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INSTT JURIDICAS

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TEXTO 1 - PODER JUDICIÁRIO
A estrutura judiciária brasileira está prevista no texto constitucional de 1988, assim, antes de tratar das Instituições Judiciárias cabe uma breve reflexão sobre os três Poderes da União. De acordo com artigo 2º da Constituição Federal “São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário”.
 
Remonta da Antigüidade a primeira base teórica sobre a separação de poderes, sendo na obra Política[1] de Aristóteles que se vislumbrou a existência de três funções distintas que eram exercidas pelo poder soberano, quais sejam, edição de normas, aplicação das referidas normas e a função de julgamento, a fim de dirimir conflitos oriundos da aplicação das normas aos casos concretos.
 
Não obstante, Aristóteles idealizou a teoria das três funções distintas exercidas por um mesmo soberano, que mais tarde, foi aprimorada por Montesquieu na sua obra O Espírito das Leis[2]. O aprimoramento se deu em razão de que as três funções eram exercidas por três órgãos distintos, autônomos e independentes entre si. Com base nesta teoria, cada órgão exercia uma função típica, predominante, ou seja, inerente à sua própria natureza.
 
A teoria de Montesquieu teve grande aceitação entre os Estados modernos sendo ao final abrandada, permitindo-se que um órgão tivesse além do exercício da sua função típica, o exercício de funções atípicas (de natureza de outros órgãos) sem, contudo, macular a autonomia e independência dos mesmos. É o que ocorre na atualidade, os três Poderes previstos constitucionalmente (art. 2º CF/88) são exercidos de forma autônoma e independente, porém, com o exercício de funções típicas e atípicas. Nos termos do texto constitucional cabe ao Poder Legislativo em sua função precípua, ou seja, típica, legislar. No entanto, o legislativo ao dispor sobre sua organização a fim de prover cargos, conceder férias e licenças a seus servidores, atua de maneira atípica, a qual seria uma função executiva.
 
O Poder Executivo tem como função típica a prática de atos de chefia de Estado e atos da administração, porém, quando o Presidente da República adota medida provisória, com força de lei, estamos diante do exercício de uma função atípica, a qual seria legislativa.
Por fim, com maior interesse para nossos estudos, o Poder Judiciário tem como função típica a função de julgar, também conhecida como função jurisdicional, ou seja, dizer o direito ao caso concreto, dirimindo conflitos que lhe são levados, quando da aplicação das leis. Não obstante, pode o Poder Judiciário exercer funções atípicas, tais como elaborar o regimento interno de seus tribunais (legislativa) assim como, conceder licenças e férias a seus magistrados e serventuários (executiva).
 
Tendo o Poder Judiciário a função precípua de julgar, o mesmo encontra-se regularmente estruturado para exercer a sua função jurisdicional através de seus órgãos. O Poder Judiciário é o único que detém o poder jurisdicional de forma que não pode ele abster-se de analisar as demandas jurídicas que lhe são submetidas (art. 5º, XXXV da CF/88), configurando o princípio da inafastabilidade da jurisdição que reza:
"a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito".
 
No entanto, pelo princípio da inércia da jurisdição, o Poder Judiciário não atua de ofício nas demandas, ou seja, deve ser ele provocado pelo interessado para poder intervir nas relações conflituosas, é o disposto no artigo 2o do CPC que dispõe:
"O processo começa por iniciativa da parte e se desenvolve por impulso oificial, salvo as exceções previstas em lei".
 
 A estrutura do Poder Judiciário está prevista no artigo 92 da Constituição Federal, qual seja: “São órgãos do Poder Judiciário: O Supremo Tribunal Federal; o Conselho Nacional de Justiça, o Superior Tribunal de Justiça, os Tribunais Regionais Federais e Juízes Federais; os Tribunais e Juízes do Trabalho, os Tribunais e Juízes Eleitorais; os Tribunais e Juízes Militares e os Tribunais e Juízes dos Estados e do Distrito Federal e Territórios.
 
Cabe ressaltar que o rol do artigo 92 acima transcrito é um rol taxativo, de forma que quaisquer outros órgãos, mesmo que recebam a denominação de Tribunal não integram o Poder Judiciário, como é o caso do Tribunal Marítimo, Tribunal de Contas e outros. Ademais, qualquer outro juízo criado à margem da Constituição Federal poderá ser considerado ilegítimo (art. 5º XXXVII).
 
A doutrina costuma fazer distinção entre os órgãos do Poder Judiciário dividindo-os entre justiça comum ou ordinária e justiça especial ou especializada. Excetua-se o órgão de cúpula do Poder Judiciário que é o Supremo Tribunal Federal também conhecido como órgão de superposição, pois suas decisões se sobrepõem a todas as Justiças e Tribunais, não pertencendo, portanto a nenhuma Justiça específica (comum ou especial).
 
 A divisão doutrinária é a seguinte:
Justiça Especial ou Especializada: a) Justiça do Trabalho (composta pelo Tribunal Superior do Trabalho – TST, Tribunais Regionais do Trabalho – TRT’s e pelos Juízes do Trabalho – Varas do Trabalho); b) Justiça Eleitoral (composta pelo Tribunal Superior Eleitoral – TSE, Tribunais Regionais Eleitorais – TRE’s, Juízes Eleitorais e Juntas Eleitorais); c) Justiça Militar da União (composta pelo Superior Tribunal Militar – STM e Conselhos de Justiça, Especial e Permanente, nas sedes das Auditorias Militares); d) Justiça Militar dos Estados, do Distrito Federal e Territórios (composta pelo Superior Tribunal de Justiça – STJ[3], Tribunal de Justiça – TJ, ou Tribunal de Justiça Militar[4], sendo em primeiro grau, pelos Juízes de direito togados e pelos Conselhos de Justiça, com sede nas auditorias militares).
 
Com caráter residual, ou seja, o que não for da competência da justiça especializada, será da justiça comum ou ordinária, assim estruturada: a) Justiça Federal (composta pelos Tribunais Regionais Federais – TRF’s e Juízes Federais); b) Justiça do Distrito Federal e Territórios (Tribunais e Juízes do Distrito Federal e Territórios); c) Justiça Estadual comum (composta pelos Tribunais de Justiça e Juízes de Direito de 1º grau).
 
A discussão doutrinária gira em torno de pertencer o Superior Tribunal de Justiça – STJ a uma justiça específica, no caso, a comum ou a especial. O entendimento majoritário da doutrina está no sentido de que o STJ não pertence a nenhuma das duas justiças, sendo considerado também um órgão de instância máxima da justiça brasileira. No entanto, faz-se necessário uma breve reflexão sobre a estruturação do Poder Judiciário nos termos prescritos pela Constituição Federal. Certo é que o STJ não recebe, em regra, recursos advindos das justiças especializadas, quais sejam, trabalhista, militar[5] e eleitoral, sendo que cada uma delas possui o seu próprio tribunal superior. Desta forma, o STJ tem atuação em sede recursal no que toca aos recursos vindos da justiça comum, ou seja, Federal e Estadual. Com base neste entendimento, poder-se-ia dizer que cada justiça especializada tem o seu tribunal superior, sendo Tribunal Superior do Trabalho, Tribunal Superior Eleitoral e Superior Tribunal Militar, sendo que a justiça comum também teria o seu próprio tribunal superior, qual seja, o Superior Tribunal de Justiça. Mais uma vez relembramos que o entendimento majoritário da doutrina está no sentido de que o STJ não pertence a nenhuma das justiças específicas.
 
Cabe ressaltar mais uma divisão feita entre as justiças do Poder Judiciário. Temos órgãos judiciários federais e órgãos judiciários estaduais. As Justiças que são organizadas pela União são as chamadas Justiças Federais, são elas: Justiça Especializada do Trabalho, Justiça Especializada Eleitoral, Justiça Especializada Militar da União, Justiça Comum Federal e Justiça Comum do Distrito Federal e dos Territórios, além do Supremo Tribunal Federal e do Superior Tribunal de Justiça.
 
As Justiças que são organizadas pelos Estados são as chamadas Justiças Estaduais, são elas: Justiça Especializada Militardos Estados e a Justiça Comum Estadual. A estrutura das Justiças Federais está prevista no texto constitucional, enquanto que das Justiças Estaduais no texto das Constituições Estaduais, respeitadas as diretrizes constitucionais.
 
No que toca ao Poder Judiciário há que se falar ainda do princípio do duplo grau de jurisdição, tendo como significado que toda demanda apresentada ao Poder Judiciário para apreciação está sujeita a um duplo exame, sendo o primeiro exame feito pelo juízo monocrático e o segundo exame, em caráter recursal, por um juízo colegiado, com prevalência da segunda decisão em relação à primeira. Exceção a este princípio ocorre nas causas que têm início diretamente nos Tribunais ou órgãos colegiados e não no juízo monocrático, denominada competência original dos Tribunais.
 
 
[1] LENZA, Pedro. Direito constitucional esquematizado, p. 199.
[2] Idem.
[3] Cabe aqui um esclarecimento sobre o assunto em tela, o STJ não é um órgão da Justiça Militar Estadual, no entanto, poderá o mesmo julgar, dependendo do assunto, recursos interpostos em face dos acórdãos do TJ ou TJM. Nestes casos, o STM não julgará matéria da justiça militar estadual já que a sua competência está restrita à justiça militar federal (enquanto instância recursal).
[4] Nos Estados em que o efetivo militar for superior a 20.000 integrantes.
[5] Verificar nota de número 3.
 
