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O adoecimento de assistentes sociais que trabalham com a violência contra a mulher.

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NILZETE DE OLIVEIRA
PROCESSO DE TRABALHO DO SERVIÇO SOCIAL E O ATENDIMENTO ÀS MULHERES VÍTIMAS DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA: IMPACTOS FÍSICOS E PSÍQUICOS: 
Mulheres que cuidam de Mulheres
Cabo Frio
2016
NILZETE DE OLIVEIRA
PROCESSO DE TRABALHO DO SERVIÇO SOCIAL E O ATENDIMENTO ÀS MULHERES VÍTIMAS DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA:
 IMPACTOS FÍSICOS E PSÍQUICOS
Mulheres que cuidam de Mulheres
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado por Nilzete de Oliveira à banca avaliadora do Curso de Serviço Social da Universidade Veiga de Almeida, como exigência parcial para obtenção do titulo de Bacharel em Serviço Social, sob orientação da Profª Ms. Luiza Carla Cassemiro.
Cabo Frio
2016
NILZETE DE OLIVEIRA
PROCESSO DE TRABALHO DO SERVIÇO SOCIAL E O ATENDIMENTO ÀS MULHERES VÍTIMAS DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA: IMPACTOS FÍSICOS E PSÍQUICOS
Mulheres que cuidam de Mulheres
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito para obtenção do título de Bacharel no curso de Serviço Social da Universidade Veiga de Almeida/Cabo Frio
 Aprovada____ em _____ de _________________de_________
Componentes da banca examinadora:
____________________________________________
Prof.ª Ms. Luiza Carla Cassemiro 
Universidade Veiga de Almeida – Orientadora
____________________________________________
Prof.º Ms Joílson Santana Marques
Universidade Veiga de Almeida – Membro da Banca
____________________________________________
Assistente Social Ludimila Pereira Roque
Mestre em Serviço Social – Membro da Banca
Dedico esse trabalho ao meu filho,
Diego Córdoba de Oliveira e Silva que,
 foi o meu grande incentivador,
 compreendendo e compartilhando das minhas preocupações,
 das angústias, da luta contra o tempo, dos empecilhos, 
mas como filho que é soube me apoiar e incentivar. 
Porém, o maravilhoso de tudo isso, é
 que você participou desta minha conquista. 
O sonho era meu, mas realizamos juntos!
AGRADECIMENTOS
Os meus agradecimentos primeiramente a Deus, que me propiciou atravessar este caminho com perseverança, que me deu forças na hora do desespero e das angústias, foi Ele que me segurou em suas mãos nas horas mais difíceis e pôs serenidade em meu coração, pois: “Posso todas as coisas naquele que me fortalece” (Filipenses, 4:13). 
Não tenho como não reconhecer que se cheguei até aqui devo a Deus que sempre esteve ao meu lado, e tudo que hoje tenho e tudo o que eu hoje sou provém Dele, que me inspirou a seguir em frente, mesmo em meios às lutas do dia a dia.
Carinho e gratidão são o que sinto por pessoas tão especiais, que não mediram esforços em me ajudar durante a realização de minha formação como Bacharel em Serviço Social. A estas pessoas esterno aqui meus sinceros agradecimentos: 
Ao meu amigo Johnathan Oliveira Cruz, que pacientemente me transportava para a faculdade, não vou esquecer de seu jeito engraçado, meigo e carinho para com todas as pessoas, e quando eu estava triste ou chateada com alguma coisa, ele tinha sempre uma palavra para me confortar, obrigada amigo por você fazer parte da minha vida.
Aos meus amigos e amigas como: Ellaine de Mattos Moura, professor Marcos Silva de Souza, Volmer Buentes, Katia Marques e Ivan que me socorriam com minhas idas e vindas da faculdade. 
A Professora Luiza Carla Cassemiro, minha orientadora, por ter despertado em mim o desejo de escrever com afinco e me dedicar a leituras que contribuíram com o meu trabalho. Por suas orientações, pelo compartilhar de conhecimentos e pelas indicações de material bibliográfico, pelo carinho e confiança em mim dispensados desde o início dessa parceria. Obrigada por ter feito parte de minha trajetória acadêmica. É uma pessoa que aprendi a admirar. Obrigada pelos incentivos e compreensão ao cumprimento dessa etapa! Você soube utilizar suas sábias palavras nos momentos certos!
As professoras Mary Lane Cruz Madureira, Adriana Mesquita e Felipe Borges, pela dedicação e ensinamentos compartilhados, em especial à Prof.ª Dra. Jociane Souza, pelos esclarecimentos e sugestões na qualificação.
Aos amigos e amigas da faculdade o meu carinho pela troca de conhecimentos e experiências e acolhimento que foi essencial para o meu amadurecimento pessoal e profissional, não vou esquecer os momentos que juntos passamos, momentos de alegria, de choro, de desespero, com tantos trabalhos para fazer ao mesmo tempo, mas todos superados pela nossa força de vontade em continuar seguindo em frente.
Não posso esquecer-me de ter um agradecimento em especial a todas as pessoas a minha volta, em todos os ciclos de amizade, que de alguma forma cooperaram para que eu chegasse até aqui. Esses musica me faz lembrar o percurso da faculdade que engloba vocês:
A vida se repete na estação
Tem gente que chega pra ficar
Tem gente que vai pra nunca mais voltar
Tem gente que vem e quer voltar
Tem gente que vai querer voltar
Tem gente que vai querer ficar
Tem gente que veio só olhar
Tem gente a sorrir e a chorar
E assim chegar e partir
São só dois lados da mesma viagem
O trem que chega
É o mesmo trem da partida
A hora do encontro é também despedida
A plataforma dessa estação
É a vida desse meu lugar
É a vida!
(Milton Nascimento).
Um agradecimento especial para Ivone Maria de Oliveira minha colega do estágio, que virou uma grande amiga, te agradeço, pelos momentos dos desabafos, das angústias, alegrias, descobertas e pelo companheirismo na busca pelo conhecimento.
Em especial à Mestre em Serviço Social, Assistente Social e Supervisora de campo Ludimila Pereira Roque. Tenha certeza que muitas das reflexões apresentadas nesta monografia têm a sua contribuição, e é parcela de nossas inquietações acerca do estágio supervisionado em Serviço Social, tudo começou com você, lembra? Obrigada pelas “figurinhas trocadas” e pelo incentivo nos caminhos da minha formação profissional.
A todas as profissionais do Serviço Social que participaram da pesquisa, sem a contribuição de vocês o trabalho seria inviável:
No princípio era só um sonho,
Mas quando foi compartilhado
Com os demais, tornou-se realidade.
Nada se constrói sem o auxílio e a participação dos outros,
Nem nossas próprias vidas.
Educar para a vida não pode ser sonho,
Mas sim transformar a realidade existente,
Visando uma realização voltada não a si próprio, mas a tudo e a todos.
(Gelásio e Jorge Schneider)
Agradeço a todos que indiretamente colaboraram na construção desse trabalho!
"Tem gente que é só passar pela gente
que a gente fica contente…
Tem gente que sente o que a gente sente
e passa isto docemente…
Tem gente que vive como a gente vive.
Tem gente que fala e nos olha na face.
Tem gente que cala e nos faz olhar…
Toda essa gente que convive com a gente,
leva da gente o que a gente tem
e passa a ser gente dentro da gente.
Um pedaço da gente em outro alguém.” 
Fernando Sabino
RESUMO
Esta monografia apresenta reflexões sobre as pressões do mundo do trabalho na atual fase do capitalismo, trazendo análises teóricas do desenvolvimento de desgaste mental causador de stress, impactos físicos e psíquicos, nas profissionais do Serviço social, a partir da análise de relatos, a começar de pesquisa qualitativa realizada pela autora na instituição CEAM no Município de Cabo Frio/RJ. Ficaram evidenciados sofrimentos e adoecimentos necessitando tornar público, para contribuir com a classe de assistentes sociais que atuam diretamente com a violência doméstica, sendo assim discute-se a importância deste profissional nos espaços sócio ocupacionais. Descrevemos a necessidade de o Serviço Público Municipal pensar na atuação destas profissionais, buscando enfatizarestratégias que venham aprimorar a dimensão profissional, adequando uma equipe de profissionais capacitados para trabalhar a saúde mental das trabalhadoras dentro da instituição, de forma a acompanhar estas profissionais, na perspectiva de dar visibilidade a esta relação e a necessidade do fortalecimento das iniciativas de atenção à saúde destas profissionais. Considera-se fundamental a realização de mais pesquisas sobre o stress e o desgaste mental na área do Serviço Social, para que novas teorias sejam construídas e venham a contribuir para o enfrentamento da questão, pois se entende que a informação sobre as causas, consequências e formas de intervenção é o primeiro recurso para a prevenção, possibilitando as profissionais estarem em alerta sobre o problema, assim como a buscar ajuda, caso seja necessário.
Palavras-chave: Impactos físicos e psíquicos; violência doméstica; processo de trabalho Serviço Social; cotidiano profissional.
