Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado FECAP O SURGIMENTO DO SISTEMA CAPITALISTA Everton Costenaro Felipe Morselli Mayara Gomes Samer Serhan História Econômica Geral I Professor: Nelson Catarino São Paulo 2014 2 SUMÁRIO 1. Introdução .............................................................................................................. 3 2. Objetivo .................................................................................................................. 4 2.1 Tema ............................................................................................................... 4 2.2 Delimitação do Tema ...................................................................................... 4 2.3 Objetivo Geral ................................................................................................. 4 2.4 Objetivo Especifico.......................................................................................... 4 3. A Gênese do Capitalismo Moderno, Max Weber ................................................. 5 3.1 Resenha .......................................................................................................... 5 4. O Poder Global, José Luís Fiori ......................................................................... 12 4.1 Resenha ........................................................................................................ 12 5. Structure and Change in Economic History, Douglass North ......................... 15 5.1 Resenha ........................................................................................................ 15 6. Comparações ....................................................................................................... 21 6.1 Max Weber e José Luís Fiori ....................................................................... 21 6.2 Max Weber e Douglas North ......................................................................... 22 6.3 José Luís Fiorie Douglas North ..................................................................... 23 7. Conclusão ............................................................................................................ 25 8. Bibliografia ........................................................................................................... 26 3 1 INTRODUÇÃO. Este trabalho tem como objetivo principal estudar a formação do sistema capitalista sobre as óticas de três obras: - O Poder Global, José Luís Fiori - A Gênese do Capitalismo Moderno, Max Weber - Structure and Change in Economic History, Douglass North O projeto consiste na leitura, resenha e comparação entre as ideias principais sobre o tema da formação do sistema capitalista nas obras descritas acima. A tarefa esta dividia em três principais partes, onde a primeira consiste na leitura e resumo das principais ideias sobre o capitalismo nas obras descritas. A segunda consiste na comparação entre elas, bem como a evidenciação das convergências e divergências das teorias. E a terceira parte que consiste em uma conclusão final. 4 2 OBJETIVO. 2.1 Tema. Surgimento do sistema capitalista. 2.2 Delimitações do Tema. Motivo do surgimento do sistema capitalista ocasionado na Europa Ocidental. 2.3 Objetivo Geral. Verificar as considerações e teorias de três autores diferentes sobre o surgimento do sistema capitalista. 2.4 Objetivo Especifico. Analisar as principais ideias das obras sobre o surgimento do sistema capitalista e a partir disto realizar comparações das divergências e convergências de ideias dos autores, podendo então, estabelecer uma conclusão sobre o surgimento deste sistema. 5 3 A GENESE DO CAPITALISMO MODERNO, MAX WEBER. 3.1 Resenha. Max Weber em seu livro A Gênese do Capitalismo Moderno faz um estudo da racionalização religiosa, política, jurídica e econômica que deram origem aomundo moderno do Ocidente no qual é conhecido hoje. No primeiro capitulo é definido o conceito de Empresa Capitalista, no qual é classificada como uma empresa que apresenta um controle de suas rentabilidades com auxilio da contabilidade moderna; Junto a isto também é definido que uma época só poderá ser classificada como capitalista quando houverpredominante atendimento capitalista sobre a necessidade das pessoas, no qual é uma característica peculiar do Ocidente. Entre as condições para que exista o Capitalismo Moderno se destaca: - A existência da contabilidade racional como regra para todas as empresas; - Controle sobre a terra, maquinas, capitais e etc.; - Liberdade de mercado; - Técnicas Racionais, maximizando ganhos; - Confiança no poder judiciário e administrativo; - Trabalho Livre; - Comercialização da economia, muito parecido com o mercado de títulos conhecido nos dias atuais. (Bens patrimoniais assumem forma de títulos); A comercialização se refere à criação de títulos para a participações em empresas, no qual somente surgiu no Ocidente e pode ser encontrado no Império Romano, quando por meio de ações os romanos compartilhavam de seus lucros.Na antiguidade, muitas vezes o Estados tomava dinheiro emprestado de empresários, muitas vezes sem juros, e em algum casos de guerra quando o mesmo se tornava derrotado, o dinheiro era perdido também. Com a criação dos juros sobre os empréstimos, a venda/compra de títulos se torna um negocio. Para a origem das Sociedades Anônima, antes é dado a existência de uma diferença entre empreendimentos de grande porte de caráter interlocal, e os empreendimentos internacionais presentes da antiguidade, no qual o primeiro se refere as empresas que promoviam comercio interlocal, nas cidades, e o segundo se refere as grandes sociedades coloniais para a captação de capital. Apesar destes 6 dois tipos de empreendimentos apresentarem faltas como de capital fixo ou de cálculos da contabilidade moderna, deram origem para o que