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ESTUDO DIRIGIDO – DISCIPLINA DE ÉTICA Nesta Rota de Aprendizagem destacamos a importância para seus estudos de alguns temas diretamente relacionados ao contexto estudado nesta disciplina. Os temas sugeridos abrangem o conteúdo programático da sua disciplina nesta fase e lhe proporcionarão maior fixação de tais assuntos, consequentemente, melhor preparo para o sistema avaliativo adotado pelo Grupo Uninter. É importante ressaltar que os conteúdos abaixo apresentados foram abordados pelos professores em suas aulas, por isso a dica é: veja e reveja as aulas quantas vezes forem necessárias. Esse é apenas um material complementar! Além do livro, os vídeos e os slides das aulas compõem o referencial teórico que irá embasar o seu aprendizado. Utilize-os da melhor maneira possível. Bons estudos! Referência: ALENCASTRO, Mario Sergio Cunha. Ética empresarial na prática. Editora Intersaberes, 2012. Capítulo 1 – Ética A importância da ética na dimensão humana Conceitos Teorias éticas A ética e a lei A avaliação ética A expressão “ser-no-mundo” reforça o fato de que os seres humanos só conseguem realizar a sua existência mediante à convivência com os outros, pois, toda e qualquer ação que tomamos afeta diretamente às pessoas. Sendo assim, a convivência em sociedade requer regras, leis e normas que possam regular o relacionamento humano em todos os níveis para que não se instalem o caos e a desordem. O estudo da ética é muito antigo, pois, já na Grécia Clássica, o grande filósofo Sócrates afirmava que a grande pergunta a ser respondida pela filosofia é “como devemos viver nossas vidas?”. Atualmente, o campo de atuação da Ética ultrapassa os limites da filosofia e inúmeros outros pesquisadores do conhecimento dedicam-se ao seu estudo. Dentre os inúmeros assuntos relacionados ao tema em discussão, há alguns termos que são empregados com maior recorrência, tais como: Ser humano; Homo Sapiens e Homo Faber. De acordo com Alencastro, o ser humano pode ser visto como um ente material, pois possui um corpo, tem instintos e impulsos inconscientes e, principalmente, porque interage constantemente com o meio físico que habita; o homo sapiens é o ser humano dotado de inteligência; e o homo faber é aquele que, pelo manejo da técnica, transforma o mundo material e é por ele transformado. Assim, o interesse maior da ética é compreender como se dá a formação dos hábitos, costumes e até mesmo das regras e leis que regem uma determinada sociedade. Desde a Grécia antiga, diversas teorias têm sido formuladas para explicar o comportamento ético do ser humano. São formulações que surgem em diversas épocas e sociedades como resposta aos problemas trazidos pelo comportamento das pessoas. Em função de suas motivações básicas, essas teorias podem ser divididas em cinco grupos: 1) ética das virtudes; 2) ética religiosa; 3) ética do dever; 4) finalismo; e 5) utilitarismo. Embora na linguagem corrente as palavras ética e moral sejam, muitas vezes, usadas de maneira indistinta, na linguagem filosófica elas têm significados mais precisos. No campo da filosofia, é mais apropriado utilizar a palavra ética para designar a disciplina ou a ciência que tem por foco o estudo das normas morais. Já a palavra moral fica relacionada aos costumes e às normas de comportamento, internalizadas e aceitas em uma determinada comunidade humana. A ética é uma ciência que tem por objeto a moral. Jean Piaget, a partir de uma pesquisa feita com crianças, observou quatro etapas que fazem parte da formação da consciência moral dos indivíduos: anomia, heteronomia, socionomia e autonomia. A prof.ª Elizabeth Bório (1995, p. 46-47) sintetizou e apresentou de forma bastante didática um interessante trabalho a respeito do tema, intitulado “A moral nossa de cada dia.” O termo ANOMIA é a etapa do comportamento puramente instintivo, que se orienta pelo prazer ou pela dor; na HETERONOMIA, a criança obedece às ordens para receber recompensa ou para evitar castigo; a SOCIONOMIA seria a fase na qual os critérios morais da criança vão se firmando por meio de suas relações com outras crianças; e, na AUTONOMIA, a criança já interiorizou as normas morais e passa a comportar-se de acordo com elas. Um adulto em estado de ANOMIA age puramente pelo prazer que sua ação lhe causa sem qualquer preocupação ou respeito com as pessoas afetadas pela sua atitude. Não apresenta qualquer senso de responsabilidade e respeito, nem por si, nem pelo outro ou pelo patrimônio público. Na fase jovem/adulta, uma pessoa em estado de AUTONOMIA orienta sua ação e atitudes pelas normas