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GRADUAÇÃO 2009.1 1a Edição PRÁTICA JURÍDICA III DIREITO ADMINISTRATIVO CONSTITUCIONAL AUTOR: PROFESSOR GUSTAVO DA ROCHA SCHMIDT Sumário PRÁTICA JURÍDICA III – DIREITO ADMINISTRATIVO CONSTITUCIONAL 1. Exposição dos objetivos: ............................................................................................................. 4 2. Ementa do curso: ....................................................................................................................... 4 3. Metodologia: ............................................................................................................................. 4 4. Programa do curso: .................................................................................................................... 4 Aula 1: Habeas Corpus. Generalidades. Conceito. Objeto. Controvérsias. .......................... 5 Aulas 2 e 3. Mandado de Segurança. Conceito. Ato de Autoridade. Objeto. Prazo para a impetração. Partes. Inicial e notifi cação. Liminar. Informações. Sentença. Execução. Recursos. Coisa julgada. Controvérsias. .................................................. 6 Aula 4: Ação Popular. Conceito. Requisitos. Objeto. Partes. Competência. Processo e liminar. Sentença. Recursos. Coisa julgada. Execução. Controvérsias. ..................... 9 Aula 5: Ação Civil Pública. Conceito e objeto. Legitimação. Processo. Sentença. Efeitos. . 10 Aula 6: Ação de Improbidade Administrativa. .................................................................. 11 Aula 7: Habeas Data. Conceito. Objeto. Interesse de Agir. Legitimação. Procedimento. ... 12 Aula 8: Mandado de Injunção. Conceito. Objeto. Partes. Procedimento. Efeitos da Decisão. ........................................................................................................... 13 Aula 9: Ação Direta de Inconstitucionalidade. Generalidades. Competência. Legitimação. Objeto. Procedimento. Medida Cautelar. Decisão fi nal. Efeitos da decisão. .......... 14 Aula 10: Ação Declaratória de Constitucionalidade e Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão. Generalidades. Competência. Legitimação. Objeto. Procedimento. Medida Cautelar. Decisão fi nal. Efeitos da decisão. .............................................. 16 Aula 11: Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental e Ação Direta Interventiva. Generalidades. Competência. Legitimação. Objeto. Procedimento. Medida Cautelar. Decisão fi nal. Efeitos da decisão. .............................................. 17 Aula 12: Processo Administrativo. Lei n. 9.784/99. Princípios. Procedimento. ................... 18 Aula 13: Procedimento Licitatório. Lei n. 8.666/93. Aspectos Processuais. Recursos. Vias impugnativas. Prazos. ................................................................................... 20 Aula 14: Ação de Responsabilidade Civil do Estado. Generalidades. Ação. Responsabilidade Objetiva. Omissão. Teoria da Culpa Anônima. Omissão Genérica. Omissão Específi ca. .............................................................................. 21 Aula 15: Ação de Desapropriação. Procedimento Administrativo. Processo Judicial. Procedimento. Perícia. Sentença. Questões controvertidas. ................................... 22 5. Bibliografi a: ............................................................................................................................ 23 6. Anexos: ............................................................................................................................ 24 1) Anexo I: Petição Inicial de Mandado de Segurança (Assunto: Administração Tributária. Recurso Administrativo. Exigência de depósito. Inconstitucionalidade). ................................................................ 25 2) Anexo II: Petição Inicial de Mandado de Segurança (Assunto: Desocupação de Bem Público. Violação à Ampla Defesa e ao Devido Processo Legal). ......................................................................................... 34 3) Anexo III: Petição inicial de Ação Civil Pública (Assunto: Loteamento Irregular. Área non aedifi candi). .................................................. 45 4) Anexo IV: Petição Inicial de Ação de Improbidade Administrativa (Assunto: Inobservância do mínimo constitucional exigido para a educação). ......................................................................... 66 5) Anexo V: Petição inicial de Mandado de Injunção (Assunto: Art. 195, § 7º. Regulamentação da imunidade para as contribuições sociais). ...... 78 6) Anexo VI: Petição inicial de Ação Direta de Inconstitucionalidade n. 3510 (Assunto: células-tronco embrionárias). ....................................... 95 7) Anexo VII: Petição inicial de Ação Direta de Constitucionalidade n. 4179 (Assunto: Medida Provisória. Fundo Soberano). ........................ 109 8) Anexo VIII: Petição inicial da Ação Declaratória de Constitucionalidade n. 16 (Assunto: Direito do Trabalho. Responsabilidade Subsidiária. Art. 71, § 1º. da Lei n. 8.666/93). ............................................. 165 9) Anexo IX: Petição inicial da Ação Declaratória de Constitucionalidade n. 12 (Assunto: CNJ. Nepotismo. Poder Normativo). ........................ 188 10) Anexo X: Petição Inicial da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental n. 54 (Assunto: Aborto de Feto Anencefálico). ..... 214 11) Anexo XI: Petição Inicial da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental n. 132 (Assunto: União Homossexual). ................ 238 12) Anexo XII: Defesa em Processo Administrativo (Assunto: Violação aos Princípios da Impessoalidade e da Moralidade). ......................... 275 13) Anexo XIII: Impugnação ao Edital. ............................................................... 287 14) Anexo XIV: Recurso Administrativo (Assunto: Inabilitação). ........................ 296 15) Anexo XV: Recurso Administrativo (Assunto: Preço Inexeqüível). ............... 303 16) Anexo XVI: Recurso Administrativo (Assunto: Suspensão do Direito de Licitar). ................................................................................. 307 PRÁTICA JURÍDICA III – DIREITO ADMINISTRATIVO CONSTITUCIONAL FGV DIREITO RIO 4 1. EXPOSIÇÃO DOS OBJETIVOS: O objetivo dessa cadeira é o de oferecer aos alunos uma visão de como funciona a prática no direito administrativo e no direito constitucional, de modo a prepará-los para atuar nes- sas áreas. A intenção é a de desenvolver no aluno a capacidade de: 1) identifi car o problema jurídico; 2) identifi car o instrumento processual adequado para lidar com a questão em dis- cussão; e 3) redigir a peça processual pertinente, com apoio na lei e na Constituição. Ao fi nal do curso, o aluno deverá estar em condições de minutar um mandado de segurança, uma ação popular e mesmo um mandado de injunção ou uma ação direta de inconstitucionalida- de. Paralelamente a isso, a idéia é prepará-lo para o exame de prática profi ssional da OAB. 2. EMENTA DO CURSO: 1. Habeas Corpus. 2. Mandado de Segurança. 3. Ação Popular. 4. Ação Civil Públi- ca. 5. Ação de Improbidade Administrativa. 6. Habeas Data. 7. Mandado de Injunção. 8. Ação Direta de Inconstitucionalidade. 9. Ação Declaratória de Constitucionalidade. 10. Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão. 11. Arguição de Descumpri- mento de Preceito Fundamental. 12. Processo Administrativo. 13. Procedimento Licita- tório. 14. Ação de Responsabilidade Civil do Estado. 15. Processo de Desapropriação. 3. METODOLOGIA: O curso será oferecido nos moldes ministrados nas principais universidades norte- americanas, mediante a utilização do método participativo e socrático, de modo a pro- mover o desenvolvimento do raciocínio crítico do aluno. A presença na aula é obrigató- ria, observado o limite de faltas autorizado pela FGV. Espera-se do aluno que esteja preparadopara participar ativamente dos debates que serão travados em sala de aula, mediante a leitura prévia da bibliografi a indicada. Ques- tões de provas da OAB serão debatidas em sala e, de modo a estimular a discussão, o professor irá selecionar, em cada aula, um grupo de alunos para apresentá-las para a turma nos primeiros 20 minutos da aula seguinte. Cada aluno terá de elaborar três peças processuais no curso do semestre, que serão corrigidas em sala de aula. A nota conjunta atribuída a essas petições representará 10% da nota fi nal. As referidas peças deverão ser entregues ao professor, em sala de aula, na data estipulada no sumário do curso. O atraso na entrega da petição importará numa redução de 20% da nota respectiva. Nenhuma petição será recebida com mais de uma semana de atraso. No último dia de aula, deverá o aluno entregar uma pasta ao professor com as três petições, sob pena de reprovação. Os alunos serão submetidos a duas provas, nos moldes do exame da OAB: uma no meio do semestre e uma ao fi nal. As duas provas serão divididas em 3 questões discursi- vas e uma peça processual. A primeira prova representará 40% da nota fi nal e a segunda prova corresponderá a 50% da nota fi nal. Assim, a nota fi nal representará o seguinte somatório: petições (10%) + 1ª. prova (40%) + 2ª. Prova (50%). 