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Trabalho Avaliativo Direito Penal I - Culpabilidade

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Trabalho Avaliativo Direito Penal I 
Professor Sandro Meinerz 
Acadêmicos: Aline Langendolff, Cleidson Freitas, 
Mathias Germano e Pedro Amaral Pippi 
 
Temas a serem abordados: 
1º Culpabilidade 
2º Potencial, consciência da ilicitude. 
3º Inexigibilidade de conduta diversa 
 
 
1. Culpabilidade 
 
 
O conceito básico da culpabilidade foi modificado através do passar do 
tempo e dentre os diversos conceitos adotados por vários doutrinadores de 
direito Maximillianus Cláudio Américo Führer e Maxililiano Roberto Ernesto 
Führer em sua obra “Resumo de Direito Penal (parte geral)” destacam três 
teorias aplicáveis à culpabilidade, sendo elas a teoria psicológica que trata da 
relação psíquica do agente com relação ao fato, ou na forma de dolo ou na 
forma de culpa, tratando assim duas formas de culpabilidade, os autores 
trazem também a teoria psicológico-normativa que ao ponto lançado por eles o 
dolo e a culpa passam a serem elementos próprios e acrescenta ainda a 
censurabilidade ou reprovabilidade que vai consistir em um juízo de reprovação 
da conduta que traz como elemento a imputabilidade assim deixando de ser 
elemento integrante da culpabilidade o dolo e a culpa por fim teoria normativa 
pura que é quando “o dolo e a culpa migram da culpabilidade para o tipo, 
através da conduta”, assim a culpabilidade passa a ser um elemento vazio e 
passa a ter apenas a censurabilidade cujo o requisito é a imputabilidade, “a 
consciência potencia da ilicitude e a exigibilidade de conduta diversa”. 
 
Conforme a teoria finalista da ação, a culpabilidade não é elemento do 
crime. É a possibilidade de admitir culpado o autor de um fato típico e ilícito; é 
uma hipótese para a imposição da pena. Assim frisa Fernando Capez que 
define a culpabilidade como “juízo de censurabilidade e reprovação exercido 
por alguém que praticou um fato típico e ilícito”. 
 
Integram a culpabilidade a imputabilidade, a potencial consciência da 
ilicitude e a exigibilidade de conduta diversa. Na falta de qualquer um desses 
elementos, o fato não deixa de ser típico, mas retira a culpa do agente. 
 
Como bem podemos notar a culpabilidade é a relação psíquica do 
agente com o fato, na forma de dolo ou de culpa. A culpabilidade, portanto, 
confunde-se com dolo e a culpa, sendo pressupostos destes a imputabilidade e 
a exigibilidade de conduta diversa. 
Nunca podemos nos referir que o dolo e a culpa são espécies de 
culpabilidade, mas sim são apenas elementos integrantes dela, ao lado da 
imputabilidade, da consciência da ilicitude e da exigibilidade de conduta 
diversa. Sem esses elementos a conduta não é considerada reprovável e, 
assim, não ocorre o crime. 
Esta teoria, hoje é adotada por nossa legislação penal. Com base no 
que supra escrito o dolo e a culpa migram da culpabilidade para a conduta 
(primeiro elemento do fato típico), e com isto o conteúdo da culpabilidade fica, 
portanto, esgotado com a retirada do dolo e da culpa, passando a constituir 
mero juízo de reprovação ao autor da infração. 
Não se pode chamar a culpabilidade de elemento do crime, pois ela é 
apenas um pressuposto utilizado para a imposição da pena. Segundo Capez a 
culpabilidade jamais poderá ser considerada elemento do crime, pois não se 
pode afastar o dolo e a culpa do agente nem mesmo a ilicitude do fato. 
Com isso podemos compreender que a culpabilidade não é requisito do 
crime, mas simplesmente um pressuposto da aplicação da pena, possuindo os 
seguintes elementos: 
1.1 Inimputabilidade por doença mental 
Em regra todos são imputáveis mas conforme nosso art. 26 caput, do 
Código penal, adotado o critério biopsicológico, estabelece que: 
Art. 26 - É isento de pena o agente que, por doença mental ou 
desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao tempo 
da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o 
caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse 
entendimento. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
A doença mental abrange a demência, psicose, maníaco-depressivos, 
perturbação de qualquer ordem, como psicose, esquizofrenia, loucura, 
paranoia, psiquicopatia, epilepsia, onde ocorra total dependência patológica 
que possa a vir a gerar uma interdição civil, que por muitas vez não é gerada. 
Dentre as maneiras da imputabilidade por doença mental também se 
encontram: 
1.1.1 Inimputabilidade por desenvolvimento mental 
incompleto 
Conhecido pelo desenvolvimento em que ainda não se concluiu como 
exemplo os menores de 18 anos ou até mesmo os silvícolas inadaptados na 
sociedade. 
Frisa João Carvalho de Matos em sua obra pratica e teoria do direito 
penal & Processo penal: que quando for menor de dezoito nos o considerado 
inimputável, estes serão regidos pela legislação competente no caso em tela o 
estatuto da criança e do adolescente – ECA lei n. 6.069, de 13 de julho de 
1990. 
1.1.2 Imputabilidade por desenvolvimento retardado 
São os casos oligofrênicos, que são classificados como débis mentais; 
imbecis e idiotas; esses por sua vez são dotados de reduzidíssima capacidade 
de entendimento e de autodeterminação. 
Conforme as palavras de Victor Eduardo Rios Gonçalves em sinopses 
jurídicas “quando o agente ao tempo da ação ou omissão, estava parcialmente 
privado de sua capacidade de entender o caráter ilícito do fato”, é determinado 
uma redução de pena de 1\3 a 2\3 nestes casos os agentes são considerados 
“semi-imputaveis, pois perdem apenas parcialmente a capacidade de 
entendimento e de autodeterminação”. 
 
