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ARGUMENTOS FALACIOSOS UMA LEITURA DE “REFUTAÇÕES SOFÍSTICAS” DE ARISTÓTELES

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ISRAEL FRANCO DE GODOY
TRABALHO SOBRE LÓGICA
ARGUMENTOS FALACIOSOS
UMA LEITURA DE “REFUTAÇÕES SOFÍSTICAS” DE ARISTÓTELES
CURITIBA
2013
ISRAEL FRANCO DE GODOY
ARGUMENTOS FALACIOSOS
UMA LEITURA DE “REFUTAÇÕES SOFÍSTICAS” DE ARISTÓTELES
Este é um trabalho apresentado à disciplina lógica do curso filosofia da FAE CENTRO UNIVERSITÁRIO. 
Professor Osmar Ponchirolli
CURITIBA
2013
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ...............................................................................................pág. 04
2 SOFISTAS ....................................................................................................pág. 05
3 O TERMO......................................................................................................pág. 06
4 A PROPOSIÇÂO ...........................................................................................pág. 06
5 O SILOGISMO ...............................................................................................pág. 07
6 REFUTAÇÕES SOFÍSTICAS ........................................................................pág. 07
7 OS ARGUMENTOS LITIGIOSOS ................................................................pág. 09
7.1 DAS REFUTAÇÕES ..................................................................................pág. 10
7.2 DAS FALÁCIAS .........................................................................................pág. 11
7.3 DO PARADOXO ........................................................................................pág. 12
7.4 DAS SOLECISMO .....................................................................................pág. 13
7.5 DA REDUNDÂNCIA ..................................................................................pág. 14
8 CONSIDERAÇÕES FINAIS .........................................................................pág. 15
9 REFERÊNCIAS ............................................................................................pág. 15
	
1 INTRODUÇÃO
Sofisma é uma palavra que se origina do grego antigo (σόϕισμα - ατος, derivado de σοϕίξεσϑαι) que significa "fazer raciocínios capciosos". Sofisma é um raciocínio ou uma refutação aparente, ou seja, uma falácia. Portanto a refutação sofística é um silogismo onde tendenciosamente se afirma algo falso. O que não é o caso dos paralogismos que procedem não da má fé, mas da ignorância.
	Em “Refutações Sofísticas” Aristóteles inicia seu discurso indicando a distinção óbvia entre Ser e Parecer Ser. Há quem diga que a lógica Aristotélica não trata de uma investigação da verdade, mas em dar forma ao discurso. Que a lógica de Aristóteles apenas estabelece uma estrutura formal à formulação de questões e respostas. Que é uma forma de arte. Mas não é apenas isso, é muito mais. A lógica Aristotélica trata de um saber que é fundamental na filosofia ou na vida mesmo. E se a filosofia tem uma atitude que lhe é característica é a de não conformar-se com o previamente dado, traçado, fácil. A filosofia é como a própria vida: trabalho e reflexão. Mas como poderia a filosofia, com precisão e objetividade, chegar à essência das coisas sem conciliar de forma adequada o pensamento com o discurso? Sem usar da razão e da lógica? Sem cuidar em evitar erros nem ser levado a falsas conclusões. 
	É disso que se trata esse belíssimo texto de Aristóteles. Ao elaborar uma estrutura formal que orienta o conteúdo do pensamento (não apenas a linguagem), ele procura evitar que uma determinação linguística limite à investigação e a busca da verdade. Portanto, é tarefa fundamental de quem quer que almeje o saber e a verdade, de empreender um esforço em entender seus textos, especialmente “Refutações sofísticas”. 
 
2 OS SOFISTAS
A palavra sofista do grego sophistes deriva das palavras sophia, e sophos, que significam "sabedoria" ou "sábio". Na antiga Grécia, desde os tempos de Homero foi originalmente usada ao designar o ofício de sábio sendo que estes aceitavam aprendizes em troca de remuneração. Sofista era, portanto sinônimo de sábio/professor e, com o passar do tempo, a palavra sofista começou a ser usada no sentido de sabedoria. Especialmente sabedoria em assuntos humanos como, política e ética, sentido este que aparece nas histórias de Heródoto. Platão dizia, contudo, que os sofistas  eram aqueles que não se preocupam em absoluto em obter a solução certa para os problemas, mas que desejam unicamente convencer. Convencer significava vencer as disputas, os debates e isso necessariamente trazia mais alunos. Por isso mesmo, Platão dizia que eram sujeitos sedentos de fama e riquezas.