estabelecidas, mas também por seus próprios princípios internos de conduta, agora incorporados ao mais íntimo de seu ser. É a etapa mais madura do comportamento moral (ALENCASTRO, 2012). Desde a Grécia antiga, diversas teorias têm sido formuladas para explicar o comportamento ético do ser humano. São formulações que surgem em diversas épocas e sociedades como resposta aos problemas trazidos pelo comportamento das pessoas. É possível dividir estas teorias em cinco grupos, em função de suas motivações básicas: ética das virtudes; ética religiosa; ética do dever; finalismo; e utilitarismo. Ética das Virtudes - localiza o centro irradiador da ação correta no ser daquele que age (Jupiassú; Marcondes, 1991, p. 243). As virtudes são, então, atributos ou qualidades que o ser humano deve cultivar para chegar a ser feliz (Aristóteles, 1992, p. 19-10). A coragem, a justiça, a prudência e a temperança são exemplos das virtudes aristotélicas. Sendo assim, é de suma importância que as pessoas cultivem hábitos sociais que desenvolvam um agir maduro e responsável de acordo com os valores morais e intelectuais. Ética Religiosa – é delimitada por parâmetros religiosos (princípios e regras), onde os mandamentos de Deus têm caráter de imperativos supremos. Segundo a ética cristã, o ato de matar ou de roubar, por exemplo, são contrários aos mandamentos e, portanto, proibidos. Assim, a ética cristã é um bom exemplo da ética religiosa, pois, apregoa a obediência aos deveres religiosos. Em 31 de Outubro de 1517, Martinho Lutero afixou na porta da Capela de Wittemberg 95 teses que gostaria de discutir com os teólogos católicos, os quais versavam principalmente sobre penitência, indulgências e a salvação pela fé. O evento marca o início da Reforma Protestante, de onde posteriormente veio a Igreja Presbiteriana. Pelo caráter religioso defendido por Lutero, considera-se que o seu discurso é um exemplo de ética religiosa. Ética do Dever – sistema proposto por Immanuel Kant (1724-1804) para o qual o dever nasce dos reconhecimentos por parte do ser humano que por meio da razão, tem a necessidade de obedecer a certas regras, sendo a primeira delas a necessidade imperativa na qual todo homem deve respeitar os seres racionais na qualidade de fins em si mesmos. Deve-se tratar toda a humanidade e ao próximo sempre como um fim e nunca como um meio. Ética finalista (finalismo) – para se determinar o rumo correto de uma ação, deve-se primeiramente escolher um fim apropriado que justifique a ação e depois decidir sobre o meio adequado para atingir esse fim. “Os fins justificam os meios”. Utilitarismo – seus principais mentores são Bentham (1748 – 1832) e Mill (1806 - 1873), que relacionaram o útil ao bom e segundo eles, o objetivo da ética é proporcionar o máximo de felicidade ao maior número de pessoas. Assim, o utilitarismo concebe o ‘bom’ como o que é útil para a maioria das pessoas, admitindo-se a possibilidade do sacrifício individual a favor da coletividade. As consequências de um ato podem ser positivas ou negativas, desta forma a escolha moral deve ser sempre aquela que cause maior bem emenor prejuízo aos envolvidos. Agimos corretamente na sociedade guiados por uma reflexão sobre o que é certo ou errado ou sob uma mão pesada de algo que nos obriga constantemente a agir corretamente e que nos pune em caso de deslizes? Em outras palavras, é a ética ou a lei que orientam nossas ações corretas? Pergunta difícil, mas que para ser respondida exige primeiro que se entendam a diferença entre alguns conceitos, tais como: lei, moral e ética. Assim, de acordo com Alencastro (2012), a lei constitui acordos de caráter obrigatório, estabelecidos entre pessoas de um grupo, para atingir justiça mínima, ou direitos mínimos de ser; a moral representa um conjunto de hábitos e costumes efetivamente vivenciados por um grupo humano; e, a ética é o estudo de uma forma específica de um comportamento humano. Capítulo 2 - A ética no mundo da empresa Ética nos negócios Ética empresarial A moral e a ética na empresa Código de ética As pressões sociais que a sociedade exerce sobre as organizações, principalmente no que diz respeito às restrições de consumo que as chamadas empresas antiéticas vêm sofrendo ultimamente, é um interessante fenômeno que tem despertado o interesse de muitos estudiosos. De acordo com Alencastro (2012), a ética nos negócios, ou ética empresarial, é o comportamento da empresa entendida como lucrativa quando age em conformidade com os princípios morais e as regras do bem proceder aceitas pela coletividade. Se entendermos que a ética empresarial é um processo de amadurecimento