1.1.3 Inimputabilidade por embriaguez 
É considerado embriaguez quando ocorrer a intoxicação aguda e 
transitória que são causadas pelo álcool ou por substâncias análogos, cujo as 
consequências são ligeira excitação e em muitos casos pode ser levado a um 
estado mais agravado como paralisia e coma. 
A embriaguez para Fernando Capez é uma causa capaz de levar a 
exclusão da capacidade mental de entendimento momentâneo e da vontade do 
agente que pratica ato ilícito sob o efeito do álcool o doutrinador diz mais ainda, 
coloca fases que são presentes no estado de embriaguez tal como: excitação 
que é o estado inicial provocado pela ingestão do entorpecente ou bebida 
alcoólica denominada “fase do macaco”; depressão que é quando vem a 
confusão mental, a irritabilidade deixando o agente mais agressivo, ainda 
denomina a fase como “fase do leão” e por ultimo a fase do sono que é em 
casos de grandes ingestões que o agente adquire dormência profunda. 
Além das diversas caraterísticas apresentadas encontram-se ainda 
algumas espécies de embriagues que podem ser levadas em consideração 
para ser excludentes de ilicitude, assim veja-se 
 
1.1.3.1 Embriaguez acidental: são nos casos fortuitos ou de força 
maior. Quando completa a situação do agente acaba por 
excluir a imputabilidade, e se incompleta não exclui pode 
permitir uma diminuição de pena podendo vir a ser de um terço 
a dois terços. Fernando Capez ainda exemplifica “alguém 
tropeça e cai de cabeça em um tonel de vinho, embriagando-
se”. 
 
1.1.3.2 Embriaguez patológica: caracterizada por excitação 
extrema, comportamento agressivo e violento e, 
frequentemente, ideias de perseguição, após consumo de 
quantidade relativamente pequena de álcool. Essa por sua vez 
é uma excludente de imputabilidade porque ela é comparada à 
doença mental. 
 
1.1.3.3 Embriaguez não acidental (dolosa, voluntária ou 
incidental) é quando o agente ingere as substâncias alcoólicas 
ou de substancias analógicas com a devida intenção de 
embriagar-se assim sendo uma embriagues dolosa, porém 
quando o agente ingerir a substancia sem intenção de 
embriagar-se mas porém isso venha a ocorrer ai a alteração 
psíquicanão ira decorrer de um comportamento doloso, mas 
sim de um comportamento culposo. A embriaguez pode ser 
também na forma completa ou parcial. Fernando Capez em 
sua obra complementa dizendo que o indivíduo não pode ser 
considerado crime a execução não prevista pelo agente. 
 
No caso jurisprudencial abaixo é exposto um crime o qual os 
argumentos de defesa são a insanidade mental do agente criminoso, neste 
caso em especifico se trata de furto e a ré é condenada a “cumprir medida de 
segurança (tratamento ambulatorial), pelo prazo máximo de 02 (dois) anos, a ser 
cumprida em local indicado pelo juízo da execução, devendo ser liberada ao final 
deste prazo ou a qualquer tempo, se cessada a enfermidade mental”. Irresignada 
interpõe apelação qual é mantida a decisão de primeira instância “Nessa 
perspectiva, de se manter a medida de segurança aplicada pelo juízo da primeira 
instância, motivo pelo qual vai afastada a pretensão defensiva”. 
 
5. Número: 70050601442 Inteiro Teor: doc html 
Tribunal: Tribunal 
de Justiça do RS 
Seção: CRIME 
Tipo de Processo: Apelação Crime 
Órgão 
Julgador: Sétima 
Câmara Criminal 
Decisão: Acórdão 
Relator: Laura Louzada Jaccottet 
Comarca de Origem: Comarca de 
Caxias do Sul 
Ementa: APELAÇÃO CRIMINAL. CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO. APROPRIAÇÃO INDÉBITA. ABSOLVIÇÃO 
IMPRÓPRIA. MEDIDA DE SEGURANÇA MANTIDA. AUTORIA. Hipótese em que a integralidade da prova colhida 
demonstrou o cometimento do ilícito pela ré. Argumentos de que não teve intenção de lesar que não afastam certeza da 
materialidade e autoria. Ademais, as declarações do ofendido são idôneas a possibilitar a formação de convicção, porquanto a regra 
é presumir que jamais iria imputar o crime a um inocente..MEDIDA DE SEGURANÇA. TRATAMENTO AMBULATORIAL. 
Configurada a inimputabilidade da ré por enfermidade mental, impõe-se a incidência do art. 97, parágrafo 1º, do Código Penal. A 
decisão recorrida limitou o tratamento ambulatorial em no mínimo 1(um) e no máximo 2(dois) anos. Consigna-se, o espírito do 
legislador, na espécie, foi justamente retirar do Julgador - pela inaptidão técnica - a responsabilidade de aferir o lapso necessário ao 
tratamento de um doente. Todavia, correntes jurisprudenciais, como a esposada pelo juízo a quo, vêm entendendo em igualar o 
raciocínio que se faz em relação à pena privativa de liberdade, relevando no tratamento imposto praticamente um traço de castigo, 
o que se queda equivocado. Sentença mantida para não incorrer em reformatio in pejus. NEGARAM PROVIMENTO AO 
RECURSO. UNÂNIME. (Apelação Crime Nº 70050601442, Sétima Câmara Criminal, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Laura 
Louzada Jaccottet, Julgado em 29/11/2012) 
 