ABSTRACT
This paper presents reflections on the pressures of the working world in the current phase of capitalism, bringing theoretical analysis of the development of mental strain stressor, physical and psychological impacts, the professional social service, from the analysis of reports, beginning with qualitative research conducted by the author in CEAM institution in the city of Cabo Frio / RJ. Were evidenced sufferings and illnesses need to make public, to contribute to the class of social workers who work directly with domestic violence, so we discuss the importance of this professional partner in occupational spaces. We describe the need for the Municipal Public Service think of the performance of these professionals, seeking to emphasize strategies that will enhance the professional dimension, matching a team of professionals trained to work the mental health of workers within the institution, in order to follow these professionals with a view to give visibility to this relationship and the need to strengthen the care initiatives to health of these professionals. It is fundamental to carry out more research on stress and mental strain in the area of ​​Social Service, so that new theories are built and will contribute to address the issue because it is understood that information on the causes, consequences and forms of assistance is the first resource for the prevention, enabling the professional to be on alert about the problem, and to seek help if needed.
Keywords: physical and psychological impacts; domestic violence; work process Social Service; daily work.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO........................................................................................................................10 
1. GÊNERO, RELAÇÕES DE GÊNERO E O FENÔMENO DA VIOLÊNCIA DOMÉSTICA..........................................................................................................................14
1.1 Gênero, relações de gênero ...........................................................................................14
1.2 Históricos de lutas e conquistas.......................................................................................16
1.3 Fenômeno da violência de gênero/domestica..................................................................24
Tabela 1 Dados sobre a Violência contra a Mulher no Estado do Rio de Janeiro, segundo Formas de Violência e Delitos Analisados – 2014.................................................................21
1.4 Relações de gênero e Serviço Social .............................................................................24
2. O PROCESSO DE TRABALHO E OS IMPACTOS FISICOS E PSIQUICOS NO 
SERVIÇO SOCIAL ...............................................................................................................30
2.1 Entendendo os objetivos do capitalismo no processo de trabalho das assistentes sociais....................................................................................................................................31
2.2 O Serviço Social como profissão liberal e autonomia relativa........................................33
2.3 Experiências da pesquisadora quando em estágio..........................................................34
2.4 Novas demandas, novas possibilidades de trabalho para as assistentes sociais ..........35
2.5 O trabalho da assistente social no universo da mercantilização ....................................36
3 PRESSÕES DO MUNDO DO TRABALHO CAUSADORAS DE ADOECIMENTO E NAS ASSISTENTES SOCIAIS E O CUIDADO COM A SAÚDE...............................38 
3.1 O serviço social e o processo de trabalho: Uma profissão considerada trabalho ..........38
3.2 O caminhar do serviço social e movimento feminista e a feminização do Serviço 
Social .....................................................................................................................................41
Tabela - Reis temporalizando a trajetória formal da ação social do Estado no Brasil:..........43
Continuação da 3.2.................................................................................................................43
3.3 As relações de gênero e Serviço Social ..........................................................................44
3.4- A atuação e as intervenções do assistente social na problemática da violência contra a mulher no Brasil......................................................................................................................46
3.4.1- A violência contra a mulher uma questão social e a intervenção das assistentes sociais .................................................................................................................................47
3.4.2- O fazer profissional das assistentes sociais e a violência doméstica, busca por atualização e capacitação......................................................................................................48
3.4.3- O adoecimento das profissionais do serviço social: quem cuida destas mulheres profissionais?..........................................................................................................................49
3.4.3.1- O adoecimento das profissionais do Serviço Social..................................................49
3.4.3.2- Quem cuida destas mulheres assistentes sociais? ..................................................54
CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................................55
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................................................56
APÊNDICE A – Enquete as Assistentes Sociais no estágio – 2016......................................62
APÊNDICE B – Carta apresentação da pesquisa..................................................................64
ABREVIATURAS...................................................................................................................66
INTRODUÇÃO
Este documento apresenta reflexões a partir de pesquisa qualitativa realizada pela autora em estágio obrigatório, sobre o desgaste mental causador de stress, impactos físicos e psíquicos de assistentes sociais relacionados ao trabalho, na instituição CEAM – Centro de Especializado no Atendimento a Mulher que sofre violência doméstica da Secretaria Municipal de Assistência Social, no Município de Cabo Frio na cidade do Rio de Janeiro. 
A escolha do tema e da instituição se deu em razão da escassez de literatura sobre as particularidades contidas no processamento do trabalho de assistentes sociais neste campo, com o propósito de realizar uma aproximação às condições de trabalho germinadoras de sofrimento e adoecimento.
Para melhor compreensão do tema que está sendo feita a proposta de discursão iniciaremos a pesquisa com a crise capitalista que eclodiu a partir dos anos 1970, estabelecendo a atual fase do capitalismo monopolista e financeirizada, vemos que as transformações substantivas atingem o mundo do trabalho, sendo possívelreconhecer as más condições de trabalho devido à criação de novas formas de exploração com a articulação das velhas, as quais as profissionais do Serviço Social estão expostas. 
Dada à inserção da flexibilização dos direitos no serviço público e privado, vimos que não existe a politica de concursos públicos, devido à facilidade de contratações temporárias de forma precária, atingindo o trabalho de assistentes sociais, como profissão inserida na divisão social, técnica e sexual do trabalho e feminilização da profissão, sofrendo transformações em seu processamento do trabalho, alterando significados e conteúdos, com consequências prejudiciais a saúde das profissionais, em virtude das exigências colocadas no cotidiano da profissão, causando adoecimento e sofrimento das profissionais do Serviço Social, que lidam diretamente com as demandas provenientes da violência doméstica contra a mulher.
Verificamos que as doenças ocupacionais anteriormente tratadas somente em consultórios médicos, se transformaram em objetos de estudos, configurando como processos sinalizadores de uma nova expressão das relações sociais vinculadas ao mundo do trabalho, sendo então observado que os afastamentos das profissionais tem se intensificado nos últimos tempos, devido às constantes exposições aos relatos das histórias vivenciadas pelas usuárias, deflagradores de desgaste mental e adoecimento. Em se tratando de mulheres assistentes sociais foi possível verificar, que as pressões do trabalho estão presentes em seu cotidiano, o que tem ocasionado processos de adoecimento, cabendo verificar “quem cuida destas mulheres profissionais do Serviço Social?”, que são constantemente atingidas por sofrimentos causados pelo stress emocional, sendo aqui objeto de estudo, quando então foram evidenciados os impactados na saúde física e psíquica.
Através deste trabalho foi possível constatar a realidade das profissionais do Serviço Social inseridas no espaço laboral CEAM, favorecendo a categoria com a possibilidade de criar alternativas de enfrentamento desta realidade, bem como o entendimento de que lugar é este que a assistente social está inserida, trazendo elementos importantes, que irão favorecer e chamar a atenção e um olhar diferenciado para os fatos, buscando influenciar e motivar a preocupação pela saúde destas profissionais do Serviço Social, visando o interesse pela temática, vindo a abrir discussões para debates e a elaboração de projetos voltados a assegurar o bem estar destas profissionais. 
Complementando a pesquisa adentramos pela questão de gênero é a relação com o Serviço Social, onde se verifica uma relação de “mulheres que cuidam de mulheres”, no tocante à organização, atendimento e ações no âmbito da profissão, sendo então constatado a feminilização da categoria, sendo que a história da feminilização acompanha a profissão desde a sua gênese, com todas as suas determinações e implicações à categoria profissional, onde se entende que gênero compõe uma das dimensões fundamentais na profissão do Serviço Social. Conformam-se aspectos que levem em consideração a categoria gênero como parte constituinte e integrante das relações sociais, na tentativa de demonstrar que as análises dos determinantes que cercam o contexto de precarização do trabalho das assistentes sociais, não se apresentam de forma neutra e tampouco assexuada.
Seguindo os aspectos evidenciados será descrito o trabalho dos Assistentes Sociais na sociedade contemporânea, inseridas no espaço do CEAM do Município de Cabo Frio/RJ, tendo como objeto de estudo, considerar o desgaste emocional causador de adoecimentos provenientes de o seu fazer profissional, bem como veremos as assistentes sociais enquanto trabalhadoras assalariadas e sua fragilização no contexto laboral, contextualizando a fragilidade que o assistente social está submetido como qualquer outro trabalhador assalariado, e por conta disto a possibilidade de estar sujeita ao desgaste mental, ocasionando o stress e os impactos físicos e psíquicos no contexto do capitalismo contemporâneo, seguido do estudo do perfil das assistentes sociais para compreender a questão de gênero e de que forma está inserido no ambiente de trabalho, bem como explorar a demanda institucional “violência doméstica” e suas consequências e quais as decorrências destes e como vem a afetar a saúde, vida profissional e pessoal das assistentes sociais. Desta forma tentaremos responder a pergunta que orienta a pesquisa: Quem cuida das mulheres assistentes sociais?[1: ™significado de Laboral. Referente ao trabalho, à labuta, ao labor: ambiente laboral. Diz-se da atividade corporal que, desenvolvida em alguns locais de trabalho, incentiva o cuidado com a saúde, tendo em conta um possível aparecimento de doenças causadas por esforços repetitivos e ou praticas profissionais, etc.]
Esta pesquisadora enquanto estagiaria do CEAM – Centro Especializado de Atendimento a Mulher/Polo Regional, localizado a Rua Getúlio Vargas 176 – Parque Central-Cabo Frio/RJ, definiu o recorte temporal que ficou compreendido entre 2015 e 2016, cumprindo as determinações da disciplina Prática I, II e III do curso de Serviço Social da Universidade Veiga de Almeida/Cabo Frio, vislumbrou o tema “Processo de trabalho do serviço social e o atendimento às mulheres vítimas de violência doméstica: impactos físicos e psíquicos” “mulheres que cuidam de mulheres” devido à observação sobre o stress e os impactos físicos e psíquicos que podem vir a surgir com o fazer profissional das assistentes sociais no atendimento as mulheres que são vitimas de violência, sendo de uma significativa importância já que afeta a saúde das trabalhadoras, e esta observação se deu desde o início da entrevista seletiva quando alguns episódios vivenciados vieram à tona, o que intensificou à vontade de conhecer mais a fundo o trabalho executado pelas assistentes sociais neste espaço. 
