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A história e a evolução do Direito Penal brasileiro

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A história e a evolução do Direito Penal brasileiro 
 
 
I - AS INSTITUIÇÕES INDÍGENAS 
No início da colonização do Brasil, as tribos que já existiam no país, 
apresentavam diferentes estágios de evolução, sendo que os indígenas 
chamados de tupis apresentavam um desenvolvimento muito superior ao dos 
chamados tapuias, que por sua vez eram considerados bárbaros pelos 
primeiros. 
À época, toda idéia que se possa ter de Direito Penal entre os 
indígenas, está intimamente ligada ao direito costumeiro, razão pela qual era 
comum a prática das chamadas justiças por meio da vingança privada, 
vingança coletiva e o talião. 
Existem relatos de que até o descobrimento, a guerra nunca era 
movida por motivos econômicos, sendo assim, os motivos das hostilidades se 
resumia em capturar prisioneiros para os ritos antropofágicos, a tomada de 
troféus ou para vingar os parentes mortos. 
As crianças da época eram castigadas para que aprendessem a 
urbanidade. “A polidez e o respeito mútuo eram encarados como a forma ideal 
para dirigir a vontade dos filhos e incitá-los aos exemplos dos mais velhos”. 
(História do Brasil, v. 1°, pág. 44, Ed. Bloch.) 
O renomado autor Martins Júnior (1985, p.114), em uma peculiar 
obra característica do direito nacional histórico, ensina que historiadores 
nacionais “costumam dedicar aos primitivos habitantes do Brasil, páginas 
inteiras relativas a certas instituições ou usos selvagens de alçada 
perfeitamente jurídica”. 
 Naquela época era perfeitamente normal a prática da poligamia, 
apesar de haver casamento monogâmico, e na maioria das vezes os costumes 
tinham como base o sistema patriarcal e o parentesco só se transmitia pelo 
lado paterno. 
 Notamos, portanto, uma descomunal diferença dos povos 
daquela época com os da sociedade de hoje, tida por moderna, e acerca disso, 
doutrinas citam o exemplo de que o furto a estrangeiros e a hóspedes que não 
fossem conhecidos era perfeitamente lícito, o que vai de encontro com toda a 
sistemática penal de hoje, e ainda, o adultério que na maioria das vezes era 
fato indiferente, entretanto quando muito, dava precedentes ao espancamento 
da mulher que praticava. 
 Desta forma, podemos afirmar que as práticas punitivas das 
tribos selvagens que habitavam o nosso país, em momento algum tiveram 
influência na nossa legislação, uma vez que se perfaziam como sendo 
exacerbadamente primárias. 
II - ORDENAÇÕES DO REINO 
A história do Direito Penal no Brasil registra a existência de cinco 
Códigos Penais, desde o período colonial até os nossos dias. O Direito Penal 
que vigorou no Brasil, desde o seu descobrimento até a independência, tinha 
por fonte o Livro V das Ordenações do Reino. 
As Ordenações Afonsinas começaram a vigorar logo após o 
descobrimento do Brasil, sendo estas mandadas compor por D. João I. 
Em 1446 foi concluído o trabalho que teve ampla influência do direito 
canônico e do direito romano, tendo trabalhado no projeto inicial o Mestre João 
Mendes, que após longos anos de compilação não teve condições de terminá-
lo juntamente com um renomado jurista da época que atendia pelo nome de 
Rui Fernandes. Em virtude disso, D. Manoel incumbiu os juristas Rui Boto, Rui 
da Grã e João Cotrim para concluírem o trabalho. Interessante ressaltar que 
uns autores dizem que D. Manoel pretendia com tal atitude, dotar o país de 
uma legislação mais perfeita, no entanto, outros afirmam que tal atitude foi 
tomada por mera vaidade. 
Ao término da referida obra, a mesma veio a ser impressa no ano de 
1512, e foi publicada com o nome de Ordenações Manuelinas, levando-se 
destarte o nome daquele que incumbiu os juristas de concluírem o trabalho. 
