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Guia Empreendedorismo

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Guia de Estudo - Empreendedorismo 
 
 
 
 
 
Guia de Estudo 
 
 
 
 
Empreendedorismo 
 
 
 
 
 
Graduação Geral 
 
 
 
2010 
Porto Velho/RO 
24/03/2009 
Guia de Estudo - Empreendedorismo 
 
 
 
 
 
MARCUS ROBERTO RIBEIRO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
GUIA DE ESTUDO 
EMPREENDEDORISMO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Orientar alunos das disciplinas 
semipresenciais e a distância das 
Faculdades São Lucas e São Mateus. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Porto Velho/RO 
2010
Guia de Estudo - Empreendedorismo 
 
 
 
 
Guia de Estudo - Empreendedorismo 
 
 
 
 
 
Faculdade São Mateus 
Faculdade São Lucas 
 
Coordenação de Educação a Distância - EAD 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Centro de Ensino São Lucas 
Rua. Alexandre Guimarães, 1927 – Areal 
Porto Velho – RO – 78.916-450 
Fone: (69) 3211-8009 
 
 
Faculdade de Tecnologia São Mateus - FATESM 
Rua. Alexandre Guimarães, 1927 – Areal 
Porto Velho – RO – 78.916-450 
Fone: (69) 3211-8009 
 
 
 
 
 
 
 
Porto Velho/RO 
2010
Guia de Estudo - Empreendedorismo 
 
 
 
 
 
DIRETORA GERAL 
Maria Eliza de Aguiar e Silva 
 
VICE-DIRETORA 
Eloá de Aguiar Gazola 
 
COORDENADOR DE EAD 
José Lucas Pedreira Bueno 
 
SUPERVISORA PEDAGÓGICA 
Hélia Cardoso Gomes da Rocha 
 
DESGIN INSTRUCIONAL 
Humberta Gomes Machado Porto 
 
REVISOR DE TEXTO 
Wibison Menezes Silva 
 
SUPERVISORA DE TECNOLOGIA 
Sara Luíze Oliveira Duarte 
 
ADMINISTRADOR DO AMBIENTE VIRTUAL DE APRENDIZAGEM 
Marque Onel dos Santos Souza 
 
DESIGN/DIAGRAMAÇÃO 
Diênife Silva de Miranda 
 
 
 
 
 
 
O AUTOR 
 
MARCUS ROBERTO RIBEIRO - marcuspvh@hotmail.com 
 
 
 
Bacharel em Administração de Empresas pela Universidade de Taubaté – UNITAU. Pós-
Graduação em Administração e Estratégia Empresarial pela ULBRA/PVH. Mestrando em 
Gestão e Desenvolvimento Regional pela Universidade de Taubaté – UNITAU. Atualmente 
trabalha como Professor Universitário e atua na área de Educação a Distância como 
Professor Conteudista. 
 
 
 
 
 
Guia de Estudos - Empreendedorismo 
 
 
 
 
ÍCONES 
Realize. Determina a existência de atividade a ser realizada. 
Este ícone indica que há um exercício, uma tarefa ou uma prática para ser 
realizada. Fique atento a ele. 
Pesquise. Indica a exigência de pesquisa a ser realizada na busca por mais 
informação. 
 
Pense. Indica que você deve refletir sobre o assunto abordado para responder a 
um questionamento. 
 
Conclusão. Todas as conclusões sejam de ideias, partes ou unidades do curso 
virão precedidas desse ícone. 
 
Importante. Aponta uma observação significativa. Pode ser encarado como um 
sinal de alerta que o orienta para prestar atenção à informação indicada. 
 
Hiperlink. Indica um link (ligação), seja ele para outra página do módulo 
impresso ou endereço de Internet. 
 
Exemplo. Esse ícone será usado sempre que houver necessidade de 
exemplificar um caso, uma situação ou conceito que está sendo descrito ou 
estudado. 
Sugestão de Leitura. Indica textos de referência utilizados no curso e também 
faz sugestões para leitura complementar. 
 
Aplicação Profissional. Indica uma aplicação prática de uso profissional ligada 
ao que está sendo estudado. 
 
Checklist ou Procedimento. Indica um conjunto de ações para fins de 
verificação de uma rotina ou um procedimento (passo a passo) para a realização 
de uma tarefa. 
Saiba Mais. Apresenta informações adicionais sobre o tema abordado de forma a 
possibilitar a obtenção de novas informações ao que já foi referenciado. 
 
Revendo. Indica a necessidade de rever conceitos estudados anteriormente. 
 
 
Guia de Estudo - Empreendedorismo 
 
 
 
Conteúdo 
 
1 APRESENTAÇÃO ........................................................................................... 7 
2 A DISCIPLINA ................................................................................................. 9 
2.1 Ementa .................................................................................................. 9 
2.2 Interdisciplinaridade .............................................................................. 9 
2.3 Considerações Iniciais .......................................................................... 9 
2.4 Objetivos ............................................................................................. 10 
2.5 Metodologia ......................................................................................... 10 
UNIDADE 1 - INTRODUÇÃO AO EMPREENDEDORISMO ............................ 11 
UNIDADE 2 - TIPOS DE EMPREENDEDOR ................................................... 42 
UNIDADE 3 - PERFÍL DO EMPREENDEDOR E CARACTERISTÍCAS ........... 64 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................... 129 
 
Guia de Estudo - Empreendedorismo 
 
 
 
7 
1 APRESENTAÇÃO 
 
Seja bem-vindo (a)! 
Este é o seu Guia de Estudos da Disciplina de Empreendedorismo, 
ministrada de forma semipresencial no seu curso de graduação. 
O nosso programa é baseado em uma das mais modernas propostas 
metodológicas de ensino contemporâneo, a EAD. Organizado de forma 
dinâmica e capaz de focar sua atenção para o melhor aproveitamento e 
desenvolvimento de suas habilidades, utiliza instrumentos pedagógicos 
eficazes, possibilitando-lhe elaborar conceitos e construir a sua crítica, 
desenvolvendo sua atitude política com uma educação aliada à construção da 
cidadania. 
 A educação e toda a prática docente implicam numa ação social, 
visando à inserção do indivíduo na sociedade a que pertence. Portanto, 
envolvem características políticas, e de caráter conscientizador, sem 
tendências partidárias, buscando um cidadão pleno em sua autonomia. 
Qualquer que seja a profissão escolhida, você estará inserido em uma 
sociedade, como parte integrante dela e com responsabilidades. 
Como vivemos a globalização de uma maneira jamais vista, temos a 
necessidade de estabelecer um diálogo com todos os instrumentos 
transformadores da sociedade que pertencem a esse processo. Portanto, o 
mundo virtual não pode ser nosso desconhecido, muito menos a possibilidade 
das relações humanas que esse mundo tem como instrumento integrador. 
Para iniciarmos, convido você a conhecer o trecho do Livro do 
Bernardinho. Boa Leitura! 
Guia de Estudo - Empreendedorismo 
 
 
 
8 
 
Então, desafio proposto. Inicie a caminhada sem perder o foco, pois o 
seu sucesso será sempre alcançado pelo trabalho! 
 
 Prof. Esp. Marcus Roberto Ribeiro 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“Uma aranha realiza operações que se assemelham às do 
tecelão e uma abelha envergonha alguns mestres-de-obras 
humanos com a construção de seus favos de cera. Mas o que 
distingue de início o pior dos mestres-de-obras da melhor 
abelha é que ele construiu o favo na sua cabeça antes de 
construí-lo em cera. No fim do processo de trabalho surge um 
resultado que no início do mesmo já existia na imaginação do 
trabalhador, portanto já tinha existência ideal”. 
 
Karl Marx, in Paul Singer (2000:7) 
Guia de Estudo - Empreendedorismo 
 
 
 
9 
2 A DISCIPLINA 
 
2.1 Ementa 
 
Definições de Empreendedorismo na visão de diversos autores; Cultura 
Empreendedora; Tipos de Empreendedores; Perfil Empreendedor e 
Características; Os Dez Comportamentos de um Empreendedor. 
 
2.2 Interdisciplinaridade 
 
 A mesma será desenvolvida de maneira interdisciplinar,relacionando os 
tópicos básicos da disciplina com os demais conteúdos acadêmicos do curso. 
Nesta perspectiva, o ensino e a aprendizagem ganham significado e prática e 
são enriquecidos com os múltiplos sentidos explorados na matéria, com 
resultados práticos que se constituem como resultado das atividades 
disciplinares. 
 
2.3 Considerações Iniciais 
 
Empreendedorismo e pequenos negócios são frequentemente 
discutidos, mas o conteúdo de cada um desses conceitos varia enormemente 
de um lugar para outro, de país para país, de autor para autor. 
Nos últimos anos, tem havido espaço para uma multidão de 
especialistas no campo do empreendedorismo. Podemos até mesmo dizer que, 
existe hoje, um ramo de pesquisa rotulado de ―empreendedorismo‖. 
Da economia e das ciências do comportamento surgem os principais 
autores, mas o assunto percorre muitas outras disciplinas. 
Portanto, é dentro de farta documentação que apresentamos os 
significados mais correntes ligados ao empreendedorismo. 
 
Guia de Estudo - Empreendedorismo 
 
 
 
10 
2.4 Objetivos 
 
Ao final da disciplina o aluno deverá ser capaz de: 
 Introduzir o Empreendedorismo como ciência e sua importância; 
 Compreender o conceito de Empreendedorismo; 
 Compreender os mitos e diferenças entre Empreendedor Natu e 
Formação de Empreendedor; 
 Compreender o conceito dos diversos tipos de Empreendedores; 
 Entender o papel dos tipos de Empreendedores para sociedade; 
 Conhecer as características e comportamentos empreendedores; 
 Compreender os comportamentos e características empreendedoras 
necessárias para a formação de um empreendedor; 
 Entender como as características e comportamentos empreendedores 
influenciam e interferem na vida profissional e social das pessoas. 
 