A pesquisa como fundamentação metodológica de caráter qualitativo foi efetuada no primeiro semestre de 2016, na qual os fatos relatados foram observados, registrados, e interpretados de forma harmônica através dos instrumentais de coleta de dados junto as assistentes sociais que atuam ou já atuaram no CEAM, quando então foram efetuadas entrevistas semiestruturadas acrescidas de questionário previamente elaborado composto por dezenove perguntas para cada entrevistada, que serviram como base guiando a entrevista, participaram da pesquisa 05 (cinco) assistentes sociais do CEAM do Município de Cabo Frio/RJ, as quais foram enumeradas com o objetivo de preservar suas identidades, essas entrevistas logo que transcritas, tiveram as gravações apagadas, ao definir a utilização das entrevistas e sendo anotadas, como seguimento foi elaborado relatório de análise, tabelas e termo de consentimento para que possa ser visibilizado todo conteúdo resguardando os nomes das profissionais. Esboça também como embasamento um levantamento bibliográfico a autores como, Yamamoto 1999, 2000, 2001, 2005,2011, Kergoat 2003, 2009, 2007, Karl Marx 1999, José Paulo Netto1999 entre outros realizando levantamento nas literaturas relatando os avanços e retrocessos que cercam os/as profissionais, sendo que buscamos autores como Raicheles 2011 entre outros, que discutiram a temática sobre os desgastes emocionais que geram o stress e ocasionam impactos físicos e psíquicos.
Este trabalho está dividido em três capítulos, sendo o primeiro a abordagem sobre gênero, relações de gênero e o fenômeno da violência doméstica, sendo explicitado sobre gênero, e o porquê estar diretamente ligado a profissões tidas como femininas, discorrendo sobre os impactos causados que as afetam, e refletindo a respeito das emoções e o acúmulo das suas próprias experiências pessoais e profissionais, para tanto foi necessário caminhar pela história adentrando o Movimento Feminista e suas conquistas e a relação com o Serviço social.
No segundo capitulo o processo de trabalho e os impactos físicos e psíquicos no serviço social, trazem uma discussão acerca do processo detrabalho, o cenário atual do mercado, o crescimento da globalização, bem como a qualidade de vida no trabalho das profissionais do Serviço Social, discutindo as ações importantes, que envolvem dimensões física, intelectual, emocional, profissional, espiritual e social, tendo como panorama os profissionais, assistentes sociais inseridos nos espaços sócios ocupacionais, que atuam com violência doméstica no Município de Cabo Frio/RJ.
O terceiro capítulo fala sobre as pressões do mundo do trabalho causadoras do adoecimento nas assistentes sociais e o cuidado e prevenção com a saúde que a instituição deve ter com suas funcionárias, bem como constituir-se em reflexões sobre as pressões do mundo do trabalho, trazendo análises teóricas sobre a possibilidade de vir a acontecer o desenvolvimento de stress e os impactos físicos e psíquicos, nas assistentes sociais atuantes no seguimento institucional CEAM no Município de Cabo Frio/RJ, conforme relatado em pesquisa de campo, devido a constante exposição aos relatos das usuárias vitimas violência.
Por último as considerações finais, trazendo uma análise e contextualização de todo o trabalho desenvolvido, importância e ações a serem desenvolvidas em prol da categoria.
Acreditamos ser imprescindível novas pesquisas sobre adoecimento no trabalho e sobre a relação desta variável com stress ocupacional são necessárias, para que haja elementos que possam fundamentar as hipóteses apresentadas para os resultados encontrados no presente estudo. E considerando a importância da temática sobre o adoecimento das profissionais e a falta de ações preventivas há de se propor, publicizar à realidade das profissionais do Serviço Social inseridas no espaço laboral CEAM, de forma a apresentar alternativas de enfrentamento desta realidade na tentativa de favorecer a categoria, trazendo elementos importantes, que irão clarificar e chamar a atenção para um olhar diferenciado aos desgastes emocionais causadores de impactos físicos e psíquicos nas assistentes sociais, sobretudo para as profissionais entenderem que como trabalhadoras, são exploradas quanto qualquer outro trabalhador, e desta forma se torna significativa à transformação desta pesquisa em objeto de estudo por pesquisadores da comunidade científica das ciências humanas e sociais, devido à vulnerabilidade das assistentes sociais ao desgaste emocional, que está diretamente ligada à exposição diária das profissionais aos conflitos, dilemas e pedidos de ajuda, expressos pelas usuárias que se encontram em situação de violência doméstica. 
 
CAPITULO 1
GÊNERO, RELAÇÕES DE GÊNERO E O FENÔMENO DA VIOLÊNCIA DOMÉSTICA
Gênero, relações de gênero 
 Após pesquisa realizada com as profissionais do Serviço Social que atuam ou atuaram junto a mulheres vitima de violência doméstica e pesquisas bibliográficas a autores que contextualizam a temática, foi possível elucidar sobre gênero, que está diretamente ligado a profissões tidas como femininas, e o objetivo deste trabalho é apresentar os impactos causados que as afetam, e refletir a respeito dos impactos físicos e psíquicos, emoções e o acúmulo das suas próprias experiências pessoais e profissionais, para tanto é preciso caminhar pela história adentrando o Movimento Feminista e suas conquistas e a relação com o Serviço social.
Enquanto acadêmica através das matérias curriculares foi possível compreender que a história nos apresenta que o Serviço Social, enquanto profissão caminhou paralela às conquistas do movimento feminista, que procurava a liberdade por assim dizer da mulher, e apenas recentemente integrou a discussão relativa à problemática da violência contra a mulher.
 Essa falta de aproximação com a temática talvez tenha ocorrido devido o movimento feminista estar lutando pelos direitos da mulher, colocando em evidência a questão da violência contra ela própria, e neste mesmo interim o Serviço Social como profissão, tentava avançar na superação do conservadorismo tão presente nas doutrinas da igreja católica no surgimento do Serviço Social com as mulheres da sociedade que praticavam o assistencialismo.
 Estas raízes assistencialistas na época eram relacionadas como o trabalho social praticado somente por mulheres, vê-se que a questão de gênero não é novidade, já que atravessa os séculos incluindo as assistentes sociais nos dias de hoje, ou seja, a importância do rompimento com o conservadorismo se faz vital para todas as mulheres sendo ou não profissionais do Serviço Social. 
Na década de 80 aconteceram fatos de significativa importância e dentre eles, estudos teóricos a cerca da categoria de gênero e paralelamente a conjuntura social brasileira que serviu de palco para que um novo projeto ético-político do Serviço Social fosse elaborado, rompendo com uma trajetória conservadora, vários fatos contribuíram para esse rompimento, dentre eles o movimento de reconceituação, a crise da ditadura militar, a abertura democrática e as mobilizações de diferentes categorias de trabalhadores. 
Percebermos que neste contexto histórico vivido pela sociedade que levou a categoria profissional a um redimensionamento político, na construção de uma sociedade mais justa, levando as assistentes sociais a se moverem ativamente na contestação política para que pudessem atuar a favor dos trabalhadores e assim romper com o conservadorismo atuante: Netto afirma a vinculação da categoria profissional, “os segmentos mais ativos da categoria profissional vincularam-se ao movimento social dos trabalhadores, rompendo com a dominância do conservadorismo” (NETTO, 1999, p.100).
Com este rompimento citado por Netto vemos que o cotidiano das assistentes sociais tem se confrontado com infinitas situações como a exclusão, discriminação, exploração, opressão, controle, desigualdade social, relações de poder, de violência contra a mulher, entre outras, levando algumas profissionais do Serviço Social a se aproximar e aprofundar nos estudos acerca da questão de gênero e na importância da transversalidade de gênero. Stiegler e Bandeira definem transversalidade de gênero: “O objetivo da transversalidade de gênero é incorporar a perspectiva das relações existentes entre os sexos em todos os processos de decisão e fazer que todos os processos de decisão sejam úteis à igualdade de oportunidades” (STIEGLER, 2003 apud BANDEIRA, 2005).
 Deve-se buscar melhorar a reorganização do desenvolvimento e avaliação de decisões em áreas políticas e de trabalho, sendo estas questões trabalhadas com equidade, na intervenção das demandas que aparecem no cotidiano do fazer profissional, como às desigualdades nas relações de gênero, que ainda estão presentes na gestão das políticas públicas. Necessita-se de ampliação de gestores que compreendam a transversalidade de gênero, que adotem as teorias e metodologias com perspectiva de gênero nos programas, projetos e ações governamentais, só assim haverá a diminuição das desigualdades ora existentes.[2: Equidade definido como: “o acesso de todas as pessoas aos direitos universais deve ser garantido com ações de caráter universal, mas também por ações específicas e afirmativas voltadas aos grupos historicamente discriminados. Tratar desigualmente os desiguais, buscando-se a justiça social, requer pleno reconhecimento das necessidades próprias dos diferentes grupos de mulheres”. (Princípio do II Plano Nacional de Políticas para as Mulheres – Brasília 2008).]
