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UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM – DENF Disciplina: Epidemiologia Conteúdo: Indicadores de Saúde e Vigilância Epidemiológica Prof: Me. Mauricio V. G. Oliveira INDICADORES DE SAÚDE A análise da situação de saúde das populações encontra espaço privilegiado na Epidemiologia e em outras disciplinas afins, contribuindo na definição de políticas e na avaliação do impacto das intervenções (Castelhanos, 1997); Indicadores de Saúde são medidas (proporções, taxas, razões) que procuram sintetizar o efeito de determinantes de natureza diversa (sociais, econômicos, ambientais, biológicos, etc), sobre o estado de saúde de uma determinada população. INDICADORES DE SAÚDE Indicador O que medimos Por que medimos Para quem medimos Quando medimos INDICADORES DE SAÚDE Quando utilizamos os indicadores? Diagnóstico Intervenção Avaliação do impacto INDICADORES DE SAÚDE Principais usos de indicadores epidemiológicos: Diagnóstico de saúde comunitária; Monitoramento das condições de saúde; Identificação dos determinantes de doenças ou agravos; Validação de métodos diagnósticos; Estudo da história natural das doenças; Avaliação epidemiológica de serviços de saúde. INDICADORES DE SAÚDE Requesitos necessários de Indicadores de Saúde: Disponibilidade de dados; Simplicidade técnica que permita rápido manejo e fácil entendimento; Uniformidade; Sinteticidade, de modo a poder abranger o efeito do maior número possível de fatores que influem no estado de saúde das coletividades; Poder discriminatório que permita comparações inter- regionais e internacionais. INDICADORES DE SAÚDE Aplicabilidade: – Analisar situação de saúde; – Realizar comparação; – Avaliar mudanças ao longo do tempo. Tipos de indicadores: – Morbidade; – Mortalidade; – Nutricionais (avaliação dietética, clínica, etc.); – Demográficos (expectativa de vida, natalidade); – Sociais (renda, escolaridade, etc.); – Ambientais (poluição do ar); – Serviços de saúde (nº de enfermeiros, médicos, etc). INDICADORES DE SAÚDE Critérios de avaliação e seleção de indicadores: Validade: capacidade de discriminar corretamente um dado evento de outros, bem como detectar mudanças ao longo; Confiabilidade: obtenção de resultados semelhantes em repetidas mensurações; Representatividade: cobertura populacional; Obediência a preceitos éticos: não acarretar malefícios ou prejuízos às pessoas, bem como no tocante ao sigilo de dados individuais; Questões técnico-administrativas: simplicidade, flexibilidade, facilidade de obtenção, custo operacional compatível, oportunidade. INDICADORES DE SAÚDE Erros mais comuns nos cálculos dos indicadores Numerador: • Subnotificação; • Erros de diagnóstico; • Mudanças na CID; • Disponibilidade de assistência médica; • Novos métodos de diagnóstico. Denominador: • Erros de estimativa populacional; • Áreas de subregistro; • Outros. INDICADORES DE SAÚDE Coeficiente Probabilidade/Risco Apresenta eventos diferentes entre o numerador e denominador; Índice Proporção Numerador e denominador apresentam a mesma unidade de medida. O numerador é um subconjunto do denominador. INDICADORES DE SAÚDE Regra geral para cálculo do coeficiente: Coeficiente de morbidade: Coef.X = Número de eventos ocorridos x 10n População exposta ao evento CM= Número de doentes totais x 105 Toda a população exposta INDICADORES DE SAÚDE Fontes de dados de morbidade: SINAN, SIAB, SISVAN, IBGE, PNDS, PNAD, IBGE SIH/SUS - hospitalar SIA/SUS – ambulatorial Seguros e planos de saúde Fontes de dados de mortalidade: Sistema de Informação de Mortalidade (SIM), implantado no ano de 1975/76. As informações nele contidas podem ser desagregadas por unidades da Federação, município, causa básica de morte, sexo, idade, pelas 21 seções da CID – 10... Outras fontes são as Declarações de Óbito (DO). INDICADORES DE SAÚDE Indicadores mais utilizados – Mortalidade: Coeficiente de mortalidade geral – Usado na avaliação do estado sanitário de uma população; – Problemas da qualidade dos dados: subnotificação, invasão de óbitos, etc. CMG= Número de óbitos totais x 103 População total INDICADORES DE SAÚDE Indicadores mais utilizados – Mortalidade: Coeficiente de mortalidade infantil – Problemas no sub registros no numerador e denominador; – Coeficiente específico e geral; CMI= Número de óbitos em < 1 ano x 103 Nº total de nascidos vivos INDICADORES DE SAÚDE Componentes da mortalidade infantil: Mortalidade neonatal • Neonatal precoce: até 6 dias; • Neonatal tardia: de 7 a 27 dias; Mortalidade Pós-neonatal • de 28 dias a menores de 1 ano