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Trabalho Avaliativo Direito Penal I Professor Sandro Meinerz Acadêmicos: Aline Langendolff, Cleidson Freitas, Mathias Germano e Pedro Amaral Pippi Temas a serem abordados: 1º Culpabilidade 2º Potencial, consciência da ilicitude. 3º Inexigibilidade de conduta diversa 1. Culpabilidade O conceito básico da culpabilidade foi modificado através do passar do tempo e dentre os diversos conceitos adotados por vários doutrinadores de direito Maximillianus Cláudio Américo Führer e Maxililiano Roberto Ernesto Führer em sua obra “Resumo de Direito Penal (parte geral)” destacam três teorias aplicáveis à culpabilidade, sendo elas a teoria psicológica que trata da relação psíquica do agente com relação ao fato, ou na forma de dolo ou na forma de culpa, tratando assim duas formas de culpabilidade, os autores trazem também a teoria psicológico-normativa que ao ponto lançado por eles o dolo e a culpa passam a serem elementos próprios e acrescenta ainda a censurabilidade ou reprovabilidade que vai consistir em um juízo de reprovação da conduta que traz como elemento a imputabilidade assim deixando de ser elemento integrante da culpabilidade o dolo e a culpa por fim teoria normativa pura que é quando “o dolo e a culpa migram da culpabilidade para o tipo, através da conduta”, assim a culpabilidade passa a ser um elemento vazio e passa a ter apenas a censurabilidade cujo o requisito é a imputabilidade, “a consciência potencia da ilicitude e a exigibilidade de conduta diversa”. Conforme a teoria finalista da ação, a culpabilidade não é elemento do crime. É a possibilidade de admitir culpado o autor de um fato típico e ilícito; é uma hipótese para a imposição da pena. Assim frisa Fernando Capez que define a culpabilidade como “juízo de censurabilidade e reprovação exercido por alguém que praticou um fato típico e ilícito”. Integram a culpabilidade a imputabilidade, a potencial consciência da ilicitude e a exigibilidade de conduta diversa. Na falta de qualquer um desses elementos, o fato não deixa de ser típico, mas retira a culpa do agente. Como bem podemos notar a culpabilidade é a relação psíquica do agente com o fato, na forma de dolo ou de culpa. A culpabilidade, portanto, confunde-se com dolo e a culpa, sendo pressupostos destes a imputabilidade e a exigibilidade de conduta diversa. Nunca podemos nos referir que o dolo e a culpa são espécies de culpabilidade, mas sim são apenas elementos integrantes dela, ao lado da imputabilidade, da consciência da ilicitude e da exigibilidade de conduta diversa. Sem esses elementos a conduta não é considerada reprovável e, assim, não ocorre o crime. Esta teoria, hoje é adotada por nossa legislação penal. Com base no que supra escrito o dolo e a culpa migram da culpabilidade para a conduta (primeiro elemento do fato típico), e com isto o conteúdo da culpabilidade fica, portanto, esgotado com a retirada do dolo e da culpa, passando a constituir mero juízo de reprovação ao autor da infração. Não se pode chamar a culpabilidade de elemento do crime, pois ela é apenas um pressuposto utilizado para a imposição da pena. Segundo Capez a culpabilidade jamais poderá ser considerada elemento do crime, pois não se pode afastar o dolo e a culpa do agente nem mesmo a ilicitude do fato. Com isso podemos compreender que a culpabilidade não é requisito do crime, mas simplesmente um pressuposto da aplicação da pena, possuindo os seguintes elementos: 1.1 Inimputabilidade por doença mental Em regra todos são imputáveis mas conforme nosso art. 26 caput, do Código penal, adotado o critério biopsicológico, estabelece que: Art. 26 - É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) A doença mental abrange a demência, psicose, maníaco-depressivos, perturbação de qualquer ordem, como psicose, esquizofrenia, loucura, paranoia, psiquicopatia, epilepsia, onde ocorra total dependência patológica que possa a vir a gerar uma interdição civil, que por muitas vez não é gerada. Dentre as maneiras da imputabilidade por doença mental também se encontram: 1.1.1 Inimputabilidade por desenvolvimento mental incompleto Conhecido pelo desenvolvimento em que ainda não se concluiu como exemplo os menores de 18 anos ou até mesmo os silvícolas inadaptados na sociedade. Frisa João Carvalho de Matos em sua obra pratica e teoria do direito penal & Processo penal: que quando for menor de dezoito nos o considerado inimputável, estes serão regidos pela legislação competente no caso em tela o estatuto da criança e do adolescente – ECA lei n. 6.069, de 13 de julho de 1990. 1.1.2 Imputabilidade por desenvolvimento retardado São os casos oligofrênicos, que são classificados como débis mentais; imbecis e idiotas; esses por sua vez são dotados de reduzidíssima capacidade de entendimento e de autodeterminação. Conforme as palavras de Victor Eduardo Rios Gonçalves em sinopses jurídicas “quando o agente ao tempo da ação ou omissão, estava parcialmente privado de sua capacidade de entender o caráter ilícito do fato”, é determinado uma redução de pena de 1\3 a 2\3 nestes casos os agentes são considerados “semi-imputaveis, pois perdem apenas parcialmente a capacidade de entendimento e de autodeterminação”. 