 
1.2 Inimputabilidade por critério etário 
Como bem exposto nos arts. 27 do Código penal e 228 da Constituição 
Federal brasileira os menos de 18 anos são inimputáveis, ficando sujeitos às 
normas estabelecidas na legislação especial. 
Com base em estatísticas de muitos menos infratores adotou-se, 
portanto, o critério biológico, que presume, de forma absoluta, ser menor de 18 
anos inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato e de determinar-
se de acordo com esse entendimento. 
A menoridade cessa no primeiro instante do dia em que o agente 
completar 18 anos, ou seja, se o crime, ato infrato “criminoso” ocorreu na data 
de seu 18º aniversário, o agente já é imputável e responderá pelo crime. 
A legislação especial que regulamenta as medidas socioeducativas a 
serem aplicadas aos menores inimputáveis, estatuto este ECA-Estatuto da 
Criança e do Adolescente em sua Lei. Nº 8.069/90 que prevê o emprego de 
medidas socioeducativas aos adolescentes maiores de 12 anos e menores de 
18 anos. Estes devem estar conscientes em advertência, obrigação de reparar 
o dano, em forma de prestação de serviços a comunidade, liberdade assistida, 
semiliberdade ou até mesmo a interdição, e a aplicação de medidas de 
proteção às crianças menores de 12 anos de idade que venham a praticar fatos 
considerados como uma infração penal. 
Victor Eduardo Rios Gonçalves em sinopses jurídicas aponta a 
legislação regulamentadora ECA como fonte de medida socioeducativa ao 
menor infrator, complementando ainda Maximillianus Cláudio frisa que a para 
perder a menoridade o individuo deve possuir menos de 18 anos, e se o 
mesmo cometer ato ilícito na data de seu 18º aniversário independente da hora 
de nascimento ele já passara a responder pelos meios penais assim sofrendo 
uma pena de punição e não mias medida socioeducativa como prevê o ECA. 
Segundo Cezar Roberto Bitencourt em sua obra Tratado de Direito 
penal – Parte Geral. Imputabilidade é a capacidade de culpabilidade, a aptidão 
para ser culpável. Para o menor de idade, o critério biológico, isoladamente, 
esgota o conceito de inimputabilidade, pois, por presunção constitucional, o 
menor de dezoito anos é incapaz de culpabilidade, ou, como antes era dito, 
irresponsável penalmente. Isso não significa que o menor de dezoito anos não 
seja responsabilizado de alguma forma pela infração cometida. 
A atribuição de responsabilidade pela prática de um ato infracional 
deve estar, igualmente, lastreada com base no juízo sobre a capacidade de 
entendimento e de autodeterminação do adolescente, caso não esteja, o 
estado estará sendo muito mais severo com o menor de idade do que um 
adulto plenamente capaz, impondo-lhe, inclusive, responsabilidade penal 
objetiva. 
Como exemplo ao narrado, segue em anexo jurisprudencial relatando 
caso de um menor infrator que praticou o crime de homicídio simples com base 
no art. 121, §1º inciso II do código penal vigente, foi aplicado ao menor infrator 
medida socioeducativa de internação sem atividade externa. Interposto recurso 
da decisão primordial, o qual é dado parcial provimento ao recurso interposto 
dando ao menor infrator a medida socioeducativa de semiliberdade. (acordão 
em anexo) 
 
2. Potencial, consciência da ilicitude 
Trata-se do elemento intelectual da culpabilidade, ou seja, da 
possibilidade de o agente conhecer o caráter ilícito da conduta. Para que se 
opere a exclusão, não basta que o agente ignore formalmente a lei, mas, sim, 
que não saiba e não possa saber que seu comportamento contraria o 
ordenamento jurídico. O erro de proibição afasta o potencial de conhecimento 
da ilicitude. Se inevitável, ela exclui o elemento culpabilidade e isenta pena do 
réu. Somente será evitável o erro quando se verificar ser possível o agente 
diante das circunstâncias, vindo a atingir a consciência da ilicitude do fato. 
Nesse caso, haverá uma responsabilização penal, mas a pena poderá ser 
diminuída de um sexta a um terço. 
Em seu art. 21 do Código Penal, vem estabelecido que o 
desconhecimento da lei é inescusável. Ainda presume-se que a lei, portanto, 
todos são culpáveis. Ocorre, entretanto, que no art. 21 do CP em sua §2ª parte, 
determina que o erro sobre a ilicitude do fato, se é inevitável, isenta de pena, e 
se é evitável, poderá diminui-la de 1/6 à 1/3. 
O erro inevitável sobre a ilicitude do fato é erro de proibição, é o que 
retira do agente a consciência da ilicitude e, por sequencia acaba por excluir a 
culpabilidade assim isentando o agente da pena. O erro de proibição não 
possui relação com o desconhecimento da lei. Trata-se de erro sobre a ilicitude 
do fato e não sobre a lei. Assim não há erro acerca do fato que é uma das 
características do erro de tipo, mas esse erro é sobre a ilicitude do fato. 
Em outras palavras, o agente conhece a lei, mas se equivoca, 
acabando por entender que determinada conduta não está englobada pela 
mesma. Há uma errada compreensão acerca do significado da norma. O 
agente tem perfeita compreensãodo fato, mas entende que este fato “conduta” 
é ilícito. 
Já no erro de tipo, ao contrario do supramencionado, há um erro ao 
próprio fato, ou seja, o agente imagina que o objeto alheio é próprio. Contudo o 
erro inevitável não exclui a culpabilidade, mas ele pode diminuir a pena. 
2.1 Instituto do erro de proibição 
Trata-se da pratica de um comportamento em um momento em que ele 
não sabe que o ato praticado por ele é proibido. Como Maximillianus Cláudio 
aponta em sua obra “é a falsa convicção da ilicitude” com essa falsa 
compreensão da ilicitude o agente acaba por cometer o ato que é ilícito e ele 
julga não ser. Como o exemplo de uma conduta ilícita o caso de um indiano 
que vem para o Brasil e se casa aqui mesmo já sendo casado em seu país, ele 
em seu entendimento é permitido casar-se varias vezes e constituir varias 
famílias porém aqui no Brasil é crime de bigamia, como bem frisa Fernando 
Capez o agente tem uma “errada compreensão de uma determinada regra 
legal pode levar o agente a supor que certa conduta injusta que seja justa”. 
João Carvalho de Matos em sua obra defende o entendimento do 
legislador que crê que o erro de proibição nada mais é do que a ilicitude do 
fato, ainda vem afirmar que o erro de proibição exclui a culpabilidade, pois 
acredita que o agente “não pode merecer censura pelo fato que praticou, 
ignorando sua ilicitude, sendo inevitável, e se inevitável, é censurável e, 
portanto, haverá punição, muito embora que com pena diminuída em um sexto 
a um terço”. 
O erro de proibição para Fernando Capez acontece quando o indivíduo 
toma uma atitude tida como ilícita por lícita. Age de forma errada pensando agir 
corretamente. Nas palavras do próprio Capez: “no erro de proibição, o agente 
pensa agir plenamente de acordo com o ordenamento global, mas, na verdade, 
pratica um ilícito, em razão de equivocada compreensão do direito”. O sujeito 
pratica o ato ilícito pensando agir certo, pois, entende que o consentimento do 
meio o permitiria agir de tal forma, mesmo com a presunção juris et de jure 
(não admite prova em contrário) e portanto, no seu entendimento, agiu de 
forma lícita. Esse erro exclui a ilicitude, mas não retira o caráter criminoso, pois 
o agente deixa de saber que estava cometendo algo ilícito, injusto, errado. 
 
