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Previdência Social - novos assuntos - I

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1 - Bom dia. Hoje irei tratar de uma questão que foi notícia em diversos sites e jornais do Brasil.
Conforme veiculado, o professor Claudemir Nogueira teria confessado à polícia que enforcou sua mulher, fisioterapeuta, com um fio, na residência do casal localizada em São Paulo. Em razão da morte da esposa, o réu confesso requereu e foi-lhe concedido o benefício de pensão por morte.
O Ministro da Previdência Social, Garibaldi Alves Filho, ao saber dessa notícia, pediu à Procuradoria que emitisse um parecer a respeito da possibilidade legal do cancelamento do mencionado benefício.
Foi dado início ao processo de suspensão da pensão por morte concedida ao professor, sendo lhe aberto o prazo de 10 (dez) dias para manifestação perante a autarquia previdenciária.
Pois bem, analisando essa questão sob a ótica do DIREITO PREVIDENCIÁRIO COMUM (há vedação expressa, por exemplo, na CBPM – Caixa Beneficente da Polícia Militar do Estado de São Paulo – Lei nº 452, de 02/10/74), simplesmente NÃO há nenhuma menção a essa problemática, razão pela qual a mim me parece que o melhor caminho seja aplicar a regra, por analogia, do direito civil, especificamente a o do seu art. 1814, I, que exclui da sucessão os herdeiros: “quando houverem sido autores, coautores ou partícipes de homicídio doloso, ou tentativa deste, contra a pessoa de cuja sucessão se tratar (...)”.
Este dispositivo trata da chamada indignidade para suceder. É edificante e evidente que quem pratica atos de deslustre, desonra, infâmia contra quem lhe vai transmitir uma herança torna-se desmerecedor de recebê-la. A lei, ao assim repelir o indigno, faz um juízo de reprovação em razão da gravidade dos atos praticados.
A indignidade, que em termos técnico-jurídicos é uma mácula e consequente pena civil que recai sobre a pessoa, que se esquecendo dos sentimentos comezinhos de afeição, respeito e amor comete o crime de homicídio contra o instituidor do benefício, justifica, indene de dúvida, o cancelamento da pensão por morte.
Há um provérbio jurídico alemão no seguinte sentido: “mão ensanguentada não apanha herança”. (bludige hand nimmt kein erbe).
Logo, as mesmas razões estabelecidas no direito civil para excluir o herdeiro da herança por ato de indignidade aplicam-se no campo do direito previdenciário. A questão moralizadora é por si só explicativa.
Para finalizar, HÁ UM projeto de lei nº 4053/12 do Deputado Federal Manato (PDT/ES) que acrescenta o § 5º ao art. 16 da Lei Federal nº 8.213/91 (Lei Previdenciária), excluindo como dependente da pensão por morte quem comete crime de homicídio doloso contra o segurado.
Até mais.
2 - Bom dia. Seguem algumas questões relacionadas ao tema discutido no dia de ontem.
1 - O ato de indignidade que afasta a condição de dependente para o recebimento da pensão por morte, conforme explicado anteriormente, seria reconhecido automaticamente?
Respondo: Rememorando o estudo do direito das sucessões, aplicável no caso proposto, o ato de indignidade exposto na lei civil NÃO opera automaticamente, havendo a necessidade da propositura de uma ação ordinária. 
No caso em discussão, também é possível, e como vem acontecendo, a iniciação de um processo administrativo com as necessárias garantias do contraditório e da ampla defesa.
2 - Qual seria o efeito jurídico do ato de indignidade que gerou a pensão por morte recebida pelo dependente causador do fato?
Respondo: No caso em concreto, o homicida, depois do trâmite legal, deverá restituir todo o valor da pensão por morte recebido, tendo em vista que a requereu de MÁ-FÉ, INDEPENDENTEMENTE de ter sido ou NÃO o motivo para o crime, devendo ser afastada a natureza jurídica alimentícia do benefício. Além do mais, a restituição deverá ser feita em PARCELA ÚNICA.
3 – O indigno que tenha tido filho com a esposa assassinada poderá, em que pese a sua exclusão do benefício, administrar a pensão por morte do dependente menor de idade em razão do poder familiar?
Respondo: Como a parte do valor do benefício que caberia ao indigno será TRANSMITIDA ao outro dependente, filho do casal, caso hipotético, NÃO poderá o indigno administrar o recebimento da pensão em razão do poder familiar uma vez que, se assim não fosse, estaria sendo beneficiado por via transversa. 
Em que pese não estarmos tratando da chamada morte civil, pois não diz respeito à representação do valor que caberia ao indigno pelo filho menor de idade, o efeito prático, pela característica da transferência do benefício, acaba sendo o mesmo da lei civil, razão pela qual entendo ser a melhor resposta para esse caso.
4 – A exclusão como dependente de réu confesso de assassinato da instituidora da pensão por morte depende da motivação do crime?
Respondo: A lei civil apenas exige que o crime tenha sido doloso (intenção de matar), NADA mencionando a respeito da motivação do crime. E a justificativa é por demais simples, pois o dispositivo civil pauta no sentido ético e moral da conduta. O cometimento de homicídio afasta qualquer sentimento de afeição, respeito, acatamento, amizade e amor, sendo mais do que suficiente para a punição do indigno.
5 – Haveria necessidade de condenação penal para o cancelamento do benefício de pensão por morte recebido pelo indigno?
Respondo: Não precisa haver condenação penal, pois indigno é quem comete o fato e não quem sofre condenação penal, razão pela qual o exame da prova será todo do juízo cível. Portanto, mesmo que seja condenado e extinta a pena no juízo criminal, o cancelamento da pensão será mantido.
Porém, se no juízo criminal conclui pela inexistência do crime ou declara não ter o agente cometido o delito, isso faz coisa julgada no cível, restabelecendo o benefício da pensão por morte. 
Ademais, é preciso ter em mente o estudo do direito penal a respeito das causas de exclusão da ilicitude, crimes preterdolosos, aberratio ictus, etc, não sendo o objeto desse articulado tecer minúcias sobre os princípios básicos do direito penal.
Até mais.
3 - Bom dia. Como estamos em época de declaração do Imposto de Renda da Pessoa Física, entendo oportuno expor a seguinte questão: 
Incide Imposto de Renda sobre os juros moratórios decorrentes do pagamento de benefício previdenciário em atraso pela Previdência Social?
Respondo: Analisando a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça - STJ, especificamente os recursos especiais nº 1.089.720/RS, S1, Min. Rel. Mauro Campbell Marques, Dju: 10/10/12 e nº 1.227.133/RS, S1, Rel. p/ ac. Min. Cesar Asfor Rocha, Dju: 28/09/11 (sede de recurso representativo de controvérsia), podemos esquematizar o assunto da seguinte maneira para uma resposta exata:
a) a regra geral É a incidência do Imposto de Renda sobre os juros de mora, com base no art. 16 e parágrafo único, da Lei Federal n° 4.506/64 (lei do Imposto de Renda), MESMO reconhecendo a natureza INDENIZATÓRIA dos juros de mora;
b) quando os juros de mora compõem a indenização paga por DESPEDIDA ou RESCISÃO de contrato de trabalho, deve ser aplicada a ISENÇÃO estabelecida no art. 6º, V, da Lei Federal nº 7.713/88 (altera a legislação do Imposto de Renda);
c) quando os juros de mora incidem sobre VERBA PRINCIPAL ISENTA OU FORA do campo de incidência do Imposto de Renda, mesmo se pagos fora dos casos da letra anterior, com base no princípio do acessório segue o principal (acessorium sequitur suum principale) serão também ISENTOS.
Portanto, os juros de mora incidentes sobre o pagamento atrasado de benefício previdenciário pelo INSS ESTÃO SUJEITOS À INCIDÊNCIA DO IMPOSTO DE RENDA, pois, em que pese sejam os encargos considerados de natureza indenizatória, conforme já informado, as verbas previdenciárias são remuneratórias NÃO isentas.
Essa deve ser a resposta para a pergunta formulada uma vez que as verbas previdenciárias NÃO fazem parte das duas exceções acima mencionadas, quais sejam despedida ou verbas rescisórias de contrato do trabalho ou de verba principal isenta ou fora do campo de incidência do IR.
Até mais.
4 - Bom dia. Hoje irei tratar sucintamente de uma questão de direito penal, masque reflete no DIREITO PREVIDENCIÁRIO. O pagamento indevido de benefício previdenciário pode configurar, dependendo das circunstâncias, o crime de estelionato, com base no art. 171, §3º, do Código Penal. 
A questão, porém, é a seguinte: o chamado estelionato previdenciário é crime permanente ou instantâneo de efeitos permanentes? Esta pergunta é extremamente relevante para fins de contagem da prescrição do crime.
Quando eu estagiava no Ministério Público Federal havia diversos casos de estelionato previdenciário envolvendo a Agência de Santo André/SP. A particularidade é que sempre eram os mesmos servidores envolvidos, talvez imbuídos pela facilidade de fraudar, pois os fatos ocorridos foram praticados nos anos 80, principalmente.
Dificilmente o Parquet Federal conseguia um mínimo de prova para denunciar também os beneficiários, uma vez que, como regra, eram pessoas humildes e de poucas instruções que aceitavam, em troca de um valor, que os seus processos fossem “agilizados” e não que os servidores diziam não haver direito e que dariam “um jeitinho”, hipótese que mudaria a forma de atuação do MPF.
Todos os processos tinham as seguintes teses conflitantes: de um lado o MPF entendia que o crime era permanente, razão pela qual a contagem do prazo prescricional seria partir da data da cessação do benefício; por outro lado os causídicos da defesa entendiam que o crime era instantâneo de efeito permanente, sendo, por consequência, a contagem prescricional iniciada com o primeiro pagamento do benefício fraudulento. O efeito prático do segundo entendimento era a quase sempre constatação da prescrição do crime, pois os fatos eram relacionados aos anos 80, conforme já informado.
Antes de procurar uma resposta, é preciso rememorar o que se entende por crime permanente e instantâneo de efeitos permanentes. Neste momento usarei da doutrina de CLEBER MASSON, In: Direito Penal, vol. 1, Parte Geral, esquematizado. Ed. 6ª. Método: São Paulo.2012, p.190/191), conforme segue:
Crime permanente: “aquele cuja consumação se prolonga no tempo por VONTADE do agente. O ordenamento jurídico é agredido reiteradamente, razão pela qual a prisão em flagrante é cabível a qualquer momento, enquanto perdurar a situação de ilicitude”.