4. PROGRAMA DO CURSO: PRÁTICA JURÍDICA III – DIREITO ADMINISTRATIVO CONSTITUCIONAL FGV DIREITO RIO 5 AULA 1: HABEAS CORPUS. GENERALIDADES. CONCEITO. OBJETO. CONTROVÉRSIAS. Obs: A primeira parte da aula servirá para explicar a metodologia a ser utilizada pelo professor e para dar uma idéia de como será o curso. Leitura obrigatória: Barroso, Luis Roberto. O Direito Constitucional e a Efetividade de Suas Normas: Limi- tes e Possibilidades da Constituição Brasileira, 9ª. Edição, Rio de Janeiro: Renovar, 2009 (ler capítulo 7.1). PRÁTICA JURÍDICA III – DIREITO ADMINISTRATIVO CONSTITUCIONAL FGV DIREITO RIO 6 AULAS 2 E 3. MANDADO DE SEGURANÇA. CONCEITO. ATO DE AUTORIDADE. OBJETO. PRAZO PARA A IMPETRAÇÃO. PARTES. INICIAL E NOTIFICAÇÃO. LIMINAR. INFORMAÇÕES. SENTENÇA. EXECUÇÃO. RECURSOS. COISA JULGADA. CONTROVÉRSIAS. Trabalho de casa: Elaborar petição inicial de mandado de segurança. Data de entre- ga: Aula 5. Caso: Manuelita Castro é ex-aluna do curso de graduação da FGV Direito Rio. Fez parte da primeira turma a lá se formar e era uma das primeiras de sua classe. Cerca de seis meses após a formatura de Manuelita, a Procuradoria-Geral do Município lançou edital do concurso para o provimento de cargo de Procurador do Município do Rio de Janeiro. Nos termos do edital, a participação no concurso exigiria, apenas, a inscrição provisória do candidato, mediante o pagamento de uma taxa de R$ 100,00. O edital do certame exigia, ademais, que os candidatos aprovados para a prova oral apre- sentassem, no prazo de 15 dias, a contar da data da divulgação do resultado das provas específi cas, a documentação comprobatória do exercício efetivo de um ano de atividade jurídica, para fi ns de inscrição defi nitiva. Manuelita fez a inscrição provisória e, de imediato, mostrou a que veio. Foi aprovada na primeira fase do concurso e, em segui- da, nas provas específi cas. Ocorre que, na data da divulgação dos resultados das provas específi cas, Manuelita ainda não havia completado 1 ano de efetiva atividade jurídica. Em função disso, apresentou requerimento ao Presidente da Comissão de Concurso, informando que ainda faltavam dois meses para completar um ano de atividade jurídi- ca, mas que estaria apta a cumprir a referida exigência na data da posse. O Presidente da Comissão de Concurso, em decisão ratifi cada pelo ilmo. Procurador-Geral do Mu- nicípio, indeferiu o requerimento de Manuelita e impediu que a candidata prosseguisse no certame, sob o fundamento de que não apresentara a documentação comprobatória de um ano de atividade jurídica na data da inscrição defi nitiva, conforme previsto no edital do concurso. Inconformada, Manuelita o procura e pede para que a represente em juízo. Redija a petição inicial da medida judicial cabível. Leitura obrigatória: 1) Meirelles, Hely Lopes. Mandado de Segurança, Ação Popular, Ação Civil Pública, Mandado de Injunção, “Habeas Data”, 31ª Edição, atualizada por Arnoldo Wald e Gilmar Ferreira Mendes, São Paulo: Malheiros, 2008 (Primeira Parte). 2) Barroso, Luis Roberto. O Direito Constitucional e a Efetividade de Suas Normas: Limites e Possibilidades da Constituição Brasileira, 9ª. Edição, Rio de Janeiro: Renovar, 2009 (ler capítulos 7.2 e 7.3). 3) Anexo I: Petição Inicial de Mandado de Segurança (Assunto: Administração Tributá- ria. Recurso Administrativo. Exigência de depósito. Inconstitucionalidade). 4) Anexo II: Petição Inicial de Mandado de Segurança (Assunto: Desocupação de Bem Público. Violação à Ampla Defesa e ao Devido Processo Legal). PRÁTICA JURÍDICA III – DIREITO ADMINISTRATIVO CONSTITUCIONAL FGV DIREITO RIO 7 Questões da OAB: 1) A empresa Silva & Costa teve suas atividades suspensas pela Administração Fazen- dária federal, especifi camente por ato do Coordenador Geral de Fiscalização Tributária, pela circunstância de ter deixado, continuadamente, de recolher tributos federais. A atu- ação do Fisco se fundamentava no Decreto-Lei XX, editado em dezembro de 1987. De acordo com o Decreto, para executar o débito tributário, a Administração não estaria adstrita ao ajuizamento de ação de execução fi scal, mas poderia adotar medidas de maior restrição à livre iniciativa, como o cancelamento do registro da empresa, a interdição do estabelecimento e a apreensão de mercadorias. Silva & Costa deseja reiniciar com a maior brevidade possível suas atividades empresariais, embora não disponha de recursos sufi cientes para promover o imediato recolhimento dos valores devidos. Pergunta-se: a) Qual a medida judicial cabível? b) Qual a linha de argumentação a ser utilizada? c) Quem deve fi gurar no pólo ativo da demanda? e) Quem deve fi gurar no pólo passivo da demandada? f ) Qual o pedido a ser formulado? Responda, justifi cadamente. 2) Antônio Luiz, portador de diploma de bacharel em Ciências Biológicas, expedido por instituição brasileira ofi cialmente reconhecida, requereu, ao Conselho Regional de Biologia, cédula de identifi cação profi ssional de biólogo. A expedição do documento foi negada pelo Conselho, apesar de Antônio Luiz preencher todos os requisitos previstos na lei que regulamenta o exercício da profi ssão. Antônio Luiz, então, consulta-o a pro- pósito da ação cabível. Pergunta-se: a) Qual a medida judicial cabível? b) Qual a linha de argumentação a ser utilizada? c) Quem deve fi gurar no pólo ativo da demanda? e) Quem deve fi gurar no pólo passivo da demandada? f ) Qual o pedido a ser formulado? Responda, justifi cadamente. 3) O Secretário de Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro edita Resolução que fi xa o horário de funcionamento de bares e restaurantes situados na cidade do Rio de Janeiro. A Resolução dispõe que tais estabelecimentos não poderão funcionar depois das 23h. Os comerciantes locais, surpreendidos, solicitam à consultoria jurídica da Associação Comercial que investigue o fundamento de validade do ato. Constatam, então, que o ato pretende retirar fundamento de validade diretamente da Constituição, que valora positivamente o bem jurídico “segurança pública”, e que inexiste lei determi- nando a providência. A empresa “Sinal Aberto” resolve impetrar mandado de segurança contra a decisão do Secretário, para poder funcionar depois do horário estabelecido. Contudo, não obtém sucesso. Após analisar as questões de constitucionalidade susci- tadas, o Tribunal de Justiça se nega a emitir a ordem, por considerar inexistir violação ao texto constitucional. a) É o mandado de segurança a via adequada para impugnar o ato em questão? b) Qual o recurso cabível contra a decisão do TJ?c) Qual a linha de argumentação a ser utilizada no recurso? d) Quem deveria fi gurar no pólo ativo da de- manda? e) Quem deveria fi gurar no pólo passivo da demandada? f ) Qual o pedido que deveria ter sido formulado na petição inicial? Responda, justifi cadamente. PRÁTICA JURÍDICA III – DIREITO ADMINISTRATIVO CONSTITUCIONAL FGV DIREITO RIO 8 4) José Ricardo, aluno do curso de Matemática de certa universidade pública, im- petrou mandado de segurança contra ato praticado pelo diretor acadêmico, consistente na negativa de sua matrícula na disciplina Cálculo IV por ausência de pré-requisito. Todavia, indicou como autoridade coatora o magnífi co reitor da instituição de ensino, que prestou as informações no decêndio legal. Em preliminar, o reitor argüiu a sua ilegitimidade passiva ad causam e, adentrando no mérito, defendeu o ato praticado. Considerando essa situação hipotética, responda, com a devida fundamentação legal, à seguinte pergunta: o juiz terá necessariamente de extinguir o feito por ausência de uma das condições da ação ou poderá apreciar o pedido? 5) Motivado por eventos recentes de violência, o Deputado Federal Antônio Luiz pretende apresentar projeto de lei alterando a redação de dispositivos do Código Penal de modo a cominar a pena de prisão perpétua a determinadas hipóteses de homicídio doloso qualifi cado, cuja gravidade – argumenta o Deputado – submetem a sociedade a risco intolerável. Alertado pela assessoria jurídica da Câmara de Deputados de que tal projeto seria incompatível com a Constituição, o parlamentar resolve, previamente, apresentar Proposta de Emenda Constitucional alterando o artigo 5º, inciso XLVII, alínea b. A PEC é encaminhada à Comissão de Constituição e Justiça, que considera não ser a Proposta passível de deliberação, tendo em vista o disposto no art. 60, inciso I, e §4º, inciso IV. Inconformado, o parlamentar reúne o apoio de um terço da Câmara de Deputados, que apresenta nova Proposta de Emenda, agora revogando o próprio art. 60, §4º, inciso IV, da Constituição Federal. Suponhamos que a PEC tenha superado o controle preventivo da Comissão de Constituição e Justiça. O Deputado Ferreira da Cunha, ao se ver na contingência de participar da deliberação, formula, então, consulta sobre a constitucionalidade da PEC. O Deputado está interessado em impugnar a PEC ainda no curso do processo legislativo. Pergunta-se: a) Qual a medida judicial cabível? b) Quais argumentos podem ser apresentados para sustentar a inconstitucionalidade desta última PEC? c) A ordem constitucional brasileira comporta a possibilidade de provimento judicial em tais casos. PRÁTICA JURÍDICA III – DIREITO ADMINISTRATIVO CONSTITUCIONAL FGV DIREITO RIO 9 AULA 4: AÇÃO POPULAR. CONCEITO. REQUISITOS. OBJETO. PARTES. COMPETÊNCIA. PROCESSO E LIMINAR. SENTENÇA. RECURSOS. COISA JULGADA. EXECUÇÃO. CONTROVÉRSIAS. Leitura obrigatória: 1) Meirelles, Hely Lopes. Mandado de Segurança, Ação Popular, Ação Civil Pública, Mandado de Injunção, “Habeas Data”, 31ª Edição, atualizada por Arnoldo Wald e Gilmar Ferreira Mendes, São Paulo: Malheiros, 2008 (Segunda Parte). 