hoje é conhecido como Sociedades Anônimas. Outros fatores também contribuíram para a existência do capitalismo moderno, como a gestão financeira do sistema inglês antigo. Além das condições citadas para a existência do Capitalismo Moderno, a especulação passa a ser importante quando bens de capitais passam a ser expressos em títulos, sendo caracterizada pelas primeiras crises econômicas. Na França, o Estado assumiu uma divida muito alta e Jhon Law veio a torna-se administrador desta economia; Em 1718 viu forte concorrência na sociedade, associando-se a Companhia das Índias, fazendo com que as pessoas colocassem na mão do Estado boa parte do seu dinheiro como impostos, fazendo assim com que os indivíduos especulassem, porem todo o empreendimento de Law veio a falência devido ao fato que o comercio com a Ásia não rendeu o suficiente. Outras crises de especulação também ocorreram, tais crises que Karl Marx citou no Manifesto Comunista; As primeiras crises deram a possibilidade dos indivíduos especularem. No século XVIII ocorre uma separação do comercio atacadista e do comercio varejista, sendo o primeiro responsável pela criação de comercio por leilão. Esta separação ainda resultou em outro tipo de comercio, o Comercio de Consignação, onde quem vende não se encontra com quem compra, como erafeito no comercio antigo. A Bolsa foi originada pelas antigas feiras, onde eram levantados prédios com nome de Bolsa onde era feito o comercio de títulos, fazendo com que as pessoas especulassem, e a mesma ganhou muito mais força com as expansões rodoviárias, uma vez que ela oferecia títulos de alto valor, logo, dentre os diversos fatores, organizações suficientes do sistema informativo e de transportes foram imprescindíveis para a criação de um comercio atacadista de especulação. Weber também fala da importância das conquistas e exploração para a criação do pensamento capitalista. Por meio da colonização os Estados Europeus tiravam seu lucro, e por meio da exploração, antes dos índios, depois dos negros, criaram um verdadeiro comercio de escravos. Weber diz que este comercio teve uma pequena importância para o desenvolvimento do Capitalismo Moderno, uma vez que este se baseava no principio predatório e não no calculo da Rentabilidade. 7 Weber também conceitua Fabrica Moderna, onde sua característica principal é a apropriação da oficina, dos instrumentos, da fonte de energia e da matéria-prima do empresário; Antigamente estas apropriações ocorreram em pequenos casos. Houve uma evolução das tecncinas de produção com a incorporação de novas maquinas e energia hidráulica, mas o capitalismo surge efetivamente apenas com a chegada do carvão e do ferro, trazendo 2 grandes problemas: O perigo do desmatamento e a entrada e água nas minas. Os mesmos foram solucionados logo com a invenção da maquina a vapor, onde a mesma era capaz de produzir carvão. Com estes desenvolvimentos ocorreu a separação das técnicas de produção, onde as mesmas não dependiam mais dos animais nem das forças vegetais; Alem de que as com as novas maquinas, novos trabalhadores foram colocados na industria, fazendo assim co m que os meios de produção ficassem na mão dos empresários. Os exércitos contribuíram para o desenvolvimento do pensamento capitalista, uma vez que eles demandavam cada vez mais de uniformes e ferro para a ampliação de navios; Mas segundo Weber isto também contribuiu pouco para o desenvolvimento do capitalismo moderno, bem como também a comercialização de artigos de luxo. É mencionado que para o desenvolvimento do pensamento capitalista foi fundamental a Revolução dos Preços ocorrida pelo grande fluxo de ferro entre países, fazendo com que houvesse grandes momentos inflacionários, alavancando a busca por novas invenções. A partir destas informações, Weber diz que houve o desenvolvimento do Pensamento Capitalista moderno, uma vez que o mesmo cria uma organização racional do trabalho, como descrito anteriormente, sendo isto uma peculiaridade do capitalismo, alem disso também a eliminação das barreiras entre as economias externas e internas, e a separação da religião e a razão, onde faziam com que os indivíduos levassem uma conduta de vida racional, foram fundamentais para a criação deste pensamento, onde estas peculiaridades em conjunto foram observadas somente no Ocidente. De acordo com Weber, a Burguesia está associada a três conceitos distintos, o primeiro associa este termo a uma categoria de classes que se encontram em uma situação específica de interesses econômicos, nos quais estas classes são homogêneas, dividas entre grandes burgueses e pequenos burgueses. Outra 8 associação está no âmbito político, no qual o termo burguesia abrange todos os cidadãos, portadores de determinados direitos políticos, e por fim, o terceiro aspecto do termo burguesia, refere-se ao sentido estamental, as pessoas com posses e culturas. Ambas as associações sobre o termo burguesia, possuem características próprias. Souza ratifica a importância da contribuição das cidades para o campo da cultura e para outras áreas. Dentre estas contribuições, destacamos historia da arte, a matemática, a sustentação de determinadas religiões, a criação do pensamento teológico e do ponto de vista sem vinculo sacerdotal. Além disso, existe a análise de como as cidades surgiram no Oriente e Ocidente. No Oriente, a cidade se caracterizava por dois aspectos: o primeiro como sede e indústria, na qual era necessário o abastecimento continuo com alimentos que vinham de fora, e é justamente este fator que distinguia o tamanho ou categoria destas cidades na época. O segundo aspecto resulta do fato de que anteriormente as cidades só eram reconhecidas, mediante aquela que tivesse uma fortificação. Vale ressaltar que a cidade como associação comunal foi fator decisivo para que na Idade Média possuíssem direito