Crime instantâneo de efeito permanente: “aquele cujo efeito subsiste após a consumação, INDEPENDENTEMENTE da vontade do agente”.
Até mais. Bom feriado e boa Páscoa e na segunda-feira continuarei com o tema.
5 - Bom dia. Prosseguindo com o tema do ESTELIONTATO PREVIDENCIÁRIO, vamos à resposta da pergunta feita na última quinta-feira.
Pois bem, para o Superior Tribunal de Justiça, entendimento ATÉ ENTÃO pacificado no REsp 1206105/RJ, S3, Min. Rel. Gilson Dipp, Dju: 22/08/12), o crime é PERMANENTE haja vista que o objetivo dele é a obtenção de vantagem ilícita em prejuízo da autarquia previdenciária, sendo a ofensa ao bem jurídico tutelado pelo direito penal reiterada mês a mês até que a conduta seja descoberta.
Logo, por se tratar de crime permanente, inicia-se a contagem do prazo prescricional com a supressão do recebimento do benefício indevido e NÃO do recebimento da primeira parcela da prestação pecuniária.
Porém, o Supremo Tribunal Federal tem um entendimento de acordo com as PARTES ENVOLVIDAS, ou seja, se o estelionatário NÃO for o beneficiário (servidor que frauda a contagem e falsifica a documentação, deferindo o pedido administrativo) o crime terá natureza de INSTANTÂNEO de efeito permanente, sendo a contagem do prazo prescricional a partir do PRIMEIRO recebimento do benefício, EXCETO se auferir vantagem recebida pelo beneficiário de FORMA SUCESSIVA.
É que neste caso a conduta do terceiro NÃO BENEFICIÁRIO materializa-se INSTANTANEAMENTE nos elementos do tipo penal a partir do momento em que o benefício é deferido fraudulentamente, lição retirada, por exemplo, do HC 112095/MA, T2, Min. Rel. Cármen Lúcia, Dju: 16/10/12.
Agora se o beneficiário for TAMBÉM o agente que praticou a conduta delituosa o crime será PERMANENTE já que, além do recebimento sucessivo, pode cessar a conduta delituosa a qualquer tempo, conforme jurisprudência que segue: HC 107385/RJ, T1, Min. Rel. Rosa Weber, Dju: 06/03/12. 
Um detalhe deve ser dito: a Sexta Turma do STJ TAMBÉM passou a fazer essa distinção, conforme pode ser constatado no EDcl no REsp 1295749/RJ, T6, Min. Rel. Maria Thereza de Assis Moura, Dju: 21/02/13, parecendo NÃO ser AINDA o mesmo entendimento da quinta turma: AgRg no RHC 32598/SP, T5, Min. Rel. Marco Aurélio Bellizze, Dju: 18/10/12.
Ante o exposto, entendo que a melhor resposta para a indagação está na efetiva DISTINÇÃO entre as partes envolvidas no caso, conforme entendimento do STF e da 6ª Turma do STJ, por ser mais consentânea com a própria distinção entre crime permanente e instantâneo de efeito permanente. 
Pensar de forma diversa é o mesmo que tratar igualmente condutas desiguais, afastando, por tal pensamento, a exata punição penal na medida da culpabilidade de cada agente envolvido.
Até mais.
6 - Bom dia. Imagine que a empresa na qual você trabalhe esteja disposta a investir na sua profissão por meio de curso técnico ou de especialização, reembolsando das mensalidades pelo chamado AUXÍLIO-EDUCAÇÃO. Poderia sê-lo incluso como salário in natura, acarretando, por exemplo, a CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA? 
Pois bem, perceba que o auxílio-educação constitui INVESTIMENTO na qualificação de empregados em forma de reembolso das mensalidades de cursos, faculdades, dentre outros gêneros. 
Em que pese conste no art. 458, § 2º, inc. II, da CLT (inciso acrescido pela Lei Federal nº 10.243/01) que a utilidade educacional concedida pelo empregador NÃO seja considerada salário, o que poderia criar a falsa ideia de sê-la como tal anteriormente a sua expressa exclusão, é importante ter em mente que a Lei Federal nº 8.212/91 (custeio da seguridade social) já nos dava a exata dimensão da questão: o auxílio-educação NÃO era considerado como salário, sendo incabível, portanto, a incidência de contribuição previdenciária.
Importante informar que art.28, § 9º, “t”, incluído pela Lei federal nº 9.528/97 e alterado pela de nº 12.513/11, apenas venho expressamente dizer o que a MAIORIA da jurisprudência já entendia há tempos: é verba empregada para o trabalho, e NÃO pelo trabalho, razão pela qual NÃO é base de cálculo para a contribuição previdenciária: STJ AgRg no AREsp 182495/RJ, T2, Min. Rel. Herman Benjamin, Dju: 26/02/13; AgRg no Ag 1330484/RS, T1, Rel. Min. Luiz Fux, Dju: 18/11/10; AgRg no REsp 1079978/PR, T2, Rel. Min. Humberto Martins, Dju: 21/10/08.
Para concluir, é interessante também mencionar que o auxílio-educação CONTINUARÁ a ter a natureza de indenização MESMO quando a empresa estipule prazo de CARÊNCIA (satisfação de determinados requisitos), com base em critérios razoáveis, para o acesso ao benefício, conforme pode ser encontrado no seguinte julgado do STJ: REsp 1057010/SC, T1, Rel. Min. Francisco Falcão, Dju: 26/08/08.
Até mais quando trarei uma questão MAIS ATUAL sobre esse assunto.
7 – Bom dia. Ontem expliquei que o chamado AUXÍLIO-EDUCAÇÃO tem caráter INDENIZATÓRIO, NÃO sendo base de cálculo da CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. 
Porém, o art. 28, § 9º, “t”, da Lei Federal nº 8.212/91, foi modificado pela Lei Federal nº 12.513/11, e, em que pese ter ampliado a oferta de educação básica, também aos dependentes, educação profissional e tecnológica em razão do déficit de profissionais capacitados no mercado de trabalho, LIMITOU o valor do auxílio a 5% (cinco por cento) da remuneração do empregado ou a UMA VEZ E MEIA o limite MÍNIMO mensal do salário de contribuição, o que for maior.
Nesse sentido, pergunto: como interpretar essa mudança legislativa? O auxílio-educação deixará de ter natureza indenizatória se ultrapassar os limites acima mencionados?
Respondo: A mim me parece que a limitação de valores NÃO pode ser imposta ao plano educacional ou bolsa de estudos, educação profissional ou tecnológica destinados aos EMPREGADOS da empresa, MAS somente aos seus DEPENDENTES (direito àeducação básica), pois, conforme já exposto no texto anterior, o auxílio-educação tem natureza INDENIZATÓRIA, NÃO perdendo a sua essência por mera limitação de valor.
A interpretação literal quanto a essa limitação apresenta flagrante ANTINOMIA concreta em face da natureza jurídica do auxílio-educação, que passa a ter sua “derrotabilidade” (defeasibility) decretada, uma que vez a incidência automática e incontestável da alteração legislativa, circunscrita apenas nos seus dizeres, mostra-se inviável em razão da sua incompatibilidade com a sua finalidade subjacente, que é o incentivo à educação.
Não parece lógico que o legislador tenha incentivado a educação e ao mesmo tempo desestimulado a iniciativa privada a investir na qualificação profissional dos empregados.
Em razão dessa constatação insofismável, o conteúdo do auxílio-educação deve ser analisado considerando o contexto no qual foi criado, sendo que a invocação do seu objetivo ao incentivo à qualificação profissional faz remissão direta às regras normativas que levaram o legislador à normatização do instituto através da Lei federal nº 9.528/97, que incluiu a alínea “t” no § 9º do art. 28, da Lei Federal n° 8.212/91, afastando qualquer dúvida sobre a essência do auxílio-educação.
Salienta-se que somente poderá ser descaracterizada como indenizatória quando o auxílio-educação substituir o salário do empregado, quando a educação profissional ou tecnológica NÃO disser respeito à atividade desenvolvida na empresa ou quando a educação básica dos DEPENDENTES superar o limite de 5% (cinco por cento) da remuneração do empregado ou R$ 1.017,00 (mil e dezessete reais) que corresponde uma vez e meia o limite mínimo mensal do salário de contribuição, o que for maior.
Em razão do exposto, entendo que NÃO deve ser limitado o valor do auxílio-educação voltado ao EMPREGADO, exceto quando destinado aos seus dependentes, sendo a melhor interpretação que se pode fazer da Lei Federal n° 12.513/11.
Até mais.
8 - Bom dia. Hoje tratarei da questão envolvendo a CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA recolhida INDEVIDAMENTE pelo substituto tributário.
Quando o segurado depara-se com essa questão, o que poderia ser feito? Ajuizar ação de restituição de contribuição previdenciária em face de quem recolheu indevidamente a contribuição?
É importante ter em mente que o responsável tributário é aquele que, sem ter relação direta com a hipótese de incidência, deve efetuar o pagamento do tributo quando ocorrer o fato gerador por atribuição legal.
Nesse sentido, o substituto tributário é responsável pela retenção da contribuição previdenciária, devendo, posteriormente, repassar o tributo aos cofres públicos, razão pela qual não pode ser sujeito passivo em ação que visa à restituição de indébito tributário, tendo em vista que o verdadeiro sujeito ativo dessa relação jurídica é a Receita Federal do Brasil.
A determinação legal para a retenção da contribuição por parte do substituto tributário não o transforma em sujeito passivo na relação jurídico-tributária, o que nos permite terminar esse assunto da forma que segue: 
O segurado que teve a contribuição previdenciária INDEVIDAMENTE retida e repassada à Receita Federal do Brasil pelo substituto tributário NÃO poderá ajuizar ação de restituição de indébito em face deste, mas daquela, sob pena de extinção do processo sem resolução de mérito. 
Nesse sentido é a jurisprudência do STJ: AgRg no AREsp 199.089/PE, T1, Min. Rel. Arnaldo Esteves Lima, Dju: 05/02/13; AgRg no AREsp 199169/PE, T1, Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, Dju: 05/02/13; AgRg no AREsp 92280/PE, T2, Rel. Min. Herman Benjamin, Dju: 10/04/12; AgRg no AREsp 166140/PE, T2, Rel. Min. Herman Benjamin, Dju: 19/06/12.
Até mais.
09 – Bom dia. Faço a seguinte pergunta: Incide CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA sobre as horas - extras, adicional noturno, adicionais de insalubridade e de periculosidade quando pagos com HABITUALIDADE?
