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DENTÍSTICA RESTAURADORA I RESUMO Diego Arthur Pohren Ato 2018 Propriedades físicas dos materiais dentários Tensão (mPa) e deformação Tensão é a força atuante, por unidade de área, que resiste a força externa. Basicamente é o quanto que o material pode aguentar de forças pela sua área (mm², cm², m²), se um material possui 1 Mpa de resistência a tensão, significa que ele irá suportar 1 newton por m². Sempre que uma tensão estiver presente sobre um corpo (uma coroa metálica, por exemplo) o material sofrerá alguma deformação, mesmo que mínima. A deformação de um material é dada de acordo com a alteração do comprimento, pelo comprimento original. Ou seja, dividimos o valor da diferença pelo valor do comprimento original. tipos de tensões e deformações Uma tensão é definida de acordo com sua direção e magnitude. Tensão por tração – é uma tensão que suporta a deformação por tração, é causada por uma carga que tende a estender ou alongar um corpo/objeto. Tensão por compressão – é uma tensão que suporta a deformação por tração, é causada por uma carga que tende a comprimir ou encurtar um corpo/objeto. Tensão tangencial – trata-se de uma tensão que tende a resistir ao movimento de torção, ou ao deslizamento de uma porção de um corpo sobre outra Limite elástico/Limite de proporcionalidade – Trata-se do limite máximo que certo material pode sofrer sem que possua uma deformação permanente (ou deformação plástica), ou seja, se o limite elástico a compressão de uma restauração for de 10MPa, qualquer tensão de compressão acima de 10MPa irá causar uma deformação permanente no material. Módulo de elasticidade – se o valor de qualquer tensão (abaixo do limite elástico) for dividida pelo valor da deformação do material, teremos o módulo de elasticidade. Basicamente trata-se de uma proporção entre tensão e deformação, onde quanto menor a deformação para uma determinada tensão, maior será o módulo. Ou seja, uma barra de aço suporta uma maior tensão do que uma barra de borracha. Logo o módulo de elasticidade da barra de aço é maior, uma vez que é necessário uma tensão superior para causar uma deformação igual da barra de borracha. Flexibilidade – materiais odontológicos necessiam de um limite elástico elevado, uma vez que é esperado que estes materiais sofram tensões mastigátorias, causando deformação não-permanente no material. A flexibilidade de um material é importante principalmente em ortodontia. Resiliência – trata-se da quantidade de carga que o material pode absorver, sem ultrapassar o limite elástico do material, uma restauração precisa ser capaz de suportar tensões de considerável magnitude, mas com pouca deformação, ou seja, possuir um alto módulo de elasticidade. Força de impacto – uma força dinâmica, ocasionada durante a colisão com uma estrutura, presente durante a mastigação. A força de impacto está relacionado com a resiliência, uma vez que um material que sofre uma força de impacto e não sofre alterações, possui uma resiliência alta. Deformação permanente – a deformação permanente, ou deformação plástica, é quando um material sofre um tensão superior ao seu limite elástico, fazendo com que seus átomos se distanciem permanentemente, causando uma mudança permanente na forma do material. Resistência – a resistência do material varia com a tensão que ele está sofrendo, se estamos diante de uma tensão de compressão, temos uma resistência de compressão, e assim por diante. A resistência é a tensão máxima que um material pode sofrer antes de romper, entretanto a resistência do material não é igual a tensão de fratura, uma vez que temos a deformação do material diminuido a resistência a fratura do material. Materiais frágeis apresentam uma resistência a tração muito baixa quando comparada com a compressão, que é mais elevada, um exemplo disso é o amálgama. Resistência a flexão – Trata-se basicamente de um força sendo exercida sobre uma estrutura suportada em suas extremidades, nestes casos temos ações de tração e compressão sendo exercidas simultaneamentes, na parte superior do objeto temos uma força de compressão e na parte inferior temos uma de tração. Fadiga – as forças citadas acima e suas resistências são valores únicos, para uma única aplicação de força. A mastigação pode causar um ciclo quase infinito de tensões, o que pode causar a ruptura de uma estrutura a partir de uma carga muito abaixo ao ponto de fratura normal do material, tal força está relacionada com o tempo útil de trabalho de um material. Resistência ao impacto – é basicamente a energia necessária para fraturar um material sob um força de impacto. Tenacidade – tenacidade é a propriedade de ser difícil de se quebrar, um material tenaz precisa de uma energia maior para ser quebrado, geralmente um material tenaz é um material resistente. Fragilidade – é o oposto da tenacidade, basicamente um material