e tribunais próprios e uma administração própria e autônoma. No Ocidente em determinada época, entendia-se como cidade, aquela região que possuía um bispo. Entretanto, a cidade ocidental cria-se após um ato de confraternização na antiguidade, o sinequismo na antiguidade induziu a parte da população rural e linhagens, a unir-se em uma associação para administrar e proteger a cidade. O desenvolvimento de ambas as cidades do Ocidente e Oriente seguiram rumos diferentes. Pelo fato do Ocidente não possuir um monopólio de comunicação com os Deuses, automaticamente existia determinada liberdade sacerdotal, não existiam impedimentos mágicos, nos quais estavam presentes nas cidades do Oriente. Além disso, um dos fatores decisivos para este desenvolvimento ocidental foi o dia da Antioquia, no qual foi praticado um Culto para as pessoas não circuncidadas, e por este motivo, eliminaram-se as barreiras mágicas, possibilitando a gênese da cidade ocidental. E por fim, o principal motivo do Ocidente ter se desenvolvido antes que o Oriente deve-se ao fato, de que ele possuía uma diferenciação na constituição de sua defesa e o seu serviço de defesa militar, era capaz de prover seu equipamento e instrução por conta própria. 9 Em cada cidade, observamos que este desenvolvimento teve características diferenciadas, como a formação da democracia, do exército e suas políticas de crescimento, que poderiam ser mediante a arrecadação de impostos ou guerras expansionistas. As lutas pacíficas e guerreiras dos estados nacionais da época criaram oportunidades para o capitalismo ocidental-moderno, cada estado concorria para atrair capital livre, que estabelecia condições que os ajudariam a conseguir a hegemonia. Desta aliança, surge a burguesia nacional, e, portanto, o estado nacional consolidado que garante ao capitalismo as chances de permanecer. Neste capitulo, a principio é estabelecida uma análise do Estado Ocidental (Estado Racional) e do Estado Chinês. O estado racional, (contexto no qual o capitalismo pode vigorar) tem sua base no funcionalismo especializado e no direito racional. Por sua vez, o Estado chinês, reside na ideia de natureza mágica, ou seja, existe uma “perfeição” em relação a cultura literária e funcionalismo com cultura humanista. Para Weber, o patrimonialismo do estado chinês, provocava desvios de objetivos, e, portanto, era objetivo da burocracia racional (um dos pilares do estado racional) coibir. Nós séculos VII e XI, no Estado Chinês, o funcionalismo com cultura humanista, passou a ser substituído pelo funcionalismo especializado, no qual propõe a obediência nas regras políticas (Dependência do líder em relação ao quadro administrativo). Entretanto, ocorreu o fenômeno comum chamado de Eclipse Lunar, ou seja, o contexto mágico da religiosidade chinesa entendeu que estas mudanças eram uma perturbação a ordem natural, e que eram repudiadas como perturbadoras da ordem. Para Weber o direito racional é fundamental para a existência do capitalismo moderno, por sua natureza calculávele por sua previsibilidade, na qual não possibilita a previsão e cálculo de atividades para a existência de mercados competitivos nos quais são baseados em princípios impessoais, tais como os pressupostos mágicos da sociedade chinesa. O capitalismo precisa de um direito calculável, similar a uma máquina. A criação deste tipo de direito, surgiu da aliança do estado moderno com os juristas (do Ocidente), com o objetivo de fazer valer todas as pretensões de poder. A aliança com a China não foi possível, pois a cultura humanista dominava este estado e não existiam juristas a disposição, e além disso, existia a disputa de diversas 10 escolas filosóficas, na qual foi prevalecida o Confucionismo Ortodoxo. Feito isto, nos deparamos um Ocidente com direito estruturado, no qual os funcionários formados por este direito superavam como técnicos administrativos todos os demais. Este fato ganhou importância para a história econômica, pois a aliança entre o Estado e a Jurisprudência formal beneficia indiretamente o capitalismo. A política econômica é uma ferramenta importante para o desenvolvimento dos estados, neste contexto, esta política apareceu nos tempos modernos. No oriente, as castas e linhagens, impediram o desenvolvimento desta política econômica programada. No Ocidente, a política econômica programada só foi possível ao passo de que as cidades passaram a ser levadas em consideração. O primeiro vestígio de uma política econômica racional, é chamado de Mercantilismo. O mercantilismo baseia-se no princípio de levar vantagem sobre o seu adversário, vendendo uma mercadoria a um preço muito elevado e comprando a um preço extremamente baixo. Esta política explora a maior quantidade possível de recursos do país/estado, na qual a fonte deriqueza é a capacidade de tributação deste país/estado. Uma ferramenta importante para o direcionamento certo desta política, é a balança comercial, que afirma que um país/estado deve obrigatoriamente exportar mais do que importar para que esta balança seja positiva. A Inglaterra foi o país que deu origem ao sistema mercantilista, que por ocasião de uma crise financeira, o parlamento passou a aplicar o conceito da balança comercial favorável. Com o pacto do Estado com interesses capitalistas, o mercantilismo se manifestou de duas maneiras: A primeira é de um mercantilismo chamado de monopolista-estamental, que tem como ideia principal a predominância fiscal, estabelecendo que todas as novas industrias tem o direito de importar em virtude de monopólios concedidos pelo rei que deviam ser mantidos. Já a segunda perspectiva desta política, está relacionada a uma imagem nacional, que exerce uma proteção das indústrias de fato existentes, e não criadas por monopólios. O mercantilismo por sua vez, continuou desempenhando seu papel na história