Os principais e mais conhecidos sofistas foram Protágoras de Abdera (c. 490 -421 a.C.), Górgias de Leontinos (c. 487 - 380 a.C.), Hípias de Élis, Licofron, Pródico que teria sido mestre de Sócrates e Trasímaco e ainda Cálicles. Embora tenham existido muitos outros dos quais conhecemos pouco mais do que os nomes.
	Protágoras foi um dos professores mais conhecidos e bem-sucedidos. Ensinava aos seus alunos as habilidades e os conhecimentos necessários para uma vida bem sucedida, especialmente na política, de modo que treinava seus alunos para discutir um mesmo assunto a partir de mais de um ponto de vista. Acreditava-o que a verdade não limitava apenas um lado. Escreveu sobre uma variedade de assuntos e alguns fragmentos de sua obra chegaram aos dias de hoje. É dele a máxima relativista: "O homem é a medida de todas as coisas".
Górgias ficou conhecido pelos argumentos impopulares e às vezes propositadamente ridículos. É o autor de uma obra perdida conhecida como “Da Natureza do Inexistente”, onde argumenta que nada existe de real na natureza, que pensamento e existência diferem fundamentalmente e que o que importa é a adesão e não a distinção do justo ou do injusto.
Mas foi Aristóteles o primeiro pensador a apresentar uma lista de sofismas em seus escritos. Nas “Refutações” ele indica que há duas classes de argumentos: uns verdadeiros e outros que apenas o parecem. Estes últimos são os sofismas ou refutações sofísticas que por sua vez, se dividem em refutações sofísticas dependentes da linguagem, também chamadas de "sofismas linguísticos", e refutações sofísticas que não dependem da linguagem, chamadas também de "sofismas extralinguísticos".
Atualmente se observamos os veículos de comunicação com a devida atenção, poderemos notar o frequente uso do sofisma em sua linguagem, desde o telejornalismo aos mais diversos programas de entretenimentos. Esse fato é mais uma evidencia do quanto Aristóteles é um pensador bastante atual e de extrema relevância para os dias de hoje.
3 O TERMO
Termo é uma palavra de origem grega, (horos), é o componente básico da proposição. É o nome associado a um objeto do universo de discurso. Para Aristóteles, o termo é simplesmente algo que representa uma parte da proposição. Não pode ser verdadeiro ou falso, tem um significado neutro sendo apenas algo na realidade, uma ideia que a palavra representa.
 
4 A PROPOSIÇÃO
É a funcionalidade do julgamento de ser verdadeiro ou falso. Não é um pensamento de uma entidade abstrata. A palavra "propósito" é a parte do latim, significando a primeira premissa de um silogismo. Aristóteles utiliza o termo premissa (protasis) como uma sentença afirmando ou negando uma coisa da outra, além de ser uma forma de expressão. Uma sentença pode ser entendida como uma combinação de nomes (palavras) que não podem ser caracterizadas como de verdadeiras ou falsas, mas que juntas, intencionando um certo julgamento, denotam alguma significação.
5 O SILOGISMO
Na base da lógica de Aristóteles está a teoria das inferências, principalmente a inferência com duas premissas, sendo cada uma delas, uma sentença categórica, que detém um termo em comum, e tendo como conclusão aqueles dois termos não compartilhados pelas premissas anteriores. Aristóteles chamao termo compartilhado pelas premissas de termo médio  (meson) e cada uma dos outros termos de extremos  (akron). O termo médio tem necessariamente de aparecer nas premissas anteriores e isso pode ocorrer de três formas: o termo médio pode ser sujeito de uma premissa e predicado de outra, o predicado das duas premissas ou o sujeito das duas premissas. Aristotéles refere-se a esse arranjo de termos como figuras  (schêmata). O silogismo, pode ser positivo ou negativo.
