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Scheila Maria 2016 1 CARDIO - FEBRE REUMÁTICA Bedson | Medcel ALGUNS DADOS: É uma doença considerada erradicada em países de primeiro mundo, mas é bastante comum em países como o nosso, é típica de países subdesenvolvidos. É também chamada de doença reumática, sendo subdiagnosticada principalmente nas populações com acesso precário à saúde. Esta morbidade seria facilmente tratável e prevenível, tendo suas complicações prevenidas, mas ainda causa muita incapacidade e morte em nosso país. Afeta indivíduos entre 5 – 18 anos e deixa sequelas cardiovasculares graves. [A principal causa de doença valvar em nosso país é doença reumática, o que não acontece em países desenvolvidos] DEFINIÇÃO: É uma doença inflamatória, multissisêmica, de caráter autoimune (Doença do colágeno que é destruído pelo processo auto-imune inflamatório), relacionada à infecção por uma bactéria comum, o Streptococcus -hemolítico do grupo A (que causa orofaringites e amigdalites), um germe que facilmente se tem contato {contudo, o simples contato não é suficiente para desenvolver manifestações, necessitando predisposição ao acometimento. Cerca de 3 % da população são vulneráveis e associado a falta de tratamento contra essas infecções de orofaringe leva a febre reumática. Resumindo, é necessário haver o encontro da bactéria capaz de desenvolver a doença autoimune em um individuo também predisposto a desenvolver a doença. Streptococcias são extremamente comuns e mesmo aquelas subclínicas são capazes de desencadear doença reumática. OBS: A infecção por Streptococco que causa piodermites não é capaz de levar a uma doença reumática, como acontece nas faringites e amigdalites (desenvolvidas por Strepto reumatogênicos). MECANISMO: Uma vez que ocorra infecção e exista a reação do sistema imune para combater os Streptococcos, há substrato para desenvolvimento da febre reumática. Note que o simples fato do paciente receber antibioticoterapia (penicilina) com o intuito de eliminar os Streptococcos, antes mesmo de desencadear resposta autoimune, é suficiente para controle da febre reumática. Geralmente as faringites “melhoram” espontaneamente (melhora do quadro clínico com estímulo antigênico permanecido) e o sistema imune atuando para controle da infecção encontra antígenos em comum com a bactéria no corpo humano (principalmente coração, articulação, pele e SNC apresentam antígenos que apresentam similaridade com antígenos do Strepto = mimetismo molecular). A reação autoimune é tanto humoral quanto celular e provoca processo inflamatório, levando a manifestações de acordo com a região acometida pela reação cruzada dos anticorpos. HISTÓRIA NATURAL DA DOENÇA: Uma vez que existiu a streptococcia, o surto reumático leva algumas semanas para se manifestar, geralmente de 1 a 4 semanas (tempo de o sistema imune começar a efetivamente começar a agredir o sistema fisiológico do paciente), a não ser a manifestação conhecida como Coréia de Sydenham, que ocorre até 6 meses após a infecção. Após o intervalo de tempo necessário para resposta autoimune, as manifestações começam a surgir, elas podem ser cardíacas, articulares, cutâneas ou de sistema nervoso central. DIAGNÓSTICO: O diagnóstico é feito, basicamente, pelo surto (febre reumática aguda). Nos casos em que o indivíduo já teve o surto e o surto se resolveu sem deixar sequelas, fica difícil de dar o diagnóstico, pois não tem marcador específico. Resumindo, o diagnóstico ou é do surto ou é diagnóstico retrospectivo pelas Scheila Maria 2016 2 sequelas deixadas (uma das sequelas mais características é a da estenose mitral da febre reumática, onde o achado característico é o da adesão dos folhetos levando a sua abertura em forma de cúpula, bem observado no ecocardiograma). Como a válvula mitral é a principal válvula acometida pela febre reumática, dificilmente o paciente terá uma valvulopatia aórtica reumática sem, anteriormente, possuir uma valvulopatia mitral. NÃO CAUSA ACOMETIMENTO EM VÁLVULAS DIREITAS!! O diagnóstico clássico de FR é feito com uso dos critérios de Jones, que são subdivididos em critérios maiores e menores. Antes de partir para a análise dos critérios existe uma condição imprescindível que precisa ser observada que é O INDIVÍDUO TER PASSADO POR UMA STREPTOCOCCIA, a não ser que o paciente apresente Coréia