Por fim, o rei Felipe II da Espanha, que detinha seu reinado em 
Portugal com o nome de Felipe I, ordenou que fosse feita uma nova 
estruturação dos Velhos Códigos, sendo assim, incumbiu os desembargadores 
do Paço, Paulo Afonso e Pedro Barbosa para desempenharem a árdua tarefa, 
sendo que eles ainda contaram com a colaboração de outros dois renomados 
juristas da época conhecidos por Damião de Aguiar e Jorge Cabedo. 
Após as devidas revisões feitas por outros renomados juristas da 
época, foram publicadas as Ordenações Filipinas no dia 11 de janeiro de 1603, 
sendo que naquela época, Felipe II de Portugal é quem exercia o reinado. 
Cumpre ressaltar que ao ser restaurada a monarquia portuguesa, as 
Ordenações Filipinas foram revalidadas pela lei de 29 de janeiro de 1643, de D. 
João IV. 
 Sendo assim, as legislações Afonsinas não chegaram a influir no 
Brasil, ressalvadas as disposições que foram enxertadas nas Ordenações 
Manuelinas. 
As Ordenações Manuelinas chegaram a ter alguma aplicação no 
período das capitanias hereditárias, principalmente nas de São Vicente e 
Pernambuco que haviam prosperado mais, e bem mais ao tempo dos 
chamados governadores gerais. 
Durante o regime das capitanias, o que de fato regia era o arbítrio do 
donatário, um direito na época tido por informal e personalista, até porque as 
cartas de doação entregavam aos donatários o exercício de toda justiça. 
Ao tempo dos governadores gerais, mais centralizado e com uma 
administração da justiça mais disciplinada, tornou-se um pouco mais efetiva a 
aplicação da legislação do reino. 
De todas as Ordenações existentes, é correto afirmar que as 
Ordenações Filipinas foram as que mais tiveram aplicação. Relatos nos dizem 
que o referido código era repleto de prejuízos da época, pois caracterizava-se 
pela multiplicidade injustificada de infrações penais e como se não bastasse, 
pela forma rígida e exacerbada das punições aplicadas nos infratores e/ou 
criminosos da época. 
Em uma síntese perfeita do que correspondia o livro V das 
Ordenações Filipinas, Batista Pereira (1932, v II, p. 14,15) assim manifestou-
se: 
Espelho, onde se refletia, com inteira fidelidade, a dureza das 
codificações contemporâneas, era um misto de despotismo e de 
beatice, uma legislação híbrida e feroz, inspirada em falsas idéias 
religiosas e políticas, que invadindo as fronteiras da jurisdição divina, 
confundia o crime com o pecado, e absorvia o indivíduo no estado 
fazendo dele um instrumento. Na previsão de conter os maus pelo 
terror, a lei não media a pena pela gravidade da culpa; na graduação 
do castigo obedecia, só, ao critério da utilidade. Assim, a pena capital 
era aplicada com mão larga; abundavam as penas infamantes, como 
açoite, a marca de fogo, as galés, e com a mesma severidade com 
que se punia a heresia, a blasfêmia, a apostasia e a feitiçaria, eram 
castigados os que, sem licença de El-Rei e dos Prelados, benziam 
cães e bichos, e os que penetravam nos mosteiros para tirar freiras e 
pernoitar com elas. A pena de morte natural era agravada pelo modo 
cruel de sua inflição; certos criminosos, como os bígamos os 
incestuosos os adúlteros, os moedeiros falsos eram queimados vivos 
e feitos em pó, para que nunca de seu corpo e sepultura se pudesse 
haver memória. Com a volúpia pelo sangue, negação completa de 
senso moral, dessa lei que, na frase de Cícero, é in omnibus diffusa, 
naturae, congruens, constans, eram supliciados os réus de lesa-
magestade, crime tão grave e abominável, e os antigos sabedores 
tanto o estanharam, que o compararam à lepra, porque, assim como 
esta enfermidade enche o corpo, sem nunca mais se poder curar, 
assim o erro da traição condena o que a comete, e impece e infama 
os que da sua linha descendem, posto que não tenham culpa. A este 
acervo de monstruosidade outras se cumulavam; a aberrância da 
pena, o confisco de bens a transmissibilidade da infâmia do crime. 