e que vai sendo conquistado aos poucos, é válido fazer uma analogia do amadurecimento ético de uma organização com o de uma criança, tal como visto em Piaget. Essa aproximação foi elaborada pela autora norte-americana Linda Starke, citada por Alencastro (2012), para quem existem cinco etapas para a evolução de uma empresa, a saber: CORPORAÇÃO AMORAL – aquela que persegue o sucesso a qualquer custo e vê os empregados como meras unidades econômicas de produção. Geralmente, as companhias que estão nesse estágio são forçadas à desativação, pois violam normas e valores sociais. (O caso da empresa Enron quando do surgimento do escândalo envolvendo a companhia, a Light e o grupo Arthur Andersen, é um exemplo); CORPORAÇÃO LEGALISTA – aquela que se apega à letra da lei, porém, não ao seu espírito e adota formas de conduta que mais se parecem a produtos de departamentos legais. Assim, busca adotar algumas posturas “éticas” apenas para evitar problemas legais; CORPORAÇÃO RECEPTIVA – preocupa-se em mostrar responsabilidade porque tal postura lhe é conveniente, não porque é a correta, assim, possui códigos de conduta que começam a parecer códigos de ética. Muitas empresas se enquadram nesse estágio quando começam a entender que as decisões éticas poderão ser benéficas às companhias a longo prazo, mesmo que isto signifique algumas perdas econômicas imediatas. CORPORAÇÃO ÉTICA QUE AFLORA – aquela que reconhece a existência de um contrato social entre os negócios e a sociedade e procura generalizar essa atitude ao longo da corporação, equilibrando preocupações éticas com a lucratividade. (a Johnson & Johnson é um excelente exemplo desse tipo de empresa). CORPORAÇÃO ÉTICA – aquela que equilibra lucros e ética tão completamente que os empregados são recompensados por se afastarem de ações comprometedoras; preocupa-se com a educação dos funcionários, disponibilizando mentores para dar orientação moral aos novos empregados. Assim, a instância moral permeia toda a sua cultura e a sua postura mediante seus funcionários e a sociedade. As organizações são comunidades, apesar de algumas aparências sugerirem o contrário. Nelas as pessoas podem permanecer como estranhos no sentido de não saberem muito sobre a vida privada de cada um e, ao mesmo tempo, serem capazes de confessar que o bem-estar de cada um está ligado ao bem-estar da organização como um todo. A partir dessa afirmação, Alencastro (2012) introduz a discussão da empresa como uma comunidade moral ao introduzir a definição de empresa apresentada por Peter Drucker: “empresa é uma organização de pessoas com uma visão compartilhada de contribuição socialmente legítima, definida em termos de desempenho econômico”. A percepção de valores é algo individual e muito subjetivo. Logo, para evitar mal-entendidos na compreensão dos valores corporativos é necessário que a organização dissemine esses valores da maneira mais clara possível, de modo que todos tomem ciência do que a organização está pensando em termos de éticas e valores. Neste sentido, há a necessidade da empresa adotar um código de ética. Assim, de acordo com Joaquim Manhães Moreira, citado por Alencastro (2012), um código de ética tem a missão de padronizar e formalizar o entendimento da organização empresarial em seus diversos relacionamentos e operações. Os valores devem materializar as convicções claras e fundamentais que a empresa defende e, a fim de manter uma conduta ética impecável, ela precisa fazer da ética uma questão a ser implementada diariamente. Para isso, a empresa deve estabelecer um código de conduta que estar escrito e ser acessível a todos os colaboradores da empresa. A isto chamamos ética convencionada. É lícito conceber uma organização como uma comunidade moral, pois todas as organizações, para existirem enquanto coletividades humanas pressupõem a existência de uma ética. Nem sempre esses princípios estão explícitos, pois o entendimento do que é a organização e o que ela pensa em termos de valores éticos pode não estar bem definido na mente de seus empregados. Para ilustrar esta explanação, Alencastro (2012) utiliza a analogia do iceberg organizacional, onde temos uma parte visível (racional) na qual está detalhado, de maneira formal, o que a empresa gostaria que todos ficassem sabendo. Nesta parte estão os organogramas, os cargos, os indicadores, etc. Já a parte humana das organizações, os valores pessoais, as influências, as necessidades e desejos estão localizados na parte invisível/submersa do iceberg, onde reside a organização emocional. As duas partes da organização estão representadas na metáfora pelas duas metades do