Aristóteles chama o termo que é predicado da conclusão de termo maior e o termo que é objeto da conclusão de termo menor. A premissa que contém o termo maior é chamada de premissa maior e a premissa que contém o termo menor é chamada de premissa menor.
6 AS REFUTAÇÕES SOFÍSTICAS
Já no início do texto Aristóteles vê a necessidade de formular corretamente a questão de forma a clarear o pensamento quanto ao erro e fazendo distinção entre a verdadeira argumentação e a aparentemente verdadeira ou falsa. Essas são as falácias. O termo falácia deriva do verbo latino fallere, que significa enganar. Entende-se então por falácia um raciocínio errado com aparência de verdadeiro. A falácia é, portanto um argumento logicamente inconsistente, sem fundamento, inválido ou falho conforme Aristóteles mostra ao desenvolver seu discurso. Refutação, por sua vez, é o raciocínio envolvendo o contraditório da conclusão dada.
 De acordo com Aristóteles, argumentos que se destinam à persuasão podem parecer convincentes devido a um entendimento comum e apesar de conterem falácias são capazes de provocar erros. Contudo os argumentos falaciosos, por serem capazes de convencer, não deixam de ser falsos. Isso por que, às vezes, é difícil reconhecer as falácias. Aristóteles passa então a tratar caso a caso, distinguindo-as basicamente em dois tipos: linguísticos e extralinguísticos. 
Ele deixa claro a importância de conhecer os tipos de falácia, não apenas para evitar armadilhas lógicas de seu opositor (sofismas), mas também para ser coerente quanto à própria argumentação (evitar paralogismos). 
Segue ainda que “... o argumento deve submeter-se a razão de quem responde e de quem pergunta...” (Refutações Sofísticas, #30 pág. 547) de forma que uma falácia não invalida toda a sua argumentação, mas invalida imediatamente apenas o argumento no qual ela ocorre, descartando-o da argumentação.
Ele se preocupa também em subdividir os argumentos empregados na discussão, identifica como sendo quatro os principais: 
Os instrucionais ou didascálicos são aqueles que raciocinam a partir dos princípios relativos a cada assunto ou disciplina e não das opiniões do locutor;
Os dialéticos são aqueles que raciocinam a partir de premissas prováveis ou comumente aceitas, contraditoriamente a uma tese dada;
Os examinacionais ou críticos são aqueles que raciocinam a partir de premissas que são aceitas pelo locutor e que qualquer um que pretenda adquirir conhecimento do assunto está comprometido a pensar através da maneira que o assunto foi definido, ou seja, apresentam-se com a aparência de verdade diante de quem responde, portanto consiste no contra-argumento e ainda;
Os contenciosos ou erísticos que são que são aqueles que emergem tal como convergem, ou seja para uma conclusão através de premissas aparentemente prováveis, mas que na verdade são improváveis (premissas que parecem ser comumente aceitas, mas não o são).
7 OS ARGUMENTOS LITIGIOSOS
São cinco os objetivos dos polemizadores: Refutação, falácia, paradoxo, solecismo e redundância.
Refutação – Provocar uma contradição
Falácia – Mostrar que o opositor está mentindo.
7.3 Paradoxo – conduzi-lo a uma contradição lógica, ou seja, um “beco sem saída”.
7.4 Solecismo – Levar o interlocutor a discutir temas difíceis e obscuros (por vezes derivados de vícios de linguagem ou equívocos semânticos).
7.5 Redundâncias – Fazer o interlocutor afirmar repetidamente a mesma coisa.
7.1 DAS REFUTAÇÕES
Há dois tipos de refutações: Através da linguagem e extra linguisticamente, sendo que através da linguagem podem-se designar seis formas distintas:
Homonímia: 
Quando o nome significa mais de uma coisa, 
Quando a palavra tem mais de um sentido e 
Quando a palavras combinadas, ganham sentido diferente de quando isoladas.
Equívoco:
Consiste em usar uma afirmação com significado diferente do que seria apropriado ao contexto.
