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Literatura Portuguesa Era Medieval Trovadorismo

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1 
 
Prof. Ismael Dantas 
 
 
Era Medieval 
 
 
Trovadorismo 
 
 
Humanismo 
 
. . . XII XV XVI . . . 
 (1189) (1418/1434) (1527) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Santo António – [ de José António da Silva ] 
 
 
Trovadorismo .......................................................................................................... 02 
Contexto Histórico-Cultural ..................................................................................... 03 
A Poesia Trovadoresca ......................................................................................... 06 
Cantares de Amor .................................................................................................. 09 
Cantares de Amigo ................................................................................................ 16 
Cantigas d’Escárnio .e Maldizer ......................................................................... 26 
Músicas contemporâneas que se relacionam com as «cantigas medievais» ..... 29 
Artistas Medievais ................................................................................................. 32 
Os Cancioneiros...................................................................................................... 33 
Poetas da Primeira Época Medieval........................................................................ 34 
A Prosa Medieval..................................................................................................... 35 
Filmes que se Relacionam com a Idade Média ...................................................... 38 
Leituras Relacionadas com a Idade Média ............................................................. 39 
Atividades ............................................................................................................... 40 
Fonte de Consulta ................................................................................................... 55 
 
 
 
 
2 
 
I-TROVADORISMO 
 
 
 “Movimento poético iniciado no século XI, na 
Provença, e difundido pela Península Ibérica, Itália e 
Alemanha entre os séculos XII e XIV. O nascimento da 
lírica trovadoresca vincula-se às modificações dos 
costumes no princípio da Alta Idade Média: os senhores 
feudais, recolhidos nos seus castelos e fruindo os ócios 
que a prosperidade e a paz condicionavam, entraram a 
estimular as atividades culturais: par a par com o 
requinte social, despontava o gosto pela poesia, a 
música, a pintura e as artes manuais.”¹ 
............................................................
............................................................
............................................................
............................................................
............................................................................................ 
 
 Causas que influenciaram a entrada da poesia provençal na Literatura Portuguesa: 
 
- Vários reis lusos casaram com donzelas de Provença – as quais, por sua vez, no 
séquito, sempre traziam um trovador. 
 
- As romarias religiosas aos santuários, onde vários povos se confraternizavam 
culturalmente. 
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............................................................................................ 
 
 Em Portugal, a época trovadoresca é o período que se estende de 1189 (ou 1198), 
com a «Cantiga da Ribeirinha» de Pai Soares de Taveirós, dedicada a Maria Pais Ribeiro, 
“A Ribeirinha”, amante de Dom Sancho I, e esmorece em 1418, quando Fernão Lopes é 
nomeado Guarda-Mor da Torre do Tombo por Dom Duarte. 
....................................................................................................................
................................................................................................
................................................................................................
................................................................................................
................................................................................................ 
 
 
3 
 
 II – CONTEXTO HISTÓRICO-CULTURAL 
 
 
- A Idade Média 
 
 Período da história da Europa, que tradicionalmente se situa entre a data da queda 
do último imperador romano do Ocidente (476) e da descoberta da América (1492). 
................................................................................................
................................................................................................ 
 
- Teocentrismo 
 
 Crença ou doutrina que vê em Deus o centro do universo, de todas as cousas. [Do 
Gr. theos, deus + kentron, centro] 
................................................................................................
................................................................................................ 
- As Cruzadas 
 Expedição militar de caráter religioso que se fazia na Idade Média, contra hereges 
ou infiéis. 
................................................................................................
................................................................................................ 
- Feudalismo 
 
 Sistema político, econômico e social que vigou na Europa durante a Idade Média, 
baseado na propriedade da terra do senhor feudal, trabalhada pelos vassalos em regime 
servil. 
................................................................................................
................................................................................................
............................................................................................... 
 
- Tomás de Aquino (1225-1274) 
 Empenhou-se em ordenar o saber teológico e moral acumulado na Idade Média. 
................................................................................................
................................................................................................
................................................................................................
............................................................................................ 
 
 
4 
 
- Manifestações Artísticas 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fachada da Catedral de Notre-Dame. Século XII 
 
 Virgem com o Menino e Santos 
 Giotto (1267-1337) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 O Castelo de Vaduz, residência medieval 
 onde se sediou a família de Liechtenstein, 
 uma das mais antigas da Europa 
 
 
 
I 
 
 
 
5 
 
 
 
Formação de Portugal 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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................................................................................................
................................................................................................ 
 
