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A proteção supranacional dos direitos humanos

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Rosélia Maria de Sousa Santos et al. 
 RBDGP (Pombal - Paraíba, Brasil), v. 1, n. 3, p. 15-19, jul.-set., 2013 
15 
GVAA - GRUPO VERDE DE AGROECOLOGIA E ABELHAS - POMBAL - PB 
 
RBDGP 
REVISTA BRASILEIRA DE DIREITO E GESTÃO PÚBLICA 
- ARTIGO DE REVISÃO - 
 
A proteção supranacional dos direitos humanos 
 
 
Rosélia Maria de Sousa Santos 
Diplomada em Gestão Pública, especialista em Direito Administrativo e Gestão Pública (FIP), pós-graduanda em 
Direitos Humanos (UFCG) e aluna especial do Curso de Mestrado em Sistemas Agroindustriais (UFCG). 
Email: roseliasousasantos@hotmail.com 
José Ozildo dos Santos 
Diplomado em Gestão Pública, pós-graduado em Direito Administrativo e Gestão Pública (FIP), 
pós-graduando em Direitos Humanos (UFCG) e mestrando em Sistemas Agroindustriais (UFCG). 
Email: ozildoroseliasolucoes@hotmail.com 
Iluskhanney Gomes de Medeiros Nóbrega 
Jornalista, graduada pelas Faculdades Integradas de Patos e especialista em Assessoria de 
Comunicação pela mesma IES. E-mail: yluska.gmn@gmail.com 
Rafael Chateaubriand de Miranda 
Bacharel em Direito, graduado pela Universidade Federal de Campina Grande - UFCG 
E-mail: rafamiranda290885@gmail.com 
 
 
Resumo: A partir do momento em que os Estados passam a reconhecer que determinadas regras internacionais 
devem ser respeitas e cumpridas, o Direito Internacional Público começou a adquirir eficácia. Por outro lado, para 
que as normas de Direito Internacional Público tenham validade é de suma importância de Estados deem o seu 
consentimento. Esse consentimento dá-se através da expedição de normas cogentes, ou seja, de normas que 
obrigam o seu cumprimento. Com a Convenção de Viana, o Direito Internacional Público deu um significativo 
avanço. Isto porque aos estados foi imposta a obrigatoriedade de se reconhecer a primazia do direito internacional 
sobre o direito interno. Nesse caso, a responsabilidade externa do Estado subsiste plenamente, mesmo quando 
internamente um tratado possa ser declarado inconstitucional. No entanto, não basta a comunidade internacional 
celebrar inúmeros tratados. É de suma importância que tais tratados sejam, efetivamente, cumpridos dentro dos 
Estados signatários. Pois, sem esse cumprimento não se pode falar na existência completo do Direito Internacional 
Público. Assim, sobretudo quando se tratar da proteção dos direitos humanos, é fundamental que as normas do 
Direito Internacional Público estejam vinculadas aos ordenamentos jurídicos dos Estados. Atualmente, a proteção 
supranacional dos direitos humanos é algo que já alcançou uma dimensão ampla. Na maioria dos estados, os 
direitos humanos e as liberdades fundamentais veem sendo respeitados. De forma gradativa vem sendo 
eliminados/reduzidos os diferentes tipo de discriminação e as ofensa aos direitos humanos. 
 
Palavras-chave. Direito Internacional Público. Direitos Humanos. Proteção Supranacional. 
 
 
The supranational protection of human rights 
 
 
Abstract: From the moment in which states come to recognize that certain international rules must be 
respected and enforced in public international law began to take effect. On the other hand, that the norms 
of public international law have validity is of paramount importance for States to give their consent. This 
consent is given by the expedition cogent norms, norms that compel compliance. With the Convention of 
Viana, the Public International Law gave a significant advance. This was because the states imposed the 
obligation to recognize the primacy of international law over domestic law. In this case, the external 
accountability of the State remains fully internally even when a treaty may be declared unconstitutional. 
However, the international community does not just celebrate numerous treaties. It is extremely important 
that such treaties are effectively met within the signatory States. For without such compliance cannot 
speak in complete existence of public international law. Thus, especially when dealing with the protection 
of human rights, it is essential that the rules of public international law are linked to the legal systems of 
States Currently, the supranational protection of human rights is something that has already achieved a 
 Rosélia Maria de Sousa Santos et al. 
 RBDGP (Pombal - Paraíba, Brasil), v. 1, n. 3, p. 15-19, jul.-set., 2013 
16 
large scale. In most states, human rights and fundamental freedoms are respected see. Gradually been 
eliminated/reduced the different types of discrimination and human rights offense. 
 