1.2 Históricos de lutas e conquistas
Através dos estudos acadêmicos e estágio supervisionado foi observado que a violência contra a mulher ocorre mundialmente e já há muitos anos, em diversas culturas e classes, e não pergunta nome, idade, etnia, religião, nível de educação, raça, classe social, orientação sexual, apenas existe e com isto sendo possível identificar a existência da discriminação, exploração, opressão e agressividade, tornando-se visíveis os diversos comportamentos ruins e violentos que levam os homens a transformarem mulheres, adolescentes e meninas em vitimas por simplesmente serem do gênerofeminino, e que em alguns casos são levadas a óbito, um quadro degradante da nossa sociedade. (estudo e pesquisas em processos de atendimento a usuárias, realizadas no CEAM - 2015).
Para melhor compreensão e necessário entender como o fenômeno da violência à mulher vem a ser definido pela Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência Contra a Mulher (1994) e, a Convenção de Belém do Pará II (1994): Como: “qualquer ato ou conduta baseada no gênero, que cause morte, dano ou sofrimento físico, sexual ou psicológico à mulher, tanto na esfera pública como na esfera privada” e incluindo nestes, “a violência física, sexual, patrimonial, e psicológica”. Conforme esta definição todo ato violento visível ou não está enquadrado no conteúdo da Convenção Interamericana para prevenir, punir e erradicar a violência contra a mulher, “convenção de Belém do Pará” 1994.
Podemos hoje ver que o Serviço Social é praticamente composto por assistentes sociais do gênero feminino, o que vem a caracterizar como perfil da profissão e com esta predominância diversos conflitos surgem pelo poder machista na sociedade, no decorrer do estágio supervisionado pode ser identificado que no cotidiano do atendimento por parte das profissionais, a grande maioria é do gênero feminino, sendo então necessário trazer à tona a discussão sobre a questão de gênero entre os assistentes sociais e usuárias e suas complexidades, para tal entendimento entraremos na história do movimento feminista caminhando até a questão de gênero conforme nos apresenta abaixo a Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres . [3: (Todos os dados sobre o movimento feminino foram pesquisados no site da SECRETARIA ESPECIAL DE POLÍTICAS PARA AS MULHERES - 2006b.).]
Em 1791, a revolucionária Olímpia de Gouges compôs uma célebre declaração, proclamando que “a mulher possuía direitos naturais idênticos aos dos homens e que, por essa razão, tinha o direito de participar, direta ou indiretamente, da formulação das leis e da política em geral” (OLÍMPIA de Gouges 1971). Embora tenha sido rejeitada pela Convenção, a declaração de Gouges é o símbolo mais representativo do feminismo racionalista e democrático que reivindicava igualdade política entre os gêneros masculino e feminino.
O Movimento Feminista no Brasil cresceu entre o fim do século XVIII e início do século XIX, as brasileiras iniciaram a sua busca por organização e conquista do espaço na educação e trabalho e sendo iniciado por Nísia Floresta que criou a primeira escola para mulheres, já Bertha Lutz e Jerônima Mesquita, buscaram pelo voto feminino. [4: Teresa Kleba Lisboa (...) “o movimento feminista é um movimento sociocultural, que luta por justiça e equidade nas relações entre homens e mulheres e, sobretudo, luta para garantir os direitos humanos, principalmente o das mulheres em função do alto nível de violência e discriminação que padecem”. - Rev. Katál. Florianópolis jan./jun. 2010][5: Nísia Floresta Brasileira Augusta, pseudônimo de Dionísia Gonçalves Pinto, (Papari, atual Nísia Floresta, 12 de outubro de 1810 — Rouen, França, 24 de abril de 1885) foi uma educadora, escritora e poetisa brasileira. É considerada uma pioneira do feminismo no Brasil e foi provavelmente a primeira mulher a romper os limites entre os espaços públicos e privados publicando textos em jornais, na época em que a imprensa nacional ainda engatinhava. Nísia também dirigiu um colégio para moças no Rio de Janeiro e escreveu livros em defesa dos direitos das mulheres, dos índios e dos escravos. .(Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre).][6: Bertha Lutz – Bióloga, principal articuladora do período em que as mulheres brasileiras conquistaram o direito a voto, em 1932. Filha de Adolfo Lutz, idealizadora do Partido Republicano Feminino – trabalhou para mudar a legislação feminista no que dizia respeito ao trabalho feminino e infantil. .(Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre).][7: Jerônima Mesquita (Leopoldina, 30 de abril de 1880 — 1972) foi uma enfermeira e líder feminista brasileira. Em sua homenagem, 30 de abril é, no Brasil, o Dia Nacional da Mulher. (Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre).]
Em 1907, em São Paulo iniciou-se a greve das costureiras, buscavam em sua luta por uma jornada de trabalho de oito horas por dia, estas mulheres e meninas após completarem sua jornada, ao chegar a casa se entregavam aos afazes domésticos. A União das Costureiras, chapeleiras e classes anexas se reuniram em manifesto e em uma só voz proclamaram: “Se refletirdes um momento vereis quão dolorida é a situação da mulher nas fábricas, nas oficinas, constantemente, amesquinhadas por seres repelentes” (PINTO, 2003, p. 35 aput - Céli R. J. Pinto - 2010). Nesta citação vemos qual era o sentimento das mulheres nesta década, sentiam-se totalmente subalternizadas, inferiorizadas.
Mas estas bravas mulheres não pararam e em 1917, conseguiram ingressar no serviço público passando a fazer parte do quadro de funcionários, logo a seguir com apenas dois anos a mais (1919), foi aprovada a resolução de igualdade salarial na Conferência do Conselho Feminino da Organização Internacional do Trabalho e somente em 1932, nesta mesma década conquistaram legalmente o direito ao voto, com o Código Eleitoral, e logo a seguir Carlota Pereira Queiróz em 1934 se elegeu como a primeira deputada brasileira, porém o direito pleno ao voto só foi concedido com a Constituição de 1946, mas as aguerridas mulheres não se deram por satisfeitas e continuaram com as buscas por mais direitos e ideais, o que as levou bem mais longe, iniciando a luta pela garantia da igualdade entre os sexos, o direito ao voto, a regulamentação do trabalho feminino e a equiparação salarial entre os gêneros, mas neste período o movimento perde força com a instauração da ditadura militar em 1937 e só volta a ganhar vida quando a Federação das Mulheres do Brasil foi criada em 1949, acrescido da presença feminina nos movimentos políticos. (Dados coletados em Cidadania e Justiça - 2012 p. 02 - Brasileiras Lutam pela Igualdade de Direitos) e (Grifos da pesquisadora).[8: As Eleições de 1933 ocorridas no dia 03 de maio se realizaram para a escolha da Assembleia Nacional Constituinte no Brasil, com 214 deputados eleitos pelo voto direto, e mais 40, eleitos paritariamente por entidades classistas de trabalhadores e entidades patronais. Foi realizada com as novas regras estabelecidas pelo Código Eleitoral editado no ano anterior, e que permitia o alistamento e a participação das mulheres; aliás, foi eleita a primeira mulher constituinte nesse pleito, a médica paulista Carlota Pereira de Queiroz. (Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre).][9: Federação de Mulheres do Brasil foi uma organização feminista que atuou no Brasil entre 1949 e 1957, sob forte influência do Partido Comunista do Brasil.]
Vale aqui lembrar que Simone de Beauvoir publicou em 1949 o livro intitulado “O segundo sexo” onde estabelece uma das máximas do feminismo: “não se nasce mulher, se torna mulher” (Simone de Beauvoir – 1949 aput Céli R. J. Pinto - 2010), vindo neste período ter um significativo aumento dos contraceptivos, possibilitando o direito de ter filhos quando quisessem ou a garantia de querer não ter filhos, porém em 1964 o movimento se reprime a sua evolução devido a outro período ditatorial, e só retornam na década de 70 e neste mesmo ano é aprovada a lei do divórcio, que era uma antiga reivindicação do movimento feminino. Ainda neste ano aflora a luta de caráter sindical e um dos fatos mais emblemáticos daquela década foi à criação, do Movimento Feminino pela Anistia em 1975. No mesmo ano a ONU, com apoio da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), realiza uma semana de debates sobre a condição feminina. Safiotti nos alerta que:
Surgindo à luta pela liberação sexual que eclodiu no final da década de 1960 quando veio a ser lembrado que, 
Não podemos esquecer que foi por intermédio das lutas feministas que a violência contra a mulher passou a ser reconhecida como inerente ao padrão das organizaçõesdesiguais de gênero, que, por sua vez, são tão estruturais quanto à divisão da sociedade em classes sociais, ou seja, o gênero, a classe e a raça/etnia são, igualmente, estruturantes das relações sociais. (SAFIOTTI, 2004.42).
Na entrada dos anos 80, as brasileiras entram na luta contra a violência às mulheres e pelo princípio de que os gêneros são diferentes, mas não desiguais. Em 1985 é criado o Conselho Nacional dos Direitos da Mulher (CNDM), subordinada ao Ministério da Justiça, com objetivo de eliminar a discriminação e aumentar a participação feminina nas atividades políticas, econômicas e culturais.[10: BRASILEIRAS LUTAM PELA IGUALDADE DE DIREITOS - Movimento feminista, por Portal Brasil - Alexandre de Melo Última modificação: 28/07/2014 Secretaria de Políticas para as Mulheres
Acervo – Revista do Arquivo Nacional -Conselho Estadual dos Direitos da Mulher (Cedim) - Rio de Janeiro - Conselho Nacional dos Direitos da Mulher – Legislação.]
