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DATA: 16/06/2016 DISCENTE: Murilo Alves Chaves Sinapse glutamatérgica, neurotoxidade e Esclerose Lateral Amiotrófica A sinapse glutamatérgica se entorna sobre o mais abundante neurotransmissor excitatório do SNC dos mamíferos, o aminoácido glutamato (L-Glu). A sua principal função é de exercer mecanismos subjacentes à plasticidade sináptica. Existem dois receptores glutamatérgicos nesse tipo de sinapse: ionotrópicos, que tem a função de agregar no mesmo plexo proteico transmembranar, sítios de recepção ao ligante e canal iônico, caracterizando uma transmissão rápida; e metabotrópicos, dos quais estão acoplados na proteína G e tem a função de participar dos mecanismos de resposta intracelular através da ativação de segundos mensageiros, caracterizando uma transmissão mais lenta. (RUGGIERO et al., 2011) Imagem 01. Síntese de glutamato e ciclo entre neurônio e célula da glia (RUGGIERO et al., 2011) “A ação do glutamato liberado na fenda sináptica é limitada pela recaptação através de transportadores específicos em neurônios e células gliais adjacentes, os astrócitos. No terminal pré-sináptico, a glutamina liberada por células gliais é recaptada pelos neurônios e convertida em glutamato. O glutamato é transportado para dentro das células através de transportadores de aminoácidos excitatórios (TAEs) e armazenado em vesículas por transportadores vesiculares de glutamato (TVGlu).” (RUGGIERO et al., 2011) Ciclo de transmissão sináptica glutamatérgica: 1. Despolarização de membrana do neurônio pré-sináptico, induzidos por Na+ 2. Liberação de L-Glu dos transportadores vesiculares de glutamato (TVGlu) 3. L-Glu se liga aos receptores do neurônio pós-sináptico: NMDA, AMPA e KA 4. L-Glu abre os canais iônicos dos neurônios pós-sinápticos 5. Ca2+ a Na+ adentram os canais iônicos dos neurônios pós-sinápticos 6. K+ realiza o processo inverso do Ca2+ e Na+ acarretando os estágios finais do potencial de ação (polarização, hiperpolarização e repouso) Obs.: A homeostase de K+ e Na+ é adquirida com a atuação da bomba de sódio e potássio ATPase; assim como a homeostase de Ca2+ é estabelecida com a bomba de cálcio. ATPase 7. Recaptação do L-Glu através de enzimas astrocitárias EAAT1 e EAAT2 (TAEs) 8. Degradação do L-Glu em glutamina pela ação da glutamina sintetase 9. Transporte da glutamina do astrócito para o neurônio pré-sináptico através de transportadores aminoácidos excitatórios (TAEs) 10. Conversão de glutamina em L-Glu pela ação da enzima glutaminase 11. Reinício do ciclo. O íon de Ca2+ funciona como um mensageiro de suma importância em vários fatores funcionais das células, sendo ele o responsável de regular os processos de proliferação e sobrevivência celular e também da morte celular. Para que isso ocorra é necessário que haja uma interação do cálcio entre o seu influxo, efluxo, captação e armazenamento no retículo endoplasmático e mitocôndrias. O influxo, ou seja, a entrada do Ca2+ nas células, é quem regula a excitabilidade da membrana. A partir do momento em que o L-Glu tende a uma concentração excessiva nas fendas sinápticas, acontece a superestimulação dos receptores de íons Ca2+ localizados no terminal pós-sináptico. Quando o nível de concentração de Ca2+ tende a superar um limiar de ativação de mecanismos regulatórios acontece a excitotoxicidade, o que culmina a morte neuronal, que acontece por meios de necrose ou apoptose. (RUGGIERO et al. 2011) A neurotoxicidade do L-Glu é trazida por conta de uma deformidade do seu mecanismo de captação astrocitária, que por sua vez tem a função de removê-lo da fenda sináptica. O L- Glu, por portar a função de abrir os canais iônicos dos neurônios pós-sinápticos, acaba servindo como porta de influxo do Ca2+. Ao denotar a deficiência de transportadores aminoácidos excitatórios (EAAT1 e EAAT2) dos astrócitos, há um excesso de L-Glu, do qual aumenta então a concentração de Ca2+ causando morte celular, caracterizando a neurotoxicidade do L-Glu. As sinapses glutamatérgicas estão presentes nos neurônios motores do cérebro (superiores) e da medula espinal (inferiores). A partir do momento em que acontece disfunções dessas células nervosas, em função da morte celular em cadeia, a pessoa é caracterizada com um quadro de degeneração progressiva. Este quadro é atualmente descrito como Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA). Os portadores de ELA ficam impossibilitados de enviar impulsos de transmissão neuromuscular, caracterizando uma posterior atrofia dos músculos por desuso, tudo isso por conta da afecção dos 1º neurônio superior e 2º neurônio inferior. O possuinte da ELA tende a se manter em repouso pois tem fraqueza muscular constante e frequente, no entanto, há algumas partes do corpo em que a doença não afeta por conta da ausência de sinapses glutamatérgicas. São elas o raciocínio intelectual, a visão, a audição, o paladar, o olfato e o tato. Na maioria dos casos, a esclerose lateral amiotrófica não afeta as funções sexual, intestinal e vesical. Tendem a desenvolver ELA homens brancos com mais de 60 anos de idade com mais frequência, no entanto, não descarta a hipótese de mulheres, pessoas negras e com menos de 60 anos adquirirem a doença. Os pacientes com esse tipo de disfunção necessitam de pessoas dispostas ao cuidado e a atenção, pois não conseguem movimentar os principais músculos do corpo, causando então níveis de dependência diferenciais. Stephen Hawking, físico, cosmólogo e portador de ELA, necessita de uma câmera 3D de última geração acoplada a uma cadeira de rodas elétrica, fornecido pela google, para desenvolver suas principais atividades comunicativas e de locomoção de acordo com suas vontades expressadas pelos músculos da bochecha. GLOSSÁRIO Astrócitos: Células da glia em formato de estrela. Possui função de sustentação neuronal, proteção dos axônios desprotegidos em maneira de isolamento, possui funções fagocíticas em caso de lesão tecidual, participa no controle de potássio extraneuronal e contribui para a receptação de neurotransmissores. ATP: Adenosina Trifosfato: energia necessária para ATPase Na+/K+ e ATPase Ca2+ Efluxo: Potencial da saída de determinada substância Excitotoxicidade: Substância excitatória que apresenta características tóxicas a células. Glutamatérgico: Oriundo de ação do glutamato. Influxo: Potencial da entrada de determinada substância Mitocôndria: Organela celular responsável por gerar energia por síntese de ATP Neurotoxicidade: Substância que apresenta características tóxica a células do sistema nervoso: neurônios e células da glia. Plexo proteico transmembranar: Proteína que atravessa a membrana. Geralmente possui caráter de transporte de substâncias. REFERÊNCIA Ruggiero RN, Bueno-Júnior LS, Ross JB de, Fachim HA, Padovan-Neto FE, Merlo S, et al. Neurotransmissão glutamatérgica e a plasticidade sináptica. Ribeirão Preto – SP: Revista FMRP-USP, 2011;44(2): 143-56
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