frágil é aquele que se rompe quando a força necessária para a ruptura é proxima ao límite elástico. Dureza – a dureza superficial é o resultado da interação de várias propriedades, entre elas estão, resistência, limite elástico, ductibilidade, maleabilidade e resistência a abrasão e ao corte. A dureza é difícil de se conceituar, mas é amplante explicada como a capacidade do material de ser penetrado. Ductibilidade e maleabilidade – quando uma estrutura sofre uma tensão superior ao limite elástico, a mesma irá sofrer deformação. Nestes casos quando o material sofre alterações na sua forma ocasionado por forças de tração, sem se romper, chama-se ductibilidade. Nos casos quando o material sofre alterações na sua forma ocasionados por forças de compressão, sem se romper, chama-se de maleabilidade Ductibilidade Maleabilidade Forças Tração Compressão A ductibilidade de um material geralente diminui com o aumento da temperatura, enquanto a maleabildiade aumenta. Grau de ductbilidade Material 1º Ouro 2º Prata 3º Platina 4º Cobre A ductiblidade está comumente associada com o grau de plasticidade de um material, por exemplo, quando dobramos ou torcemos um metal sem que o mesmo se rompa, ele está dentro de sua fase plástica (sofrendo alterações na sua forma, permanentemente). Corrimento – o corriemnto é uma deformação tempo-dependente, onde um objeto é submetido a cargas prolongadas, constantemente. Possuimos duas formas de corrimento, a estástica, onde o objeto sofre uma tensão constante, e a dinâmica, onde o objeto sofre tensões que não são constantes, como por exemplo a mastigação. Deformações de margens gengivais por causa de tensões mastigatórias, são associadas a corrimento dinâmico. Escorrimento – é semelhante ao corrimento, entretanto ocorre em substâncias amorfas, como ceras, vidros, resinas e amálgamas antes do seu endurecimento. Resistência a abrasão – é um fator frequentemente relacionado com a dureza, e envolve vários fatores. Pode ser utilizada para comparar diferentes materiais odontológicos Libertação de tensões – um material que sofreu algum tipo de deformação plástica irá guardar microtensões internas, com o tempo tais tensões podem causar certas modificações, distorcendo ou empenando os materiais odontológicos. REOLOGIA As caracteristicas supracitadas estão relacionadas com materiais sólidos, entretanto muitos materiais odontológicos em alguma de suas fases estavam em forma líquida, sendo está fase decisiva para o bom funcionamento dos procedimentos realizados. Viscosidade – quando um líquido entra em movimento, o mesmo tende a resistir as forças atuantes que tendem a move-lo, basicamente a viscosidade é uma resistência do liquido a a forças internas de atrito, entre o líquido. A viscosidade tende adiminuir com a temperatura do líquido Escoamento – trata-se de uma deformação plástica dependente do tempo, quando um material encontra- se próximo ao seu ponto de fusão. É considerado estástico quando um sólido é submetido a tensões constantes e dinãmico quando as tensões variam, como em um teste de fadiga. A maioria dos metais odontológicos apresentam um ponto de fusão muito elevado, quando comparado com a temperatura da cavidade bucal, a exceção do amalgama de prata, onde certos componentes possuem uma temperatura de fusão um pouco acima da tempertaura oral. Portanto o escoamento é um fator importante em restaurações de amálgama, e é levado em consideração em testes para aprovação deste produto. Em odontologia o escoamento é comumente utilizado para descrever estas caracteristicas em materiais amorfos e tambem deformações plásticas em amálgama. Cor Um objetivo importante na odontologia moderna é a restauração estética do paciente (cor e aparência normal), para que um objeto seja vísivel deve emitir luz ou refletir/transmitir luz nele incidente de uma fonte externa (objetos odontológicos). Três dimensões da cor – a cor é uma quantidade tridimensional, que varia por três fatores, a cor propriamente dita (verde, azul, vermelho...), a saturação (intensidade da cor, quanto mais intensa, mais viva) e a claridade (brilho/luminosidade). Mensuração da cor – os dentes humanos possuem uma considerável variação de cor entre individuos e no próprio indivíduo. Objetos que se assemelham de cor, sobre uma fonte de luz, podem ser diferentes quando expostos em uma segunda fonte de luz, por isso seria necessário que a escolha das cores fossem feitas sobre diferentes fontes de luzes. Propriedades térmicas Condução – trata-se do processo de transferência de calor atrávez de um material ou substância. Quanto maior o valor de condutividade térmica, maior a quantidade de energia transmitida. Quanto maior o volume do material, menor será a difusividade térmica, e quanto maior for a condução térmica, maior será a difusividade, (difusividade é algo como o quanto o material consegue “expalhar” a energia/calor por ele , seria a velocidade da difusão, e a condutividade seria o quanto de calor se “expalha” pelo material por um determinada unidade de tempo). A estrutura dentária (esmalte/dentina) é um eficiente isolante térmico quando comparado com outros metais, igualando-se ao tijolo de sílicia e a água. Densidade (g.cm³) Condutividade (cal.cm/cm².seg.