2) Barroso, Luis Roberto. O Direito Constitucional e a Efetividade de Suas Normas: Limites e Possibilidades da Constituição Brasileira, 9ª. Edição, Rio de Janeiro: Renovar, 2009 (ler capítulo 7.4). Questões da OAB: Determinada Secretaria de Estado de Saúde contratou diretamente, com inexigi- bilidade de licitação, o fornecimento de dez mil pares de luvas cirúrgicas, de dez mil máscaras cirúrgicas e de duas mil lâminas de bisturi com a empresa Produtos Cirúrgicos Ltda., única representante no país de conhecida multinacional fabricante de produtos médicos. Tais produtos destinavam-se ao uso em hospital municipal, onde deveriam ser entregues diretamente. Pelo total da compra, as partes ajustaram que a Secretaria de Saúde pagaria o valor de R$ 1.000.000,00 à empresa contratada. A justifi cativa da contratação e do preço foi fi rmada pela superintendente de suprimentos da referida secretaria e ratifi cada pelo secretário de saúde. Este último foi também a autoridade responsável pela assinatura do contrato. Atento fi scalizador dos atos da administração estadual, o deputado João da Silva, de partido de oposição ao governo do Estado, apu- rou, junto ao mercado, que os preços ajustados entre a referida Secretaria de Estado e a empresa Produtos Cirúrgicos Ltda. eram muito superiores àqueles habitualmente pra- ticados na aquisição de produtos similares e da mesma qualidade. Inclusive, descobriu que aquele mesmo município havia adquirido recentemente os mesmos produtos para a rede municipal de saúde, porém de outro fabricante, por preços mais de cinqüenta por cento inferiores. Inconformado com os atos praticados pela Secretaria de Estado, o de- putado João da Silva procurou advogado(a), pretendendo o aconselhamento e atuação deste(a), com o objetivo de impugnar o contrato fi rmado e tentar sustar a sua execução. Durante a sessão de consulta, o deputado informou que, embora cerca de um terço dos produtos adquiridos já tivesse sido entregue ao hospital, nenhum desembolso fora até então efetuado pela Secretaria, o que estaria em vias de acontecer nos próximos dias. Pergunta-se: a) É cabível ação popular na espécie? b) Quem deve fi gurar no pólo ativo? c) Quem deve fi gurar no pólo passivo? d) Qual o pedido a ser formulado? PRÁTICA JURÍDICA III – DIREITO ADMINISTRATIVO CONSTITUCIONAL FGV DIREITO RIO 10 AULA 5: AÇÃO CIVIL PÚBLICA. CONCEITO E OBJETO. LEGITIMAÇÃO. PROCESSO. SENTENÇA. EFEITOS. Trabalho de casa: Elaborar petição inicial de Ação Civil Pública. Data de entrega: Aula 7. Caso: A fl oresta do grilhão tem enorme importância ecológica para a região do serrado carioca. É habitat de inúmeras espécies animais, algumas delas com risco de extinção, como é o caso do macaco coçadinha. Ocorre que, já não é de hoje, esses ani- mais têm desaparecido da região. Além disso, quem passa nas proximidades percebe um odor estranho, próprio de produtos químicos da indústria petrolífera. Inquérito civil instaurado pelo Ministério Público do Estado constatou que “as atividades da empresa PETRÓLEO E GÁS S.A., na região, levaram a um aumento de mais de 300% nas emissões de dióxido de carbono e de acetato de polixomexina, acarretando um desastre ambiental de proporções catastrófi cas, com risco de extinção de várias espécies animais, tais como o Macaco Coçadinha e a Arara Xampú”. Na qualidade de Promotor de Justiça lotado na comarca da Serra da Carioca, redija a medida judicial cabível. Leitura obrigatória: 1) Meirelles, Hely Lopes. Mandado de Segurança, Ação Popular, Ação Civil Pública, Mandado de Injunção, “Habeas Data”, 31ª Edição, atualizada por Arnoldo Wald e Gilmar Ferreira Mendes, São Paulo: Malheiros, 2008 (Terceira Parte). 2) Barroso, Luis Roberto. O Direito Constitucional e a Efetividade de Suas Normas: Limites e Possibilidades da Constituição Brasileira, 9ª. Edição, Rio de Janeiro: Renovar, 2009 (capítulo 7.5). 3) Anexo III: Petição inicial de Ação Civil Pública (Assunto: Loteamento Irregular. Área non aedifi candi). Questões da OAB: A renomada rede hoteleira Nova Antuérpia noticiou a construção, em Restinga das Flores, de resort cujo prédio principal teria 15 andares. No anúncio, a empresa ressaltava, sobretudo, a importância do empreendimento para se promover a emancipação econômica da região, tradicionalmente desamparada pelo poder público. José Maria, presidente da Associação de Amigos da Restinga das Flores, passou a investigar em que título se apoiava a pretensão da Nova Antuérpia. Descobriu que o empreendimento tinha sido autorizado por ato adminis- trativo, desprovido de qualquer fundamentação, de autoria do presidente do Instituto Es- tadual de Proteção do Patrimônio Ambiental. Inconformado, José Maria deseja impugnar judicialmente a construção do hotel,por se tratar de construção em área situada em reserva ambiental. Pergunta-se: a) É cabível o ajuizamento de ação civil pública? b) Quem deve fi gu- rar no pólo ativo? c) Quem deve fi gurar no pólo passivo? d) Qual o pedido a ser formulado? Em sua resposta, aborde, ainda, a conveniência de obstar, desde logo, o prosseguimento do processo de edifi cação, mediante requerimento da providência judicial apropriada. PRÁTICA JURÍDICA III – DIREITO ADMINISTRATIVO CONSTITUCIONAL FGV DIREITO RIO 11 AULA 6: AÇÃO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. Leitura obrigatória: Anexo IV: Petição Inicial de Ação de Improbidade Administrativa (Assunto: Inobser- vância do mínimo constitucional exigido para a educação). PRÁTICA JURÍDICA III – DIREITO ADMINISTRATIVO CONSTITUCIONAL FGV DIREITO RIO 12 AULA 7: HABEAS DATA. CONCEITO. OBJETO. INTERESSE DE AGIR. LEGITIMAÇÃO. PROCEDIMENTO. Leitura obrigatória: 1) Meirelles, Hely Lopes. Mandado de Segurança, Ação Popular, Ação Civil Pública, Mandado de Injunção, “Habeas Data”, 31ª Edição, atualizada por Arnoldo Wald e Gilmar Ferreira Mendes, São Paulo: Malheiros, 2008 (Quinta Parte). 2) Barroso, Luis Roberto. O Direito Constitucional e a Efetividade de Suas Normas: Limites e Possibilidades da Constituição Brasileira, 9ª. Edição, Rio de Janeiro: Renovar, 2009 (capítulo 7.7). Questões da OAB: José, cidadão estrangeiro, que residira durante trinta anos no Brasil e passara os últimos trinta anos de sua vida no exterior, sem visitar o Brasil, decidiu retornar a este país. Após fi xar residência no Brasil, tomou a iniciativa de rever os conhecidos. Em uma conversa com um de seus mais diletos amigos, este lhe informou que ouvira um rumor de que constaria dos assentamentos do Ministério X que José havia se envolvido em ati- vidade terrorista realizada no território brasileiro, trinta e cinco anos atrás. José decidiu averiguar a informação e apresentou uma petição ao Ministério X, requerendo cópia de todos os documentos de posse do referido ministério em que constasse o seu nome. Dentro do prazo legal, José obteve várias cópias de documentos. A cópia do processo entregue a José apresentava-o inicialmente como suspeito de participar de reuniões do grupo subversivo em questão. Porém, ao conferir a cópia que lhe foi entregue, José per- cebeu que, além de faltarem folhas no processo, este continha folhas não-numeradas. Suspeitando de que as folhas faltantes no processo pudessem esconder outro documen- to em que constasse seu nome, José formulou novo pedido ao Ministério X. Dessa vez, novamente dentro do prazo legal, José recebeu comunicado de uma decisão que inde- feria seu pedido, assinada pelo próprio ministro da Pasta X, em que este afi rmava cate- goricamente que o peticionário já recebera cópias de todos os documentos pertinentes. Incrédulo e inconformado com a decisão, José procurou os serviços de um advogado para tomar a providência judicial cabível. Pergunta-se: a) É cabível o ajuizamento habe- as data? b) Qual o órgão julgador competente? c) Quem deve fi gurar no pólo ativo? d) Quem deve fi gurar no pólo passivo? e) Qual o pedido a ser formulado? PRÁTICA JURÍDICA III – DIREITO ADMINISTRATIVO CONSTITUCIONAL FGV DIREITO RIO 13 AULA 8: MANDADO DE INJUNÇÃO. CONCEITO. OBJETO. PARTES. PROCEDIMENTO. EFEITOS DA DECISÃO. Leitura obrigatória: 1) Meirelles, Hely Lopes. Mandado de Segurança, Ação Popular, Ação Civil Pública, Mandado de Injunção, “Habeas Data”, 31ª Edição, atualizada por Arnoldo Wald e Gilmar Ferreira Mendes, São Paulo: Malheiros, 2008 (Quinta Parte). 2) Barroso, Luis Roberto. O Direito Constitucional e a Efetividade de Suas Normas: Limites e Possibilidades da Constituição Brasileira, 9ª. Edição, Rio de Janeiro: Renovar, 2009 (capítulo 7.6). 3) Anexo V: Petição inicial de Mandado de Injunção (Assunto: Art. 195, § 7º. Regula- mentação da imunidade para as contribuições sociais). Questões da OAB: Determinado município, situado no estado do Rio de Janeiro, pretendendo fundir- se com outro município, também situado no estado, impetrou, perante o Supremo Tribunal Federal, mandado de injunção. Ao fazê-lo, alegou, fundamentalmente, ter o exercício de seu direito obstado pela inexistência da lei complementar federal prevista no § 4.º do art. 18 da Constituição Federal, o que consubstanciaria hipótese típica de inconstitucionalidade por omissão. Redija, de forma fundamentada, um texto em que seja analisado o cabimento, à situação hipotética apresentada, do referido instrumento jurídico-processual. PRÁTICA JURÍDICA III – DIREITO ADMINISTRATIVO CONSTITUCIONAL FGV DIREITO RIO 14 AULA 9: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. GENERALIDADES. COMPETÊNCIA. LEGITIMAÇÃO. OBJETO. PROCEDIMENTO. MEDIDA CAUTELAR. DECISÃO FINAL. EFEITOS DA DECISÃO. Trabalho de casa: Elaborar petição inicial de ADIN. Data de entrega: Aula 11. Caso: A defi nir. Leitura obrigatória: 1) Barroso, Luis Roberto. O Controle de Constitucionalidade no Direito Brasileiro, 2ª. Edição, São Paulo: Saraiva, 2007, p. 133/196 (capítulo 3, I e II). 2) Anexo VI: Petição inicial de Ação Direta de Inconstitucionalidade n. 3510 (Assunto: células-tronco embrionárias). 3) Anexo VII: Petição inicial de Ação Direta de Constitucionalidade n. 4179 (Assunto: Medida Provisória. Fundo Soberano). Questões da OAB: 1) Em decorrência de aparente inconstitucionalidade encontrada em norma legal in- tegrante do ordenamento jurídico do Distrito Federal, decidiu o Governador do Estado de Goiás pela propositura de ação direta de inconstitucionalidade ao Supremo Tribunal Federal. Tendo em consideração o balizamento do instituto à luz da dogmática consti- tucional bem como da jurisprudência da Corte Suprema, discorra acerca dos limites e das possibilidades concernentes ao objeto da ação e à legitimação para a sua propositu- ra. A resposta deverá ser integralmente fundamentada. 