Mesmo com a vinda de D. João VI ao Brasil e a elevação do país àcondição de Reino Unido, a legislação em nada modificou, sendo que até 
mesmo D. Pedro I, que havia baixado as bases da constituição Política da 
Monarquia, na data de 10 de março do ano de 1821, por meio da lei de 20 de 
outubro de 1823, determinou que as Ordenações permanecessem em inteiro 
vigor na parte em que não tivessem sido revogadas, para por meio delas se 
regularem os negócios do interior do Império. 
III - PERÍODO IMPERIAL 
O livro que tratava da Constituição do Império, mais precisamente 
em seu artigo 179, § 18, impunha a urgente organização de “um Código 
Criminal, fundado nas sólidas bases da justiça e da equidade”. 
Vale observar que ao aproveitar o referido dispositivo, os 
movimentos liberais e as novas doutrinas penais, aliadas às modificações 
sociais do tempo, acabaram por impor que suas referidas concepções 
pudessem ser influídas na nova legislação. A própria Constituição do Império 
já determinava claramente em seu artigo 179, a igualdade de todos perante a 
lei; a não retroatividade da lei penal e que a pena não passaria da pessoa do 
delinqüente, o que não se faz diferente dos ordenamentos atuais. 
Ainda que tenha sido determinada a elaboração do Código com 
caráter de urgência na Carta de 1824, apenas no dia 16 de dezembro do ano 
de 1830, portanto, seis anos após, é que foi sancionado com o nome de 
Código Criminal do Império, tendo sido considerado um código liberal para 
época e com os avanços técnicos trazidos pela legislação penal Francesa, 
sobretudo o Código de Napoleão de 1810. 
Acerca do projeto Bernardo Vasconcelos, assentaram os trabalhos 
da comissão mista da Câmara e do Senado, o que fez com que o Código se 
constituísse numa obra merecedora de louvores dos penalistas de seu tempo. 
Autores fazem referências de que tal obra foi tão admirada, que 
penalistas como Haus e Mittermayer aprenderam o português exclusivamente 
para ler a obra no original. 
No referido Código encontrava-se presentes as idéias de Bentham, 
que teve grande influência na elaboração dos Códigos Francês de 1810 e 
Napolitano de 1819, com os quais guardam em vários trechos grandes 
proximidades. 
É de suma importância registrar que o nosso Código Criminal do 
Império contribuiu muito para elaboração do Código Penal Espanhol de 1848 e 
por via deste, em vários Códigos Penais de países da América Latina. Teve a 
sua grande parcela de contribuição também para a elaboração do Código 
Penal Português, o primeiro que fora promulgado no séc. XIX. 
Ainda que com todo o seu avanço, o referido código preconizava o 
regime servil, uma vez que a escravidão era tida como uma instituição do 
Estado, e ainda, a pena de morte que os códigos subseqüentes aboliram. 
Roberto Lyra (1946, p.89) em uma obra dinâmica enumerou as 
originalidades do referido Código, vejamos: 
1. No esboço da indeterminação relativa e de individualização da 
pena, contemplando, já, os motivos do crime, só meio século 
depois tentado na Holanda e, depois, na Itália e na Noruega; 
2. Na fórmula da cumplicidade (co-delinqüência como agravante) 
com traços do que viria a ser a teoria positiva a respeito; 
3. Na previsão da circunstância atenuante da menoridade, 
desconhecida, até então, das legislações francesa, napolitana e 
adotada muito tempo após; 
4. No arbítrio judicial no julgamento dos menores de 14 anos; 
5. Na responsabilidade sucessiva nos crimes por meio da 
imprensa antes da lei belga, e, portanto, esse sistema é brasileiro 
e não belga, como é conhecido; 
6. A indenização do dano ex-delicto como instituto de direito 
público, também antevisão positivista; 
7. Na imprescritibilidade da condenação. 
O referido Código, como todos os demais não era perfeito, razão 
pela qual recebeu uma série de críticas, principalmente por parte de Tobias 
Barreto, que dentre muitas, alegava que não se definia a culpa, referindo-se 
apenas ao dolo. Entretanto, a referida lacuna era indiferente para a época, 
sendo que somente com o desenvolvimento dos meios de transportes passou a 
se exigir uma elaboração por meio do legislativo, o que ocorreu em 1871. 