1.1.3 Inimputabilidade por embriaguez É considerado embriaguez quando ocorrer a intoxicação aguda e transitória que são causadas pelo álcool ou por substâncias análogos, cujo as consequências são ligeira excitação e em muitos casos pode ser levado a um estado mais agravado como paralisia e coma. A embriaguez para Fernando Capez é uma causa capaz de levar a exclusão da capacidade mental de entendimento momentâneo e da vontade do agente que pratica ato ilícito sob o efeito do álcool o doutrinador diz mais ainda, coloca fases que são presentes no estado de embriaguez tal como: excitação que é o estado inicial provocado pela ingestão do entorpecente ou bebida alcoólica denominada “fase do macaco”; depressão que é quando vem a confusão mental, a irritabilidade deixando o agente mais agressivo, ainda denomina a fase como “fase do leão” e por ultimo a fase do sono que é em casos de grandes ingestões que o agente adquire dormência profunda. Além das diversas caraterísticas apresentadas encontram-se ainda algumas espécies de embriagues que podem ser levadas em consideração para ser excludentes de ilicitude, assim veja-se 1.1.3.1 Embriaguez acidental: são nos casos fortuitos ou de força maior. Quando completa a situação do agente acaba por excluir a imputabilidade, e se incompleta não exclui pode permitir uma diminuição de pena podendo vir a ser de um terço a dois terços. Fernando Capez ainda exemplifica “alguém tropeça e cai de cabeça em um tonel de vinho, embriagando- se”. 1.1.3.2 Embriaguez patológica: caracterizada por excitação extrema, comportamento agressivo e violento e, frequentemente, ideias de perseguição, após consumo de quantidade relativamente pequena de álcool. Essa por sua vez é uma excludente de imputabilidade porque ela é comparada à doença mental. 1.1.3.3 Embriaguez não acidental (dolosa, voluntária ou incidental) é quando o agente ingere as substâncias alcoólicas ou de substancias analógicas com a devida intenção de embriagar-se assim sendo uma embriagues dolosa, porém quando o agente ingerir a substancia sem intenção de embriagar-se mas porém isso venha a ocorrer ai a alteração psíquicanão ira decorrer de um comportamento doloso, mas sim de um comportamento culposo. A embriaguez pode ser também na forma completa ou parcial. Fernando Capez em sua obra complementa dizendo que o indivíduo não pode ser considerado crime a execução não prevista pelo agente. No caso jurisprudencial abaixo é exposto um crime o qual os argumentos de defesa são a insanidade mental do agente criminoso, neste caso em especifico se trata de furto e a ré é condenada a “cumprir medida de segurança (tratamento ambulatorial), pelo prazo máximo de 02 (dois) anos, a ser cumprida em local indicado pelo juízo da execução, devendo ser liberada ao final deste prazo ou a qualquer tempo, se cessada a enfermidade mental”. Irresignada interpõe apelação qual é mantida a decisão de primeira instância “Nessa perspectiva, de se manter a medida de segurança aplicada pelo juízo da primeira instância, motivo pelo qual vai afastada a pretensão defensiva”. 5. Número: 70050601442 Inteiro Teor: doc html Tribunal: Tribunal de Justiça do RS Seção: CRIME Tipo de Processo: Apelação Crime Órgão Julgador: Sétima Câmara Criminal Decisão: Acórdão Relator: Laura Louzada Jaccottet Comarca de Origem: Comarca de Caxias do Sul Ementa: APELAÇÃO CRIMINAL. CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO. APROPRIAÇÃO INDÉBITA. ABSOLVIÇÃO IMPRÓPRIA. MEDIDA DE SEGURANÇA MANTIDA. AUTORIA. Hipótese em que a integralidade da prova colhida demonstrou o cometimento do ilícito pela ré. Argumentos de que não teve intenção de lesar que não afastam certeza da materialidade e autoria. Ademais, as declarações do ofendido são idôneas a possibilitar a formação de convicção, porquanto a regra é presumir que jamais iria imputar o crime a um inocente..MEDIDA DE SEGURANÇA. TRATAMENTO AMBULATORIAL. Configurada a inimputabilidade da ré por enfermidade mental, impõe-se a incidência do art. 97, parágrafo 1º, do Código Penal. A decisão recorrida limitou o tratamento ambulatorial em no mínimo 1(um) e no máximo 2(dois) anos. Consigna-se, o espírito do legislador, na espécie, foi justamente retirar do Julgador - pela inaptidão técnica - a responsabilidade de aferir o lapso necessário ao tratamento de um doente. Todavia, correntes jurisprudenciais, como a esposada pelo juízo a quo, vêm entendendo em igualar o raciocínio que se faz em relação à pena privativa de liberdade, relevando no tratamento imposto praticamente um traço de castigo, o que se queda equivocado. Sentença mantida para não incorrer em reformatio in pejus. NEGARAM PROVIMENTO AO RECURSO. UNÂNIME. (Apelação Crime Nº 70050601442, Sétima Câmara Criminal, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Laura Louzada Jaccottet, Julgado em 29/11/2012) 1.2 Inimputabilidade por critério etário Como bem exposto nos arts. 27 do Código penal e 228 da Constituição Federal brasileira os menos de 18 anos são inimputáveis, ficando sujeitos às normas estabelecidas na legislação especial. Com base em estatísticas de muitos menos infratores adotou-se, portanto, o critério biológico, que presume, de forma absoluta, ser menor de 18 anos inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato e de determinar- se de acordo com esse entendimento. A menoridade cessa no primeiro instante do dia em que o agente completar 18 anos, ou seja, se o crime, ato infrato “criminoso” ocorreu na data de seu 18º aniversário, o agente já é imputável e responderá pelo crime. A legislação