O CNDM foi absorvido pela Secretaria de Estado dos Direitos da Mulher, criada em 2002 e ainda ligada à Pasta da Justiça. No ano seguinte, a secretaria passa a ser vinculada à Presidência da República, com status ministerial, rebatizada de Secretaria de Políticas para as Mulheres.
Netto contextualiza a trajetória do movimento feminista e suas conquistas dizendo que: 
O movimento feminista brasileiro conquistou, nas últimas décadas, a ampliação dos direitos da mulher. As ações do movimento feminista foram decisivas para articular o caminho da igualdade entre os gêneros, que, apesar de todos os avanços, ainda não é plenamente garantida. Assim, ao entrar na segunda década do século 21, as feministas têm em sua pauta de reivindicações pontos como: 
* Reconhecimento dos direitos econômicos, sociais, culturais e ambientais das mulheres;
* Necessidade do reconhecimento do direito universal à educação, saúde e previdenciária;
* Defesa dos direitos sexuais e reprodutivos;
* Reconhecimento do direito das mulheres sobre a gestação, com acesso de qualidade à concepção e/ou contracepção;
* Descriminalização do aborto como um direito de cidadania e questão de saúde pública.
O movimento feminista brasileiro pode contar com os esforços da Secretaria de Políticas das Mulheres, que atua não apenas pela redução da desigualdade dos gêneros, mas também para ajudar na redução da miséria e de pobreza para, assim, garantir a autonomia econômica das brasileiras. (NETTO, 1999, p.100).
A luta por direitos não terminou e está longe de terminar, as vitórias foram e continuam sendo conquistadas ao longo das décadas. Vemos então que as conquistas são extremamente novas, pois só em 1985, foi criada a primeira Delegacia de Atendimento a Mulher – DEAM e quase dez anos depois, a Lei Maria da Penha nº. 11.340, sancionada em sete de agosto de 2006, que estabelece que a violência doméstica e intrafamiliar como crime, devendo ser apurado e remetido ao Ministério Público e que vão ser julgados nos Juizados Especializados de Violência Doméstica contra a mulher, que foi criado a partir dessa legislação, ou quando não existe são julgados nas Varas Criminais.[11: As DEAMs são unidades especializadas da Polícia Civil, que realizam ações de prevenção, proteção e investigação dos crimes de violência doméstica e violência sexual contra as mulheres, entre outros.]
Esta lei aumentou o rigor nas punições para violência doméstica ou familiar que antes estavam condicionadas a trabalhos prestados em alguma instituição ou pagamento de cestas básicas e a lei também tipifica as situações de violência doméstica, proíbe a aplicação de penas pecuniárias aos agressores, amplia a pena de um para até três anos de prisão e determina o encaminhamento das mulheres em situação de violência, assim como de seus dependentes, a programas e serviços de proteção e de assistência social a Lei Maria da Penha foi criada para, Prevenir, Punir, e Erradicar a Violência contra a Mulher (dados coletados na LEI MARIA DA PENHA/2006, grifos meus), sendo de suma importância para a proteção da mulher que sofre violência. 
A busca por erradicação da violência doméstica levou a criação da Lei do Feminicídio n° 13.104 de nove de Março de 2015, esta lei veio alterar o art. 121 do Código penal em vigor (DL n. 2848/ sete de Dezembro de 1940), para prever o feminicídio como circunstância qualificadora do crime de homicídio, e o art. 1° da Lei n° 8.072, de julho de 1990, para incluir o feminicídio no rol dos crimes hediondos, que tipifica o crime de homicídio como: “Feminicídio é o homicídio de mulher por motivo de gênero – por ser a vítima do sexo feminino, envolvendo ódio ou menosprezo por sua condição. O crime é inafiançável e não prescreve, ou seja, em qualquer tempo o autor do crime pode ser preso. Esta Lei é considerada um avanço na luta pelos direitos das mulheres”. (CONGRESSO NACIONAL – PL. 8305/2014).[12: LEI Nº 13.104, de nove de Março de 2015. Altera o art. 121 do Decreto-Lei no 2.848, de sete de Dezembro de 1940 - Código Penal, para prever o feminicídio como circunstância qualificadora do crime de homicídio, e o art. 1o da Lei no 8.072, de 25 de julho de 1990, para incluir o feminicídio no rol dos crimes hediondos.]
Com a criação e implementação destas Leis a mulher tomou rumo diferente vindo a ser dona de sua própria vida e dona de seu corpo, hoje ocupam vários tipos de empregos até mesmo os que eram destinados somente a homens como as forças armadas, engenharia, advocacia, medicina etc., conquistando espaços e o direito de não ter o filho de estrupo, buscou e busca capacitação correlacionada ao seu campo de trabalho, o que as torna profissionais com poder de especialização, exercendo as habilidades intelectuais com destreza e competência em uma sociedade capitalista, machista e repressora, como ainda podemos ver nos dias de atuais.
Assim para que o empoderamento aconteça se faz necessário entender que o conjunto de desvantagens de gênero que atinge as mulheres como forma de igualar as mulheres aos homens, através de políticas públicas de gênero, ou seja, a proposta da equidade de gênero deve ser pensada, elaborada, criada, aprovada e transformada em políticas públicas. Para Lagarde: “Equidade de gênero é o conjunto de processos de ajuste genérico composto pelas ações que reparam as lesões que a desigualdade produziu em relação às mulheres na relação domínio-cativeiro. A mais sintetizadora destas lesões é não ser sujeito político” (Marcela Lagarde, 1996, p.209). 
Vemos então que na equidade de gênero são propostas ações diretamente voltadas a dotar e capacitar às mulheres para que possam usar dos instrumentos, recursos e mecanismos tal qual o gênero masculino, que as deixará preparadas para exercer cargos de excelência nas esferas privadas e públicas incluindo cargos políticos independente de seu gênero, bem como o direito de propor e participar de decisões que lhes conferem direitos e respeito, para que possam através da capacitação, ter acesso a políticas públicas e as ações concretas vindas a garantir a equidade de gênero, devendo ter o direito de utilizar medidas sociais, estatais, públicas e privadas, gerais ou particulares, que porventura venham ao encontro de suas necessidades básicas e de suas famílias bem como possibilitar o empoderamento das mesmas, na possibilidade de reescrever sua história de vida e se reintegrar na sociedade.
1.3 – Fenômeno da violência de gênero/domestica
Os estudos sobre violência de gênero vêm se colocando visível através de noticiários escrito, televisivos e globalizados através da internet, e assim esta demanda social está sendo vista e observada pela sociedade em toda a face do planeta, bem como os órgãos públicos e Estatais, por ser de conotação danosa com proporções alarmantes, que atinge historicamente todas as classes sociais, culturais e sociedades democratas ou não, portanto um fenômeno mundial que cresce assustadoramente a cada dia, hora, minutos e segundos.
Conceito de gênero pode ser definido como aquilo que identifica e diferencia os homens e asmulheres, ou seja, o gênero masculino e o gênero feminino, sendo que em uma posição hierárquica aponta para o homem como sendo o controlador e opressor, o que manda na mulher, conforme transmitido de pai para filho em tempos remotos como era o patriarcalismo que se fazia presente nas famílias. Ao lermos o conceito de gênero verificamos que não explica a desigualdade que ocorre entre homens e mulheres, e que a submissão da mulher pode ser conquistada a qualquer custo até mesmo com o uso da violência, porém apesar de todas as leis, incluindo a Constituição Federal de 1988 que especificam que as mulheres devem ser tratadas com respeito, ainda assim são dominadas e exploradas de forma arcaica e patriarca pelo gênero masculino nos dias atuais. Saffioti define o patriarcado como:
O regime da dominação-exploração das mulheres pelos homens seus principais elementos são: o controle da fidelidade feminina; a conservação da ordem hierárquica com a autoridade do masculino sobre o feminino, bem como dos mais velhos sobre os mais novos; e a manutenção dos papéis sociais: ao homem fica incumbida a responsabilidade da provisão material e a mulher pelos afetos e cuidados no lar (SAFFIOTI, 2004, p. 44; SCOTT, 1995; TERUYA, 2000).
 Devido ao patriarcalismo levam a constantes agressões por parte dos maridos e companheiros, irmãos, filhos, netos, e não acontece só hoje porque ao adentrarmos a história de Roma encontramos o patriarca com plenos poderes de decidir se sua esposa e filhos iriam permanecer vivos ou não, situação comum e tida como natural, porém esta prática dos homens que matam suas esposas e ou companheiras perdurou por longo tempo devido ao fato de executá-las para defesa de sua honra como o caso de Ângela Diniz , assassinada por seu companheiro, caso este que acorreu na Região dos Lagos/Rio de Janeiro. Este fato continua nos dias de hoje onde as mulheres estão sendo mortas por seus maridos e ou companheiros, apenas pelo fato de serem do gênero feminino.[13: Ângela Maria Fernandes Diniz (Belo Horizonte, 10 de novembro de 1944) – (Búzios, 30 de dezembro de 1976) foi uma socialite brasileira assassinada em uma casa na Praia dos Ossos, Armação dos Búzios/ Rio de Janeiro, pelo seu companheiro, Doca Street (Raul Fernandes do Amaral Street). (Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre).]