da teoria econômica política. E na Inglaterra, estabeleceu-se por fim, o livre comércio e a aliança com os interesses industriais que proporcionaram o apoio mercantilista. Para weber o crescimento populacional da china e do ocidente não é um fator suficiente para criar o capitalismo, No caso da china este crescimento teve um 11 impacto negativo, devido o fato de que a era uma multidão dividida em pequenos agricultores. Em relação ao ocidente, Europa, a população contribuiu para a gênese do capitalismo, mas este fator não é suficiente o bastante para justificar este fato. O aumento populacional (Que equivale também ao aumento de Mao de obra) acrescidos do fluxo de metais preciosos, a criação de um modo organizado onde trabalho é algum dos fatores que levaram a gênese do capitalismo. Vale lembrar que esses fatores de maneira isolada não propiciam a gênese do capitalismo. Outro fator interessante e determinante para que a gênese do capitalismo ocorresse no Ocidente e não no Oriente é a localização geográfica. Na China e Índia, os custos de transporte eram exorbitantes e a má localização para transportes fluviais resultaram em uma diminuição dos ganhos dos comerciantes. Por sua vez, O ocidente apresentava condições contrarias a do Ocidente,pois lá esta localizado o mar mediterrâneo que possibilitou grandes comunicações/transações fluviais acrescidas de uma cultura mercadante costeira. Por fim, o que criou o capitalismo foi o empreendimento racional, a contabilidade racional e a técnica racional, a racionalização da condução de vida e a mentalidade racional. Vale ressaltar que alem dos fatores citados acima, o desencantamento do mundo foi primordial para o fundamento da ciência moderna, as técnicas modernas e o capitalismo. O termo desencantamento do mundo de maneira resumida refere-se à transição do teocentrismo para o antropocentrismo, é a desmagificaçao do mundo onde as crenças e conceitos religiosos passam a não convencer como antes, permitindo que a percepção do mundo relacionado a ação humana seja totalmente diferente. 12 4 O PODER GLOBAL, JOSÉ LUIS FIORI. 4.1 Resenha. Nesta seção do livro, Fiori cita Karl Marx, Fernand Braudel, Immanuel Wallerstein e Giovanni Arrighi para contar a história do nascimento do Capitalismo europeu. Partindo disso, Fiori enumera alguns pontos que culminarão com a formação dos Estados-Economias Nacionais, e que segundo ele foram importantes para o entendimento desta “pré-história do Capitalismo”. Primeiramente o que culminou com a fragmentação dos poderes territoriais e fez com que a moeda quase desaparecesse por completo, foi a queda do Império Romano. Após alguns séculos, com os processos de mercantilização, foi se restabelecendo a ordem e que mais tarde culminou na formação dos Estados- economias nacionais. Fiori inicia citando que Braudel vê diferença entre Capitalismo e economia de mercado, pois segundo ele, o Capitalismo seria o antimercado, onde as pessoas buscam sempre ganhar cada vez mais, e a economia de mercado é o espaço de trocas e ganhos normais. Porém defende que haja, com o tempo, uma evolução gradual que atinja o capitalismo. Nesse mesmo tópico, Karl Marx fala da importância dos Estados e da sociedade para acelerar esse processo. Surge também a questão do acúmulo de riquezas e chega-se a conclusão de que esse acúmulo não vem das trocas e sim da busca cada vez maior por poder. O poder era calculado através dos tributos, logo, quanto maior era a população, maior eram os ganhos, devido a isso os soberanos entravam em guerras na busca por mais território, que no ciclo virtuoso lhe renderia mais população, mais tributos e mais poder. Com esse aumento das guerras e da tributação, viu-se nascer o processo de “monetização”, onde cada região tinha uma moeda. Surgiram os bancos e iniciou o comércio de longa distância, inicialmente com o Oriente Médio e Egito. Fiori finaliza essa questão comentando que as guerras, o comércio e a moeda sempre existirão, e que a única diferença para esse processo europeu, foi a necessidade de conquista, ou seja, a história do capitalismo europeu anda junto com o poder político. 13 No século XVI, que para Fiori é a verdadeira data da origem dos Estados- economias nacionais e do chamado “sistema mundial moderno”, as guerras continuavam sendo a melhor forma de acumulação de poder, porém agora as guerras não eram mais travadas com a intenção de destruir o território inimigo, mas sim torná-lo submisso ao vencedor, impondo suas regras e sua moeda. Mesmo com essa nova etapa, não houve uma superpotência surgindo e que poderia por fim aos Estados-economias nacionais (pensando na hipótese de não haver mais ninguém com quem pudesse realizar trocas). O que aconteceufoi um pequeno grupo, de seis ou sete potências que formaram um oligopólio do poder e da riqueza. Até o final do século XVIII, “o sistema mundial moderno” se restringia a Estados europeus, pois os Estados latino-americanos não estavam independentes. No Oriente Médio e na África existia a mesma situação. Os Estados europeus permaneceram reinando até a metade do século XX, quando a liderança passou a ser dos EUA. Dentro desse “sistema mundial moderno”, as maiores economias geram um rastro que acaba influenciado as demais economias mundiais. Pode-se dizer que as demais economias estavam distribuídas em três grupos: 1) Ficam as economias nacionais que se desenvolveram através da proteção do “líder maior”, como por exemplo, os antigos domínios que a Inglaterra tinha na Austrália, Nova Zelândia e Canadá; 2) Estados que esperam situações de indefinições no cenário econômico mundial para mudar sua posição nessa hierarquia; 3) A grande maioria das economias nacionais, onde atuam como “periferia econômica do sistema”, fornecendo para as economias maiores, seus insumos industriais e primários. Fiori dedica a última parte