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Scheila Maria 2016 1 DERMATO – ECZEMAS CONCEITO Grupo de dermatoses inflamatórias, pruriginosas, com características clínicas e histopatológicas comuns e muito bem definidas. Lesões elementares: eritema, edema, vesículas, crostas, descamação. A predominância de cada tipo de lesão define o quadro como agudo, subagudo ou crônico O prurido é uma manifestação clássica associada as lesões e que culmina em liquenificação – que traduz cronicidade. o Mediadores químicos do prurido: Centrais: Serotonina, endorfina Periféricos: Histamina, leucotrienos, prostaglandinas, acetilcolina, peptídeos, citocinas. Etiologia variada. Fase aguda: eritema, edema, infiltração, vesiculação, secreção. Fase subaguda: secreção, crostas, escamas. Fase crônica: escamas, liquenificação. TIPOS DE ECZEMAS a. Atópico b. De contato c. Numular (forma de moeda) d. De estase e. Disidrótico f. Seborreico 1. DERMATITE ATÓPICA [Eczema atópico] Conceito: Atopia é a tendência hereditária a desenvolver alergia a antígenos alimentares ou inalantes, manifestando-se por eczemas, asma ou renite alérgica. OU SEJA: A dermatite atópica é umas das formas da atopia manifestadas na forma de eczemas. É genética e influenciada por fatores ambientais e emocionais. Características: o Apresenta limiar baixo ao prurido ( histamina e leucotrienos vasodilatação) e este acompanha a sudorese. o Xerose: característica do atópico, com diminuição da secreção sebácea e diminuição do número ou tamanho das glândulas sebáceas. o Alterações vasculares e farmacológicas: palidez, temperatura perioral e de extremidades, dermografismo branco, vasoconstrição pelo frio. o Alterações psicofisiológicas: labilidade emocional, inteligência acima da média, hiperreatividade, agressividade reprimida. Scheila Maria 2016 2 o Reatividade vásculo-cutânea: histamina Fatores genéticos: o Genes autossômicos dominantes ligados ao HLA o Mutações da filagrina [formação da barreira epidérmica] Fatores imunológicos: o Elevada produção de IgE e reatividade alterada da pele e mucosas. o Linfócitos B produzindo IgE o Linfócitos TCD4 e TCD8 envolvidos em respostas autoimunes. A lesão eczematosa que ocorre na dermatite atópica é própria da reação tipo IV e o infiltrado leucocitário dérmico destas é composto predominantemente por linfócitos CD4. Local das lesões: acentuadas em áreas de grande potencial a antígenos como face e mãos; áreas vascularizadas como face e dobras; e áreas de pele fina como dobras antecubitais e poplíteas. Exacerbação das lesões, associada com infecção pelo S. aureus (principalmente), que produz enterotoxinas: A, B, C. Além disso, colonizam maciçamente lesões agudizadas de DA). Fases: o Infantil (3m – 2 anos): áreas eritematocrostosas com lesões + exudativas; o Pré-puberal (2 – 12 anos): lesões menos exudativas, + papulo-descamativas; o Adultos (> 12 anos): liquenificação, atenuação. Obs: Surgimento de vesiculação aguda, localizada ou generalizada, sugere infecção bacteriana ou viral. Manifestações clínicas: o Crônica, de evolução flutuante. o Asma e rinite estão presentes em > 50% dos casos. Outras doenças geralmente associadas são: urticária, reações anafiláticas, ictiose vulgar, alopecia areata. o Estigmas atópicos: prega de Dennie-Morgan, sinal de Hertoghe, hiperlinearidade palmar, ceratose pilar e palmoplantar. o Infância: surge aos 3 meses, geralmente, com lesões vesiculo-secretantes crostosas, em regiões malares, nuca, sobras antecubitais e poplíteas. Acompanha-se de prurido e por vezes, infecção secundária. o Pré-puberal: Dobras poplíteas, pré-cubital, face, dorso de mãos e pés. Possui evolução crônica com períodos de agudização (surtos). o Adultos: áreas de flexão como pescoço, antecubital, poplítea, face (periorbital). Acompanhada de pele seca e descamativa, prurigo, eritrodermia e dermatite crônica das mãos. Diagnóstico: clínco + história familiar. IgE sérico pode reforçar. Diagnóstico diferencial: dermatite seborréica, psoríase, dermatoftoses, líquen plano, ptiríase rósea, dermatite de contato, eczema numular, escabiose, doença de Darier. Tratamento: o Orientações gerais: banhos, emolientes, roupas, ambiente sem ácaros, sem poeira, alimentos, RAST alimentos e por fim, fatores psíquicos. Scheila Maria 2016 3 o Medicamentos tópicos: 1. Corticóides de baixa potência Criança: hidrocortisona Pré-púberes: mometasona, desonida Adultos: betametasona 2. Imunomoduladores: Pimecrolimus: > 3 meses. Tacrolimus: > 2 anos. o Medicamentos sistêmicos: Corticóides orais, antihistamínico H1, ciclosporina, talidomida, interferon gama, metotrexato, azatioprina, fototerapia, mofetil micofenolato, óleo de prímula. 