“Não há meio-termo: o homem ou é bom ou é mau”. 
 
 
 
 
 
6 
 [Telles] 
 
 
III – A POESIA TROVADORESCA 
 
 
A poesia trovadoresca era 
cultivada por «trovadores», poetas-
cantores. As composições eram sempre 
cantadas e acompanhadas de 
instrumentos musicais (lira, viola, 
pandeiro, alaúde, flauta entre outros). 
Por isso eram denominadas de 
«cantigas» ou «cantares». Também 
conhecida como «poesia provençal». 
(Provença, região ao de França). O 
idioma empregado era o galego-
português, em virtude da unificação 
linguística ocorrida entre Portugal e 
Galiza. 
............................................
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........................................................................................... 
 
 
 As cantigas estão divididas em dois gêneros: 
 
 de amor 
 líricas 
 de amigo 
cantigas 
 de escárnio 
 satíricas 
 de maldizer 
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7 
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............................................................................................ 
 
IV CANTIGAS LÍRICAS 
 
 
 As Cantigas de Amor – têm ascendência na poesia 
provençal. O ambiente das cantigas é sempre 
palaciano. O poeta, em tom de confissão, quase 
sempre se dirige à dama cortejada com tais 
expressões «mia senhor», «fremosa senhor» e «mia 
pastor». 
 O tema constante dessas cantigas – e por isso 
monótono - é a «coita», a paixão vivida pelo homem 
que está a serviço duma dama. 
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..........................................................
..........................................................
..........................................................
..........................................................
................................................................................................ 
 
 
 As Cantigas de Amigo – têm raízes na própria 
Península Ibérica. O ambiente descrito nas cantigas é 
sempre rural ou popular. De acordo com o assunto, as 
cantigas são classificadas em «albas» (falam do 
amanhecer), «bailadas» (dança e baile), «barcarolas» 
(vida marítima), «pastorelas» (vida pastoril), «romarias», 
(peregrinação religiosa). Nelas sempre está presente a 
palavra «amigo» (namorado ou amante). 
............................................................
............................................................
............................................................
............................................................
............................................................
................................................................................................ 
 
 Quanto à fôrma: 
 
Cantigas de maestria – não têm refrão 
 
 
 
8 
Cantigas de refrão – apresentam refrão ou estribilho 
 
Cantigas paralelísticas – apresentam paralelismo 
 
V – CANTIGAS SATÍRICAS 
 
 
 
 1. Cantigas de Escárnio 
 
- sátiras indiretas, com palavras ambíguas. 
.......................................................
....................................................... 
 
 2. Cantigas de Maldizer 
 
- sátiras diretas, com linguagem obscena. 
.......................................................
.......................................................
.......................................................
.......................................................
....................................................... 
 
 
 
 
 
“CANTIGAS de portugueses 
São como barcos no mar – 
Vão de uma alma para outra 
Com riscos de naufragar.” 
 
[Fernando Pessoa] 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
9 
 
 
 
 
CANTARES DE AMOR (*) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Como morreu quen nunca ben 
ouve da ren que mais amou, 
e quen viu quanto receou 
d'ela, e foi morto por én: 
Ay mia senhor, assi moir' eu! 
 
Como morreu quen foi amar 
quen lhe nunca quis ben fazer, 
e de quen lhe fez Deus veer 
de que foi morto con pesar: 
Ay mia senhor, assi moir' eu! 
 
Com' ome que ensandeceu. 
senhor, con gran pesar que viu, 
e non foi ledo nen dormiu 
depois, mia senhor, e morreu: 
Ay mia senhor, assi moir' eu! 
 
Como morreu quen amou tal 
dona que lhe nunca fez ben, 
e quen a viu levar a quen 
a non valia, nen a val: 
Ay mia senhor, assi moir' eu! 
 
Como morreu quem nunca amar 
se fez pela coisa que mais amou, 
e quanto dela receou 
sofreu, morrendo de pesar, 
Como morreu quem amou tal 
mulher que nunca lhe quis bem 
e a viu levada por alguém 
que a não valia nem a vale, 
ai, minha senhora, assim morro eu. 
ai, minha senhora, assim morro eu. 
 