TEXTO 2 - ÉTICA
Conceito - Ética é a ciência do comportamento moral (costumes, regras, convenções estabelecidas por cada sociedade), dos homens em sociedade.  É uma reflexão sobre a moral. [1]
Desta forma, a ética tem como objeto o comportamento moral do indivíduo através da prática reiterada de seus atos livres, visando à realização do bem comum. Sabemos que a reiteração de certos atos pode nos tornar virtuosos ou viciados.
Objeto – Comportamento moral humano.
A ação humana nada mais é do que uma movimentação de energias que se desenvolvem no tempo e no espaço, tais como trabalhar ou roubar, elogiar ou ofender, construir ou destruir, agradar ou desagradar.
Normas sociais - Podemos dizer que as normas morais decorrem na verdade das experiências morais das práticas vivenciais sócio-humanas. Desta forma, as normas éticas têm em vista o que a experiência sócio-humana registrou como sendo bom e como sendo mau.
Direito - Complexo de normas e obrigações, para serem cumpridas pelos homens, compondo o conjunto de deveres, aos quais não podem fugir, sem que sintam a ação coercitiva da força social organizada.
As normas jurídicas em muito se assemelham às normas morais, que muitas vezes antecedem àquelas. No entanto, as normas jurídicas caracterizam-se pela cogência, imperatividade e sanção. As normas jurídicas decorrem de um procedimento formal, complexo e rígido (processo legislativo), com o qual se dá publicidade aos mandamentos jurídicos.
Lacuna legal - Há regras morais que balizam as condutas humanas em sociedade, porém, não são consideradas relevantes para o ordenamento jurídico. Exemplo: incesto.
Há, no entanto, regras jurídicas que demonstram a importância da moralidade e dos bons costumes. Exemplo: Art. 4° da LINDB, senão vejamos:
Art. 4° Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito.
Justiça - Nada seria mais certo do que o entendimento de que o Direito que advém da moral fosse justo. O conceito de justiça tem-se mostrado bastante relativo. Pode adotar o conceito jurídico daquilo que se faz conforme o Direito, ou ainda, a realização do Direito, ou mais, num ponto de vista de discussão ética, dar a cada um o que é seu [...] a impulsão firme e consciente para o bem.
Códigos de Ética - A ética profissional, quando regulamentada, perde seu conteúdo de espontaneidade, passando a ser um conjunto de prescrições de conduta. Portanto, não se fala mais em normas puramente éticas, e sim, em normas jurídicas de direito administrativo com sanções administrativas (perdas de cargo, advertências, suspensões etc.).
Normas puramente éticas – livre arbítrio do cidadão.
Normas éticas – conduta prescrita pelas normas administrativas.
Normas jurídicas – conteúdo legal. Coerção do Estado.
[1] NALINI, José Renato. Ética geral e profissional. 5 ed. São Paulo: RT, 2006. 
 
TEXTO 3 - MAGISTRATURA
 
Conceito: Derivado do latim magistratus, exprime o cargo ou dignidade de magistrado. Assim, literalmente, quer significar uma função de mando ou designar aquele que a exerce [...] que manda, que ordena, que dirige. [1]  
 
Requisitos para Ingresso: a)ser brasileiro nato ou naturalizado, b) ser diplomado em Curso de Direito por Instituição de Ensino oficial assim reconhecida pelo Ministério da Educação, c) possuir 03 anos de atividade jurídica (incluindo exercício de cargos, empregos ou funções, inclusive de magistério superior, que exija a utilização de conhecimento jurídico – Resolução 75 do CNJ), d) regularidade com o serviço militar, e) estar em pleno gozo dos direitos políticos, f) integridade física e mental e g) boa conduta social.
 
Ingresso na Carreira: O concurso público de provas e títulos para ingresso na carreira de magistrado, em regra, é composto de fases, sendo todas eliminatórias. 
 
Ética: Ao se exigir do Magistrado, enquanto aplicador da lei e da justiça, um comportamento ético, este virá revestido por uma ética da prudentia (o bem julgar implica em exercício constante de faculdades garantidoras da higidez psíquica. A paciência, a prudência, o interesse pelos dramas humanos, a sadia análise dos fatos e seu cotejo com o fluir da história, convertem o juiz em eficaz redutor de conflitos). [2]  
O juiz é antes de tudo um agente público atuante na realização da justiça e na pacificação dos conflitos. Para que ele possa exercer com liberdade e independência seu mister, proferindo seus julgamentos com isenção e retidão de acordo com sua convicção racional, faz-se necessária a existência de mecanismos reguladores e sustentadores da carreira.
 
Garantias Constitucionais: As garantias funcionais da magistratura são atributos que permitem ao juiz agir com liberdade e imparcialidade. Não constituem simples privilégios ou tampouco afrontam o princípio da igualdade (Art. 5° da CF/88), pois existem em favor do jurisdicionado.
 
São duas espécies de garantias funcionais: de liberdade e de imparcialidade.
São garantias funcionais de liberdade de acordo com o artigo 95 caput da CF/88:
Vitaliciedade: impossibilidade da perda do cargo por mero procedimento administrativo do Tribunal ao qual o juiz estiver vinculado. Esta garantia é adquirida após 2 anos de efetiva atividade do magistrado quando o ingresso na Magistratura se dá por meio de concurso público, sendo considerado este período como estágio probatório, com a necessidade do envio de relatórios periódicos à Corregedoria-Geral de Justiça. Uma vez vitaliciado, o magistrado somente poderá perder o cargo através de processo judicial específico, mediante sentença judicial transitada em julgado, sendo-lhe assegurados o contraditório e a ampla defesa.
 
Inamovibilidade: garantia dada aos juízes titulares, que não poderão ser removidos de seus respectivos cargos, ou até mesmo promovidos para entrância/instância superior, sem seu consentimento. A inamovibilidade não é uma garantia absoluta, comportando exceção que é o interesse público. Nestes casos, a decisão caberá ao respectivo Tribunal ao qual o juiz estiver vinculado ou ao Conselho Nacional de Justiça, por voto da maioria absoluta de seus membros, sempre assegurado o exercício da ampla defesa (art. 93, VIII CF/88).
 
Irredutibilidade de subsídio: refere-se à proteção do valor nominal dos subsídios, não alcançando esta regra a reposição de eventuais perdas inflacionárias, bem como não impedindo descontos previdenciários e tributos incidentes.
São garantias funcionais de imparcialidade de acordo com o artigo 95 § único CF/88:
As garantias funcionais de imparcialidade manifestam-se por meio de vedações constitucionais à magistratura, e são elas:
 
I - Exercerainda que em disponibilidade, outro cargo ou função, salvo uma de magistério;
II - Receber a qualquer título ou pretexto, custas ou participação em processo;
III - Dedicar-se à atividade político-partidária;
IV - Receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou contribuições de pessoas físicas, entidades públicas ou privadas, ressalvadas as exceções previstas em lei;
V - Exercer a advocacia no juízo ou tribunal do qual se afastou, antes de decorridos 3 anos do afastamento do cargo por aposentadoria ou exoneração (quarentena). (g.n).
 
O dever de imparcialidade é antes de tudo um dever ético, de dignidade, de paridade de tratamento entre as partes e de justiça na aplicação correta da lei ao caso concreto. Para assegurar esta imparcialidade, o legislador infraconstitucional também cuidou de algumas situações, que uma vez verificadas poderão comprometer a imparcialidade do juiz na sua atuação processual.
 
Estatuto da Magistratura: De acordo com a CF/88, lei complementar, de iniciativa do Supremo Tribunal Federal, disporá sobre o Estatuto da Magistratura (art. 93, caput). Na falta de uma nova lei que dispusesse sobre o Estatuto da Magistratura tem-se aplicado a Lei Orgânica da Magistratura Nacional (LOMAN), lei complementar n. 35, de 14-3-1979, recepcionada pela Carta Magna.   
 
A exemplo do que ocorre com outras carreiras jurídicas, o magistrado possui deveres fixados em lei e deve cumpri-los à risca, uma vez que, da sua atuação decisória implicará no destino material, moral, psicológico, familiar e profissional das pessoas. A LOMAN em seu artigo 35 faz a previsão dos deveres do magistrado:
 
Art. 35. São deveres do magistrado:
I - cumprir e fazer cumprir, com independência, serenidade e exatidão, as disposições legais e atos de ofício;
II - não exceder injustificadamente os prazos para sentenciar ou despachar;
III - determinar as providências necessárias para que os atos processuais se realizem nos prazos legais;
IV - tratar com urbanidade as partes, os membros do Ministério Público, os advogados, as testemunhas, os funcionários e auxiliares da Justiça, e atender aos que o procurarem, a qualquer momento, quando se trate de providência que reclame e possibilite solução de urgência;
V - residir na sede da comarca, salvo autorização do órgão disciplinar a que estiver subordinado;
VI - comparecer pontualmente à hora de iniciar-se o expediente ou sessão, e não se ausentar injustificadamente antes de seu término;
VII - exercer assídua fiscalização sobre os subordinados, especialmente no que se refere à cobrança de custas e emolumentos, embora não haja reclamação das partes;
VIII - manter conduta irrepreensível na vida pública e particular.
 
[1] SILVA, De Plácido e. Vocabulário jurídico. 25ª Ed. Rio de Janeiro: Forense, 2004.
[2] NALINI, José Renato. Ética e justiça. São Paulo: Oliveira Mendes, 1998.
 
 
TEXTO 4 – STF e STJ
 
Órgãos do Poder Judiciário → Art. 92 da CF/88 que reza:
São órgãos do Poder Judiciário:
I – O Supremo Tribunal Federal;
I-A – O Conselho Nacional de Justiça;
II – o Superior Tribunal de Justiça.
III – os Tribunais Regionais Federais e Juízes Federais;
IV – os Tribunais e Juízes do Trabalho;
V – os Tribunais e Juízes Eleitorais;
VI – os Tribunais e Juízes Militares;
VII - os Tribunais e Juízes dos Estados e do Distrito Federal e Territórios.
 
Supremo Tribunal Federal - STF
O Supremo Tribunal Federal é o órgão de cúpula do Poder Judiciário, isso quer dizer, é a máxima instância da Justiça brasileira, cabendo-lhe especialmente a guarda da Constituição Federal.
 
Nos termos do artigo 101 da CF/88 o STF é composto de 11 Ministros que são escolhidos e indicados pelo Presidente da República, devendo esta escolha ser aprovada pela maioria absoluta do Senado Federal. Uma vez aprovada a escolha e indicação, passa-se à nomeação do Ministro, momento em que ele é vitaliciado.
 