especial que regulamenta as medidas socioeducativas a serem aplicadas aos menores inimputáveis, estatuto este ECA-Estatuto da Criança e do Adolescente em sua Lei. Nº 8.069/90 que prevê o emprego de medidas socioeducativas aos adolescentes maiores de 12 anos e menores de 18 anos. Estes devem estar conscientes em advertência, obrigação de reparar o dano, em forma de prestação de serviços a comunidade, liberdade assistida, semiliberdade ou até mesmo a interdição, e a aplicação de medidas de proteção às crianças menores de 12 anos de idade que venham a praticar fatos considerados como uma infração penal. Victor Eduardo Rios Gonçalves em sinopses jurídicas aponta a legislação regulamentadora ECA como fonte de medida socioeducativa ao menor infrator, complementando ainda Maximillianus Cláudio frisa que a para perder a menoridade o individuo deve possuir menos de 18 anos, e se o mesmo cometer ato ilícito na data de seu 18º aniversário independente da hora de nascimento ele já passara a responder pelos meios penais assim sofrendo uma pena de punição e não mias medida socioeducativa como prevê o ECA. Segundo Cezar Roberto Bitencourt em sua obra Tratado de Direito penal – Parte Geral. Imputabilidade é a capacidade de culpabilidade, a aptidão para ser culpável. Para o menor de idade, o critério biológico, isoladamente, esgota o conceito de inimputabilidade, pois, por presunção constitucional, o menor de dezoito anos é incapaz de culpabilidade, ou, como antes era dito, irresponsável penalmente. Isso não significa que o menor de dezoito anos não seja responsabilizado de alguma forma pela infração cometida. A atribuição de responsabilidade pela prática de um ato infracional deve estar, igualmente, lastreada com base no juízo sobre a capacidade de entendimento e de autodeterminação do adolescente, caso não esteja, o estado estará sendo muito mais severo com o menor de idade do que um adulto plenamente capaz, impondo-lhe, inclusive, responsabilidade penal objetiva. Como exemplo ao narrado, segue em anexo jurisprudencial relatando caso de um menor infrator que praticou o crime de homicídio simples com base no art. 121, §1º inciso II do código penal vigente, foi aplicado ao menor infrator medida socioeducativa de internação sem atividade externa. Interposto recurso da decisão primordial, o qual é dado parcial provimento ao recurso interposto dando ao menor infrator a medida socioeducativa de semiliberdade. (acordão em anexo) 2. Potencial, consciência da ilicitude Trata-se do elemento intelectual da culpabilidade, ou seja, da possibilidade de o agente conhecer o caráter ilícito da conduta. Para que se opere a exclusão, não basta que o agente ignore formalmente a lei, mas, sim, que não saiba e não possa saber que seu comportamento contraria o ordenamento jurídico. O erro de proibição afasta o potencial de conhecimento da ilicitude. Se inevitável, ela exclui o elemento culpabilidade e isenta pena do réu. Somente será evitável o erro quando se verificar ser possível o agente diante das circunstâncias, vindo a atingir a consciência da ilicitude do fato. Nesse caso, haverá uma responsabilização penal, mas a pena poderá ser diminuída de um sexta a um terço. Em seu art. 21 do Código Penal, vem estabelecido que o desconhecimento da lei é inescusável. Ainda presume-se que a lei, portanto, todos são culpáveis. Ocorre, entretanto, que no art. 21 do CP em sua §2ª parte, determina que o erro sobre a ilicitude do fato, se é inevitável, isenta de pena, e se é evitável, poderá diminui-la de 1/6 à 1/3. O erro inevitável sobre a ilicitude do fato é erro de proibição, é o que retira do agente a consciência da ilicitude e, por sequencia acaba por excluir a culpabilidade assim isentando o agente da pena. O erro de proibição não possui relação com o desconhecimento da lei. Trata-se de erro sobre a ilicitude do fato e não sobre a lei. Assim não há erro acerca do fato que é uma das características do erro de tipo, mas esse erro é sobre a ilicitude do fato. Em outras palavras, o agente conhece a lei, mas se equivoca, acabando por entender que determinada conduta não está englobada pela mesma. Há uma errada compreensão acerca do significado da norma. O agente tem perfeita compreensãodo fato, mas entende que este fato “conduta” é ilícito. Já no erro de tipo, ao contrario do supramencionado, há um erro ao próprio fato, ou seja, o agente imagina que o objeto alheio é próprio. Contudo o erro inevitável não exclui a culpabilidade, mas ele pode diminuir a pena. 2.1 Instituto do erro de proibição Trata-se da pratica de um comportamento em um momento em que ele não sabe que o ato praticado por ele é proibido. Como Maximillianus Cláudio aponta em sua obra “é a falsa convicção da ilicitude” com essa falsa compreensão da ilicitude o agente acaba por cometer o ato que é ilícito e ele julga não ser. Como o exemplo de uma conduta ilícita o caso de um indiano que vem para o Brasil e se casa aqui mesmo já sendo casado em seu país, ele em seu entendimento é permitido casar-se varias vezes e constituir varias famílias porém aqui no Brasil é crime de bigamia, como bem frisa Fernando Capez o agente tem uma “errada compreensão de uma determinada regra legal pode levar o agente a supor que certa conduta injusta que seja justa”. João Carvalho de Matos em sua obra defende o entendimento do legislador que crê que o erro de proibição nada mais