A Lei Maria da Penha no seu artigo 5º esclarece sobre violência doméstica e violência familiar, e considera a violência no âmbito doméstico como aquela "compreendida como espaço de convívio permanente de pessoas, com ou sem vínculo familiar, inclusive as esporadicamente agregadas", e no âmbito da família, como aquela "compreendida como a comunidade formada por indivíduos que são, ou se consideram, aparentados, unidos por laços naturais, por afinidade ou por vontade expressa" e também "em qualquer relação íntima de afeto, na qual o agressor conviva ou tenha convivido com a ofendida, independente de coabitação" (Lei 11.340/2006).
Entretanto o que ainda está sendo observado que a questão de gênero não é bem compreendida, pois a família moderna continua reproduzindo a desigualdade social existente entre homens e mulheres, a elas e designando que sejam, sensíveis, passivas, que sejam submissas e obedeçam aos seus maridos, que cuidem da casa dos filhos e do próprio marido, vimos aqui que a violência relacionada à mulher consiste em todo ato de violência de gênero que venha a resultar em qualquer agressão física, sexual, patrimonial e ou psicológica, descrita como violência doméstica. 
Os homens na sociedade contemporânea são valorizados e vemos isto em todos os aspectos culturais, o que leva a inferiorizarão da mulher, a dominação do homem que vem a colocar a mulher como um ser que nada vale e tem por obrigação fazer as vontades do seu agressor, ou seja, não tem autonomia, não pode decidir por coisa alguma, nem mesmo do que vai vestir, não sendo dona de mesmo de seu próprio corpo, de suas vontades e nem de seus direitos.
No século XXI a violência de gênero tem dados alarmantes vindos a apresentar um desafio de grande importância conforme tabela abaixo e o grande desafio imposto sobre a questão da violência contra a mulher, como nos fala Queiroz e Diniz:
Um dos grandes desafios no enfrentamento da violência contra a mulher é a efetivação de uma rede de serviços que agregue os diferentes programas e projetos, consolidando uma política social de atendimento, uma vez que os serviços existentes ainda não conseguem atender as mulheres, de forma integral, nem efetivar mudanças nos valores sexistas que permeiam as relações sociais. (QUEIROZ E DINIZ-2004).
Para melhor compreensão de todo o contexto aqui exposto sobre violência de gênero, foi coletado no Dossiê Mulher 2015, a tabela que comprova o grande desafio da efetivação de uma rede de serviços, que deverá conter diferentes programas de políticas públicas e projetos, que venham a integrar a política social de atendimento em cada município atrelados ao Estado e União, desta forma haverá uma unidade nos atendimentos, realizando então o atendimento ao gênero feminino que sofre violência doméstica. [14: Dossiê mulher 2015 / organização: Andréia Soares Pinto, Orlinda Cláudia R. de Moraes, Joana Monteiro. – Rio de Janeiro: Instituto de Segurança Pública, 2015. A décima versão do Dossiê Mulher apresenta informações consolidadas sobre a violência contra a mulher no estado do Rio de Janeiro, no ano de 2014, com base nas ocorrências registradas nas delegacias policiais fluminenses.]
Observando a tabela abaixo vemos que a violência de gênero está em um quantitativo bem elevado em nosso país, e representa um grande retrocesso social, visto que, uma sociedade marcada por altos índices destas modalidades de violência está longe da tão sonhada erradicação da violência doméstica e de gênero. O que vemos na realidade e o contexto da realidade arcaica e patriarcal com relação a pratica de violência por parte dos homens contra a mulher, ou melhor, dizendo ao gênero feminino. 
Os homens tem a concepção de que por serem os procriadores, as diferenças estão totalmente restritas as características biológicas e anatômicas, havendo assim submissão de gênero feminino ao gênero masculino no entendimento radical de homem e mulher.
	Tabela 1 - Dados sobre a Violência contra a Mulher no Estado do Rio de Janeiro, segundo Formas de Violência e Delitos Analisados – 2014.
	
Formas de Violência
	
Delitos
	Total de Vitimas
	Vitimas Mulheres
	% de Vitimas
Mulheres
	
Violência Física
	Homicídio Doloso
Tentativa de homicídio
Lesão Corporal Dolosa
	4.942
6.366
87.561
	420
781
56.031
	8,5%
12,3%
64,0%
	
Violência Sexual
	Estupro
Tentativa de Estupro
	5.676
642
	4.725
586
	83,2%
91,3%
	
Violência Patrimonial
	Dano
Violação de Domicílio
Supressão de documento
	7.235
4.571
1.140
	3.607
3.051
661
	49,9%
66,7%
58,0%
	
Violência Moral
	
Calúnia/ Difamação/ Injuria
	
56.410
	
41.509
	
73,6%
	
Violência Psicológica
	Ameaça
Constrangimento Ilegal
	87.399
1.354
	57.258
799
	65,5%
59,0%
Fonte: DGTIT/PCERJ. Dados organizados pelo NUPESP/ISP.
1.4 - Relações de gênero e Serviço Social
A história nos apresenta que necessitamos compreender as relações de gênero devido a ser de fundamental importância para o profissional do Serviço Social, seja pela histórica marca de predominação feminina que acompanha a profissão, desde a seu inicio, seja pelo seu caráter de trabalhar inserido nas relações sociais, em que as relações de gênero compõem uma das dimensões fundamentais para o seu fazer profissional, que se apresenta na forma de violência doméstica contra a mulher, ou seja, estas profissionais estrão inseridas nas relações sociais da sociedade contemporânea que se apresenta como gênero feminino e uma grande parte delas de mulheres que sofrem violência doméstica e violação de direitos, sendo então necessário trabalhar a transversalidade desta questão, possibilitando uma intervenção que questione os papéis conservadoresde gênero. Neste entendimento vamos compreender que gênero não é só o sexo da pessoa conforme nos fala Mirla Cisne: 
O gênero não possui apenas sexo, mas possui classe, raça, etnia, orientação sexual, geração, etc. Essas diferenças e especificidades devem ser percebidas. No entanto, não podem ser vistas de forma isolada dos seus macros determinações, pois, dentro desta sociedade, por mais que "o gênero una as mulheres", a homossexualidade una gays e lésbicas, a geração una as (os) idosas (os) ou jovens, etc., a classe irá dividi-las (os) dentro da ordem sócia metabólica do capital. (MIRLA CISNE: Marxismo e feminismo na atualidade – 2011) .[15:  Mirla Cisne: Marxismo e feminismo na atualidade - (*) Mirla Cisne é Assistente Social, mestre em Serviço Social pela Universidade Federal de Pernambuco, coordenadora do Núcleo de Estudos sobre a Mulher da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte e professora do curso de Serviço Social desta instituição.Leia mais: http://adrianonascimento.webnode.com.br/news/mirla-cisne-marxismo-e-feminismo-na-atualidade/]
Nesta compreensão percebemos que o cotidiano dos profissionais do Serviço Social se depara com a exclusão, exploração, desigualdade social, discriminação, poder machista, violência doméstica que é neste trabalho referenciado como o disparador dos impactos físico e psíquico que afetam as assistentes sociais que lidam diretamente com esta demanda social, entre outras. Estas valorosas profissionais buscam capacitação com relação a gênero, procuram na teoria como lidar com as demandas que surgem no seu fazer profissional, já que dentre elas o crescimento da violência contra a mulher está despontando de forma assustadora, e tudo leva a crer que este aumento deve-se ao simples fato de ser mulher, ou melhor, para a intensa compreensão a pessoa em questão ser do gênero feminino (não podemos esquecer neste contexto das pessoas que nascem homens, mas se sentem e vivem como mulheres, que de tal forma sofrem violência), Scott exemplifica que: “o gênero é um elemento constitutivo das relações sociais baseadas nas diferenças que distinguem os sexos e o gênero é uma forma primária de relações de poder”. (SCOTT, 1995, p. 80). Esta fala de Scott afirma e confirma o entendimento de todo o contexto já acima exposto em outros parágrafos.
Na sociedade capitalista contemporânea formam-se conceitos de como devem agir os homens e as mulheres, os tabus são criados de forma preconceituosa, mas como já visto anteriormente esta forma patriarcal não nasceu agora, já vem desde a remota historia das civilizações, a lógica do poder sempre esteve presente na vida de homens subordinando as mulheres e isto pode ser entendido através de Bourdieu que explica este acontecimento: “é uma logica de poder e de dominação; é a forma paradigmática de “violência simbólica”, ou seja, aquela violência exercida sobre um agente social com sua cumplicidade e seu consentimento” (BOURDIEU, 1988 apud LAMAS, 2008, p. 345).
Contextualizando que a lógica de gênero está ligada ao sentimento de poder e de dominação que atravessam anos, décadas e séculos, ou seja, desde o nascimento da civilização, quando o homem através da violência queria vencer a natureza pela força, e o que é constatado e que nada mudou com o passar dos anos, à imposição de poder e dominação teimam em persistir na sociedade contemporânea, haja vista que o poderio masculino é imposto à sociedade como um fato natural e corriqueiro que se apresenta de forma arcaica, enraizado aos seus conceitos e ideais de subjugação já defasados, querendo pela fora e ou violência dominar, dando continuidade a agressão contra a mulher, e tem nesta ação o próprio conceito de ser certo e portanto algo a ser feito que eleve o seu ego, sendo assim o sentimento de posse está enraizado em suas mentes, pela necessidade de se dizer como o macho alfa. Para Bourdieu: 
A ordem social masculina está tão profundamente arraigada que não requer justificação: impõe a si mesma como auto evidente, e é tomada como “natural”, graças ao acordo quase perfeito e imediato que obtém, por um lado, das estruturas sociais e, por outro, das estruturas cognitivas inscritas nos corpos e nas mentes. Bourdieu (1999, p. 345).