ºC) Difusividade (cm².seg-1) Esmalte 2,9 0,0022 0,0042 Dentina 2,1 0,0015 0,0026 Prata 10,5 0,98 1,67 Cobre 9,96 0,94 1,14 Tijolo de sílica 2,5 0,003 0,006 Água (20ºC) 1 0,0014 0,0014 Mesmo a estrutura dentária sendo um bom isolante térmico, ela necessita possuir uma expessura suficiente para ser efetiva, por exemplo quando temos uma camada fina de dentina entre o fundo do assoalho cavitário e a polpa, é necessário a colocação de uma camada adicional de uma base de cimento isolante. Ou seja, quanto maior a expessura do material maior será a prevenção da condução térmica (isolamento), e quanto maior a difusividade térmica, menor a eficiência na prevenção da condução térmica (isolamento). A união atômica dos tecidos bucais são do tipo primária (ou seja, não possui eletrons livres, que são os responsáveis por um material ser mais condutivo), portanto a condutividade dos tecidos bucais é baixa, portanto em condições normais, não sentimos dores quando nos alimentamos com substâncias com temperaturas altamente variadas (como sorvete e café). Em casos de restaurações, esse fator muda, possuimos uma camada fina de dentina com uma restauração, em sua maioria das vezes, métalica, que possui muitos eletrons livres em seu interior, aumentando a condutividade térmica, tornando o dente mais sensível a modificações térmicas dos alimentos. Por isso a necessidade de colocação de isolantes térmicos abaixo de restaurações metálicas. Coeficiente de expansão térmica linear – trata-se de uma modificação do tamanho de um material, ocasionado por uma alteração da sua temperatura, quando aumentamos a temperatura o material expande, e quando diminuimos a temperatura o material contrai. Este fator é muito importante, pois uma restauração necessita ter esse coeficiente de expansão semelhante ao dente, pois se o a restauração se contrair excessivamente pode se mover e cair da cavidade em que está inserida, ou quando expandir, irá causar traumar ao dente que não se expande tanto quanto a restauração. Material Coeficiente de expansão linear (mm/mm.K)x10-6 Dente (através da coroa) 11,4 Cimento de silicato 7,6 Amálgama dentário 25,0 Porcelana 4,1 Resina dentária (polimetacrilato de metila) 81,0 Propriedades físicas dos dentes Um dente necessita aguentar mais forças dinâmicas do que estásticas. A resistência do esmalte varia de acordo com sua posição no dente, por exemplo o esmalte presenta na cúspide é mais resistente que o esmalte presenta nas laterais dos dentes, ao contrario da dentina, que é independente da sua direção e posição. O limite elástico e o módulo de elasticidade do esmalte são superiores ao da dentina. Tensões durante a mastigação – a mastigação trata-se de uma ação dinâmica e não estática, portanto suas tensões reais são de dificil medição, entretanto, um valor médio relatado foi de 77Kg, entretanto este valor médio diminui de acordo com a posição na arcada, nos dentes posteriores a força é maior quando comparado nos dentes anteriores. Todavia as forças que ocorrem durante uma mastigação normal são inferiores ao valor médio supracitado. O módulo de resiliência da dentina é superior ao esmalte, e assim está melhor capacitado para absorver a energia do impacto alimentar. O esmalte é fragil e com módulo de elasticidade alto e baixo limite elástico, porém quando suportado pela dentina, que possui habilidade de deformar-se elasticamente, os dentes aguentam com mais eficiência esta sobrecarga mastigatória. Dente Estrutura Módulo de elasticidade (MPa x 104) Limite de proporcionalidade (MPa) Módulo de resiliência (Joules/m³) Limite de resistência (MPa) Molar Dentina 1,2 148 9,4 305 Esmalte (cúspide) 4,6 224 5,5 261 Pré- molar Dentina 1,4 146 7,7 248 Esmalte - - - - Canino Dentina 1,4 140 7,1 276 Esmalte (cúspide) 4,8 194 4,0 288 Incisivo Dentina 1,3 125 6,0 232 - - - - - Tabela 1 - Valores de compressão Material Módulo de elasticidade (MPa x 104) Limite de proporcionalidade (MPa) Módulo de resiliência (Joules/m³) Limite de resistência (MPa) Resina de restauração 0,19 44 5,2 76 Cimento de fosfato de zinco 0,89 60 2,0 82 Amálgama 1,4 207 15,5 398 Liga de ouro para incrustação (média) 7,7 166 1,8 - Tabela 2 - Valores de compressão A partir da tabela acima é possivel observar que entre os materiais resutauradores mais populares, usados em odontologia, apenas os materiais metálicos (amálgama e liga de ouro) aproximam-se das propriedades dos dentes. A liga de ouro possuir a menor resiliência, entretanto resiste eficientemente às forças mastigatórias deviso a sua grande tenacidade (limites elásticos e