Como morreu quem foi amar 
quem nunca bem lhe quis fazer, 
e de quem Deus lhe fez saber 
que a morte havia de alcançar, 
ai, minha senhora, assim morro eu. 
 
Igual ao homem que endoideceu 
com a grande mágoa que sentiu, 
senhora, e nunca mais dormiu, 
perdeu a paz, depois morreu, 
ai, minha senhora, assim morro eu. 
 
 
 
10 
 
 
[Pai Soares de Taveirós] 
 
No mundo non me sei parelha, 
mentre me for como me vai, 
ca já moiro por vós - e ai! 
mia senhor branca e vermelha, 
queredes que vos retraia, 
quando vos eu vi en saia! 
Mau dia me levantei, 
que vos enton non vi fea! 
 
E, mia senhor, dês aquel dia, ai! 
me foi a mi mui mal, 
e vós, filha de don Paai 
Moniz, e ben vos semelha 
d`haver eu por vós guarvaia, 
pois eu, mia senhor, d’alfaia 
nunca de vós houve nen hei 
valia d’ũa correa". 
 
 
No mundo ninguém se assemelha a mim 
enquanto a minha vida continuar comovai 
porque morro por vós, e ai 
minha senhora de pele alva e faces rosadas, 
quereis que vos descreva 
quando vos eu vi sem manto 
Maldito dia! me levantei 
que não vos vi feia 
 
E, minha senhora, desde aquele dia, ai 
tudo me foi muito mal 
e vós, filha de don Pai 
Moniz, e bem vos parece 
de ter eu por vós guarvaia 
pois eu, minha senhora, como mimo 
de vós nunca recebi 
algo, mesmo que sem valor. 
 
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11 
 
 
 
[Pai Soares de Taveirós ?] 
Quantos an gran coita d’amor 
eno mundo, qual og’ eu ei, 
querrian morrer, eu o sei, 
o averian én sabor. 
Mais mentr’ eu vos vir’, mia senhor, 
 sempre m’eu querria viver, 
 e atender e atender! 
 
Pero ja non posso guarir, 
ca ja cegan os olhos meus 
por vos, e non me val i Deus 
nen vos; mais por vos non mentir, 
enquant’ eu vos, mi senhor, vir’, 
 sempre m’eu querria viver, 
 e atender e atender! 
 
E tenho que fazen mal-sen 
quantos d’amor coitados son 
de querer sa morte, se non 
ouveron nunca d’amor ben, 
com’ eu faç’. E, senhor, por én 
 sempre m’eu querria viver, 
 e atender e atender! 
 
Quantos o amor faz padecer 
penas que tenho padecido, 
querem morrer e não duvido 
que alegremente queiram morrer. 
Porém enquanto vos puder ver, 
 vivendo assim eu quero estar 
 e esperar, e esperar. 
 
Sei que a sofrer estou condenado 
e por vós cegam os olhos meus. 
Não me acudis; nem vós, nem Deus. 
Mas, se sabendo-me abandonado, 
ver-vos, senhora, me for dado, 
 vivendo assim eu quero estar 
 e esperar, e esperar. 
 
Esses que vêem tristemente 
desamparada sua paixão, 
querendo morrer, loucos estão. 
Minha fortuna não é diferente; 
porém eu digo constantemente: 
 vivendo assim eu quero estar 
 e esperar, e esperar. 
 
 
 
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aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa.. 
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12 
 
 
 
 
[João Garcia de Guilhade] 
Estes meus olhos nunca pederá 
senhor, gran coita, mentr' eu vivo fôr; 
e direi-vos fremosa mia senhor, 
destes meus olhos a coita que han: 
choran e cegan, quand’ alguen non veen, 
e ora cegan por alguen que veen. 
 
Guisado tẽen de nunca perder 
meus olhos coita e meu coraçon, 
e estas coitas, senhor, mĩas son: 
mais los meus olhos, por alguen veer, 
choran e cegan, quand’ alguen non veen, 
e ora cegan por alguen que veen. 
 
E nunca já poderei haver ben, 
pois que amor já non quer nen quer Deus; 
mais os cativos destes olhos meus 
morrerán sempre por veer alguen: 
choran e cegan, quand’ alguen non veen, 
e ora cegan por alguen que veen. 
 