iceberg que interagem entre si. Capítulo 3 – Princípios Éticos aplicáveis às atividades empresariais A empresa e suas obrigações A ética no trato com os concorrentes Relações com clientes Obrigações para com os empregados A ética em vendas e negociação Relações humanas e ética no trabalho O papel da liderança Quando falamos em relacionamento da empresa com a sociedade, é possível pensarmos em um contrato de negócios estabelecido entre a empresa e a sociedade, onde todos os envolvidos têm vantagens e benefícios. Para entender melhor esse contrato ‘moral’, é interessante conhecer o conceito de stakeholder. De acordo com Alencastro (2012), os stakeholders são todos os afetados e que têm direitos e expectativas legítimos em relação às atividades da organização, o que inclui os empregados, os consumidores e os fornecedores, assim como a comunidade envolvida e a sociedade em seu conjunto, representados pelo Estado ou pela própria humanidade. Reconhecendo o fato de que o campo das decisões envolvendo os stakeholders é, quase sempre, palco de enfrentamentos, muitas empresas buscam elementos balizadores par negociar seus objetivos estratégicos com as partes interessadas. As leis brasileiras, tal como disposto na Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 (art.171, inciso IV), defendem a livre concorrência como um dos princípios da ordem econômica e a elas devem estar subordinadas todas as empresas que operam em território tradicional. O que seria então uma práticaantiética num ambiente que defende a “livre concorrência”? Sem dúvida, o termo concorrência desleal responde bem a essa questão. No ambiente organizacional, de forma simplificada, a concorrência desleal representa atos praticados pela indústria ou comércio para prejudicar os concorrentes (Matar, 2004 apud Alencastro, 2012). No campo macroeconômico, a formação de cartéis ou trustes, ou seja, coalizão de empresas para impor condutas uniformes no mercado e que também impedem a entrada de novos concorrentes no mercado, é uma prática antiética. O cartel, além de destruir o princípio constitucional da livre concorrência, também impede que a sociedade possa escolher livremente de quem e como adquirir seus bens de consumo. Reduzir propositalmente a produção para criar a “falsa demanda” de um produto, para aumentar ou impedir a queda nos preços também pode ser considerada uma prática antiética. Já no campo microeconômico, atitudes como o desvio de segredos industriais e comerciais (“espionagem industrial”), difamação do concorrente e aliciamento de funcionários também são consideradas posturas antiéticas. Nas relações com os clientes, a empresa deve utilizar apenas os meios que sejam aceitáveis do ponto vista moral, pois, nenhum cliente pode ser fidelizado se sentir enganado pela empresa, pelo contrário, acaba se voltando contra ela e fazendo propaganda negativa, o que pode ser imensamente prejudicial para a empresa e seus produtos e serviços. Laura Nash (2001), apresenta uma lista de dilemas éticos que ocorrem com frequência nas empresas e aponta dois dos mais comuns: a justificativa enganosa sobre os produtos e/ou serviços e a má qualidade. Há alguns princípios que devem ser respeitados pelas empresas quando se trata de relacionamento com os clientes e que fazem parte das boas práticas comerciais: Atuar sempre no âmbito da lei Manter a qualidade do produto Evitar produtos que ofereçam perigo à saúde e à segurança das pessoas ou meio ambiente Oferecer atendimento que observe os melhores padrões comerciais (cortesia e boa vontade) Respeitar a liberdade de escolha do cliente Quanto à relação com os empregados, a empresa tem uma série de obrigações morais e legais que se materializam nas tomadas de decisão nas ações relacionadas ao recrutamento e seleção, contratação, promoção e remuneração, rescisão de contrato, etc. Para tanto, ela deve, além de cumprir a lei, garantir a liberdade de seus empregados, não permitir abusos e assédios (moral e sexual), garantir a saúde e a segurança no ambiente de trabalho e não permitir que preconceitos ou discriminações possam interferir no dia a dia organizacional. Nash, citada por Alencastro (2012), em seus dilemas éticos, apresenta outras situações para a discussão dos deveres para com os empregados, como por exemplo: - o sacrifício do inocente e do mais fraco para que as coisas sejam feitas; - a humilhação das pessoas no trabalho por meio de estereótipos; - a mentira aos empregados pelo bem da empresa; - a não cooperação com as outras áreas; - a concordância com fantasias corporativas que desperdiçam tempo e dinheiro; Atualmente, é muito grave a