4. Número: 70033127184 Inteiro Teor: doc html Tribunal: Tribunal de Justiça do RS Seção: CRIME 
Tipo de Processo: Apelação Crime Órgão Julgador: Segunda Câmara Criminal Decisão: Acórdão 
Relator: Marco Aurélio de Oliveira Canosa Comarca de Origem: Comarca de Canoas 
Ementa: APELAÇÃO. PORTE DE ARMA DE FOGO. INCONFORMIDADE 
DEFENSIVA. ERRO DE PROIBIÇÃO. APENAMENTO. - A prova da existência do fato encontra apoio nos 
seguintes documentos (a) "AUTO DE APREENSÃO Nº 1817"; (b) AUTO DE EXAME DE EFICÁCIA E 
FUNCIONAMENTO DE ARMA DE FOGO; e (c) LAUDO PERICIAL Nº 9568/2006, do Departamento de 
Criminalística, do Instituto Geral de Perícias. - Não há dúvida quanto a autoria. Com efeito, o acusado, ouvido na 
Policia e em Juízo, reconheceu que portava a arma. Em Juízo esclareceu: " (...) o Paulo de Souza ele trabalha num 
hotel lá, ele é recepcionista lá, e eu como faço manutenção, deu problema na água quente lá e ele me chamou, aí não 
tinha ninguém em casa, os meus vizinhos também não estava em casa, daí eu não quis deixar a arma, levei junto.". A 
confissão não restou isolada, notadamente diante dos depoimento do policial militar que efetuou a abordagem do réu. 
[As testemunhas arroladas pela defesa, por sua vez, abonaram a conduta do acusado. - A prova colhida, assim, 
autoriza a manutenção do édito condenatório. - O pedido de absolvição fundado na alegação de que o réu "em 
momento algum teve consciência de que estava agindo ilegalmente" não tem passagem. Com efeito, não podemos 
desconsiderar a intensa campanha do desarmamento, circunstância que prejudica o argumento de total 
desconhecimento do caráter ilícito do porte de arma de fogo. - Quanto à causa de exclusão da consciência de ilicitude 
[ERRO DE PROIBIÇÃO INEVITÁVEL- ART. 21, CAPUT, do CP], alegada em benefício do apelante, devemos 
lembrar as lições do mestre Heleno Cláudio Fragoso. - O apelante, no caso em exame, não pode ser comparado ao 
"rústico aldeão", no exemplo citado por Edilson Mougenot Bonfim e Fernando Capez Vale lembrar aqui, mais uma 
vez, da intensa campanha do desarmamento. - Precedentes da Corte. - O recorrente sequer pode alegar em seu 
benefício o erro de proibiçãoevitável (ou inescusável), como pretende a combativa defesa. É que, perguntado ao 
acusado se possuía porte, respondeu:"Não, só o registro". Resulta, daí, que tinha plena ciência sobre a distinção entre 
as categorias de documentação. Há, inclusive, advertência no verso do "Registro de Arma". -Inviável o acolhimento 
do pedido de redução da pena fundado na tese da co-culpabilidade. Precedentes desta Corte e do Superior Tribunal de 
Justiça. APENAMENTO - A pena-base foi fixada no mínimo legal. Na segunda fase, embora tenha sido reconhecida 
a presença da atenuante da confissão, o magistrado, corretamente, não operou qualquer redução. - No que tange a 
fixação da pena aquém do mínimo legal, considerando a presença da atenuante da confissão, a matéria não enseja 
mais discussão: Anote-se: Súmula 231, TERCEIRA SEÇÃO DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA e RE 
597270 RG-QO/RS - REPERCUSSÃO GERAL POR QUEST. ORD. RECURSO EXTRAORDINÁRIO, Ministro 
CEZAR PELUSO, j. 26/03/2009. APELAÇÃO DESPROVIDA. (Apelação Crime Nº 70033127184, Segunda 
Câmara Criminal, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Marco Aurélio de Oliveira Canosa, Julgado em 13/09/2012) 
Data de Julgamento: 13/09/2012 
Publicação: Diário da Justiça do dia 17/10/2012 
 