Respondo: A jurisprudência entende que, por terem natureza remuneratória, INCIDE a contribuição previdenciária sobre todas essas verbas expostas na pergunta, mas desde que pagos com habitualidade.
Realmente, pois, em primeiro lugar, o dispositivo que trata das hipóteses de EXCLUSÃO da base de cálculo da contribuição previdenciária, art. 28, § 9º, da Lei Federal nº 8.212/91, NÃO menciona essas verbas.
Por fim, o Tribunal Superior do Trabalho – TST – possui a Súmula nº 60 informando que SÃO verbas salariais.
Nesse sentido é a PACÍFICA jurisprudência do STJ: REsp 1222246/SC, T2, Rel. Min. Humberto Martins, Dju: 06/12/12 (inf. 514); AgRg no AREsp 69958/DF, T2, Rel. Min. Castro Meira, Dju: 12/06/12; AgRg no Ag 1330045/SP, T1, Rel. Min. Luiz Fux, Dju: 16/11/10; REsp 1149071/SC, T2, Rel. Min. Eliana Calmon, Dju: 02/09/10; AgRg no REsp 957719/SC, T1, Rel. Min. Luiz Fux, Dju: 17/11/09; REsp 1098102/SC, T1, Rel. Min. Benedito Gonçalves, Dju: 02/06/09.
Até mais.
10 – Bom dia. Trarei hoje uma questão que já foi objeto de discussão, mas que atualmente, em razão de mudanças legislativas, apenas serve para MANTER uma interpretação.
O art. 30, inciso II, alínea “b”, da Lei Federal nº 8.212/91 (trata da organização da Seguridade Social e institui Plano de Custeio), redação atual, estabelece que as empresas DEVERÃO recolher a CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA do empregado até o dia 20 (vinte) do mês subsequente ao da COMPETÊNCIA (redação dada anteriormente pela MP 447/08 e convertida na Lei Federal nº 11.933/09).
Porém, esse mesmo dispositivo DETERMINAVA anteriormente o pagamento da contribuição previdenciária do empregado para o dia 2 (dois) do mês SEGUINTE ao da competência (Redação dada pela Lei Federal n° 9.063/95).
Por outro lado, a Consolidação das Leis Trabalhistas – CLT - estabelece no § 1º do art. 459 que o pagamento, quando estipulado por MÊS, “deverá ser efetuado, o mais tardar, até o QUINTO dia útil do mês subsequente ao vencido”.
Em razão da conjugação dessas leis pergunto: As empresas deveriam recolher a contribuição previdenciária do empregado na data da competência estipulada originalmente pela Lei n° 8.212/91 ou na data do efetivo pagamento com base no § 1º do art. 459 da CLT?
Respondo: A tese que PREVALECEU e que deve ser SEGUIDA na eventualidade de incompatibilidade entre a data do recolhimento (anterior) e do efetivo pagamento (posterior) é aquela que diz que o fato gerador da obrigação previdenciária NÃO é do efetivo pagamento dos salários, MAS da elaboração da folha de pagamento, razão pela qual o recolhimento deve ser feito pelo regime de COMPETÊNCIA.
É que o mês de competência é aquele efetivamente trabalhado, sendo inconfundível o fato que origina a obrigação do pagamento do tributo (salário) com o fato gerador da própria obrigação tributária (relação empregatícia entre empregador e empregado).
Nesse sentido é a jurisprudência PACÍFICA do STJ: AgRg no REsp 1018189/RS, T1, Rel. Min. Francisco Falcão, Dju: 15/05/08; REsp 615463/RS, T2, Rel. Min. Franciulli Netto, Dju: 19/10/04; AgRg no Ag 618570/PR, T1, Rel. Min. Francisco Falcão, Dju: 02/12/04; AgRg no Ag 550961/SC, T2, Rel. Min. 16/12/04.
Até mais.
11 - Bom dia. Imagine a situação de o empregado ajuizar RECLAMAÇÃO TRABALHISTA com procedência dos pedidos. Qual seria o efeito prático no âmbito da Previdência Social? Bastaria a simples apresentação da sentença ou acórdão com trânsito em julgado (que não cabe mais recurso) para gerar todos os efeitos existentes?
Pois bem, a autarquia previdenciária menciona 4 situações, quais sejam o reconhecimento da filiação, contagem de tempo, complemento do salário de contribuição e salário de contribuição constante na ação trabalhista. 
Nos casos de reconhecimento da FILIAÇÃO e da CONTAGEM de tempo de contribuição para fins de concessão de algum benefício, o processo deverá ser endereçado para a devida análise da chefia de Benefícios da Agência da Previdência Social e dependerá da existência de INÍCIO de prova MATERIAL. 
Em outras palavras, deverá constar no processo documentos correlatos à época da alegada ocorrência dos fatos. Essaexigência também é feita para processo administrativo.
No que diz respeito aos VALORES de contribuição constantes da ação trabalhista, serão considerados, INDEPENDENTEMENTE de início de prova material, mesmo que NÃO tenha havido o recolhimento das contribuições ao INSS, mas desde que sejam respeitados os limites máximo e mínimo de contribuição.
No que concerne à COMPLEMENTAÇÃO do salário de contribuição, também NÃO será preciso início de prova material e NEM da existência de recolhimentos correspondentes.
Para finalizar, é interessante informar que a apresentação da decisão judicial NÃO afasta a previdência social de COMPARAR as informações do processo com outras existentes nos sistemas do INSS e de órgãos conveniados para fins de VALIDAÇÃO DO TEMPO DE SERVIÇO. 
Até mais.
12 - Bom dia. Imagine que você seja obrigado, ou mesmo que entre em comum acordo, a pagar pensão alimentícia e que receba algum benefício previdenciário, poderia incidir algum desconto sobre este?
A previdência social “concede”, isso mesmo, a pensão alimentícia, DESCONTANDO o benefício recebido, conforme determinação judicial por meio de ofício ou por apresentação de escritura pública (art. 1.124-A, do Código de Processo Civil) quando cabível o divórcio extrajudicial no TABELIÃO DE NOTAS. Porém, é bom deixar bem claro que NÃO se trata de nova espécie de benefício previdenciário.
A pensão será concedida pela Agência da Previdência onde reside o beneficiário ou onde lhe for mais conveniente, com data de início e de pagamento conforme determinação judicial ou a constante na escritura pública. 
Ambas sendo omissas, a contagem será feita com base na data da expedição do ofício judicial ou da lavratura da escritura pública, podendo ser alterado o parâmetro por força de novo ofício judicial ou escritura pública.
SOMENTE se o juiz determinar ou se constar EXPRESSAMENTE na escritura pública, a pensão alimentícia NÃO incidirá no acréscimo de 25% sobre o valor da APOSENTADORIA POR INVALIDEZ do segurado que necessite de assistência permanente de outra pessoa.
Por fim, a pensão alimentícia termina com a morte do seu titular, também com a morte do titular do benefício de origem e por decisão judicial ou por escritura pública.
Até mais.
13 - Bom dia. É comum o segurado requerer a concessão de algum pedido administrativo e não ter como provar o fato alegado por diversas razões em concreto. 
Uma das ÚLTIMAS alternativas seria a JUSTIFICAÇÃO ADMINISTRATIVA que pode ser entendida como um procedimento com a finalidade de suprir a falta ou insuficiência de documento ou mesmo fazer prova de fato ou circunstância de interesse do segurado perante a autarquia previdenciária.
Em que pese a justificação administrativa faça parte da FASE DE INSTRUÇÃO no processo administrativo, pode também ser de FORMA AUTÔNOMA para os casos de INCLUSÃO ou ALTERAÇÃO de vínculos no CNIS, sem qualquer ônus para o segurado.
O processamento da justificação administrativa é INICIADO por requerimento do SEGURADO que deverá descrever em detalhes os fatos que pretende justificar. 
Porém, quando o deferimento de algum BENEFÍCIO previdenciário depender de documento ou de prova de ato dos quais o segurado NÃO tenha acesso, o servidor da previdência deverá emitir CARTA DE COMUNICAÇÃO, concedendo prazo mínimo de 30 dias para que ele possa manifestar a respeito do uso da justificação administrativa.
Os fatos que se pretende justificar serão por intermédio de testemunhas, sendo no mínimo 3 e no máximo 6 que comparecerão à previdência social INDEPENDENTEMENTE de intimação, sendo de responsabilidade do segurado a presença delas, que, entretanto, NÃO poderão ser consideradas como tais quando incapazes, cegos e surdos (quando a ciência do fato, que se provar, dependa dos sentidos, que lhes faltam), os menores de 16 anos e o ascendente, descendente ou colateral, até o terceiro grau, por consanguinidade ou afinidade, o que é parte interessada o que intervém em nome de uma parte, como tutor na causa do menor.
É importante ter em mente que as testemunhas podem ser processadas por FALSO TESTEMUNHO, nos termos do art. 342 do Código Penal (A previdência social também caracteriza o falso testemunho como sendo de falsidade ideológica), e o segurado por FALSIDADE IDEOLÓGICA, com base no art. 299 do Código Penal, caso preste declaração falsa.
Para finalizar, é preciso saber que esse procedimento será INCABÍVEL quando se exigir REGISTRO PÚBLICO ao que se pretende alegar uma vez que há lei especial a ser observada como, por exemplo, a Lei Federal nº 6.015/73 (Lei de Registros Públicos).
Até mais.
14 – Bom dia. Anteriormente eu havia dito vagamente que era comum deparar com a dificuldade de provar o que se pretende perante a previdência social por razões diversas. Hoje ilustrarei um caso concreto com o objetivo de facilitar a compreensão do tema.
Pois bem, “alguém” trabalhou na década de setenta em uma empresa chamada Orly, que posteriormente PEGOU FOGO destruindo tudo. O período trabalhado, embora conste na Carteira de Trabalho, NÃO está no CNIS. O antigo dono mudou-se para os Estados Unidos, NÃO deixando nenhum representante. O “alguém” pretende contar esse tempo para posteriormente requerer o pedido de aposentadoria por idade. O que fazer?