de Sydenham. POR QUÊ? Porque devido ao tempo necessário para que esse sinal se manifeste o indivíduo pode não apresentar sinal algum da streptococcia. A COREIA DE SYDENHAM É PATOGNOMÔNICO DA FEBRE REUMÁTICA. CRITÉRIOS DE JONES a) Critérios maiores são: 1. ARTRITE é a manifestação mais comum e geralmente a mais precoce da febre reumática (mais de 70% dos pacientes a apresentam). A artrite (ite= sinais flogísticos presentes) de livro é aquela de grandes articulações (joelho, tornozelo, cotovelo, punho) de caráter migratório, aguda, dolorosa. Nem sempre os pacientes se apresentam assim, sendo o caráter migratório até pouco constante. O que caracteriza bem a artrite da FR é a resposta dramática (muito boa) ao uso de antinflamatório. É uma artrite que não deixa sequela, contudo, pacientes que tem FR e teve vários surtos pode ter o acometimento crônico de pequenas articulações como a metacarpofalangiana e até mesmo as interfalangianas, sendo não dolorosa porém deformante (artropatia de Jaccoud). 2. CARDITE é outra manifestação bastante comum (não tanto quanto artrite). É classicamente descrita como uma pancardite e o paciente pode apresentar na forma de pericardite, miocardite (de subclínica até distúrbios de condução, bloqueio de ramos, arritmias, comprometimento da fração de ejeção, ICC – indicação de ECO) ou endocardite (que é mais uma valvulite, sendo essa a manifestação mais comum da endocardite reumática*). Costuma-se classificar a cardite em leve, moderada ou grave, na qual esta última é caracterizada como uma franca insuficiência cardíaca. As cardites são as manifestações mais temidas por sua morbimortalidade. Podem ser assintomáticas portanto todo indivíduo com suspeita de FR deve ser submetido a ECOCARDIOGRAMA! OBS: Valvulite: regurgitação mitral, sopro diastolico mitral, típico de valvulite mas sem estenose mitral, é o chamado sopro de CAREY-COOMBS. OBS: ICC aguda em jovens: cardite. Surtos de cardite, muitas vezes subclínicas, levarão a sequelas valvares/valvulopatias grave. OBS: As lesões cutâneas são extremamente raras e, além disso, são fugazes, desaparecendo rapidamente. Essas lesões não são patognomônicas. 3. ERITEMA MARGINADO são lesões serpiginosas ou circulares que aparecem geralmente em tronco ou abdome, eritematosas que sugerem padrão de vasculite (desaparecem à compressão). Ocorre em < 10% dos pacientes e pode estar associado à cardite grave. Scheila Maria 2016 3 4. NÓDULOS SUBCUTÂNEOS surgem nas superfícies extensoras dos tendões (joelhos, tornozelos, punhos, occipital), são endurecidos e indolores e podem ser únicos ou múltiplos, duram cerca de uma semana e podem se associar à cardite grave. 5. CORÉIA DE SYDENHAM é uma manifestação neurológica caracterizada por labilidade emocional extrema, disartria, hipotonia ao ponto de cair e movimentos rápidos e involuntários, que desaparecem ao dormir. (O uso de RNM não demonstra nenhuma alteração). É tratável e autolimitada. Cerca de 30% dos pacientes desenvolvem essa manifestação. b) Critérios menores são: 1. Febre; 2. Artralgias (mesmas características das artrites); 3. Alteração nos marcadores inflamatórios (usado habitualmente é o VHS e a PCR); 4. Alargamento no intervalo PR, BAV 1º grau. (demonstrado no ECG). A primeira conduta a ser tomada em um quadro clínico suspeitode FR é solicitar algum exame que possa solicitar streptococcia. No caso do paciente ainda apresentar vestígios de faringite pode ser feito cultura, em caso contrário, solicita-se antiestreptolisina-O (ASLO). Vale lembrar que um ASLO elevado não é suficiente para fechar diagnóstico. A elevação do ASLO pode ocorrer, por exemplo, a partir de Streptococcos comensais, sem acarretar dano algum. Seus níveis também não guardam correlação com a atividade da doença apesar de estar bem elevada no surto. [curva da ASLO: começa a se elevar a partir do 7º dia, tem um pico aproximadamente aos 14 dias e pode durar até um ano] O diagnóstico de FR é clínico e pode ter auxílio de achados, é um diagnóstico contextualizado. UMA COMPROVAÇÃO DE STREPTOCOCCIA (presente/cultura ou pregressa/ASLO) + CRITÉRIOS DE JONES (o surto é estabelecido com a presença de dois critérios maiores ou um critério maior e dois menores) = É CAPAZ DE FECHAR DIAGNÓSTICO. Frequentemente, o diagnóstico é retrospectivo, quando o paciente apresenta sequela (geralmente valvulopatia) após