2) Partido político cuja bancada, no Congresso Nacional, se resume a um único se- nador, ajuizou, junto ao Supremo Tribunal Federal, ação direta de inconstitucionalidade (ADI) para impugnar um projeto de lei que tramita na Câmara dos Deputados, em fase de apreciação no âmbito das comissões da Casa. Na ADI, o partido político alega vício de iniciativa, sustentando que o projeto, proposto por parlamentar, seria, segundo a Constituição, da iniciativa privativa do presidente da República. No que se refere à situação hipotética apresentada, a ADI proposta atende aos pressupostos do controle abstrato de normas consagrado na ordem jurídica brasileira, tanto no que diz respeito à legitimidade para a propositura da ação quanto ao seu objeto? Justifi que a sua resposta. 3) O governo brasileiro, preocupado com os índices crescentes de ataques terroris- tas no mundo, vinculou-se à Convenção sobre os Direitos Humanos das Vítimas de Atividades Terroristas, convenção internacional, de âmbito multilateral, que estabelece restrições aos direitos dos presos condenados por crimes resultantes de atividades terro- ristas. O presidente da República assinou o tratado e o enviou ao Congresso Nacional, conforme disposição do art. 49, I, da Constituição Federal e não de acordo com o § 3.º PRÁTICA JURÍDICA III – DIREITO ADMINISTRATIVO CONSTITUCIONAL FGV DIREITO RIO 15 do art. 5.º dessa Carta, e, em poucos meses, o Congresso Nacional aprovou o texto do tratado na forma de decreto legislativo. Após isso, o presidente da República editou de- creto promulgando e ratifi cando o tratado. Já estando internamente em vigor o referido decreto, percebeu-se que vários juízes, em todo o território nacional, aplicavam plena- mente o art. 22 do tratado, no qual se lê: “as presas condenadas por crimes resultantes de atividades de terrorismo, logo após darem à luz, deverão deixar seus fi lhos sob a res- ponsabilidade de entidade pública de assistência social até que cumpram integralmentea pena”. Visando a impossibilitar, de algum modo, a aplicação do referido artigo, sob o argumento de sua inconstitucionalidade, o presidente de um partido político com re- presentação no Congresso Nacional procurou, em nome do partido, os serviços advoca- tícios de um(a) profi ssional, pretendendo uma solução urgente e uniforme para o caso, de modo que, com apenas uma ação, seja alcançado efeito para todos os indivíduos no território brasileiro. Na qualidade de advogado(a) contratado(a) pelo partido político mencionado nessa situação hipotética, redija a peça jurídica mais adequada ao caso, de acordo com a jurisprudência majoritária do Supremo Tribunal Federal, atentando, necessariamente, para os seguintes aspectos: – competência do órgão julgador; – legi- timidade ativa e passiva; – possibilidade de contestação judicial da constitucionalidade do referido tratado; – argumentos a favor da inconstitucionalidade do mencionado art. 22; – requisitos formais da peça judicial proposta. 4) A Mesa da Assembléia Legislativa de um estado da Federação ajuizou ação direta de inconstitucionalidade (ADI) no Supremo Tribunal Federal (STF) contra decreto go- vernamental que concedia aumento de vencimentos a servidores públicos daquele esta- do. Considerando a situação acima relatada, responda, de forma fundamentada, se a ação direta é cabível e se a Mesa da Assembléia Legislativa dispõe de legitimidade para ajuizar a ADI. Em seu texto, comente a respeito da efi cácia da decisão do STF em ADI. 5) O Supremo Tribunal Federal julga procedente ADIN declarando a inconstitu- cionalidade de Lei do Estado do Rio de Janeiro que estabelece procedimento específi co para a investidura de delegados da Polícia Civil. Ao tomar conhecimento da decisão da Corte, o mesmo legislador estadual, inconformado com a interferência do Judiciário, edita nova lei com idêntico teor. Considerando a situação hipotética apresentada, dis- corra sobre a possibilidade da propositura de reclamação para impugnar a edição do novo diploma legal. 6) Em face da competência concorrente prevista na Constituição Federal, deter- minado estado da Federação editou lei que versa sobre educação e cultura. O Procu- rador-Geral da República ingressou com uma ação direta de inconstitucionalidade no Supremo Tribunal Federal alegando que a lei estadual não respeitava as normas estabele- cidas pela Lei federal n.º 9.394/1996 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional). Comente se a ação impetrada pelo Procurador-Geral da República é adequada, e se o mesmo tem legitimidade para propor a ação. PRÁTICA JURÍDICA III – DIREITO ADMINISTRATIVO CONSTITUCIONAL FGV DIREITO RIO 16 AULA 10: AÇÃO DECLARATÓRIA DE CONSTITUCIONALIDADE E AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE POR OMISSÃO. GENERALIDADES. COMPETÊNCIA. LEGITIMAÇÃO. OBJETO. PROCEDIMENTO. MEDIDA CAUTELAR. DECISÃO FINAL. EFEITOS DA DECISÃO. Leitura obrigatória: 1) Barroso, Luis Roberto. O Controle de Constitucionalidade no Direito Brasileiro, 2ª. Edição, São Paulo: Saraiva, 2007, p. 201/241 (capítulo 3, III e IV). 2) Anexo VIII: Petição inicial da Ação Declaratória de Constitucionalidade n. 16 (As- sunto: Direito do Trabalho. Responsabilidade Subsidiária. Art. 71, § 1º. da Lei n. 8.666/93). 3) Anexo IX: Petição inicial da Ação Declaratória de Constitucionalidade n. 12 (Assun- to: CNJ. Nepotismo. Poder Normativo). Questões da OAB Uma confederação sindical ingressou com uma ação direta de inconstitucionalidade (ADI) por omissão visando a que seja expedido ato normativo que permita o cum- primento de preceito constitucional que, sem aquele ato, não pode ser aplicado. Em face dessa situação, redija um texto em resposta às seguintes perguntas: A confederação sindical tem legitimidade para ingressar com ADI por omissão? É possível a concessão de liminar no presente caso? – A oitiva do Advogado-Geral da União e a manifestação do Procurador-Geral da República são obrigatórias? Qual o quorum exigido para que a inconstitucionalidade por omissão seja declarada pelo Supremo Tribunal Federal? PRÁTICA JURÍDICA III – DIREITO ADMINISTRATIVO CONSTITUCIONAL FGV DIREITO RIO 17 AULA 11: ARGUIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL E AÇÃO DIRETA INTERVENTIVA. GENERALIDADES. COMPETÊNCIA. LEGITIMAÇÃO. OBJETO. PROCEDIMENTO. MEDIDA CAUTELAR. DECISÃO FINAL. EFEITOS DA DECISÃO. Leitura obrigatória: 1) Barroso, Luis Roberto. O Controle de Constitucionalidade no Direito Brasileiro, 2ª. Edição, São Paulo: Saraiva, 2007, p. 243/291 (capítulo 4). 2) Anexo X: Petição Inicial da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental n. 54 (Assunto: Aborto de Feto Anencefálico). 3) Anexo XI: Petição Inicial da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental n. 132 (Assunto: União Homossexual). Questões da OAB: É possível o ajuizamento de ADPF contra lei anterior à Constituição? E contra veto a projeto de lei pelo Chefe do Executivo? E contra omissão inconstitucional do Presi- dente da República e do Poder Legislativo? PRÁTICA JURÍDICA III – DIREITO ADMINISTRATIVO CONSTITUCIONAL FGV DIREITO RIO 18 AULA 12: PROCESSO ADMINISTRATIVO. LEI N. 9.784/99. PRINCÍPIOS. PROCEDIMENTO. Leitura obrigatória: Anexo XII: Defesa em Processo Administrativo (Assunto: Violação aos Princípios da Impessoalidade e da Moralidade). Questões da OAB: 1) João da Silva é funcionário da Prefeitura de um município do interior fl uminense, onde exerce o cargo de Fiscal de Tributos há mais de dez anos. Insatisfeito com a atuação do referido servidor, um determinado contribuinte representou contra ele, imputando- lhe a prática de irregularidades no exercício da fi scalização com vistas à obtenção de vantagem ilícita para si. Diante da representação, o Superintendente de Fiscalização da Secretaria Municipal de Finanças determinou a instauração de inquérito administrativo em face de João da Silva e, ainda, que ele fosse afastado imediatamente do exercício de suas funções por sessenta dias, com suspensão do pagamento. E, além disso, em decorrência do mesmo fato, dias depois, o Prefeito fez publicar a transferência do João para ter exercício em escola da Secretaria Municipal de Educação. Afi rmando-se vítima de um contribuinte insatisfeito com a fi scalização de determinada empresa, João o(a) procura como advogado(a) com o objetivo de promover medida judicial para a defesa de seus direitos. Pergunta-se: Qual a via processual adequada para a defesa dos interesses de João? Qual a linha de argumentação jurídica a ser utilizada? 2) João de Tal foi demitido do cargo de fi scal agropecuário federal por ato do mi- nistro da Agricultura, depois de tê-lo exercido por 15 anos, sendo que essa era a sua única fonte de renda, com a qual mantinha mulher e três fi lhos menores. O processo administrativo disciplinar do qual resultou a aplicação da pena máxima a João não foi bem conduzido, havendo a comissão processante feito a oitiva de algumas testemu- nhas importantes sem que João fosse notifi cado do fato, não tendo podido, portanto, formular quesitos ou, mesmo, contraditá-las. A Portaria n.