a falar sobre as mudanças para o século XXI e suas conclusões sobre o que pode vir a acontecer com as economias nacionais no decorrer do tempo. Algumas mudanças apontadas por Fiori no século XXI são: o aumento dos Estados-economias nacionais, que passaram de 60 em 1945 e agora são quase 200; A nova rota comercial mundial, que chegou a se estabilizou na China; A expansão e consolidação do Dólar na economia mundial; E a formação da China e EUA como pontos principais no comércio. Cita que nesse “universo de expansão” dos Estados, não há espaço para mercados equilibrados e estáveis, e que as economias jamais deixaram de buscar maiores poderes, mesmo quando estiverem 14 no topo da hierarquia. E se esses avanços não forem mais na forma de novos territórios, essas economias continuaram a serem expansionistas de outras maneiras. Na conclusão do seu texto, Fiori fala que ainda há espaço para mais uma rodada de ajustes no sistema econômico mundial antes do fim desse “sistema mundial moderno” e, o que nos resta é continuar nos aprofundando na história e nessa sua movimentação. 15 5 STRUCTURE AND CHANGE IN ECONOMIC HISTORY, DOUGLASS NORTH. 5.1 Resenha. O Império Romano decaiu em condições precárias no século V d.C. e desencadeou o surgimento do feudalismo cerca de um milênio depois. Entre estes acontecimentos a Europa Ocidental desenvolveu PAULATINAMENTE uma estrutura anarquista, prevendo a criação do Estado-nação. O surgimento da Europa ocidental foi submetido a uma forte herança da civilização greco-romana. A escravidão estava inclusa nesta herança, juntamente com o direito romano que ressurgiu no início da Idade Moderna para moldar a estrutura dos direitos de propriedade. Na Idade Média, a Igreja era um centro de aprendizagem e alfabetização. Em sua antiga capacidade, a Igreja possuía poder de um Estado e o papa era seu governante, deste modo eles adquiriam poder e riqueza, desviando patrimônios. Como Estado, a Igreja - caracterizada pelo ascetismo - vendia proteção e justiça, comercializavam a salvação, já que acreditava-se em predestinação. O feudalismo se desenvolveu no noroeste da Europa, na bacia do Mediterrâneo, onde teria sido habitada pela civilização greco-romana. As mudanças climáticas da região não favoreciam a produção agrícola, o que os abrigou a migrarem para áreas mais produtivas. Com a desagregação do Império Romano e a organização da sociedade feudal, inúmeros reinos se formaram, entre estes surgiu a dinastia carolíngia e seu principal monarca foi Carlos Magno, responsável pelo apogeu da dominação dos francos na Europa medieval. Porém a segregação do Império veio junto a morte do monarca, seguida de invasões vikings. Então, o feudalismo ressurgiu com mais força. A atividade econômica reviveu , o comércio de longa distância cresceu , as cidades se desenvolveram e a produção de artesãos urbanos aumentou. Finalmente, a estrutura feudal foi gradualmente substituído por unidades políticas maiores e um conjunto de direitos de propriedade sobre a terra, trabalho e capital, que variava de acordo com o poder de negociação dos monarcas e grupos constitutivos. A guerra foi fator decisivo para definir o tamanho e a estrutura da unidade política; mudança na população e o preço da terra e do trabalho 16 desempenharam um papel também decisivo na mudança de organização econômica e direitos de propriedade. O sistema feudal era caracterizado pela independência entre os feudos. A lei variava de acordo com cada feudo, e era válida apenas dentro dos limites deste. Os bens possuíam maiores custos de transação, por isso eram menos móveis que o trabalho. Os senhores feudais ofereciam abrigo e proteção em troca de trabalho em suas terras. Como o número de habitantes protegidos por um senhor cresceu a distância das terras cultivadas do castelo aumentou e, eventualmente, levou ao aumento dos custos de proteção. Com este aumento a proteção exibiu a curva de custo em forma de U, ou seja, o custo marginal de fornecer proteção se igualou ao valor do produto marginal do trabalho. Segundo do North e Robert Thomas, a mão-de-obra foi resultado dos custos de transação muito elevados para formar um mercado organizado, prejudicando as trocas. A ausência de um mercado para as trocas gerou dívidas trabalhistas. Estas dívidas desempenharam um papel de incentivo à fuga dos servos para outros feudos. O trabalho se tornou escasso e os senhores entraram em disputa pelos servos, isso restringiu o poder deles. A necessidade de mão-de-obra estimulou os senhores a conceder alguns direitos aos servos, como, tempo de trabalho previamente determinado. Caso o senhor desobedecesse alguma regra o trabalhador obtinha o direito de fugir. Este argumento foi bastante criticado por Duby, que, contrapôs a conclusão dizendo que era mais lucrativo vender a liberdade de camponeses que rendiam pouco do que mantê-los e receber o rendimento do comércio. Estudiosos acreditam que a população estava em declínio acelerado ao final do Império Romano, no século VI. Este manteve-se no século VII devido epidemia de peste bubônica. Duby acredita que a população se expandiu lentamente a partir daí. O feudalismo, uma medida de ordem e segurança levou a uma expansão concomitante de população e atividade econômica. O resultado deste aumento da população foi a criação de novas casas senhoriais. Os ganhos com comércio aumentaram potencialmente através da redução das áreas entre feudos, diminuindo os custos de transação e incentivando o crescimento das cidades onde poderiam desenvolver habilidades especializadas para produzir bens manufaturados. Cada cidade desenvolveu gradualmente sua própria lei. 17 Dentro das cidades, foram formadas alianças para atender as necessidades dos fabricantes e comerciantes locais. Os direitos de propriedade relacionados à produção de bens manufaturados estavam ligados