questão dos assédios (sexual e moral) e que merece a máxima atenção das autoridades e, principalmente, das empresas. Cabe às lideranças, procurar deixar claro a posição da empresa nesses casos e conscientizar os gestores sobre a questão e como esses devem agir com suas equipes de trabalhos para evitar situações inadequadas ao ambiente de trabalho. Pelo Direito do Trabalho, no caso de assédio sexual (a forma mais grave de assédio moral) que seja praticado por um colega de trabalho, o assediador poderá ser demitido por justa causa. Porém, se o assédio é praticado pelo superior hierárquico, o empregado poderá pedir rescisão indireta do seu contrato de trabalho e postular indenização por danos morais. O grande problema é que comprovar o assédio sexual é muito difícil, já que ele acontece normalmente a portas fechadas, longe dos olhares do restante dos colegas que poderiam servir de testemunhas. A vítima deverá estar bem embasada em provas para que não venha a responder uma ação de indenização por danos morais pela falsa acusação. Assim, cabe ao empregador deixar claro que não tolera esse tipo de prática e informar aos seus empregados o direito que eles têm. A empresa deve ter uma política definida para abordar a questão, inclusive mantendo canais formais para a comunicação desse tipo de problema. Além disso, um treinamento preventivo pode ser útil e também proporcionar o subsídio na orientação jurídica caso o assédio venha a acontecer. O ambiente de trabalho também não pode ser permissivo à literatura pornográfica e brincadeiras de mau gosto sobre sexo. O assédio moral é uma questão complicada para a organização, pois, além de seus desdobramentos legais, destrói um bom clima organizacional. O trabalhador, como defesa, pode se amparar no art. 483 da CLT em caso de assédio moral, podendo em caso de ganho de causa, pedir indenização por danos morais, sendo que o valor da indenização é variável em função da intensidade do assédio e do poder aquisitivo do empregado e do seu chefe. Para evitar que fatos vexatórios aconteçam no ambiente de trabalho e acabem culminando nos tribunais, a conscientização dos gestores sobre a questão e como estes devem lidar com suas equipes têm sido uma das alternativas mais adotadas pelas empresas. Também é necessário um trabalho de conscientização interno e que atinja a todos os setores da organização. Partindo do dito popular que “santo de casa não faz milagres”, a iniciativa de promover palestras com consultores externos é sempre muito eficaz para que quaisquer dúvidas sobre o assunto sejam eliminadas. Uma das áreas mais vulneráveis às práticas antiéticas numa empresa é o setor comercial onde se concentram as operações de compra e venda, pois, o vendedor recebe a pressão para fechar as metas do mês, há a questão da comissão das vendas e a consequente tentação de fechar a venda a qualquer custo. Já a comissão para o comprador, encarada por muitos como ‘suborno’, é um problema gravíssimo, pois, segundo pesquisa da Universidade de Minesota, 90% dos subornos em uma empresa acontecem no setor de compras. Outra prática desonesta é a chamada venda paralela que caracteriza-se quando um representante comercial tem atribuições paralelas em duas ou mais empresas concorrentes. Toda negociação conduzida sob suspeita e desconfiança é mais lenta e pouco produtiva. É comum que nesses casos, para que as partes não sejam enganadas, gaste-se muito tempo na preparação de contratos longos com uma infinidade de cláusulas para prevenir os logros. Sendo assim, por mais que isso contrarie o senso comum, a confiança do negociador é um diferencial competitivo. É possível para o profissional aumentar sua confiabilidade melhorando a sua conduta, seguindo quatro regras: ser previsível e coerente; ser claro e transparente; cumprir o prometido; e ser honesto. A existência em grupo social – e a empresa está dentro dessa realidade – é feita de laços de amizade, de simpatia ou mesmo de antipatia que podem reforçar a coesão do grupo ou destruir sua eficácia. De acordo com os ensinamentos de Aristóteles, o homem é um ser político e que realiza o seu viver ético pela prática das virtudes e a vida social é o lugar onde essas virtudes se manifestam. A boa conduta só se realiza na vida social, portanto, muitas vezes devemos ceder e abrir mão de nossos anseios em prol do coletivo, ou seja, do ambiente em que vivemos (família, escola, empresa, etc.). Quando se fala em relações humanas no trabalho ou em qualquer outro lugar, é muito importante saber identificar o efeito que as atitudes e comportamentos e individuaiscausam no ambiente e nos outros. Portanto, buscar