é do que a ilicitude do fato, ainda vem afirmar que o erro de proibição exclui a culpabilidade, pois acredita que o agente “não pode merecer censura pelo fato que praticou, ignorando sua ilicitude, sendo inevitável, e se inevitável, é censurável e, portanto, haverá punição, muito embora que com pena diminuída em um sexto a um terço”. O erro de proibição para Fernando Capez acontece quando o indivíduo toma uma atitude tida como ilícita por lícita. Age de forma errada pensando agir corretamente. Nas palavras do próprio Capez: “no erro de proibição, o agente pensa agir plenamente de acordo com o ordenamento global, mas, na verdade, pratica um ilícito, em razão de equivocada compreensão do direito”. O sujeito pratica o ato ilícito pensando agir certo, pois, entende que o consentimento do meio o permitiria agir de tal forma, mesmo com a presunção juris et de jure (não admite prova em contrário) e portanto, no seu entendimento, agiu de forma lícita. Esse erro exclui a ilicitude, mas não retira o caráter criminoso, pois o agente deixa de saber que estava cometendo algo ilícito, injusto, errado. 4. Número: 70033127184 Inteiro Teor: doc html Tribunal: Tribunal de Justiça do RS Seção: CRIME Tipo de Processo: Apelação Crime Órgão Julgador: Segunda Câmara Criminal Decisão: Acórdão Relator: Marco Aurélio de Oliveira Canosa Comarca de Origem: Comarca de Canoas Ementa: APELAÇÃO. PORTE DE ARMA DE FOGO. INCONFORMIDADE DEFENSIVA. ERRO DE PROIBIÇÃO. APENAMENTO. - A prova da existência do fato encontra apoio nos seguintes documentos (a) "AUTO DE APREENSÃO Nº 1817"; (b) AUTO DE EXAME DE EFICÁCIA E FUNCIONAMENTO DE ARMA DE FOGO; e (c) LAUDO PERICIAL Nº 9568/2006, do Departamento de Criminalística, do Instituto Geral de Perícias. - Não há dúvida quanto a autoria. Com efeito, o acusado, ouvido na Policia e em Juízo, reconheceu que portava a arma. Em Juízo esclareceu: " (...) o Paulo de Souza ele trabalha num hotel lá, ele é recepcionista lá, e eu como faço manutenção, deu problema na água quente lá e ele me chamou, aí não tinha ninguém em casa, os meus vizinhos também não estava em casa, daí eu não quis deixar a arma, levei junto.". A confissão não restou isolada, notadamente diante dos depoimento do policial militar que efetuou a abordagem do réu. [As testemunhas arroladas pela defesa, por sua vez, abonaram a conduta do acusado. - A prova colhida, assim, autoriza a manutenção do édito condenatório. - O pedido de absolvição fundado na alegação de que o réu "em momento algum teve consciência de que estava agindo ilegalmente" não tem passagem. Com efeito, não podemos desconsiderar a intensa campanha do desarmamento, circunstância que prejudica o argumento de total desconhecimento do caráter ilícito do porte de arma de fogo. - Quanto à causa de exclusão da consciência de ilicitude [ERRO DE PROIBIÇÃO INEVITÁVEL- ART. 21, CAPUT, do CP], alegada em benefício do apelante, devemos lembrar as lições do mestre Heleno Cláudio Fragoso. - O apelante, no caso em exame, não pode ser comparado ao "rústico aldeão", no exemplo citado por Edilson Mougenot Bonfim e Fernando Capez Vale lembrar aqui, mais uma vez, da intensa campanha do desarmamento. - Precedentes da Corte. - O recorrente sequer pode alegar em seu benefício o erro de proibiçãoevitável (ou inescusável), como pretende a combativa defesa. É que, perguntado ao acusado se possuía porte, respondeu:"Não, só o registro". Resulta, daí, que tinha plena ciência sobre a distinção entre as categorias de documentação. Há, inclusive, advertência no verso do "Registro de Arma". -Inviável o acolhimento do pedido de redução da pena fundado na tese da co-culpabilidade. Precedentes desta Corte e do Superior Tribunal de Justiça. APENAMENTO - A pena-base foi fixada no mínimo legal. Na segunda fase, embora tenha sido reconhecida a presença da atenuante da confissão, o magistrado, corretamente, não operou qualquer redução. - No que tange a fixação da pena aquém do mínimo legal, considerando a presença da atenuante da confissão, a matéria não enseja mais discussão: Anote-se: Súmula 231, TERCEIRA SEÇÃO DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA e RE 597270 RG-QO/RS - REPERCUSSÃO GERAL POR QUEST. ORD. RECURSO EXTRAORDINÁRIO, Ministro CEZAR PELUSO, j. 26/03/2009. APELAÇÃO DESPROVIDA. (Apelação Crime Nº 70033127184, Segunda Câmara Criminal, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Marco Aurélio de Oliveira Canosa, Julgado em 13/09/2012) Data de Julgamento: 13/09/2012 Publicação: Diário da Justiça do dia 17/10/2012 Como visto acima o caso já julgado é um ato típico de erro de proibição, pois o agente cometeu um ato ilícito que é o transporte e arma de fogo, por mais que ele tivesse o registro da arma ele não portava o porte para transporte da arma, “Ao final, o digno Juiz de Direito julgou procedente a denúncia e condenou o réu a cumprir a pena de dois anos de reclusão, em regime inicial aberto, e a pagar dez dias multa”. Inconformado com a decisão de primeiro grau o acusado interpõe recurso de apelação alegando o instituto de erro de proibição e ainda vem buscar a redução de pena com fulcro no art. 21 do código penal vigente, ainda que confesso o ato, o magistrado entendeu ser inaplicado o instituto do erro de proibição uma vez que o erro de proibição não pode ser confundido nem mesmo comparado com o desconhecimento da lei. Restando então a pena mantida e não ensejada de redução. 