º 205/2007, assinada pelo ministro de Estado, foi publicada em 20/11/2007, nela constando que a demissão de João ocorrera por ele “ter procedido de forma desidiosa no desempenho de suas funções, causando dano ao Erário e lesando os cofres públicos”. Consta que, por dois anos con- secutivos, o servidor em questão chegou a ser premiado pela excelência no desempenho de suas atividades. Além disso, chegou ao último nível da carreira por merecimento e não constava qualquer registro desabonador em sua fi cha funcional. A conduta irregu- lar da qual foi acusado (negligência ao fi scalizar grande carga de arroz vinda do sudeste asiático e contaminada por fungo inexistente no Brasil) teria sido verifi cada nos dias 12 e 13 de março de 1999, conforme denúncia divulgada em reportagem de capa por grandejornal de circulação nacional. Contudo, a comissão de processo administrativo disciplinar (CPAD) só foi constituída, mediante portaria ministerial, em 15 de janeiro PRÁTICA JURÍDICA III – DIREITO ADMINISTRATIVO CONSTITUCIONAL FGV DIREITO RIO 19 de 2005. Considerando a situação hipotética acima, pergunta-se: Qual a peça judicial adequada a obter a tutela de urgência que reverta o ato demissionário? Qual a linha de argumentação a ser utilizada? 3) João, servidor público civil da União no âmbito da administração direta, por motivo de índole pessoal que se recusa a revelar, faltou ao serviço, sem qualquer justi- fi cativa, por períodos interpolados de 25, 27 e 23 dias no período de doze meses. Sua chefi a imediata, ao constatar o fato, decidiu instaurar processo administrativo discipli- nar contra João, sob o argumento de que teria ele cometido a infração de inassiduidade habitual. Em 20/10/2007, foi publicado ato que constituía comissão para apreciar o caso; em 10/12/2007, a comissão, após apresentada defesa por João, elaborou relatório conclusivo, tendo constatado a responsabilidade do servidor; em 15/12/2007, a auto- ridade instauradora do processo julgou João responsável pela infração de inassiduidade habitual; em 20/12/2007, foi publicado ato do presidente da República demitindo João do cargo que ocupava; nesse mesmo dia, o servidor tomou ciência da demissão no pró- prio órgão a que estava vinculado. Em 4/6/2008, João procurou os serviços advocatícios de um(a) profi ssional, com o objetivo de anular o ato de demissão e, conseqüentemente, retornar ao cargo que anteriormente ocupava, alegando estar desempregado e precisar urgentemente de recursos para alimentar a si próprio, seus cinco fi lhos e sua esposa. Em face da situação hipotética acima apresentada, esclareça: qual a medida judicial cabível; qual o órgão julgador competente; quem deve fi gurar no pólo ativo da demanda; quem deve fi gurar no pólo passivo; quais os argumentos a favor da anulação da demissão de João; quais requisitos formais da peça judicial proposta. 4) A empresa “X” foi multada por um fi scal do IBAMA (autarquia federal) em virtude da prática de uma infração ambiental. Contra a aplicação da multa a empresa interpõe, quando já transcorrido o prazo legal, recurso hierárquico impróprio, sem efei- to suspensivo, dirigido ao Ministro do Meio Ambiente. O Ministro, em seu despacho, embora reconhecendo a inexistência da infração, se nega a anular o ato, com base nos seguintes argumentos: (I) o recurso administrativo não fora subscrito por advogado; (II) o recurso fora interposto fora do prazo legal; (III) a empresa havia impetrado mandado de segurança; (IV) a lei não contemplava o recurso hierárquico impróprio ao Ministro do Meio Ambiente. Analise cada um dos argumentos do despacho do Ministro, men- cionando os dispositivos constitucionais e legais pertinentes. PRÁTICA JURÍDICA III – DIREITO ADMINISTRATIVO CONSTITUCIONAL FGV DIREITO RIO 20 AULA 13: PROCEDIMENTO LICITATÓRIO. LEI N. 8.666/93. ASPECTOS PROCESSUAIS. RECURSOS. VIAS IMPUGNATIVAS. PRAZOS. Leitura obrigatória: 1) Carvalho Filho. José dos Santos. Manual de Direito Administrativo, Rio de Janeiro: Lumes Juris, 2007 (capítulo sobre licitações). 2) Anexo XIII: Impugnação ao Edital. 3) Anexo XIV: Recurso Administrativo (Assunto: Inabilitação). 4) Anexo XV: Recurso Administrativo (Assunto: Preço Inexeqüível). 5) Anexo XVI: Recurso Administrativo (Assunto: Suspensão do Direito de Licitar). Questões da OAB: 1) Pretendendo desconcentrar o mercado das empresas que atuam na prestação do serviço público de transporte intermunicipal, determinado Estado resolve incluir, na minuta do edital da licitação prévia à permissão, critério que atribui pontuação me- nos favorável a empresas que já operam com várias linhas. Sentindo-se prejudicada, a empresa SÓ ONIBUS S.A. o procura e pede que se insurja contra o edital. Qual a via impugnativa prevista em lei? Qual a linha de argumentação a ser utilizada? A quem compete decidir a questão? Cabe recurso contra a decisão que vier a ser proferida pela autoridade competente? 2) Comissão de licitação inabilita o licitante “A”, empresa de construção civil, por não haver comprovado o pagamento da anuidade do Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura. “A” recorre administrativamente de tal decisão, com base no art. 109, I, “a” e § 2º, da Lei n.º 8.666/93, pretendendo a sua reinclusão no certame. No intervalo de tempo para o julgamento do recurso, todavia, a licitação foi concluída, com a adju- dicação do objeto licitado ao licitante “B”, que invoca direito ao contrato. Pergunta-se: a) tem o licitante “A” direito a ser reincluído no certame? b) caso provido o recurso de “A”, procede o argumento de “B”? c) se o licitante “B” já houver iniciado a prestação de serviços e o seu contrato vier a ser anulado, deverá ele devolver os pagamentos já recebidos da Administração Pública? 3) Ao realizar uma concorrência pública, a autarquia federal AJP exigiu que fossem comprovadas, com documentos, a regular constituição, a capacidade fi nanceira e, tam- bém, a capacidade técnica das empresas interessadas na execução do objeto da licitação. Uma das empresas licitantes foi desclassifi cada pela comissão de licitação por não haver, satisfatoriamente, comprovado possuir capacidade fi nanceira. Considerando essa situa- ção hipotética, avalie, com base na legislação pertinente à matéria, se agiu corretamente a comissão de licitação. Poderia o edital ter exigido, para a participação no certame, que o particular estivesse com a sua situação fi scal perante as Fazendas Federal, Estadual e Municipal? Justifi que a sua resposta. PRÁTICA JURÍDICA III – DIREITO ADMINISTRATIVO CONSTITUCIONAL FGV DIREITO RIO 21 AULA 14: AÇÃO DE RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO. GENERALIDADES. AÇÃO. RESPONSABILIDADE OBJETIVA. OMISSÃO. TEORIA DA CULPA ANÔNIMA. OMISSÃO GENÉRICA. OMISSÃO ESPECÍFICA. Leitura obrigatória: Mello, Celso Antônio Bandeira. Curso de Direito Administrativo, Malheiros, 2007 (capítulo sobre responsabilidade civil do Estado). Questões da OAB: 1) Em um ônibus de transporte público de passageiros operado por permissionária ocorreu assalto a mão armada ao qual um dos passageiros reagiu a tiros. Outro passagei- ro foi atingido pelos disparos e veio a falecer. Quais são os eventuais direitos que os seus sucessores possuem face à permissionária e ao Estado-membro? 2) Um indivíduo ingressou com ação de responsabilidade civil contra uma empresa pública que se dedica à exploração de atividade econômica, visando o ressarcimento de danos que lhe foram causados em virtude da má atuação da empresa. O autor alega que essa empresa, apesar de se constituir em pessoa jurídica de direito privado, é entidade integrante da administração pública, razão pela qual sua responsabilidade é objetiva, devendo a reparação ocorrer independentemente de ela ter agido com culpa ou dolo. Na situação apresentada, é procedente a pretensão do autor da ação? Justifi que a sua resposta. 3) Determinada prefeitura assinou, com um empreiteiro, contrato administrativo que visava à execução de uma obra de implantação de rede de saneamento em bairros da cidade. No curso da obra, ocorreram problemas que provocaram danos a diversas re- sidências, por culpa exclusiva do empreiteiro, em razão da não-adoção de providências e medidas previstas no contrato. Nessa situação, a responsabilidade pelo ressarcimento dos danos é apenas do contratado, ou o município também tem responsabilidade pri- mária e solidária? Fundamente sua resposta. 4) Tem o proprietário direito a reparação de danos em virtude da perda patrimonial decorrente do recuo imposto na legislação municipal para a construção de calçadas nas vias públicas? Fundamente sua resposta. PRÁTICA JURÍDICA III – DIREITO ADMINISTRATIVO CONSTITUCIONAL FGV DIREITORIO 22 AULA 15: AÇÃO DE DESAPROPRIAÇÃO. PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO. PROCESSO JUDICIAL. PROCEDIMENTO. PERÍCIA. SENTENÇA. QUESTÕES CONTROVERTIDAS. Leitura obrigatória: Carvalho Filho. José dos Santos. Manual de Direito Administrativo, Rio de Janeiro: Lumes Juris, 2007 (capítulo sobre desapropriação). Questões da OAB: 1) O novo prefeito de um município com cerca de um milhão de habitantes, preo- cupado com o problema do defi cit habitacional ali existente, decidiu implementar, pelo sistema de mutirões, um arrojado programa de construção de casas para famílias de bai- xa renda. Para tanto, efetuou a desapropriação de uma área de 3.000.000 m2 que per- tencia a uma indústria de laticínios e cuja proprietária não a utilizava economicamente. Concluído o processo de desapropriação, o primeiro mandatário municipal, construiu, no local, um grande mercado popular. Nessa situação, seria nula a desapropriação, por desvio de fi nalidade? Justifi que a sua resposta. 