2.5 Metodologia 
 
Serão desenvolvidas várias atividades ao longo do curso no Ambiente 
Virtual de Aprendizagem, onde o aluno deverá decidir um tempo para construir 
conhecimentos específicos na área de empreendedorismo. 
 
 
 
Está pronto para iniciarmos nossa jornada? 
 
 
Guia de Estudo - Empreendedorismo 
 
 
 
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UNIDADE 1 - INTRODUÇÃO AO 
EMPREENDEDORISMO 
Ao final do estudo dessa unidade você deverá ser capaz 
de: 
 
 Introduzir o Empreendedorismo como ciência e entender sua 
importância; 
 Compreender o conceito de Empreendedorismo; 
 Compreender os mitos e diferenças entre Empreendedor 
Natu e Formação de Empreendedor. 
 
 
APRESENTAÇÃO 
Oi! Venha comigo e vamos construir conhecimentos. 
Quero que você perceba que a necessidade de leitura e 
atenção é muito importante para você conseguir entender tudo 
o que estaremos mostrando nesse curso. 
Esse é o nosso contrato firmado aqui. Nós lhe daremos 
todo o aparato pedagógico e tecnológico. O seu compromisso 
é dar toda atenção e disponibilidade durante as aulas, nos 
exercícios propostos e pesquisas a serem feitas. Ao final do 
curso, o prêmio será seu! Conhecimento ninguém rouba. Não 
pode ser desapropriado. Enfim, trata-se do seu tesouro. 
 
O QUE É EMPREENDEDORISMO? 
A disciplina que você está acompanhando é 
empreendedorismo. Então, vamos fazer uma pequena 
sondagem para ver como você está em relação aos 
conhecimentos previstos para esta unidade. Na Idade Média, o 
termo ―empreendedor‖ passou a abranger tanto um 
participante quanto um administrador de grandes projetos de 
produção. O empreendedor não assumia riscos e usava os 
recursos fornecidos, em geral pelo governo do país. Já no 
Século XVII, desenvolveu-se a reemergente conexão de risco 
Guia de Estudo - Empreendedorismo 
 
 
 
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com o empreendedorismo, em que o empreendedor assumia 
um contrato fixo com o governo, assumindo os eventuais 
lucros ou prejuízos. Richard Cantillon, economista e escritor 
nos anos 1700, considerado por alguns o criador do termo 
empreendedorismo, desenvolveu uma das primeiras teorias do 
empreendedor como alguém que corria riscos, observando que 
comerciantes, fazendeiros, artesãos e outros proprietários 
individuais operavam com riscos ao efetuar compras com um 
preço certo e vender a um preço incerto. (HISRICH e 
PETERS, 2004) 
 No Século XVIII, tendo como uma das causas dessa 
incerteza de mercado a industrialização, o empreendedor foi 
diferenciado do fornecedor de capital, atualmente, investidor de 
risco. Enquanto Eli Whitney financiava o estudo para um 
desencaroçador de algodão com recursos da coroa britânica, 
Thomas Edison desenvolveu estudos no campo da eletricidade 
e da química através de fontes particulares de capital. Ambos 
eram, portanto, empreendedores, utilizando capital proveniente 
de investidores de risco para desenvolver seus projetos. 
(HISRICH e PETERS, 2004) 
 No final do Século XIX e início do Século XX, não havia 
a distinção de empreendedores e gerentes. Os 
empreendedores passaram a ser vistos sob uma perspectiva 
econômica, organizando e operando uma empresa para lucro 
pessoal, como por exemplo, Andrew Carnegie, que não fez 
nenhum invento, mas adaptou e desenvolveu nova tecnologia 
na criação de produtos e promoveu grande desenvolvimento 
para a indústria de aço americana, através de sua busca por 
competitividade, em vez de inventividade ou criatividade. 
(HISRICH e PETERS, 2004) 
 Os autores citados anteriormente (2004) observam que 
a conceituação de empreendedorismo atualmente está ligada à 
ideia de inovação, englobando não somente a capacidade de 
criar e conceitualizar, mas também o entendimento das forças 
Guia de Estudo - Empreendedorismo 
 
 
 
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que atuam no ambiente: ―A novidade pode ser desde um novo 
produto e um novo sistema de distribuição, até um método 
para desenvolver uma nova estrutura organizacional‖. (p. 29) 
 De fato, podemos constatar que ao longo do século XX, 
os processos de desenvolvimento científico e de inovação 
tecnológica foram muito intensos, tendo a humanidade 
experimentado um salto na produção de conhecimentos, algo 
jamais verificado anteriormente na história. Pense sobre o que 
você leu e viu até aqui. Tente entender, e não decorar! Aquilo 
que você entende, não esquece. Pode ser um exemplo rústico, 
mas é muito válido. 
 
Dicionário da Língua Portuguesa Aurélio (1986) 
Empreendedor: (ô) Adj. 1. Que empreende; ativo, 
arrojado, cometedor. l S.m. 2. Aquele que 
empreende; cometedor. 
 
Grande Dicionário Enciclopédico Larousse (1983) 
 
– Chefe de uma empresa. 
– Chefe de uma empresa especializada na construção, 
nos trabalhos públicos, nos trabalhos de habitação. 
– Pessoa que, perante contrato de uma empresa, recebe 
remuneração para executar determinado trabalho ou 
aufere lucros de outra pessoa, chamada mestre-de-obras. 
A idéia de empreendedor é associada inicialmente à idéia 
de criação de um negócio por meio de capitais pessoais. 
Empreendedor é a pessoa que levanta o capital. A gestão 
de um negócio criado requer também qualidades de 
empreendedor. 
 
 
Nova Larousse Clássica (1959) 
Aquela pessoa que efetua uma obra, para um 
cliente, sem se subordinar a ele. Chefe de uma 
empresa artesanal ou industrial. 
 
Pearce (1981) 
Refere-se ao fator organizacional na produção. 
 
Reuters (1982) 
Guia de Estudo - Empreendedorismo 
 
 
 
14Alguém que provê fundos para uma empresa e, 
assim, assume os riscos. 
 
Robert Dicionário (1963) 
 
 
– Aquele que empreende qualquer coisa. 
– Pessoa que se encarrega da execução de um trabalho 
por contrato empresarial. 
– Toda pessoa que dirige um negócio por sua própria 
competência e que coloca em execução os diversos 
fatores de produção tendo em vista vender os produtos 
ou serviços. 
 
Dicionário Webster (1970) 
Pessoa que organiza e gera um negócio, 
assumindo o risco em favor do lucro. 
 
Dicionário de Ciências Sociais (1964) 
O termo empreendedor denota a pessoa que 
exercita total ou parcialmente as funções de: 
iniciar, coordenar, controlar e instituir maiores 
mudanças no negócio da empresa; e/ ou assumir 
os riscos, nessa operação, que decorrem da 
natureza dinâmica da sociedade e do 
conhecimento imperfeito do futuro e que não pode 
ser convertido em certos custos através de 
transferência, cálculo ou eliminação. 
 
PENSADORES (Empreendedor e Empreendedorismo) 
Estudado por diversos pensadores e pesquisadores, 
desde Cantillon (1755), passando por Schumpeter (1934) até 
os contemporâneos Drucker (1979), Pinchot (1985), Filion 
(1986), Dolabela (1986), Leite (2000) entre outros, o 
empreendedorismo revela-se num vasto campo para a 
pesquisa (RIBEIRO, 2003). 
O interesse por compreender o que é o 
empreendedorismo, como se comportam os empreendedores 
e o impacto que causam na economia, tem crescido em todo o 
mundo. No entanto, conforme Hisrich e Peters (2004), ainda 
não há uma definição concisa e internacionalmente aceita 
sobre o assunto. 
Conforme Dornelas (2001), nos Estados Unidos, o termo 
empreendedorismo é conhecido e referenciado há muitos 
Guia de Estudo - Empreendedorismo 
 
 
 
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anos. Visto que, é neste país que o capitalismo tem sua 
caracterização mais intensa, enquanto que no Brasil, houve 
uma intensificação de sua difusão no final da década de 90. 
 ―No caso brasileiro, a preocupação com a criação 
de pequenas empresas duradouras e a 
necessidade da diminuição das altas taxas de 
mortalidade desses empreendimentos são, sem 
dúvida, motivos para a popularização do termo 
empreendedorismo, que tem recebido especial 
atenção por parte do governo e de entidades de 
classe‖. 
 
AITKEN: IDEIA DE INOVAÇÃO 
―...As características convencionalmente associadas com 
empreendimento – liderança, inovação, risco e outros – estão 
tão associadas ao seu conceito que, em uma cultura altamente 
comercializada como a nossa, fazem parte das características 
essenciais da efetiva organização dos negócios. 
―Pela mesma lógica, em uma cultura diferentemente orientada, 
as características típicas de um empreendimento diferem.‖ 
(1963) 
―... contudo, por definição, empreendedorismo sempre envolve, 
explícita ou implicitamente, a ideia de inovação.‖ (1965) 
Arthur Cole (1959, apud HASHIMOTO, 2006, p.4) definiu 
empreendedorismo como ―a atividade com propósito de iniciar, 
manter e aumentar uma unidade de negócios voltada ao lucro, 
para a produção ou distribuição de bens e serviços‖. 
 