3. Exigibilidade de conduta diversa A exigibilidade de conduta diversa, como causa de exclusão da culpabilidade, funda-se no princípio de que só podem ser punidas as condutas que poderiam ser evitadas. No caso, a inevitabilidade não tem a força de excluir a vontade do agente, mas certamente a contagia de modo a tornar inaceitável qualquer censura ao agente. Trata-se de um elemento componente da culpabilidade fundado no principio de que devem ser punidas as condutas que poderiam ser evitadas. Assim, se no caso concreto era inexigível a conduta diversa por parte do agente, fica excluída a sua culpabilidade que vem isentando-o de pena. Como bem diz Fernando Capez, “a inevitabilidade não tem a força de excluir a vontade, que subsiste como força propulsora da conduta, mas certamente a vicia, de modo a tornar incabível qualquer censura ao agente”. Dentre os meios de exclusão da culpabilidade por exigibilidade de conduta diversa Maximillianus Cláudio aposta na avaliação que deve ser feita em “função de acusado concreto diante de circunstâncias concretas, com base nos padrões sociais”. O caso jurisprudenciallançado abaixo frisa um caso aparente de roubo, o qual o agente criminoso abordou a vitima em via pública e subtraiu para si quanta em dinheiro e documentos pessoais ainda o agredindo fisicamente com um soco na cabeça, agressão que levou a vitima a cair desmaiada no solo, o agente aproveitando-se a situação subtraiu para si o valor e documentos da vítima que permaneceu desmaiada e o individuo abriu em fuga. No caso o agente criminoso foi condenado inicialmente com base no art. 157, §2º, inciso I do código penal vigente, pena privativa de liberdade de 5 anos e 8 meses de reclusão em razão da culpabilidade e dos antecedentes ainda aumentada em 1\3 pelo emprego de arma de fogo. Uma vez que, a arma mencionada pela vitima que o agente possuía não fora aprendida. A defesa interpõe recurso de apelação à decisão primordial alegando que o depoimento da vitima não deve ser levado em consideração uma vez que estaria alcoolizada no ato do delito, portanto com sua capacidade de compreensão e de discernimento dos fatos diminuída, assim requerendo a diminuição da pena para roubo simples e que seja afastada a majorante de emprego de arma de fogo com vistas que não foi aprendido armamento nenhum com o agente. Da decisão do recurso interposto, “mantida a decisão condenatória, importa a desclassificação do crime descrito na denúncia para o de roubo simples, afastada a circunstância majorante pertinente ao emprego de arma de fogo”. Ao contrario do que pretendia o acusado, que em suas alegações em sede recursal afirmava que pelo fato da vitima estar alcoolizada ela estaria com falsa compreensão dos fatos e que se a mesma não estivesse sob o efeito de bebida alcoólica poderia ter sido evitado o sinistro. Por fim o magistrado entende que “importa valorar a culpabilidade, in casu, como neutra, pois, traduzida, aqui, como juízo de reprovação social, não extrapola a que é própria da espécie. O réu não registra antecedentes, ao menos conforme a orientação da Súmula n. 444 do STJ. Inexistem elementos para aferir a conduta social ou a personalidade do agente. As circunstâncias do delito não auferem relevância; os motivos são ínsitos ao tipo, consistindo na busca pelo lucro fácil. As consequências são ordinárias. Por fim, o comportamento da vítima não contribuiu ao delito”. 2. Número: 70051761872 Inteiro Teor: doc html Tribunal: Tribunal de Justiça do RS Seção: CRIME Tipo de Processo: Apelação Crime Órgão Julgador: Sexta Câmara Criminal Decisão: Acórdão Relator: Bernadete Coutinho Friedrich Comarca de Origem: Comarca de Bagé Ementa: APELAÇÃO. CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO. ROUBO. 1. Materialidade e autoria quanto à subtração e à grave ameaça demonstradas pelos elementos probatórios coligidos, bem como pelo depoimento da vítima, que narrou de forma firme o coerente o ocorrido. De outro lado, a vítima não afirmou, espontaneamente, o emprego de arma de fogo, tendo sua resposta sido induzida pela acusação, importando, pois, o afastamento da majorante prevista no art. 157, §2º, inciso I, do CP. 2. Dosimetria da pena. Basilar estabelecida no mínimo legal de quatro (04) anos, tornada definitiva em razão da ausência de outras causas modificadoras nas fases subsequentes, a ser cumprida em regime inicial aberto. Valoração como neutra ou presumidamente favorável da culpabilidade, que na primeira fase da dosimetria da pena despe-se de seus elementos específicos (imputabilidade, potencial consciência da ilicitude e exigibilidade de conduta diversa), traduzindo-se como juízo de reprovação social, que não extrapola a que é própria da espécie. Antecedentes valorados como neutros, considerando a orientação da Súmula n. 444 do STJ. 3. Prescrição retroativa operada, decretada de ofício, considerado o transcurso de um período de tempo superior a oito anos entre o fato delituoso e o recebimento da denúncia. Delito praticado antes da entrada em vigor da Lei n. 12234/10. Punibilidade extinta para todos os efeitos legais. APELO PROVIDO, COM DISPOSIÇÃO DE OFÍCIO. (Apelação Crime Nº 70051761872, Sexta Câmara Criminal, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Bernadete Coutinho Friedrich, Julgado em 14/11/2013) Data de Julgamento: 14/11/2013 3.1 Inexigibilidade de conduta diversa