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Comentário de Geraldo Almeida Góes após final da Copa de 2014 Escrevo estas poucas linhas sem ainda ter me recuperado do choque pelo qual eu e milhões de verdadeiros BRASILEIROS passamos ontem durante e depois do jogo contra a Alemanha. Sou brasileiro, sou apaixonado por esportes e fanático por futebol. Gostaria de esclarecer alguns pontos que, a meu ver, levaram a nossa seleção àquele fatídico 8 de julho e, principalmente, deixar um recado aos “brasileiros” que só vestem a camisa verde e amarela em época de Copa do Mundo para não parecerem que são de outro planeta e, depois do fracasso, ficam xingando jogadores e compatriotas indistintamente e até torcendo por seleção considerada nossa arqui-inimiga. Foi vexame, sim. E nunca fomos tão massacrados em nosso próprio solo. Mas, vergonha mesmo eu sinto é de pessoas nascidas neste país e que dizem que estão envergonhadas e que foram humilhadas. Do alto dos meus cinquenta anos, já vi alguns times melhores que esta seleção de Felipão caírem e, posteriormente, lá estávamos nós novamente no alto do pódio. Sou brasileiro e não me entrego nunca. E não desisto. Sei que em breve estaremos nas ruas vibrando com outros meninos nascidos em bairros pobres e iniciados em campinhos de várzea. Garotos esses que só o futebol pode salvar da delinquência e que nos darão alegria nos gramados daqui e orgulho em gramados estrangeiros. Em que pese o bom futebol apresentado pelos nossos adversários, o que na verdade nos fez perder o jogo foi uma sucessão de erros na convocação (mesmo que ninguém tenha reclamado até o dia da tragédia), na escalação do time, a falta de um padrão de jogo condizente com os jogadores que tínhamos e a falta do maior dos nossos trunfos para levantar mais um caneco: Neymar. Acho que aqui, não podemos culpar nem os jogadores, por não terem rendido o que esperávamos deles, nem o técnico Felipão e sua comissão técnica, uma vez que são todos peões no jogo dos dirigentes da CBF. Inaceitáveis, também, são as críticas à teimosia e às convicções de Felipão, uma vez que, após a conquista do penta em 2002, quase todos os torcedores e jornalistas o endeusaram pelo seu estilo paizão de tratar os atletas e pela sua ousadia em lançar jogadores como Kléberson, Edmílson, etc.. Acho que o problema maior foi, e continuará sendo se providências não forem tomadas, a cúpula dirigente do nosso esporte maior. Em nome da comercialização da CBF, de lucros cada vez maiores (que quase nunca são revertidos em investimentos em categorias de base e infraestrutura nos estádios ou quadros de árbitros, e sim, mandados para contas bancárias de seus dirigentes em paraísos fiscais mundo afora). Estes, sim, são os verdadeiros culpados pelo vexame que passamos ontem. Ao quererem manipular o povo brasileiro assim como a FIFA – o maior câncer do futebol mundial – faz com a CBF e outras federações sem grande poder, agem como verdadeiros gangsters de um esporte que vai muito além de uma atividade cultural ou esportiva para nosso povo. Sejamos otimistas, meus caros compatriotas, pois: a) Em 1950, no Maracanã com mais de duzentas mil pessoas e considerados francos favoritos, fomos aniquilados pelos uruguaios. Oito anos depois ganharíamos nosso primeiro título mundial. Outros vieram e hoje temos cinco. Mais que qualquer outra nação. b) Em 1983, o Brasil sediou o Campeonato Mundial de Basquete Feminino. Tínhamos um bom time com Hortência e Paula como estrelas maiores. Num jogo contra a China, faltando poucos segundos de jogo, o Brasil vencia por 71 a 70 e podíamos escolher entre cobrar um lance livre (o que nos levaria, no mínimo, à prorrogação) ou ter a posse de bola através da saída lateral. Fizemos a segunda opção, as chinesas recuperaram a bola e ganharam por 72 a 71. Chorei muito pois, com a vitória, poderíamos disputar o título com chances de nos tornarmos campeões em casa. Em 1994, lavei a alma com o título no campeonato mundial na Austrália e, logo depois, em 1996, a medalha de prata nos jogos olímpicos de Atlanta, Estados Unidos. c) Nos jogos olímpicos de Atenas, em 2004, nossa seleção feminina de voleibol vencia as russas por dois sets a zero e liderava o terceiro com a confortável vantagem de cinco pontos: 24 a 19. Mais um pontinho e se tornariam campeãs olímpicas pela primeira vez. As russas conseguiram uma inacreditável sequência de cinco pontos, empataram e, posteriormente, levaram o ouro. Chorei de tristeza, raiva e decepção. Vieram as olimpíadas de 2008 em Beijing e 2012 em Londres. Nossas meninas levaram os dois ouros. Porque somos brasileiros e não desistimos nunca. Para terminar, mesmo em lágrimas, gostaria de deixar a letra de algo que canto e sempre cantarei com toda força dos meus pulmões enquanto viver: Oh meu Brasil Eu gosto de você Quero cantar ao mundo inteiro A alegria de ser brasileiro Conte comigo Brasil Acima de tudo brasileiro Geraldo Almeida, Um brasileiro
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