INDICADORES DE SAÚDE Coeficiente de mortalidade por causas específicas: Depende da qualidade de preenchimento da Causas Básica de óbito na D.O.; São bons reveladores do estado geral de saúde de uma população (transmissíveis x DANT’s); Problemas: • Falha no preenchimento da causa básica; • Óbitos se assistência médica; • Sintomas e Sinais Mal Definidos (SSMD). CMCE= Nº de óbitos por determinada doença x 103 População exposta INDICADORES DE SAÚDE Coeficiente de letalidade: Coeficiente de Mortalidade Materna: CL= Nº de óbitos por determinada doença x 100 Nº de doentes desta doença CMM= Nº de óbitos em mulheres, relacionados ao parto e puerpério x 105 Nº de Nascidos Vivos INDICADORES DE SAÚDE Índice de mortalidade infantil proporcional: Indica a proporção de óbitos em menores de 1 ano relação ao número total de óbitos. CMCE= Nº de óbitos em < de 1 ano x 103 Nº total de óbitos INDICADORES DE SAÚDE Índice de Swaroop & Uemura (razão de mortalidade proporcional): – Apresenta a proporção de óbitos em pessoas de 50 anos ou mais em relação ao total de óbitos ocorridos em uma população; – Excelente indicador do nível de vida de uma população; – São muito empregados para comparação locais, inter-regionais e internacionais; Vantagens: Simplicidade no cálculo; Disponibilidade de dados na maioria dos países; Possibilidade de comparabilidade nacional e internacional; Tem alto poder discriminatório. INDICADORES DE SAÚDE Índice de Swaroop & Uemura (razão de mortalidade proporcional): Grupos Classificação 1 ≥ 75% 2 50 a 74% 3 25 a 49% 4 ≤ a 25% ISU= Nº de óbitos em > de 50 anos x 100 Nº total de óbitos INDICADORES DE SAÚDE Índice de Swaroop & Uemura (razão de mortalidade proporcional): RMP ≥ a 75%: nível característico de regiões desenvolvidas; RMP entre 50 e 74%: regiões com desenvolvimento socioeconômico e de serviços de saúde regulares;RMP entre 25 e 49%: regiões com baixo desenvolvimento socioeconômico e de serviços de saúde; RMP < 25%: característico de regiões com muito baixo desenvolvimento socioeconômico e de serviços de saúde. INDICADORES DE SAÚDE Curvas de Mortalidade Proporcional ou Curvas de Nelson Moraes: Proposta em 1959, fornece uma visão geral e instantânea da distribuição dos óbitos segundo as faixas etárias; Permite comparações entre diferentes localidades ou períodos de tempo; O autor propõe dividir os grupos etários em cinco: – Menores de um ano; – Crianças em idade pré-escolar (um a quatro anos); – Crianças maiores de cinco anos e adolescentes (cinco a dezenove anos) – Adultos jovens (vinte a 49 anos); e – Maiores de cinqüenta anos. Curvas de Mortalidade Proporcional ou Curvas de Nelson Moraes: INDICADORES DE SAÚDE Curvas de Mortalidade Proporcional ou Curvas de Nelson Moraes: Tipo I: Nível de saúde muito baixo: em que a mortalidade infantil é alta; Tipo II: Nível de saúde baixo: em que existe predomínio de óbitos nas faixas etárias de menores de uma ano e de menores de um a quatro anos; Tipo III: Nível de saúde regular: nesse nível cai a proporção de óbitos infantis e já existe um predomínio de óbitos de indivíduos com cinqüenta anos ou mais; Tipo IV: Nível de saúde elevado: em que a maioria das pessoas morre com cinqüenta anos ou mais. Curvas de Mortalidade Proporcional ou Curvas de Nelson Moraes: Vigilância Epidemiológica A VE é um conjunto de atividades “que tem como propósito fornecer orientação técnica permanente para os profissionais de saúde que têm a responsabilidade de decidir aobre a execução de ações de controle de doenças e agravos, bem como dos fatores que a condicionam, numa área geográfica ou população definida”. (Waldman, 1991) Um sistema de VE Funções de um sistema de VE: – coleta de dados – processamento dos dados coletados – recomendação de medidas apropriadas – promoções de ações de controle indicadas – avaliação da eficácia e efetividade das medidas adotadas – divulgação das informações pertinentes. Tipos de dados em VE Tipos de dados: – demográficos – ambientais – sócio-econômicos – dados de morbidade • notificação de casos/surtos – dados de mortalidade Fontes de dados em um SE Estudos epidemiológicos – Inquérito Epidemiológico – Levantamento Epidemiológico – Sistemas Sentinelas • Evento sentinela: Evento sentinela é adetecção de doença previnível, incapacidade ou morte inesperada, cuja ocorrência serve como um sinal de alerta – Monitoramento de grupos alvos - exames periódicos. Roteiro de Investigação em VE • Dados de identificação • Dados de anamnese e exame físico • Diagnóstico (suspeitas diagnósticas) • Informações sobre o meio ambiente (exposições) • Informações