ductilidade altos). Critério de seleção – as tensões proeminentes durante a mastigação são de difíceis análise, entretanto ao analisarmos um material como a liga de ouro, que é um ótimo material odontológico, podemos averiguar seus valores de limite elástico, módulo de elasticidade e resistência a tração, e usar estes valores para a análise de outros materiais. Considerações biológicas – um material odontológico não necessita ter somente características físicas ideais, mas também necessita não causardanos aos materiais orgânicos presentes na cavidade oral, entre estes fatores encontram-se. Infiltração microscópica – com exceções dos sistemas baseados no ácido poliacrílico, nenhum material restaurador tradicional proporciona adesão a estrutura dentária, existe sempre um espaço microscópico entre a restauração e a cavidade preparada. Este espaço permite a infiltração de fluidos e detritos bucais. Se a infiltração for severa, ocorrerá crescimento bacteriano entre a restauração e o dente, podendo causar uma irritação na polpa a partir dos canalículos dentinários. Alterações térmicas – as estruturas dentárias e as restaurações são continuamente expostos a temperaturas variantes durante a alimentação, variando no calor e frio, podendo variar em 65ºC durante a mesma alimentação. A condutividade térmica e o coeficiente de expansão térmica dos materiais restauradores são propriedades importantes a considerar na preservação da saúde pulpar e na diminuição de grandes infiltrações microscópicas causadas pelas lacunas ocasianadas pela contração térmica. Galvanismo – presença de diferentes metais na cavidade bucal podem gerar uma corrente, por exemplo uma restauração em liga de ouro e uma restauração de amálgama. Causa uma sensibilidade dolorosa. Efeitos tóxicos do materiais – poucos materiais dentários, não possuem alguma substância tóxica, tais efeitos podem ser proeminentes durante o endurecimento e presa de certos materiais, causando danos a polpa. Princípios gerais do preparo cavitário Black idealizou uma sequência lógica de procedimentos para realização de um preparo cavitário, entretanto a mesma é mutável com o tempo, a partir, de avanços tecnológicos presentes na área. Entre as evoluções ocorridas encontram-se, maior controle da incidência e gravidade da cárie, maior compreensão sobre as lesões cariosas, detecção precoce da cárie e os avanços tecnológicos em equipamentos e materiais. Basicamente a finalidade de uma ordem de procedimentos é que sirva de guia geral, facilitando realização dos preparos a partir de etapas relacionadas entre si, conduzindo ao sucesso da restauração. Em certos casos, as etapas aos lados devem sofrer modificações, por exemplo, em casos de cáries extensas, pois a remoção da dentina cariada deve preceder as outras etapas do preparo. Forma de contorno Materiais permanentes A forma de contorno deve englobar todo o tecido cariado e as áreas suscetíveis a carie, da superfície do dente, a ser restauradas. Princípios básicos que devem ser levados em consideração. Todo esmalte sem suporte dentinário (esmalte socavado), deve ser removido ou, se possível, apoiado sobre um material adesivo (resina composta ou cimento ionomérico). O ângulo cavossuperficial deve estar localizado em uma área de relativa resistência a carie e que possibilite um correto acabamento de suas bordas. Observar as diferenças nas cavidades realizadas em áreas de cicatrículas e fissuras, com as de faces livres. Cavidades de cicatrículas e fissuras Para o correto planejamento de uma cavidade presente em uma face com cicatrículas e fissuras, devesse analisar: Extensão da cárie – a cárie se propaga com a forma de dois cones sobrepostos pelas suas bases, na junção amelodentinária. Portanto a extensão da cavidade deve englobar tanto esta forma externa, como sua extensão a partir da junção. Extensão de conveniência – a forma de contorno também deve englobar toda a área de cicatrículas, fissuras e sucos muito profundos próximos a lesão cariosa, facilitando um correto acabamento das margens da restauração, diminuindo a chance de uma recidiva da doença. Portanto a forma de contorno varia com a morfologia anatômica do dente. É importante frisar que as estruturas de suporte do dente devem ser mantidas intactas (cúspides, cristas, pontes de esmalte) a não ser que as mesmas tenham sido afetadas pela cárie. Quando duas cavidades possuem uma parede entre si menor que 1mm, esta parede deve ser removida, desta forma evitando a presença de uma estrutura frágil na restauração, que facilitaria uma A ordem geral de procedimentos no preparo de uma cavidade, de acordo com Black, é a seguinte. Comentários extras da aula Devemos primeiramente remover a cárie de forma horizontal, limpando o limite amelodentinário, ou seja, trabalhando na largura da cavidade e só então aprofundamos a cavidade. fratura e recidiva. Pacientes idosos – por possuir faces oclusais