2. ECZEMA DE CONTATO Classificação: DC por irritante primário; alérgica; fototóxica e fotoalérgica. Dermatite de contato por irritante primário: Substâncias ácidas ou alcalinas que causam irritação cutânea mas não chegam a causar queimaduras. [Sabões, detergentes, xampus, pesticidas, plantas] Causam injúria aos queratinócitos e reação inflamatória na derme papilar Scheila Maria 2016 4 Caracteriza-se por: eritema, descamação, vesículas e bolhas, prurido discreto e sensação de queimação. Dermatite da dona de casa: é comum e típica de pessoas que tem muito contato com produtos de limpeza. Dermatite das fraldas: também é um tipo comum, ocorre em crianças < 2 anos e caracteriza-se por eritema ou, em casos de agravamento, edema, pápulas, vesículas, erosões e exulcerações. Promove aumento do risco de infecção secundária. Dermatite de contato alérgica: Exemplo clássico de hipersensibilidade tipo IV A hipersensibilidade pode durar dias a anos e persistir por toda a vida ou curar. Há determinadas substâncias que são especialmente hipersensibilizantes Clínica: apresenta-se com muito prurido. Possui a forma aguda [eritema, vesículas, exsudação e crostas]; subaguda [eritema, pápula, escama e crosta]; e crônica [liquenificação]. Pode ser porta de entrada para erisipela ou celulite. Diagnóstico: morfotopografia das lesões, testes de contato e história clínica. Tratamento: Afastar agente causal, corticoides tópicos e orais, imunomoduladores, ciclosporina, metotrexato. Scheila Maria 2016 5 3. ECZEMA NUMULAR Placa eritematosa ou oval com bordas claramente demarcadas Causa desconhecida [DA?] Relação com infecções bacterianas [Staphylococcus], xerose, fator emocional Lesão típica: uma ou mais placas em forma de moeda, eritematosa, com vesículas de parede fina, pruriginosa e exsudato-crostosa na fase aguda. Evolui para lesões anulares descamativas. Podem surgir lesões contralaterais e quiescentes. Mais comum em MMII, mãos, antebraços e tronco. Tende a cronicidade e é raro em crianças Diagnóstico diferencial: dermatofitoses (tinha), dermatite de contato, psoríase, impetigo Tratamento: o Sabões e tecidos sintéticos o Corticoides + antibióticos tópicos o Tacrolimus ou Pimecrolimus tópicos o Anti-histamínicos V.O o Corticóides V.O Scheila Maria 2016 6 4. ECZEMA DE ESTASE Consequente a hipertensão venosa redução do fornecimento de O² sequestro de leucócitos, liberação de enzimas proteolíticas e radicais livres injúria tecidual e reação inflamatória. Causa: estase[varizes, insuficiência valvular] Geralmente surge no 1/3 distal da perna, parte interna Agudo: eczema eritematoso e vesículo-secretante Crônico: liquenificação Diagnóstico diferencial: outros eczemas, psoríase, líquen plano hipertrófico, dermatoftose. Tratamento: Em geral é voltado para a insuficiência venosa. KMnO4, corticoides tópicos e sistêmicos, meias elásticas, bota de unna. 5. ECZEMA DISIDRÓTICO Suspeita-se que seja desencadeado pela ingestão de níquel em indivíduos sensibilizados. Na maioria das vezes não se descobre a causa e a recorrência é a regra. Influenciado por fatores emocionais. Clinica: súbito surgimento de vesículas claras e profundas assemelhando a grãos de sagu na palma das mãos e planta dos pés. Não há eritema e o prurido pode ser intenso. Cede espontaneamente em 2-3 semanas com descamação. Tratamento: Afastar a causa, KMnO4, corticoides tópicos e sistêmicos e antihistamínicos. Scheila Maria 2016 7 6 – DERMATITE SEBORRÉICA Definição: Dermatite crônica de caráter constitucional associando elementos fisiopatológicos de hipeproliferação epidérmica com eventual participação do P. ovale. Ocorre em 5% da população tendo alta incidência nos portadores de HIV. Lesões se distribuem por áreas de grande número de glândulas sebáceas. Possui dois picos de incidência: durante os 3 primeiros meses de vida e, o segundo a partir da puberdade, atingindo o ápice entre 40-60 anos. Clínica: lesões maculo-papulosas, eritematosas ou amareladas, sem brilho e recoberta por escamas de aspecto gorduroso. Eritema, descamação e fissuras retroauriculares e do ouvido externo são comuns. Na face há envolvimento da parte interna dos supercílios, glabela, sulco nasolabial, asas do nariz, blefarite marginal (eritema e descamação ciliar), lesões petalóides em tronco. Ainda pode envolver regiões flexurais: axilas, anogenitais, inframamárias. Tendência a cronicidade e recorrência Diagnóstico: clínico, considerar infecção por HIV, Diagnóstico diferencial: no cabelo, com psoríase, pediculose, tínea captis, nas flexuras: candidíase, dermatoftoses, dermatite de contato. Ainda temos ptiríase rósea, lúpus, ptiríase versicolor, farmacodermias. Tratamento: o Xampus e sabões com susbstâncias específicas o Corticoides e antibióticos o Tacrolimus ou Pimecrolimus tópicos
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