Embora a Constituição da época assegurasse a igualdade de todos 
perante a lei, o escravo recebeu tratamento desigual, sendo que a eles ficaram 
reservadas além das penas comuns, as penas de galés e a pena de morte, o 
que provocou debates acirrados durante a sua elaboração. 
Com o advento da Lei Áurea, Joaquim Nabuco e João Vieira de 
Araújo apresentaram projetos que visavam a reforma do Código Penal, para 
que pudesse adapta-lo à nova situação dos negros que até aqueles tempos 
eram considerados escravos, no entanto, tais projetos não foram apreciados e 
conseqüentemente não foram votados, uma vez que o governo encarregou 
Batista Pereira de elaborar o respectivo projeto. 
Dentre muitos penalistas patrícios que se projetaram durante o 
período imperial, o que mais se sobressaiu na época foi Tobias Barreto que foi 
autor de várias obras consagradas, dentre elas, a considerada mais importante 
intitulada de “Delitos por Omissão”, onde analisou aspectos desconhecidos 
para a maioria dos especialistas da época. 
IV - PERÍODO REPUBLICANO 
Com a proclamação da República, o trabalho desenvolvido por 
Batista Pereira foi interrompido, entretanto, o então Ministro da Justiça do 
governo provisório, Campos Sales, renovou-lhe o encargo de preparar o novo 
Código Penal, trabalho que foi terminado em pouco tempo e remetido à 
apreciação de uma comissão de juristas que foi presidida pelo próprio ministro. 
Em 11 de outubro do ano de 1890, foi o Código transformado no 
“Código Penal Brasileiro”, e por decreto datado em 6 de dezembro do mesmo 
ano, foi marcado o prazo de seis meses para a sua execução em todo o 
território nacional. 
Aníbal Bruno (v.1, p.166) lembra que: 
O primeiro Código Penal da República foi menos feliz que o seu 
antecessor. A pressa com que foi concluído prejudicou-o em mais de 
um ponto, e nele a crítica pode assinalar, fundadamente, graves 
defeitos, embora muitas vezes com excesso de severidade. Não 
tardou a impor-se à idéia de sua reforma, e menos de três anos 
depois de sua entrada em vigor, já aparecia o primeiro projeto de 
Código para substituí-lo. 
 João Monteiro, por sua vez, alegou ter sido o pior Código de 
todos e como se não bastasse, Plínio Barreto também não lhe poupou críticas. 
 As deficiências do referido código eram realmente notáveis e foi 
preciso desde logo alterá-lo por via de inúmeras leis, procurando-se suprir as 
falhas constantes no mesmo. 
Tamanhas foram as deficiências que o código de 1890 havia 
incriminado a greve pacífica em seu art. 206, mas tal reação provocou uma 
repulsa tão grande que foi necessário modificá-la de pronto, o que foi feito por 
via do Decreto Lei de 12-12-1890, ou seja, dois meses após o aparecimento do 
código. 
Entre os atos legislativos mais importantes que se sucederam, estão 
os Decretos Leis de 2.110, de 30-09-1909, e 4.780, de 27-12-1923, que 
dispunha acerca do peculato, moeda falsa e outras falsificações; o Decreto Lei 
2.321, de 30-12-1910 que versou sobre loterias e rifas; a Lei 2.992, de 25-09-
1915, chamada de Lei Mello Franco, com novas disposições para a repressão 
do lenocínio e atentados ao pudor, conforme as conclusões da Conferência de 
Paris, de 1902; a Lei 3.987, de 02-01-1920, e o Decreto Lei 14.354 de 15-09-
1920, sobre falsificação e adulteração de gêneros alimentícios e medicinais; o 
Decreto 4.269, de 17-01-1921, sobre repressão ao anarquismo; o Decreto Lei 
4.292 de 06-07-1921, sobre venda de entorpecentes; as leis de imprensa, de 
1923 e 1934; bem como o Decreto 16.588 de 06-09-1924, que introduziu nanossa legislação a suspensão condicional da pena, e o Decreto 16.665 de 06-
11-1924, que regulou o livramento condicional. 