Algumas observações são importantes: 
1 - o simples registro na carteira de trabalho NÃO é o suficiente para considerar como tempo de contribuição SE também NÃO constar no CNIS, servindo como início de PROVA MATERIAL caso assim entenda a previdência social;
2 – Em textos anteriores tive a oportunidade de informar que o CNIS somente passou a valer como prova de tempo de contribuição (presunção) a partir de 31/12/08, data da publicação do Decreto nº 6.722/08;
Pois bem, excluindo a Carteira de Trabalho, esse “alguém” NÃO tem: 
a) declaração fornecida pela empresa constando o seu registro; 
b) contrato individual de trabalho; 
c) acordo coletivo de trabalho; 
d) termo de rescisão contratual;
e) comprovante do FGTS (passados 30 anos a CEF não mais fornece esse comprovante);
f) recibo de pagamento à época do fato alegado; 
g) cópia autenticada do cartão, livro ou folha de ponto ou demais documentos que pudessem servir de prova, que seriam outros meios de provas hábeis.
Logo, sendo o caso de inclusão de vínculo no CNIS, com a impossibilidade de provar por outros meios e que independe de registro público, a justificação administrativa será o caminho a ser seguido AUTONOMAMENTE.
Ao pedir a inclusão do vínculo empregatício no CNIS, serviço que necessita de prévio agendamento eletrônico ou pelo telefone 135, deverá esse “alguém” “basicamente”:
a) provar a ocorrência de motivo de força maior (incêndio) que atingiu a empresa, requerendo a expedição de certidão de órgão público competente (Bombeiros, Defesa Civil ou Polícia, por exemplo) sobre o evento, devendo constar na certidão a identificação da empresa, endereço, setores atingidos, documentação destruída, danos causados e outras informações porventura existentes, salientando que os registros dos órgãos públicos devem ser datados à época do evento (contemporaneidade); e
b) nomear pelo menos 3 testemunhas, preferencialmente colega de trabalho da época ou ex-patrão;
Eis a via crucis a ser percorrida neste caso.
Até mais.
15 - Bom dia. Hoje começarei a tratar da questão do cálculo do benefício previdenciário, mas expondo um caso envolvendo especificamente regra de transição.
Antes, é importante rememorar que o cálculo era feito com base nos últimos 36 salários de contribuições encontráveis num período máximo de 48 (quarenta e oito) meses.
Agora, o cálculo da Renda Mensal Inicial – RMI – da maioria dos benefícios previdenciários é apurado por meio da média aritmética das 80% (oitenta) maiores contribuições de todo o período contributivo, conforme determinação da Lei Federal nº 9.876/99, que acrescentou dois incisos ao art. 29 da Lei Federal nº 8.213/91 (Lei Previdenciária).
Porém, mencionada lei estabeleceu regra de transição para quem se filiou à previdência anteriormentea nova regra, fixando o período contributivo decorrido desde a competência de julho de 1994. 
Além disso, prescreveu que o divisor considerado no cálculo da média aritmética NÃO será inferior a 60% (sessenta por cento) do período decorrido da competência de julho de 1994 até a data de entrada do requerimento – DER - de aposentadoria por idade, por serviço ou especial, limitado a 100% (cem por cento) de todo o período contributivo.
Aplicando as novas regras, passou o INSS a entender que, se o segurado possuir contribuições em menos de 60% (sessenta por cento) dos meses contados desde julho de 1994 até a data de entrada do requerimento – DER, a média de todos os salários de contribuição será dividida NÃO pelos seus próprios números (contribuições efetivas), mas sim pela variável que corresponde ao número de meses decorridos neste período (período decorrido mesmo SEM contribuição).
Para ilustrar a situação: Imagine que o segurado tenha filiado à Previdência Social nos anos 80. Que esse segurado tenha contribuído somente por 15 (quinze) meses entre julho de 94 e a data de entrada do requerimento – DER -, abril de 2013, mas que somadas com as contribuições anteriores tenha preenchido os requisitos para a concessão de aposentadoria por idade, por exemplo.
Perceba que o segurado realizou contribuição inferior a 60% (sessenta por cento) entre julho de 1994 e a Data de Entrada do Requerimento – DER -, abril de 2013, razão pela qual segue a pergunta objeto deste texto:
O cálculo da média aritmética de benefício de aposentadoria por idade, serviço ou especial, quando o segurado tenha vertido contribuição inferior a 60% (sessenta por cento) entre a competência de julho de 1994 e a data de entrada do requerimento, período básico de cálculo – PBC - é realizado sobre o período decorrido ou limitado às contribuições efetivas?
Exposto o assunto, responderei a questão com base em duas correntes completamente opostas, mas informando a qual delas segue a JURISPRUDÊNCIA do STJ, quem tem a competência para dizer a ÚLTIMA palavra em questão de Lei Federal. Porém, ficará para amanhã.
Até mais.
16 – Bom dia. Saliento que, EM BREVE, irei comentar importantes decisões proferidas pelo Supremo Tribunal Federal no dia 17/04/13 nos Recursos Extraordinários nºs 5679853/MT, Rel. Min. Marco Aurélio (julgou INCONSTITUCIONAL o critério objetivo para auferir a incapacidade econômica para fins de concessão do Benefício de Prestação Continuada da Assistência Social – BPC – LOAS) e 580963/PR, Rel. Min. Gilmar Mendes (julgou INCONSTITUCIONAL o parágrafo único do art. 34 do Estatuto do Idoso que prescrevia que o valor da LOAS recebido por membro de família não será computado na renda per capita).
Pois bem, continuando com o tema da transição da fórmula de cálculo de benefício previdenciário, hoje irei informar a tese defendida pelos SEGURADOS conforme segue.
O art. 3º da Lei nº 9.876/99 estabelece que no cálculo do salário-de-benefício será considerada a média aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição, correspondentes a, no mínimo, oitenta por cento de todo o período contributivo decorrido desde a competência julho de 1994.
Por sua vez, o seu § 2º estabelece que o divisor considerado no cálculo da média a que se refere o caput NÃO poderá ser inferior a sessenta por cento do período decorrido da competência julho de 1994 até a data de início do benefício, limitado a cem por cento de todo o período contributivo.
Em razão disso, assim concluem os segurados:
a) se todo o período contributivo for IGUAL ou SUPERIOR a 60% (sessenta por cento) do período de apuração (julho de 94 até a data de entrada do requerimento), possível a eleição dos 80% (oitenta por cento) dos maiores valores, desprezando-se os demais.
Nesse caso, trata-se da aplicação conjunta do caput do artigo 3º da Lei nº 9.876/99 (no cálculo do salário de benefício será considerada a média aritmética simples dos maiores salários de- contribuição, correspondentes a, NO MÍNIMO, oitenta por cento de todo o período contributivo decorrido desde a competência julho de 1994) e do § 2º, primeira parte, do mesmo dispositivo (o divisor considerado no cálculo da média a que se refere o caput NÃO poderá ser inferior a sessenta por cento do período decorrido da competência julho de 1994 até a data de início do benefício).
b) se todo o período contributivo for INFERIOR a 60% (sessenta por cento) do período de apuração (JULHO DE 1994 até a DER), INVIÁVEL a eleição dos 80% (oitenta por cento) dos maiores valores, desprezando-se os demais. 
A média, assim, parte da integralidade do período contributivo, adotando-se como divisor o PRÓPRIO número de SALÁRIOS DE CONTRIBUIÇÃO. Aqui se trata da aplicação da segunda parte do § 2º do artigo 3º, onde O DIVISOR está limitado a cem por cento de TODO O PERÍODO CONTRIBUTIVO.
O caput do artigo 3º, quando estabelece que no cálculo do salário-de-benefício será considerada a média aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição, correspondentes a, no mínimo, oitenta por cento de todo o período contributivo decorrido desde a competência julho de 1994, NÃO autoriza o procedimento adotado pelo INSS (tese a ser discutida no próximo texto), pois a ressalva constante na parte final do § 2º (limitado a cem por cento de todo o período contributivo) diz respeito ao divisor, NÃO ao período contributivo. 
Ou seja, é o divisor que está limitado ao mesmo número total de salários de contribuição encontrados dentro do período de apuração.
Nesse sentido seguem as seguintes jurisprudências: TRF 4ª, Apl. 2002.72.08.005249-9, Rel. Juíza Eliana Paggiarin Marinho; TRF4ª, Acórdão 2007.70.01.004859-2, Rel. Juiz João Batista Pinto Silveira, Dju: 17/03/10.
Até segunda-feira.
17 – Bom dia. Terminando com o assunto do cálculo da renda mensal inicial de benefício previdenciário com base na regra de transição do art. 3º da Lei Federal nº 9.876/99, segue a tese que PREVALECE no judiciário, sendo a mesma adotada pela previdência social.
O art. 3º da já mencionada lei ampliou o período básico de cálculo dos segurados, mas é de se notar que essa alteração legislativa veio em benefício dos segurados somente para os casos de efetiva contribuição.
É que a melhor interpretação nos conduz ao entendimento no sentido de que os limites do divisor (60%) não estão atrelados necessariamente ao número de contribuições vertidas, mas ao período contributivo, que não se confunde com aquele (contribuição vertida).
Ao expor neste texto que o limite do divisor não está necessariamente interligado à efetiva contribuição, quer isso dizer que se o segurado tiver realizado contribuições a partir da competência julho/1994 até a data de entrada do requerimento do benefício, em número INFERIOR a 60% (sessenta por cento) desse período, a lei AFASTA que se utilize o percentual REAL, e determina a aplicação do limite mínimo de 60% sobre o PERÍODO CONTRIBUTIVO.
Caso tenha havido alguma contribuição nesse período, o valor será somado e depois dividido pelo número equivalente a 60% (sessenta por cento) do período básico de cálculo. 
Agora, se, nesse mesmo período, o número de contribuições ultrapassa o limite mínimo de 60% (sessenta por cento), esse número vertido de contribuições poderá ser aplicado, tendo como limite máximo 100% de todo o período contributivo a partir da competência de julho de 94.
Em suma, NÃO será possível a aplicação de todo o período de contribuição efetiva se entre a competência de julho de 94 e a data do pedido do benefício o número dessas contribuições for inferior a 60% (sessenta por cento), devendo, neste caso, ser aplicado o percentual sobre o período decorrido INEPENDENTEMENTE de contribuição, se, caso existam algumas, serão somadas, o que, naturalmente, irá influenciar PREJUDICIALMENTE na renda mensal inicial.
Somente serão levadas em consideração as contribuições vertidas se elas forem iguais ou superiores a 60% (sessenta por cento) do período acima delineado, situação que BENEFICIARIA o segurado.
Ou seja, comparandoas duas teses, a que prevalece no judiciário NÃO é a melhor para o segurado, pois somente lhe seria vantajosa essa mudança legislativa caso tenha contribuído pelo menos em 60% (sessenta por cento) durante o período de julho de 94 e a data do pedido do benefício.