Como visto acima o caso já julgado é um ato típico de erro de proibição, 
pois o agente cometeu um ato ilícito que é o transporte e arma de fogo, por 
mais que ele tivesse o registro da arma ele não portava o porte para transporte 
da arma, “Ao final, o digno Juiz de Direito julgou procedente a denúncia e 
condenou o réu a cumprir a pena de dois anos de reclusão, em regime inicial 
aberto, e a pagar dez dias multa”. Inconformado com a decisão de primeiro grau 
o acusado interpõe recurso de apelação alegando o instituto de erro de 
proibição e ainda vem buscar a redução de pena com fulcro no art. 21 do 
código penal vigente, ainda que confesso o ato, o magistrado entendeu ser 
inaplicado o instituto do erro de proibição uma vez que o erro de proibição não 
pode ser confundido nem mesmo comparado com o desconhecimento da lei. 
Restando então a pena mantida e não ensejada de redução. 
3. Exigibilidade de conduta diversa 
A exigibilidade de conduta diversa, como causa de exclusão da 
culpabilidade, funda-se no princípio de que só podem ser punidas as condutas 
que poderiam ser evitadas. 
No caso, a inevitabilidade não tem a força de excluir a vontade do 
agente, mas certamente a contagia de modo a tornar inaceitável qualquer 
censura ao agente. 
Trata-se de um elemento componente da culpabilidade fundado no 
principio de que devem ser punidas as condutas que poderiam ser evitadas. 
Assim, se no caso concreto era inexigível a conduta diversa por parte do 
agente, fica excluída a sua culpabilidade que vem isentando-o de pena. 
Como bem diz Fernando Capez, “a inevitabilidade não tem a força de 
excluir a vontade, que subsiste como força propulsora da conduta, mas 
certamente a vicia, de modo a tornar incabível qualquer censura ao agente”. 
Dentre os meios de exclusão da culpabilidade por exigibilidade de 
conduta diversa Maximillianus Cláudio aposta na avaliação que deve ser feita 
em “função de acusado concreto diante de circunstâncias concretas, com base 
nos padrões sociais”. 
O caso jurisprudenciallançado abaixo frisa um caso aparente de roubo, 
o qual o agente criminoso abordou a vitima em via pública e subtraiu para si 
quanta em dinheiro e documentos pessoais ainda o agredindo fisicamente com 
um soco na cabeça, agressão que levou a vitima a cair desmaiada no solo, o 
agente aproveitando-se a situação subtraiu para si o valor e documentos da 
vítima que permaneceu desmaiada e o individuo abriu em fuga. No caso o 
agente criminoso foi condenado inicialmente com base no art. 157, §2º, inciso I 
do código penal vigente, pena privativa de liberdade de 5 anos e 8 meses de 
reclusão em razão da culpabilidade e dos antecedentes ainda aumentada em 
1\3 pelo emprego de arma de fogo. 
Uma vez que, a arma mencionada pela vitima que o agente possuía 
não fora aprendida. 
A defesa interpõe recurso de apelação à decisão primordial alegando 
que o depoimento da vitima não deve ser levado em consideração uma vez 
que estaria alcoolizada no ato do delito, portanto com sua capacidade de 
compreensão e de discernimento dos fatos diminuída, assim requerendo a 
diminuição da pena para roubo simples e que seja afastada a majorante de 
emprego de arma de fogo com vistas que não foi aprendido armamento 
nenhum com o agente. 
Da decisão do recurso interposto, “mantida a decisão condenatória, 
importa a desclassificação do crime descrito na denúncia para o de roubo simples, 
afastada a circunstância majorante pertinente ao emprego de arma de fogo”. 
Ao contrario do que pretendia o acusado, que em suas alegações em 
sede recursal afirmava que pelo fato da vitima estar alcoolizada ela estaria com 
falsa compreensão dos fatos e que se a mesma não estivesse sob o efeito de 
bebida alcoólica poderia ter sido evitado o sinistro. Por fim o magistrado 
entende que “importa valorar a culpabilidade, in casu, como neutra, pois, traduzida, 
aqui, como juízo de reprovação social, não extrapola a que é própria da espécie. O réu 
não registra antecedentes, ao menos conforme a orientação da Súmula n. 444 do 
STJ. Inexistem elementos para aferir a conduta social ou a personalidade do 
agente. As circunstâncias do delito não auferem relevância; os motivos são ínsitos 
ao tipo, consistindo na busca pelo lucro fácil. As consequências são ordinárias. Por 
fim, o comportamento da vítima não contribuiu ao delito”. 
 2. Número: 70051761872 Inteiro Teor: doc html Tribunal: Tribunal de Justiça do RS Seção: CRIME 
Tipo de Processo: Apelação Crime Órgão Julgador: Sexta Câmara Criminal Decisão: Acórdão 
Relator: Bernadete Coutinho Friedrich Comarca de Origem: Comarca de Bagé 
Ementa: APELAÇÃO. CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO. ROUBO. 1. Materialidade e autoria quanto à 
subtração e à grave ameaça demonstradas pelos elementos probatórios coligidos, bem como pelo depoimento da 
vítima, que narrou de forma firme o coerente o ocorrido. De outro lado, a vítima não afirmou, espontaneamente, o 
emprego de arma de fogo, tendo sua resposta sido induzida pela acusação, importando, pois, o afastamento da 
majorante prevista no art. 157, §2º, inciso I, do CP. 2. Dosimetria da pena. Basilar estabelecida no mínimo legal de 
quatro (04) anos, tornada definitiva em razão da ausência de outras causas modificadoras nas fases subsequentes, a 
ser cumprida em regime inicial aberto. Valoração como neutra ou presumidamente favorável da culpabilidade, que na 
primeira fase da dosimetria da pena despe-se de seus elementos específicos (imputabilidade, potencial consciência da 
ilicitude e exigibilidade de conduta diversa), traduzindo-se como juízo de reprovação social, que não extrapola a 
que é própria da espécie. Antecedentes valorados como neutros, considerando a orientação da Súmula n. 444 do STJ. 
3. Prescrição retroativa operada, decretada de ofício, considerado o transcurso de um período de tempo superior a oito 
anos entre o fato delituoso e o recebimento da denúncia. Delito praticado antes da entrada em vigor da Lei n. 
12234/10. Punibilidade extinta para todos os efeitos legais. APELO PROVIDO, COM DISPOSIÇÃO DE OFÍCIO. 