desgastadas por causa da abrasão a forma de conveniência da cavidade deve se limitar em remover o tecido cariado. Cavidades de superfícies lisas Em superfícies lisas a cárie tende a se propagar mais em extensão do que em profundidade, ao contrario das cáries em superfícies com cicatrículas e fissuras. Alguns fatores sobre a forma de contorno da cavidade que se assemelha a cicatrículas e fissuras é: Deve-se levar em consideração a forma da marcha de cárie, onde em superfícies lises são dois cones superpostos, base sobre ápice. A extensão da cavidade deve se estender ate estrutura sadia, possibilitando um correto acabamento das margens da restauração. O esmalte deve ser suportado sobre dentina sadia. Alem destes fatores, outros fatores também possuem relevância para a forma de contorno desta superfície. Extensão para gengival – analisando clinicamente, a parede gengival de uma restauração seria o mais distante possível de tecido gengival. Tal condição facilitaria vários fatores como, acabamento das margens da restauração, isolamento de campo, colocação de matrizes, remoção de excessos e moldagens, entretanto nem sempre é possível, uma vez que a extensão no sentido gengival é governada por uma série de fatores. Cáries e outras lesões – em função da extensão da cárie o contorno de conveniência de uma cavidade pode ser supragengival, a margem da gengiva e subgengival. A altura da parede gengival varia de acordo com a idade do paciente, pacientes jovens a altura da parede gengival pode se localizar abaixo da gengiva, em pacientes adultos na linha da gengiva e em pacientes idosos deve se localizar supragengival. Eventualmente podemos realizar a separação da parede gengival utilizando recortadores marginais, que planificam os prismas de esmalte. Em casos de cavidades cariosas extensas ou lesões cervicais reincidentes, o limite da parede gengival é definido pela remoção total da lesão. Outros fatores que devem ser levados em conta sobre a extensão da parede gengival: Posição e saúde da área do col, da papila interdentária e da crista alveolar. Relação entre a crista alveolar e o limite gengival da lesão cariosa (espaço biológico), que deve ser de 1,9 a 3,8mm. Distância entre parede gengival e superfície proximal do dente vizinho Material Distância (mm) Amálgama 0,2 a 0,5 Restaurações metálicas fundidas 0,5 a 1,0 Comentários extras da aula Em todas as restaurações proximais, devesse remover o ponto de contato com o dente vizinho, para que desta forma possibilite o correto acabamento da restauração. Comentários extras das aulas Remoção parcial da cárie – nestes casos removemos as camadas de tecido cariado que estão muito desorganizados, entretanto deixamos intacta a parte do tecido dental que está menos contaminado e mais organizado. Realizando tais procedimentos possibilitamos que os odontoblastos depositem mais dentina sadia aumentando a camada de dentina, evitando uma exposição pulpar e tratamento de canal. Pergunta – porque preparos de cavidades indiretas precisamter uma maior distância do dente vizinho? Para a moldagem Estética – a estética é muito importante, principalmente na região anterior dos dentes superior, nestes casos em restaurações metálicas fundidas o limite da parede gengival se encontra a 0,5mm subgengival. Retenção – em casos que temos uma baixa retenção (profundidade insuficiente, pequena coroa clínica e pouca estrutura dental remanescente) podem determinar um aumento da extensão da cavidade para subgengival. Extensão para vestibular e lingual – além de englobar as áreas com lesões cariosas devemos estender a cavidade para áreas que facilitem o acabamento das bordas. Em casos de remoção de cáries incipientes após remover a cárie, devemos estender a cavidade até remover qualquer contato com o dente vizinho. O principal motivo para a remoção do contato entre os dentes durante um procedimento de cavidade em faces proximais é facilitar o acabamento, preparo da cavidade e limpeza das faces proximais. De acordo com Mondelli et al. Uma ligeira separação visível a olho nu é suficiente para a extensão de conveniência da cavidade. Materiais semipermanentes Para os materiais considerados temporários devemos realizar cavidades mais conservadoras, limitando- se a remoção da cárie. Forma de resistência A forma de resistência da cavidade é dada a partir de princípios mecânicos, para suportar as tensões causadas a partir dos movimentos mandibulares que poderiam causar fraturas na restauração e nas paredes do preparo. As paredes do preparo cavitário apresentam paredes convergentes para a oclusal, o que possibilita bordas adequadas para o material restaurador, além de criar uma cavidade retentiva para restaurações de amálgama e diminui a área do preparo com tensões mastigatórias diretas sobre o mesmo. O ângulo cavossuperficial deve estar em 90º com a superfície do dente, acompanhando a inclinação dos prismas