Nesse sentido é a jurisprudência do STJ: REsp nº 929.032/RS, T5, Min. Rel. Jorge Mussi, Dju: 24/03/09; REsp 1062809/SC, T5, Min. Rel. Jorge Mussi, Dju: 02/06/09; REsp 1114345/RS, T6, Min. Rel. Maria Thereza de Assis Moura, Dju: 27/11/12.
Até mais.
18 – Bom dia. Aproveitando o ensejo do estudo da regra de transição para fins de cálculo de benefício previdenciário, continuarei a tratar da Lei Federal nº 9.876/99 c/c Decreto nº 3.048/99, pois deles podemos extrair outro questionamento importante, em que pese hoje resolvido, em parte, pela previdência social.
Lembre-se que o art. 3º da Lei Federal n° 9.876/99 estabeleceu que “para o segurado filiado à Previdência Social até o dia anterior à data de publicação desta Lei, que vier a cumprir as condições exigidas para a concessão dos benefícios do Regime Geral da Previdência Social, no cálculo do salário-de-benefício será considerada a média aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição, correspondentes a, no mínimo, OITENTA por cento de todo o período contributivo decorrido desde a competência julho de 1994”.
Já o seu § 2º, parte final, prescreveu que “o divisor para aposentadoria por IDADE, por TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO e ESPECIAL a ser considerado no cálculo da média aritmética NÃO poderia ser inferior a 60% (sessenta por cento) do período decorrido entre julho de 94 até a DIB, limitado a 100% (cem por cento) de todo o período contributivo”.
Em razão disso pergunto: Como serão feitas as médias das rendas mensais iniciais do auxílio-doença e da aposentadoria por invalidez já que ambos os benefícios NÃO constam na forma de cálculo de transição?
Antes de enfrentar o tema será preciso expor a evolução do Decreto nº 3.048/99 (Regulamenta a Lei Previdenciária) para melhor esquematização da problemática.
O art. 32, § 2º do mencionado Decreto estabeleceu que “nos casos de auxílio-doença e de aposentadoria por invalidez, contando o segurado com MENOS de 144 (cento e quarenta e quatro) contribuições mensais no período contributivo, o salário de benefício corresponderá à soma dos salários de contribuição dividido pelo número de contribuições apurado.”
Por sua vez, o seu § 3º do 188-A (incluído pelo Decreto nº 3.265/99) estipulou que “nos casos de auxílio-doença e de aposentadoria por invalidez, contando o segurado com salários de contribuição em número INFERIOR a 60% (sessenta por cento) do número de meses decorridos desde a competência julho de 1994 até a data do início do benefício, o salário de benefício corresponderá à soma dos SALÁRIOS DE CONTRIBUIÇÃO dividido pelo número de contribuições mensais apurado.” 
Posteriormente, o Decreto nº 5.545/2005 procedeu à nova alteração ao Decreto nº 3.048/1999, acrescentando o § 20 ao artigo 32 e o § 4º ao artigo 188-A, mantendo, porém, a mesma essência dos dispositivos já mencionados.
Perceba, portanto, que, pelos dispositivos expressos no Decreto nº 3.048/99, houve a criação de uma sistemática de cálculo para os benefícios de auxílio-doença e de aposentadoria por invalidez NÃO prescrita na Lei Federal nº 9.876/99. 
Além disso, estabeleceu que o salário de benefício fosse o correspondente à soma dos salários de contribuição dividido PELO NÚMERO DE CONTRIBUIÇÕES MENSAIS APURADO, ou seja, SERÁ CONSIDERADO NO PERÍODO BÁSICO DE CÁLCULO – PBC – OS 100% (CEM POR CENTO) DOS SALÁRIOS DE CONTRIBUIÇÃO.
Seria então essa a resposta para a pergunta elaborada no começo deste texto? Veremos amanhã.
Até mais.
19 – Bom dia. Prosseguindo com o assunto da forma de cálculo dos benefícios de auxílio-doença e de aposentadoria por invalidez, a resposta à pergunta formulada no texto de ontem deve ser respondida da seguinte maneira.
Os dispositivos do Decreto n° 3.048/99 (regulamenta a Lei Previdenciária) são flagrantemente ILEGAIS, afrontando a regra inserta no inciso II do art. 29 da Lei Federal n° 8.213/91 (Lei Previdenciária), com a redação conferida pela Lei Federal nº 9.876/99.
É lição básica do direito a impossibilidade de um Decreto inovar no ordenamento jurídico, não podendo afastar-se da sua natureza regulamentadora, sob pena de instaurar a chamada crise da legalidade.
Ademais, a regra transitória prevista no artigo 3º, caput, da Lei nº 9.876/99 NUNCA tratou da concessão de aposentadoria por invalidez e de auxílio-doença.
Aquela exigência prevista no § 2º do mencionado artigo 3º, no sentido de o segurado contar com no mínimo 60% (sessenta por cento) de contribuições correspondentes ao período decorrido entre julho de 1994 e a Data de Início do Benefício, aplica-se apenas às aposentadorias por tempo de contribuição, especial e por idade, sendo ELOQUENTEMENTE afastado o divisor mínimo no caso dos benefícios de auxílio-doença e da aposentadoria por invalidez.
Para esses benefícios previdenciários, bem como para o auxílio-acidente, concedidos após a vigência da Lei nº 9.876/99, o salário de benefício consistirá na média aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição correspondentes a 80% (oitenta por cento) de todo o período contributivo desde julho de 94, INDEPENDENTEMENTE da data de filiação ao Regime Geral da Previdência Social – RGPS, nos exatos termos do que atualmente dispõe o artigo 29, II, da Lei nº 8.213/1991, desconsiderando os 20% (vinte por cento) menores.
É importante mencionar que essa tese foi reconhecida pelo governo, pois o Decreto nº 6.939/09 revogou o § 20 do art. 32 do Decreto 3.048/99 e atribuiu nova redação ao seu § 4º do art. 188-A nos seguintes termos: “nos casos de auxílio-doença e de aposentadoria por invalidez, o salário de benefício consiste na média aritmética simples dos MAIORES salários-de-contribuição correspondentes a OITENTA por cento do período contributivo decorrido desde a competência julho de 1994 até a data do início do benefício”.
E também a autarquia previdenciária reconheceu o erro da sistemática anterior, adotando o entendimento exposto neste texto por meio da Nota Técnica nº 70/2009/PFE-INSS/CGMBEN/DIVCONT e do Memorando-Circular Conjunto nº 21 DIRBEN/PFE/INSS, de 15/04/2010.
Ante o exposto, os segurados que tiveram seus benefícios de auxílio-doença e de aposentadoria por invalidez concedidos após o advento da Lei Federal n° 9.876, de 26 de novembro de 1999 e anteriormente a publicação do Decreto n° 6.939, de 18 de agosto de 2009, TERÃO direito à REVISÃO ante o cálculo equivocado feito pela previdência social.
Porém, não será preciso ajuizar uma ação porque o INSS já fez a revisão de alguns benefícios, bastando consultar o link que segue: 
http://www5.dataprev.gov.br/revart29/pages/consultaRevisaoBeneficio.xhtml.
OBS: ainda estão em fase de análise outros 2,2 milhões de benefícios.
Até mais.
20 – Bom dia. Ontem eu havia informado a respeito da problemática que envolveu a forma de cálculo para a concessão de benefício previdenciário auxílio-doença e aposentadoria por invalidez.
É importante, neste momento, salientar que a autarquia previdenciária FIRMOU acordo com o Ministério Público Federal e com o Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos da Força Sindical – SINDNAPI –, HOMOLOGADO no âmbito da Ação Civil Pública – ACP nº 0002320-59.2012.4.03.6183/SP, pelo Juiz Federal da 6ª Vara Previdenciária da Subseção Judiciária de São Paulo/SP, para proceder a REVISÃO AUTOMÁTICA dos benefícios enquadrados nas hipóteses expostas no texto anterior.
Em razão disso, o INSS disciplinou o acordo através da publicação da Resolução INSS/PRES nº 268, de 24 de janeiro de 2013, que pode ser assim resumida.
NÃO serão passíveis de revisão os benefícios:
I - já revistos anteriormente pela mesma tese seja administrativa ou judicialmente;
II - concedidos no período da vigência da MP nº 242, entre 28 de março de 2005 e 03 de julho de 2005, que alterou artigos da Lei Previdenciária, SENDO ESTA QUESTÃOANALISADA NO PRÓXIMO TEXTO;
III - concedidos até o dia 17 de abril de 2002 para os casos em que NÃO tenha havido requerimento administrativo específico, uma vez que, com a citação do INSS no dia 17 de abril de 2012 na referida ACP, ocorreu a decadência decenal;
IV - concedidos entre 17 de abril de 2002 e 29 de outubro de 2009, porém precedidos de benefícios alcançados pela decadência; e
V - embora concedidos no período definido no Acordo Judicial firmado no âmbito da Ação Civil Pública, sejam precedidos de benefícios com Data de Início de Benefício - DIB, anterior a 29 de novembro de 1999.
As revisões serão pagas em PARCELA ÚNICA, observada a prescrição quinquenal, salientando, novamente, que o INSS expedirá carta aos segurados antes da efetivação do pagamento, indicando a NOVA renda mensal, bem como o VALOR e a DATA do pagamento.
Na hipótese de FALECIMENTO do titular do benefício ANTES da efetivação do pagamento das diferenças, o valor será adimplido aos dependentes habilitados à pensão por morte ou, na ausência destes, aos herdeiros/sucessores mediante alvará judicial.
É importante ter em mente que o pagamento será feito PRIORITARIAMENTE, nessa ordem, aos benefícios ativos, aos beneficiários mais idosos e aos benefícios com menores valores de diferenças.
Contudo, será possível a ANTECIPAÇÃO do pagamento para titulares de benefício acometidos de NEOPLASIA MALIGNA (câncer) ou DOENÇA TERMINAL ou que sejam portadores do vírus HIV ou cujos DEPENDENTES encontrem-se em alguma dessas hipóteses. (vide Memorando-Circular Conjunto nº 01, de 25.01.2013, DIRBEN/DIRAT/DIRSAT/PFE/INSS).
Os segurados que JÁ estejam recebendo benefício com base em alguma dessas doenças NÃO precisarão do prévio requerimento administrativo, uma vez que o INSS já os identificou. 
Os demais precisarão de requerimento administrativo (Formulário de Requerimento de Antecipação de Pagamento de Valores Atrasados) e de avaliação médico-pericial para fins de enquadramento nos critérios descritos acima.
