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XXIII CONGRESSO BRASILEIRO DE ZOOTECNIA Universidade Estadual do Oeste do Paraná Foz do Iguaçu/PR, 06 a 09 de maio de 2013 Zootecnia do Futuro: Produção Animal Sustentável www.zootec.org.br e trabalhos@alvoeventos.com.br 1 Características quantitativas da carcaça de novilhos mestiços leiteiros alimentados com dietas contendo milheto e inclusão de farelo do mesocarpo do babaçu 1 Rannyelle Gomes Souza 2 , Wanderson Martins Alencar 3 , João Restle 4 , José Neuman Miranda Neiva 5 , Fabrícia Rocha Chaves Miotto 6 , Ranniere Rodrigues Pereira Parente 7 , Werney da Silva Moreira 8 , Ana Clara Bohnen de Barros 9 . 1Parte da dissertação de mestrado do segundo autor. Projeto financiada pelo CNPq. 2Graduanda em Zootecnia – UFT, Araguaína-TO, Brasil. Bolsista PIBIC/CNPq. e-mail: rannyellegomes@hotmail.com 3Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal Tropical-UFT, Araguaína-TO. Bolsista do CNPq. 4UFT, Araguaína, Brasil, Bolsista PVNS-CAPES. 5Professor da Escola de Medicina Veterinária e Zootecnia da UFT. Bolsista CNPq. 6Professora da Escola de Medicina Veterinária e Zootecnia da UFT. 7Graduando em Zootecnia – UFT, Araguaína-TO, Brasil. Bolsista CNPq. 8,9Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal Tropical-UFT, Araguaína-TO. Bolsista do CAPES. Resumo: Objetivou-se avaliar as características quantitativas da carcaça de novilhos mestiços leiteiros alimentados com dietas contendo milheto e níveis de inclusão de farelo do mesocarpo do babaçu (FMB): 0, 12, 24, 36 e 48% na dieta total. Foram utilizados 25 novilhos mestiços leiteiros com idade média de 30 meses e peso médio de 371 kg. Usou-se o delineamento experimental inteiramente casualizado com 5 tratamentos e 5 repetições. Não houve diferença para os pesos de abate, carcaça integral e carcaça quente, rendimentos de carcaça quente e de carcaça integral. Os recortes de gordura em percentagem do peso de carcaça integral não sofreram influência significativa quanto aos níveis de inclusão do FMB, com média de 5,05%. A espessura de gordura subcutânea decresceu linearmente a medida que foi incluído FMB nas dieta, porém, mesmo com essa redução os valores médios permaneceram acima dos 3 mm. Os corte primários expressos em peso absoluto e relativo não foram influenciados pelos níveis de inclusão do FMB na dieta. Palavras–chave: confinamento, milheto, subprodutos da agroindustria Quantitative carcass traits of dairy crossbred steers fed with diets containing millet and inclusion of babassu mesocarp bran Abstract: The objective of the study was to evaluate the carcass quantitative traits of dairy crossbred steers fed with diets containing millet grain and levels of inclusion of babassu mesocarp bran (BMB): 0, 12, 24, 36 e 48% in the total diet. We used 25 dairy crossbred steers with 30 months of age and average weight of 371 kg. The completely randomized experimental design with 5 treatments and 5 replicates was used. No significant difference was observed for slaughter, integral (without fat trimming) and hot carcass weights and integral and hot carcass yields. The cutouts of fat as percentage of integral carcass weight were not significantly influenced by the inclusion of BMB, with average of 5.05%. Subcutaneous fat thickness decreased linearly with BMB inclusion, however, even with this reduction mean values remained above 3 mm. The primary carcass cuts expressed in absolute and relative weight were not affected by the inclusion of levels of BMB in the diet. Keywords: byproducts, confinement, millet grain Introdução A demanda mundial por carne bovina tem aumentado ao longo dos anos e o mercado consumidor tem exigido padrões de qualidade cada vez mais elevados. A terminação em confinamento, prática ainda limitada no Brasil, reduz a idade de abate dos animais, resultando em melhores índices de produção, e melhorando a qualidade das carcaças. Contudo, a adoção da terminação em confinamento ainda é limitada devido a elevação nos custos de produção, neste contexto o farelo do mesocarpo do babaçu, um produto da agroindústria, é outra alternativa de substituição de fontes energéticas visando a redução de custos. Segundo Silva et al. (2012) o farelo do mesocarpo do babaçu pode ser incluído em até 60% na dieta de bovinos em confinamento. 