Keywords: Public International Law. Human Rights. Protection Supranational. 
 
 
1 Introdução 
 
É um consenso geral de que a proteção, bem como 
o respeito aos direitos humanos deve possuir uma 
abrangência universal, incluindo todas as pessoas. Assim, 
para concretizar esse objetivo, os Estados recorrem ao 
Direito Internacional e em conjunto, criam mecanismos 
destinados a combater às violações e os abusos 
promovidos contra estes direitos, que são consagrados 
universalmente. 
Após a assinatura da Declaração dos Direitos 
Humanos verificou-se que somente era possível obter a 
efetiva proteção desses direitos, ampliando a sua tutela no 
âmbito internacional. 
Atualmente, entende-se que os direitos humanos 
não pode se reduzir ao âmbito interno dos Estados 
(PIOVESAN, 2009). O reconhecimento dessa 
necessidade surgiu após o consenso de que os direitos 
humanos dizem respeito ao homem enquanto cidadão do 
mundo e não somente como cidadão de um determinado 
Estado. Assim, promovendo tais direitos é possível se 
alcançar um ideal de justiça universal. 
Informa Pagliarini (2009) que o movimento de 
internacionalização dos direitos humanos surgiu a partir 
do pós-guerra, numa visível resposta às atrocidades e aos 
horrores cometidos pelos nazistas. 
Os horrores da Segunda Guerra Mundial - que foi 
marcada pela destruição e pelo descaso para com a vida 
humana - mostraram que era necessário reconstruir dos 
direitos humanos e que este era o único caminho para se 
restabelecer a ordem internacional. 
Nessa mesma linha de pensamento, Piovesan 
(2009) esclarece que o estabelecimento de um sistema 
normativo de proteção supranacional aos direitos 
humanos, passou a ser a grande preocupação do mundo 
pós-guerra. Assim, com a criação da ONU, foram 
divulgados os primeiros parâmetros, visando o 
estabelecimento de uma nova ordem internacional. 
O presente trabalho destina-se a tecer algumas 
considerações sobre a proteção supranacional dos direitos 
humanos. 
 
2 Revisão de Literatura 
2.1. A proteção internacional dos direitos humanos 
 
Aprovada em 1948, pela unanimidade dos 
membros das Nações Unidas no ano de 1948, a 
Declaração Universal dos Direitos dos Direitos do 
Homem é considerada o ponto de partida para a 
construção do sistema de direitos humanos, sendo, 
também, uma referência para todos os outros tratados 
internacionais. 
Na concepção de Piovesan (2009, p. 124): 
 
A Declaração Universal de 1948 objetiva delinear 
uma ordem pública mundial fundada no respeito à 
dignidade humana, ao consagrar valores básicos 
universais. Desde seu preâmbulo, é afirmada a 
dignidade inerente a toda pessoa humana, titular de 
direitos iguais e inalienáveis. Vale dizer, para a 
Declaração Universal a condição de pessoa é o 
requisito único e exclusivo para a titularidade de 
direitos. A universalidade dos direitos humanos 
traduz a absoluta ruptura com o legado nazista, que 
condicionava a titularidadede direitos à 
pertinência à determinada raça (a raça pura ariana). 
A dignidade humana como fundamento dos 
direitos humanos é concepção que, posteriormente, 
vem a ser incorporada por todos os tratados e 
declarações de direitos humanos, que passam a 
integrar o chamado Direito Internacional dos 
Direitos Humanos. 
 