(Apelação Crime Nº 70051761872, Sexta Câmara Criminal, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Bernadete Coutinho 
Friedrich, Julgado em 14/11/2013) 
Data de Julgamento: 14/11/2013 
3.1 Inexigibilidade de conduta diversa 
A inexigibilidade de conduta diversa é perfeitamente aceitável, nos 
crimes culposos como uma excludente da culpabilidade. Bitencourt exemplifica 
que “quando um indivíduo, por exemplo, realiza uma conduta sem observar os 
cuidados devidos, quando, no caso concreto, apresentava-se impraticável ou 
de difícil observância, ou, em outros termos, era inexigível outra conduta, não 
pode ser censurável por eventual resultado danoso que, involuntariamente, 
produzir”. 
No nosso código penal vem previsto, duas situações que excluem a 
culpabilidade em razão da inexigibilidade de conduta diversa, as que 
são causas legais que excluem a culpabilidade a coação irresistível 
e a obediência hierárquica (art. 22), a presença destas excludentes 
importa na absolvição do agente, o qual será declarado pelo juiz 
“isento de pena”. 
3.2 Obediência Hierárquica: 
Quando existem ordens de superiores hierárquicos, ou seja, quando 
um funcionário de categoria superior determina a um subordinado que faça 
algo em termos de ação ou omissão. Se a ordem é determinada por lei, não 
existe crime neste ato, por estar o agente no estrito cumprimento de um dever 
legal. Sendo ela ilegal, duas situações ainda podem vir a ocorrer como a ordem 
for manifestante ilegal, de ilegalidade que facilmente perceptível quanto ao seu 
teor, assim ambos responderão pelo crime ou se a ordem não for com o senso 
médio assim vindo excluir a culpabilidade do subordinado, ele então 
respondendo pelo crime apenas o superior hierárquico. 
Como diz Victor Eduardo Rio Gonçalves, “a obediência hierárquica a 
que a lei se refere é aquela decorrente de relações de direito público, ou seja, a 
obediência hierárquica de um funcionário público a uma ordem proferida por 
outro funcionário que, na hierarquia administrativa é seu superior”. 
A exclusão da culpabilidade somente fica presente quando o 
subordinado acata a obediência à ordem emanada do superior. Assim, se a 
orientação era lícita, e o subordinado se excede vindo a cometer um crime, 
apenas ele que responder pelo ato praticado ilicitamente. 
Cezar Roberto Bitencourt divide a obediência hierárquica no código 
penal comentado, 2012 em: 
3.2.1 Ordem não manifestamente ilegal 
“Em virtude dessa subordinação hierárquica, o subordinado cumpre 
ordem do superior, desde que essa ordem não seja manifestamente 
ilegal, podendo, no entanto, ser apenas ilegal. Porque, se a ordem 
for legal, o problema deixa de ser de culpabilidade, podendo 
caracterizar causa de exclusão de ilicitude”. 
3.2.2 Cumprir ordem ilegal: exclui culpabilidade 
“A ordem pode ser ilegal, mas não manifestamente ilegal, não 
flagrantemente ilegal. Quando a ordem for ilegal, mas não 
manifestamente, o subordinado que a cumpre não agirá com 
culpabilidade, por ter avaliado incorretamente a ordem recebida, 
incorrendo numa espécie de erro de proibição.” 
3.2.3 Cumprimento de ordem legal: não há ilicitude 
“Se o agente cumprir ordem legal de superior hierárquico, estará no 
exercício de estrito cumprimento de dever legal. O cumprimento de 
ordem legal não apresenta nenhuma conotação de ilicitude, ainda 
que configure alguma conduta típica; ao contrário, caracteriza a sua 
exclusão (art. 23)’. 
3.2.4 Ordem manifestamente ilegal: ambos respondem 
“Quando cumprida ordem manifestamente ilegal, tanto o superior 
hierárquico quanto o subordinado são puníveis. O subordinado não 
tem a obrigação de cumprir ordens ilegais. Tem a obrigação de 
cumprir ordens inconvenientes, inoportunas,mas não ilegais. Não 
tem o direito, como subordinado, de discutir a oportunidade ou 
conveniência de uma ordem. Mas a ilegalidade, mais que o direito, 
tem o dever de apontá-la, e negar-se a cumprir ordem 
manifestamente ilegal”. 
3.2.5 Funcionário civil: conveniência e oportunidade 
“O funcionário civil não discute a oportunidade ou conveniência, mas 
discute a legalidade. Uma ordem pode ser ilegal porque não obedece 
à forma estabelecida em lei. Basta isso e já será ilegal. O funcionário 
civil, subalterno, não é obrigado a cumprir ordem ilegal. Ademais, se 
representar qualquer prejuízo a terceiro, será tão responsável quanto 
o superior.” 
3. Número: 70049311053 Inteiro Teor: doc html 
Tribunal: Tribunal 
de Justiça do RS 
Seção: CRIME 
Tipo de Processo: Apelação Crime 
Órgão 
Julgador: Terceira 
Câmara Criminal 
Decisão: Acórdão 
Relator: Jayme Weingartner Neto Comarca de Origem: Comarca de Sobradinho 
Ementa: APELAÇÃO CRIMINAL. HOMICÍDIO CULPOSO NA DIREÇÃO DE VEÍCULO AUTOMOTOR. 
EXCLUDENTE DA CULPABILIDADE DE OBEDIÊNCIA HIERÁRQUICA NÃO CONFIGURADA. Réu suscita 
que estava obedecendo à ordem de seu superior hierárquico no momento do acidente. Excludente, no entanto, que 
não se sustenta na esfera do direito privado, tendo em vista que apenas a hierarquia no setor público pode implicar 
graves consequências ao subordinado. No caso, ainda, o réu não tinha carteira de habilitação, tampouco permissão 
para dirigir um veículo (trator). Foi, então, imprudente, na medida em que concordou que a vítima permanecesse 
sentada no para-lamas do trator, e negligente, por não observar os mínimos deveres objetivos de cuidado. FIXAÇÃO 
DA PENA. PRINCÍPIO DA LEGALIDADE. O artigo 302 do Código de Trânsito Brasileiro prevê pena de detenção 
e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor. Incorreu em 
equívoco o juízo a quo ao aplicar a espécie reclusão à sanção cominada ao réu e, também, ao cumular pena de multa 
às sanções já impostas, em uma clara ofensa ao princípio da legalidade. Nesse caso, portanto, altera-se, de ofício, a 
pena, substituindo a reclusão por detenção e excluindo a multa das cominações impostas. RECURSO IMPROVIDO. 
PENA ALTERADA DE OFÍCIO. (Apelação Crime Nº 70049311053, Terceira Câmara Criminal, Tribunal de Justiça 
do RS, Relator: Jayme Weingartner Neto, Julgado em 22/11/2012) 
Data de Julgamento: 22/11/2012 
Publicação: Diário da Justiça do dia 06/12/2012 
 