vários episódios de surtos que não foram diagnosticados. ECOCARDIOGRAMA: válvulas em boca de peixe ou domo são sinais patognomônicos (10 anos para ter um acomentimento valvular, muitos surtos subclínicos que vão se acumulando). TRATAMENTO: O tratamento da FR é, na verdade, tratamento do surto, realizado de acordo com as manifestações. Nunca esquecendo que em todas as ocasiões de FR é necessário realizar erradicação do Streptococco, utilizando penicilina (benzatina em D.U.) como droga de escolha (BACTERIOSTÁTICO NÃO!) ou macrolídeos em caso de alergia. A artrite pode ser controlada com o uso de antinflamatórios. A cardite tem seu tratamento, via de regra, com o uso de corticoterapia (prednisona 2mg/kg/dia mantida até remissão seguida por desmame) ou nos casos de insuficiência cardíaca, o tratamento padrão é indicado. Não há comprovação de que o uso de corticoide na cardite diminua o risco de desenvolver sequela cardíaca, embora esteja claro que diminua o avanço para níveis piores da cardite. Scheila Maria 2016 4 A coréia deve ser tratada por neurologistas e pediatras tem terapêutica com o uso de ácido valpróico, fenobarbital, carbamazepina e haloperidol. SEGUIMENTO: As mucoproteínas podem ser utilizadas como marcadores da atividade inflamatória, sendo menos sensíveis, porém, mais baratas. A alfa1 lipoproteina ácida também pode ser utilizada como marcador da atividade inflamatória. As dosagens podem ser feitas no início do surto e medidas a cada semana como parâmetro para retirada do corticoide. PROFILAXIA: A) A profilaxia primária da FR consiste em tratar estreptoccias, evitando o desenvolvimento de autoanticorpos. Penicilina previne o surto primário de FR se tomada até nove dias após o início da amigdalite estreptocócica. Além disso, a prevenção da FR requer manutenção de níveis séricos adequados de ATB por pelo menos 10 dias. B) A profilaxia secundária só deve ser iniciada a partir da confirmação do diagnóstico do surto ou diagnóstico retrospectivo. Há necessidade de acompanhamento periódico desses pacientes, principalmente para maior efetividade do controle de estreptococcias (podem ocorrer surto no intervalo dos 21-21 dias por algum escape). O acompanhamento pode ser anual em pacientes com boa evolução/manutenção. EXISTEM ALGUNS PROTOCOLOS PARA A PROFILAXIA SECUNDÁRIA: A penicilina benzatina deve ser aplicada na dose de 600 000 U em crianças <12 anos | 1 200 000 U para adultos > 12 anos, sempre IM, em nádega. Durante os primeiros dois anos é indicada a repetição a cada 15 dias, passando os dois anos e sem ocorrência de surto as aplicações podem ser a cada 21 dias. Pacientes nos quais o surto não desenvolveu cardite, a profilaxia deve ser mantida por cinco anos ou até que o paciente complete 18 anos, o que demorar mais. Algumas diretrizes indicam idade alvo de 21 anos. Mesmo após a profilaxia é indicado o acompanhamento destes pacientes, se possível, anualmente. Nos casos em que os pacientes estejam fazendo profilaxia a cada 21 dias e apresentem surto de FR, deve-se voltar a um intervalo de 15 dias entre as aplicações da penicilina durante mais dois anos, pelo menos. Pacientes que no surto apresentaram cardite sem sequela a duração da profilaxia deve ser de 10 anos ou até que o paciente complete 25 anos de idade, o que demorar mais. Pacientes que no surto apresentaram cardite com sequela a duração da profilaxia deve ser mantida até os 40 anos de idade ou durante 10 anos, o que demorar mais. Pacientes com maior risco de exposição a streptococcia podem ter profilaxia mantida indeterminadamente. Bem como aqueles pacientes que fizeram cirurgia para troca de vávulas. A profilaxia é feita apenas nos casos diagnosticados de FR, não sendo indicada em pacientes com faringite de repetição. _______ Scheila Maria 2016 5 CARDIO - ENDOCARDITE Bedson | Medcurso | Braunwald | Harrison DEFINIÇÃO: A endocardite infecciosa é um processo infeccioso que acomete o endocárdio, mais comumente as válvulas cardíacas. Geralmente para que a endocardite se instale, precisa haver uma predisposição , geralmente mecânica, que pode ser: a) doença valvular que causa turbulência levando a desnudamento do endotélio; b) uso de drogas injetáveis, por estas conterem resíduos sólidos, como areia, o que pode levar a trauma no endotélio, acarretando também o desnudamento. c) Jato sanguíneo de alta velocidade