de esmalte, entretanto às vezes tal angulação possibilita a presença de esmalte das vertentes das cúspides esteja solapada, nestes casos uma angulação de 70º é possível. Em casos de restaurações metálicas fundidas as paredes vestibular e lingual devem estar divergentes para a oclusal, primeiro por causa da alta resistência da restauração, e segundo para facilitar a inserção da restauração na cavidade. No caso de irregularidades na parede pulpar da cavidade é necessária uma regularização com alguma base protetora. Devesse realizar um arredondamento do ângulo axiopulpar para desta forma evitar o acúmulo de forças no local, o que poderia causar fraturas e falhas na restauração durante restaurações de classe II. A forma de resistência de uma cavidade também leva em consideração as características do material restaurador, por exemplo, uma cavidade para uma restauração metálica por aguentar de forma mais eficiente às forças mastigatórias, permite uma cavidade com acabamento marginal em forma de bisel, entretanto o amálgama que é um material frágil necessita um acabamento marginal em 90º além de uma maior espessura do material. Para uma forma de resistência em dentes despolpados devemos realizar uma diminuição das cúspides e recobertas com material restaurador, o motivo para tal procedimento é que o dente se torna frágil após um tratamento endodôntico e desta forma diminuímos a chance de uma fratura na coroa do dente. Forma de retenção As formas de resistência e retenção comumente são obtidas simultaneamente durante a preparação da cavidade, ou seja, todos os princípios que regem a forma de resistência são importantes e validos para a forma de retenção. A forma de retenção é obtida através da conformação do preparo, de retenções adicionais, retenção por atrito do material restaurador com as paredes do preparo cavitário e adesão química proporcionada pelos materiais adesivos. O principal objetivo da forma de retenção é evitar o deslocamento da restauração causado por Ação das forças mastigatórias Forma de retenção Forma de resistência Tração por alimentos pegajosos Diferença de coeficiente de expansão térmica entre o material restaurador e a estrutura dentária, especialmente nos casos de resinas restauradoras. Tipos de retenção Cavidade simples - “Quando a profundidade de uma cavidade for igual ou maior que sua largura vestibulolingual, por si só, será retentiva”. As paredes vestibular e lingual devem estar convergentes para a oclusal, desta forma criamos uma cavidade autorretentiva. Cavidades compostas complexas Cauda de andorinha – Auxilia a retenção de restauração de cavidade próximo-oclusais, aumentando em 4x a retenção da restauração na cavidade no sentido axioproximal, à confecção de sulcos proximais aumenta em 10x a resistência, economizando estrutura dentária. Ou seja, constituísse em um procedimento biomecânico mais recomendável. Inclinação das paredes vestibular e lingual da caixa proximal – quando o material restaurador for o amálgama, essas paredes podem ser convergentes para a oclusal, desta forma na zona oclusal, temos uma menor área da restauração, com menor área de contato durante a mastigação. Em casos de restaurações metálicas fundidas é necessário que as paredes sejam minimamente divergentes para a oclusal, para possibilitar moldagem e colocação da restauração. Sulcos proximais – recurso retentivo confeccionado à custa das paredes vestibular e lingual da caixa proximal, com o objetivo de se evitar deslocamento lateral da restauração durante uma carga oclusal, tais retenções são geradas a partir de brocas tronco-cônicas. Pinos metálicos – em cavidades muito extensas, tanto para amálgama quanto para incrustações metálicas, podemos utilizar um recurso de pinos ancorados em dentina. Em restaurações metálicas fundidas tipo M-O-D, as porções proximais podem deslocar no sentido proximal, causada por cargas axiais de compressão central. Cárie dentária A prática odontológica é baseada na evidencia, a partir de três fatores O que é cárie dentária? Trata-se de resultados (sinais + sintomas) de uma dissolução química da estrutura dentária causada pelos eventos metabólicos que ocorrem no biofilme que cobre a área afetada. A presença de comunidades microbianas na superfície dentária é um pré-requisito para o desenvolvimento de lesões cariosas. Entretanto o biofilme, mesmo que necessários, não são suficientes para causar uma lesão cariosa. Biofilme – caracteriza-se pela atividade microbiana contínua resultando em eventos metabólicos contínuos na forma de pequenas flutuações do pH. O metabolismo bacteriano pode ser dramaticamente aumentado a partir da presença de carboidratos fermentáveis A superfície do esmalte está em equilíbrio dinâmico com o ambiente vizinho, o resultado cumulativo de diversas flutuações do pH ao longo de anos ou meses é a perda total de cálcio e fosfato, torando o esmalte poroso A maioria