às alianças, que em sua forma primitiva eram associações voluntárias, mas que logo se tornou uma parte legalmente reconhecida do estado. Estas forneceram um conjunto inicial de regras com policiamento privado para proteção da propriedade de seus membros. Retornos decrescentes na Europa Ocidental parecem ter definido o século XII. O trabalho tornou-se menos valioso; terra, muito mais. A valorização da terra aumentou os incentivos paraalterar os direitos de propriedade . As economias associadas à organização militar permitiram o desenvolvimento de grandes estados que haviam desaparecido ou sido substancialmente enfraquecido no final do Império Romano. Durante o milênio que se seguiu uma classe de guerreiros dominaram a cena. Essa classe foi apenas brevemente constrangida pelo Império Carolíngio, e até mesmo o aumento relativo da proteção que surgiu com o feudalismo não alterou fundamentalmente este modo de vida. A guerra era tipicamente de pequena escala, mas onipresente. No final da época, no entanto, o caráter da guerra foi basicamente alterada e esta classe guerreira tornou-se obsoleto. Dois séculos foram marcados na Europa por exploração e comércio, e segundo por uma transformação estrutural de unidades político-econômicas. A consequência da expansão foi integrar o resto do mundo com as nações da Europa Ocidental; mas as suas consequências de curto prazo eram um alargamento do mercado e maiores oportunidades de lucro e, por sua vez, a pressão política para a transformação estrutural produzindo as condições essenciais que sustentam o crescimento econômico dos últimos três séculos. Henri Pirenne, escreveu no início do século XX, defendendo que o desenvolvimento europeu durante a Idade das Trevas foi fundamentalmente influenciado por forças islâmicas que havia próximo a Europa. Os historiadores têm avançado num argumento semelhante para explicar um padrão de exploração e colonização, como, a conquista de Constantinopla pelos turcos, em 1453, que fechou o comércio de especiarias com o Oriente, levando os portugueses a procurar uma rota alternativa para as Índias. Porém nenhuma hipótese sobreviveu sem críticas. O comércio continuou por toda a bacia do Mediterrâneo durante a Idade Média. 18 Há um consenso de que houve uma crise no século XVII. Era uma época marcada por guerras devastadoras, como a Guerra do Trinta Anos na Alemanha; queda dos salários; agitação social generalizada; conflitos religiosos; e transformação radical político-econômica. Para o marxista do século XVII faz parte de um quebra-cabeça maior no processo de desenvolvimento , desde o feudalismo que parece ter morrido em 1500; o capitalismo, tradicionalmente associado a Revolução Industrial. A mudança tecnológica leva ao surgimento de novas classes. Os marxistas têm um vazio de três séculos, entre a queda do feudalismo e a Revolução Industrial. A explicação é que a classe burguesa emergente levou quase três séculos para chegar ao poder político e criar os direitos de propriedade essenciais que levaram à Revolução Industrial. As revoluções francesa e inglesa foram os avanços críticos que abriram as portas do capitalismo moderno. O mundo medieval era caracterizada por ciclos. O crescimento populacional dos últimos dois séculos, seguiu-se, entre 1300 e 1350 um 1745, pela fome, peste e contração econômica; um segundo ciclo de expansão, 1745-1600, foi seguido por uma contração durante o século XVII. A crise do século XVII espalhar com resultados diferenciais em toda a Europa. Inglaterra e os Países Baixos foram mal, se em tudo, afetado, enquanto a França e, especialmente, Espanha sofreu extensivamente. Inglaterra e os Países Baixos tinham escapado da crise malthusiana como a produção cresceu mais rápido do que a população; França, embora não estagnar, foi claramente caindo relativamente atrás da Inglaterra; e na Espanha, anteriormente a nação mais poderosa da Europa, caiu em um estado de declínio absoluto. A economia francesa permaneceu de natureza regional e, como resultado dos ganhos se tornou um mercado em crescimento momentaneamente. Em pouco tempo os benefícios da concorrência foram perdidos para inúmeros monopólios. Os benefícios de melhorar a eficiência dos mercados foram na França sacrificado às necessidades fiscais do Estado. Como consequência , a França não escapou à crise malthusiana do século XVII . Enquanto a França e a Espanha estavam sofrendo ao longo do século XVII, a população e a renda per capita das Províncias Unidas experimentaram um aumento sustentado. Como consequência, os holandeses conseguiram uma importância política fora de proporção ao seu tamanho pequeno. O sucesso dos holandeses é 19 ainda mais interessante porque era um país com poucos recursos. Os holandeses venceram sua falta de recursos através do desenvolvimento de uma organização econômica eficiente em relação aos seus rivais e tirando proveito do comércio mundial em expansão associada aos descobrimentos e do comércio nas Índias e Américas. A expansão do comércio foi o principal motor da economia holandesa. Como o comércio cresceu, os custos de transação diminuíram. A Holanda tornou-se o primeiro país a alcançar um crescimento econômico sustentado. Além disso, as Províncias Unidas continuaram a prosperar, mesmo após o centro do palco da economia europeia deslocar-se para a Inglaterra, o que abriu portas para a ascensão inglesa, que imitou o sucesso dos holandeses. O sucesso da economia inglesa de escapar da crise do século XVII está diretamente ligado ao sistema de direitos de propriedade privada que tinha evoluído. O governo Inglês enfrentou as mesmas exigências fiscais como fizeram os outros Estados-nação emergentes da Europa. O tamanho da França e a eficiência da organização econômica dos Países Baixos fez desses países potências europeias. North cita as mudanças ocorridas no período