atingindo o endotélio d) Grande diferença pressórica entre duas câmaras cardíacas e) Fluxo que passa por um pequeno orifício em alta velocidade Obs: A principal condição cardíaca de base que predispõe à endocardite infecciosa é o prolapso de válvula mitral, responsável por 7-30% das endocardites de valva nativa em casos não relacionados à dependência e drogas ou à infecção hospitalar. {Esse dado é do Braunwald} Os sítios mais frequentes acometidos são as valvas cardíacas (devido ao desnudamento do endotélio), mas a infecção também ocorre nos defeitos septais, na cordoalha tendínea e no próprio endocárdio mural. Acomete pacientes do sexo masculino entre 47-69 anos, no entanto em pacientes com menos de 35 anos predomina o sexo feminino. Entre os jovens, acomete geralmente os usuários de drogas. HISTÓRIA NATURAL DA DOENÇA: A endocardite não se inicia normalmente por um processo infeccioso, se inicia com uma adesão de plaquetas, formando um conglomerado de fibrina (inicialmente estéril, mas que é excelente meio de cultura). Se o paciente sofre uma bacteremia, os patógenos podem infectar a estrutura inicial, levando a formação das chamadas vegetações. Vegetações são protuberâncias que crescem das válvulas onde se aglomeram bactérias, fibrina, plaquetas e fatores inflamatórios. As vegetações podem evoluir de diversas maneiras: (1) Uma delas é a fragmentação e embolização, formando os êmbolos sépticos ou êmbolos infecciosos, caindo na circulação e desencadeando processos embólicos em vários lugares. (2) A segunda forma de evolução diz respeito à reação do sistema imune em resposta a população de bactérias, o que pode levar a reações autoimunes, desencadeando vasculites, artralgias e/ou lesões de pele. (3) A depender da bactéria responsável pelo acometimento, se este apresentar alta patogenicidade (como o Staphylococcos), pode apresentar invasão do próprio miocárdio, formando abscessos e destruição do aparelho valvar. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: Pelo fato de ser uma doença de instalação insidiosa, não apresenta manifestações agudas (Obs: não entendi por que Bedson disse isso porém tanto no Braunwald comoaula do Medcurso eles falam que há a aguda e a subaguda). As principais manifestações são decorrentes de (1) embolização de fragmentos sépticos de vegetações para locais distantes, o que resulta infarto ou infecção; (2) semeadura hematogênica e (2) respostas do sistema imune com lesão tecidual e deposição de imunocomplexos. As manifestações causadas por todos esses mecanismos e que caracterizam a EI são: 1) Febre persistente (80-90%) A endocardite é uma das causas de febre de origem obscura. 2) Calafrios e suores (40-75%) 3) Sopro cardíaco (ver obs) 4) Manifestações vasculares: Scheila Maria 2016 6 a. Petéquias b. Manchas de Janeway: máculas eritematosas, indolores nas palmas das mãos e plantas dos pés. c. Hemorragias subungueais e conjuntivais 5) Manifestações autoimunes: a. Artralgias e artrites b. Glomerulonefrite c. Nódulos de Osler: nódulos cutâneos, pequenos, dolorosos em polpas dos dedos de mãos e pés. d. Manchas de Roth: hemorragias retinianas de centro “esbranquiçado” [acho que isso é vascular, não?] 6) AVC a. Embólico: por êmbolos sépticos que podem formar também abscessos cerebrais b. Hemorrágicos: êmbolos sépticos minúsculos ao ponto de acometer a vasa vasorum, causando isquemia da parede de vasos maiores, levando ao surgimento de aneurismas micóticos e sangramentos. OBS: Pacientes que possuem quadro “arrastado” e que apresentaram novo sopro ou modificação em sopro existente anteriormente devem ser investigados para endocardite infecciosa. O sopro característico é: sopro de regurgitação por insuficiência valvar. É a manifestação da vegetação. DIAGNÓSTICO: Necessariamente, na possibilidade de endocardite, dois exames precisam ser solicitados: (1) Ecocardiograma (transesofágico, preferencialmente): mostra exatamente a situação do coração, mostra até mesmo as vegetações (<2mm) e abscessos nos casos em que estes estão presentes, em algumas situações pode-se ver uma estrutura flamulando – e não é uma válvula. (2) Hemocultura, geralmente coletando três amostras diferentes num período de 24 horas (intervalo mínimo de 6 horas entre amostras), de preferência em momentos febris e em lugares diferentes. No hemograma há leucocitose alta com desvio a