BAUMOL: INOVAÇÃO/LIDERANÇA 
O empreendedor (queira ou não de fato, também exerce 
a função de gerente) tem uma função diferente. É seu trabalho 
localizar novas ideias e colocá-las em prática. Ele deve liderar 
e talvez, ainda, inspirar; ele não pode deixar que as coisas se 
tornem rotineiras e, para ele, a prática de hoje jamais será 
suficientemente boa para amanhã. Em resumo, ele é inovador 
e algo mais. Ele é o indivíduo que exercita o que na literatura 
da administração é chamado de ―liderança‖. E é ele quem está 
Guia de Estudo - Empreendedorismo 
 
 
 
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virtualmente ausente. Ou seja, mesmo não estando, ele é 
percebido como se estivesse (1968). 
Belshaw: iniciativa 
―Um empreendedor é alguém que toma a iniciativa nos 
recursos administrativos (1955).‖ 
Brereto: inovação, promoção. 
―Empreendedorismo – a habilidade de criar uma atividade 
empresarial crescente onde não existia nenhuma 
anteriormente.‖ (1974) 
Casson: economicidade 
―Um empreendedor é alguém que se especializa em tomar 
decisões determinantes sobre a coordenação de recursos 
escassos.‖ (1982) 
Carland e outros: práticas estratégicas inovativas 
―Um empreendimento empresarial é aquele que se engaja em 
pelo menos uma das quatro categorias de comportamento de 
Schumpeter (pensador do empreendedorismo), isto é, os 
principais objetivos de um empreendimento empresarial são 
lucratividade e crescimento e o negócio é caracterizado pelas 
práticas estratégicas inovativas‖. 
Empreendedor: um empreendedor é um indivíduo que 
estabelece e gera um negócio com a principal intenção de 
lucro e crescimento. 
―O empreendedor é caracterizado, principalmente, pelo 
comportamento inovativo e pelo emprego de práticas 
estratégicas de gerenciamento no negócio.‖ (1984) 
Chiavenato (2004: 3), ―O termo empreendedorismo – do 
francês entrepreuner – significa aquele que assume riscos e 
começa algo novo‖. 
Cunningham e Lischeron (1991, apud HASHIMOTO, 2006, 
p.2): Classificaram os estudos sobre empreendedorismo em 
seis escolas: 
1. A Escola Bibliográfica: estuda a história de vida de 
grandes empreendedores, mostrando que a pessoa 
Guia de Estudo - Empreendedorismo 
 
 
 
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simplesmente nasce empreendedora e que os traços 
empreendedores não podem ser desenvolvidos. 
2. A Escola Psicológica: assume que o empreendedor 
desenvolve uma série de atitudes, crenças e valores que 
moldam sua personalidade. 
3. A Escola Clássica: crê que o empreendedor é aquele 
que ―cria‖ algo, e não simplesmente o ―possui‖. 
4. A Escola da Administração: sugere que o empreendedor 
é uma pessoa que organiza e administra um negócio. 
5. A Escola da Liderança: mostra que o empreendedor é 
um líder que mobiliza as pessoas em torno de objetivos e 
propósitos. 
6. A Escola Corporativa: diz que as habilidades 
empreendedoras podem ser úteis em organizações complexas. 
Dolabela (2000) ensina que o termo ―designa uma área de 
grande abrangência e trata de outros temas, além da criação 
de empresas‖. 
Geração do auto-emprego (trabalhador autônomo); 
 Empreendedorismo comunitário (como as comunidades 
empreendem); 
 Intra-empreendedorismo (o empregado empreendedor); 
 Políticas públicas (políticas governamentais para o 
setor). (p. 29) 
Na literatura também são encontradas referências no 
sentido de relacionar a simples abertura de novas empresas ao 
conceito de empreendedorismo 
Drucker: prática/visão de mercado/evolução 
―O trabalho específico do empreendedorismo numa 
empresa de negócios é fazer com que os negócios de hoje 
sejam capazes de fazer o futuro, transformando-se em um 
negócio diferente.‖ (1974) 
―Empreendedorismo não é nem ciência, nem arte. É 
uma prática.‖ 
―A gerência do empreendedor (empresarial) dentro da 
Guia de Estudo - Empreendedorismo 
 
 
 
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nova abordagem possui quatro requisitos: Requer, primeiro, 
uma visão para o mercado; Segundo: provisão financeira, e, 
particularmente, um planejamento, fluxo de caixa e 
necessidade de capital para o futuro; Terceiro: construir um 
alto time de gerência bem antes que o novo empreendimento 
necessite dele e bem antesque realmente possa ter condições 
de pagá-lo.‖ 
―E, finalmente, requer do empreendedor-fundador uma 
decisão com relação ao seu próprio papel, área de atuação e 
relações.‖ 
Filion: fixação de objetivos/uso das oportunidades 
―Um empreendedor é uma pessoa imaginativa, 
caracterizada por uma capacidade de fixar alvos e objetivos‖. 
Esta pessoa manifesta-se pela perspicácia, ou seja, pela 
sua capacidade de perceber e detectar as oportunidades. 
Também, por longo período, ele continua a atingir 
oportunidades, potenciais e a tomar decisões relativamente 
moderadas, tendo em vista modificá-las; esta pessoa continua 
a desempenhar um papel empresarial. (1986) 
Hisrich e Peters (2004) citam como exemplo inicial da 
primeira definição de empreendedor como ―intermediário‖ o 
navegador Marco Pólo, que na tentativa de estabelecer rotas 
comerciais com o Oriente, assinava um contrato com uma 
pessoa de recursos para vender suas mercadorias, assumindo 
um empréstimo, que na época comumente tinha uma taxa de 
22,5%, incluindo seguro. Conforme estes autores, o capitalista 
corria os riscos passivamente e o comerciante aventureiro 
suportava não só os riscos físicos como os emocionais, e ao 
final da viagem, quando bem sucedida, os lucros eram 
divididos numa proporção de 75% para o capitalista e os 25% 
restantes para o comerciante. 
Hornday: realização/independência/liderança 
―Comparados aos homens em geral, os 
empreendedores estão significativamente, em maior escala, 
Guia de Estudo - Empreendedorismo 
 
 
 
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refletindo necessidades de realização, independência e 
eficiência de sua liderança, e estão, em menor escala, 
refletindo ênfases nas necessidades de manutenção.‖ (1971) 
 
HORNDAY AND BUNKER: IDENTIFICAÇÃO DE 
OPORTUNIDADES 
―Smith (1967) refere-se a dois tipos de empreendedores: 
o empreendedor profissional (ou artesanal) e o empreendedor 
que identifica oportunidades. Os primeiros são limitados em 
termos de bagagem cultural e engajamento social; os últimos 
são de um maior grau de instrução e de engajamento social e 
são mais agressivos no desenvolvimento e expansão da 
companhia.‖ (1970) 
Jasse: foco de mercado 
―...Pode-se definir mais simplesmente 
empreendedorismo como a apropriação e a gestão dos 
recursos humanos e materiais dentro de uma visão de criar, de 
desenvolver e de implantar resoluções permanentes, de 
atender às necessidades dos indivíduos.‖ (1982) 
―... O espírito empresarial se traduz por uma vontade 
constante de tomar as iniciativas e de organizar os recursos 
disponíveis para alcançar resultados concretos.‖ (1985) 
Julien (ESQUEMA 1): confiança/inovação/conhecimento 
1 – O empreendedor é aquele que não perde a 
capacidade de imaginar, tem uma grande confiança em si 
mesmo, é entusiasta, tenaz, ama resolver problemas, ama 
dirigir, combate a rotina, evita constrangimentos... 
2 – É aquele que cria uma informação interessante ou 
não do ponto de vista econômico (inovando em relação ao 
produto, ou ao território, ao processo de produção, ao 
mercado...) ou aquele que antecipa sobre esta informação 
(antes dos outros ou diferentemente dos outros). 
3 – É aquele que reúne e sabe coordenar os recursos 
econômicos para aplicar, de modo prático e eficaz sobre um 
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mercado, a informação que ele conhece a fundo. 
4 – Ele o faz primeiro, em função das vantagens 
pessoais, tais como: prestígio, ambição, independência, o jogo, 
o poder sobre si e sobre a situação econômica e, em seguida, 
o lucro e outros. (1986). 
Kets de Vries: inovação/gerenciamento/risco 
―... O empreendedor satisfaz a um número de funções 
que podem ser resumidas em inovação, gerenciamento, 
coordenação e risco.‖ (1977) 
―Empreendedores parecem ser uma realização 
orientada, como assumir a responsabilidade por decisões, e 
não gostam de trabalhos repetitivos e rotineiros. Os 
empreendedores criativos possuem um alto nível de energia e 
um ótimo grau de perseverança e imaginação, que combinam 
com a espontaneidade de assumir riscos moderados e 
calculados, possibilitando-lhes transformar o que 
freqüentemente começou com uma simples e mal definida 
idéia em algo concreto. Empreendedores também podem gerar 
um entusiasmo altamente contagioso dentro de uma 
organização. Eles programam um senso de propósito e, 
fazendo isso, convencem os outros de que eles estão onde 
está a ação.‖ (1985) 
Kierulff: visão generalista 
―... há evidências que as características empresariais e 
comportamentais podem ser desenvolvidas.‖ 
―... O empreendedor é, acima de tudo, um generalista – 
ele deve saber um pouco sobre tudo.‖ (1975) 
Komives: pioneirismo/inovação 
―Deixe-me definir um empreendedor. Ele é alguém que 
inicia um negócio onde, geralmente, não existia ninguém antes 
dele.‖ 
―Empreendedorismo realmente se refere às pessoas 
que desejam adentrar-se em uma nova empreitada e se 
construir sobre ela.‖ 
Guia de Estudo - Empreendedorismo 
 