São requisitos para ocupar o cargo de Ministro do STF:
a) ser brasileiro nato, 
b) ter mais de 35 e menos de 65 anos de idade,
c) ser cidadão (estar em pleno gozo dos direitos políticos),
d) ter notável saber jurídico,
e) reputação ilibada.
 
A competência do STF vem prescrita na Constituição Federal em seus artigos 102 a 103, sendo competência:
a)originária, b) recursal ordinária, c) recursal extraordinária e competência para a edição de súmulas vinculantes (o STF de ofício ou por provocação, mediante decisão de dois terços dos seus membros, após reiteradas decisões sobre matéria constitucional, aprovar súmula que, a partir de sua publicação na imprensa oficial, terá efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal, bem como proceder à sua revisão ou cancelamento, na forma estabelecida em lei - artigo 103-A CF/88).
 
O Supremo Tribunal Federal tem sede na Capital Federal (Brasília) e jurisdição em todo o território nacional.
 
Superior Tribunal de Justiça – STJ
Composição → O Superior Tribunal de Justiça, nos termos do artigo 104 da CF/88 é composto de pelo menos 33 Ministros, os quais serão escolhidos e nomeados pelo Presidente da República, após aprovação pelo Senado Federal em maioria absoluta.
 
Requisitos → São requisitos para ocupar o cargo de Ministro do STJ: 
a) ser brasileiro nato ou naturalizado,
b) ter mais de 35 e menos de 65 anos,
c) notável saber jurídico,
d) reputação ilibada.
 
Regra do terço constitucional → A escolha dos Ministros do STJ segue a regra do terço constitucional, ou seja, 1/3 de Desembargadores Federais dos Tribunais Regionais Federais, 1/3 de Desembargadores dos Tribunais de Justiça, 1/3 de Advogados e Membros do Ministério Público (não especializado – regra do artigo 94 da CF/88).
 
Art. 94 – Um quinto dos lugares dos Tribunais Regionais Federais, dos Tribunais dos Estados, e do Distrito Federal e Territórios será composto de membros, do Ministério Público, com mais de dez anos de carreira, e de advogados de notório saber jurídico e de reputação ilibada, com mais de dez anos de efetiva atividade profissional, indicados em lista sêxtupla pelos órgãos de representação das respectivas classes. (g.n).
 
Nota - Verifica-se uma limitação no poder de escolha do Presidente da República, uma vez que necessariamente, o Ministro a ser escolhido será proveniente de um dos órgãos do Poder Judiciário listados, da Advocacia ou do Ministério Público. No caso dos Desembargadores Federais e dos Desembargadores dos Tribunais de Justiça, o STJ elaborará lista tríplice, enviando-a ao Presidente da República que escolherá um nome e depois o nomeará Ministro após a aprovação do Senado Federal.
No caso da escolha de Advogados e Membros do Ministério Público, os órgãos de representação de cada classe farão a indicação em lista sêxtupla de seus membros.
 
Órgãos de representação → Colégio de Procuradores da República pela indicação de membros do Ministério Público Federal. Conselhos Superiores de cada Ministério Público Estadual e Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil com relação à Advocacia.
 
Competência → A competência do STJ vem prescrita na Constituição Federal em seu artigo 105, sendo competência originária, recursal ordinária e recursal especial (guarda do direito federal comum).
 
Jurisdição → O Superior Tribunal de Justiça tem sede na Capital Federal (Brasília) e jurisdição em todo o território nacional.
Há divergência na doutrina quanto à classificação do STJ como um órgão de superposição, tal qual o STF.
 
 
Justiça do Trabalho→ A Justiça do Trabalho exerce atividade especializada em razão da matéria.
 
Previsão constitucional → Arts. 111 a 116.
 
Competência da Justiça do Trabalho → A competência da Justiça do Trabalho vem prevista no artigo 114 da CF/88. Dentre as alterações trazidas pela Emenda Constitucional número 45, de 30 de dezembro de 2004, tem-se a ampliação da competência da Justiça do Trabalho, inicialmente prevista como “relação de emprego” para “relação de trabalho”no novo texto constitucional (competência processual), excetuando-se as ações instauradas entre o Poder Público e seus servidores, a ele vinculados por típica relação de ordem estatutária ou de caráter jurídico-administrativo (por força da ADI 3.395-6 em virtude de liminar com efeito ex tunc que suspendeu toda e qualquer interpretação dada ao inciso I do artigo 114 que inclua na competência da Justiça do Trabalho a apreciação de causas que sejam instauradas emtre o Poder Público e seus servidores, a ele vinculados pela típica relação de ordem estatutária ou de caráter jurídico-administrativo)..
 
Ainda, de acordo com o artigo 114, compete à Justiça do Trabalho processar e julgar:
- as ações que envolvam exercício do direito de greve;
- as ações sobre representação sindical, entre sindicatos, entre sindicatos e trabalhadores, e entre sindicatos e empregadores;
- os mandados de segurança, habeas corpus e habeas data, quando o ato questionado envolver matéria sujeita à sua jurisdição;
- os conflitos de competência entre órgãos com jurisdição trabalhista, ressalvado o disposto no artigo 102, I, "o";
- as ações de indenização por dano moral ou patrimonial, decorrentes da relação de trabalho;
- as ações relativas às penalidades administrativas impostas aos empregadores pelos órgãos de fiscalização das relações de trabalho;
- a execução, de ofício, das contribuições sociais previstas no artigo 195,I, "a" e II, e seus acréscimos legais, decorrentes das sentenças que proferir;
- outras controvérsias decorrentes da relação de trabalho, na forma da lei.
 
Organização da Justiça do Trabalho→O art. 111 da CF/88 dispõe sobre os órgãos da Justiça do Trabalho:
 
I – o Tribunal Superior do Trabalho.
II – os Tribunais Regionais do Trabalho
III – Juízes do Trabalho.
 
Tribunal Superior do Trabalho – TST → É o órgão de cúpula da Justiça do Trabalho. Em regra, suas decisões são irrecorríveis, salvo os casos previstos em lei, bem como as decisões que contrariarem a Constituição Federal/88.
 
Composição → O Tribunal Superior do Trabalho, nos termos do artigo 111-A da Constituição Federal, é constituído por 27 Ministros, escolhidos dentre brasileiros com mais de 35 e menos de 65 anos, nomeados pelo Presidente da República após aprovação pela maioria absoluta do Senado Federal, sendo:
 
-         1/5 dentre advogados com mais de 10 anos de efetiva atividade profissional e membros do Ministério Público do Trabalho com mais de 10 anos de efetivo exercício, observado o disposto no art. 94 da CF/88.
 
-         Os demais, ou seja, 4/5, dentre juízes dos Tribunais Regionais do Trabalho, oriundos da magistratura da carreira, indicados pelo próprio Tribunal Superior do Trabalho. Anote que o texto fala em magistratura da carreira, ou seja, os juízes dos TRTs que ingressaram por meio da regra do quinto constitucional não poderão integrar a lista desses 4/5 de Ministros do TST.
 
Tribunais Regionais do Trabalho – TRT’s→ Os Tribunais Regionais do Trabalho estão divididos por Região, sendo ao todo 24 Regiões no território nacional. 
 
Composição→Nos termos do artigo 115 da Constituição Federal os Tribunais Regionais do Trabalho compõem-se de, no mínimo, 07 juízes, recrutados quando possível, na respectiva região, e nomeados pelo Presidente da República dentre brasileiros com mais de 30 e menos de 65 anos, sendo:
 
-         1/5 dentre advogados com mais de 10 anos de efetiva atividade profissional e membros do Ministério Público do Trabalho com mais de 10 anos de efetivo exercício, observado o disposto no artigo 94 da CF/88.
 
-         Os demais integrantes dos TRT’s, ou seja, 4/5 serão mediante promoção de juízes do trabalho por antiguidade e merecimento, alternadamente.
Cabe anotar que que como forma de efetividade do processo os TRTs instalarão a justiça itinerante com a realização de audiências e demais atividades da função jurisdicional, nos limites territoriais das resectiva jurisdição, podendo ainda funcionar descentralizadamente, com a constituição de Câmras regionais, assegurando deste forma o pleno acesso à justiça.
 
TRIBUNAIS REGIONAIS DO TRABALHO
 
	1a Região - Rio de Janeiro
	13a Região - Paraíba
	2a Região - São Paulo
	14a Região - Acre eRondônonia
	3a Região - Minas Gerais
	15a Região - Campinas (SP)
	4a Região - Rio Grande do Sul
	16a Região - Maranhão
	5a Região - Bahia
	17a Região - Espírito Santo
	6a Região - Pernambuco
	18a Região - Goiás
	7a Região - Ceará
	19a Região - Alagoas
	8a Região - Pará e Amapá
	20a Região - Sergipe
	9a Região - Paraná
	21a Região - Rio Grande do Norte
	10a Região - Distrito Federal e Tocantins
	22a  Região - Piauí
	11a Região - Amazonas e Roraima
	23a Região - Mato Grosso
	Santa Catarina
	24a Região - Mato Grosso do Sul
 
Juízes do Trabalho – Varas do Trabalho → Dispõe a Constituição Federal que nas Varas do Trabalho, a jurisdição será exercida por um juiz singular, com ingresso na magistratura do Trabalho, mediante concurso público de títulos e provas. As Varas do Trabalho compõem a primeira instância do Judiciário laboral e são instituídas por lei.
Em comarcas em que não houver Vara do Trabalho, a competência será atribuída aos juízes de direito, com recurso para o Tribunal Regional do Trabalho da respectiva Região.
 
De acordo com o artigo 668 da CLT “Nas localidades não compreendidas na jurisdição das Juntas de Conciliação e Julgamento (JCJ), os Juízes de Direito são órgãos de administração da Justiça do Trabalho, com a jurisdição que lhes for determinada pela lei de organização judiciária local”.
 