Como acima mencionado entendemos a questão do poder que acontece na divisão sexual do trabalho, na sociedade e na vida como um todo, melhor dizendo: é a forma de divisão do trabalho social decorrente das relações sociais entre os sexos; sendo um fator prioritário para a sobrevivência da relação social entre os sexos e é característica do homem, achar que tem poder e ou controle sobre a mulher, e pensa desta forma devido à fecundação acontecer por parte deles e a mulher cabe à reprodução, nesta conjuntura acontece à apropriação pelos homens das funções com maior valor social adicionado como políticos, religiosos, militares entre outros, ou seja, tem como pressuposto que existem trabalhos de homens e trabalhos de mulheres e o princípio hierárquico onde entendem que o trabalho do homem “vale” mais que um trabalho da mulher. Kergoat fala que: 
A naturalização das diferenças sexuais oculta, o aspecto arbitrário dos princípios de divisão do mundo social e de divisão social do trabalho, os quais são constitutivos das relações de gênero ou relações sociais de sexo em determinado contexto. Estas, por sua vez, são estruturantes e transversais ao conjunto do campo social (KERGOAT, 2009).
Algumas autoras, ao elucidar sobre o processo de feminização da profissão do Serviço Social, afirmaram que:[16: Cisne (2012), Cisne (2004), Hirata (1995): As autoras em questão, não reforçam os padrões conservadores de gênero que norteiam a feminização de determinados papéis, pelo contrário, elas colocam a marca de gênero que permeia o âmbito profissional como um fenômeno social, ou seja, determinado historicamente.]
Este se constituiu historicamente como uma profissão de mulheres e para mulheres, cabe aqui ressaltarmos que essa realidade é composta e marcada por relações e contradições de gênero, pois sabemos que homens e mulheres não ocupam posições igualitárias na sociedade, tanto no campo do privado, quanto no público, mesmo que estas mulheres venham a ter a mesma formação profissional e/ou qualificação técnicas que os homens, as discriminações de gênero se apresentam de forma concreta no cotidiano profissional. (CISNE (2012), CISNE (2004), HIRATA (1995)).
Estas considerações nos colocam a necessidade de compreendermos e entendermos o conceito de gênero e das relações de gênero, e apreendermos como estas considerações se expressa no cotidiano do fazer profissional da assistente social que atende a mulher que sofre violência doméstica, onde devemos considerar e estudar os aspectos sociais que são baseados no sexo e no gênero, e quando analisamos a história do Serviço Social, então conseguimos visualizar como uma profissão eminentemente, predominantemente feminina (raros algumas exceções), sendo uma categoria que define e redefine a construção da usuária atendida, pelo condicionamento de papéis adequados ao masculino e ao feminino, e este último apresentando desqualificação tanto na esfera pública, quanto na esfera privada, onde geralmente o quantitativo de mulheres aparece de forma bem expressiva.[17: Tratamos aqui de gênero e relações de gênero no sentido de que um compreende o outro, mas acreditamos que o uso do termo relações de gênero compreende as relações sociais nas quais o gênero esta imerso, parte então da conceituação do que é gênero e das contradições postas por uma dada sociabilidade e pelo movimento que o próprio termo expressa na realidade concreta, coloca-se as relações de gênero como aquele que traduz melhor o “caráter histórico da construção de hierarquias entre os sexos”.]
As observações acima se tornam importantes a fim de analisar o Serviço Social inserido no desenvolvimento das relações sociais, das quais o gênero é parte integrante e constituinte, e a questão de gênero se mostra como diversas formas com através do desprestígio social, econômicoe cultural, de profissões majoritariamente femininas, o que repercute diretamente nas relações e condições de trabalho destas profissionais, como exemplo o Serviço Social, onde estas profissionais não tem uma conformidade em questão salarial. 
Nesta perspectiva, cabe destacar a análise que Veloso com base em Kofes, na medida em que o mesmo aponta que: 
O gênero não se mostra como uma categoria de grande importância para se pensar o Serviço Social apenas pelo fato de este ser uma profissão com maioria esmagadora de mulheres. O fato de o Serviço Social ser uma profissão de maioria feminina é considerado como expressão de um modelo de relações de gênero específico, de uma lógica que rege a organização da sociedade, com a inserção diferenciada de homens e mulheres em determinadas profissões. A chamada “marca feminina” da profissão não é o problema em si, mas uma das determinações mais visíveis do gênero. Poder-se-ia afirmar, inclusive, que tal “marca feminina” constitui-se uma refração de gênero. A partir dela, pode-se constatar a questão, mas ela não é em si mesma, a questão. 
Pensar a profissão levando-se em conta a presença esmagadora das mulheres em seu interior é de suma importância para o entendimento do serviço social. No entanto, a questão não se esgota aí. É necessário ir além. É necessário perceber o que está por trás da configuração deste quadro majoritariamente feminino. É necessário perceber a lógica que rege tal configuração. É imprescindível atentar para o fato de que o gênero estrutura este quadro. É necessário perceber o serviço social não apenas a partir das mulheres, tomadas como categoria empírica, mas também a partir das relações de gênero. (VELOSO 2001, p. 71 aput KOFES),
As autoras Hirata e Kergoat apresentam abaixo um determinado e interessante ponto de vista sobre as relações de gênero definindo que: 
Assim, ao tratar das questões que envolvem os estereótipos sexuados, constatou-se que as identidades sexuais e suas respectivas representações sociais da virilidade/feminilidade, por exemplo, são amplamente utilizados nas políticas de gestão da mão-de-obra no meio industrial e que foi constatada a existência de certa assimetria entre o emprego/desemprego e o trabalho masculino e feminino.. (HIRATA, KERGOAT, 2007).
Assim, as relações de gênero atravessou também o mundo do trabalho, percebemos que ficou convencionado chamar de divisão sexual do trabalho e vamos verificar esta realidade quando o trabalho e separado de acordo com os sexos, sendo que, o trabalho produtivo e melhor remunerado, direcionado ao homem, e a mulher cabe o trabalho doméstico, gratuito e sem prestígio, porém já podemos ver que o gênero feminino está ganhando espaço em diversas funções como as autoras acima mencionaram a cerca da mulher está inserida na construção civil devido às mesmas terem assimetria na obra que está sendo construída.
O Serviço Social expressa bem esse papel, pois desenvolvem com presteza as suas funções, e tem como possibilidade explorar um espaço de profissionalização dirigido culturalmente para as mulheres, e no início da institucionalização da profissão, o trabalho das assistentes sociais foi executado pelas burguesas, pelo fato destas serem consideradas mais adequadas já que se tratava de formas educativas e as ações caridosas que eram direcionadas aos trabalhadores, já que a profissão era para o controle social. 
O crescimento das atividades assistenciais se dá pelo contato com as realidades das classes na sociedade contemporânea, o que leva a impulsionar as mulheres como forças de trabalho e vê então outros segmentos adentrarem a classe da profissional do Serviço Social o que abriu espaço para a possibilidade de profissionalização das mulheres anteriormente somente operárias, que em conformidade com as crises e necessidades do sistema capitalista sempre alternavam entre sua jornada de trabalho e seus afazes domésticos com o retorno ao seu lar, à necessidade de manter seus empregos as levavam a optar por outras funções e ou profissões que lhes garantissem a permanência no trabalho assegurando o sustento da família, sendo assim a profissão do Serviço Social se constitui como uma dessas escolhas e ou alternativas e não por vontade própria, garantindo a feminização da profissão. 
Iamamoto e Carvalho destacam o processo de feminização da profissão:
Aceitando a idealização de sua classe sobre a vocação natural da mulher para as tarefas educativas e caridosas, essa intervenção assumia, aos olhos dessas ativistas, a consciência do posto que caiba à mulher na preservação da ordem moral e social e o dever de tornarem-se aptas para agir de acordo com suas convicções e suas responsabilidades. Incapazes de romper com essas representações, apostolado social permite àquelas mulheres, a partir da reificação daquelas qualidades, uma participação ativa no empreendimento político e ideológico de sua classe, e da defesa faculta um sentimento de superioridade e tutela em relação ao proletariado, que legitima a intervenção. (IAMAMOTO e CARVALHO 2008, p. 171-172),
Vamos aqui compreender que o desafio do debate sobre gênero constitui-se na garantia da orientação do projeto ético-político da profissão, o qual encontra no Código de Ética a sua referência nos princípios fundamentais: CFESS, Código de Ética. In Bonetti “Opção por um projeto profissional vinculado ao processo de construção de uma nova ordem societária, sem dominação-exploração de classe, etnia e gênero” (CFESS, Código de Ética. in Bonetti ET al., 2001, p. 218). 