 
 
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Lance: convergência de propósitos 
―Empreendedorismo... Uma pessoa que congrega risco, 
inovação, liderança, vocação artística, habilidade e perícia 
profissional em uma fundação sobre a qual constrói um time 
motivado. Esses grupos de seres humanos, às vezes sem se 
conhecerem previamente, desenvolvem uma nova empresa.‖ 
(1986). 
Lynn: criatividade 
―... O empreendedor é também alguém criativo no 
sentido de que tenha de criar um novo produto ou serviço na 
imaginação e, então, deve ter energia e autodisciplina de 
transformar a nova idéia em realidade.‖ 
Mancuso: promoção/prosperidade 
―Um empreendedor é a pessoa que cria uma empresa 
próspera do nada.‖ (1974) 
McClelland: economicidade/viabilidade 
O empreendedor foi definido como ―alguém que exercita 
controle sobre os meios de produção e produtos e produz mais 
do que consome a fim de vendê-los (ou trocá-los) pelo 
pagamento ou renda‖. 
Palmer: risco calculado 
―… tomar decisões sob diversos graus de incerteza vem 
a ser uma característica fundamental do empreendedorismo.‖ 
(1971). 
Rosenberg: capacidade de correr risco 
Empreendedor: ―Alguém que assume o risco financeiro 
da iniciação, operação e gerenciamento de um dado negócio 
ou empresa‖. 
Say: discernimento/perseverança 
―… Um empreendedor… Para ter sucesso, ele deve ter 
capacidade para julgar, perseverança e um conhecimento do 
mundo tanto quanto do negócio. Ele deve possuir a arte de 
superintendência e administração.‖ (1803) 
Schumpeter: inovação 
Guia de Estudo - Empreendedorismo 
 
 
 
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―Sempre enfatizei que o empreendedor é o homem que 
realiza coisas novas e não, necessariamente, aquele que 
inventa.‖ (1934) 
Inovação como critério para o empreendedorismo: 
―Empreendedorismo, como definido, consiste 
essencialmente em fazer coisas que não são geralmente feitas 
em vias normais da rotina do negócio; é essencialmente um 
fenômeno que vem sob o aspecto maior da liderança. Mas esta 
relação entre empreendedorismo e liderança geral é uma 
relação muito complexa.‖ 
Schuwarts: independência/identificação de oportunidades 
―Empreendedor: um inventor, um mercador, ou 
simplesmente alguém que busca independência, que usa umaoportunidade para desenvolver seus talentos para fundar uma 
nova companhia.‖ 
Shapiro: iniciativa/transformação/risco 
―Em quase todas as definições de empreendedorismo, 
há um consenso de que nós estamos falando de um tipo de 
comportamento que inclui: 
 - tomada de iniciativa; 
- organização ou reorganização de mecanismos sócio-
econômicos para transformar recursos e situações em contas 
práticas; 
- aceitação do risco e fracasso. 
―O principal recurso usado pelo empreendedor é ele 
mesmo...‖ (1975) 
Sirópolis: crença/realização/pioneirismo 
Hoje, tomamos como definição o termo empreendedor. 
Ele sugere espírito, zelo, ideias. Contudo, temos a tendência 
de usar a palavra livremente para descrever qualquer um que 
dirige um negócio - por exemplo, para a pessoa que preside a 
General Motors ou possui uma banca de frutas, ou a pessoa 
que é dona do Mcdonalds (franquia) ou vende assinaturas de 
revistas. 
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Antes, a palavra ‗empreendedor‘ gozava de um 
significado mais puro, mais preciso. ―Descrevia apenas 
aqueles que criaram seus próprios negócios, aqueles como 
Henry Ford‖. 
Stacey: flexibilidade/determinação 
―Certamente, no início de sua carreira, o maior dom de um 
empresário tradicional é sua habilidade de explorar inúmeros 
caminhos para assegurar o seu sucesso, sem se tornar 
desanimado pelo fracasso ao longo do percurso; um dos seus 
dons é diminuir suas perdas rapidamente; e um outro é 
levantar-se, sacudir a poeira e tentar novamente.‖ (1980) 
Stevenson and Gumpert: Direcionamento/ 
flexibilidade/tenacidade 
Um Raios-X da organização empresarial revela essas 
características dinâmicas: 
- encorajamento da imaginação dos indivíduos; 
- flexibilidade; e 
- voluntariedade em aceitar riscos. (1985) 
 
 
A literatura disponível sobre empreendedorismo costuma 
tratar o assunto numa abordagem que aponta a figura do 
empreendedor como um trabalhador que transforma ideias 
em realidade, que visualiza nichos de mercado para atuar 
ou como aquele que aprimora idéias já implementadas, seja 
no próprio negócio ou na empresa em que atua (intra-
empreendedor). 
 
Tanto nos textos acadêmicos quanto na imprensa 
especializada, os exemplos geralmente são de profissionais 
persistentes e aplicados em transformar recursos disponíveis 
em negócios de sucesso. Esta é de fato uma abordagem muito 
interessante, visto que é sempre empolgante para quem se 
interessa por este tema, ver profissionais que desenvolvem 
novos produtos e serviços, e através de sua capacidade 
empreendedora, geram empregos e dinamizam a economia 
em que atuam. 
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No entanto, é fato que diante da necessidade de 
sobrevivência e das mudanças observadas no mercado de 
trabalho nos últimos anos, é difícil precisar até que ponto um 
novo negócio é fruto de uma cultura de empreendedorismo, ou 
se a abertura de novas empresas por vezes mascara um 
mercado de trabalho deteriorado e com perdas de direitos para 
o trabalhador. Por exemplo, quando um profissional abre uma 
empresa em função da exigência de seu empregador passar a 
contratá-lo como pessoa jurídica e não mais como empregado 
e conseqüentemente, com os direitos trabalhistas decorrentes 
desta condição, podem-se verificar traços de 
empreendedorismo no "novo empresário", visto que para dar 
conta de manter-se no mercado de trabalho nesta nova 
condição, é necessário ter iniciativa e capacidade de gerenciar 
a vida profissional. Porém, trata-se também de um caso de 
perda de direitos trabalhistas, em que o "novo empresário" é 
oficialmente responsável por seu negócio, mas na prática 
continua com a mesma relação patrão-empregado com o 
antigo empregador, agora contratante de seus serviços. 
Conforme destacado anteriormente, ainda não há na 
literatura uma definição concisa e aceita sobre o que é de fato 
empreendedorismo. Portanto, considerar abertura de 
empresas como empreendedorismo é uma questão 
controversa, visto que na abertura de um negócio, o 
proprietário não é obrigado a revelar o motivo que o levou 
àquela atividade, atendo-se somente às questões legais e 
burocráticas que envolvem a abertura de um negócio 
formalizado. Deste modo, considerar a abertura de um negócio 
como empreendedorismo, sem consultar o proprietário sobre 
suas motivações quanto á abertura do negócio, ou sem 
pesquisas que avaliem se o comportamento do proprietário 
frente ao negócio se aproxima das características de 
profissionais empreendedores ou de gerentes tradicionais, 
acaba sendo uma questão de ponto de vista, segundo valores 
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e convicções que quem analisa o fato. 
 De acordo com Bernardi (2003), ―A farta literatura 
disponível e a definição predominante da figura do 
empreendedor conduzem ao traçado de um perfil característico 
e típico de personalidade em que se destacam: senso de 
oportunidade, dominância, agressividade e energia para 
realizar, autoconfiança, otimismo, dinamismo, independência, 
persistência, flexibilidade e resistência a frustrações, 
criatividade, propensão ao risco, liderança carismática, 
habilidade de equilibrar ―sonho‖ e realização, e habilidade de 
relacionamento‖. (p. 64) 
 De qualquer forma, o fato de criar uma nova empresa 
indica o movimento de um estágio de vida ou de negócio para 
outro, considerando que as atividades relacionadas à criação 
do negócio como escolha do local de atuação, levantamento 
de recursos e processo de produção ou prestação de serviço, 
entre outros, pode envolver traços de espírito empreendedor. 
No entanto, o registro ―frio‖ das estatísticas pode não 
contemplar todas as variáveis envolvidas no assunto em 
questão e levar a análises equivocadas. 
 