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______ 
NOTAS: 
perderán – perderã 
mantre – enquanto 
fremosa – formosa 
han – têm 
 
 
13 
coita – pena, dor, aflição; desgraça. 
guisado – arranjado, resolvido; disposto, preparado, pronto. 
son – tom, toada, melodia, música. 
cativo – infeliz, desventurado, coitado. 
[João Garcia de Guilhade] 
Amigos, non poss’ eu negar 
a gran coita que d’amor hei, 
me vejo sandeu andar, 
e con sandece o direi: 
os olhos verdes que eu vi 
me fazen ora andar assi. 
 
Pero quen quer x’ entenderá 
aquestes olhos quais son, 
e d’est’alguen se queixará; 
mas eu já quer moira quer non: 
os olhos verdes que eu vi 
me fazen ora andar assi. 
 
Pero non devia a perder 
ome que já o sen non há 
de con sandece ren dizer, 
e con sandece digu’eu já: 
os olhos verdes que eu vi 
 me fazen ora andar assi. 
 
Amigos, não posso negar 
O grande sofrimento de amor que tenha 
Cá me vejo louco andar 
E com loucura o direi: 
 Os olhos verdes que eu vi 
 Me fazem andar assim. 
 
Mas que quer se entendera 
Aqueles olhos quais são 
E deste alguém se queixará 
Mas se eu morra, quer não: 
 Os olhos verdes que eu vi 
 Me fazem andar assim. 
 
Mas não a devia perder 
Homem que já não tem senso 
De com loucura dizer 
E com loucura digo eu já: 
 Os olhos verdes que eu vi 
 Me fazem andar assim. 
 
 
 [João Garcia de Guilhade] 
................................................................................................
................................................................................................
 
 
14 
................................................................................................
................................................................................................
................................................................................................Proençais soen mui ben trobar 
e dizen eles que é con amor, 
mays os que troban no tempo da flor 
e non en outro sey eu ben que non 
am tam gran coyta no seu coraçon 
qual m’ eu por mha senhor vejo levar. 
 
Pero que troban e saben loar 
sas senhores o mays e o melhor 
que eles podem, sõo sabedor 
que os que troban, quand’a frol sazon 
á e non ante, se Deus mi perdon, 
non an tal coyta qual eu sey sen par. 
 
Ca os que troban e que ss’ alegrar 
van eno tempo que ten a color 
a frol consigu’ e, tanto que se fôr 
aquel tempo, logu’ en trobar razon 
non an, non viven (en) qual perdiçon 
oj’eu vyvo, que poys m’ á de matar. 
 
Os provençais que bem sabem trovar! 
e dizem eles que trovam com amor, 
mas os que só na estação da flor 
vejo trovar jamais no coração 
semelhante tristeza sentirão 
qual por minha senhora ando a levar. 
 
Muito bem trovam! Que bem sabem louvar 
as suas bem-amadas! Com que ardor 
os povençais lhes tecem um louvor! 
Mas os que trovam durante a estação 
da flor e nunca antes, sei que não 
conhecem dor que à minha se compare. 
 
Os que trovam e alegres vejo estar 
quando na flor está derramada a cor 
e que depois quando a estação se for, 
de trovar não mais se lembrarão, 
esses, sei eu que nunca morrerão 
da desventura que vejo a mim matar. 
 
[D. Dinis] 
 
 
................................................................................................
................................................................................................
................................................................................................
................................................................................................
 
 
15 
................................................................................................
................................................................................................
................................................................................................ 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
16 
Vós me defendestes, senhor, 
que nunca vos dissesse ren 
de quanto mal mi por vós ven, 
mais fazede-me sabedor, 
por Deus, senhor, a quen direi 
quam muito mal [lev’ e] levei 
por vós, se non a vós, senhor? 
 
Ou a quen direi o meu mal , 
se o eu a vós non disser? 
pois calar-me non m’ é mester 
e dizer-vo-lo non m’ er val. 
E, pois tanto mal sofr’ assi, 
se con vosco non falar i, 
por quen saberedes meu mal? 
 