002957 XXIII CONGRESSO BRASILEIRO DE ZOOTECNIA Universidade Estadual do Oeste do Paraná Foz do Iguaçu/PR, 06 a 09 de maio de 2013 Zootecnia do Futuro: Produção Animal Sustentável www.zootec.org.br e trabalhos@alvoeventos.com.br 2 Objetivou-se com o presente estudo, avaliar as características quantitativas da carcaça de novilhos mestiços leiteiros alimentados com farelo do mesocarpo do babaçu em inclusão na dieta total. Material e Métodos O experimento foi conduzido na Escola de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade Federal do Tocantins (UFT), município de Araguaína-TO. Avaliou-se a composição física da carcaça e as características da carne de novilhos terminados em confinamento com dietas contendo milheto e inclusão de farelo do mesocarpo do babaçu (FMB) (TOBASA): 0; 12; 24; 36 e 48% na matéria seca da dieta total. Foram utilizados 25 novilhos mestiços leiteiros castrados com idade média de 30 meses e peso médio de 371 kg. O delineamento experimental foi inteiramente casualizado com 5 tratamentos e 5 repetições, sendo o período experimental de 84 dias. O experimento foi conduzido na Escola de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade Federal do Tocantins (UFT), Foram utilizados 25 novilhos mestiços leiteiros com idade média de 30 meses e peso médio de 371 kg. O delineamento experimental foi inteiramente casualizado com 5 tratamentos e 5 repetições. A relação volumoso:concentrado foi 20:80, com níveis crescentes de inclusão de farelo do mesocarpo de babaçu 0, 12, 24, 36 e 48% na dieta. O percentual de milheto nas dietas foi de 77,5; 65,0; 52,6; 36,0 e 29,5%, respectivamente. As dietas apresentaram os seguintes teores, citados na mesma ordem: 13,85; 13,95; 13,58; 14,46 e 14,92% de proteína bruta; 25,08; 30,46; 31,65; 34,84 e 40,21 % de FDN; 76,68; 73,61; 72,93, 71,11 e 68,03% de NDT. O período experimental foi de 84 dias, sendo a alimentação fornecida uma vez ao dia. O abate ocorreu segundo as normas do Serviço de Inspeção Federal, seguindo o fluxo normal da linha de abate. O recorte de gordura da carcaça correspondeu à gordura retirada durante o processo de limpeza. Ao final da linha de abate, as duas meias-carcaças foram pesadas e conduzidas à câmara fria com 0°C a 2°C, procedendo-se nova pesagem após 24 horas de resfriamento. As meias carcaças esquerdas foram separadas nos três cortes primários conforme método usado pelos frigoríficos. Os dados foram submetidos à análise de regressão, considerando 5% de probabilidade. Resultados e Discussão Os níveis de inclusão de FMB não influenciaram significativamente os pesos de abate, carcaça quente integral e carcaça quente (sem o recorte de gordura), rendimento de carcaça quente e de carcaça integral (Tabela 1). O peso de carcaça quente dos animais, com exceção do nível de inclusão de 48% de FMB, atingiram o peso mínimo preconizado na região de 240 kg, abaixo do qual o valor remunerado é reduzido. Os recortes de gordura realizados na linha de abate, em percentagem do peso integral (RG, %PCI) foram similares para os diferentes níveis de inclusão de FMB (5,04%), embora a espessura subcutânea tenha decrescido linearmente, indicando a falta de critério no recorte realizado pelo pessoal do frigorífico. Mesmo com a queda da espessura de gordura subcutânea tenha sido linear frente aos níveis de inclusão doFMB, esta ficou acima do mínimo preconizado de 3mm, variando de 3,55 a 5,55 mm. Miotto et al. (2012) avaliando níveis de FMB observaram comportamento quadrático na espessura de gordura subcutânea, com ponto máximo para 33,3% de FMB. A maturidade fisiológica das carcaças não diferiu significativamente entre os níveis de FMB nas dietas, com média de 10,68 pontos, indicando certo grau de ossificação processos espinhosos das vértebras torácicas e, com separação das vértebras sacrais pouco nítida. A conformação que é