Vale ressaltar que essas duas últimas medidas já eram reclamadas 
há muito pelas novas idéias que então vigoravam, contra o cumprimento das 
penas privativas da liberdade de curta duração, favorecendo a liberação do réu 
antes de finda a pena e estimulando seu bom comportamento carcerário. 
O Código de Menores que surgiu em 1927 trouxe também 
alterações significativas a muitas disposições penais relativas a menores 
existentes no Código Penal na época. 
Apesar de todas as críticas vexatórias recebidas, o Código resistiu 
firmemente às idéias reformistas e foi recebendo alterações e aditamentos, 
conforme demonstrado acima, que tinham por fim precípuo sanar os defeitos, 
completá-lo em alguns pontos e até ajustá-lo às novas condições. 
Na época, o Desembargador Vicente Piragibe foi quem compilou as 
leis esparsas que visavam a retificação ou complementação do Código, 
sistematizando-as em um corpo de dispositivos que passou a ser chamados de 
Consolidação das Leis Penais, obra de grande valor, pois facilitava 
imensamente a todos quantos tinham de indagar qual o direito penal vigente, 
sendo oficializada por meio do decreto de 14 de dezembro do ano de 1932. 
 Como referido na Exposição de Motivos do Código Penal vigente, 
com o Código de 1890 nasceu a tendência de reformá-lo. 
Pois bem, em 1891 foi nomeada na Câmara dos Deputados uma 
comissão para efetuar a revisão do código, no qual presidiu João Vieira de 
Araújo que era professor da Faculdade de Direito do Recife, e em 1893 o 
mesmo apresentou à Câmara dos Deputados um projeto de reforma, projeto 
este que embora revelasse um progresso em relação ao código vigente da 
época, também não deixou de apresentar falhas. 
Logo após, em análises feitas e pareceres opostos redigidos acerca 
do projeto, merecem citação o parecer feito por Batista Pereira em nome do 
Instituto da Ordem dos Advogados do Brasil e ainda do Prof. João Monteiro, 
em nome da Faculdade de Direito de São Paulo. 
Pouco tempo depois, em virtude dos pareceres opostos, João Vieira 
apresentou um substitutivo que foi aprovado pela Câmara, mas não teve 
seguimento no Senado. 
Em 1910, o então Ministro Esmeraldino Bandeira alegava a extrema 
e urgente necessidade da substituição do código, tendo o congresso no ano 
seguinte, ou seja, em 7 de janeiro de 1911 autorizado o Poder Executivo a 
realizar um projeto de reforma, o que não resultou em nada. 
Em 1913, Galdino Siqueira apresenta ao governo um projeto de 
código, que nem sequer foi objeto de estudos por parte do Poder Legislativo. 
Em 1916 foi a vez do Instituto da Ordem dos Advogados na cidade 
do Rio de Janeiro, pleitear uma urgente reforma das Leis Penais vigentes à 
época. 
 O desembargador Sá Pereira incumbiu-se da elaboração do novo 
projeto, por determinação expressa do Governo Arthur Bernardes, sendo 
publicado sua parte geral no Diário Oficial em 10 de novembro de 1927, e 
ainda, em 23 de dezembro de 1928 foi publicado o projeto completo com toda 
parte geral reformulada. 
É de se ressaltar que tal projeto foi intimamente influenciado pelo 
Projeto do Código Penal Suíço, da lavra de Stoos, bem como dos projetos 
sueco e italiano (projeto Rocco), e ainda pelo Código Penal da Argentina, o que 
se fazia perceptível em sua leitura, e por mais uma vez não prosperou, embora 
considerado uma obra digna do desenvolvimento da ciência jurídica na 
época. 
Em 1930, iniciou a Câmara dos Deputados o exame do referido 
projeto, quando sobreveio a revolução que levou Getúlio Vargas ao poder. 
O governo provisório determinou a revisão do projeto por uma 
subcomissão legislativa, de que fazia parte Sá Pereira, Evaristo de Morais e 
Mário Bulhões Pedreira, preparando-se assim um projeto revisto, que foi dado 
à luz em 1935. 