Nota: A Emenda Constitucional n. 24/99 extinguiu a representação classista da Justiça do Trabalho, substituindo as Juntas de Conciliação e Julgamento (órgão colegiado), composta por 1 juiz do trabalho e 2 juízes classistas pelos Juízes do Trabalho (órgão singular) que exercem a jurisdição nas Varas do Trabalho. A referida emenda assegurou o cumprimento dos mandatos dos então ministros classistas temporários do TST e dos juízes classistas temporários dos TRTs e das extintas JCJ. 
Nesta aula, passaremos à estruturação da justiça especial ou especializada eleitoral.
De acordo com o artigo 118 da CF:
São órgãos da Justiça Eleitoral:
 
I – o Tribunal Superior Eleitoral;
II – os Tribunais Regionais Eleitorais;
III – os Juízes Eleitorais;
IV – as Juntas Eleitorais.
 
Tribunal Superior Eleitoral – TSE 
 
O órgão máximo da Justiça Eleitoral é o Tribunal Superior Eleitoral, posicionando-se acima dos Tribunais Regionais Eleitorais  e dos juízes eleitorais e juntas eleitorais.
 
A Justiça eleitoral não configura a magistratura de carreira, isso quer dizer, toda a sua estrutura organizacional é composta de membros de outros órgãos do Poder Judiciário, de forma que não há ingresso mediante concurso público na carreira para juiz eleitoral.
 
Composição: Dispõe o artigo 119 da CF/88 que o TSE compõe-se de no mínimo 7 juízes sendo:
a) 3 juízes eleitos dentre os Ministros do STF, pelo voto secreto,
b) 2 juízes eleitos pelo voto secreto dentre os Ministros do STJ;
c) 2 juízes escolhidos da seguinte forma: O STF elaborará lista sêxtupla, escolhendo nomes dentre advogados de notável saber jurídico e idoneidade moral, encaminhando-se ao Presidente da República, que escolherá 2, nomeando-os, sem haver necessidade de aprovação pelo Senado Federal. 
 
Observa-se que as exigências são no tocante aos juízes que sairão da lista sêxtupla elaborada pelo STF, a saber, notável saber jurídico e idoneidade moral. No entanto, tem sido entendimento do Tribunal Superior Eleitoral, o qual foi manifestado nas Resoluções de n.º 20.958/2001 e 21.461/2003 ser necessário também que  o advogado tenha o requisito adicional de dez anos de efetivo exercício profissional. 
 
Os membros do TSE, assim como os demais juízes eleitorais terão o mandato de 02 anos, no mínimo, e nunca por mais de dois biênios consecutivos. 
 
Respeitadas as diretrizes constitucionais, a organização e competência dos órgãos da JustiçaEleitoral são definidas por meio de lei complementar (art. 121 da CF/88). O TSE tem competência originária e recursal. A competência originária encontra-se prevista no artigo 22, I do Código Eleitoral (Lei 4.737/65). A competência recursal ocorre na medida das revisões que são feitas das decisões dos Tribunais Regionais Eleitorais, dentro dos limites previstos no artigo 121, § 4º da CF/88.
 
Código Eleitroral - Art. 22. Compete ao Tribunal Superior:
I – processar e julgar originariamente:
a) o registro e a cassação de registro de partidos políticos, dos seus Diretórios Nacionais e de candidatos a Presidência e Vice-Presidência da República;
b) os conflitos de jurisdição entre Tribunais Regionais e Juízes Eleitorais de Estados diferentes;
c) a suspeição ou impedimento aos seus membros, ao Procurador-Geral e aos funcionários da sua Secretaria;
d) os crimes eleitorais e os comuns que lhes forem conexos cometidos pelos seus próprios Juízes e pelos Juízes dos Tribunais Regionais;
e) o habeas corpus ou mandado de segurança, em matéria eleitoral, relativos a atos do Presidente da República, dos Ministros de Estado e dos Tribunais Regionais; ou, ainda, o habeas corpus, quando houver perigo de se consumar a violência antes que o Juiz competente possa prover sobre a impetração;
f) as reclamações relativas a obrigações impostas por lei aos partidos políticos, quanto à sua contabilidade e à apuração da origem dos seus recursos;
g) as impugnações à apuração do resultado geral, proclamação dos eleitos e expedição de diploma na eleição de Presidente e Vice-Presidente da República;
h) os pedidos de desaforamento dos feitos não decididos nos Tribunais Regionais dentro de trinta dias da conclusão ao Relator, formulados por partido, candidato, Ministério Público ou parte legitimamente interessada;
i) as reclamações contra os seus próprios Juízes que, no prazo de trinta dias a contar da conclusão, não houverem julgado os feitos a eles distribuídos;
j) a ação rescisória, nos casos de inelegibilidade, desde que intentada dentro do prazo de cento e vinte dias de decisão irrecorrível, possibilitando-se o exercício do mandato eletivo até o seu trânsito em julgado;
As decisões do TSE são irrecorríveis. salvo as que contrariarem a Constituição e as que forem denegatórias de habeas corpus ou mandado de segurança.
 
 
Tribunais Regionais Eleitorais – TRE’s
 
Conforme o disposto no artigo 120 da CF/88, na Capital de cada Estado e no Distrito Federal haverá um Tribunal Regional Eleitoral.
 
Composição: O TRE compõe-se de 7 juízes, sendo:
 
a) eleição pelo voto secreto de 2 juízes dentre os desembargadores do Tribunal de Justiça;
b) eleição pelo voto secreto de 2 juízes dentre juízes de direito, escolhidos pelo Tribunal de Justiça;
c) 1 juiz do TRF com sede na Capital do Estado ou no Distrito Federal, ou, não havendo, de juiz federal, escolhido, em qualquer caso, pelo TRF da respectiva região;
d) 2 juízes, por nomeação, pelo Presidente da República, dentre seis advogados de notável saber jurídico e idoneidade moral, indicados pelo Tribunal de Justiça. 
 
Os Tribunais Regionais Eleitorais têm competência originária (art. 29, I do CE) e recursal (art. 29, II do CE). 
Cabe ressaltar que de acordo com o artigo 121, parágrafo 4o da CF somente caberá recurso das decisões dos TREs quando:
- forem proferidas contra disposição expressa da Constituição ou de lei;
- ocorrer divergência na interpretação de lei entre dois ou mais tribunais eleitorais;
- versarem sobre inegibilidade ou expedição de diplomas nas eleições federais ou estaduais; anularem diplomas ou decretarem  aperda de mandatos eletivos federais ou estaduais;
- denegarem habeas corpus, mandado de segurança, habeas data ou mandado de injunção.
 
Juízes Eleitorais e Juntas Eleitorais
 
Os juízes eleitorais, de acordo com o disposto no artigo 32 do Código Eleitoral, são os próprios juízes de direito em efetivo exercício, cabendo-lhes a jurisdição de cada uma das zonas eleitorais em que se divide a circunscrição eleitoral com as competências expressas prescritas no artigo 35 do Código Eleitoral.  
 
As juntas eleitorais são órgãos da justiça eleitoral que são criadas para apurar as eleições em cada zona eleitoral. De acordo com o artigo 36 do CE as juntas eleitorais compõem-se de um juiz de direito, que será o presidente, de 02 ou 04 cidadãos de notória idoneidade. Os membros das juntas devem ser nomeados 60 dias antes da eleição, depois de aprovação do Tribunal Regional Eleitoral, pelo seu presidente. É competência da junta eleitoral, de acordo com o artigo 40 do CE, apurar, no prazo de 10 dias, as eleições realizadas nas zonas eleitorais sob a sua jurisdição, resolver as impugnações e demais incidentes verificados durante os trabalhos da contagem e da apuração, bem como expedir os boletins de apuração e expedir diploma aos eleitos para cargos municipais.
 
Justiça Especializada → Direito (Penal) Militar.
Organização → De acordo com o artigo 122 da CF/88 são órgãos da Justiça Militar:
 
I – O Superior Tribunal Militar.
II – Os Tribunais e Juízes Militares instituídos por lei.
 
Há dois tipos de servidores militares: integrantes das Forças Armadas (Marinha, Exército e Aeronáutica) e militares dos Estados, Distrito Federal e Territórios, que integram as Forças Auxiliares e reserva do Exército (Polícia Militar e Corpo de Bombeiro Militar). 
 
Há, portanto, duas justiças militares: Justiça Militar da União (art. 124 da CF/88) e Justiça Militar dos Estados (art. 125, §§ 3º, 4° e 5º da CF/88).
 
Competência da Justiça Militar da União
 
De acordo com o artigo 124 da CF/88 a Justiça Militar da União tem competência exclusivamente penal, competindo-lhe processar e julgar os crimes militares definidos em lei. Ainda dispõe referido artigo que lei disporá sobre a organização, funcionamento e a competência da Justiça Militar.  
 
A lei 8457/92 organizou a Justiça Militar da União. O território brasileiro está dividido em 12 Circunscrições Judiciárias Militares (CJM), sendo:
 
1ª - Estados do Rio de Janeiro e Espírito Santo;
2ª - Estado de São Paulo;
3ª - Estado do Rio Grande do Sul;
4ª - Estado de Minas Gerais;
5ª - Estados do Paraná e Santa Catarina;
6ª - Estados da Bahia e Sergipe;
7ª - Estados de Pernambuco, Rio Grande do Norte, Paraíba e Alagoas;
8ª - Estados do Pará, Amapá e Maranhão;
9ª - Estados do Mato Grosso do Sul e Mato Grosso
10ª - Estados do Ceará e Piauí;
11ª - Distrito Federal, Estados de Goiás e Tocantins;
12ª - Estados do Amazonas, Acre, Roraima e Rondônia.
 
A primeira instância da Justiça Militar da União é composta pelos Conselhos de Justiça Militar  (Especial e Permanente – órgãos colegiados), os quais funcionarão nas sedes das Auditorias Militares (mínimo de 1 Auditoria Militar por Circunscrição Judiciária Militar). Em jurisdição superior pelo Superior Tribunal Militar (STM).
 
