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DIREITO ROMANO INTRODUÇÃO

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DIREITO ROMANO
UNIDADE I
I – INTRODUÇÃO HISTÓRICA
 1. Importância do estudo do Direito Romano - 
mais de doze (12) séculos de evolução documentada com abundância de fontes.
dos 2046 artigos do Código Civil Brasileiro, 1.445 têm raízes na cultura romana. 
- Ordem Histórica - verdadeiro laboratório do direito;
- Ordem prática - Numerosos institutos do Direito Romano não morreram: Direito das Obrigações (a compra e venda, o comodato, o depósito, o penhor, a hipoteca) ainda existem.
- Ordem Técnico-jurídica - é indispensável para a formação do verdadeiro jurista.
2. O que é o Direito Romano? é o conjunto de normas que regeram a sociedade romana desde as origens (fundação de Roma em 753 a.C.) até o ano de 565 d.C., quando ocorreu a morte do imperador Justiniano.
Celso definiu o direito como a arte do bom e do eqüitativo, o que demonstra a identificação entre a moral (arte do bom) e o direito (arte do eqüitativo). 
Outro texto, de Ulpiano, afirma que os preceitos do direito são: viver honestamente, não prejudicar a outrem, dar a cada um o que é seu. 
3. Divisão do Estudo do Direito Romano 
3.1. Época da Realeza: Período do Direito Romano arcaico 
3.2. Época da República: Período do Direito Romano pré-clássico 
3.3. Época do Império: Período do Direito Romano clássico 
3.4. Direito Codificado 
3.5. Direito Romano pós-clássico (476 a 1453 d.C.)
3.6. O renascimento do Direito Romano
3.7. Recepção do Direito Romano em Portugal e no Brasil
II – PERÍODOS HISTÓRICOS E FONTES DO DIREITO ROMANO
1. Introdução: durante vinte e dois séculos da vigência do Direito Romano (de 753 a.C. até 1453 d.C) o Direito Romano não permaneceu imutável em seus princípios ou invariável em seus fundamentos, passou por várias transformações. Na realeza vigorou o Ius Civile que não era o mesmo que o direito pretoriano que vigorou no período da República, diferente, também, do direito jurisprudencial do Império e do direito justinianeu (do Imperador Justiniano).
Realeza – Período do Direito Romano arcaico (753 a 510 a C)
 1- fundação de Roma: poucos escritos a respeito, com algumas versões – lenda sobre Rômulo e Remo; desenvolvimento de pastores da região do Lácio; invasão dos etruscos. 
 Religião na sociedade romana: os romanos tinham vários deuses para todas as horas (Marte, para a guerra; Vênus, para o amor; Diana, para as colheitas; Baco, para as bebedeiras, etc. Cada habitante tinha seu deus predileto, e cada família cultuava seus próprios deuses).
 Classes sociais: as classes sociais nos primeiros séculos eram constituídas de classes sociais bem definidas: patrícios, clientes, plebeus e escravos.
3.l. Patrícios: pertenciam à classe privilegiada, detentora do poder, descendentes das antigas famílias fundadoras de Roma; eram homens livres, descendentes de homens livres, que se achavam agrupados em clãs familiares do tipo patriarcal, isto é, as gentes (gens - é o conjunto de pessoas que pela linha masculina descendem de um antepassado comum). Podiam votar e ser votados, servir nas legiões romanas (com direito ao saque, após as vitórias), ser proprietários.
 3.2 Clientes: estrangeiros de origem diversa, grupos de pessoas agregadas aos patrícios, vivendo sob a proteção do paterfamílias; não podiam ter a cidadania romana, nem cultuar os deuses dos romanos. No entanto, eram recebidos de braços abertos, porque muitos traziam novos conhecimentos, e às vezes mais ricos que os patrícios. 
3.3 Plebeus: constituíam a plebe, separada e independente dos patrícios; em evidente posição de inferioridade, que habitavam a cidade de Roma, mas não faziam parte da sua organização política; não eram considerados “cidadãos romanos” e não podiam residir na cidade de Roma, mas sim no asilo, um bairro fechado que ficava nos arredores de Roma. Não tinham dinheiro, nem propriedades, nem direito ao culto e religião dos patrícios: “a plebe era composta da gentinha sem capital declarável e contábil”.
3.4. Escravos: eram equiparados à “coisa”- res- um objeto e não tinham nenhum direito. Eram comprados e vendidos como mercadorias e seus proprietários (dominus) podiam abandoná-los, matá-los e esta situação só será atenuada na República.
 4 Organização Política da Realeza:
4.1. O Rei - Roma foi governada nesse período por 7 reis ( Rômulo, Numa Pompílio, Tulo Hostílio, Anco Mário, Tarquínio, o antigo, Sérvio Túlio e Tarquínio, o soberbo). O cargo de rei não era hereditário e seu titular era inicialmente indicado pelo senado romano. O rei era ao mesmo tempo chefe de Estado e chefe supremo da religião. O rei detinha o imperium, ou seja, o poder absoluto nos assuntos temporais civis, militares e religiosos. Não competia ao rei “criar” o direito (jus dicere), mas sim aplicar as sentenças (jus dare), de acordo com a vontade dos deuses.
O senado romano (Senatus - corpo consultivo, constituído primeiro de 100, depois de 300 patrícios, paterfamilias, chefes das famílias nomeados pelo rex, é ouvido por este nos grandes negócios de Estado; detentor da auctoritas, com a qual ratifica a lei votada pelo povo por iniciativa do rei) e o povo (Populus romanus) - integrado pelos patrícios na idade do serviço militar, reúnem-se em assembléias - os comícios curiatos - num recanto do forum denominado comitium.
5. Fontes do Direito Romano na Realeza – Direito arcaico: jus civile ou direito quiritário
 Todos os direitos da antiguidade foram conseqüências diretas da religião de seus povos, e também assim o é o Direito Romano. O direito nada mais era do que uma das faces da religião. Os sacerdotes exerceram papel importantíssimo na aplicação do jus civile nos primeiros tempos de Roma. Gozavam de extraordinária importância na aplicação da justiça. 
5.1 Costume - (Consuetudo ou jus nom scriptum, mos maiorum) - era a observância constante e espontânea de determinadas normas do comportamento humano na sociedade (deve ser constante e universal) 
 é o uso repetido e prolongado de norma jurídica tradicional, jamais proclamada solenemente pelo Poder Legislativo.
5.2 Lex - resulta de uma declaração feita pelo poder competente.
o rei propõe a lex ao povo, reunido em comícios curiatos (dos patrícios) ou centuriatos ( dos plebeus);
O povo ou aceita ou rejeita a iniciativa real. Se o povo aceita a regra de direito torna-se obrigatória, depois de ratificada pelo senado.
 