2) Visando à construção de casas populares, determinado município promoveu a de- sapropriação, por interesse social, de bem imóvel pertencente a um particular. Três anos depois do decreto expropriatório, após avaliar a inconveniência da utilização do bem no propósito que inicialmente tinha em mente, o poder público resolveu doá-lo a uma empresa privada que se comprometera a implantar uma indústria na sede do município. A justifi cativa para a doação do imóvel foi o impacto positivo que a implantação da indústria causaria na economia local, com o oferecimento de dezenas de empregos e a elevação da renda do município. Considerando a situação hipotética apresentada, responda, de forma fundamentada, às seguintes perguntas. O município tem competência para promover a desapropriação por interesse social? A conduta da autoridade municipal – a doação a particular do bem desapropriado após três anos de sua expropriação – está de acordo com a lei? PRÁTICA JURÍDICA III – DIREITO ADMINISTRATIVO CONSTITUCIONAL FGV DIREITO RIO 23 5. BIBLIOGRAFIA: Barroso, Luis Roberto. O Direito Constitucional e a Efetividade de Suas Normas: Limi- tes e Possibilidades da Constituição Brasileira, 9ª. Edição, Rio de Janeiro: Renovar, 2009. Barroso, Luis Roberto. O Controle de Constitucionalidade no Direito Brasileiro, 2ª. Edição, São Paulo: Saraiva, 2007. Carvalho Filho. José dos Santos. Manual de Direito Administrativo, Rio de Janeiro: Lumes Juris, 2007. Meirelles, Hely Lopes. Mandado de Segurança, Ação Popular, Ação Civil Pública, Man- dado de Injunção, “Habeas Data”, 31ª Edição, atualizada por Arnoldo Wald e Gilmar Ferreira Mendes, São Paulo: Malheiros, 2008. Mello, Celso Antônio Bandeira. Curso de Direito Administrativo, Malheiros, 2007 (capítulo sobre responsabilidade civil do Estado). Pacheco, José da Silva. Mandado de Segurança e Outras Ações Constitucionais Típicas, 5ª. Edição, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2008. PRÁTICA JURÍDICA III – DIREITO ADMINISTRATIVO CONSTITUCIONAL FGV DIREITO RIO 24 6. ANEXOS: 1) Anexo I: Petição Inicial de Mandado de Segurança (Assunto: Administração Tri- butária. Recurso Administrativo. Exigência de depósito. Inconstitucionalidade). 2) Anexo II: Petição Inicial de Mandado de Segurança (Assunto: Desocupação de Bem Público. Violação à Ampla Defesa e ao Devido Processo Legal). 3) Anexo III: Petição inicial de Ação Civil Pública (Assunto: Loteamento Irregular. Área non aedifi candi). 4) Anexo IV: Petição Inicial de Ação de Improbidade Administrativa (Assunto: Ino- bservância do mínimo constitucional exigido para a educação). 5) Anexo V: Petição inicial de Mandado de Injunção (Assunto: Art. 195, § 7º. Re- gulamentação da imunidade para as contribuições sociais). 6) Anexo VI: Petição inicial de Ação Direta de Inconstitucionalidade n. 3510 (As- sunto: células-tronco embrionárias). 7) Anexo VII: Petição inicial de Ação Direta de Constitucionalidade n. 4179 (As- sunto: Medida Provisória. Fundo Soberano). 8) Anexo VIII: Petição inicial da Ação Declaratória de Constitucionalidade n. 16 (Assunto: Direito do Trabalho. Responsabilidade Subsidiária. Art. 71, § 1º. da Lei n. 8.666/93). 9) Anexo IX: Petição inicial da Ação Declaratória de Constitucionalidade n. 12 (Assunto: CNJ. Nepotismo. Poder Normativo). 10) Anexo X: Petição Inicial da Arguição de Descumprimento de Preceito Funda- mental n. 54 (Assunto: Aborto de Feto Anencefálico). 11) Anexo XI: Petição Inicial da Arguição de Descumprimento de Preceito Funda- mental n. 132 (Assunto: União Homossexual). 12) Anexo XII: Defesa em Processo Administrativo (Assunto: Violação aos Princí- pios da Impessoalidade e da Moralidade). 13) Anexo XIII: Impugnação ao Edital. 14) Anexo XIV: Recurso Administrativo (Assunto: Inabilitação). 15) Anexo XV: Recurso Administrativo (Assunto: Preço Inexeqüível). 16) Anexo XVI: Recurso Administrativo (Assunto: Suspensão do Direito de Licitar). PRÁTICA JURÍDICA III – DIREITO ADMINISTRATIVO CONSTITUCIONAL FGV DIREITO RIO 25 1) ANEXO I: PETIÇÃO INICIAL DE MANDADO DE SEGURANÇA (ASSUNTO: ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA. RECURSO ADMINISTRATIVO. EXIGÊNCIA DE DEPÓSITO. INCONSTITUCIONALIDADE). PRÁTICA JURÍDICA III – DIREITO ADMINISTRATIVO CONSTITUCIONAL FGV DIREITO RIO 26 EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA __ VARA DE FAZENDA PÚBLICA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX, com sede na Rua das XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX, Rio de Janeiro, vem a V. Exa., por seus advogados (doc. 1), com fulcro nos arts. 5º, LXIX, da CF/88, e 1º da Lei n.º 1.533/51, impetrar MANDADO DE SEGURANÇA REPRESSIVO, com pedido de liminar inaudita altera pars, contra ato ilegal do Superintende Estadual de Arrecadação, estabelecido nesta cidade na Rua da Alfândega n.º 48, 3º andar, pelos relevantes fatos e jurídicos fundamentos a seguir aduzidos. I. DOS FATOS Motivo da Impetração 1. A impetrante atua precipuamente no comércio atacadista de medicamentos, tendo clientela composta basicamente por órgãos públicos. 2. Em 26.08.2004, foi lavrado auto de infração em nome da impetrante ao argumento de que na suposta condição de contribuinte substituto teria deixado de recolher o ICMS relativo a operações realizadas com mercadorias sujeitas ao regime da substituição tributária. 3. A impetrante apresentou impugnação alegando, em preliminar, a nulidade do auto de infração e, no mérito, que o lançamento seria improcedente com relação à operação objeto da nota fiscal n.º 564, bem como que a fiscalização teria incidido em erro ao quantificar a base de cálculo. 4. Todavia, em 17.01.2006, a impetrante foi cientificada do acórdão proferido pela 8ª Turma da Junta de Revisão Fiscal da Secretária Adjunta de Receita Estadual que julgou o auto de infração procedente e intimada a pagar a quantia correspondente em reais a 598.938,15 UFIR-RJ, ou, então, no prazo de 30 (trinta) PRÁTICA JURÍDICA III – DIREITO ADMINISTRATIVO CONSTITUCIONAL FGV DIREITO RIO 27 2 dias, interpor recurso voluntário para o Conselho de Contribuintes do Estado do Rio de Janeiro (doc. 2). 5. Ocorre que, para que o recurso voluntário para o Conselho de Contribuintes seja admitido, tendo em conta que o crédito tributário exigido é superior a 50.000 (cinqüenta mil) UFIR-RJ, exige-se da impetrante a realização do chamado “depósito recursal”, no montante correspondente a 30% (trinta por cento) da exigência fiscal. 6. No entanto, não tendo condições de efetuar o depósito recursal, a impetrante interpôs recurso voluntário, recolhendo apenas o DARJ referente à taxa de serviços. 7. Em conseqüência, a impetrante recebeu, no dia 21.06.06, termo de intimação “para no prazo de 15 (quinze) dias efetuar o depósito recursal, ou apresentar Carta de Fiança, sob pena de ser negado o seguimento ao EgrégioConselho de Contribuintes” (doc. 3). 8. Em atendimento ao referido termo de intimação, a impetrante protocolou petição informando que não tem condição econômico-financeira de efetuar o depósito recursal, comprovada pelo balanço anexado, bem como requerendo a dispensa na realização do aludido depósito, com fulcro no art. 250, §§ 3º e 4º, do Decreto-lei n.º 5/75 (doc. 4). 9. Todavia, o suposto débito tributário foi inscrito em dívida ativa e, no dia 24.11.06, a impetrante foi intimada a pagar a quantia correspondente em reais a 742.683,37 UFIR-RJ em 5 (cinco) dias sob pena de ser ajuizada ação de execução fiscal (doc. 05). 10. Por entender flagrantemente inconstitucional (i) a exigência do depósito recursal como condição de admissibilidade do recurso voluntário e (ii) a antecipada inscrição em dívida ativa é que se impetra o presente mandado de segurança, pelo qual espera a impetrante lhe seja concedida segurança que lhe garanta o direito de ter o seu recurso voluntário admitido e julgado pelo Conselho de Contribuintes do Estado do Rio de Janeiro independentemente do depósito administrativo da quantia correspondente a 30% (trinta por cento) da exigência fiscal, bem como que determine o cancelamento da inscrição do suposto débito tributário em dívida ativa. II. DO DIREITO a) Inconstitucionalidade do Depósito Recursal e da Inscrição em Dívida Ativa 11. O art. 250, § 2º, do Decreto-lei n.º 5/1975, ao estabelecer “como condição de admissibilidade do recurso voluntário”, a prova do depósito do valor PRÁTICA JURÍDICA III – DIREITO ADMINISTRATIVO CONSTITUCIONAL FGV DIREITO RIO 28 3 corresponde a 30% (trinta por cento) da exigência fiscal, incorre em flagrante inconstitucionalidade, por violação ao art. 5º, XXXIV e LV, da CF/88. 12. A Constituição Federal de 1988, ao assegurar aos litigantes em processo administrativo, o direito de petição e a ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes, não admite o depósito prévio como condição de procedibilidade de qualquer recurso. 13. A violação ao artigo 5º, inciso XXXIV, da CF/88, é manifesta, pois se o dispositivo veda a exigência do pagamento de taxa para o que o contribuinte possa exercer seu direito de petição perante o Poder Público, veda, também, naturalmente, se exija depósito de percentagem do tributo cobrado como condição para o exercício desse direito. 14. É evidente que o Estado do Rio de Janeiro, ao instituir a exigência do prévio depósito recursal, buscou burlar a garantia individual prevista no inciso XXXIV, do art. 5º, da CF/88, criando exigência pecuniária, de efeito idêntico a uma taxa, para restringir o pleno exercício pelo contribuinte do direito de petição. 15. Ora, se um contribuinte tem condições de pagar esta “taxa”, assim o faz, garantindo o seu direito de revisão da decisão administrativa. Se, por outro lado, o contribuinte não tiver condições de arcar com este ônus, será privado do exercício de seu direito constitucional. 16. O princípio do livre exercício de petição (art. 5º, XXXIV, da CF/88) restou violado, eis que a exigência deste depósito prévio restringe e, muitas vezes, pode até mesmo impedir o exercício dessa relevante garantia individual. 17. Evidente, igualmente, a violação ao art. 5º, LV, da CF/88, na medida em que a exigência do depósito como condição de admissibilidade do recurso vulnera a garantia à ampla defesa, com os recursos a ela inerentes, no processo administrativo. 