dos microrganismos é encontrada em sítios estagnados e protegidos da influência mecânica da língua, bochechas e alimentos abrasivos e escovação. O que facilita o acúmulo bacteriano B ac té ri a + Su cr o se Polímeros extracelulares (EPS) Glican; mutan (glicosiltransferases) Frutan (fructosiltransferases) Ácido lactico e outros ácidos e energia Polímeros intracelulares (IPS) Função de armazenamento semelhante ao glicogênio “O início da cárie dentária ocorre nos pontos que vão favorecer o acúmulo ou adesão, em que os microrganismos não estarão sujeitos ao deslocamento frequente que impediria seu crescimento contínuo. Esta é a causa da localização e do surgimento da cárie em certos locais da superfície dentária. ” Diagnóstico dalesão de cárie O diagnóstico de lesão cariosa tem como objetivo melhorar a saúde do paciente, pela classificação das lesões de cárie, correspondendo-as com as melhores opções de tratamento para cada tipo de lesão, podemos diagnosticar cárie a partir de três formas: Tátil-visual Radiográfico Medidas diagnósticas complementares Diagnóstico tátil visual Necessário uma boa iluminação com os dentes limpos e secos Uso adequado da sonda exploradora Sítios de predileção para cárie Correto uso da sonda exploradora – a sonda possui duas finalidades principais: remoção do biofilme e sentir a textura superficial da lesão cariosa. Devemos remover a placa de forma concomitante ao exame, em vez de apenas removê-la antes, pois desta forma iremos saber os possíveis sítios mais afetados. Não devemos forças a sonda no tecido para que não seja causado danos irreversíveis a zona superficial de uma lesão incipiente Quais os melhores critérios para o diagnóstico? Presença de cavitação Atividade da lesão, se a cárie se encontra ativa Profundidade da lesão E tecidos dentários envolvidos Diagnóstico tátil visual para lesões ativas não cavitadas A superfície normalmente se encontra opaca esbranquiçada/amarelada e com perda do brilho, exibindo uma aparência semelhante a um giz ou branco neon Superfície encontra-se áspera quando deslizamos a ponta da sonda sobre ela. Diagnóstico tátil visual para lesões inativas não cavidades São lisas, brilhantes e suaves ao deslizamento da sonda exploradora Diagnóstico tátil visual para lesões ativas cavitadas São macias e com consistência de couro Diagnóstico tátil visual para lesões inativas cavitadas Brilhantes e rígidas sob a sondagem delicada Cárie dentária Cavitada Não-cavitada Características superficiais Ativa Cavidade com dentina exposta, mole e com consistência de coura na sondagem Opaca/giz, áspera na sondagem Inativa Cavidade com dentina exposta e dura na sondagem Brilhante, macia na sondagem Cor Ativa Amarelo marrom escura Esbranquiçada-marrom-clara Inativa Esbranquiçada-marrom-clara Características dos limites Ativa Bem demarcada Na maioria dos casos, bem demarcada (correspondendo aos sítios de retenção da placa) Inativa Sem demarcação das margens da lesão Bem demarcada, ou com bordas difusas Distribuição na dentição A lesão ocorre nos sítios de retenção de placa, tais como: fissuras e cicatrículas oclusais, superfícies proximais abaixo do ponto de contato e nas superfícies lisas próximas a margem gengival. Nos sítios de retenção e placa: fissuras e cicatrículas oclusais, superfícies proximais refletindo a posição da margem gengival e superfícies proximais abaixo do ponto de contato. Características histopatológicas Desmineralização com perda da zona superficial. Fratura do esmalte e possível invasão bacteriana na dentina. Desmineralização subsuperficial (origem bacteriana). Diagnóstico tátil visual de cárie recorrente ou cárie secundária. Cáries nas margens das restaurações localizadas com mais frequência nas margens gengivais das restaurações de classe II e V, raramente em restaurações de classe I. Podem estar cavitadas, não cavitadas, ativas ou inativas. Diagnóstico diferencial com degradação marginal ou defeitos sobre contornos Cáries recorrentes não se desenvolvem em função de micro infiltrações ao longo da interface dente- restauração. A presença de bactérias neste local (interface dente restauração) não deve ser confundida com cárie recorrente, que se desenvolve como uma lesão superficial, similar as lesões primárias Diagnóstico radiográfico A radiografia é um importante fator para a determinação e diagnostico de cáries, o método mais utilizado é o de radiografia bitewing, pois esta radiografia é usada para o estudo de lesões cariosas em dentes posteriores, uma vez que possui menor distorção. As principais funções são: Identificar lesões ocultas ao exame clínico Estimar a profundidade da lesão Auxiliar no diagnóstico de cárie oclusal em dentina D ia gn ó st ic o t át il vi su al Ativa Cavitada Não-cavitada Inativa Cavitada Não-cavitada Restaurada Sem cárie recorrente Cárie ativa recorrente Cárie inativa recorrente Devemos sempre levar em conta a qualidade