Gênero é um tema atual, contemporâneo que atravessa a história e que está no contexto da transversalidade e muito se fala deste tema na atualidade acredita-se que fazer parte do conteúdo da grade curricular universitário, é de suma importância para a classe profissional do Serviço Social, devido a lidar com todo tipo de violação de direitos e violências, surgindo no contexto o gênero como demanda para as pesquisadoras e às assistentes sociais, vindo a exigir estudos qualificados, pesquisas, cursos de capacitação na área de gênero para que as respostas possam ser pontuais e precisas no momento de atuação em seu campo de ação no seu fazer profissional.[18: A transversalidade diz respeito à possibilidade de se instituir, na prática educativa, uma analogia entre aprender conhecimentos teoricamente sistematizados (aprender sobre a realidade) e as questões da vida real (aprender na realidade e da realidade).]
Dessa forma, cabe destacar a presença quase que maciça do gênero feminino na profissão do Serviço Social, e que está ligada a características enraizadas culturalmente e vistas com naturalidade, direcionando como a mulher deve ser uma simples dona de casa, mãe, esposa, incumbindo-se de seus afazeres domésticos, entre outros, seguindo as análises dos conservadores de gênero, e da divisão sexual do trabalho, vemos claramente a subalternidade das mulheres nesta sociedade contemporânea. 
Entende-se como necessário que as assistentes sociais como mulheres que são se reconheçam como sujeitos históricos atravessadoras de décadas, com capacidade suficiente para utilizar ferramentas que desconstruam a visão estabelecida na realidade social, de forma a apagar o sujeitamento da profissão ao longo da história, percebemos que o Serviço Social no Brasil tem passado por sucessivas crises, porém estas bravas mulheres continuam lutando na guerra surda do preconceito ao gênero feminino. 
O tamanho da carga de responsabilidade que é conferida as profissionais do Serviço Social as obriga a buscar constantemente capacitação e estudos correlacionados a gênero, violência de gênero, assim como os atendimentos no cotidiano a mulheres vitimas de violência, e a constante exposição destas profissionais a estas demandas, levam ao acumulo de visualizações e escutas a transformam-se em impactos físicos e psíquicos levando-as ao adoecimento, porém por elas não observados o que as leva a não procurar políticas públicas para que possam se tratar deste impacto, e por fim estes impactos acabam porinfluenciar não só na saúde, mas também no seu convívio familiar. 
CAPÍTULO 2
O PROCESSO DE TRABALHO E OS IMPACTOS FISICOS E PSIQUICOS NO SERVIÇO SOCIAL 
Esse capítulo trás uma discussão acerca do processo de trabalho, o cenário atual do mercado, o crescimento da globalização, bem como a qualidade de vida no trabalho das profissionais do Serviço Social, discutimos as ações importantes, que envolvem dimensões física, intelectual, emocional, profissional, espiritual e social, tendo como panorama os profissionais, assistentes sociais inseridos nos espaços sócios ocupacionais, que atuam com violência doméstica no Município de Cabo Frio/RJ. 
O autor Karl Marx vem a elucidar que o trabalho pertence ao mundo capitalista, pois detém os meios de produção e compra a força de trabalho (valor de troca), equiparando seus trabalhadores a seus produtos (valor de uso), para transformá-los em capital (mais-valia), então verificamos que o assistente social está inserido neste contexto, pois tem uma autonomia relativa em relação ao empregador, já que o capitalista realiza a compra da sua força de trabalho especializada pelo seu valor de troca, o que lhe dá o direito de utilizar-se por certo tempo, apropriando-se de todo o seu valor de uso.
As assistentes sociais em seus atendimentos prestam serviços sociais à classe trabalhadora, porém essa prestação de serviço não às livra de viver os mesmos dilemas da exploração capitalista e continua luta pelos seus direitos trabalhistas, Iamamoto esclarece que estas profissionais perpassam igualmente pelos problemas da exploração e ainda: “respondem tanto as demandas do capital como do trabalho e só pode fortalecer um ou outro pela mediação do seu oposto”. (IAMAMOTO 2005, p. 75), e por ter que determinar a qual fortalecer, implica sofrimento através do desgaste mental e terminam por causar o stress, pois a todo instante de seu fazer profissional, surgem situações dúbias.
Sendo assim, entendemos que a Assistência Social é uma especialização do trabalho coletivo, sendo primordial e essencial, para absorver as múltiplas expressões da questão social e suas multiplicidades, devido a estar inserida na divisão social e técnica do trabalho, e como tal as profissionais do Serviço Social participam diretamente do processo de produção e reprodução do capital, como trabalhadoras qualificadas, e vendedoras de sua força de trabalho especializada, cabendo a elas a tarefa da mediação em todas as circunstâncias que se apresentam, porém com o entendimento que só pode a um só favorecer. 
2.1 Entendendo os objetivos do capitalismo no processo de trabalho das assistentes sociais
Na segunda metade do século XX, a partir da década de 1990 se fez presente a modificação do exercício profissional do assistente social, ocasionando impactos que provocaram alterações nas condições de intervenção que a assistente social utiliza para realizar seu exercício profissional, recaindo sobre as demandas e consequentemente sobre as respostas profissionais. Estes impactos persistem e continuam a incidir no fazer profissional das assistentes sociais, trazendo novas configurações de intervenção ampliando o leque profissional, nas instituições estatais e nas instituições privadas. 
O trabalho tem fator principal e relevante na vida dos (as) trabalhadores (as), neste país de sistema capitalista, que lhes impõe uma identidade e consequentemente um modo de viver, que por diversos fatores fogem a forma ideal. Para Marx e Engels, “a importância do trabalho na vida das pessoas é central, é a ação que transforma a realidade e propicia alteração da visão que têm do mundo” Marx e Engels, veem então que não é possível viver sem trabalho, pois dele necessitam para dar continuação a sua existência e convívio social, porém, estes mesmos autores afirmam que o homem é subjugado pelo trabalho:
 A divisão do trabalho nos oferece desde logo, o primeiro exemplo do seguinte fato: desde que os homens se encontram numa sociedade natural e também desde que há cisão entre o interesse particular e o interesse comum, desde que, por conseguinte, a atividade está dividida não voluntariamente, mas de modo natural, a própria ação do homem converte-se num poder estranho e a ele oposto, que o subjuga ao invés de ser por ele dominado. Com efeito, desde o instante em que o trabalho começa a ser distribuído, cada um dispõe de uma esfera da atividade exclusiva e determinada, que lhe é imposta e da qual não pode sair... (MARX; ENGELS, 1999, p. 37).
Mesmo sendo o trabalho subjugador do trabalhador e do qual não pode sair, as assistentes sociais, precisam dar continuidade a sua vida profissional e social e para tanto dependem do fator trabalho, para desta forma exercer os seus direitos de cidadania, cabe-lhes, o desafio de buscar tempo em meio a tanta responsabilidade de se capacitar através de atualizações, na tentativa de explicar a descentralização das políticas públicas, neste caso entendido também como um grande desafio, fazendo-se necessário acompanhar toda a trajetória da questão social diante das políticas públicas em nível, Municipal, Estadual e Federal, para que desta forma possam utilizar estas ferramentas de trabalho renovadas a favor das usuárias e de sua própria família.
Os trabalhadores sofrem a coerção devendo ser polivalente de forma a atender aos objetivos capitalistas, mas para que tal aconteça sobrevém à exploração da força de trabalho, ou seja, quando não há argumentos contrários ao que está sendo proposto criando consensos de classes, a fim de cumprir com as exigências do mundo globalizado e as estratégias de gestão e organização do trabalho, que se estendem aos serviços e às organizações do Estado, repercutindo também no trabalho da assistente social. Estes consensos de classe são a base para a sobrevivência e construção da hegemonia no contexto da vida social, Iamamoto diz que “assistente social é um dos profissionais que está nesse mar de criação de consensos”. (IAMAMOTO, 1999, p. 68), ao ler esta afirmação conclui-se que as assistentes sociais a cada dia em sua vida profissional e social, vivem criando consensos para poderem atuar diante da violência doméstica. 
Assim, os desafios que abrangem o Serviço Social são diversos, uma vez que as alterações das requisições profissionais ocorrem, paralelamente, ao sucateamento das políticas públicas, afetando diretamente o exercício profissional do assistente social, o que leva o profissional ao stress, frente à complexidade de questões apresentadas na violência doméstica, causando impactos no físico e psíquico e desgaste. 
2.2 O Serviço Social como profissão liberal e autonomia relativa
O profissional do Serviço Social possui uma autonomia relativa, porém sofrem certo controle profissional por parte de seus empregadores, ocasionando a insegurança, permanecendo na dependência das empresas, instituições, Estado e ONGs, e devido a esta dependência são submetidas a diversas formas de contratação e cobrança na intensificação do seu fazer profissional, sofrendo pressão em sua jornada de trabalho, quando então ocorre à depreciação dos salários e ausência de concursos públicos o que vem a causar a instabilidade profissional, o que ocasiona a falta de perspectivas de um possível progresso e ascensão na carreira. Iamamoto no seu livro “O Serviço Social na Contemporaneidade” fala sobre essa “relativa autonomia” como uma dependência do assistente social:
Ainda que dispondo de relativa autonomia na efetivação de seu trabalho, o assistente social depende, na organização da atividade, do Estado, da empresa, entidades não governamentais que viabilizam aos usuários o acesso a seus serviços, forneçam meios e recursos para sua realização, estabelecem prioridades a serem cumpridas, interferem na definição de papéis, e funções que compõem o cotidiano do trabalho institucional. Ora, se assim é, a instituição não é um condicionante a mais do trabalho do assistente social. Ela organiza o trabalho do qual ele participa. (IAMAMOTO, 2005 p. 63).
As assistentes sociais são dependentes do

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