esquerda (sinais de infecção aguda) Elevação de VHS e PCR ocorrem em cerca de 90% dos casos. Existem critérios para diagnóstico de endocardite, são os critérios de Duke, que na prática não são bem utilizados. Se você tem vegetação + hemocultura positiva, via de regra, têm-se diagnóstico fechado para endocardite infecciosa. Esses critérios são utilizados para ajudar no diagnóstico: a presença de nódulos de Osler, manchas de Janeway, hemorragia retiniana (hemorragia/infarto na retina por aneurismas). De qualquer forma, pelos critérios de Duke, para diagnóstico de endocardite necessita-se de: 2 critérios maiores OU 1 critério maior + 3 menores OU 5 critérios menores Scheila Maria 2016 7 O germe causador mais comum em válvulas nativas é o Streptococcus e em válvulas protéticas (10-30% dos casos segundo o Braunwald, com risco de infecção maior nos primeiros 6-12 meses) é o Staphylococcus o maior responsável.. Alguns dos outros comumente encontrados são: enterococcos e pneumococcos. A terapêutica é alvo da infectologia. Na cardiologia são estudadas mais as alterações cardiológicas como, por exemplo, pacientes com abscessos que podem ter distúrbio de condução, o abscesso que infiltra no miocárdio pode se manifestar como distúrbio de condução de carotídea (Febre persistente + bloqueio de ramo pode ser um abscesso). O tipo de germe que mais causa abscesso é o Staphylococcos. Paciente usuário de droga tem as válvulas do coração direito (tricúspide e pulmonar) mais acometidas do que a do coração esquerdo. No pacientes em geral as válvulas mais acometidas são a mitral e aórtica. Geralmente a superfície mais acometida é a de menor pressão, numa válvula mitral, por exemplo, o lado atrial tem menor pressão e a vegetação mais comumente se forma neste lado (de acordo com o movimento dessa válvula, a vegetação pode passar para o outro lado, não há certa “fixação”). TRATAMENTO: É feito com ATB após colher as hemoculturas. Deve-se começar o tratamento direcionando para o agente mais provável, no caso streptococus viridans (penicilina G cristalina + Gentamicina) ou staphilococcos aureus (Oxacilina + Gentamicina). Usuário de drogas e paciente com válvula pós cirúrgica até 2 meses geralmente é Staphilococcos epidermidis (Vancomicina + Gentamicina), passou de 2 meses volta a ser Strepto. No caso dos usuários de drogas: MRSA (Daptomicina ou Vancomicina). Tratamentos cirúrgicos são feitos diante de destruição da válvula, endocardite fúngica, abscesso, IC com NYHA III ou IV. PROFILAXIA: A profilaxia da endocardite já foi mais rigorosa, hoje em dia não é muito indicada. Já foi demonstrado que o ato de escovar os dentes provoca uma bacteremia transitória tão importante quanto aquela ocasionada por um procedimento bucal (extração), levando a verdadeira interrogação sobre a profilaxia. Hoje se indica mais a profilaxia antes de procedimentos em tecidos moles da cavidade oral ou manipulações do trato respiratório apenas para (1) pacientes que possuem prótese cardíaca, nos primeiros seis meses (2) pacientes que possuem alguma má formação congênita não operada, (3) pacientes que já desenvolveram algum episódio de endocardite. Na opinião pessoal de Bedson: “Não custa nada fazer a profilaxia, é mais seguro, pode até não tratar o paciente, mas trata o médico”. Normalmente, a profilaxia é feita com amoxicilina (+ clavulanato) 2g, VO, 1 hora antes do procedimento e uma hora após! O Braunwald fala ainda isso sobre as consequências cardíacas da doença: As consequências intracardíacas variam desde vegetação infectada sem nenhum dano tecidual associado à destruição de valvas e estruturas subjacentes. A distorção ou perfuração de folhetos valvares, ruptura de cordas tendíneas e fístulas entre os vasos principais e câmaras cardíacas podem resultar em ICC progressiva. A infecção pode se estender ao tecido valvar, resultar em abscessos com febre persistente, ruptura do sistema de condução com alterações eletrocardiográficas, ou pericardite purulenta. Vegetações grandes, particularmente na valva mitral, podem resultar em estenose valvar funcional. Em geral, as complicações intracardíacas que envolvem a valva aórtica evoluem com mais rapidez que aquelas associadas à valva mitral, todavia a progressão é altamente variável e imprevisível em pacientes individualmente.
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