o entendimento das atitudes negativas a fim de eliminá-las e aumentar a eficiência no contato com os colegas de trabalho é de suma importância para manter o bom convívio social. Cada indivíduo carrega consigo uma “bagagem” de experiências que o faz reagir de maneira diferente diante de uma determinada situação. A satisfação ou não das necessidades sociais, fisiológicas, psicológicas e afetivas de cada um interfere diretamente, positiva ou negativamente, no seu comportamento e relacionamento com as demais pessoas, ou seja, para que uma pessoa sinta-se bem com as demais, é preciso antes de tudo que ela esteja satisfeita consigo mesma. Em artigo publicado na revista Exame, Clauss Möller, citado por Alencastro (2012), faz uma associação entre as virtudes lealdade, responsabilidade e iniciativa e as aponta como fundamentais para o sucesso em qualquer carreira. A iniciativa não quer dizer apenas iniciar um projeto no interesse da organização ou da equipe, mas também significa assumir responsabilidades por sua complementação e implementação. Já a liderança e a ética são temas estreitamente conectados e quanto mais alto o executivo está na hierarquia da empresa, mais ético deve ser o seu comportamento. O líder determina o tom moral da organização, representando e reformulando seus valores (Mattar, 2004 apud Alencastro, 2012). Assim, percebe-se a importância que a liderança tem em uma organização, particularmente no que diz respeito à manutenção de seus valores. Vale lembrar que, para muitos autores, líder é diferente de chefe. O chefe se concentra com tarefas enquanto o líder consegue entusiasmo, interesse pelo trabalho, cooperação e comprometimento (Alencastro, 2012). É preciso entender que o líder, fundamentalmente, lida com seres humanos que têm desejos e necessidades, sonhos e motivações. Ao interagir de forma equivocada com as pessoas sob sua liderança, o líder não somente está comprometendo o desempenho da empresa como pode estar dando espaço para sérios problemas de relacionamento interpessoal. Para Abraham Maslow, psicólogo norte-americano, existe uma “hierarquia das necessidades humanas”, dispostas em uma espécie de pirâmide em ordem de importância e de força de influência sobre o comportamento humano. Assim, apresentam-se na base da pirâmide as necessidades básicas e no topo, as mais sofisticadas e intelectualizadas. Assim, o líder ao conhecer as necessidades das pessoas que trabalham com ele, exerce um papel fundamental como elemento capaz de estimular a motivação de subordinados, criando um ambiente saudável para sua equipe. Douglas Mc Gregor (1999) desenvolveu os conceitos denominados de teorias X e Y, que concebem o homem de forma totalmente diversa, pois, estão baseadas em visões de mundo diferentes e que permitem a determinação dos diversos estilos de liderança existentes. A teoria X pode desenvolver certos tipos de práticas gerenciais, como o paternalismo, a não delegação de decisões, o controle e a punição, tornando a remuneração e a segurança as únicas formas de incentivo ao trabalho. Nessa teoria, a preocupação está em satisfazer exclusivamente as necessidades fisiológicas do ser humano, que por sua vez, não se configuram em estímulo ao trabalho. Já a teoria Y, preza a integração entre as necessidades e as aspirações do indivíduo e o sucesso da empresa, pois, o colaborador que estiver comprometido com os objetivos da empresa não precisa ser controlado, ele mesmo se autocontrola. Não se trata de negar o exercício da autoridade, mas sim exercê-la de maneira a influenciar o comportamento e o rendimento da equipe de maneira positiva e motivadora. Os bons líderes e administradores conhecem bem os extremos das duas teorias, porém, o que muitos não sabem é que existe uma gama de posições diferentes em ocasiões diferentes (liderança situacional). Desta forma, a importância do líder é saber como demonstrar para a equipe a dimensão do trabalho a ser realizado e as dimensões que ele tem com o universo maior da empresa e da sociedade. William Hitt, segundo Mattar (2004), filósofo e professor da Universidade de Columbus, identifica 4 (quatro) estilos particulares de liderança, que têm correspondência com quatro sistemas éticos distintos: o manipulador, o administrador burocrático, o administrador profissional e o transformador. Líder manipulador – aquele que acredita que os fins justificam os meios. Adepto a uma ética maquiavélica que preocupa-se exclusivamente com os resultados e faz de tudo para atingi-los. Sua autoridade se baseia no poder e seus subordinados devem ser passivos, dependentes e submissos. Esse tipo de líder