No próximo texto irei discutir a questão da MP nº 242, publicada no dia 28 de março de 2005, que motivou, conforme visto, a autarquia previdenciária a NÃO revisar os benefícios durante a vigência desta norma legal.
Até mais.
21 – Bom dia. Perceba que no texto de ontem, ao expor as hipóteses em que a autarquia previdenciária NÃO efetuará a revisão, deixei bem claro que iria discutir, posteriormente, a Medida Provisória nº 242/05, que alterou dispositivos da Lei Federal nº 8.213/91 (Lei Previdenciária), estabelecendo critério diferenciado para o cálculo do auxílio-doença, auxílio-acidente e aposentadoria por invalidez.
Ou seja, a MP retornou ao método da média aritmética simples dos 36 últimos salários de contribuição ou, não alcançando esse patamar, na média aritmética simples dos salários de contribuição simples.
Também, no que diz respeito aos benefícios de auxílio-doença e aposentadoria por invalidez, limitou a Renda Mensal Inicial – RMI – à remuneração do trabalhador, considerada em seu valor mensal, ou seu último salário de contribuição no caso de remuneração variável.
Porém, primeiramente, mencionada Medida Provisória foi SUSPENSA por decisão do Ministro Marco Aurélio, relator da ADI nº 3473MC/DF, Dju: 01/07/05, sob a alegação de que NÃO foram preenchidos os requisitos da urgência e da relevância para publicação da norma.
Posteriormente à decisão do Supremo Tribunal Federal – STF -, especificamente aos 20/07/05, o Presidente do Senado Federal editou o Ato Declaratório nº 1, informando que o Plenário da Casa havia REJEITADO os pressupostos constitucionais da MP e, consequentemente, determinado o seu ARQUIVAMENTO.
Por esta razão, o STF TAMBÉM arquivou a ação direta de inconstitucionalidade retro mencionada, conforme decisão publicada aos 15/08/05, sem julgar o mérito da questão em profundidade.
Rejeitada a Medida Provisória, foi apresentado Projeto de Decreto Legislativo nº 403/05, de autoria do Senador Pedro Simon, com o objetivo de regulamentar os atos praticados durante a vigência da MP, consistente na anulação de todos os atos administrativos que calcularam os benefícios pelo método diferenciado. 
Contudo, em razão do tempo decorrido para análise, o projeto foi rejeitado por prejudicialidade, conforme publicação no Diário do Senado Federal nº 96 do dia 27/06/09, p. 27554.
Por este motivo, não editado decreto legislativo, as relações jurídicas constituídas e decorrentes de atos praticados durante a vigência da Medida Provisória nº 242/2005, conservam-se por ela regidas, conforme estabelece a Constituição Federal no seu art. art. 62, § 11, sendo o fundamento utilizado pela autarquia previdenciária para NÃO revisar os benefícios neste período, nos termos do Memorando-Circular Conjunto nº 13 PFE INSS/DIRBEN, de 05 de julho de 2005.
Porém, evidentemente que NÃO há qualquer justificativa para conferir tratamento desigual, como critério de definição do cálculo da renda mensal de benefícios de idêntica natureza, requeridos a partir da vigência da Medida Provisória. 
Deste modo, constata-se a evidente violação ao princípio da ISONOMIA, por falta de razoabilidade do critério adotado para o cálculo dos benefícios, de igual natureza.
Assim, tal distinção de tratamento NÃO possui fundamento jurídico que legitime o tratamento desigual conferido:
- uma: por ser manifestamente prejudicial a segurados titulares de benefícios previdenciários da MESMA ESPÉCIE concedidos na vigência da MP em comparação com os benefícios adquiridos anteriormente;
- duas: a Medida Provisória teve sua eficácia inicialmente SUSPENSA pelo Supremo tribunal Federal, não parecendo crível a mantença dos efeitos em razão da falta de Decreto Legislativo disciplinando a matéria e da PREJUDICIALIDADE da sua análise mais aprofundada na ADI nº 3473MC/DF, Dju: 15/08/05; e
- três: a Medida Provisória é INCONSTITUCIONAL por não ter preenchido os requisitos constitucionais de relevância e urgência, conforme entendimento também do Senado Federal na publicação do Ato declaratório nº 1.
Ante o exposto, os benefícios de auxílio-doença e aposentadoria por invalidez TAMBÉM devem ser REVISTOS, mesmo quando concedidos entre 28 de março e 03 de julho de 2005, período de vigência da Medida Provisória nº 242, respeitando, porém, o prazo decadencial decenal (assunto que será tratado em diversos textos a partir do mês de maio).
Nesse sentido é a jurisprudência do TNU: PEDILEF 200770660005230/PR, Rel. Juiz Fed. Ronivon de Aragão, Dju: 29/02/12; PEDILEF 200670590023231/PR, Rel. Juiz Fed. Ronivon de Aragão, Dju: 13/09/10, sendo também a essência da súmula nº 65, publicada aos 24/09/12.
Até mais.
22 - Bom dia. A partir desta semana começarei a explicar algumas questões envolvendo o benefício de Prestação Continuada da Assistência Social – BPC – LOAS - conforme jurisprudência atualizada de nossos tribunais, lembrando que certos aspectos, hoje modificados, serão ainda sim mencionados para possibilitar uma melhor ideia de como eram questionados e solucionados.
Aludido benefício, que independe de contribuição, garante 1 (um) salário mínimo ao idoso com 65 (sessenta e cinco) anos ou à pessoa com deficiência que comprovem não possuir meios de prover a própria manutenção nem de tê-la provida por sua família, conforme estabelece o caput do art. 20 da Lei Federal nº 8.742/93 (LOAS).
Por sua vez, o § 3º do art. 20 da lei acima indigitada presume como incapacidade econômica a renda familiar mensal INFERIOR a ¼ (um quarto) do salário mínimo.
Diante disso, muitos começaram a questionar a constitucionalidade desse critério, basicamente alegando que o limite da renda per capita familiar, em que pese seja considerado um elemento objetivo para auferir a incapacidade econômica, não impediria a comprovação, por outros meios, da permanência desse estado de miserabilidade nas hipóteses em que a renda mensal fosse superior ao determinado pela norma.
É que, por mais que a norma jurídica seja aclamada com o objetivo de ser imune a indagações, pode se tornar menos inteligível do que ab initioconfeccionada e, portanto, estará sujeita a novas interpretações à luz principalmente do princípio constitucional da dignidade da pessoa humana, nos termos do art. 1º, III, c/c o art. 203, V, da CF. 
Porém, inicialmente o STF manifestou pela constitucionalidade do critério adotado pelo legislador, conforme julgamento improcedente da ADI nº 1232-1/DF, Rel. p/ ac. Min. Nelson Jobim, Dju: 27/08/98.
Entendeu o Tribunal, naquela ação indireta de inconstitucionalidade ajuizada pelo Procurador Geral da República, que competia à lei dispor a forma da comprovação. Caso a legislação resolvesse criar outros mecanismos de prova, seria assunto da própria lei. Mas enquanto mantido o parâmetro, deveria ser cumprido.
Contudo, muitos tribunais, embora seguindo o entendimento da constitucionalidade do § 3º do art. 20 da Lei Federal nº 8.742/93, passou a entender que a presunção absoluta adotada não afastaria a possibilidade de outros meios de provas, mesmo que a renda familiar fosse superior ao limite estabelecido, dando razão à tese da condição de miserabilidade superior ao elemento objetivo: STJ: AgRg no AREsp 165921/SC, 1 ª Turma, Min. Rel. TEORI ZAVASCKI, Dju: 05/06/12; AgRg no AREsp 149652/MS, 2 ª Turma, Min. Rel. CESAR ROCHA, Dju: 29/05/12.
Por outro lado, o STF manteve o entendimento extraído da ADI 1232-1/DF em diversas outras oportunidades, conforme pesquisa jurisprudencial da Corte: Rcl 4427 MC-AgR/RS, Pleno, Rel. Min. Cezar Peluso, Dju: 06/06/07; AI 467633 AgR/SP, T1, Rel. Min. Marco Aurélio, Dju: 26/04/07; AI 558265 AgR/PR, T1, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, Dju: 26/09/06; RE 390966 AgR/SP, T2, Rel. Min. Eros Grau, Dju: 05/09/06.
E parecia que continuaria a ratificar essa tese no julgamento do RE 5679853/MT, que teve a sua repercussão geral reconhecida aos 08/02/08.
Entretanto, conforme noticiado por toda a imprensa especializada, mencionado recurso foi julgado IMPROCEDENTE no dia 17/04/13, o que quer dizer que o critério objetivo estipulado para análise da renda mensal per capita familiar É INCONSTITUCIONAL.
Até mais.
23 - Bom dia. Hoje irei expor as razões pelas quais o STF decidiu pela INCONSTITUCIONALIDADE do § 3º do art. 20 da Lei Federal nº 8.742/93 (LOAS).
Como dito anteriormente, muitos não concordavam com o critério estanque na análise da miserabilidade, alegando pela possibilidade de provar por outros meios essa condição, mesmo sendo a renda per capita mensal da família superior ao limite, tese agasalhada por farta jurisprudência de diversos Tribunais, mas NÃO pelo STF (ADI 1232-1/DF, Dju: 27/08/98).
Em razão do entendimento da Suprema Corte sobre o assunto, alguns então começaram a questionar também a própria DEFASAGEM do valor eleito pelo legislador.
Isso porque, por exemplo, o art. 5º, inc. I, da Lei Federal nº 9.533/97 (Concede apoio financeiro a Municípios que instituírem programas de garantia de renda mínima associados a ações socioeducativas) e o art. 2º, § 2º da 10.689/03 (Programa Nacional de Acesso à Alimentação - PNAA) exigem, dentre outros requisitos, para ter direito aos respectivos programas, que a família tenha renda per capita INFERIOR a ½ (meio) salário mínimo.
Diante dessa nova realidade, alguns tribunais passaram a entender que a “insuficiência tarifada” do § 3º do art. 20 da Lei Federal nº 8.742/93 estava REVOGADA tacitamente pelas Leis acima mencionadas, tese que CONTINUAVA a conflitar com o entendimento inicial do STF proferido na ADI 1232-1/DF.