A inexigibilidade de conduta diversa é perfeitamente aceitável, nos crimes culposos como uma excludente da culpabilidade. Bitencourt exemplifica que “quando um indivíduo, por exemplo, realiza uma conduta sem observar os cuidados devidos, quando, no caso concreto, apresentava-se impraticável ou de difícil observância, ou, em outros termos, era inexigível outra conduta, não pode ser censurável por eventual resultado danoso que, involuntariamente, produzir”. No nosso código penal vem previsto, duas situações que excluem a culpabilidade em razão da inexigibilidade de conduta diversa, as que são causas legais que excluem a culpabilidade a coação irresistível e a obediência hierárquica (art. 22), a presença destas excludentes importa na absolvição do agente, o qual será declarado pelo juiz “isento de pena”. 3.2 Obediência Hierárquica: Quando existem ordens de superiores hierárquicos, ou seja, quando um funcionário de categoria superior determina a um subordinado que faça algo em termos de ação ou omissão. Se a ordem é determinada por lei, não existe crime neste ato, por estar o agente no estrito cumprimento de um dever legal. Sendo ela ilegal, duas situações ainda podem vir a ocorrer como a ordem for manifestante ilegal, de ilegalidade que facilmente perceptível quanto ao seu teor, assim ambos responderão pelo crime ou se a ordem não for com o senso médio assim vindo excluir a culpabilidade do subordinado, ele então respondendo pelo crime apenas o superior hierárquico. Como diz Victor Eduardo Rio Gonçalves, “a obediência hierárquica a que a lei se refere é aquela decorrente de relações de direito público, ou seja, a obediência hierárquica de um funcionário público a uma ordem proferida por outro funcionário que, na hierarquia administrativa é seu superior”. A exclusão da culpabilidade somente fica presente quando o subordinado acata a obediência à ordem emanada do superior. Assim, se a orientação era lícita, e o subordinado se excede vindo a cometer um crime, apenas ele que responder pelo ato praticado ilicitamente. Cezar Roberto Bitencourt divide a obediência hierárquica no código penal comentado, 2012 em: 3.2.1 Ordem não manifestamente ilegal “Em virtude dessa subordinação hierárquica, o subordinado cumpre ordem do superior, desde que essa ordem não seja manifestamente ilegal, podendo, no entanto, ser apenas ilegal. Porque, se a ordem for legal, o problema deixa de ser de culpabilidade, podendo caracterizar causa de exclusão de ilicitude”. 3.2.2 Cumprir ordem ilegal: exclui culpabilidade “A ordem pode ser ilegal, mas não manifestamente ilegal, não flagrantemente ilegal. Quando a ordem for ilegal, mas não manifestamente, o subordinado que a cumpre não agirá com culpabilidade, por ter avaliado incorretamente a ordem recebida, incorrendo numa espécie de erro de proibição.” 3.2.3 Cumprimento de ordem legal: não há ilicitude “Se o agente cumprir ordem legal de superior hierárquico, estará no exercício de estrito cumprimento de dever legal. O cumprimento de ordem legal não apresenta nenhuma conotação de ilicitude, ainda que configure alguma conduta típica; ao contrário, caracteriza a sua exclusão (art. 23)’. 3.2.4 Ordem manifestamente ilegal: ambos respondem “Quando cumprida ordem manifestamente ilegal, tanto o superior hierárquico quanto o subordinado são puníveis. O subordinado não tem a obrigação de cumprir ordens ilegais. Tem a obrigação de cumprir ordens inconvenientes, inoportunas,mas não ilegais. Não tem o direito, como subordinado, de discutir a oportunidade ou conveniência de uma ordem. Mas a ilegalidade, mais que o direito, tem o dever de apontá-la, e negar-se a cumprir ordem manifestamente ilegal”. 3.2.5 Funcionário civil: conveniência e oportunidade “O funcionário civil não discute a oportunidade ou conveniência, mas discute a legalidade. Uma ordem pode ser ilegal porque não obedece à forma estabelecida em lei. Basta isso e já será ilegal. O funcionário civil, subalterno, não é obrigado a cumprir ordem ilegal. Ademais, se representar qualquer prejuízo a terceiro, será tão responsável quanto o superior.” 3. Número: 70049311053 Inteiro Teor: doc html Tribunal: Tribunal de Justiça do RS Seção: CRIME Tipo de Processo: Apelação Crime Órgão Julgador: Terceira Câmara Criminal Decisão: Acórdão Relator: Jayme Weingartner Neto Comarca de Origem: Comarca de Sobradinho Ementa: APELAÇÃO CRIMINAL. HOMICÍDIO CULPOSO NA DIREÇÃO DE VEÍCULO AUTOMOTOR. EXCLUDENTE DA CULPABILIDADE DE OBEDIÊNCIA HIERÁRQUICA NÃO CONFIGURADA. Réu suscita que estava obedecendo à ordem de seu superior hierárquico no momento do acidente. Excludente, no entanto, que não se sustenta na esfera do direito privado, tendo em vista que apenas a hierarquia no setor público pode implicar graves consequências ao subordinado. No caso, ainda, o réu não tinha carteira de habilitação, tampouco permissão para dirigir um veículo (trator). Foi, então, imprudente, na medida em que concordou que a vítima permanecesse sentada no para-lamas do trator, e negligente, por não observar os mínimos deveres objetivos de cuidado. FIXAÇÃO DA PENA. PRINCÍPIO DA LEGALIDADE. O artigo 302 do Código de Trânsito Brasileiro prevê pena de detenção e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor. Incorreu em equívoco o juízo a quo ao aplicar a espécie reclusão à sanção cominada ao réu e, também, ao cumular pena de multa às sanções já impostas, em