18. A exigência de prévio depósito como condição para que se tenha acesso à segunda instância administrativa viola o art. 5º, LV, da CF/88, posto que constitui gravame pecuniário aos contribuintes para que os mesmos possam postular pronunciamento da autoridade fiscal. 19. Deve-se ressaltar, de outro lado, que o processo administrativo tem por finalidade o controle interno dos atos praticados pela própria administração pública. 20. A impossibilidade ou inviabilidade de se recorrer administrativamente impede que a própria administração pública revise a licitude dos atos PRÁTICA JURÍDICA III – DIREITO ADMINISTRATIVO CONSTITUCIONAL FGV DIREITO RIO 29 4 administrativos, o que ofende o princípio da legalidade e, muitas vezes, leva à violação de direitos fundamentais. 21. Ademais, ao inscrever o suposto débito tributário em dívida ativa antes de apreciar as razões recursais da impetrante, pela ausência de depósito recursal, a autoridade coatora não violou apenas o direito de petição e a ampla defesa, mas também os princípios constitucionais do devido processo legal e do duplo grau de cognição (art. 5º, LV, da CF/88). 22. Não pode, a administração pública, instituir a denominada “instância única” para o julgamento das lides tributárias deduzidas administrativamente, sob pena de irremediável mutilação da regra constitucional e conseqüente imprestabilidade do sistema administrativo processual. 23. Assim, demonstrada a flagrante violação ao direito de petição, à ampla defesa, ao devido processo legal e ao duplo grau de cognição (art. 5º, incisos XXXIV e LV, da CF/88), a autoridade coatora não pode deixar de apreciar o recurso voluntário, pela ausência de depósito recursal, nem, ao atropelo dos atos processuais, inscrever o suposto débito em dívida ativa. b) Mudança na Jurisprudência do STF 24. Por conta da radical mudança em sua composição, com as aposentadorias dos Ministros Octávio Gallotti, Néri da Silveira, Sydney Sanches, Moreira Alves, Maurício Correa e Nelson Jobim, o Supremo Tribunal Federal voltou a reapreciar a questão relativa à constitucionalidade do depósito recursal, que, em 1999, havia sido apreciada pelo Plenário, no julgamento da Medida Cautelar na ADI 1.922-DF, que, na oportunidade, decidira pela constitucionalidade da exigência. 25. Veja-se, neste sentido, notícia veiculada no Informativo STF n.º 323: “Iniciado o julgamento de dois recursos extraordinários em que se discute, ante a nova composição da Corte, a constitucionalidade da exigência de depósito prévio como condição de admissibilidade do recurso na esfera administrativa. Após o voto do Min. Marco Aurélio, relator, conhecendo e desprovendo os recursos extraordinários, por entender que a exigência de depósito prévio ofende a garantia constitucional da ampla defesa, assegurada inclusive no processo administrativo (CF, art. 5º, LV), o julgamento foi adiado, em face do pedido de vista do Min. Joaquim Barbosa. RE 389.383-SP e RE 390.513-SP, rel. Min. Marco Aurélio, 2.10.2003.(RE-389383)(RE-390513).” 26. Referidos recursos extraordinários foram novamente colocados em mesa para julgamento em 20 de abril p. p., quando o Ministro Joaquim PRÁTICA JURÍDICA III – DIREITO ADMINISTRATIVO CONSTITUCIONAL FGV DIREITO RIO 30 5 Barbosa, em voto-vista, acompanhou o Ministro Marco Aurélio para reconhecer a inconstitucionalidade do depósito recursal, no que foi acompanhado pelos Ministros Ricardo Lewandowski, Eros Grau e Carlos Britto. 27. O julgamento foi interrompido com pedido de vista do Ministro Cezar Peluso, após voto contrário do Ministro Sepúlveda Pertence. 28. Confira-se a notícia veiculada a respeito no Informativo STF n.º 423 (íntegra em anexo, como doc. 6): “Retomado julgamento de recurso extraordinário em que se discute a constitucionalidade da exigência de depósito prévio como condição de admissibilidade do recurso na esfera administrativa. O Min. Joaquim Barbosa, em voto-vista, acompanhou o voto do relator para conhecer e prover o recurso. Em acréscimo aos fundamentos expendidos pelo relator, no sentido de que a exigência de depósito prévio ofende a garantia constitucional da ampla defesa (CF, art. 5º, LV), bem como o direito de petição (CF, art. 5º, XXXIV), assegurado independentementedo pagamento de taxas, fez uma análise do tema, relacionando o procedimento administrativo com o princípio democrático, o princípio da legalidade e os direitos fundamentais. Afirmou que a consecução da democracia depende da ação do Estado na promoção de um procedimento administrativo que seja sujeito ao controle por parte dos órgãos democráticos, transparente e amplamente acessível aos administrados. Asseverou que a impossibilidade ou inviabilidade de se recorrer administrativamente impede que a própria Administração Pública revise a licitude dos atos administrativos, o que ofende o princípio da legalidade e, muitas vezes, leva à violação de direitos fundamentais. Acompanharam o voto do relator os Ministros Ricardo Lewandowski, Eros Grau e Carlos Britto. Em divergência, o Min. Sepúlveda Pertence, reportando-se ao voto que proferira no julgamento da ADI 1922 MC/DF (DJU de 24.11.2000), conheceu e negou provimento ao recurso, ao fundamento de que exigência de depósito prévio não transgride a Constituição Federal, que não assegura o duplo grau de jurisdição administrativa. Após, o Min. Cezar Peluso pediu vista dos autos. RE 388359/PE, rel. Min. Marco Aurélio, 20.4.2006. (RE-388359).” 29. Faltam votar 5 (cinco) Ministros, dos quais 3 (três) não participaram do julgamento da Medida Cautelar na ADI 1.922-DF. 30. No mesmo sentido foi a decisão proferida nos autos da Ação Cautelar n.º 1449, que deferiu pedido de liminar, para suspender os efeitos da decisão do PRÁTICA JURÍDICA III – DIREITO ADMINISTRATIVO CONSTITUCIONAL FGV DIREITO RIO 31 6 Tribunal Regional Federal da 3ª Região que obrigava a empresa a fazer um depósito prévio relativo a 30% do valor de R$ 180 milhões como condição para recorrer administrativamente perante o INSS (íntegra em anexo, como doc. 7). 31. Nesta decisão, o Min. Rel. Eros Grau afirmou que o Plenário da Corte discute a validade dessa modalidade de depósito prévio no julgamento dos Recursos Extraordinários 388359, 389383 e 390513, bem como ressaltou que seu entendimento é no sentido de que a exigência do depósito prévio inviabiliza o direito de defesa do recorrente, conforme o seu voto, já proferido, no julgamento desses REs, in verbis: “8. A matéria de fundo está em discussão no Plenário desta Corte, tendo eu proferido voto no sentido de que a exigência do depósito prévio inviabiliza o direito de defesa do recorrente. 9. O Tribunal Regional Federal da 3ª Região, no entanto, ignorou a existência dessa discussão, não admitindo o recurso extraordinário da ora requerente [fls. 187/188]. (...) 14. A requerente, ademais, foi intimada a efetuar o depósito recursal até o dia 17.11.2006. A não efetivação do depósito e, conseqüentemente, o não-conhecimento do recurso administrativo implicariam o perecimento do direito alegado nas razões de seu recurso extraordinário. 15. Vislumbro, no caso, os elementos necessários à concessão excepcionalíssima da medida liminar pleiteada, nos termos do disposto no art. 21, IV, do RISTF. Defiro a medida liminar, para suspender os efeitos do acórdão proferido pelo TRF – 3ª Região, até julgamento de mérito do recurso extraordinário. Publique-se. Comunique-se, com urgência”. 32. Tudo indica, pois, que o Supremo Tribunal Federal mudou seu entendimento sobre a matéria, superando a antiga jurisprudência sobre a exigência do depósito recursal, passando a considerá-la inconstitucional. III. LIMINAR INAUDITA ALTERA PARS 33. O fumus boni iuris foi demonstrado nas linhas acima, em especial com a mudança do entendimento do Supremo Tribunal Federal sobre a matéria. 34. O periculum in mora é igualmente manifesto. 35. Isto porque, não sendo dispensada do depósito recursal e sendo mantida a inscrição em dívida ativa, a impetrante não só não terá suas razões apreciadas pelo Conselho de Contribuintes Estadual, como ficará impedida de obter certidão positiva de débitos com efeito de negativa. PRÁTICA JURÍDICA III – DIREITO ADMINISTRATIVO CONSTITUCIONAL FGV DIREITO RIO 32 7 36. Repita-se que a impetrante tem como atividade precípua a venda de medicamentos e que sua clientela é composta, em sua quase totalidade, por órgãos públicos, de modo que a não obtenção da aludida certidão a impedirá de auferir receita e celebrar novos contratos, comprometendo seu funcionamento e o emprego de seus funcionários. 37. Ademais, a indevida inscrição no CADIN causa prejuízos irreparáveis à impetrante, na medida em que fica impedida de contratar operações de crédito que envolvam a utilização de recursos públicos, a concessão de incentivos fiscais ou financeiros; de celebrar convênios, acordos, ajustes ou contratos que envolvam desembolso, a qualquer título, de recursos públicos e respectivos aditamentos. 38. Destarte, presentes o fumus boni iuris e o periculum in mora, é de ser concedida liminar, inaudita altera pars, para se determinar à autoridade coatora que admita o recurso voluntário interposto pela impetrante nos autos do processo administrativo n.º E-34/071.921/2004 independentemente da prova do depósito recursal, bem como cancele a certidão da dívida ativa n.º 2006/020.200-7. IV. PEDIDO 39. Por todo o exposto, é a presente para requerer o seguinte: i) seja concedida liminar inaudita altera pars, na forma do art. 7º, II, da Lei n.º 1.533/51, para se determinar à autoridade coatora que admita o recurso voluntário interposto pela impetrante nos autos do processo administrativo E- 34/071.921/2004 independentemente da prova do depósito recursal, bem como cancele a certidão da dívida ativa n.