Cabe então refletir que nos anos 90 houve um intenso 
processo de terceirização em várias partes do mundo, 
inclusive no Brasil. Em função da conjuntura econômica, 
internacionalização e integração das economias nacionais, 
e inovações tecnológicas que hoje permitem que um 
produto tenha seus diversos elementos elaborados em 
diversas partes do mundo, a abertura de novas empresas 
muitas vezes pode significar a divisão de uma única 
organização em um conjunto de empresas menores, mas 
analisadas sob o ponto de vista da importância que 
carregam para a sociedade ou meio ambiente em que 
atuam, constituem-se em um único negócio. Neste caso, o 
simples aumento do número de empresas registradas nas 
juntas comerciais. 
 
não pode ser considerada empreendedorismo. 
 Nos últimos anos, a palavra ―agilidade‖ tem sido uma 
constante no discurso de diversos atores na economia, desde 
grandes e pequenos empresários, a governantes e 
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profissionais de instituições sem fins lucrativos. Ao contrário do 
que se observava até o final dos anos 1980, serviços não 
diretamente relacionados ao negócio ou atividade principal da 
organização, como serviços de limpeza, portaria, telefonia e 
manutenção de equipamentos foram terceirizados e 
obviamente, que para viabilizar esta nova ordem vigente, a 
criação de novas empresas é imprescindível. 
Conforme Dornelas (2001), após várias tentativasde 
estabilização econômica e em função das conseqüências do 
fenômeno da globalização, ocorreu no Brasil uma procura das 
empresas por alternativas para o aumento da competitividade, 
redução de custos e manutenção no mercado. 
Para este autor, ―Uma das conseqüências imediatas foi 
o aumento do índice de desemprego, principalmente nas 
grandes cidades, onde a concentração de empresas é maior. 
Sem alternativas, os ex-funcionários dessas empresas 
começaram a criar novos negócios, às vezes mesmo sem 
experiência no ramo, utilizando-se do pouco que ainda lhes 
restou de economias pessoais, fundo de garantia, etc. quando 
percebem esses profissionais já estão do outro lado. Agora são 
patrões e não mais empregados. Muitos ficam na economia 
informal, motivados pela falta de crédito, pelo excesso de 
impostos e pelas altas taxas de juros‖. (p. 15) 
 
 
Como se faz gente que faz? Sim, é possível formar 
empreendedores. 
Investir nisso é bom para o país, bom para as empresas e 
bom para você. 
 
POR DAVID COHEN, DE BABSON 
―Vocês sabem o que é felicidade?‖, pergunta o professor 
Jeffry Timmons a uma turma de 40 empresários, altos 
executivos e acadêmicos no colégio de Babson, uma linda 
faculdade de negócios na periferia de Boston, conhecida como 
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o maior centro de ensino de empreendedorismo dos Estados 
Unidos. Os alunos, gente como Richard Teerlink, ex-presidente 
da Harley-Davidson, respondem em coro: ―Felicidade é um 
fluxo de caixa positivo!‖ Essa turma está assistindo a um 
seminário de cinco dias para formar professores de 
empreendedorismo, que vão dar aulas em faculdades dos 
Estados Unidos, da Europa, da Ásia e da América Latina. Boa 
parte é de gente que já ficou rica e agora quer passar sua 
experiência para frente. Eles querem saber a melhor maneira 
de ensinar. Mas ensinar a empreender? Para quê? 
Há poucas dúvidas, hoje, de que uma sociedade com 
mercado livre é capaz de produzir mais riqueza. Mas há uma 
condição primordial para que isso aconteça, uma característica 
sem a qual o mercado mais livre pode se tornar o menos 
aproveitado de todos: gente. Sem pessoas capazes de criar e 
aproveitar oportunidades, melhorar processos e inventar 
negócios, de pouco adiantaria ter o mercado mais livre do 
mundo. 
É aí que entra o espírito empreendedor - leia-se vontade 
e aptidão para realizar algo, deixar sua marca, fazer diferença. 
Pouco mais de 20 anos atrás, acreditava-se que as empresas 
com menos de 100 funcionários eram irrelevantes para 
analisar a economia de um país. Hoje, o consenso é outro. Nos 
Estados Unidos, a economia mais forte do planeta, estudos 
recentes mostraram que 81,5% dos empregos surgidos entre 
1969 e 1976 nasceram nas novas companhias. Desde 1980, 
elas criaram 34 milhões de empregos, enquanto as 500 
maiores empresas da lista da revista Fortune fechavam 5 
milhões de vagas. No Brasil, as micro e pequenas empresas 
respondem por mais de 43% dos empregos. Somando as 
empresas médias (menos de 100 empregados, nos setores de 
comércio e serviços, ou menos de 500, na indústria), a taxa 
sobe para quase 60% dos empregos formais, de acordo com 
dados do IBGE de 1994. Isso sem contar o mercado informal, 
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estimado em até 50% da economia brasileira. 
Não são só os empregos. Diferenças no nível de 
atividade empreendedora podem ser responsáveis por um 
terço da variação do crescimento econômico de um país, 
segundo um estudo feito em dez países pelo Global 
Entrepreneurship Monitor, um grupo de pesquisa formado pelo 
Babson College e pela London Business School. Mais: estudos 
da Fundação Nacional de Ciências e do Departamento de 
Comércio dos Estados Unidos, nas décadas de 80 e 90, 
concluíram que metade de todas as inovações e 95% das 
inovações radicais no mundo dos negócios desde o fim da 
Segunda Guerra Mundial vieram das pequenas empresas. 
Pequenas que, bem entendido, muitas vezes se tornam 
grandes. Na década de 60, a lista das 500 maiores empresas 
americanas da Fortune tinha menos de dez substituições a 
cada ano. No final dos anos 80, o número de novatas triplicou. 
Atualmente, o clube das 500 vem trocando um terço dos seus 
sócios a cada três ou quatro anos. 
Talvez ainda mais importante do que isso, o espírito 
empreendedor pode promover de forma democrática a 
mobilidade social: ―Por ser centrado em oportunidades, o 
espírito empreendedor não dá a mínima para religião, cor de 
pele, sexo, naturalidade ou outras diferenças, e permite que as 
pessoas busquem e realizem seus sonhos‖, diz Jeffry 
Timmons, professor de empreendedorismo do Babson College. 
Isso é mais patente nos Estados Unidos, onde não por acaso o 
espírito empreendedor é o mais alto do mundo: quatro quintos 
das pessoas mais ricas do país, segundo a revista Forbes, 
eram originários de famílias de classe média. Na década de 
80, a taxa de novos ricos era de 40%. (Este é um dos indícios, 
segundo Timmons, de que os Estados Unidos estão vivendo 
uma ―revolução empreendedora, cujos efeitos serão maiores 
que os da revolução industrial‖.) 
Em resumo: o espírito empreendedor é um dos fatores 
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essenciais para aumentar a riqueza do país e melhorar as 
condições de vida de seus cidadãos. Essa afirmação leva 
imediatamente a duas questões. 
A primeira: o que é espírito empreendedor? E a 
segunda: é possível ensinar uma pessoa a tornar-se 
empreendedora? Quem de forma mais clara definiu a figura do 
empreendedor e sua importância para a economia capitalista 
foi o economista austríaco Joseph Schumpeter. No livro 
Capitalismo, Socialismo e Democracia, escrito em 1942, 
Schumpeter define a função do empreendedor como a de 
―reformar ou revolucionar o padrão de produção pela 
exploração de um invento, ou, mais geralmente, de uma 
possibilidade tecnológica não testada, para produzir um novo 
bem ou produzir um velho bem de uma nova forma‖. Espírito 
empreendedor, portanto, não é simplesmente a coragem de 
abrir um negócio. Ele está intimamente ligado à inovação, ao 
crescimento, à exploração de uma brecha que ninguém mais 
viu. É isso que amplia as possibilidades de uma economia. A 
maior parte das empresas não se encaixa na definição de 
espírito empreendedor de Schumpeter. Segundo uma 
sondagem feita em 1997 nos balcões do SEBRAE (Serviço 
Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), 32% dos 
novos empresários decidiram abrir seu negócio porque 
estavam desempregados ou insatisfeitos no emprego – um 
motivo legítimo, mas insuficiente para denotar o espírito 
empreendedor. Outra forte razão para abrir uma empresa 
(também 32%) foi ―ter tempo disponível‖. Identificar uma 
oportunidade, que é a condição primordial para iniciar qualquer 
negócio, foi uma razão indicada por apenas 57% dos 
empresários na sondagem (a questão admitia mais de uma 
resposta). 
Não é à toa que os índices de falência de empresas são 
tão altos. No mundo inteiro, toma-se como base uma 
estimativa segundo a qual 80% das empresas fracassam em 
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três anos de vida. A estimativa é certamente exagerada, masnão está muito longe da verdade. Uma pesquisa por 
amostragem feita em 1997 pelo SEBRAE em 12 estados 
mostra que o índice de falências varia entre 47% e 73% em 
três anos. Em São Paulo, o estado brasileiro que abriga mais 
empresas, os resultados foram: 35% de falências em um prazo 
de um ano, 47% em dois anos e 56% em três anos. Se as 
possibilidades de fracasso são tão grandes, é justo incentivar 
as pessoas a correr esse risco? Não, se abrir empresas for o 
equivalente financeiro a dar um salto no escuro. Sim, se uma 
cultura empreendedora ajudar a avaliar e a minimizar os riscos, 
se os fracassos puderem ser encarados como uma etapa no 
processo de aprendizado. É a esse processo que se refere o 
espírito empreendedor, algo bem diferente do espírito de 
aventura. Num passado recente, acreditava-se que o espírito 
empreendedor era uma função da personalidade, dependia 
mais que tudo do perfil psicológico. Schumpeter dizia que as 
características do empreendedor, essa capacidade de desafiar 
o que está estabelecido, estão presentes apenas numa 
pequena parcela da população. 
Pode ser. Mas hoje, há muito mais gente propensa a ter 
negócio próprio, diz Ofélia Torres, professora de 
empreendedorismo da Fundação Getúlio Vargas, de São 
Paulo. ―Primeiro, porque as empresas são menos estáveis; em 
segundo lugar, porque há muito mais estresse hoje nos cargos 
executivos, o que mina a criatividade da carreira como 
empregado; e, no caso brasileiro, porque há muita atração pela 
criatividade‖, diz Ofélia. Isso quer dizer que, a disposição para 
empreender pode ser substancialmente alterada pelo meio 
ambiente. Mas essa disposição, embora essencial, não é 
suficiente para a formação do espírito empreendedor, tal como 
é encarado hoje: uma forma de ver o mundo, aliada a um 
conjunto de técnicas e conhecimentos, que permite enxergar 
oportunidades e atuar de forma a obter resultados. Isso nos 
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leva diretamente à segunda questão. É possível ensinar 
alguém a ser empreendedor? Uma das maneiras de responder 
a essa pergunta é com outra pergunta, formulada pelo 
consultor Fernando Dolabela: ―É possível ensinar alguém a ser 
empregado?‖ Dolabela é autor do livro Oficina do 
Empreendedor (editora Cultura) e criador de um método de 
ensino de empreendedorismo já utilizado em mais de 200 
estabelecimentos de ensino, incluindo departamentos de 
informática e administração de universidades de ponta, como a 
UFMG e a FGV paulista. Dolabela explica os descaminhos do 
ensino com um exemplo caseiro. Numa reunião na escola de 
sua filha Fernanda, de 4 anos, a professora exibiu orgulhosa o 
progresso da menina, mostrando que em seis meses ela 
aprendera a fazer seus desenhos sem ultrapassar as linhas 
que delimitam o espaço para desenho. ―Daqui a 20 anos, vou 
ter de gastar uns 30.000 dólares num MBA para ela reaprender 
a ultrapassar as linhas que limitam seu espaço‖, diz Dolabela. 
É basicamente isso que se faz no Babson College. 
 Matéria sobre Empreendedorismo que saiu na revista EXAME (Edição 
Especial de 26/08/2000). 
 