da Revolução Industrial, entre elas: - Crescimento populacional; - Aumento da riqueza da população e da expectativa de vida; - Setores industriais e de serviços tomando o lugar da agricultura como atividade econômica dominante; - Avanços tecnológicos. Economistas clássicos como Adam Smith, David Ricardo e Thomas Malthus, pareciam não entender o que acontecia ao seu entorno, pois algumas de suas previsões a respeito do tema simplesmente não se consolidavam. Para North, aos avanços tecnológicos foram os principais precursores da Revolução Industrial. Esses avanços foram puxados também pela mudança nas estruturas das empresas, visando melhorar o monitoramento sobre os trabalhadores. Essas mudanças levam a ideia de colocar máquinas para substituir o trabalho humano, aumentando a produção e levando ao avanço tecnológico. Um marco para esse avanço foi à criação em 1964 do Estatuto do Monopólio, que protegia os novos inventos, ou seja, era a lei de patentes. Essa lei acabou motivando as pessoas a continuar suas pesquisas para novas tecnologias. 20 North cita também que muito da literatura sobre a Revolução Industrial está equivocada a respeito desse tema, pois segundo muitos autores a Revolução chegou primeiro com os avanços tecnológicos e depois foi para as fábricas, ao contrário do que ele conta acima. Por fim, ele comenta que todas essas mudanças, como o aumento da população, da produção e da riqueza das pessoas, já estavam acontecendo alguns anos antes, e acabou sendo chamada de Revolução Industrial devido ao aumento proporcional que essas mudanças tiveram no período. 21 6 COMPARAÇÕES. 6.1 Max Weber e Jose Luis Fiori. Em sua teoria para a Gênese do Capitalismo Moderno, Weber vai enumerando fatos que contam como surgiu a idéia de capitalismo que conhecemos hoje. Ele cita questões que influenciaram bastante nessa formação e também algumas que tiveram somente uma pequena importância. Weber deixa claro desde o início, que o processo de racionalização foi fundamental para criar esseespírito que culminou no capitalismo moderno, fazendo inclusive comparações entre o mundo Ocidental e Oriental, e chegando a seguinte conclusão: Devido o lado Ocidental não possuir questões religiosas tão complexas quanto o Oriente e o Ocidente possuir uma independência maior na questão militar, o desenvolvimento acabou chegando antes desse lado do mundo. Parte também de outras questões que foram criando esse espírito capitalista, como a criação de títulos para a participação em empresas, o surgimento da Bolsa, local onde eram comercializados esses títulos e isso inclusive fez com que as pessoas especulassem. Weber fala da importância da Revolução dos Preços, que ocasionou processos inflacionários devido à busca por inovações tecnológicas e também que o aumento da população, junto com a melhor organização de trabalho e o aumento dos metais preciosos em circulação, ajudou também nesse processo. Na introdução do livro “O Poder Global e a nova Geopolítica das Nações”, Fiori conta a mesma história do surgimento do Capitalismo, partindo desde a queda do Império Romano, e suas conseqüências, passando pela formação dos Estados/Economias nacionais e ainda tira conclusões sobre o que ainda pode vir a acontecer no processo econômico mundial. Fiori enfatiza a questão da formação dos Estados/Economias Nacionais como fundamental para a criação do “sistema mundial moderno, e cita o mesmo ponto de vista de Weber, na questão do poder e acúmulo de riquezas, esses, vêm das conquistas de novos territórios. Nessa questão Fiori detalha mais, citando inclusive que com o passar do tempo e com as guerras contínuas, o objetivo não era mais destruir o inimigo, e sim impor suas leis e sua moeda nesse novo território. Ambos estudiosos citam pontos que culminaram no espírito capitalista que conhecemos atualmente, Weber prefere fixar sua conclusão no desencantamento do 22 mundo, o que levou a uma mentalidade mais racional da população do Ocidente, já Fiori fica mais na questão da formação do “sistema mundial moderno” explicando a formação dos Estados/Economias Nacionais e como eles foram se organizando e formando grupos de diferentes economias. Um fato importante é que tanto Weber como Fiori nos ajudam a entender o processo de formação do Capitalismo a partir de duas formas de narração, Weber aprofunda mais a história, citando diversos pontos que foram formando esse espírito nas pessoas, já Fiori prefere contar a história através das conquistas de territórios e formação de Estados/Economias Nacionais. 6.2 Max Weber e Douglass North. Weber, em sua teoria para a gênese do capitalismo, apresenta fatos determinantes para esta gênese, dentre eles, destacamos que a racionalização do mundo (em todas esferas: econômica, religiosa e política) foi fator fundamental para a formação do espírito capitalista. Durante sua abordagem, Weber evidenciou a importância das esferas religiosa, militar e econômica e comercial (Mercado), apresentando de maneira isolada as particularidades e a forma de cada uma destas esferas no Ocidente e Oriente, realizando comparações, e tentando identificar o motivo pelo qual o capitalismo desenvolveu-se no Ocidente. Por fim, após esta análise, Weber concluiu que um dos motivos principais, e de maior relevância para que o capitalismo desenvolve-se no Ocidente, foi a desmagificação do mundo, que consiste na transição do Teocentrismo, para o Antropocentrismo, que proporcionou que a mentalidade das crenças e religiões, desse espaço a um novo tipo de pensamento, este, chamado de pensamento capitalista. North,em sua abordagem, no primeiro momento apresenta a transação da sociedade Greco Romana para a Feudal. No Feudalismo houve um aumento significativo da população e da atividade econômica da época devido ao comércio, que nesta época, foi explorado intensivamente. Além disso, North apresenta uma comparação entre França, Inglaterra e Espanha,evidenciando o motivo pelo qual o capitalismo desenvolveu-se na Inglaterra comparando fatores de cada nação tais como: comércio, população e economia. 