Por mais uma vez as críticas ferrenhas se fizeram presentes, 
principalmente aquelas exaradas na Conferência Brasileira de Criminologia que 
fora realizado na cidade do Rio de Janeiro em 1936 que desgastaram em muito 
o referido Projeto, e por fim, o motivo maior do fracasso se deu em virtude do 
golpe de Estado ocorrido em 10 de novembro de 1937 que dissolveu o 
Congresso que por sua vez não aproveitou o projeto, sepultando-o de vez. 
Dois outros Códigos completam o período republicano, sendo eles o 
Código Penal de 1940 e o Código Penal de 1969, abaixo analisados. 
V - CÓDIGO PENAL DE 1940 
Ao instaurar-se um novo regime no Brasil, intitulado de Estado Novo, 
o então Ministro Francisco Campos incumbiu o Prof. Alcântara Machado de 
elaborar um anteprojeto do Código Penal, que por sua vez desincumbiu-se logo 
e no dia 15 de Maio de 1938, apresentando um anteprojeto da Parte Geral, 
completando o trabalho em agosto do mesmo ano publicando destarte, o 
“Projeto de Código Criminal Brasileiro”, já constando a exposição de motivos. 
A revisão do projeto foi composta por uma comissão de renomados 
juristas da época, dentre eles faz-se constar: Nelson Hungria, Roberto Lyra, 
Narcélio de Queiroz e Vieira Braga, tendo também colaborado o grande mestre 
Costa e Silva. 
Curiosamente, ao mencionar o nome de Costa e Silva como 
componente da referida revisão, o mesmo afirma que não participou da 
comissão por motivos de saúde, afirmando ainda que sua colaboração 
resumiu-se apenas para encaminhar sugestões à comissão constituída pelo 
Governo. Ao final, o certo é que o próprio Costa e Silva afirma que muitas de 
suas idéias foram consagradas pelo código, o que nos leva a crer que por meio 
desta afirmação o mesmo confessa ter participado da referida comissão. (A J. 
da Costa e Silva, Direito Penal, vol. 1, págs. 8 e 9, ed. da companhia Editora 
Nacional.) 
Houve grandes divergências entre Alcântara Machado e a comissão 
revisora, tendo em vista que o projeto deste foi substancialmente modificado, 
embora sobre seu projeto desenvolveu-se o trabalho de onde originou-se o 
novo Código, que por sua vez, foi sancionado em 7 de dezembro de 1940 e 
entrou em vigor em 1° de janeiro de 1942. 
Embora o Código de 1940 tenha partido do Projeto Alcântara 
Machado, o mesmo teve em sua mira o Projeto Sá Pereira e ainda, projetos de 
Códigos originados da Europa cuja corrente chamada política criminal, acabou 
por filiar-se ao nosso estudo. 
Para Nélson Hungria (v.1, p.127) “o projeto Alcântara Machado está 
para o Código Penal, como o projeto Clóvis está para o Código Civil”. 
Basileu Garcia (v.1, p.127) por sua vez, afirma que “o Código não 
corresponde exatamente ao Projeto Alcântara Machado, pois muitas 
modificações viscerais foram realizadas pela comissão”. 
O Ministro Francisco Campos na Exposição de Motivos de n° 86, 
afirmou que “da revisão resultou um novo projeto”, seguindo destarte, a mesma 
linha de pensamento que Basileu Garcia. Sob o mesmo prisma, temos as 
palavras de Costa e Silva (v.1, p.8) sobre a mesma temática: 
O projeto Alcântara Machado foi, como se exprimiu o Ministro 
Francisco Campos, um grande passo para a reforma da nossa lei 
penal. Nada mais do que isso. Entre ele e o Código encontram-se 
numerosos pontos de semelhança: são aqueles em que ambos (às 
vezes com pouca felicidade) copiaram os seus modelos prediletos – o 
código italiano e o suíço. Mas traços inconfundíveis os distinguem. 
Há mais originalidade na obra da comissão do que na do professor 
paulista. A sua técnica é mais perfeita. 