sobre o ambiente de trabalho (exposições) • Exposições Roteiro de Investigação em VE • Busca ativa de casos • Busca de pistas Vigilância Epidemiológica Vigilância Epidemiológica Objetivos: Caracterizar o estado de saúde das populações; Definir prioridades; Avaliar programas; Estimular a pesquisa. Aplicações da Vigilância Epidemiológica Estimar a magnitude dos problemas de saúde Caracterizar a distribuição geográfica e temporal das doenças; Descrever a história natural de uma doença; Detectar epidemias e novos problemas de saúde; Gerar hipóteses acerca do surgimento das doenças; Avaliar as medidas de controle; Monitorar a mudança no perfil dos agentes infecciosos; Identificar mudança nos fatores determinantes de doenças; Auxiliar o planejamento em saúde. Vigilância Epidemiológica Fonte de Dados: Notificação de doenças e agravos; Exames laboratoriais; Registros Vitais; Vigilância Sentinela; Registros médicos e hospitalares; Inquéritos populacionais; Sistemas de registros de dados administrativos; Outros. Critérios de seleção de agravos sujeitos a notificação Magnitude Potencial de disseminação Transecedência Severidade Relevância Relevância econômica Vulnerabilidade Compromissos internacionais; Regulamento Sanitário (nacional e intenacional); Epidemias, surtos e agravos inusitados. Exemplo de uma investigação em saúde ocupacional Histórico: (Evento sentinela) – 1990 - 2 óbitos por doenças hematológicas em uma empresa do pólo petroquímico de Camaçari, BA. – O 10 de um médico, com diagnóstico de aplasia medular, o 20 um operador de processo com leucemia mielóide crônica. – Exposição: a empresa processa benzeno, matéria prima naindústria do plástico, tinta, etc... A intoxicação pelo benzeno A intoxicação pelo benzeno ocorre por três vias: – respiratória (principal) – cutânea – digestiva Manifestações Clínicas do benzenismo Agudas – efeito narcótico (tonteiras, desmaios, narcose, coma) Crônicas – mielotoxicidade – genotoxicidade – carcinogênese – leucopenia – neutropenia O ambiente • A empresa que notificou os dois óbitos situava-se em um complexo petroquímico integrado, na época com aproximadamente 47 indústrias, com cerca de 50 mil empregados. • Pistas: identificadas 9 usinas de produção que utilizavam benzeno A investigação epidemiológica • Início: Solicitado hemograma dos funcionários dos setores de origem dos casos (marcador biológico de efeito) Resultados da investigação • Dos 7.356 trabalhadores examinados nas 9 indústrias, 850 (12%) apresentaram leucograma com < de 5.000 leucócitos por mm3 (e/ou 2.500 neutrófilos); • Esses casos suspeitos foram submetidos a mais três exames consecutivos, sendo também analisados seus prontuários médicos. Resultados da Investigação • Ao final, 216 mantiveram-se com valores abaixo de 4.000 leucócitos/mm3 (e/ou 2.000 neutrófilos; e/ou série hematológica com valores decrescentes). Esses casos foram classificados como “casos epidemiológicos”; • Desses, 34 exerciam função administrativa, indicando uma contaminação ambiental. Outros Resultados da investigação • O tempo médio no emprego era de 9 anos. • A evidência da exposição ocupacional determinou o afastamento cautelar dos 216 trabalhadores de suas atividades. • Emitida CAT com reconhecimento do nexo causal para benzenismo. • Os valores do benzeno encontrados no ambiente estavam acima do estabelecido pela legislação vigente. Pontos para a organização de um SVE de Causas Externas • Normatização: – Definição de caso: • suspeito • confirmado: laboratorial ou clínico • Retroalimentação: – Retorno regular de informações às fontes geradoras de dados – consolidação dos dados – Publicações Avaliação dos SVEs • Situação Epidemiológica • Atualidade da lista de agravos • Pertinência dos instrumentos utilizados • Cobertura da rede de notificação • Funcionamento do fluxo de informações • Oraganização da documentação coletada • Informes analíticos Avaliação dos SVEs • Retroalimentação • Composição e qualificação da equipe técnica • Interação com as instâncias responsáveis pelas ações de controle • Interação com a comunidade científica • Condições administrativas e custos Medidas Quantitativasde Avaliação • Sensibilidade (capacidade de detectar casos) • Especificidade (Capacidade de exluir não casos) • Reprodutibilidade • Oportunidade (agilidade) Medidas Qualitativas de avaliação • Simplicidade • Flexibilidade • Aceitabilidade Perspectivas • Acompanhamento do desenvolvimento científico e tecnológico • Comitês técnicos de assessores • Incorporação de novas tecnologias
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