uma clara ofensa ao princípio da legalidade. Nesse caso, portanto, altera-se, de ofício, a pena, substituindo a reclusão por detenção e excluindo a multa das cominações impostas. RECURSO IMPROVIDO. PENA ALTERADA DE OFÍCIO. (Apelação Crime Nº 70049311053, Terceira Câmara Criminal, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Jayme Weingartner Neto, Julgado em 22/11/2012) Data de Julgamento: 22/11/2012 Publicação: Diário da Justiça do dia 06/12/2012 O caso mencionado supra, trata de um homicídio culposo na direção de veiculo automotor qual foi “aplicada a pena de 02 (dois) anos e 08 (oito) meses de reclusão, em regime inicial aberto, a pena de proibição de obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor, pelo período de 01 (um) ano, e a pena pecuniária de 10 (dez) dias-multa, à razão de 1/30 do salário mínimo vigente à época”. Não aceitando o réu requer reforma da decisão “sustenta que cometeu o delito em razão de estar cumprindo ordens da própria vítima”. O recurso do réu não é prospero ainda que o fato de estar cumprindo ordens de seu superior hierárquico estar devidamente comprovado em provas periciais e documental. (...) “Com efeito, dispõe o artigo 22 do Código Penal que “se o fato é cometido sob coação irresistível ou em estrita obediência a ordem, não manifestamente ilegal, de superior hierárquico, só é punível o autor da coação ou da ordem”. Nesse caso, sabe-se que o autor da ordem foi a própria vítima do acidente. Contudo, impõe-se analisar o dispositivo legal sob dois aspectos, quais sejam, a legalidade do fato e a esfera em que deve ser aplicado.” (...) Em fundamento a decisão do não apreço ao recurso interposto pelo réu o magistrado salienta que “só existe relação de subordinação hierárquica entre mandante e executor no âmbito do direito público, não havendo possibilidade de ingerência dessa excludente em relação de direito privado, como no caso em apreço”. A pena imposta ao réu é mantida nos fundamentos supramencionados ainda que com os elementos de atenuantes da pena. Veja-se decisão colacionada. (...) No caso, a pena-base restou definida em seu grau mínimo, haja vista a inexistência de circunstâncias majorantes negativas. A pena foi atenuada em virtude da confissão espontânea. Houve uma causa de aumento (1/3) em razão do disposto no inciso I do parágrafo único do artigo 302 do CTB, totalizando a pena 02 (dois) anos e 08 (oito) meses de reclusão, em regime inicial aberto. (...) Não foram acatados os argumentos do réu uma vez que, não fora caracterizado caso de coação irresistível – obediência hierárquica, pois no depoimento das testemunhas não ficou claro que em caso de ausência do superior elencado pelo réu quem assumiria o “comando” das terras. Restou o réu condenado alterara a pena, para excluir a multa da sanção imposta e fixar a detenção como espécie da pena privativa de liberdade a cumprir. 3.2 Coação moral irresistível A coação moral é quando há o constrangimento a alguém para que faça ou deixe de fazer alguma coisa, e está coação vem junto com o emprego de grave ameaça e por ela ser irresistível ela é um crime, pois fica com resquícios de vontade, mas mesmo assim o agente é culpável, ou o agente receptível se por acaso houver crime e o agente é culpável, ele adquire o direito de uma atenuante de pena genérica. A coação moral irresistível pode ainda vir a ser um caso de que o agente não poderia ter evitado, nesta hipótese há um crime, pois é evidente que ocorreu um pouco de vontade por parte do agente “coagido”, mas como conforta o art. 22, 1ª parte, do código penal neste caso há a exclusão da culpabilidade. Juntamente com a grave ameaça é o anúncio de um mal ao coagido Victor Eduardo Rios Gonçalves diz que o “coagido conserva sua liberdade de ação sob o aspecto físico, mas permanece psiquicamente vinculado em face da ameaça recebida”, neste caso o coautor é quem irá responder pelo crime praticado pelo coagido. Para o autor Cezar Roberto Bitencourt, a coação moral irresistível, também se trata de um fator excludente da culpabilidade, devendo ser diferenciada nos casos de vis absoluta – em que há ausência de ação – e nos casos de estado de necessidade coativo. Nela o executor da ação é considerado apenas um instrumento mecânico de realização da vontade do coator, o qual classifica como autor mediato. Traz a exemplo a situação de um sujeito que é compelido a agir de forma criminosa, mediante à grave ameaça, em que a culpabilidade atribuída ao autor mediato, que foi o indivíduo coator. Aduz que a irresistibilidade da coação deve ser medida pela gravidade do mal ameaçado, analisando a relação de natureza do mal com o poder do coator, independendo da vontade deste em produzi-lo Como também diz Bitencourt, Quem, nesta situação, executa um fato criminoso não é considerado culpável, porque sua vontade não pode determinar-se livremente. 1. Número: 70055318901 Inteiro Teor: doc html Tribunal: Tribunal de Justiça do RS Seção: CRIME Tipo de Processo: Apelação Crime Órgão Julgador: Primeira Câmara Criminal Decisão: Acórdão Relator: Julio Cesar Finger Comarca de Origem: Comarca de Porto Alegre Ementa: APELAÇÃO CRIMINAL. TRÁFICO DE DROGAS. ART. 33, §4º, DA LEI 11.343/06. PRELIMINAR DE NULIDADE POR INOBSERVÂNCIA DO DISPOSTO NOS ARTIGOS 212 E 400, AMBOS DO CPP REJEITADA. PROVAS DA AUTORIA E DA MATERIALIDADE. COAÇÃO MORAL IRRESISTIVEL E INEXIGIBILIDADE DE CONDUTA DIVERSA INEXISTENTES. DESCLASSIFICAÇÃO PARA O DELITO DE POSSE DE DROGA PARA CONSUMO PESSOAL AFASTADA. DESCLASSIFICAÇÃO PARA O ART. 33, §3º, DA LEI DE DROGAS AFASTADA. SÚMULA 231 DO STJ. EXCLUSÃO DA PENA DE MULTA APLICADA EM SUBSTITUIÇÃO DA PENA CORPORAL. INVIABILIDADE.PEDIDO DE ISENÇÃO DA MULTA NEGADO. 