Conselho Especial de Justiça – competente para julgamento dos Oficiais, exceto Oficiais-Generais - que é competência originária do STM - nos delitos previstos na legislação penal militar. A competência deste conselho se estende aos crimes praticados em coautoria com oficiais, mesmo que por não oficiais. Cabe resslatar que o Conselho Especial é constituído para cada processo e dissolvido após a conclusão dos seus trabalhos.
 
Conselho Permanente de Justiça – competente para julgamento das Praças (não Oficiais). É renovado a cada 3 meses, podendo julgar os civis, nas hipóteses permitidas em lei.
 
Os Conselhos Especial e Permanente são compostos cada, de um Juiz-Auditor e quatro Juízes Militares.
 
Antes de prosseguirmos segue quadro ilustrativo dos postos e graduações das Forças Armadas:
 
 
Superior Tribunal Militar – STM 
 
Composição: 15 Ministros vitalícios, sendo 3 oficiais-generais da Marinha, da ativa e do posto mais elevado da carreira, de 4 oficiais-generais do Exército, da ativa e do posto mais elevado da carreira, de 3 oficiais-generais da Aeronáutica, da ativa e do posto mais elevado da carreirae de 5 civis, dos quais, 3 serão escolhidos dentre advogados de notório saber jurídico e conduta ilibada, com mais de 10 anos de efetiva atividade profissional, 1 dentre juízes auditores e 1 membro do Ministério Público da Justiça Militar. 
 
Requisitos:
 
Oficiais – generais (brasileiros natos).
 
Civis – brasileiro (nato ou naturalizado), mais de 35 anos de idade, notório saber jurídico, conduta ilibada com mais de 10 de efetiva atividade profissional para os advogados.
 
Nomeação - Cabe ao Presidente da República apontar a indicação dos 15 Ministros, a qual deve ser aprovada pela maioria simples do Senado Federal. Uma vez aprovada a indicação, deve-se proceder à nomeação.
 
O STM tem competência originária e recursal de acordo com seu Regimento Interno.
 
Notas:
a) A Justiça Militar da União poderá em alguns casos, julgar além dos Militares integrantes das Forças Armadas, também o civil em crimes praticados contra as instituições militares, como por exemplo, contra o patrimônio sob a administração militar, ou contra a ordem administrativa militar, ou em lugar sujeito a administração militar contra militar em situação de atividade ou assemelhado, ou contra funcionário de Ministério militar ou da Justiça Militar, no exercício de função inerente ao seu cargo e outras hipóteses previstas no artigo 9° do Código Penal Militar.
b) No que toca aos crimes dolosos contra vida  em que a CF/88 prevê como sendo o julgamento da competência do Tribunal do Júri, para a Justiça Militar da União, quando praticados contra civil serão da competência da justiça comum (Tribunal do Júri) e não da especializada militar, salvo se praticado no contexto de ação militar realizada na forma do artigo 303 da Lei 7.565/1986 (CBA - Código Brasileiro de Aeronáutica), notadamente no abate de aeronave considerada hostil (Lei 9.614/98).   
 
Competência da Justiça Militar dos Estados
 
De acordo com o artigo 125 da CF/88, §3°, a lei estadual poderá criar, mediante proposta do Tribunal de Justiça, a Justiça Militar estadual, sendo:
 
1° grau – Juízes de Direito (Juiz Auditor) e Conselhos de Justiça (Permanente e Especial).
 
2° grau – Tribunal de Justiça ou Tribunal de Justiça Militar em que o efetivo militar seja superior a 20.000 integrantes (exemplos: São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul).  No caso da inexistência de um TJM, o órgão recursal será o próprio Tribunal de Justiça (TJ).
 
Cabe ressaltar que é de competência da Justiça Militar dos Estados processar e julgar os militares dos Estados, nos crimes militares definidos em lei, e as ações judiciais contra atos disciplinares militares. Neste particular conclui-se que a Justiça Militar Estadual não julga civis.
 
Conselhos de Justiça – Permanente (compete processar e julgar as Praças – soldados, cabos, sargentos, subtenentes e aspirantes a oficial) e Especial (tenentes, capitães, majores, tenentes-coronéis e coronéis). Os Conselhos de Justiça, compostos por 1 juiz de direito e 4 juízes militares (Oficiais sorteados e temporários para o exercício da função específica) têm competência para processar e julgar os militares nos crimes militares, exceto aqueles praticados contra civil.
Juiz Auditor – De acordo com o artigo 125 da CF, § 5º, compete aos juízes de direito do juízo militar processar e julgar, singularmente (juízo monocrático), os crimes militares cometidos por militares contra civis (exceto crime doloso contra a vida) e as ações judiciais contra atos disciplinares militares.
Nesta aula passaremos ao estudo da Polícia: 
POLÍCIA 
1. Conceito → Corporação que engloba os órgãos e instituições incumbidos da prevenção e repressão à prática de crimes, bem como responsáveis em impor ao cidadão o respeito às leis e regras sociais, a fim de garantir a manutenção da ordem e da segurança pública. ¹
2. Segurança Pública → A Constituição Federal trata em seu artigo 144 da Segurança Pública, que é dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, tendo como objetivo fundamental a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio. 
3. Organização → Art. 144 da CF – A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercido para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos:
I – polícia federal.
II – polícia rodoviária federal.
III – polícia ferroviária federal.
IV – polícias civis.
V – polícias militares e corpos de bombeiros militares.
4. Organograma → Para que a Segurança Pública possa alcançar os seus objetivos, ela está estruturada, de acordo com o artigo 144 da CF, com os seguintes órgãos: Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, Polícia Ferroviária Federal, Polícias Civis, Polícias Militares e Corpos de Bombeiros Militares. 
                                                                                     Direito Constitucional Esquematizado
Por questões estruturais a atividade policial é dividida inicialmente em duas grandes áreas: 
5. Polícia Administrativa – É aquela polícia que atua preventivamente, buscando evitar que o crime aconteça. Responsável pela manutenção da tranquilidade social, procura desestimular a prática criminal. São exemplos da atividade policial administrativa, abordar cidadãos, dissolver algazarras e outros (poder de polícia da autoridade policial).  Podemos citar como exemplos da polícia administrativa: Polícia Rodoviária Federal (União), Polícia Ferroviária Federal (União) e Polícias Militares (Estados).
5.1 Polícia Rodoviária Federal - vinculada à União, tem atribuição específica de efetivar o patrulhamento ostensivo nas rodovias federais.
5.2 Polícia Ferroviária Federal - vinculada à União com atribuição específica de patrulhar ostensivamente as ferrovias federais.
5.3 Polícias Militares - vinculadas aos Estados e ao Distrito Federal, com função de polícia ostensiva, bem como a função de preservação da ordem pública. 
6. Polícia Judiciária – A Polícia Judiciária também é conhecida como polícia de investigação, tem função de investigar a prática de infrações penais, a fim de apurar as respectivas autorias. Ao lado da apuração dos delitos, cabe também à polícia judiciária auxiliar o Poder Judiciário na execução de medidas administrativas e processuais, tais como: cumprimento de diligências, mandados de prisão e outros. Podemos citar como exemplos de Polícia Judiciária a Polícia Federal (União) e as Polícias Civis (Estados). 
6.1 Polícia Federal - vinculada à União, cabendo-lhe exercer as funções de polícia marítima, aeroportuária e de fronteiras, e, em caráter de exclusividade, as funções de polícia judiciária da União, além, de apurar infrações penais contra a ordem política e social, ou em detrimento de bens, serviços e interesses da União ou de suas entidades autárquicas e empresas públicas, bem como outras infrações que causem repercussão interestadual ou internacional. É também da competência da polícia federal, por fim, a prevenção e a repressão ao tráfico ilícito de entorpecentes, ao contrabando e ao descaminho, sem prejuízo da atuação de outros órgãos públicos. 
6.2 Polícias Civis - vinculadas aos Estados e ao Distrito Federal, destinando-se ao exercício das funções de polícia judiciária, incluindo a apuração de infrações penais, ressalvada a competência da União. 
7. Corpo de Bombeiros → No que toca ao Corpo de Bombeiros, também considerado força auxiliar e reserva do Exército, é igualmente vinculado aos Estados e ao Distrito Federal, com incumbência principal de execução das atividades características de defesa civil, além daquelas definidas em lei, tais como: prevenção e extinção de incêndios, proteção, busca e salvamento de vidas humanas, prestação de socorros em casos de afogamento, inundações, desabamentos, acidentes em geral, catástrofes, calamidades públicas e outros.
8. Carreira → O ingresso na Carreira de Delegado de Polícia Estadual e Delegado da Polícia Federal se dá por meio de concurso público. São requisitos para o ingresso:
8.1 Delegado de PolíciaCivil: nacionalidade brasileira; diploma de Bacharel em Direito; não registrar antecedentes criminais; regularidade com o serviço militar, estar em pleno gozo dos direitos políticos, capacidade física e mental, conduta irrepreensível na vida pública e privada, comprovação de 2 anos de atividade jurídica.
O concurso para Delegado prevê 07 fases: prova preambular com questões de múltipla escolha, de caráter eliminatório e classificatório, constituída de questões objetivas, consistentes em testes de múltipla escolha; prova escrita, de caráter eliminatório e classificatório; exame oral, de caráter eliminatório e classificatório; prova de aptidão psicológica - PAP, de caráter eliminatório; prova de aptidão física - PAF, de caráter eliminatório; comprovação de idoneidade e conduta escorreita, mediante investigação social, de caráter eliminatório e prova de títulos, de caráter classificatório.
 
8.2 Delegado da Polícia Federal: nacionalidade brasileira ou portuguesa; diploma de Bacharel em Direito; não registrar antecedentes criminais; regularidade com o serviço militar e estar em pleno gozo dos direitos políticos. Três anos de atividade jurídica ou policial. O concurso divide-se em etapas, quais sejam:
1ª etapa → consiste na admissão do candidato no Curso de Formação Profissional de Delegado de Polícia Federal, o qual se divide em fases: prova objetiva; prova discursiva; exame de aptidão física; exame médico; prova oral; avaliação psicológica, apresentação de títulos e investigação social. 
2ª etapa → consiste em freqüência e aproveitamento em Curso de Formação Profissional de Delegado de Polícia, ministrado pela Academia Nacional de Polícia.  
 