A própria Carta da ONU, assinada em 1945, 
estabeleceu que os Estados-Membros devem promover a 
proteção dos Direitos Humanos, bem como as liberdades 
fundamentais. E esta obrigação constitui um marco 
histórico no Direito Internacional Público. 
Na concepção de Heintze (2010, p. 27), essa 
inclusão foi importante porque com ela, "pela primeira 
vez os Estados comprometiam-se perante outros Estados a 
adotar um comportamento determinado ante os não 
sujeitos do direito internacional, ou seja, seus habitantes 
desprovidos de direitos". 
No entanto, mesmo havendo esse 
comprometimento, faltava um documento que elencasse 
quais seriam os Direitos Humanos e as liberdades 
fundamentais a serem tutelados. E essa lacuna foi 
preenchida pela Declaração de 1948
1
.
 
Observa ainda Heintze (2010) que como a referida 
Declaração não tem a estrutura de um tratado 
internacional, é desprovida de força jurídica obrigatória e 
vinculante. E essa particularidade gerou intensa discussão 
doutrinária acerca da obrigatoriedade deste diploma. 
Assim, objetivando colocar um ponto final nessas 
discussões, elaborou-se o Pacto Internacional dos Direitos 
Civis e Políticos, bem como o Pacto Internacional dos 
Direitos Econômicos, Sociais e Culturais. Tais tratados 
incorporaram os direitos elencados na Declaração 
 
1 
Segundo o art. 1, § 3, da Carta da ONU, as Nações 
Unidas têm o objetivo de estabelecer uma cooperação 
internacional para promover e consolidar o respeito aos 
direitos humanos para todos, sem distinção de raça, sexo, 
língua ou religião. Esse objetivo é reafirmado no art. 55 
da Carta da ONU e complementado pelo art. 56, no qual é 
estipulado que todos os Estados-Membros comprometem-
se a cooperar entre si e juntamente com as Nações Unidas 
para alcançar os objetivos definidos. Embora a Carta das 
Nações Unidas fale de “direitos humanos e liberdades 
fundamentais”, ela não contém uma definição para esses 
termos (HEINTZE, 2010, p. 26-27).
 
 Rosélia Maria de Sousa Santos et al. 
 RBDGP (Pombal - Paraíba, Brasil), v. 1, n. 3, p. 15-19, jul.-set., 2013 
17 
Universal dos Direitos dos Direitos do Homem, trazendo 
a eficácia jurídica que faltava para a proteção dos Direitos 
Humanos. 
No que diz respeito ao Pacto Internacional aos 
Direitos Econômicos, Sociais e Culturais, este foi adotado 
para atender à imposição, por parte da ONU, da obrigação 
de promover o respeito universal e efetivo pelos direitos e 
liberdades humanas. O referido pacto também determinou 
que o indivíduo, por ter deveres em relação a outros 
indivíduos e à comunidade a que pertence, encontra-se 
obrigado a respeitar a vigência e observância dos direitos 
que reconhece. 
Afirma Piovesan (2009) que o Pacto sobre Direitos 
Civis e Políticos incorporou à Declaração Universal uma 
nova série de direitos a serem tutelados, ao mesmo tempo 
em que estabeleceu para os Estados-Membros a obrigação 
de assegurarem imediata aplicabilidade desses direitos 
aos indivíduos por eles jurisdicionados. 
Noutras palavras, ao ratificarem o Pacto sobre 
Direitos Civis e Políticos, os Estados-Membros da ONU 
se comprometeram a enviarem relatórios referentes às 
atividades/ações voltadas para a proteção dos direitos 
humanos, desenvolvidas em seu território. 
É importante também destacar que o Pacto sobre 
Direitos Civis e Políticos, de forma enfática, segundo 
Piovesan (2009) prestigia: 
a) a igualdade perante a lei; 
b) a liberdade de associação; 
c) a liberdade de movimento; 
d) as liberdades de opinião e de expressão; 
e) as liberdades de pensamento, consciência e 
religião; 
f) o direito a não ser escravizado, nem submetido à 
servidão; 
g) o direito a um julgamento justo; 
h) o direito a uma nacionalidade; 
i) o direito à vida; 
j) o direito de casar e formar família; 
l) o direito de não ser submetido à tortura ou a 
tratamentos cruéis, desumanos ou degradantes; 
m) o direito de sindicalizar-se e o direito de voto e 
de participação do governo. 
n) os direitos à liberdade e à segurança pessoal e a 
não se sujeitar à prisão ou detenção arbitrárias. 
Outros direitos e garantias também encontram-se 
expressos no Pacto sobre Direitos Civis e Políticos. Já 
quanto ao Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, 
Sociais e Culturais, este trata-se que diploma cujo 
objetivo primordial é a incorporação e a expansão dos 
dispositivos relacionados com os direitos sociais, 
econômicos e culturais instituídos pela Declaração 
Universa. 
Explica Heintze (2010), que com esse Pacto, os 
direitos econômicos, sociais e culturais passaram a terem 
obrigatoriedade e força vinculante. 
Assim sendo, com o Pacto dos Direitos 
Econômicos, Sociais e Culturais, os Estados assumiram o 
compromisso de respeitarem tais direitos, criando, para 
tanto, dispositivos legais voltados para tais fins. 
Informa Piovesan (2009) que vários outros 
tratados internacionais versando sobre a proteção dos 
Direitos Humanos foram assinados, dentre os quais é 
possível destacar os seguintes: 
a) Convenção Internacional sobre a Eliminação de 
todas as formas de Discriminação Racial (1965); 
b) Convenção Americana dos Direitos Humanos 
(1969); 
c) Convenção Internacional sobre a Eliminação de 
todas as formas de Discriminação contra a Mulher (1979); 
d) Convenção sobre a Tortura e outros 
Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanas ou Degradantes 
(1984); 
e) Convenção sobre os Direitos da Criança (1989). 
Dissertando sobre a contribuição advinda desses 
tratados internacionais sobre os direitos humanos, 
Mazzuoli (2006) afirma que graças aos mesmos, 
atualmente, no âmbito internacional, o ser humano dispõe 
de uma efetiva proteção. 
Além do direito de petição diante de Tribunais 
Internacionais, a doutrina, embora que forma limitada, já 
está inserindo o indivíduo no rol dos sujeitos de Direito 
Internacional Público. E isto somente tem a contribuir 
para a ampliação da proteção internacional dos direitos 
humanos. 
 