técnica do exame radiográfico e da qualidade da interpretação da imagem radiográfica. Radiograficamente teremos uma limitação que está ilustrada na imagem ao lado, cáries amplas na superfície do dente tendem a parecer maiores que cáries profundas, mas não tão amplas. Validade do exame bitewing O exame radiográfico subestima a extensão do processo de desmineralização, sempre sendo maior do que se apresenta. Aproximadamente 0,5 mm de esmalte é desmineralizado antes de ser visualizado pelo exame radiográfico, e apenas quando toda a espessura do esmalte é envolvida pelo processo carioso é que se detecta a presença de uma zona radiolúcida. A radiolucidez não corresponde necessariamente com presença de cavidade Imagens radiolúcida restritas a esmalte correspondem a lesões não cavitadas Quando a zona radiolúcida está na metade interna da dentina, a totalidade das lesões apresenta cavitação. A identificação de atividade da lesão deve ser feita através da avaliação de atividade da doença do paciente como um todo. Basicamente podemos analisar que O processo de cárie não pode ser observado Não existe padrão ouro de diagnóstico Existem variações na detecção de lesões cariosas. Su p er fí ci e d en tá ri a Clinicamente sadia Sem tratamento Com lesão Ativa Sem Cavitação Tratamento não operatório Com Cavitação Tratamento operatório Inativa Sem tratamento Com restauração Sem defeito Sem troca Com defeito Sobre-contorno Sem tratamento/sem troca Impactração alimentar Reparo/troca Com lesão ativa Sem cavitação Tratamento não operatório Com cavitação Reparo/troca Com lesão inativa Tratamento operatório Remoção do tecido cariado – devemos levar em conta as considerações biológicas e os princípios mecânicos. A tradiução operatória atual diz que devemos remover a dentina cariada e necrótica com a retirada de dentina amolecida, o tecido infectado deve ser eliminado até uma dentina resistente ao toque e sem colorações e estender a remoção do esmalte e dentina para se obter uma cavidade apropriada para a inserção do material restaurador. Zonas da dentina cariada Zona de destruição – quando o esmalte se torna cavitado, as bactérias infectam a dentina. Pode haver uma zona de destruição na dentina, onde esta se torna necrótica e liquefeita. Em lesões de progressão rápida essa zona apresenta um tecido mole e possui coloração amarelada. Em lesões de progessão lenta, essa zona apresenta uma tecido mais sólido e marrom. Essa regiao é facilmente removida com um escavador de dentina. Zona de invasão bacteriana – os túbulos dentinários são invadidos por cavtérias, que então se multiplicam no lumem do túbulo. Assim como descalcificam a dentina com ácido, as bactérias dissolvem proteínas como o colágeno dentro dos túbulos (proteólise). Essa regiâo pode ser removida com uma broca multilaminada em baixa rotação. Zona de desmineralização - O ácido produzido pelas bactérias percorre os túbulos dentinários, causando desmineralização. A zona de desmineralização é o pelotão de frente da lesão cariosa, e pode ser muito pequena (1mm). É importante notarque não há bactérias nessa lesão. Clinicamente, é muito difícil dizer onde termina a zona de invasão bacteriana e começa a zona de desmineralização. Dentina esclerótica - Uma reação de defesa que ocorre dentro dos túbulos dentinários quando o ácido começa a penetrá-los. Os odontoblastos vivos começam a depositar minerais dentro dos túbulos e ficam aprisionados nos depósitos mineralizados. Isso ajuda a interromper o avanço do ácido, dando à polpa uma proteção. Dentina terciária - A dentina terciária é produzida pela polpa numa tentativa de barrar a agressão, quando a polpa está levemente inflamada. Perguntas: 1. Até onde a progressão da lesão está relacionada à placa bacteriana na cavidade e com a população microbiana no interior da dentina infectada? ________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________ 2. É necessário remover mecanicamente dentina infectada e amolecida pra controlar a progressão adicional da lesão? ________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________ O amolecimento da dentina precede os microrganismos que são responsáveis por eles. E estes microrganismos podem invadir algum túbulo vazio e aberto na dentina exposta ao ambiente oral sem necessariamente desmineralizar o teicdo. Mesmo após toda a dentina amolecida for removida, certos microrganimos permanem viaveis abaixo das restaurações sem aparenemten causar efeito deletério. E não é possível remover toda a dentina infectada. Tratamento expectante – estudos apontam que a dentina infectada pode ser seguramente deixada na cavidade. Logo é necessário a remoção de toda a dentina superfícial (infectada), que se encontra irreversivelmente desnaturada e podemos deixar a camada profunda, chamada de contaminada, que se mostra reversivelmente contaminada.
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