 
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As lições de Babson 
Roger Babson foi um consultor e financista americano que 
ficou famoso por ter previsto a quebra da bolsa de 1929. 
Não ficou apenas famoso, ficou rico. Riquíssimo. Tanto 
que, querendo enviar seus filhos para uma escola de 
negócios e não gostando de nenhuma, resolveu criar a sua. 
Foi assim que nasceu o Babson College, na Nova 
Inglaterra, região que é hoje o segundo pólo de 
desenvolvimento da Nova Economia nos Estados Unidos, 
atrás apenas da região do Vale do Silício, na Califórnia. É 
claro que, nesse tempo todo, a escola mudou um 
pouquinho. Durante muitos anos, ela foi vista como um 
reduto da aristocracia corporativa: num de seus cursos, por 
exemplo, os estudantes costumavam levar suas secretárias 
para a sala de aula para treinar ditados de executivo. 
Atualmente, em vez da imagem de aristocrático, o Babson 
College é reconhecido como o principal pólo do ensino de 
empreendedorismo nos Estados Unidos. Desde que a 
revista US News & World Report instituiu a lista de 
melhores faculdades de negócios do país, há sete anos, o 
Babson College sempre aparece como a melhor instituição 
para formação de empreendedores. É também o primeiro 
colocado no ranking de ensino de empreendedorismo da 
Business Week, à frente de centros de excelência como 
Wharton, Harvard e Stanford. Foi nesse nicho que o colégio 
apostou há mais de um quarto de século. 
 
Pois a aposta se pagou: a formação de empreendedores 
virou uma febre nos Estados Unidos. No ano passado, mais de 
1.100 faculdades Americanas ofereceram cursos de 
empreendedorismo. Em mais de 30 Estados do país, cursos 
desse tipo vêm sendo oferecidos para crianças e adolescentes, 
e oito deles já aprovaram legislação requerendo que as 
escolas de ensino primário e secundário incluam essa matéria 
em seu currículo. Até a Escola de Negócios da veneranda 
Universidade Harvard, a 40 minutos de carro de Babson, está 
reorganizando seu currículo de MBA para apostar na formação 
de empreendedores: a cadeira de Administração Geral, carro-
chefe da escola, foi substituída este ano por uma que se 
chama O Administrador Empresarial. (A mudança de Harvard é 
provocada pelos novos tempos: no ano passado, mais de um 
quarto das cadeiras optativas escolhidas pelos alunos eram do 
Departamento de Empreendedorismo, que nos anos 80 
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oferecia apenas duas matérias.) Mas esse ensino funciona? 
Bill Gates, talvez o maior símbolo de empreendedor deste fim 
de século, não cursou MBA. Ao contrário, largou a faculdade 
para fundar a Microsoft. Jeffry Timmons, responsável pelo 
programa Price-Babson de formação de professores de 
empreendedorismo, tem uma resposta na ponta da língua: ―Se 
você está me perguntando se, num curso de 40 horas de aula, 
num semestre, eu posso transformar um aluno médio no 
equivalente corporativo a um Picasso ou um Beethoven, acho 
que nós dois sabemos a resposta‖. O que aprendem, então, os 
3 500 alunos de Babson? ―Não estamos tentando ensinar a 
melhor maneira de fazer negócios, e sim as melhores 
maneiras‖, diz Les Charm, professor e consultor especializado 
em finanças. ―Você pode trazer os alunos até a fonte. Você 
não pode obrigar ninguém a beber, mas pode mostrar a fonte‖, 
diz Leonard Green, outro professor de Babson. Ou, na 
definição de Julian Lange, também professor, especializado 
em Internet: ―Empreendedores são oportunistas. É possível 
ensinar isso? Sim. A paixão por um produto ou serviço não se 
ensina, mas podemos ajudar a descobri-la. E podemos ensinar 
como os elementos de um negócio - recursos, equipes e 
oportunidades - interagem e mudam‖. Babson não formou Bill 
Gates, mas ajudou a forjar dezenas de grandes 
empreendedores. Como Bob Davis, da turma de 1985, 
fundador do Lycos, um portal que está se fundindo ao portal 
Terra, do grupo espanhol Telefónica, este ano. O novo Terra, 
fruto dessa fusão, terá Davis como executivo-chefe. Ou como 
Arthur Blank, presidente da Home Depot, uma cadeia de lojas 
de produtos para casa do tipo monte-você-mesmo, que faturou 
38 bilhões de dólares no ano passado e há seis anos é eleita 
pela revista Fortune como a empresa de varejo mais admiradanos Estados Unidos. Ou, ainda, como Gordon Hoffstein, 
presidente da Be Free, uma empresa que fornece serviços de 
marketing pela Internet. A Be Free é a oitava companhia que 
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Hoffstein ajuda a formar. Antes, presidiu empresas que sob 
sua direção faturaram de 300 a 525 milhões de dólares (e 
algumas que faliram, também). ―Em Babson, aprendi um 
método de encarar a realidade para tirar vantagem de 
oportunidades de negócios e resolver problemas. Esse método 
ajuda a ver um negócio em sua totalidade, não apenas a partir 
de uma disciplina‖, disse Hoffstein a EXAME, em entrevista por 
e-mail. Michael Smith, presidente da Hughes Electronics, 
costuma citar o curso de criatividade, ―principalmente porque 
ensina você a ser mais aberto para as idéias de outras 
pessoas‖.Segundo o casal de estudantes brasileiros Daniel 
Cifu e Eloisa Wolter, Babson ―ensina um estilo diferente de 
pensar, baseado em idéias, equipes e formulação do negócio, 
sempre com foco em avaliar oportunidades e verificar se elas 
têm chances no mercado‖. Então Babson é uma fábrica de 
empreendedores? É só cursá-la para virar um bem-sucedido 
homem ou mulher de negócios? 
Nem tanto. Apenas 15% de seus alunos abrem 
empresas. Isso num momento em que os Estados Unidos 
vivem a tal da ―revoluçãodos empreendedores‖, na definição 
de Timmons. Há cinco anos, a taxa de alunos que abriam 
negócios era de 7%. Mesmo esse índice de empreendedores 
já é extremamente positivo. Mas há outros 25% a 30% de 
alunos que vão trabalhar em empresas novas, segundo 
Stephen Spinelli, professor de estudos de empreendedorismo. 
―A maioria dos alunos de Babson vai trabalhar em grandes 
empresas porque sente que precisa de mais experiência ou 
porque, tendo pago a faculdade, precisa juntar dinheiro antes 
de tentar montar sua própria empresa‖, diz Spinelli. Também 
há um outro desenvolvimento do espírito empreendedor no 
mundo corporativo: o empreendedorismo interno. Mesmo as 
maiores companhias do mundo estão hoje olhando as 
pequenas empresas inovadoras como o ideal de 
comportamento. Por isso, profissionais empreendedores 
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(intrapreneurs, em inglês) têm sido valorizados, especialmente 
para liderar divisões ou departamentos. É o que diz John 
Altman, professor de empreendedorismo nas corporações: 
―Quando Babson me tirou da aposentadoria, a última coisa que 
eu queria era transformar os dinossauros burocratas em 
empreendedores. Porque sempre fui ligado a empresas novas. 
Mas as grandes companhias são as que mais precisam de 
empreendedorismo. Elas têm de se transformar em 
empreendedoras para atrair algo ainda mais importante do que 
os clientes: os jovens que vão liderar a companhia no futuro‖. 
Não é à toa que Babson se mantém como centro de formação 
de empreendedores. Por apostar nesse nicho mais do que 
qualquer faculdade, atrai muitos empresários e consultores, 
que formam a quase totalidade de seus professores. Vários 
ficaram ricos por volta dos 40, 50 anos, e decidiram passar à 
vida acadêmica (como disse um dos empresários: ―Eu tentei a 
aposentadoria e falhei‖). Um dos professores de Babson doa 
todo o salário para a própria faculdade. Uma equipe assim tem 
três vantagens: a visão prática de quem já fez funcionar 
empresas, a facilidade de trazer convidados para expor casos 
(assim como em Harvard, todo o curso é baseado no estudo 
de casos) e a rede de conhecimentos. É claro que não se 
reproduz com facilidade um ambiente desse tipo, mas algumas 
características do ensino de Babson, explicadas durante um 
curso de cinco dias de formação de professores-
empreendedores, podem jogar luz sobre trilhas a ser seguidas 
por quem queira dinamizar seu trabalho ou abrir um negócio. 
Ei-las:? Para criar um ambiente de ensino de 
empreendedorismo, o mais importante é ter exemplos de gente 
que possa dizer o que fez e como fez, falar sobre os problemas 
que enfrentou. ―Ensinar e empreender são uma combinação 
poderosa, porque todo empreendedor é um professor. Quer 
ensinar os outros, é curioso, quer saber como são as coisas‖, 
diz Spinelli, um desses casos de empresários que ficaram ricos 
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e resolveram dar aulas. Nos cursos de Babson, os professores 
costumam apresentar um problema, pedir que os alunos dêem 
soluções, discutam, e depois apresentam o empresário, que 
responde a perguntas e conta o desfecho do caso na vida real. 
Em Babson, é comum ouvir o quanto é importante ser holístico. 
(Isso quer dizer enxergar as partes em função do todo.) 
Normalmente, holismo é papo de esotéricos, Médicos 
alternativos e profissionais de RH. 
Mas, em Babson, é assunto para empresários. O próprio 
curso de MBA foi totalmente reformulado, em 1993, para ser 
holístico. Isso significa que o curso não é separado em blocos, 
com um departamento de finanças, outro de marketing etc. O 
que o guia é o processo de fundar e dirigir uma empresa, e os 
professores de cada área dão seus diferentes enfoques para o 
mesmo problema. ? A visão de abrir uma empresa sempre foi 
a de alocação de recursos. O modelo de Babson é centrado na 
identificação de oportunidades. Para entender a diferença, leia 
este caso, relatado por Allan Cohen, professor de liderança: 
―Numa reunião do conselho da Vinfen, uma organização 
americana que cuida de doentes mentais, uma enfermeira 
tentava convencer dois empresários a construir mais centros 
de tratamento. Os empresários sabem que esses centros não 
se pagam, que sua viabilidade financeira é nula. O argumento 
da enfermeira é que há gente precisando deles. Eles estão 
pensando em termos de recursos, ela é quem está vendo a 
oportunidade. 
Qualquer gerente pode pensar em termos de 
oportunidade‖. ? Mostre uma situação a um bom jornalista e 
ele imediatamente vai pensar: ―Isso é publicável? A que 
leitores interessa?‖ Conte uma história a um bom diretor de 
teatro e ele automaticamente vai pensar: ―Dá para encenar? 
Com que luz? Como isso vira diálogo?‖ Da mesma forma, um 
empreendedor deve estar sempre atento a descontinuidades 
no mercado, deve olhar a realidade e pensar: ―Há uma 
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oportunidade? Ela é viável? Posso oferecer um serviço com 
um preço que dê lucro?‖ ―O empreendedor é uma máquina de 
geração de oportunidades. Por isso ele é tão importante para a 
sociedade‖, diz Timmons. 
 