2.2 O direito internacional público, os estados e a 
proteção aos direitos humanos 
 
O Direito Internacional Público (DIP) era até 
pouco tempo, um direito costumeiro essencialmente. Sua 
codificação ocorreu com a Convenção de Viena. A 
referida Convenção também estabeleceu "que as regras do 
Direito Internacional consuetudinário continuarão a reger 
as questões não reguladas pelas disposições da presente 
Convenção" (REZEK, 2008, p. 119). 
Atualmente, o DIP é visto como disciplina jurídica, 
que segundo Monsserrat Filho (1986, p. 18-1): 
 
[...] regula as relações internacionais, ou seja, as 
relações entre os Estados, - os principais atores da 
vida mundial, - as nações em luta pela 
independência política e as organizações 
internacionais, cada vez mais importantes e 
numerosas. 
 
Desta forma, além de estudar as normas que 
disciplinam as relações de direito público externo, o DIP 
também reconhece o ser humano com como sujeito de 
direitos e obrigações internacionais. Ele congrega todos 
os elementos jurídicos que objetivam a regulação do 
relacionamento entre países. 
É importante destacar que o DireitoInternacional 
também se preocupa com as relações que os Estados 
mantêm com seus nacionais. Essa preocupação também é 
compartilhada pelas instituições internacionais. A cada 
dia aumenta a consciência de que não devem existir 
fronteiras na luta pelos direitos humanos, que devem ser 
objeto de proteção universal. 
Na concepção de Piovesan (2009, p. 8): 
 
[...] o reconhecimento de que os seres humanos 
têm direitos sob o plano internacional implica a 
noção de que a negação desses mesmos direitos 
impõe, como resposta, a responsabilização do 
Estado violador. Isto é, emerge a necessidade de 
delinear limites à noção tradicional de soberania 
 Rosélia Maria de Sousa Santos et al. 
 RBDGP (Pombal - Paraíba, Brasil), v. 1, n. 3, p. 15-19, jul.-set., 2013 
18 
estatal, introduzindo formas de responsabilização 
do Estado na arena internacional, quando as 
instituições nacionais se mostram omissas ou 
falhas na tarefa de proteger os direitos humanos 
internacionalmente assegurados. 
 