Ou a quen direi o pesar 
que mi vós fazedes sofrer, 
se o a vós non fôr dizer, 
que podedes conselh’ i dar? 
E, por en, se Deus vos perdon, 
coita dêste meu coraçon, 
a quen direi o meu pesar 
Você me proibiu, senhora, 
de que lhe dissesse qualquer coisa 
sobre o quanto sofro por sua causa. 
Mas então me diga, 
por Deus, senhora: a quem falarei 
o quanto sofro e já sofri por você 
senão a você mesma? 
 
Ou a quem direi o meu amor 
se eu não o disser a você? 
Calar-me não é o que quero 
mas dizê-lo também não adianta. 
Sofro tanto de amor por você... 
Se eu não lhe falar sobre isso 
como saberá o que sinto? 
 
Ou a quem direi o sofrimento 
que me faz viver, 
se eu não for dizê-lo a você? 
Diga-me: o que faço? 
E, assim, se Deus lhe perdoa, 
coita do meu coracão, 
a quem direi o meu amor? 
 
 
 
[D. Dinis] 
 
 
 
CANTARES DE AMIGO (*) 
 
 
 
- Ai flores, ai flores do verde pinho, 
se sabedes novas do meu amigo! 
 Ai Deus, e u é? 
 
Ai flores, ai flores do verde ramo, 
se sabedes novas do meu amado! 
 Ai Deus, e u é? 
 
Se sabedes novas do meu amigo, 
aquel que mentiu do que pôs comigo! 
 Ai Deus, e u é? 
 
Se sabedes novas do meu amado, 
aquel que mentiu do que mi á jurado! 
 Ai Deus, e u é? 
 
 
 
 by Dantas 
 
 
17 
- Vós me preguntades polo voss’ amigo, e eu ben 
vos digo que é san’ e vivo: 
 Ai Deus, e u é? 
 
Vós me preguntades polo voss’ amado, 
e eu ben vos digo que é viv’ e sano: 
 Ai Deus, e u é? 
 
E eu ben vos digo que é san’ e vivo 
e seerá vosc’ ant’ o prazo saído: 
 Ai Deus, e u é? 
 
E eu ben vos digo que é viv’ e sano 
e seerá vosc’ ant’ o prazo passado: 
 Ai Deus, e u é? 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
- Ai flores, ai flores do verde pinheiro, 
se por acaso sabeis novidades do meu amigo, 
 ai, Deus, onde está ele? 
 
Ai flores, ai flores do verde ramo, 
se por acaso sabeis novidades do meu amado, 
 ai, Deus, onde está ele? 
 
Se sabeis novidades do meu amigo, 
aquele que mentiu no que prometeu para mim, 
 ai, Deus, onde está ele? 
 
Se sabeis novidades do meu amado, 
aquele que mentiu no que me jurou, 
 ai, Deus, onde está ele? 
 
- Vós perguntais pelo vosso amigo? 
Eu bem vos digo que ele está são e vivo. 
 ai, Deus, onde está ele? 
 
 
 
18 
Vós perguntais pelo vosso amado? 
Eu bem vos digo que ele está vivo e são. 
 ai, Deus, onde está ele? 
 
E eu bem vos digo que ele está são e vivo, 
e estará convosco no prazo combinado. 
 ai, Deus, onde está ele? 
 
E eu bem vos digo que ele está vivo e são, 
e estará convosco no prazo combinado. 
 ai, Deus, onde está ele? 
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................................................................................................ 
 
[D. Dinis] 
 
 
 
 
 
 
 
Ũa pastor se queixava 
muit’ estando noutro dia, 
Uma pastora que estava 
lamentando-se outro dia 
 
 
19 
e sigo medês falava 
e chorava e dizia 
con amor que a forçava: 
«par Deus, vi-t' en grave dia, 
ai, amor!» 
 
Ela s’ estava queixando, 
come molher con gram coita 
e que a pesar, des quando 
nacera, non fôra doita, 
por en dezia chorando! 
«Tu non és se non mia coita, 
ai, amor!» 
 
Coitas lhi davam amores, 
que non lh’ eran se non morte, 
e deitou-sy’ antr’ ũas flores 
e disse con coita forte: 
«Mal ti venha per u fores, 
ca non és se non mia morte, 
ai, amor!» 
 
consigo mesma falava 
muito chorava e fazia 
queixas que amor lhe ditava: 
«Por Deus vi-te em triste dia, 
 ai, amor!» 
 