 
Mitos sobre empreendedores 
MITO 1 
Empreendedores nascem feitos. 
Realidade: Embora empreendedores nasçam com uma 
certa inteligência, vontade de criar e energia, sua formação 
depende da acumulação de habilidades relevantes, 
experiência, contatos. 
MITO 2 
Qualquer um pode começar um negócio. 
Realidade: Pode. Sobreviver e florescer é que são elas. 
Empreendedores que entendem a diferença entre uma 
ideia e uma oportunidade e pensam grande têm mais 
chances de ser bem-sucedidos. 
MITO 3 
Dinheiro é o fator mais importante para montar uma 
empresa. 
Realidade: Se as outras peças e o talento estão no lugar, o 
dinheiro virá. Dinheiro é como o pincel e a tinta para um 
pintor - materiais que, nas mãos certas, produzem 
maravilhas. 
MITO 4Empreendedores não têm chefe e são completamente 
independentes. 
Realidade: Todo mundo é chefe do empreendedor: seus 
sócios, investidores, clientes, fornecedores, empregados, 
família, comunidade. Mas os empreendedores podem 
escolher as exigências que vão atender, e quando. 
MITO 5 
Empreendedores devem ser jovens e cheios de energia. 
Realidade: Essas qualidades podem ajudar, mas idade não 
é barreira. O que é crítico é possuir o conhecimento 
relevante, experiência e contatos que facilitam reconhecer e 
agarrar uma oportunidade. 
MITO 6 
Empreendedores trabalham mais do que executivos de 
grandes companhias. 
Realidade: Alguns trabalham mais, outros não. 
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MITO 7 
Empreendedores são lobos solitários. 
Realidade: Os empreendedores mais bem-sucedidos são 
líderes que constroem grandes equipes e ótimos 
relacionamentos com pares, diretores, investidores, 
clientes, fornecedores e outros. 
MITO 8 
Empreendedores são jogadores. 
Realidade: Empreendedores bem-sucedidos calculam 
muito bem os riscos. Eles tentam influenciar o jogo de 
probabilidades, freqüentemente atraindo outros para dividir 
os riscos com eles. 
MITO 9 
Qualquer empreendedor com uma boa ideia pode atrair 
investimentos de risco. 
Realidade: Nos Estados Unidos, apenas entre 1 e 3 de 
cada 100 empreendedores com boas idéias conseguem 
atrair capitalistas de risco. 
MITO 10 
Empreendedores querem o show todo só para eles. 
Realidade: Privilegiar o próprio ego coloca um teto nas 
possibilidades de crescimento. Os melhores 
empreendedores geralmente sabem construir um time, uma 
organização, uma companhia. 
MITO 11 
Empreendedores sofrem um estresse tremendo. 
Realidade: Sem dúvida, mas não há evidências de que o 
empreendedor sofra mais estresse do que outros 
profissionais com muita responsabilidade. A maioria dos 
empreendedores, ao contrário, acha seu trabalho muito 
satisfatório. 
 
 
 A experiência brasileira 
Apesar de ainda embrionário, o ensino de 
empreendedorismo vem crescendo muito no Brasil. A 
adoção do método de formação de empreendedores criado 
pelo consultor Fernando Dolabela é um exemplo. Outro 
exemplo é o programa Brasil Empreendedor, lançado pelo 
governo no ano passado, cuja meta é capacitar mais de 2 
milhões de empresários. (Embora seja um curso de apenas 
16 horas, é um primeiro contato com o assunto: cerca de 
metade dos capacitados pelo Sebrae tem se inscrito em 
novos cursos, segundo o gerente de estudos e pesquisas 
Araguacy Affonso Rego.) 
Também a chegada de investidores estrangeiros 
está multiplicando o número de incubadoras de empresas e 
cursos de empreendedorismo nas universidades (havia 2 
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incubadoras no país em 1988, 27 em 1995 e hoje há mais 
de 100). Uma das melhores experiências brasileiras é da 
PUC do Rio de Janeiro. Sua incubadora já formou 9 
empresas, e tem 24 em gestação. ―Sete dessas empresas 
que saíram são do tipo que nós queremos incentivar: 
querem crescer, têm faturamento médio de 800 mil a 1 
milhão de reais/ano e média de 20 funcionários‖, diz José 
Alberto Sampaio Aranha, responsável pelo programa. A 
mais bem-sucedida é a MHW, que vende o universite, um 
software de educação a distância. A empresa virou parceira 
da Microsoft, tem escritório nos Estados Unidos e recebeu 
investimentos de 12 milhões de dólares. Outra empresa 
saída do projeto Gênesis, da PUC, é a Pipeway, inventora 
de um robozinho que ganhou concorrência para a inspeção 
de 3 000 quilômetros do gasoduto Brasil-Bolívia. A PUC 
tem hoje três cadeiras de empreendedorismo, eletivas. Elas 
serão a espinha dorsal de uma coordenação de 
empreendedorismo que deve atingir todos os cursos da 
universidade. 
Outra experiência bem-sucedida é a Escola Técnica 
de Formação Gerencial, criada em 1994 em Belo Horizonte. 
O curso dura três anos, e um terço dos alunos é de filhos 
de empresários. Hoje há 20 dessas escolas em Minas 
Gerais, que já formaram cerca de 600 alunos. O método de 
ensino vem da Áustria, e os professores são pequenos e 
médios empresários que transmitem sua experiência. Um 
dos programas da escola, que visa capacitar pessoas 
carentes ou deficientes a obter alguma renda, foi premiado 
numa feira da Alemanha. No Rio Grande do Sul, mais de 
600 escolas estão participando de algum tipo de programa 
da Junior Achievement, uma associação americana que 
promove o ensino de empreendedorismo para jovens. ―A 
educação formal não prepara os jovens para empreender‖, 
diz Wilma Araujo Santos, diretora do Junior Achievement no 
Estado. Também nesse caso são voluntários das empresas 
patrocinadoras que dão aulas os jovens. Que a onda de 
empreendedorismo chegou ao Brasil não há dúvida. O 
concurso e-Cobra de planos de negócios, que teve apoio 
de EXAME, foi lançado em 15 de dezembro, com 
expectativa de receber 200 inscrições. ―Recebemos mais 
de 700 planos‖, diz Heitor Martins, consultor da McKinsey e 
responsável pelo programa. Mais de 10 000 pessoas se 
inscreveram no site do e-Cobra para um concurso que foi 
montado como um processo de aprendizado, incluindo 
palestras e material de consulta. ―As 1 000 visitas diárias ao 
site mostram uma demanda forte por ajuda para ser 
empreendedor‖, diz Martins. 
 