O caso mencionado supra, trata de um homicídio culposo na direção 
de veiculo automotor qual foi “aplicada a pena de 02 (dois) anos e 08 (oito) meses 
de reclusão, em regime inicial aberto, a pena de proibição de obter a permissão ou a 
habilitação para dirigir veículo automotor, pelo período de 01 (um) ano, e a pena 
pecuniária de 10 (dez) dias-multa, à razão de 1/30 do salário mínimo vigente à época”. 
Não aceitando o réu requer reforma da decisão “sustenta que cometeu o delito em 
razão de estar cumprindo ordens da própria vítima”. O recurso do réu não é 
prospero ainda que o fato de estar cumprindo ordens de seu superior 
hierárquico estar devidamente comprovado em provas periciais e documental. 
(...) 
“Com efeito, dispõe o artigo 22 do Código Penal que “se o fato é 
cometido sob coação irresistível ou em estrita obediência a ordem, 
não manifestamente ilegal, de superior hierárquico, só é punível o 
autor da coação ou da ordem”. Nesse caso, sabe-se que o autor da 
ordem foi a própria vítima do acidente. Contudo, impõe-se analisar o 
dispositivo legal sob dois aspectos, quais sejam, a legalidade do fato 
e a esfera em que deve ser aplicado.” 
(...) 
Em fundamento a decisão do não apreço ao recurso interposto pelo réu 
o magistrado salienta que “só existe relação de subordinação hierárquica entre 
mandante e executor no âmbito do direito público, não havendo possibilidade de 
ingerência dessa excludente em relação de direito privado, como no caso em apreço”. 
A pena imposta ao réu é mantida nos fundamentos supramencionados ainda 
que com os elementos de atenuantes da pena. 
 