Ambiguidade: (O mesmo se dá tal como na homonímia)
Quando o nome significa mais de uma coisa, 
Quando a palavra tem mais de um sentido e 
Quando a palavras combinadas, ganham sentido diferente de quando isoladas.
Divisão:
Ocorre quando as frases, divididas, tem mudam de significado. 
Prosódia:
Tem haver com a entonação usada na voz de forma a enfatizar determinada palavra. A ironia é um exemplo.
Figura de linguagem:
Ocorre quando algo diferente é expresso de forma igual (exe.: quando a qualidade é expressa como quantidade).
Contradição:
Há contradição quando se afirma e se nega simultaneamente algo sobre a mesma coisa, ou seja, que duas proposições contraditórias não podem ser ambas falsas ou ambas verdadeiras ao mesmo tempo.
7.2 DAS FALÁCIAS
Existem sete tipos de falácias extralinguísticas:
Ligadas ao acidente:
Ocorre quando se sustenta algum atributo tanto no sujeito quanto no acidente, ou mesmo, quando se aplica uma regra geral a todos os casos, ignorando as exceções, Quando não se consegue distinguir o idêntico do diferente, o uno e o múltiplo. 
 Desconhecimento do modo, lugar, tempo ou relação:
Ocorre quando se usa o sentido particular de modo absoluto ou que não o dele realmente, ou mesmo, quando se conclui que uma propriedade das partes deve ser aplicada ao todo.
Desconhecimento da origem da refutação:
Ocorre quando não há clareza tanto a pergunta quanto no objeto da pergunta, de forma que, partindo de premissas falhas chega-se consequentemente a uma conclusão falha. 
Ligadas ao consequente:
Ocorre quando se usam premissas de forma condicional, ou seja, causa e consequência, mas de forma falha.
Quanto à suposição da origem:
Ocorre quando não se consegue estabelecer com clareza a distinção entre identidade e diferença, ou seja, Defini algo em termos imprecisos ou incompreensíveis.
As que transformam em causa o que não é causa:
São aquelas que estabelecem uma petição de principio colocando como causa algo que na verdade não é causa. Ocorre quando ao se afirmar que, que porque dois eventos ocorreram juntos, eles estão relacionados. Geralmente esta relacionado a percepção sensorial. Ex.: Porque o chão esta molhado, conclui-se ter chovido.
As que generalizam uma questão:
Tem-se nos argumentos retóricos demonstrações que se se fundamentam em consequências que partem de signos, tal como se da nos raciocínios dedutivos, ou dialéticos. Ex.: O fato de alguém com febre ficar quente não significa que alguém quente esteja com febre.
É possível reduzir todos os tipos de falácias a violações do que se entende por refutação (Órganon - Refutações, cap. VI, # 20, pág. 556). Refutação é o contraditório da conclusão dada. Assim deve-se analisar primeiramente se há uma conclusão e depois se os elementos restantes das premissas se harmonizam, pois não há espaço para duplo sentido. O sujeito deve necessariamente ser o mesmo da premissa, na conclusão. 
7.3 DO PARADOXO
O paradoxo não é uma afirmação necessariamente falsa ou implausível, mas uma asserção extraordinária que se distingue e se opõe a opiniões geralmente aceitas. A língua grega distingue entre adoxon) e o paradoxon): o primeiro é o inopinável e, portanto, necessariamente carente de plausibilidade, o segundo é simplesmente o que vai além das opiniões comuns e aceitáveis, e a estas se opondo, torna-se inaceitável. A solução adequada para evita-lo é deixar claro que o paradoxo não resulta devido ao argumento. Assim, veem-se paradoxais também as opiniões e os desejos das pessoas quando exprimem opiniões comumenteprofessadas. Declaram por exemplo que: Uma vida nobre deve ser preferida a uma vida de prazeres, ou que: uma pobreza honrada é preferível a uma riqueza indigna. Basta inquiri-las adequadamente e elas se contradirão. O sofista, sabendo que toda e qualquer escola tem seus paradoxos comumente se utiliza desse recurso de modo que, se o interlocutor concorda com a proposição, provoca a sua refutação conduzindo-o ao paradoxo e se ele a recusa, o sofista a reconhece-a como verdadeira. O sofista sabe que o interlocutor sempre terá de escolher entre suas opiniões declaradas ou suas opiniões veladas.