Colaboraram Suzana Naiditch e José Maria Furtado 
 
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CULTURA EMPREENDEDORA 
A inovação faz parte da cultura empreendedora, no 
sentido de identificar as demandas de uma empresa ou 
grupo social e adotar uma postura pró-ativa, visando buscar 
respostas para as questões existentes e desenvolver 
processos, produtos ou serviços capazes de satisfazer 
estas demandas. Filion (2000: 23), relaciona os seguintes 
elementos que compõem a cultura empreendedora: 
 Identificação de oportunidades de negócio; 
 Definição de visões; 
 Expressão de diferenciais; 
 Avaliação de riscos; 
 Gestão de relacionamentos. 
O desenvolvimento da cultura empreendedora 
depende de vários fatores como, por exemplo, 
características culturais, níveis de progresso científico e 
tecnológico, para suportar as idéias concebidas e 
orientação da direção de empresas e governos no sentido 
de avançar na produção do conhecimento e desenvolver 
métodos e técnicas que proporcionem a obtenção de maior 
lucratividade das empresas e bem-estar social. 
Para Bernardi (2003), ―entre muitas motivações e razões 
objetivas e subjetivas para empreender encontram-se 
predominantemente as seguintes: necessidade de 
realização, implementação de ideias, independência, fuga 
da rotina profissional, maiores responsabilidades e riscos, 
prova de capacidade, auto-realização, maior ganho, status 
e controle de qualidade de vida‖. (p. 66) 
 Conforme Hisrich e Peters (2004), ―A percepção de 
que é desejável iniciar uma nova empresa é resultado da 
cultura, da subcultura, da família, dos professores e 
dos colegas de uma pessoa. A cultura que valoriza um 
indivíduo que cria com sucesso um novo negócio dará 
origem a mais empreendimentos do que uma cultura 
que não dá valor a isso‖. (p. 31) 
 
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42UNIDADE 2 - TIPOS DE EMPREENDEDOR 
Ao final do estudo dessa unidade você deverá ser capaz 
de: 
 
 Compreender o conceito dos diversos tipos de 
Empreendedores; 
 Entender o papel dos tipos de Empreendedores para 
sociedade; 
 
 
TIPOS DE EMPREENDEDOR 
Existem vários tipos de empreendedor. Mas Young 
(1990, apud URIARTE, 1997, p.25-26) indica como mais 
citados na literatura, os seguintes tipos: 
1. Empreendedor artesão: é aquele indivíduo que tem 
conhecimento técnico, e monta a sua empresa para praticar o 
seu ofício. 
2. Empreendedor tecnológico: é aquele indivíduo que 
tem conhecimento do desenvolvimento ou comercialização de 
um novo produto ou processo inovador, e monta a sua 
empresa para introduz ir essas melhorias tecnológicas e obter 
lucro. 
3. Empreendedor oportunista: é aquele indivíduo que 
enfoca o crescimento e o ato de criar uma nova atividade 
econômica, e monta a sua empresa ou compra e faz crescer 
empresas em resposta a uma oportunidade observada. 
4. Empreendedor ―estilo de vida‖: é aquele indivíduo 
que começa um negócio porque acha que a sua empresa lhe 
proporcionará a liberdade, a independência e/ou outros 
benefícios desejados para a sua vida. 
Segundo Jean-Baptiste Say (1803, apud NETO, 2005, 
 
Preste muita atenção, aqui serão abordados os diversos 
tipos de empreendedores e seus papeis na sociedade. Qual 
a contribuição de cada um dos empreendedores para a 
qualidade de vida da sociedade. 
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p.3), empreendedor é: ―Alguém que inova e é agente de 
mudanças‖. 
Já para o professor Jacques Fillion (2003, apud 
RIBEIRO, 2005), o empreendedor é capaz de perceber 
oportunidades, transformar sonhos em realidades e considerar 
que o erro e o fracasso são ocasiões para aprender alguma 
coisa, ou, de forma mais sucinta: ―Um empreendedor é uma 
pessoa que imagina, desenvolve e realiza visões‖. 
De acordo com Lezana (1998, p.44): Empreendedores 
são pessoas que perseguem o benefício, trabalhando 
individual e coletivamente. Podem ser definidos como 
indivíduos que inovam, identificam e criam oportunidades de 
negócio, montam e coordenam novas combinações de 
recursos (funções de produção), para extrair os melhores 
benefícios de suas inovações num meio incerto. 
Para Cunha (1997, apud URIARTE, 1997, p.22), o 
empreendedor é alguém que define metas, busca informações 
e é obstinado. 
Segundo Gerber (1996, apud URIARTE, 1997, p.22), o 
empreendedor é um grande estrategista, inovador, criador de 
novos métodos para penetrar e/ou criar novos mercados; é 
criativo e lida com o desconhecido, imaginando o futuro, 
transformando possibilidades em probabilidades e caos em 
harmonia. 
Chumpeter (1934, apud URIARTE, 1997, p.22) destacou 
que as funções inovadoras e de promoção de mudanças do 
empreendedor servem para promover o desenvolvimento e 
crescimento econômico. 
De acordo com Filion (2000), ―O empreendedor é uma 
pessoa que empenha toda sua energia na inovação e no 
crescimento, manifestando-se de duas maneiras: criando sua 
própria empresa ou desenvolvendo alguma coisa 
completamente nova em uma empresa preexistente (que 
herdou ou comprou, por exemplo). Nova empresa, novo 
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produto, novo mercado, nova maneira de fazer – tais são as 
manifestações do empreendedor‖. (p. 24). 
Segundo Karl Vesper (1980) in Hisrich e Peters (2004), 
―Para o economista, um empreendedor é aquele que combina 
recursos, trabalho, materiais e outros ativos para tornar seu 
valor maior do que antes; também é aquele que introduz 
mudanças, inovações e uma nova ordem. Para um psicólogo, 
tal pessoa é geralmente impulsionada por certas forças – a 
necessidade de obter ou conseguir algo, experimentar, realizar 
ou talvez escapar à autoridade de outros. Para alguns homens 
de negócios, um empreendedor aparece como uma ameaça, 
um concorrente agressivo, enquanto, para outros, o mesmo 
empreendedor pode ser um aliado, uma fonte de suprimento, 
um cliente ou alguém que cria riqueza para outros, assim como 
encontra melhores maneiras de utilizar recursos, reduzir o 
desperdício e produzir empregos que outros ficarão satisfeitos 
em conseguir‖. (p. 29). 
Conforme Chiavenato (2004), ―Na verdade, o 
empreendedor é a pessoa que consegue fazer as coisas 
acontecerem, pois é dotado de sensibilidade para os negócios, 
tino financeiro e capacidade de identificar as oportunidades. 
Com esse arsenal, transforma idéias em realidade, para 
benefício próprio e para benefício da comunidade. Por ter 
criatividade e um alto nível de energia, o empreendedor 
demonstra imaginação e perseverança, aspectos que, 
combinados adequadamente, o habilitam a transformar uma 
idéia simples e mal estruturada em algo concreto e bem-
sucedido no mercado‖. (p. 5). 
Para Schumpeter (1949) in Dornelas (2001: 37), ―O 
empreendedor é aquele que destrói a ordem econômica 
existente pela introdução de novos produtos e serviços, pela 
criação de novas formas de organização pela exploração de 
novos recursos e materiais‖. 
 Bolton destaca três tipos de empreendedores: 
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 Empreendedor de negócios: aquele que identifica 
oportunidades no mercado planeja e constrói novas 
empresas; 
 Empreendedor Corporativo: (Intra – Empreendedor) o 
indivíduo que promove as mudanças dentro da empresa 
em que trabalha; re inventa a emprese e os negócios, 
etc; 
 Empreendedor Comunitário ou social: aquele que 
promove mudanças reúne recursos e constrói em 
benefício da comunidade – voluntariado; terceiro setor. 
 
 
 
EMPREENDEDOR CORPORATIVO (INTRA 
EMPREENDEDOR) 
De acordo com Pinchot (1989), a diferença entre o 
empreendedor e o intra-empreendedor é que o 
empreendedor deixa a empresa onde trabalha para 
vivenciar as emoções, riscos e gratificações de uma idéia 
transformada em realidade. Já o intra-empreendedor realiza 
tudo isso dentro da empresa onde trabalha. Ou seja, o 
intra-empreendedorismo é a presença do ―espírito 
empreendedor‖ nas organizações. 
Para Neto (2005), intra-empreendedores são as 
pessoas que vislumbram e desenvolvem oportunidades de 
Guia de Estudo - Empreendedorismo 
 
 
 
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negócios ou de melhorias para a organização onde 
trabalham. 
Hashimoto (2006, p.13) afirma que qualquer 
funcionário que por iniciativa própria promove alguma 
mudança dentro ou fora do seu escopo de trabalho, para o 
qual ele não é originalmente pago pode, a rigor, ser 
considerado um empreendedor corporativo. 
Uriarte (1997) destaca a importância dos 
empreendedores para dar vida às grandes empresas 
existentes. Isso porque, para serem bem-sucedidas, as 
empresas precisam manter uma liderança em mudanças 
em relação aos concorrentes. E esta liderança só é 
possível quando elas têm em seu quadro pessoas capazes 
de iniciar mudanças em tecnologia, marketing ou 
organização. 
Para o psiquiatra Shinyashiki (2005), empresas 
campeãs são formadas por seres humanos campeões. Os 
intra-empreendedores são profissionais que se 
responsabilizam pelos projetos da empresa como se fosse 
uma unidade de negócio, resolvem seus problemas e, 
principalmente, evitam que eles aconteçam,

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