Veja-se decisão colacionada. 
 
(...) 
No caso, a pena-base restou definida em seu grau mínimo, haja vista 
a inexistência de circunstâncias majorantes negativas. A pena foi 
atenuada em virtude da confissão espontânea. Houve uma causa de 
aumento (1/3) em razão do disposto no inciso I do parágrafo único do 
artigo 302 do CTB, totalizando a pena 02 (dois) anos e 08 (oito) 
meses de reclusão, em regime inicial aberto. 
(...) 
 
Não foram acatados os argumentos do réu uma vez que, não fora 
caracterizado caso de coação irresistível – obediência hierárquica, pois no 
depoimento das testemunhas não ficou claro que em caso de ausência do 
superior elencado pelo réu quem assumiria o “comando” das terras. Restou o 
réu condenado alterara a pena, para excluir a multa da sanção imposta e fixar 
a detenção como espécie da pena privativa de liberdade a cumprir. 
 
3.2 Coação moral irresistível 
A coação moral é quando há o constrangimento a alguém para que 
faça ou deixe de fazer alguma coisa, e está coação vem junto com o emprego 
de grave ameaça e por ela ser irresistível ela é um crime, pois fica com 
resquícios de vontade, mas mesmo assim o agente é culpável, ou o agente 
receptível se por acaso houver crime e o agente é culpável, ele adquire o 
direito de uma atenuante de pena genérica. 
A coação moral irresistível pode ainda vir a ser um caso de que o 
agente não poderia ter evitado, nesta hipótese há um crime, pois é evidente 
que ocorreu um pouco de vontade por parte do agente “coagido”, mas como 
conforta o art. 22, 1ª parte, do código penal neste caso há a exclusão da 
culpabilidade. Juntamente com a grave ameaça é o anúncio de um mal ao 
coagido Victor Eduardo Rios Gonçalves diz que o “coagido conserva sua 
liberdade de ação sob o aspecto físico, mas permanece psiquicamente 
vinculado em face da ameaça recebida”, neste caso o coautor é quem irá 
responder pelo crime praticado pelo coagido. 
Para o autor Cezar Roberto Bitencourt, a coação moral irresistível, 
também se trata de um fator excludente da culpabilidade, devendo ser 
diferenciada nos casos de vis absoluta – em que há ausência de ação – e nos 
casos de estado de necessidade coativo. Nela o executor da ação é 
considerado apenas um instrumento mecânico de realização da vontade do 
coator, o qual classifica como autor mediato. Traz a exemplo a situação de um 
sujeito que é compelido a agir de forma criminosa, mediante à grave ameaça, 
em que a culpabilidade atribuída ao autor mediato, que foi o indivíduo coator. 
Aduz que a irresistibilidade da coação deve ser medida pela gravidade do mal 
ameaçado, analisando a relação de natureza do mal com o poder do coator, 
independendo da vontade deste em produzi-lo 
Como também diz Bitencourt, Quem, nesta situação, executa um fato 
criminoso não é considerado culpável, porque sua vontade não pode 
determinar-se livremente. 
1. Número: 70055318901 Inteiro Teor: doc html 
Tribunal: Tribunal 
de Justiça do RS 
Seção: CRIME 
Tipo de Processo: Apelação Crime 
Órgão 
Julgador: Primeira 
Câmara Criminal 
Decisão: Acórdão 
Relator: Julio Cesar Finger Comarca de Origem: Comarca de Porto Alegre 
Ementa: APELAÇÃO CRIMINAL. TRÁFICO DE DROGAS. ART. 33, §4º, DA LEI 11.343/06. PRELIMINAR DE 
NULIDADE POR INOBSERVÂNCIA DO DISPOSTO NOS ARTIGOS 212 E 400, AMBOS DO CPP 
REJEITADA. PROVAS DA AUTORIA E DA MATERIALIDADE. COAÇÃO MORAL IRRESISTIVEL E 
INEXIGIBILIDADE DE CONDUTA DIVERSA INEXISTENTES. DESCLASSIFICAÇÃO PARA O DELITO DE 
POSSE DE DROGA PARA CONSUMO PESSOAL AFASTADA. DESCLASSIFICAÇÃO PARA O ART. 33, §3º, 
DA LEI DE DROGAS AFASTADA. SÚMULA 231 DO STJ. EXCLUSÃO DA PENA DE MULTA APLICADA 
EM SUBSTITUIÇÃO DA PENA CORPORAL. INVIABILIDADE.PEDIDO DE ISENÇÃO DA MULTA 
NEGADO. 1. A ré foi condenada pela prática do crime previsto no art. 33, §4º, c/c art. 40, III, ambos da Lei 
11.343/06 à pena de 01 ano, 11 meses e 10 dias de reclusão, em regime inicial aberto, mais pagamento de 194,44 
dias-multa à razão de 1/30 do salário mínimo. A pena corporal foi substituída por uma restritiva de direitos, consiste 
em prestação de serviço à comunidade, e multa. Em recurso, a defesa alega, preliminarmente, a nulidade do feito por 
violação ao art. 212 e ao art. 400, ambos do CPP. No mérito, sustenta que foi ameaçada pelo namorado, sendo 
compelida a levar a droga para dentro do presídio. Aduz, ainda, que não foi visto nenhum ato de mercancia. Em vista 
disso, requer a absolvição. Alternativamente, requer a desclassificação para o previsto no tipo do art. 28, ou, ainda, do 
art. 33, §3º, ambos da Lei 11.343/06, a aplicação da atenuante da confissão, a isenção ou suspensão da pena de multa 
presente no tipo penal e a exclusão da multa aplicada em substituição à pena corporal, tendo em vista condição de 
pobreza do apelante. 2. Inquirição iniciada pelo juiz configura nulidade relativa, dependendo de argüição e 
demonstração de prejuízo. Prejuízo não demonstrado. Precedentes. 3. A oitiva da acusada obedece ao procedimento 
previsto na Lei de Drogas, que se sobrepõe àquele do CPP, no que conflitar. Preliminares rejeitadas. 4. Pelas provas 
juntadas aos autos, não houve dúvida que a acusada levou droga para o interior da Casa Prisional, buscando entregá-
la ao namorado, incidindo no tipo do art. 33 c/c art. 40, III, da Lei 11.343/06. Diante da análise do art. 22 do CP não 
se verifica coação moralirresistível, em que pese as alegadas ameaças. A ameaça é resistível. 5. Inviável a 
desclassificação para o art. 33, §3º, da Lei 11.343/06, porquanto não restou nem minimamente demonstrado que a ré 
adentrou com a droga no sistema prisional para consumir a totalidade da droga junto com seu namorado. 6. Na esteira 
do entendimento do STJ, a exemplo da Súmula 231, a pena provisória não pode ficar aquém do mínimo legal. A 
sentença reconheceu a presença da atenuante da confissão, mas, acertadamente, manteve a pena no mínimo legal. 7. 
A pena de multa atende ao binômio prevenção/repreensão. Não há prova que a multa definida em substituição à pena 
privativa de liberdade não possa ser cumprida pela acusada, tendo sido fixado o valor unitário do dia-multa com base 
em suas condições econômicas, e tampouco daquela que se mostra mais adequada. Eventual impossibilidade de 
pagamento e necessidade de substituição deve ser demonstrada frente ao Juízo da Execução. APELAÇÃO NÃO 
PROVIDA. (Apelação Crime Nº 70055318901, Primeira Câmara Criminal, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Julio 
Cesar Finger, Julgado em 06/11/2013) Data de Julgamento: 06/11/2013 
 
No caso jurisprudencial exemplificado acima, é um caso de trafico de 
drogas onde a ré foi condenada com base no “art. 33, §4º, c/c art. 40, III, ambos 
da Lei 11.343/06, à pena de 01 ano, 11 meses e 10 dias de reclusão, em regime inicial 
aberto, mais pagamento de 194,44 dias-multa à razão de 1/30 do salário mínimo. A 
pena corporal foi substituída por uma restritiva de direitos, consiste em prestação de 
serviço à comunidade, e multa, no mesmo valor acima fixado”. 
Em sede de apelação a ré alimenta que foi ameaçada pelo namorado, 
sendo forçada a levar a droga para dentro do presídio (caso aparente de 
coação moral irresistível). Informa, ainda, que não foi visto nenhum ato de 
venda de drogas. Com base nestes argumentos, requer a absolvição. 
Em análise do recurso interposto pela ré o magistrado fundamenta que 
“Dessa forma, observo que, ainda que admitida a presença de coação moral 
consubstanciada na chantagem dirigida à apelante, considerada como existente aqui 
apenas a título de argumentação, fica difícil de sustentar a tese de que ela era 
irresistível. É pouco crível que essa pretensa coação era inevitável e insuperável, pois, 
ainda que pudesse ser movida pelo temor, as chantagens poderiam ser evitadas com 
a ajuda do Estado. De qualquer modo, a crença na inefetividade da proteção estatal 
em face da criminalidade é tão putativa quanto a coação relatada”. E com base nos 
argumentos supra é negado o rovimento do recurso interposto à ré. 
Referencial bibliográfico 
 CAPEZ, Fernando. Curso de direito penal. 17. Ed. São Paulo, Saraiva, 
2013 
 
 MATOS, João Carvalho de. Pratica e Teoria do Direito Pena & 
Processual. 9. Ed volume 1, Leme-São Paulo, Mundo Jurídico, 2011 
 
 
 GONÇALVES, Victor Eduardo Rios. Direito Penal: Parte Geral. 13. Ed. 
São Paulo, Saraiva, 2007 
 
 BITENCOURT, Rogério. Código penal comentado. 7. Ed. São Paulo, 
Saraiva, 2012 
 
 
 FÜHRER, Maximilianus Cláudio Américo; FÜHRER, Maximiliano 
Roberto Ernesto. Resumo de direito penal. 26. Ed. São Paulo, 
Malheiros Editores, 2006 
 
 http://www.tjrs.jus.br/busca/?tb=jurisnova&partialfields=tribunal%3ATribunal%2520d
e%2520Justi%25C3%25A7a%2520do%2520RS.(TipoDecisao%3Aac%25C3%25B3rd%25
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mentario.

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