Doutrinadores da época, e hoje não é diferente, afirmam que o 
Código de 1940 se perfaz como sendo uma obra eclética, tendo em vista que 
concilia no seu texto as idéias dos neoclássicos com o positivismo, ficando 
salientado pelaprópria Exposição de Motivos. 
Como qualquer outra obra de tamanha grandeza, o referido Código 
não poderia ser diferente dos demais e apresentou alguns defeitos que ficaram 
evidentes ao serem demonstrados ao longo dos seus trinta e sete anos de 
aplicação, mesmo assim é considerado como uma obra ímpar no meio da 
ciência penal do país, tanto é que se tornou uma obra recebedora de vários 
elogios referenciais da crítica estrangeira. 
Embora tenha sido elaborado durante um regime ditatorial, o Código 
penal de 1940 incorpora fundamentalmente as bases de um direito punitivo 
democrático e liberal, sendo que seu único vestígio autoritário aparece na 
disciplina dos crimes contra a organização do trabalho, que, inspirada no direito 
italiano, estabelece sistema de excepcional rigor na repressão dos ilícitos 
penais relacionados com a greve, que se configura com a mera paralisação do 
trabalho com o concurso de pelo menos três empregados (art. 200, Parág. 
único, Código Penal). 
A legislação penal foi complementada com o surgimento da Lei das 
Contravenções Penais em 1941, ainda em vigor e diversas outras leis penais 
extravagantes, tais como: o Código Penal Militar, de 1944 (substituído 
posteriormente pelo Código de 1969); Lei de Imprensa, de 1953 (substituída 
posteriormente pela Lei n° 5.250, de 1967 e que recentemente foi declarado 
pleno do STF a sua não recepção pela CF/88 ); Lei de economia popular (Lei 
n° 1.521, de 1951); Lei de segurança do Estado, de 1953 (revogada 
posteriormente pelo Decreto-Lei n° 898, de 1969). 
Têm-se ainda os dispositivos concernentes aos crimes falimentares 
(previstos no Dec.-Lei nº 7.661/45atualmente substituído pela Lei 11.101/2005); 
os crimes contra a propriedade industrial (previstos no Código de Propriedade 
Industrial, DL n° 7.903, de 1945); os crimes de responsabilidade (Lei n° 1.907, 
de 1950, e DL n° 201, de 1967); os crimes eleitorais (previstos no Código 
Eleitoral, Lei n° 5.197, de 1967), os crimes florestais (previstos no Código 
Florestal, Lei n° 4.771, de 1965) e por fim, crimes de pesca, previsto no 
Decreto-Lei n° 221, de 1967. 
Permanece, portanto, em vigor, o Código Penal de 1940, com 
algumas alterações que lhe foram introduzidas, dentre as quais as referentes à 
lei de n° 6.416 de 1977, que inseriu em seu bojo os estabelecimentos penais 
semi-abertos e abertos, de que é espécie a prisão-albergue. 
O Código Penal vigente é dividido pela parte geral, que cuida dos 
lineamentos de todo o sistema penal e a parte especial, que descreve as 
figuras típicas, ou crimes. 
A parte geral compreende-se de oito títulos, dando-se as penas e 
medidas de segurança. A parte especial por sua vez, possui onze títulos, cada 
qual refere-se a um bem jurídico tutelado como a vida, o patrimônio, a 
propriedade imaterial, a organização do trabalho, os costumes, a família, dentre 
outros. 
No dia 3 de outubro do ano de 1941, foi promulgado o Código de 
Processo Penal e na mesma data a Lei das Contravenções Penais, surgindo 
logo após o Código Militar, mais precisamente em 24 de janeiro de 1944. 
É importante salientar que ao longo do tempo surgiram diversas 
obras de diversos juristas brasileiros, umas abrangendo apenas a parte geral, 
outras a parte especial e por fim algumas interpretam todo assunto proposto, o 
que nos leva a concluir que o referido Código contribuiu sistematicamente com 
o desenvolvimento na literatura penalista pátria. 