Mas, felizmente, o Supremo Tribunal Federal CONCORDOU com os argumentos da DEFASAGEM do critério objetivo da LOAS, conforme resumo que segue:
É natural que o STF possa exercer novo juízo sobre a ADI 1232-1/DF, tendo em vista notórias mudanças fáticas, políticas, econômicas, sociais e jurídicas ocorridas nos últimos anos, destacando a publicação de diversas leis que disciplinam critérios MAIS ABRANGENTES para a concessão de outros benefícios assistenciais, tais como a Lei Federal nº 10.836/04 (criou o Bolsa Família), a Lei Federal nº 10.219/01 (criou o Bolsa Escola), a Lei Federal n° 10.689/03 (Instituiu o Programa Nacional de Acesso à Alimentação – PNAA) e a Lei Federal nº 9.533/97 (Concede apoio financeiro a Municípios que instituírem programas de garantia de renda mínima associados a ações socioeducativas).
Assim, fica nítido que a economia brasileira mudou substancialmente nos últimos tempos, estando a inflação, por exemplo, controlada, permitindo, por consequência, uma razoável melhoria na distribuição de renda.
Nesse sentido, inevitavelmente que os critérios para concessão de benefícios previdenciários e assistenciais devem refletir o atual momento econômico, e não ser estático e imune a qualquer transformação socioeconômica.
Ante o exposto, os programas de assistência social que utilizam o valor de ½ (meio) salário mínimo como “insuficiência tarifária” para concessão de benefícios é um indicador MAIS razoável atualmente, estando aquele valor utilizado pela LOAS completamente DEFASADO e INADEQUADO para aferir a miserabilidade das famílias. 
Eis a essência do julgamento do RE 5679853/MT.
Até mais.
24 – Bom dia. Continuando com o tema do benefício assistencial estabelecido pela Lei Federal n° 8.742/93, também podendo ser chamado de Benefício de Prestação Continuada da Assistência Social – BPC – LOAS – hoje começarei a falar da sua essência bem como de outros questionamentos para melhor compreensão, com a devida menção, sempre que necessário, do novo posicionamento do STF informado em textos anteriores.
Pois bem, o benefício assistencial, que garante 1 (um) salário mínimo e que independe de contribuição, pode ser concedido ao IDOSO (Obs: a pessoa com deficiência será objeto de texto próprio) que comprove possuir idade a partir de 65 (sessenta e cinco) anos, que NÃO receba nenhum benefício previdenciário ou de outro regime e que a renda per capita familiar seja insuficiente para prover a própria manutenção ou de tê-la provida por sua família (lembrado que o critério INFERIOR a ¼ (um quarto) do salário mínimo vigente foi declarado INCONSTITUCIONAL pelo STF no RE 5679853/MT, o que permitirá, na prática, enquanto o congresso não elaborar lei atualizando esse valor, uma ampliação de meios de provas a critério do juiz).
O cálculo da renda familiar é baseado pelo conjunto de pessoas composto pelo requerente, cônjuge, companheiro (a), os pais e, na ausência de algum deles, a madrasta e o padrasto, os irmãos solteiros, os filhos e enteados solteiros (não há limite de idade para os filhos) e os menores tutelados, DESDE QUE VIVAM SOBRE O MESMO TETO.
A renda mensal familiar deverá ser a soma dos rendimentos brutos auferidos mensalmente pelos membros da família composta por salários, proventos, pensões, pensões alimentícias, benefícios de previdência pública (ASSUNTO A SER TRATADO EM TEXTO ESPECÍFICO) ou privada, seguro-desemprego, comissões, pró-labore, outros rendimentos do trabalho não assalariado, rendimentos do mercado informal ou autônomo, rendimentos auferidos do patrimônio, Renda Mensal Vitalícia e Benefício de Prestação Continuada.
No que diz respeito ao Benefício de Prestação Continuada, este NÃO será levado em consideração no cômputo da renda familiar quando da concessão a outro idoso da mesma família, conforme consta art. 19 e § 1º do Decreto nº 6.214/07 c/c parágrafo único do art. 34 da Lei Federal nº 10.741/03 (assunto a ser tratado em texto autônomo em razão da sua particularidade e do novo entendimento do STF no RE 580963/PR).
Também NÃO serão considerados na renda mensal familiar: I - benefícios e auxílios assistenciais de natureza eventual e temporária; II - valores oriundos de programas sociais de transferência de renda; III - bolsas de estágio curricular; IV - pensão especial de natureza indenizatória e benefícios de assistência médica; V - rendas de natureza eventual ou sazonal, a serem regulamentadas em ato conjunto do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome e do INSS; e  VI - remuneração da pessoa com deficiência na condição de aprendiz. 
O requerente ou seu representantelegal deverá comprovar a renda familiar mensal per capita mediante Declaração de Composição e Renda Familiar, formulário encontrado no site da previdência social, estando sujeito às penas previstas em lei no caso de omissão de informação ou declaração falsa.
Para finalizar, o requerente deverá comprovar os rendimentos declarados mediante a apresentação de alguns documentos, tais como: I -  carteira de trabalho e previdência social com as devidas atualizações; II - contracheque de pagamento ou documento expedido pelo empregador; III - guia da Previdência Social - GPS, no caso de Contribuinte Individual; ou IV - extrato de pagamento de benefício ou declaração fornecida por outro regime de previdência social público ou previdência social privada.
Até mais.
25 – Bom dia. Quem teve a oportunidade de ler o texto de ontem, em determinada passagem destaquei um assunto que seria tratado em específico, o que ocorrerá neste momento. 
Quando informei que a renda bruta mensal familiar deve contemplar, dentre outros rendimentos, a PREVIDÊNCIA PÚBLICA (leia-se previdência social) e, por outro lado, que o valor do benefício assistencial recebido por algum membro da família estaria AFASTADO da renda para fins de concessão do mesmo benefício por OUTRO familiar, o fiz com o devido cuidado, pois devemos FICAR BEM ATENTOS COM A INTERPRETAÇÃO JURISPRUDENCIAL, PRINCIPALMENTE COM A DO STF NO RE 580963/PR.
E qual seria a razão desse cuidado? O artigo 34 e parágrafo único, da Lei Federal nº 10.741/03 (Estatuto do Idoso) dispõem que ao idoso, a partir de 65 anos de idade, que não possua meios para prover sua subsistência, nem de tê-la provida por sua família, é assegurado o benefício mensal de 1 (um) salário-mínimo, nos termos da Lei Orgânica da Assistência Social”, sendo que o mesmo “BENEFÍCIO já concedido a qualquer membro da família NÃO será computado para os fins do cálculo da renda familiar per capita a que se refere a LOAS”.
Eis então a controvérsia: será que o BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO na quantia de 1 (um) salário-mínimo, recebido por membro idoso da família, deverá ou não ser excluído do cálculo da renda mensal per capita familiar, para fins de concessão de benefício assistencial, tendo em vista que o parágrafo único do art. 34 do Estatuto do Idoso, conforme visto, refere-se apenas à LOAS?
Respondo: Ao que parece, o objetivo da norma, ao afastar o benefício de prestação continuada recebida pelo idoso no cômputo da renda bruta mensal familiar, foi ampará-lo, mantendo essa verba ao seu EXCLUSIVO meio de subsistência.
Imperioso reconhecer que a intenção que fundamenta a existência do benefício assistencial é a garantia do MÍNIMO EXISTENCIAL consubstanciado nos bens absolutamente necessários à sobrevivência de QUALQUER cidadão. 
E o mínimo existencial NÃO varia em função do destinatário ou do beneficiário, motivo pelo qual a apuração da renda do grupo familiar para verificar se há necessidade de assistência do Estado é pautada pelo FATOR ECONÔMICO, pelo valor monetário que integra a renda do grupo familiar, e NÃO propriamente pelo tipo de benefício por via do qual se dá o ingresso: assistencial ou previdenciário. 
Daí porque, em se tratando de valor correspondente a um salário mínimo, o benefício deve ser EXCLUÍDO da renda do grupo familiar, AINDA que tenha natureza PREVIDENCIÁRIA, de sorte que, havendo a mesma necessidade econômica, o tratamento normativo há de ser o mesmo. 
Noutro dizer, havendo ISONOMIA de razões, ou quando as intenções alicerçadas de juridicidade forem no fundo SEMELHANTES ou IDÊNTICAS, a disposição de direito deve seguir essa constatação lógica. 
Interpretação diversa apresentará flagrante antinomia concreta em face do princípio constitucional da dignidade da pessoa humana ou regra implícita deste decorrente como o direito à vida, por exemplo. 
Quando isso ocorre acarreta a denominada derrotabilidade (defeasibility) da norma, pois a sua incidência automática e infalível, circunscrita apenas nos deveres prima facie, mostra-se inviável. 
Não quer isso dizer, salienta-se, que os deveres prima facie não tenham validade jurídica, apenas se questiona a derrotabilidade em face da incompatibilidade entre a norma analisada literalmente e a sua finalidade subjacente. 
Por mais que a norma jurídica seja aclamada com o objetivo de ser imune a indagações, pode se tornar menos inteligível do que ab initio confeccionada e, portanto, estará sujeita a novas interpretações à luz principalmente do princípio constitucional da dignidade da pessoa humana, nos termos do art. 1º, III, c/c o art. 203, V, da CF. 
Em razão do exposto, idoso a partir de 65 anos de idade que receba BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO equivalente a UM salário-mínimo NÃO terá esse valor abrangido no cômputo da renda mensal per capita para a concessão do benefício de Prestação Continuada da Assistência Social – BPC – LOAS, aplicando, POR ANALOGIA, o parágrafo único do art. 34, da Lei Federal n° 10.741/03 (Estatuto do Idoso).
No mesmo sentido é a jurisprudência PACÍFICA do STJ: AgRg no REsp 1351525/SP, T2, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, Dju: 06/12/12; AgRg no Ag 1195751/PR, T6, Rel. Min. Alderita Ramos de Oliveira (Desembargadora Convocada do TJ-PE), Dju: 27/11/12; REsp 1318758/SC, T2, Rel. Min. Diva Malerbi (Desembargadora Convocada TRF 3ª), Dju: 20/11/12; AgRg no AREsp 215158/CE, T2, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, Dju: 18/10/12; AgRg no AREsp 227619/PR, T2, Rel. Min. Humberto Martins, Dju: 09/10/12; PET 2203/PE, S3, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, Dju: 11/10/11. 