ADVOCACIA
Introdução - Com a organização do Estado e o afastamento da justiça privada, para a solução das lides, necessita-se da observância de um conjunto de regras, processuais e materiais, que compõem o Direito. Tendo em vista que o leigo não domina a sistemática definida por lei para que o exercício da função jurisdicional seja provocado e tenha consequência até uma sentença, nasce a necessidade da função do Advogado.
Previsão Constitucional - De acordo com o artigo 133 da Constituição Federal de 1988 “O Advogado é indispensável à administração da justiça, sendo inviolável por seus atos e manifestações no exercício da profissão, nos limites da lei”.
Natureza jurídica – Híbrida - aspectos de cunho privado (contrato de mandato) e aspectos públicos (múnus público – busca da justiça e realização do direito). Na atualidade considera-se como sendo de natureza pública.
Somente ao Advogado é dada a capacidade postulatória para que o mesmo possa representar seu cliente em juízo, mediante a outorga de uma procuração (art. 104 CPC)
Denominação – Advogado (Bacharel em Direito habilitado nos quadros da OAB).
Requisitos - De acordo com o Estatuto da Advocacia e Ordem dos Advogados do Brasil – EAOAB (Lei 8.906/94), artigo 8º, são requisitos para ingresso nos quadros da Ordem dos Advogados do Brasil:
I – capacidade civil.
II – diploma ou certidão de graduação em Direito, obtido em instituição de ensino oficialmente autorizada e credenciada.
III – título de eleitor e quitação do serviço militar, se brasileiro.
IV – aprovação em Exame de Ordem. (ver liberdade de profissão – Art. 5°, XIII da CF).
V – não exercer atividade incompatível com a advocacia.
VI – idoneidade moral.
VII – prestar compromisso perante o Conselho.
Estagiário - No que toca aos requisitos para inscrição nos quadros da OAB como Estagiário, o artigo 9º do referido diploma disciplina a questão determinando que deverão ser preenchidos os requisitos mencionados nos incisos I, III, V, VI e VII do artigo 8º, bem como ter sido admitido em estágio profissional de advocacia. O estagiário não pode isoladamente realizar qualquer ato próprio da atividade da advocacia sem assistência do advogado, salvo nas hipóteses previstas em lei.
Exame da OAB - No que toca ao Exame de Ordem, podemos dizer que é a prova realizada pela Ordem dos Advogados do Brasil para verificar a aptidão do candidato ao exercício da função de advogado. Para o Exame Unificado, constitui-se de duas fases. A primeira prova é objetiva, com oitenta (80) questões de múltipla escolha sobre várias áreas do Direito (Direito Constitucional, Direito Civil, Direito Empresarial, Direito Penal, Direito do Trabalho, Direito Administrativo, Direito Tributário, Direito Processual Civil, Direito Processual Penal, Direito Ambiental, Código de Defesa Consumidor, Direitos Humanos, Filosofia do Direito, ECA e também questões sobre o Estatuto da OAB, seu Regulamento Geral e o Código de Ética e Disciplina). Serão considerados habilitados para a 2ª fase os candidatos que tiverem, no mínimo, 50% de acerto das questões da 1ª fase. A segunda etapa terá aplicação de prova prático-profissional e compreenderá redação de peça profissional, privativa de advogado, além de questões práticas sob a forma de situações-problema, nas seguintes áreas de Direito: Administrativo, Civil, Constitucional, Trabalho, Empresarial, Penal ou Tributário, bem como direito processual respectivo.
Uma vez regularmente admitido nos quadros da OAB como advogado, o mesmo sujeita-se a uma série de direitos e deveres prescritos na legislação constitucional e infraconstitucional já mencionados, atuando de forma específica em atividades privativas da advocacia, a saber: postulação a qualquer órgão do Poder Judiciário e aos Juizados Especiais, ressalvadas as exceções legais, assim como as atividades de consultoria, assessoria e direção jurídicas.
Inscrição- Mesmo após regularmente inscrito, o advogado está sujeito a situações que possam ensejar o cancelamento da inscrição. As hipóteses estão previstas no artigo 11 do EAOAB, e são elas (rol taxativo):
I – assim o requerer. (Art. 5°, XX da CF).
II – sofrer penalidade de exclusão.
III – falecer.
IV – passar a exercer, em caráter definitivo, atividade incompatível com a advocacia.
V – perder qualquer um dos requisitos necessários para a inscrição.
Uma vez cancelada a inscrição, será admitido novo pedido de inscrição, sem que, no entanto, seja conferido ao postulante o mesmo número da inscrição anterior.
Há casos também em que o profissional da advocacia poderá licenciar-se, os quais estão previstos no artigo 12 do EAOAB, sendo:
I – assim o requerer por motivo justificado.
II – passar a exercer, em caráter temporário, atividade incompatível com o exercício da advocacia.
III – sofrer doença mental considerada curável.
Vedações - A exemplo das vedações que ocorrem com os magistrados e membros do Ministério Público, os advogados também estão sujeitos a algumas limitações estabelecidas em lei, chamadas impedimentos e incompatibilidades. Pode-se entender como incompatibilidade a proibição total e o impedimento a proibição parcial para o exercício da advocacia. 
As pessoas proibidas não podem ser inscritas na Ordem, não prestam compromisso e não recebem a carteira da OAB. As pessoas impedidas são inscritas nos quadros da Ordem, prestam compromisso, recebem a respectiva carteira, mas com a observação expressa de que estão impedidas no exercício de determinados casos. 
Incompatibilidades - O artigo 28 do EAOAB faz referência aos casos de incompatibilidade para o exercício da advocacia, a seguir transcritos: 
I – chefe do Poder Executivo e membros da Mesa do Poder Legislativo e seus substitutos legais.
II – membros de órgãos do Poder Judiciário, do Ministério Público, dos tribunais e conselhos de contas, dos juizados especiais, da justiça de paz, juízes classistas, bem como de todos os que exerçam função de julgamento em órgãos de deliberação coletiva da administração pública direta ou indireta.
III – ocupantes de cargos ou funções de direção em Órgãos da Administração Pública direta ou indireta, em suas fundações e em suas empresas controladas ou concessionárias de serviço público.
IV – ocupantes de cargos ou funções vinculados direta ou indiretamente a qualquer órgão do Poder Judiciárioe os que exercem serviços notariais e de registro.
V – ocupantes de cargos ou funções vinculados direta ou indiretamente a atividade policial de qualquer natureza.
VI – militares de qualquer natureza.
VII – ocupantes de cargos ou funções que tenham competência de lançamento, arrecadação ou fiscalização de tributos e contribuições parafiscais.
VIII – ocupantes de funções de direção e gerência em instituições financeiras, inclusive privadas. 
Nestes casos de incompatibilidade, o exercício da advocacia é vedado mesmo que em causa própria. 
Impedimentos - No que toca aos casos de impedimentos, os mesmos encontram-se previstos no artigo 30 do EAOAB, e são eles: 
I – os servidores da administração direta, indireta e fundacional, contra a Fazenda Pública que os remunere ou a qual seja vinculada a entidade empregadora.
II – os membros do Poder Legislativo, em seus diferentes níveis, contra ou a favor das pessoas jurídicas de direito público, empresas públicas, sociedades de economia mista, fundações públicas, entidades paraestatais ou empresas concessionárias ou permissionárias de serviço público.
 