VI - O CÓDIGO PENAL DE 1969 
Com o restabelecimento da Democracia em 1945 e com o advento 
de uma nova Constituição em 1946, pensou-se logo em um novo Código 
Penal, sendo assim, o douto jurista Nelson Hungria que foi ministro do 
Supremo Tribunal Federal e revisor do anteprojeto que transformou-se no 
Código Penal de 1940 destacou ao governo a incumbência de elaborar o 
anteprojeto de Código Penal, sendo este apresentado em 1963 e divulgado 
amplamente para que pudesse receber as mais diversas sugestões, dentre 
muitas, destaca-se as ofertadas pelos Conselhos da Ordem dos Advogados e 
ainda, aquelas obtidas pelo ciclo de conferências e debates realizados em São 
Paulo, sob os cuidados do Instituto Latino Americano de Criminologia, 
oportunidade em que o insigne penalista teve a oportunidade de ouvir as mais 
diversas críticas acerca do seu trabalho e ainda, pode rebater algumas 
acatando por fim, as mais condizentes. 
No ano de 1964, o então Ministro Francisco Campos designou uma 
comissão revisora da qual fizeram-se presentes os professores Aníbal Bruno, 
seu presidente, Heleno Cláudio e por fim o próprio autor do anteprojeto, cujo 
trabalho mesmo após as devidas revisões, não foi divulgado. 
Submeteu-se o projeto novamente a uma outra revisão composta 
pelos professores Beijamin Moraes Filho, Heleno Cláudio Fragoso e Ivo 
D’Aquino, “levando-se em conta, inclusive, a necessidade de uniformizar os 
textos dos projetos de Código Penal e de Código Penal Militar”.(Exposição de 
Motivos, do Ministro Luiz Antonio da Gama e Silva (n° 2)). 
Mesmo não havendo a pretensão de se elaborar um Código 
totalmente novo, haja vista que o Governo considerava o Código de 1940 como 
a melhor codificação feita até então, um inovador estatuto que foi convertido 
em lei por via do Decreto-lei n°1.004, de 21 de outubro de 1969, de pronto 
começou a ser bombardeado com inúmeras críticas, dentre muitas, cabe-nos 
citar a adoção da pena indeterminada, que foi considerada uma inovação 
absurdamente inviável e ainda, a redução prevista para dezesseis anos a idade 
mínima para a imputabilidade, sendo esta dependente de exame criminológico 
para verificar a devida capacidade de entendimento e auto-determinação do 
agente. 
O Código original sofreu algumas alterações em 31 de dezembro de 
1973, por meio da lei n° 6.016/73, atendendo-se a muitas das críticas 
formuladas, no entanto, foi derrogado sem nunca entrar em vigor. A referida Lei 
que tinha sua vigência determinada para o dia 1° de agosto de 1970 era adiada 
constantemente (adiamento que se deu por quase dez anos), sob as alegações 
de que seria mais viável que a mesma entrasse em vigor juntamente com o 
novo Código de Processo Penal, cujo projeto foi de autoria do Prof. Frederico 
Marques e chegou a tramitar pelo Congresso Nacional. 
 Interessante frisar que entremeio tantas críticas desfavoráveis na 
época, o novo Código foi reverenciado por Pietro Nuvolone (1974, p.31/38) que 
afirmou: 
[...] este Código apresenta-se, no momento histórico 
atual, como uma tentativa de aplainar conceitualmente 
antíteses substanciais, de indicar, aos esquemas 
tradicionais, com instrumentos diversos, novos caminhos 
para resolver o problema da luta contra a criminalidade. 
VII – CONCLUSÃO 
Em síntese, vigoraram no Brasil as Ordenações Afonsinas, 
Manuelinas e Filipinas seguindo-se do Código Criminal do Império em 1830, o 
Código Penal Republicano de 1890 e a Consolidação das Leis Penais de 1932. 
Atualmente vigora no Brasil o estatuto do Código Penal de 1940 
(Dec. Lei n°2.848, de 7-12-40), que sofreu importantes alterações em 1977 ( 
Lei 6.416, de 24-05-77), uma reformulação de sua Parte Geral em 1984 (Lei 
7.209, de 11-07-84) e mais recentemente alterações em sua Parte Especial por 
meio da Lei 12.015/2009.

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