1. A ré foi condenada pela prática do crime previsto no art. 33, §4º, c/c art. 40, III, ambos da Lei 11.343/06 à pena de 01 ano, 11 meses e 10 dias de reclusão, em regime inicial aberto, mais pagamento de 194,44 dias-multa à razão de 1/30 do salário mínimo. A pena corporal foi substituída por uma restritiva de direitos, consiste em prestação de serviço à comunidade, e multa. Em recurso, a defesa alega, preliminarmente, a nulidade do feito por violação ao art. 212 e ao art. 400, ambos do CPP. No mérito, sustenta que foi ameaçada pelo namorado, sendo compelida a levar a droga para dentro do presídio. Aduz, ainda, que não foi visto nenhum ato de mercancia. Em vista disso, requer a absolvição. Alternativamente, requer a desclassificação para o previsto no tipo do art. 28, ou, ainda, do art. 33, §3º, ambos da Lei 11.343/06, a aplicação da atenuante da confissão, a isenção ou suspensão da pena de multa presente no tipo penal e a exclusão da multa aplicada em substituição à pena corporal, tendo em vista condição de pobreza do apelante. 2. Inquirição iniciada pelo juiz configura nulidade relativa, dependendo de argüição e demonstração de prejuízo. Prejuízo não demonstrado. Precedentes. 3. A oitiva da acusada obedece ao procedimento previsto na Lei de Drogas, que se sobrepõe àquele do CPP, no que conflitar. Preliminares rejeitadas. 4. Pelas provas juntadas aos autos, não houve dúvida que a acusada levou droga para o interior da Casa Prisional, buscando entregá- la ao namorado, incidindo no tipo do art. 33 c/c art. 40, III, da Lei 11.343/06. Diante da análise do art. 22 do CP não se verifica coação moralirresistível, em que pese as alegadas ameaças. A ameaça é resistível. 5. Inviável a desclassificação para o art. 33, §3º, da Lei 11.343/06, porquanto não restou nem minimamente demonstrado que a ré adentrou com a droga no sistema prisional para consumir a totalidade da droga junto com seu namorado. 6. Na esteira do entendimento do STJ, a exemplo da Súmula 231, a pena provisória não pode ficar aquém do mínimo legal. A sentença reconheceu a presença da atenuante da confissão, mas, acertadamente, manteve a pena no mínimo legal. 7. A pena de multa atende ao binômio prevenção/repreensão. Não há prova que a multa definida em substituição à pena privativa de liberdade não possa ser cumprida pela acusada, tendo sido fixado o valor unitário do dia-multa com base em suas condições econômicas, e tampouco daquela que se mostra mais adequada. Eventual impossibilidade de pagamento e necessidade de substituição deve ser demonstrada frente ao Juízo da Execução. APELAÇÃO NÃO PROVIDA. (Apelação Crime Nº 70055318901, Primeira Câmara Criminal, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Julio Cesar Finger, Julgado em 06/11/2013) Data de Julgamento: 06/11/2013 No caso jurisprudencial exemplificado acima, é um caso de trafico de drogas onde a ré foi condenada com base no “art. 33, §4º, c/c art. 40, III, ambos da Lei 11.343/06, à pena de 01 ano, 11 meses e 10 dias de reclusão, em regime inicial aberto, mais pagamento de 194,44 dias-multa à razão de 1/30 do salário mínimo. A pena corporal foi substituída por uma restritiva de direitos, consiste em prestação de serviço à comunidade, e multa, no mesmo valor acima fixado”. Em sede de apelação a ré alimenta que foi ameaçada pelo namorado, sendo forçada a levar a droga para dentro do presídio (caso aparente de coação moral irresistível). Informa, ainda, que não foi visto nenhum ato de venda de drogas. Com base nestes argumentos, requer a absolvição. Em análise do recurso interposto pela ré o magistrado fundamenta que “Dessa forma, observo que, ainda que admitida a presença de coação moral consubstanciada na chantagem dirigida à apelante, considerada como existente aqui apenas a título de argumentação, fica difícil de sustentar a tese de que ela era irresistível. É pouco crível que essa pretensa coação era inevitável e insuperável, pois, ainda que pudesse ser movida pelo temor, as chantagens poderiam ser evitadas com a ajuda do Estado. De qualquer modo, a crença na inefetividade da proteção estatal em face da criminalidade é tão putativa quanto a coação relatada”. E com base nos argumentos supra é negado o rovimento do recurso interposto à ré. Referencial bibliográfico CAPEZ, Fernando. Curso de direito penal. 17. Ed. São Paulo, Saraiva, 2013 MATOS, João Carvalho de. Pratica e Teoria do Direito Pena & Processual. 9. Ed volume 1, Leme-São Paulo, Mundo Jurídico, 2011 GONÇALVES, Victor Eduardo Rios. Direito Penal: Parte Geral. 13. Ed. São Paulo, Saraiva, 2007 BITENCOURT, Rogério. Código penal comentado. 7. Ed. São Paulo, Saraiva, 2012 FÜHRER, Maximilianus Cláudio Américo; FÜHRER, Maximiliano Roberto Ernesto. Resumo de direito penal. 26. Ed. São Paulo, Malheiros Editores, 2006 http://www.tjrs.jus.br/busca/?tb=jurisnova&partialfields=tribunal%3ATribunal%2520d e%2520Justi%25C3%25A7a%2520do%2520RS.(TipoDecisao%3Aac%25C3%25B3rd%25 C3%25A3o|TipoDecisao%3Amonocr%25C3%25A1tica|TipoDecisao:null)&t=s&pesq=e mentario.
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