23 Vale ressaltar, que para North, um dos fatores que levaram a Inglaterra (local de surgimento do capitalismo) ao capitalismo, foram os baixos custos de transação, o ressurgimento do comércio e sua nova organização político econômica, avanços tecnológicos e população. Ambos estudiosos pesquisaram os fatores que levaram ao surgimento do capitalismo, analisando de certa forma e em momentos específicos as mesmas variáveis: religiosas, econômicas, comerciais e militares. Entretanto, as formas de identificar este surgimento são diferentes. Weber, abordou uma perspectiva ampla, de uma maneira “macro” analisando o contexto de dois hemisférios, comparando todas as suas características. North, por sua vez, dentro do ocidente , pesquisou e analisou todos os fatores e condições das principais nações para identificar o surgimento do capitalismo. 6.3 José Luis Fiori e Douglas North. Fiori procura fazer uma análise do surgimento do capitalismo enumerando pontos que contribuíram para tal fato, partindo da queda do Império Romano até o século XXI. Já North, procura apenas contar os fatos históricos partindo do mesmo ponto até a Revolução Industrial. Antes do surgimento do Capital ismo a economia era conhecida como economia de mercado, e Fiori considera que o capitalismo é uma evolução desta. Após a queda do Império a moeda quase desapareceu por completo, mas o processo de mercantilização evitou isso. Este processo foi um dos principais fatores que contribuíram para a criação dos Estados-Nação. Fiori fala da importância destes Estados através das inferências de Marx. Inicialmente os feudos eram pequenos e em grande quantidade, mas como o poder era determinado através dos tributos, os senhores feudais começaram a entrar em guerras em buscas da conquista de territórios maiores. Quanto maior o feudo, maior a população, maior os ganhos, e consequentemente maior o poder. O tamanho do feudo determinava também o preço das terras e do trabalho. Fiori cita que foi nesta época que surgiu a ideia de acúmulo de riquezas e concluiu que que este vinha da busca pelo poder. O sistema feudal era caracterizado pela independência entre os feudos, portanto, cada feudo possuía sua própria moeda, o que elevava os custos de 24 transação. Com o início do processo de monetização as trocas deixaram de ser por escambo e passaram a ser monetárias. Segundo North, o crescimento excessivo dos feudos acabou prejudicando, pois os custos de manter os servos se igualou aos seus lucros. A mão-de-obra se tornou escassa, então o senhores passaram a disputar servos e começaram: dar benefícios aos servos para evitar que eles não fugissem. Ele cita que Duby debateu a conclusão dizendo que era mais rentável vender a liberdade dos servos. Diferentemente da ideia de Fiori que acreditava que os ganhos aumentavam com a expansão. Fiori comenta que as guerras, comércio e moeda sempre existiram e que a história do capitalismo europeu anda junto com o poder político. Ele acredita que os Estado-economia-nacionais surgiram no século XVI, juntamente com o sistema mundial moderno e as guerras por território mudaram de objetivo, agora eles queriam tornar o território conquistado submisso. Não houve nenhuma superpotência na época, o sistema era formado pelo oligopólio. Cita ainda que as economias nunca deixarão de buscar mais poder, ou seja, nunca será estável e equilibrada. 25 7 CONCLUSÃO.Apesar de abordarem o mesmo tema (Surgimento do capitalismo), cada autor tem uma maneira própria de definir este evento. Weber não se preocupa muito com aspectos históricos, ele tem um foco maior sobre a cultura e a mentalidade dos indivíduos, dizendo que o que foi fundamental para o surgimento do capitalismo foi a separação das esferas da vida, onde a mentalidade Téo-centrista deixou de ser a principal, dando lugar a uma nova mentalidade antropocentrista. Por sua vez, Fiori e North convergem no aspecto de explicar o capitalismo por fatos históricos. Fiori conta desde a queda do Império Romano ate a formação dos Estados Nacionais, onde foram criados grupos com diversos tipos de economia, onde estas economias tentavam se instalar sobre diversos territórios por meios de guerras, o que deu origem ao sistema capitalista. North, por sua vez, apesar de focar em fatos históricos como Fiori, conta o surgimento do sistema capitalista de forma diferente, analisando as maiores potencias europeias da época (França, Inglaterra e Espanha) e mostra que a Inglaterra foi a principal potencia responsável por este surgimento, uma vez que lá se deu a primeira revolução industrial, fazendo com que este país se desenvolvesse muito mais rapidamente do que as outras potencias, sendo assim acelerando o crescimento econômico e tecnológicoinglês. É possível observar que apesar de descreverem o mesmo acontecimento, cada um usa uma visão diferente de descrevê-lo, entretanto é possível observar um ponto convergente nos autores, no qual se refere o surgimento do capitalismo ter se dado exclusivamente a aspectos encontrados em conjunto na Europa Ocidental, sejam eles culturais, religiosos ou históricos, mas estes aspectos em conjunto foram os responsáveis para a criação do sistema capitalista. 26 8 BIBLIOGRAFIA. FIORI, José Luis. O Poder Global e a Nova Geopolítica dasNações. 1ºedição. São Paulo. Boitempo Editorial. 2007. Coleção Estado de Sítio. WEBER, Max. A gênese do capitalismo moderno. Organização, apresentação e comentários: Jessé Souza. Tradução: Rainer Domschke, São Paulo: Âtica, 2006. Coleção Ensaios Comentados. NORTH, Douglass. Structure and Change in Economic History. W. W. Norton & Company. New York. 1982
Compartilhar