Também é a jurisprudência da TNU: PEDILEF 200772520024887/SC, Rel. Juíza Fed. Rosana Noya Weibel Kaufmann, Dju: 14/09/09; PEDILEF 200870530000132/PR, Rel. Juiz Fed. Ronivon de Aragão, Dju: 08/04/10; PEDILEF 200870510046916/PR, Rel. Juiz Fed. Cláudio Roberto Canata, Dju: 10/05/10; PEDILEF 200772500076225/SC, Rel. Juiz Fed. Eduardo André Brandão de Brito Fernandes, Dju: 08/04/10; PEDILEF 200870530011786/PR, Rel. Juíza Fed. Jacqueline Michels Bilhalva, Dju: 08/04/10; PEDILEF 200740007002100/PI, Rel. Juiz Fed. Ricarlos Almagro Vitoriano Cunha, Dju: 24/04/09; PEDILEF 200650520001343/ES, Rel. Juiz Fed. Derivaldo de Figueiredo Bezerra Filho, Dju: 08/02/10; PEDILEF 200684005019740/RN, Rel. Juiz Fed. José Eduardo do Nascimento, Dju: 16/11/09; PEDILEF 200832007038700/AM, Rel. Juiz Fed. Cláudio Roberto Canata, Dju: 19/10/09; PEDILEF 200783005374840/PE, Rel. Juiz Fed. Derivaldo de Figueiredo Bezerra Filho, Dju: 16/11/09.
Na Turma Recursal de São Paulo há a súmula n° 30 no mesmo sentido do texto. Por fim no TRF3 é possível encontrar jurisprudência MINORITÁRIA em sentido exposto: AC 621373/SP, T8, Des. Fed. Marianina Galante, Dju: 27/08/12.
Essa a razão pela qual o STF julgou, no dia 17/04/13, o parágrafo único do art. 34 do Estatuto do Idoso INCONSTITUCIONAL, conforme consta no acórdão do RE 580963/PR (pendente de publicação).
Até mais.
26 – Bom dia. Prosseguindo com o Benefício de Prestação Continuada da Assistência Social – BPC – LOAS, hoje será tratada da questão da concessão à pessoa com DEFICIÊNCIA, lembrando que os outros dois requisitos, a renda per capita familiar (vide RE 5679853/MT) e a inexistência de outro benefício no âmbito da seguridade social (vide RE 580963/PR), com algumas exceções, por já terem sido estudados, não serão mencionados aqui.
A Lei Federal n° 8.742/93 (LOAS) conceitua a pessoa com deficiência como sendo aquela que “tem impedimentos de longo prazo (efeitos produzidos pelo prazo mínimo de dois anos) de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas”.
Por sua vez, conceitua a INCAPACIDADE como um “fenômeno multidimensional que abrange limitação do desempenho de atividade e restrição da participação, com redução efetiva e acentuada da capacidade de inclusão social, em correspondência à interação entre a pessoa com deficiência e seu ambiente físico e social”.
Para a concessão da LOAS à pessoacom deficiência, o Decreto nº 6.214/07 (Regulamenta a Lei Orgânica da Assistência Social) informa que será preciso uma avaliação da deficiência e do grau de impedimento, com base nos princípios da Classificação Internacional de Funcionalidades, Incapacidade e Saúde - CIF, estabelecida pela Resolução da Organização Mundial da Saúde no 54.21, aprovada pela 54a Assembleia Mundial da Saúde, em 22 de maio de 2001.
O objetivo da avaliação, de fácil constatação, é comprovar a existência de impedimentos de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial e analisar o grau de restrição para a participação plena e efetiva da pessoa com deficiência na sociedade, decorrente da interação dos impedimentos com barreiras diversas, conceitos acima expostos.
Portanto, a avaliação sugerida pelas normas pertinentes deverá ser realizada sob dois aspectos inerentes ao fim que se pretende segundo suas especificidades, quais sejam médicos (considerará as deficiências nas funções e nas estruturas do corpo) e sociais (considerará os fatores ambientais, sociais e pessoais).
É importante incluir neste texto a seguinte situação: o desenvolvimento das capacidades cognitivas, motoras ou educacionais e a realização de atividades NÃO remuneradas de habilitação e reabilitação, dentre outras, NÃO constituem motivo de  suspensão ou cessação do benefício da pessoa com deficiência.
E para finalizar, a LOAS será revista a cada DOIS ANOS para a necessária reavaliação da continuidade das condições que lhe deram origem, integrando o Programa Nacional de Monitoramento e Avaliação do Benefício de Prestação Continuada.
Até mais.
27 – Bom dia. Prosseguindo com o tema do Benefício de Prestação Continuada da Assistência Social – BPC – LOAS -, seguem mais alguns aspectos relevantes.
Primeiramente, é preciso que seja fixada a NATUREZA JURÍDICA da Prestação Continuada da Assistência Social, pois é comum a sua confusão com os benefícios previdenciários, talvez em razão de ser a autarquia previdenciária quem analisa o pedido administrativo para a sua concessão ou não.
Pois bem, a LOAS NÃO tem natureza previdenciária, sendo o INSS apenas o responsável pela sua operacionalização, competência suficiente APENAS para justificar que o requerimento do referido benefício deve ser feito em qualquer APS, com prévio agendamento pela internet ou pelo telefone 135.
Realmente, analisando o art. 194 da Constituição Federal, anotaremos que a seguridade social é formada por uma integração de ações do Poder Público e da Sociedade com o objetivo de assegurar os direitos tripartites relacionados à saúde, à previdência e à ASSISTÊNCIA SOCIAL (objeto de estudo). 
Ao depois desse início, entendo relevante também mencionar que a LOAS NÃO está sujeita a desconto de qualquer contribuição, NÃO dá direito ao 13º, também chamado de abono anual, e NÃO é fato gerador de pensão por morte aos herdeiros ou sucessores, pois é INTRANSFERÍVEL.
Caso haja algum valor residual NÃO recebido em vida pelo beneficiário, será pago aos seus herdeiros ou sucessores, na forma da lei civil, mas INDEPENDENTEMENTE de inventário ou arrolamento.
O Decreto nº 6214/07 (Regulamenta a LOAS) estabelece que, EXCEPCIONALMENTE o benefício poderá ser ANTECIPADO nos casos de estado de calamidade pública decorrente de desastres naturais reconhecidos por ato do Governo Federal, nos termos do § 1º do Decreto nº 3.048/99 (Regulamenta a Lei Previdenciária).
Também é importante esclarecer que nada impede de a LOAS ser concedida às crianças e adolescente MENORES de 16 (dezesseis) anos de idade, desde que seja feita avaliação da existência da DEFICIÊNCIA e o seu impacto na limitação do desempenho de atividade e restrição da participação social, compatível com a idade.
Para fechar o assunto, a LOAS é cessada:
I - no momento em que forem superadas as condições que lhe deram origem; 
II - em caso de morte do beneficiário;
III - em caso de morte presumida (extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida; se alguém não for encontrado até dois anos depois do término da guerra, estando desaparecido em campanha ou feito prisioneiro; quando a lei autoriza a abertura de sucessão definitiva) ou de ausência do beneficiário (desaparecido do seu domicílio sem ter notícia do seu paradeiro, não tendo deixado procurador a quem caiba administrar-lhe os bens ou os poderes dele forem insuficientes, não queira ou não possa exercer ou continuar com seu mister), declarada em juízo; ou
IV - em caso de constatação de irregularidade na sua concessão ou manutenção. 
Até mais.
28 – Bom dia. Foi dito em textos anteriores que um dos requisitos exigidos pela Lei Federal n° 8.742/93 para a concessão do Benefício de Prestação Continuada da Assistência Social – BPC – LOAS - era que a renda per capita familiar mensal fosse inferior a ¼ (um quarto) do salário mínimo, tendo sido informado que esse parâmetro gerava presunção absoluta de miserabilidade, SALIENTANDO, mais uma vez, que a “insuficiência tarifária” foi declarada INCONSTITUCIONAL pelo STF no RE 5679853/MT, sem declaração de nulidade, para que o congresso fixe critérios atualizados.
Porém, era comum a autarquia previdenciária INDEFERIR o pedido administrativo quando a renda per capita familiar era IGUAL ou SUPERIOR àquele limite estipulado na lei acima mencionada, interpretando o dispositivo literalmente sem oportunizar a elaboração de outras provas para fundamentar o pedido do requerente, conforme dito rasamente em textos anteriores.
Em razão disso, entendo oportuno expor esse assunto com os devidos fundamentos na intenção de trazer o entendimento jurisprudencial e de proporcionar, a quem se utiliza do seu precioso tempo em ler esses singelos textos, uma melhor compreensão.
Pois bem, o art. 203, V, da Constituição Federal, estabelece que a assistência social, INDEPENDENTEMENTE de contribuição, tem por objetivo, dentre outros, garantir 1 (um) salário mínimo mensal “à pessoa portadora de deficiência, e ao idoso que comprovem não possuir meios de prover a própria manutenção ou tê-la provido por sua família, conforme dispuser a lei”. 
Nesse sentido, o art. 20 e o seu § 3º da Lei Federal nº 8.742/93, estabelecem que “o benefício de prestação continuada é a garantia de um salário mínimo mensal à pessoa com deficiência e ao idoso com 65 (sessenta e cinco) anos ou mais que comprovem não possuir meios de prover a própria manutenção nem de tê-la provida por sua família”, considerando como incapaz de prover a manutenção da pessoa com deficiência ou idosa “a família cuja renda mensal per capita seja inferior a ¼ (um quarto) do salário mínimo”. (hoje inconstitucional - RE 5679853/MT)
A interpretação, consoante à renda per capita familiar para caracterização da incapacidade, e levando em consideração todas as circunstâncias do caso em concreto, geralmente apresenta flagrante antinomia concreta em face do princípio constitucional da dignidade da pessoa humana ou regra implícita deste decorrente como o direito à saúde, por exemplo. 
Quando isso ocorre acarreta a denominada derrotabilidade (defeasibility) da norma, pois a sua incidência automática e infalível como pretende o INSS, circunscrita apenas nos deveres prima facie, mostra-se inviável ante a sua finalidade subjacente. 
Por mais que a norma jurídica seja aclamada com o objetivo de ser imune a indagações, pode se tornar menos inteligível do que ab initio confeccionada e, portanto, estará sujeita a novas interpretações à luz principalmente do princípio constitucional da dignidade da pessoa humana, nos termos do art. 1º, III, c/c o art. 203, V, da CF. 
Logo, a significação que se faz do artigo 20, § 3º da Lei nº 8.792/93 deve compreender situações que antes NÃO foram percebidas pelo legislador, uma vez que o seu conteúdo conceitual deve ser precisado considerando o contexto no qual foi criado, conforme já mencionado. 
Sendo assim, o conceito de incapacidade de prover a própria subsistência ou de sua família não está no VALOR limitativo imposto pela lei ordinária isoladamente, mas no campo socioeconômico

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