu a retenção na 
fonte, houve de  fato o recolhimento ao cofre da União, caberia uma ação de repetição de 
indébito, posto que enfatizou a peça processual em oposição a tal decisão. Contudo, quando 
a questão diz que houve a publicação da decisão na data de hoje permite a interpretação de 
que  estaríamos  diante  de  um  recurso,  pois  a  data  de  hoje,  em  si mesma,  não  seria  tão 
relevante, já que o prazo para o ajuizamento da ação repetitória seria de cinco anos. Sendo 
assim, as peças recursais possíveis de serem admitidas seriam, o agravo de instrumento e a 
apelação.  Em  se  tratando  de  cumprimento  de  sentença,  a  regra  seria  o  agravo  de 
instrumento, contudo, considerando a informação dada na questão de que o processo teria 
sido  arquivado  com  baixa,  parece‐me  que  a melhor  opção  seria  a  apelação  com  base  na 
interpretação sistemática do CPC, em especial o art. 475‐M, par. 3o do CPC. 
(Ver  fundamentação  na  Página  410  do  Livro:  CARNEIRO,  Claudio.  Impostos  Federais, 
Estaduais e Municipais, 4ª Edição, 2013 – Saraiva. 
QUESTÃO 1: O Município “Z”  ingressa com execução  fiscal por conta de débito do  ISS em 
face da empresa Bom Negócio Arrendamento Mercantil, da qual o Banco Bom Negócio S/A é 
sócio, pertencendo ambas ao mesmo grupo econômico. 
Com  base  no  caso  apresentado,  responda  justificadamente,  utilizando  todos  os 
fundamentos jurídicos aplicáveis à espécie. 
A) Poderia  o  Banco  Bom Negócio  S/A  ser  parte  legítima  na  execução  fiscal?  Responda 
fundamentada. 
 
B) Quais são os requisitos que devem estar presentes para o reconhecimento de eventual 
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COMENTÁRIOS DA PROVA DA ORDEM – 2ª FASE 
 
solidariedade entre as duas empresas? 
 
Resposta: 
O artigo 124 do CTN dispõe hipóteses de solidariedade, a saber, nos casos das pessoas que 
tenham  interesse comum na  situação que  constitua o  fato gerador da obrigação principal 
(inciso I), e para as pessoas expressamente designadas por lei (inciso II). 
Todavia por  se  tratar de grupo econômico, o  candidato deve mencionar o  inciso  I do art. 
124,  CTN  abordando  o  entendimento  do  STJ  afirmando  que  para  se  caracterizar  a 
responsabilidade  solidária  as  empresas  do  mesmo  grupo  deveriam  ter  atuado 
conjuntamente na situação que configura o fato gerador, não sendo relevante a participação 
do  resultado  dos  eventuais  lucros  auferidos  pela  empresa  coligada,  afinal,  são  pessoas 
jurídicas diferentes e não  se pode  confundir  a  condição de  sujeito passivo não ostentada 
pelo Banco Bom Negócio S/A, conforme dispõe o artigo 121, CTN  
 
Art. 121  ‐ Sujeito passivo da obrigação principal é a pessoa obrigada ao pagamento 
de tributo ou penalidade pecuniária. 
 
Parágrafo único. O sujeito passivo da obrigação principal diz‐se: 
 
I ‐ contribuinte, quando tenha relação pessoal e direta com a situação que constitua 
o respectivo fato gerador; 
 
II  ‐  responsável,  quando,  sem  revestir  a  condição  de  contribuinte,  sua  obrigação 
decorra de disposição expressa de lei. 
 
Ademais,  podemos

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