PRERROGATIVAS DO ADVOGADO
Elencados nos artigos 6º e 7º do EAOAB (Lei 8906/94) temos os direitos do advogado, sendo eles:
Art. 6º Não há hierarquia nem subordinação entre advogados, magistrados e membros do Ministério Público, devendo todos tratar-se com consideração e respeito recíprocos.
Art. 7 ºSão direitos do advogado:
I – exercer, com liberdade, a profissão em todo o território nacional.
II - a inviolabilidade de seu escritório ou local de trabalho, bem como de seus instrumentos de trabalho, de sua correspondência escrita, eletrônica, telefônica e telemática, desde que relativas ao exercício da advocacia.
III – comunicar-se com seus clientes, pessoal e reservadamente, mesmo sem procuração, quando estes se acharem presos, detidos ou recolhidos em estabelecimentos civis ou militares, ainda que considerados incomunicáveis.
IV – ter a presença de representante da OAB, quando preso em flagrante, por motivo ligado ao exercício da advocacia, para lavratura do auto respectivo, sob pena de nulidade[1] e, nos demais casos, a comunicação expressa à seccional da OAB.
V – não ser recolhido preso, antes de sentença transitada em julgado, senão em sala de Estado Maior, com instalações e comodidades condignas, assim reconhecidas pela OAB[2], e na sua falta, em prisão domiciliar.
 VI – ingressar livremente:
a)      nas salas de sessões dos tribunais, mesmo além dos cancelos que separam a parte reservada aos magistrados.
b)      nas salas e dependências de audiências, secretarias, cartórios, ofícios de justiça, serviços notariais e de registro, e, no caso de delegacias e prisões, mesmo fora da hora de expediente e independentemente da presença de seus titulares.
c)      em qualquer edifício ou recinto em que funcione repartição judicial ou outro serviço público onde o advogado deva praticar ato ou colher prova ou informação útil ao exercício da atividade profissional, dentro do expediente ou fora dele, e ser atendido, desde que se ache presente qualquer servidor ou empregado.
d)      em qualquer assembléia ou reunião de que participe ou possa participar o seu cliente, ou perante a qual este deva comparecer, desde que munido de poderes especiais.
VII – permanecer sentado ou em pé e retirar-se de quaisquer locais indicados no inciso anterior, independentemente de licença.
VIII – dirigir-se diretamente aos magistrados nas salas e gabinetes de trabalho, independentemente de horário previamente marcado ou outra condição, observando-se a ordem de chegada.
IX – sustentar oralmente as razões de qualquer recurso ou processo, nas sessões de julgamento, após o voto do relator, em  instância judicial ou administrativa, pelo prazo de quinze minutos, salvo se prazo maior for concedido.[3]
X – usar da palavra, pela ordem, em qualquer juízo ou tribunal, mediante intervenção sumária, para esclarecer equívoco ou dúvida surgida em relação a fatos, documentos ou afirmações que influam no julgamento, bem como para replicar acusação ou censura que lhe forem feitas.
XI – reclamar, verbalmente ou por escrito, perante qualquer juízo, tribunal ou autoridade, contra a inobservância de preceito de lei, regulamento ou regimento.
XII – falar, sentado ou em pé, em juízo, tribunal ou órgão de deliberação coletiva da Administração Pública ou do Poder Legislativo.
XIII – examinar, em qualquer órgão dos Poderes Judiciário e Legislativo, ou da Administração Pública em geral, autos de processos findos ou em andamento, mesmo sem procuração, quando não estejam sujeitos a sigilo, assegurada a obtenção de cópias, podendo tomar apontamentos.
XIV – examinar, em qualquer instituição responsável por conduzir investigação, mesmo sem procuração, autos de flagrante e de investigações de qualquer natureza, findos ou em andamento, ainda que conclusos à autoridade, podendo copiar peças e tomar apontamentos, em meio físico ou digital;
XV – ter vista dos processos judiciais ou administrativos de qualquer natureza, em cartório ou na repartição competente, ou retirá-los pelos prazos legais.
XVI – retirar autos de processos findos, mesmo sem procuração, pelo prazo de dez dias.
XVII – ser publicamente desagravado, quando ofendido no exercício da profissão ou em razão dela.
XVIII – usar os símbolos privativos da profissão de advogado.
XIX – recusar-se a depor como testemunha em processo no qual funcionou ou deva funcionar, ou sobre fato relacionado com pessoa de quem seja ou foi advogado, mesmo quando autorizado ou solicitado pelo constituinte, bem como sobre fato que constitua sigilo profissional.
XX – retirar-se do recinto onde se encontre aguardando pregão para ato judicial, após trinta minutos do horário designado e ao qual ainda não tenha comparecido a autoridade que deva presidir a ele, mediante comunicação protocolizada em juízo.
XXI - assistir a seus clientes investigados durante a apuração de infrações, sob pena de nulidade absoluta do respectivo interrogatório ou depoimento e, subsequentemente, de todos os elementos investigatórios e probatórios dele decorrentes ou derivados, direta ou indiretamente, podendo, inclusive, no curso da respectiva apuração:
a) apresentar razões e quesitos;
§ 1º Não se aplica o disposto nos incisos XV e XVI:
1)      aos processos sob regime de segredo de justiça.
2)      quando existirem nos autos documentos originais de difícil restauração ou ocorrer circunstância relevante que justifique a permanência dos autos no cartório, secretaria ou repartição, reconhecida pela autoridade em despacho motivado, proferido de ofício, mediante representação ou a requerimento da parte interessada.
3)      até o encerramento do processo, ao advogado que houver deixado de devolver os respectivos autos no prazo legal, e só o fizer depois de intimado.
§ 2º O advogado tem imunidade profissional, não constituindo injúria, difamação ou desacato[4] puníveis qualquer manifestação de sua parte, no exercício de sua atividade, em juízo ou fora dele, sem prejuízo das sanções disciplinares perante a OAB, pelos excessos que cometer.
§ 3º O advogado somente poderá ser preso em flagrante, por motivo de exercício da profissão, em caso de crime inafiançável, observado o disposto no inciso IV deste artigo.
§ 4º O Poder Judiciário e o Poder Executivo devem instalar, em todos os juizados, fóruns, tribunais, delegacias de polícia e presídios, salas especiais permanentes para os advogados, com uso e controle[5] assegurados à OAB.  
§ 5º No caso de ofensa a inscrito na OAB, no exercício da profissão ou de cargo ou função de órgão da OAB, o conselho competente deve promover o desagravo público do ofendido, sem prejuízo da responsabilidade criminal em que incorrer o infrator.
§ 6º Presentes indícios de autoria e materialidade da prática de crime por parte de advogado, a autoridade judiciária competente poderá decretar a quebra da inviolabilidade de que trata o inciso II do caput deste artigo, em decisão motivada, expedindo mandado debusca e apreensão, específico e pormenorizado, a ser cumprido na presença de representante da OAB, sendo, em qualquer hipótese, vedada a utilização dos documentos, das mídias e dos objetos pertencentes a clientes do advogado averiguado, bem como dos demais instrumentos de trabalho que contenham informações sobre clientes.
§ 7º A ressalva constante do § 6o deste artigo não se estende a clientes do advogado averiguado que estejam sendo formalmente investigados como seus partícipes ou co-autores pela prática do mesmo crime que deu causa à quebra da inviolabilidade.
§ 10 Nos autos sujeitos a sigilo, deve o advogado apresentar procuração para o exercício dos direitos de que trata o inciso XIV.
§ 11.  No caso previsto no inciso XIV, a autoridade competente poderá delimitar o acesso do advogado aos elementos de prova relacionados a diligências em andamento e ainda não documentados nos autos, quando houver risco de comprometimento da eficiência, da eficácia ou da finalidade das diligências.
§ 12.  A inobservância aos direitos estabelecidos no inciso XIV, o fornecimento incompleto de autos ou o fornecimento de autos em que houve a retirada de peças já incluídas no caderno investigativo implicará responsabilização criminal e funcional por abuso de autoridade do responsável que impedir o acesso do advogado com o intuito de prejudicar o exercício da defesa, sem prejuízo do direito subjetivo do advogado de requerer acesso aos autos ao juiz competente.
[1] O Plenário julgou constitucional o dispositivo acima, mantendo a necessidade de representante da OAB para a prisão em flagrante de advogado por motivo relacionado ao exercício da advocacia. Caso a OAB não envie representante em tempo hábil, a validade da prisão em flagrante será mantida.
[2] A expressão em negrito havia sido suspensa por força de liminar concedida na ADin 1.127-8 em trâmite no STF, a qual foi julgada, sendo que o Supremo manteve o direito dos advogados à prisão especial, retirando da OAB a capacidade de reconhecer se as salas atendem ou não a essa exigência.
[3] No julgamento da ADin 1.127-8 pelo STF o inciso foi julgado inconstitucional pela maioria do Plenário, afastando-se a possibilidade de o advogado fazer sustentação oral após o voto do relator.
[4] A expressão em negrito havia sido suspensa por força de liminar concedida na ADin 1.127-8 em trâmite no STF, a qual foi julgada, sendo que o Supremo suprimiu a expressão desacato, desta forma, a autoridade pública que for desacatada poderá promover o processo judicial.
[5] A expressão em negrito havia sido suspensa por força de liminar concedida na ADin 1.127-8 em trâmite no STF, a qual foi julgada, sendo que o Supremo manteve a suspensão da expressão.
 
SOCIEDADE DE ADVOGADOS
Sociedade - O advogado, visando sempre estar atualizado nas questões do direito e buscando a melhoria do trabalho prestado aos seus clientes, poderá, a exemplo do que ocorre em outras profissões, reunir-se em sociedade civil (sociedade simples) com outros advogados, para desempenho das atividades profissionais, é o disposto no artigo 15 do EAOAB, que reza:           
Art. 15. Os advogados podem reunir-se em sociedade simples de prestação de serviços de advocacia ou constituir sociedade unipessoal de advocacia, na forma disciplinada nesta Lei e no regulamento geral.
Registro - A chamada sociedade de advogados ou unipessoal de advocacia adquire a sua personalidade jurídica com o registro aprovado de seus atos constitutivos noConselho Seccional da OAB em cuja base territorial tiver sede.
Permite-se a abertura de filiais em outra base territorial, desde que os atos de constituição da filial sejam averbados no registro da sociedade e arquivados junto ao Conselho Seccional onde se instalar, ficando os sócios obrigados à inscrição suplementar.
Limites - Há algumas vedações/limitações à liberdade de associação dos advogados:
Somente advogados devem integrar a sociedade de advogados ou a sociedade unipessoal de advocacia, uma vez que o exercício da atividade jurídica é ato privativo dos regularmente inscritos na OAB.
Nenhum advogado pode integrar mais de uma sociedade de advogados, constituir mais de uma sociedade unipessoal de advocacia, ou integrar, simultaneamente, uma sociedade de advogados e uma sociedade unipessoal de advocacia, com sede ou filial na mesma área territorial do respectivo Conselho Seccional. Embora o advogado tenha liberdade para exercer a profissão em todo o território nacional, é vedado que sócios de uma mesma sociedade profissional representem em juízo clientes com interesses opostos. 
Razão Social: A razão social da sociedade de advogados deverá ter pelo menos o nome de um dos sócios responsáveis, sendo vedada a adoção de nome fantasia, bem como apresentar forma ou características mercantis. No caso de sociedade unipessoal de advocacia a denominação deve ser obrigatoriamente formada pelo nome do seu titular, completo ou parcial, com a expressão ‘Sociedade Individual de Advocacia’.
Responsabilidade Civil – Tendo a sociedade de advogados personalidade jurídica, a qual deverá responder pelos próprios atos, o EAOAB prevê a responsabilização pessoal de seus integrantes nos casos expressos em lei, inclusive do titular da sociedade unipessoal de advocacia.
Dispõe o artigo 17: “Além da sociedade, o sócio e o titular da sociedade individual de advocacia respondem subsidiária e ilimitadamente pelos danos causados aos clientes por ação ou omissão no exercício da advocacia, sem prejuízo da responsabilidade disciplinar em que possam incorrer”.
 