7.4 SOLECISMO
Aristóteles recorre a palavras tais como isto (que não se esgotando em configurar um significado neutro, pode corresponder também ao masculino e ao feminino), este (que indicando o masculino guarda relação tanto com o sentido nominativo, quanto com o acusativo quando associado ao verbo ser ou estar) e esta (feminino), cujas inflexões escondem o solecismo. Parece-se uma refutação onde os termos similares são usados para designar dessemelhantes, pois o sofista ora diz das coisas, à ora das palavras. Aristóteles aponta também que a pergunta deve se impor como negativa, além de não encaminhar para o âmbito do universal uma questão onde se discute casos particulares.
Ele então enumera que Prolixidade da argumentação (Característica de quem é demasiadamente longo e demorado para explicar algo), celeridade do discurso (aceleração propositada), ira e paixão da controvérsia (apelo à emoção), assim como quando varias interrogações alternam propositadamente sem uma sequência definida deixando o discurso confuso, são os métodos de refutação individual, que, em suas fronteiras, importa explorá-las.
 
7.5 REDUNDÂNCIA
 
Todos os argumentos desse tipo ocorrem quando termos relativos são usados a uma mesma coisa. A redundância se impõe através de uma verborreia de palavras. Uma repetição que intenciona a definição sobre ela mesma. Aristóteles esclarece que os argumentos dos quais emerge guardam relação com “os termos relativos que, além de terem gêneros relativos, são em si mesmos relativos, e são relativos a uma só e à mesma coisa” (Refutações, Cap. XIII, # 173b1, pág. 572), procedendo também dos casos cujos termos, “não sendo relativos, são, todavia afirmados de uma definida substância, da qual indicam ou os estados, ou as afecções, ou qualquer outro predicado deste gênero, de modo que, na sua definição, se acha expressa a ideia dessa substância” (Refutações, Cap. XIII, # 10, pág. 573). Por fim, a redundância consiste em dizer propositadamente, por formas diversas, sempre a mesma coisa.
8 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Segundo Aristóteles o raciocínio é um argumento em que, estabelecidas certas coisas, outras coisas diferentes se deduzem necessariamente das primeiras. Por isso ele expõe gradativa e metodicamente uma série de colocações com o intuito de ordenar o discurso e evitar o erro. Por se tratar de uma exposição onde a linguagem evidencia seus vícios, a lógica pode ser confundida com ensino da linguagem, pura gramática. Dizem os críticos da lógica Aristotélica que ela não faz mais que afirmar algo que já se sabe, contudo, se isso fosse verdade, não teria se perpetuado no tempo devido a uma inutilidade óbvia implícita em tal afirmação. Ao elaborar as refutações, Aristóteles o fez como uma espécie de manual, de “instrumento”. Uma “ferramenta” para se perceber erros argumentativos, estejam eles nas palavras ou no pensamento, pois:
“Não há nenhuma efetiva distinção, que propõem algumas pessoas, entre argumentos que visam atingir a palavra e aqueles que visam atingir o pensamento, pois é absurdo supor que alguns argumentos são dirigidos a palavras enquanto outros são dirigidos ao pensamento e que não sejam os mesmos. Afinal, onde está a falha em dirigir o argumento ao pensamento...” (refutações, Cap. X, # 15, pág. 563). 
Portanto, se o pensamento é fluido, convém ordenar seu conteúdo de forma clara.
REFERÊNCIAS
ARISTOTELES, Organon -- Refutações Sofísticas. Tradução de Edson Bini, Bauru-SP, EDIPRO, 2005.
Luiz Carlos Mariano da Rosa -- A TEORIA ANALÍTICA DA CIÊNCIA E A DIALÉTICA ARISTOTÉLICA, Seara Filosófica. N. 4, Verão, 2011, pp. 91-119

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