está sempre à caça de inimigos para justificar as suas atitudes. Administrador burocrático – aquele que comunica e faz cumprir as regras e normas da empresa, assim, torna-se o tipo ideal para as organizações burocráticas cujas descrições de cargos e funções são detalhadas e que prezam pelo funcionamento dessas funções independente de quem esteja na liderança. Administrador profissional – sua meta é atingir os objetivos da organização para qual trabalha e pauta sua conduta profissional numa ética do tipo “contrato social”, na qual todos se comprometem a atingir os objetivos da empresa, utilizando-se dos recursos humanos e materiais com eficácia. Esse tipo de liderança preocupa-se, essencialmente, com a eficiência. Líder transformador – aquele que por meio de motivação busca extrair o melhor de cada pessoa, percebendo seu potencial e que, desta forma, obtém prazer no crescimento dos seus liderados. De acordo com Hitt, a ética desse líder é personalística e fundamentada em fortes virtudes morais demonstradas por suas atitudes e exemplos. Capítulo 4 - RESPONSABILIDADE SOCIAL A ideia de responsabilidade social por parte das empresas, embora tenha tomado corpo recentemente, já vem sendo concebida há bastante tempo, sendo que há registros de manifestações em prol desse tipo de comportamento já no início do século XX. Porém, foi apenas a partir da década de 60 nos EUA e do início da década de 70 na Europa, que o movimento começou a ganhar força, por conta talvez de uma maior cobrança da sociedade por uma maior responsabilidade das empresas (Torres, 2003). Os conceitos de responsabilidade social são diversos. Alguns deles são remetidos a escolas econômicas, outros a organizações internacionais e institutos regionais. Na visão clássica, a responsabilidade de uma empresa consiste em um compromisso com acionistas (lucro), trabalhadores (salário), governo (impostos) e comunidade (ações filantrópicas pontuais). Por outro lado, a posição socioeconômica difere consideravelmente deste ponto de vista, pois considera que a responsabilidade da administração da empresa vai além da simples obtenção de ganhos, incluindo a proteção e o melhoramento do bem – estar social. De acordo com Paul Samuelson (apud Guimarães 1984), “A responsabilidade social Empresarial é a capacidade desenvolvida pelas organizações de ouvir, compreender e satisfazer as expectativas/interesses legítimos de seus diversos públicos.” Empregados, consumidores, fornecedores e comunidade em geral são stakeholders importantes e devem ter seus interesses respeitados pela organização. O resultado positivo de uma empresa também é consequência do bom relacionamento que ela mantém com seus stakeholders e isso passa pela junção dos ganhos de seus investidores ou proprietários com as legítimas necessidades de todos aqueles que, direta ou indiretamente, são influenciados pelas suas atividades de negócio. Sobre esse aspecto, é interessante o modelo conceitual proposto por Archie Carroll, citado por Alencastro (2012), que aborda a responsabilidade social tantopela ótica do desempenho empresarial quanto pelo comportamento empresarial responsável. Este modelo trabalha com quatro dimensões: DIMENSÃO ECONÔMICA; DIMENSÃO LEGAL; DIMENSÃO ÉTICA e RESPONSABILIDADE DISCRICIONÁRIA. A dimensão econômica é a base da pirâmide. Não é novidade, pois é do conhecimento de todos que a atividade econômica é indispensável na geração de empregos, investimentos e pagamentos de taxas e impostos. Isso significa que pode influenciar diretamente os outros critérios. Sem ela nada acontece e por isso é a base da pirâmide. A dimensão legal da responsabilidade social consiste no respeito às regras do jogo, ou seja, a obrigação que a empresa tem de respeitar as leis da sociedade em que está inserida; A dimensão ética representa o compromisso de se fazer o que é devidamente correto, mesmo que tais ações não estejam contempladas formalmente nas leis determinadas pela sociedade; A responsabilidade discricionária compreende as contribuições relacionadas ao arbítrio individual ou voluntário para a sociedade, com o objetivo da qualidade de vida e da sustentabilidade socioambiental; Há muita confusão, inclusive nos meios empresariais, sobre as diferenças entre filantropia e responsabilidade social. Cabe aqui uma breve explicação das diferenças entre elas: A responsabilidade social é diferente de filantropia, pois deve estar vinculada à estratégia empresarial, fazendo parte do planejamento da empresa e compreendendo ações proativas, inseridas na cultura da empresa como um todo. Já a filantropia, está relacionada apenas às ações, quase sempre