 O Ius civile era um direito formal e rigoroso. Os gestos e palavras solenes proferidas pelas partes tinham que ser repetidas rigorosamente conforme o costume, predominou nos primeiros tempos;
 O ius gentium surge mais tarde, é mais amplo, aparece quando Roma estende suas conquistas e entre em contato com outros povos – é o direito comum a todos – das gentes; 
 
 
República - (510 até 27 a C.) 
Governada pelos cônsules, em número de dois, governavam por 1 ano, revezando-se a cada mês.
 Plebe - em posição bastante desvantajosa entram em greve e se retiram em massa para o monte sagrado. Elegem o “tribuno da plebe” (inicialmente em número de dois, mais tarde, foram 4, 5 e 10 sucessivamente) eram os representantes do povo no senado romano, magistrados plebeus, invioláveis, sagrados.
Com a expansão das conquistas romanas já não se adequavam as normas do jus civilis que continham regras rígidas e formais, surgiu, então, um novo tipo de Direito Romano – direito pretoriano ou direito honorário - um direito mais flexível, adaptado à nova realidade do Império Romano. 
 
 Organização política:
Cônsules
 o Senado 
 povo. 
Auxiliares dos Cônsules:
- os Questores -encarregados da guarda do tesouro e da administração financeira;
- os Pretores - encarregados da distribuição da justiça;
 -os Censores - encarregados do recenseamento e fiscalização dos costumes;
 - os Edis - encarregados pelo policiamento da cidade e dos gêneros alimentícios e do comércio.
3.1. Fontes do Direito Romano na República
 3.1.1.costume (permanece o costume,sendo o povo romano conservador, tradicionalista, porém a plebe reclama uma lei aplicável a todos); 
lei (manifestações coletivas do povo); 
plebiscito (decisão da plebe - é aquilo que a plebe deliberava por proposta de um magistrado plebeu - tribuno);
 3.1.4 interpretação dos prudentes – funções: “respondere”- dar consultas orais ou escritas; “agere”- assistir juridicamente os clientes nos processos; “cavere”- assistir ao cliente na redação de atos jurídicos. 
- Iurisprudentia - significa ciência do direito - prudentia = ciência Iuris= do direito
 3.1.5 editos dos magistrados ( plataforma ou conjunto de declarações dos magistrados - em que expunham aos administrados os seus projetos).
4.Alto Império ou Principado –(27 a C a 284 d. C)
- O imperador ou príncipe não governava sozinho, partilhava o poder com o senado - a diarquia (governo de dois) e não a monarquia (governo de um só);
- Ele era o chefe supremo das forças armadas, administrava as províncias imperiais e zelava pelo “fiscus”, tesouro privado;
- Este período foi de total inversão de valores, o povo se afastava cada vez mais da religião e das tradições dos antepassados;
- havia grande fluxo de estrangeiros que se fixavam em território romano;
 4.1 Organização política:
 4.1.1 Príncipe – tinha amplos poderes na paz e na guerra: convocava o senado, publicava os éditos, interpretava o direito e respondia às consultas jurídicas a ele formuladas; juntamente com o Senado julgava as apelações e recursos. Tinha também o direito de indicar os nomes dos candidatos aos cargos de magistratura.
 4.1.2 Pretor – urbano – tinha jurisdição nas lides entre cidadãos romanos; peregrino – resolvia as desavenças entre cidadãos romanos e entre estrangeiros entre si;
 4.1.3 Senado – continuou com posição de destaque, era composto de 600 senadores;
 