Na busca pela proteção e valorização dos direitos 
humanos, é de suma importância que os Estados 
reavaliem a noção tradicional de soberania absoluta. Esse 
processo de relativização deve ter como foco central a 
proteção aos direitos humanos. 
Assim, ao violar a obrigação de proteção dos 
direitos humanos, nenhum Estado pode se eximir de sua 
responsabilidade, sob a alegação de está indo de encontro 
a sua competência (ACCIOLY, 2009). 
Atualmente, as relações entre os Estados 
independentes são reguladas pelo Direito Internacional 
Público (DIP), cujas regras emergem da vontade dos 
próprios Estados-membros e são formuladas objetivando 
uma cooperação pacífica entre as nações. 
Informa Piovesan (2009, p. 159), que a 
"universalização dos direitos humanos fez com que os 
Estados consentissem em submeter ao controle da 
comunidade internacional o que até então era de seu 
domínio reservado". 
Noutras palavras, no que diz respeito à proteção 
aos direitos humanos, os Estados devem ceder espaço à 
norma internacional. É preciso, pois, que exista o 
entendimento de que somente através da união de todos 
os Estados, numa completa cooperação com o Direito 
Internacional Público, será possível atingir a paz mundial 
tão desejada. 
 
2.3 As normas cogentes do direito internacional público 
 
A partir do momento em que os Estados passam a 
reconhecer que determinadas regras internacionais devem 
ser respeitas e cumpridas, o Direito Internacional Pública 
começou a adquirir eficácia. 
Dissertando sobre o processo de construção da 
eficácia do DIP, Pagliarini (2004, p. 5) afirma que: 
 
[...] se deve promover, na ordem internacional, 
uma cedência que faça com que os atores do 
direito das gentes - Estados e organizações 
internacionais - tenham consciência de que o 
direito internacional só vale à medida que se 
verifica o consentimento, característica esta que 
parte do Estado regrado por uma Lei Maior. 
 
Nesse sentido, para que as normas de Direito 
Internacional Público tenham validade é de suma 
importância de Estados deem o seu consentimento. Esse 
consentimento dá-se através da expedição de normas 
cogentes, ou seja, de normas que obrigam o seu 
cumprimento. 
Espelhada no princípio de que não há direito sem 
obrigação, a Convenção de Viena sobre o Direito dos 
Tratados, em seu art. 26 prescreve que “todo tratado em 
vigor obriga as partes e deve ser cumprido por elas de 
boa-fé” (ONU, 2001, p. 47). 
No mencionado artigo, existe a consagração do 
princípio do pacta sunt servanda, que, segundo Accioly 
(2009, p. 112) é aquele “segundo o qual os acordos têm 
de ser cumpridos”, convertendo-se em algo “basilar para a 
ordenação de qualquer sistema de convivência organizada” 
até mesmo na sociedade internacional. 
Com a Convenção de Viana, o Direito 
Internacional Público deu um significativo avanço. Isto 
porque aos estados foi imposta a obrigatoriedade de se 
reconhecer a primazia do direito internacional sobre o 
direito interno. Nesse caso, a responsabilidade externa do 
Estado subsiste plenamente, mesmo quando internamente 
um tratado possa ser declarado inconstitucional 
(MAZZUOLI, 2004). 
Assim, por exclui a possibilidade de qualquer 
Estado se eximir de cumprir obrigação internacional, 
alegando disposição de seu direito interno, a Convenção 
de Viena sobre Direito dos Tratados passou a se 
considerada um marco fundamental na codificação do 
DlP. 
No entanto, como a referida convenção traz 
dispositivos que tratam do jus cogens, esta não foi logo 
ratificada por vários países membros da ONU, inclusive, 
o próprio Brasil, mesmo embora já estivesse subordinado 
à grande parte das determinações expressas naquele 
instrumento internacional (REZEK, 2008). 
Em resumo, não basta a comunidade internacional 
celebrar inúmeros tratados. É de suma importância que 
tais tratados sejam, efetivamente, cumpridos dentro dos 
Estados signatários. Pois, sem esse cumprimento não se 
pode falar na existência completo do DIP. Assim, 
sobretudo quando se tratar da proteção dos direitos 
humanos, é fundamental que as normas do direito 
Internacional Público estejam vinculadas aos 
ordenamentos jurídicos dos Estados. 
 