º 2006/020.200-7; ii) seja determinada a notificação da autoridade coatora e do Ministério Público Estadual; iii) seja determinada a citação do Estado do Rio de Janeiro, na Rua Dom Manuel n.º 25, Centro, nesta cidade, na pessoa de um de seus Procuradores; iv) ao final, seja confirmada a liminar e concedida a segurança para se determinar à autoridade coatora que admita o recurso voluntário interposto pela impetrante nos autos do processo administrativo n.º E-34/071.921/2004 independentemente da prova do depósito recursal, bem como cancele a certidão da dívida ativa n.º 2006/020.200-7. 40. Dá à causa o valor de R$ 378.590,27 (trezentos e setenta e oito mil, quinhentos e noventa reais e vinte e sete centavos). PRÁTICA JURÍDICA III – DIREITO ADMINISTRATIVO CONSTITUCIONAL FGV DIREITO RIO 33 8 41. Requer, outrossim, seja anotado na capa dos autos o nome do Dr. XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX, inscrito na OAB/RJ sob o n.º XXXXX, bem como que as intimações e demais publicações em Diário Oficial sejam veiculadas em seu nome, informando, ainda, em atendimento ao artigo 39, I do CPC, que o mesmo possui escritório na Rua XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX. N. termos, p. deferimento. Rio de Janeiro, 28 de novembro de 2006 PRÁTICA JURÍDICA III – DIREITO ADMINISTRATIVO CONSTITUCIONAL FGV DIREITO RIO 34 2) ANEXO II: PETIÇÃO INICIAL DE MANDADO DE SEGURANÇA (ASSUNTO: DESOCUPAÇÃO DE BEM PÚBLICO. VIOLAÇÃO À AMPLA DEFESA E AO DEVIDO PROCESSO LEGAL). PRÁTICA JURÍDICA III – DIREITO ADMINISTRATIVO CONSTITUCIONAL FGV DIREITO RIO 35 EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA __ª VARA DE FAZENDA PÚBLICA DA COMARCA DA CAPITAL - ESTADO DO RIO DE JANEIRO FUNDAÇÃO XXXXXXXXXX, com sede nesta cidade na Avenida XXXXXXXXXXXXXXXXXX, vem a V. Exa., por seus advogados (docs. 01 e 02), com fulcro nos arts. 5º, LXIX, da Constituição Federal, e 1º da Lei nº 1.533/51, impetrar MANDADO DE SEGURANÇA, com pedido de liminar inaudita altera pars, contra ato ilegal perpetrado pelo Sr. Diretor-Geral do Hospital Público XXXXXXXXXXXXXXXX, com endereço à Rua XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX, pelos relevantesfatos e jurídicos fundamentos a seguir aduzidos: I - A HISTÓRIA DA FUNDAÇÃO 01. A FUNDAÇÃO é pessoa jurídica de direito privado, sem fins lucrativos, de caráter assistencial, sediada dentro do Hospital XXXXXXXXXXXXXXXXXXX, órgão integrante da Secretaria de Estado de Saúde. 02. Esta instituição assistencial tem por “finalidade principal prestar assistência no campo da saúde, especialmente para o setor cardiovascular do Hospital XXXXXXXXXXXXXXXXX e os pacientes que o freqüentam” (artigo 3o, caput, de seu estatuto social). PRÁTICA JURÍDICA III – DIREITO ADMINISTRATIVO CONSTITUCIONAL FGV DIREITO RIO 36 2 03. Em cumprimento de seus objetivos estatutários, bem como em atenção às pertinentes disposições de convênio celebrado com o hospital, a impetrante aplica no referido nosocômio a quase totalidade de suas receitas. 04. Com efeito, em 3 de fevereiro de 1998, a impetrante firmou com a Secretaria de Estado de Saúde convênio de cooperação técnica, o qual foi seguido por 3 aditivos (docs. 03). Aliás, este convênio foi fundamental para o aprimoramento dos serviços prestados no Hospital XXXXXXXXXXXXXXX. 05. Afinal, a FUNDAÇÃO tem, costumeiramente, destinado 30% de sua receita bruta àquele hospital, contribuindo, consideravelmente, para a aquisição de equipamentos, materiais e insumos necessários ao regular exercício das atividades do nosocômio. 06. Como é sintomático, sem a interveniência da impetrante, o Hospital não estaria prestando uma série de serviços essenciais de saúde que, diga-se de passagem, só puderam ser oferecidos com a ajuda da FUNDAÇÃO. 07. A impetrante foi responsável pela melhoria das condições físicas e ambientais do setor de cardiologia do hospital, bem como procedeu à aquisição e manutenção de incontáveis equipamentos. Tudo, como não poderia deixar de ser, para oferecer aos pacientes do referido nosocômio melhores condições de atendimento. 08. Ocorre que, em 04 de junho de 2007, a impetrante tomou ciência de determinação exarada pelo Exmo. Sr. Secretario de Estado de Saúde, para que procedesse à desocupação de sua sede e a transferência dos equipamentos que integram o seu patrimônio, no deliberado intuito de se apossar de patrimônio particular, sem o pagamento da correspondente indenização, sem que, no entanto, lhe fosse assegurado o seu mais amplo direito de defesa e ao contraditório, ambos assegurados constitucionalmente. II - MOTIVO DA IMPETRAÇÃO 09. Em 4 de junho de 2007, a FUNDAÇÃO recebeu ofício encaminhado pelo Exmo. Sr. Diretor Geral do Hospital. PRÁTICA JURÍDICA III – DIREITO ADMINISTRATIVO CONSTITUCIONAL FGV DIREITO RIO 37 3 10. Ali determinou-se o encerramento de suas atividades até o dia 30 de julho de 2007, sem que minimamente tivesse a impetrante notícia de prévio procedimento administrativo que tratasse da questão, não se lhe assegurando o direito de se defender ou ao menos de recorrer da decisão. 11. Nem mesmo indica o referido ofício qual o procedimento administrativo, se é que existente, que deu ensejo à referida manifestação das autoridades coatoras. 12. Não sabe a impetrante, tampouco, o porquê de estar sendo despejada do espaço público e nem mesmo compreende o porquê, na medida que todo o hospital e a própria Direção do Hospital reconhecem a significativa contribuição da FUNDAÇÃO para a saúde pública. 13. E o mais grave: pretendem as autoridades coatoras se apossar do patrimônio da FUNDAÇÃO, em inadmissível desapropriação indireta, sem o pagamento da correspondente indenização. 14. Colhe-se do ofício nº 093/GDG/07 o seguinte (doc. 04): “Determino o encerramento das atividades da FUNDAÇÃO no hOSPITAL no dia 30 de julho de 2007. Para tal determino ainda: 1. A desocupação dos espaços hoje utilizados pela FUNDAÇÃO até a data determinada para o encerramento das atividades; 2. A descaracterização de uniformes, incluindo jalecos, com a marca da FUNDAÇÃO para servidores em atividade no Hospital; 3. O envio da relação de equipamentos pertencentes a FUNDAÇÃO, em utilização no Hospital e que por força de estatuto deverão a ele ser repassados. Termino este ofício agradecendo enfaticamente a parceria desta Fundação com o Hospital que, especialmente nos momentos de crise, foi fundamental para a manutenção de diversas atividades assistenciais que esta instituição presta aos pacientes do SUS. PRÁTICA JURÍDICA III – DIREITO ADMINISTRATIVO CONSTITUCIONAL FGV DIREITO RIO 38 4 Aproveito a oportunidade para reiterar protestos de elevada estima e distinta consideração.” 15. Como se pode notar, a Direção do Hospital determinou à impetrante que encerrasse as suas atividades, desocupasse o espaço público que vem ocupando e procedesse à entrega de bens integrantes de seu patrimônio, sem que lhe tenha oferecido, contudo, qualquer oportunidade de defesa, em flagrante desrespeito ao princípio do devido processo legal. III - DO DIREITO Desrespeito às garantias do contraditório e da ampla defesa 16. A decisão supramencionada foi exarada com base em parecer da Secretaria de Saúde e que acompanhou, como anexo, o referido ofício (doc. 04), segundo a qual a colaboração da impetrante no setor cardiovascular do Hospital não seria mais oportuna, razão pela qual o convênio firmado não mais deveria ser mantido. 17. As conseqüências para a esfera jurídica da impetrante estão delimitadas, textualmente, no referido ofício, quais sejam: (i) o encerramento das atividades da FUNDAÇÃO; (ii) a desocupação da sala que ocupa no Hospital; (iii) a descaracterização dos uniformes de seus funcionários; e (iv) a transferência de bens que integram o seu patrimônio, para o Hospital, sem o pagamento da correspondente indenização e sem que tenha havido a prévia quitação de seu passivo, sem que haja qualquer previsão estatutária nesse sentido e sem que tenha havido a prévia e indispensável oitiva do Ministério Público, órgão ao qual incumbe zelar pelas fundações. 18. E isso é ainda mais grave sobretudo porque, como revela o próprio ofício, a FUNDAÇÃO tem sido fundamental na manutenção de diversas atividades assistenciais que o Hospital presta aos pacientes do SUS. 19. Ocorre que essa medida extrema foi adotada sem que se desse à impetrante qualquer oportunidade de defesa, em descompasso com as garantias PRÁTICA JURÍDICA III – DIREITO ADMINISTRATIVO CONSTITUCIONAL FGV DIREITO RIO 39 5 constitucionais do contraditório e da ampla defesa, ambas esculpidas no art. 5º, LIV e LV, da Carta Magna, que dispõe: “LIV – ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal; LV – aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e a ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes.” 20. O art. 80 da Constituição do Estado do Rio de Janeiro é ainda mais taxativo: “Art. 80 - A administração pública tem o dever de anular os próprios atos, quando eivados de vícios que os tornem ilegais, bem como a faculdade de revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados neste caso os direitos adquiridos, além de observado, em qualquer circunstância, o devido processo legal.” 21. Mais detalhadamente, estabelece o art. 3º, II e III, da Lei nº. 9784/1999: “Art. 3º - O administrado tem os seguintes direitos perante a Administração, sem prejuízo de outros que lhe sejam assegurados: (...) II – ter ciência da tramitação dos processos administrativos em que tenha a condição de interessado. Ter vista dos autos, obter cópias de documentos neles contidos e conhecer as decisões proferidas; III – formular alegações e apresentar
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