4.2 Fontes do Direito Romano no Alto Império 
 4.2.1.costume – passou a ser considerado uma fonte secundária do direito;
 4.2.2 lex composta de 4 partes: index (contém o nome daquele que teve a iniciativa da lei), praescriptio (contém o nome e o lugar em que a lei foi votada, bem como a referência aos títulos e finalidade da lei); a rogatio (diz respeito ao objeto e finalidade da lei); a sanctio (é a parte que comina penas aos infratores); passou a ser a principal fonte de direito, mas de iniciativa exclusiva do imperador;
 4.2.3.Senatos-consultos - são medidas de ordem legislativa que emanam do Senado; 
 4.2.4 Editos dos magistrados – os magistrados copiavam, nesse período, os éditos dos magistrados de épocas anteriores;
 4.2.5 Constituições Imperiais- medidas de ordem legislativas emanadas diretamente do imperador, tais como decisões, pareceres e consultas 
 4.2.6 Respostas dos prudentes – respondiam por escritos as consultas formulados pelo povo, pelos magistrados e até as do Príncipe
Juristas famosos – vários jurisconsultos famosos despontaram nesse período, entre eles: Papiniano, Paulo, Ulpiano, Modestino, Gaio, Sabino, Pompônio, etc, que escreviam livros jurídicos, monografias clássicas e estudos sobre diversas instituições de Direito Romano.
Baixo Império (284 d.C. a 565d. C.) 
Imperador - soberano, que governava sozinho (monarquia ou governo de um só) - “o que agradou ao imperador tem força de lei”.
Organização Política 
Império Romano do Oriente 
Império Romano do Ocidente. 
 
5.1. Fontes do Direito Romano no Baixo Império
 Período de Justiniano – Justiniano, cujo nome era Upranda, de origem eslava, era sobrinho do Imperador Justino, que o adotou e o fez seu sucessor como Imperador do Império Romano do Ocidente, permanecendo 38 anos no cargo, quando morreu em 565 d.C. Nesse período a parte ocidental do Império romano desaparecia com as invasões dos bárbaros.
 As Constituições Imperiais, denominadas “leges” - foram a única fonte do D. Romano neste período. 
Justiniano -sistematizou numerosos textos de lei das épocas anteriores e também de sua própria, formulando o Corpus Iuris Civilis, compreendendo os seguintes conjuntos:
Código antigo (520) - hoje perdido, reunia as Constituições Imperiais vigentes na época em que foi redigido 
Digesto ou Pandectas (vem de digerir= organizado, classificado) (533) - é uma compilação dos escritos dos jurisconsultos, composta de 50 livros.
Institutas (533)- são um Manual de Direito Privado Romano, elementar, para o uso dos estudantes de Direito em Constantinopla (teve força de lei por ordem de Justiniano).
Código novo (534) é a atualização do Código antigo.
Novelas- são um conjunto de novas Constituições Imperiais, decretadas por Justiniano nos últimos anos de seu reinado, para atender aos novos casos que surgiam(escritas em grego ou em latim, às vezes bilingue).
50 decisões a respeito dos pontos controvertidos entre os antigos jurisconsultos;
6. Direito Romano no período Bizantino 
 (565 a 1453) - espaço que vai desde a morte de Justiniano até a tomada de Constantinopla pelos Turcos. Direito Bizantino é o conjunto de regras jurídicas justinianéias que continuaram em vigor de 565 até 1453, mas modificadas e adaptadas à vida dos povos no novo Império.

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