pontuais, da organização junto à comunidade. O termo desenvolvimento sustentável foi apresentado como um novo paradigma na Conferência Mundial sobre Conservação e Desenvolvimento da União Internacional pela Conservação da Natureza (IUCN) em Ottawa, no ano de 1986 que o definiu como aquele que visa o equilíbrio entre o desenvolvimento econômico, o meio ambiente e as questões sociais. Pode ser também definido como o processo contínuo de melhoria das condições de vida, enquanto minimize o uso de recursos naturais, causando o mínimo impacto ou desiquilíbrio ao ecossistema (Montibeller Filho, 2004, citado por Alencastro, 2012). Se até meados da década de 1970 uma empresa era considerada sustentável se fosse economicamente saudável, ou seja, tivesse um bom patrimônio e um lucro sempre crescente, hoje essa visão está sendo modificada. O modelo utilizado é o Triple Bottom Line, ou tripé da sustentabilidade, expressão apresentada pelo economista John Elkington. O Triple Bottom Line ficou conhecido como os 3Ps (people, planet, profit), pois se manifesta em três dimensões (gente ou capital humano, planeta ou capital natural e benefício econômico) que devem interagir para que se atinja um desenvolvimento sustentável. De acordo com Alencastro 2012, o people tem a ver com as pessoas que compõem uma sociedade e, consequentemente, suas organizações. No que diz respeito às práticas empresariais, está ligado ao conceito de responsabilidade social. Contempla aspectos como salários justos, respeito à legislação trabalhista vigente, desenvolvimento de ambientes de trabalhos saudáveis e, sobretudo, um envolvimento positivo com a sociedade em geral. O profit é o resultado econômico positivo, sem o qual nenhuma organização sobrevive. O planet representa os objetivos ambientais a serem perseguidos. No caso das empresas, estas devem buscar formas de diminuir e compensar seus impactos ambientais negativos e buscar a eficiência no uso dos recursos naturais. Atualmente, segundo Alencastro (2012), tem se discutido muito sobre a criação e a adoção de normas voluntárias de responsabilidade social. Existem várias iniciativas nesse sentido, pois há a necessidade de que, além dos códigos de conduta interno adotados pelas empresas, sejam também desenvolvidos e buscados padrões internacionais de referência no assunto. A Social Accountability 8000 (SA 8000) é a primeira certificação internacional com alcance global que trata da questão da responsabilidade social. É mantida pela organização não governamental norte-americana Social Accountability International (SAI), uma instituição que se dedica ao desenvolvimento, à implementação e à supervisão de normas de responsabilidade social comprováveis e voluntárias. Tem como base a “Declaração Universal dos Direitos Humanos”, a “Convenção sobre os Direitos da Criança” da ONU e as diretrizes da Organização Internacional do Trabalho (OIT). Além desses documentos de referência, a SA 8000 também verifica se as legislações locais, no que diz respeito aos direitos dos trabalhadores e das crianças, estão sendo cumpridas. Ela possui, de acordo com Alencastro (2012), basicamente, oito itens de verificação listados a seguir: 1. Trabalho infantil - Considera-se trabalho infantil aquele executado por pessoa menor do que 15 anos ou a idade mínima determinada pelas leis locais 2. Trabalho forçado - O trabalho forçado refere-se a atividade laboral na qual o trabalhador não recebe remuneração 3. Saúde e segurança - A saúde e a segurança implicam a manutenção de um ambiente de trabalho saudável 4. Liberdade de associação e negociação coletiva - A liberdade de associação e negociação coletiva assegura que nenhum trabalhador é obrigado a participar de sindicatos e associações de classe, mas esse direito deve ser garantido 5. Discriminação - A discriminação indica que não pode haver diferenciação, seja na contratação, na promoção, no acesso a treinamentos, por conta de raça, classe social, etnia, sexo, orientação sexual, religião, problemas físicos ou filiação político-partidária 6. Práticas disciplinares - Nas práticas disciplinares não são permitidas as punições e as coerções de ordem física ou mental 7. Horário de trabalho - No que concerne ao horário de trabalho, o mesmo não deve ultrapassar 48 horas semanais (no Brasil 44 horas) e 12 horas extras por semana. O dia de descanso deve ser garantido 8. Remuneração - Deve ser suficiente para suprir os custos de moradia, vestuário e alimentação Todas as referências citadas neste estudo dirigido podem ser verificadas no livro base da disciplina.
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