avaliada subjetivamente levando em consideração a cobertura muscular das carcaças, foi similar entre os tratamentos, com pontuação média de 9,68, indicando carcaças com conformação entre 9 (regular mais) e 10 (boa menos) (Muller, 1987), reflexo do grupo genético de origem leiteira, cuja seleção não prioriza desenvolvimento muscular. A espessura de coxão, que também está associado ao desenvolvimento muscular da carcaça, decresceu linearmente frente ao nível de inclusão do FMB. O peso absoluto do corte primário traseiro especial decresceu linearmente com o incremento do nível de inclusão de FMB (Tabela 2), notadamente no tratamento com 48% de inclusão (53,94 kg). A redução no peso deste corte não é desejado, pois concentra os cortes de maior valor comercial. No entanto, o peso relativo dos três cortes não foi influenciado pela inclusão do FMB. 002958 XXIII CONGRESSO BRASILEIRO DE ZOOTECNIA Universidade Estadual do Oeste do Paraná Foz do Iguaçu/PR, 06 a 09 de maio de 2013 Zootecnia do Futuro: Produção Animal Sustentável www.zootec.org.br e trabalhos@alvoeventos.com.br 3 Tabela 1- Médias, probabilidades e coeficiente de variação (CV) para peso de abate (PF), de carcaça quente (PCQ), carcaça quente integral (PCI), rendimento de carcaça quente (RCQ), rendimento de carcaça integral (RCI), recortes de gordura (RG), espessura de gordura subcutânea (EGS), maturidade, conformação, espessura do coxão (EC) e perímetro do braço (Pbraço) de novilhos mestiços leiteiros terminados com níveis de inclusão de farelo do mesocarpo do babaçu na dieta Variáveis Nível de inclusão, % Probabilidades Equação CV (%) 0 12 24 36 48 L Q PA, kg 488,40 483,90 481,70 482,80 453,70 0,177 0,456 Y = 478,1 7,48 PCQ, kg 241,70 248,50 234,50 240,60 224,30 0,106 0,396 Y = 237,92 7,53 PCI, kg 255,27 262,14 247,51 253,58 235,62 0,155 0,372 Y = 250,82 7,55 RCQ, % 49,49 51,35 48,72 49,84 49,52 0,544 0,831 Y = 49,78 3,36 RCI, % 52,27 54,16 51,42 52,54 52,01 0,388 0,743 Y = 52,47 3,28 RG, %PCI 5,24 5,14 5,14 5,02 4,71 0,210 0,625 Y = 5,04 12,82 EGS, mm 5,55 5,35 3,55 3,65 4,00 0,059 0,304 Y = 5,38 – 0,04x 38,60 Maturidade 10,80 10,40 11,00 10,80 10,40 0,714 0,542 Y = 10,68 7,14 Conformação 10,00 9,80 9,60 10,20 8,80 0,192 0,375 Y = 9,68 10,86 EC, cm 26,10 25,08 25,04 26,48 24,90 0,066 0,897 Y = 25,72 – 0,00833x 6,29 Pbraço, cm 40,60 40,90 40,30 40,30 39,30 0,227 0,272 Y = 36,72 4,65 1: R2 = 0,1468; 2: R2 = 0,0084. Tabela 2 - Cortes primários da carcaça de bovinos mestiços leiteiros terminados em confinamento com inclusão de farelo do mesocarpo de babaçu na dieta total Variáveis Nível de inclusão, % Probabilidades Equação CV (%) 0 12 24 36 48 L Q TE, kg 1 59,28 60,28 57,86 59,28 53,94 0,089 0,265 Y = 60,4640 – 0,0973x 7,99 DIA, kg 47,3 48,78 43,94 46,5 44,74 0,194 0,892 Y = 46,252 8,46 PA, kg 14,24 14,68 13,62 14,14 14,68 0,881 0,514 Y = 14,272 11,08 TE, % 48,44 49,47 49,08 49,30 49,00 0,552 0,291 Y = 49,060 2,29 DIA, % 39,67 38,67 39,26 39,08 38,99 0,562 0,599 Y = 39,136 2,93 PA, % 11,89 11,85 11,66 11,62 12,00 0,991 0,167 Y = 11,804 3,59 1(R2 = 0, 1206). Conclusões O uso do farelo do mesocarpo do babaçu até 48% na inclusão na matéria seca total da dieta na terminação de novilhos, não altera o peso e rendimento das carcaças, mas diminui a espessura de gordura subcutânea e o peso do traseiro especial. Agradecimentos Ao CNPQ pelo suporte financeiro. A indústria TOBASA pela doação do farelo do mesocarpo do babaçu. Literatura citada MIOTTO, F. R. C. F, RESTLE, J., NEIVA, J.N.M. et al. Replacement of corn by babassu mesocarp bran in diets for feedlot young bulls. Revista Brasileira de Zootecnia, Viçosa, v. 42(3), p. 213-219, 2013. MÜLLER, L. Normas para avaliação de carcaça e concurso de carcaças de novilhos. 2. ed. Santa Maria: Universidade Federal de Santa Maria, 1987. 31p. SILVA, N.R.; FERREIRA, A.C.H.; FATURI, C. et al. Desempenho em confinamento de bovinos de corte, castrados ou não, alimentados com teores crescentes de farelo do mesocarpo de babaçu. Ciência Rural, v.42, n.10, p.1882-1887, 2012. 002959
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