ADVOGADO EMPREGADO
Advogado Empregado - Além de poder reunir-se sem sociedade com demais colegas, pode o advogado também optar pela relação de emprego, sendo um advogado empregado.
Independência profissional - Nestes casos, a relação empregatícia não retira a isenção técnica e nem reduz a independência profissional inerentes à advocacia. Isso quer dizer, que embora haja uma relação de emprego e, portanto, a relação de patrão e empregado, o advogado detém o conhecimento técnico sendo livre para traçar as melhores estratégias processuais, e também, sendo livre para não adotar posturas que comprometam seus valores e sua ética. 
O artigo 18 do EAOAB disciplina a matéria do advogado empregado, assegurando em seu parágrafo único que o advogado empregado apenas preste serviço naquilo que foi contratado, evitando assim eventuais abusos dos patrões no sentido de atuar também em casos de interesse pessoal. 
Jornada trabalho - Estipula-se que a jornada de trabalho do advogado é de quatro (04) horas diárias, ou seja, vinte (20) horas semanais, salvo acordo ou convenção coletiva ou os casos de dedicação exclusiva. Nesta jornada de trabalho computa-se o tempo que o profissional encontra-se à disposição do seu patrão, quer seja no escritório ou em atividades externas. Tem o profissional direito também às horas extras no caso de exceder a jornada de trabalho, bem como adicional noturno se for o caso. 
 O advogado empregado também tem direito aos honorários de sucumbência.
 
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS
Honorários Advocatícios – A remuneração do advogado que não decorre da relação de emprego (salário) é denominada de honorários.
Espécies – convencionados, arbitrados judicialmente e de sucumbência.
Convencionados – a fim de evitar risco e desgaste com o cliente o advogado deverá contratar seus honorários por escrito, inclusive explicitando-se o valor em caso de eventual acordo. O contrato escrito permite a execução judicial.
Arbitrados judicialmente – os honorários serão arbitrados judicialmente quando não forem convencionados previamente. O juiz deverá observar parâmetros (tabela da OAB, trabalho realizado, tempo, quantidade e qualidade das peças produzidas, média da remuneração praticada em casos semelhantes, despesas de deslocamento e valor econômico da questão).
Sucumbência – são aqueles fixados na condenação contra a parte vencida ou sucumbente.       
Com referência ao CPC, o artigo 85 assegura o direito de recebimento dos honorários advocatícios ao profissionalda área. Os honorários serão fixados entre o mínimo de 10% e o máximo de 20% sobre o valor da condenação, do proveito econômico obtido, ou não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado da causa, atendidos:
a) o grau de zelo do profissional,
b) o lugar de prestação do serviço,
c) a natureza e a importância da causa,
d) o trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o seu serviço.
Em alguns casos expressos em lei os honorários poderão ser fixados conforme apreciação equitativa do juiz, observando-se os critérios acima.
Prescrição: o direito de ação para cobrança dos honorários advocatícios prescreve em 5 anos contados: a) do vencimento do contrato, se houver, b) do trânsito em julgado da decisão que os fixar, c) da ultimação do serviço profissional, da desistência ou transação, da renúncia ou revogação do mandato.
Ressalte-se que o advogado substabelecido, com reserva de poderes, não pode cobrar os honorários advocatícios sem a intervenção daquele que lhe conferiu o substabelecimento.
 
DEVERES E SANÇÕES DISCIPLINARES
Sanções - A infração aos deveres do Advogado poderá ensejar a aplicação de sanções disciplinares, sendo elas: censura, suspensão, exclusão e multa.
Registro - As sanções deverão constar dos assentamentos do inscrito na OAB, após o trânsito em julgado da decisão (artigo 35 do EAOAB), salvo a advertência.
Censura - A pena de censura é a penalidade mais amena, feita por comunicação por ofício reservado onde deverá se aplicar a palavra censura, chamando a atenção para o fato punível. A advertência caberá nos mesmos casos que a censura, porém, desde que presente alguma circunstância atenuante e que se trate da primeira falta cometida, podendo ser aplicada, no entanto, não é registrada nos assentamentos.
O artigo 36 do EAOAB disciplina a pena de censura, senão vejamos:
“Art. 36. A censura é aplicável nos casos de:
I – infrações definidas nos incisos I a XVI e XXIX do art. 34.
II – violação a preceito do Código de Ética e Disciplina.
III – violação a preceito desta Lei, quando para a infração não se tenha estabelecido sanção mais grave.
Parágrafo único. A censura pode ser convertida em advertência, em ofício reservado, sem registro nos assentamentos do inscrito, quando presente circunstância atenuante”.
Circunstâncias atenuantes - Podem ser consideradas como circunstâncias atenuantes:
a) falta cometida na defesa de prerrogativa profissional,
b) a ausência de punição disciplinar anterior,
c) o exercício assíduo e proficiente de mandato ou cargo em qualquer órgão da OAB
d) a prestação de relevantes serviços à advocacia ou à causa pública.
Suspensão - A sanção de suspensão é cabível nos casos relacionados nos incisos XVII a XXV do artigo 34 do EAOAB, bem como na hipótese de reincidência em infração disciplinar. A sanção implica na interdição do exercício profissional pelo prazo de 30 dias a 12 meses. Haverá, no entanto, ultrapassagem deste limite, nos casos de recusa à prestação de contas e inadimplência junto à OAB, caso em que a suspensão perdurará até a data em que a obrigação for satisfeita.
Nos casos de inépcia profissional, a suspensão projetar-se-á no tempo até que o infrator obtenha aprovação em novas provas de habilitação.
A sanção de suspensão acarreta a privação temporária para o exercício profissional, não podendo durante este período o infrator praticar quaisquer atos privativos de advogado. É salutar esclarecer que, mesmo durante o período de suspensão, o infrator não perde a qualidade de advogado, de forma que os efeitos da sanção limitam-se à proibição de exercer os atos privativos da advocacia por determinado tempo, persistindo, porém, todas as suas obrigações.
Exclusão - A sanção de exclusão justifica-se pela gravidade da falta cometida pelo advogado. Tem aplicação nos casos de reincidência da aplicação da sanção de suspensão por três vezes, além da prática das infrações previstas nos incisos XXVI a XXVIII do artigo 34 do EAOAB.
Ao contrário da suspensão, a exclusão retira do profissional a qualidade de advogado, implicando no imediato cancelamento de sua inscrição. A possibilidade de reabilitação importa em nova inscrição sem o restabelecimento do número anterior. Por ser medida drástica, há a necessidade da manifestação favorável de 2/3 dos membros do Conselho Seccional competente para a sua aplicação.
Reabilitação – Como não há no sistema jurídico brasileiro pena de caráter perpétuo, é legitima a pretensão do que sofreu sanção disciplinar solicitar após um ano do cumprimento da mesma a respectiva reabilitação mediante provas de bom comportamento. Quando a sanção disciplinar resultar da prática de crime, o pedido de reabilitação dependerá também da correspondente reabilitação criminal. 
Multa - Por fim, a pena de multa é considerada penalidade acessória, passível de ser aplicada em cumulação com as penalidades de censura ou suspensão, sempre que forem verificadas circunstâncias agravantes. Não pode desta forma, a pena de multa, enquanto sanção disciplinar, ser aplicada de forma autônoma. A multa deverá ser fixada entre o mínimo de uma e o máximo de dez anuidades.
Circunstâncias agravantes – reincidência em infração disciplinar e gravidade da culpa.
Prescrição - O prazo prescricional para a pretensão punitiva das infrações disciplinares é de cinco (5) anos a contar da data da constatação oficial do fato. Aplica-se também o instituto da prescrição se o processo disciplinar ficar paralisado por mais de três anos, pendente de despacho ou julgamento, devendo neste caso ser arquivado de ofício, ou a requerimento da parte interessada, sem prejuízo da apuração de eventuais responsabilidades pela paralisação.
 
Deveres do Advogado
Como todo profissional e a exemplo do que ocorre com os magistrados e membros do Ministério Público, o advogado também se sujeita a uma série de deveres profissionais elencados no próprio Estatuto da Advocacia, assim como, no Código de Ética e Disciplina (CED) além de outros diplomas legais.
Deveres Gerais: Além dos deveres gerais de probidade, veracidade, desinteresse e moderação, correção, delicadeza e dignidade, existem os deveres específicos relacionados no EAOAB e Código de Ética e Disciplina, cuja inobservância poderá ensejar sanções disciplinares.
EAOAB: O artigo 34 do EAOAB elenca estes deveres, são eles:
Art. 34. Constitui infração disciplinar:
I – exercer a profissão, quando impedido de fazê-lo, ou facilitar, por qualquer meio, o seu exercício aos não inscritos, proibidos ou impedidos;
II – manter sociedade profissional fora das normas e preceitos estabelecidos nesta Lei;
III – valer-se de agenciador de causas, mediante participação dos honorários a receber;
IV – angariar ou captar causas, com ou sem a intervenção de terceiros;
V – assinar qualquer escrito destinado a processo judicial ou para fim extrajudicial que não tenha feito, ou em que não tenha colaborado;
VI – advogar contra literal disposição de lei, presumindo-se a boa fé quando fundamentado na inconstitucionalidade, na injustiça da lei ou em pronunciamento judicial anterior.
VII – violar, sem justa causa, sigilo profissional.
VIII – estabelecer entendimento com a parte adversa sem autorização do cliente ou ciência do advogado contrário.
IX – prejudicar, por culpa grave, interesse confiado ao seu patrocínio.
X – acarretar, conscientemente, por ato próprio, a anulação ou a nulidade do processo em que funcione.
XI – abandonar a causa sem justo motivo ou antes de decorridos dez dias da comunicação da renúncia.
XII – recusar-se a prestar, sem justo motivo, assistência jurídica, quando nomeada em virtude de impossibilidade da Defensoria Pública.
XIII – fazer publicar na imprensa, desnecessária e habitualmente, alegações forenses ou relativas a causas pendentes.
XIV – deturpar o teor de dispositivo de lei, de citação doutrinária ou de julgado, bem como de depoimentos, documentos e alegações da parte contrária, para confundir o adversário ou iludir o juiz da causa.
XV – fazer, em nome do constituinte, sem autorização escrita

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