3 Considerações Finais 
 
Através da análise do material bibliográfico 
selecionado para fundamentar a presente produção 
acadêmica, pode-se perceber que o grande desafio do 
direito internacional dos direitos humanos diz respeito à 
concretização de sua efetivação. 
Entretanto, pode-se também constatar que nas 
últimas décadas vem ocorrendo um amadurecimento 
social, que tem contribuído para a ampliação do chamado 
processo de justicialização do direito internacional, 
notadamente, dos direitos humanos. 
É oportuno destacar que esse amadurecimento 
social, direta ou indiretamente, tem sido ampliado graças 
aos esforços desenvolvidos pelas Nações Unidas, que 
desde os seus primórdios tem se mostrado preocupada em 
garantir o respeito universal e a observância de todos os 
direitos humanos, bem com das chamadas liberdades 
fundamentais de todas as pessoas, independentemente de 
sua nacionalidade, cor ou credo, etc. 
Graças também aos esforços da ONU, as relações 
entre as nações têm se tornado mais pacíficas e amistosas. 
E isto tem contribuído para promover a paz, a segurança e 
o desenvolvimento socioeconômico. 
Os pactos e convenções realizados após a 
publicação da Declaração dos Direitos Humanos 
contribuíram para uma maior universalização dos direitos 
humanos. Estados e organizações internacionais, ao 
firmarem regime de cooperação com as organizações não 
 Rosélia Maria de Sousa Santos et al. 
 RBDGP (Pombal - Paraíba, Brasil), v. 1, n. 3, p. 15-19, jul.-set., 2013 
19 
governamentais, tornaram-se obrigados a criar condições 
favoráveis para, nos diferentes âmbitos, garantirem o 
pleno e efetivo exercício destes direitos. 
Isto porque os estados-membros signatários destes 
pactos e convenções estão obrigados a eliminarem todas 
as causas e condições que possam contribuir para a 
violação dos direitos humanos. 
Atualmente, a proteção supranacional dos direitos 
humanos é algo que já alcançou uma dimensão ampla. Na 
maioria dos estados, os direitos humanos e as liberdades 
fundamentais veem sendo respeitados. De forma 
gradativa vem sendo eliminados/reduzidos os diferentes 
tipo de discriminação e as ofensa aos direitos humanos.É oportuno reconhecer que nas últimas décadas a 
proteção da dignidade da pessoa humana. Esta, por sua 
vez, alcançou o patamar de princípio fundamental, 
transformando-se num verdadeiro núcleo essencial da 
hermenêutica constitucional. No entanto, tem-se que 
reconhecer que ainda resta muito a ser feito pelos Estados 
e pela comunidade internacional para que a proteção 
supranacional dos direitos humanos seja consolidada. 
 
4 Referências 
 
ACCIOLY, Hildebrando. Manual de direito 
internacional público. 17. ed. São Paulo: Saraiva, 2009. 
 
HEINTZE, Hans-Joachim. Introdução ao sistema 
internacional de proteção dos direitos humanos. In: 
PETERKE, Sven (coord.). Manual Prático de Direitos 
Humanos Internacionais. Brasília: Escola Superior do 
Ministério Público da União, 2010. 
 
MAZZUOLI, Valério de Oliveira. Tratados 
internacionais: com comentários à Convenção de Viena 
de 1969. 2. ed. São Paulo: Juarez de Oliveira, 2004. 
 
MONSSERRAT FILHO, José. O que é direito 
internacional. São Paulo: Brasiliense, 1986. 
 
ONU - Organização das Nações Unidas. Conferência 
mundial sobre direitos humanos. In: Fichas 
Informativas sobre Direitos, n. 2. Lisboa: Gabinete de 
Documentação e Direito Comparado, 2001. 
 
PAGLIARINI, Alexandre Coutinho Constituição e 
Direito Internacional: cedências possíveis no Brasil e 
no mundo globalizado. Rio de Janeiro: Forense, 2004, p. 
5. 
 
PIOVESAN, Flávia. Direitos humanos e o direito 
constitucional internacional. 10 ed., São Paulo: Saraiva, 
2009. 
 
REZEK, Francisco. Direito Internacional Público: curso 
elementar. 11. ed. São Paulo: Saraiva, 2008.

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