Em mágoas se consumia 
como mulher com tristeza 
que melhor sabedoria 
não devia à natureza; 
chorando estava e dizia: 
« Tu só és minha tristeza, 
 ai, amor!» 
 
Penas lhe davam amores 
que lhe traziam a morte 
e deitando-se entre as flores 
disse num triste transporte: 
«Mal hajas onde tu fores 
pois de ti me vem a morte. 
 ai, amor!» 
 
 
 
[D. Dinis] 
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Bailemos nós já todas tres, ai amigas, 
so aquestas avelaneiras frolidas 
e quen fôr velida, como nós, velidas, 
 se amig’amar, 
so aquestas avelaneiras frolidas 
 verrá bailar. 
 
Bailemos nós já todas tres, ai irmãas, 
so aqueste ramo destas avelãas 
e quen fôr louçãa, como nós, louçãas 
 se amig’amar, 
so aqueste ramo d’estas avelãas 
 verrá bailar. 
 
Por Deus, ai amigas, mentr’al non fazemos, 
so aqueste ramo frolido bailemos 
e quen ben parecer, como nós parecemos, 
 se amig’amar, 
so aqueste ramo so l(o) que nós bailemos 
 verrá bailar. 
 
 
20 
 
 
 
Bailemos nós todas três, ai amigas, 
debaixo destas aveleiras floridas 
e quem for bonita como nós bonitas, 
 se amigo amar, 
debaixo destas aveleiras floridas 
 virá bailar. 
 
Bailemos nós todas três, ai irmãs, 
sob este ramo florido de avelãs 
e quem for louçã como nós louçãs, 
 se amigo amar, 
sob este ramo florido de avelãs, 
 virá bailar. 
 
Sem outros cuidados, nós as amorosas 
bailemos sob estas ramagens frondosas 
e quem for formosa como nós formosas, 
 se amigo amar, 
debaixo destas aveleiras frondosas 
 virá bailar. 
[Airas Nunes] 
 
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Ondas do mar de Vigo, 
se vistes meu amigo! 
E ai Deus, se verrá cedo! 
 
Ondas do mar levado, 
se vistes meu amado! 
E ai Deus, se verrá cedo! 
Se vistes meu amigo, 
o por que eu sospiro! 
E ai Deus, se verrá cedo! 
 
Se vistes meu amado, 
por que ei gran cuidado! 
E ai Deus, se verrá cedo! Guarujá Beach [By Dantas] 
 
 
Ai ondas do mar de Vigo, 
se vistes o meu amigo, 
dizei-me: voltará cedo? 
 
 
 
21 
Ondas do mar levantado 
se vistes o meu amado, 
dizei-me: voltará cedo? 
 
Se vistes o meu amigo, 
aquele por quem suspiro 
dizei-me: voltará cedo? 
 
Se vistes o meu amado, 
que me pôs neste cuidado, 
dizei-me: voltará cedo? 
 
[Martim Codax] 
 
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Pois nossas madres van a San Simon 
de Val de Prados candeas queimar, 
nós, as meninhas, punhemos d’andar 
con nossas madres, e elas enton 
queimen candeas por nós e por si 
e nós, meninhas, bailaremos i. 
 
Nossos amigos todos lá iran 
por nos veer, e andaremos nós 
bailand’ ant’ eles, fremosas en cós, 
e nossas madres, pois que alá van, 
queimen candeas por nós e por si 
e nós, meninhas, bailaremos i. 
 
Nossos amigos iran por cousir 
como bailamos, e poden veer 
bailar moças de [mui] bon parecer, 
e nossas madres, pois lá queren ir, 
queimen candeas por nós e por si 
e nós, meninhas, bailaremos i. 
 
 
22 
 
Pois nossas mães vão a San Simon 
De Val de Prados candeias queimar, 
Nós, as meninas, poderemos andar 
Com as nossas mães e elas então 
Queimem candeias por nós e por vocês, 
E nós, meninas, bailaremos aí. 
 
Nossos amigos todos lá irão 
Para nos ver e andaremos nós 
Bailando ante eles formosas, sem manto, 
E as nossas mães, pois, que vão lá, 
Queimem candeias por nós e por vocês 
E nós, meninas, bailaremos aí. 
 
Nossos amigos irão para apreciar 
Como bailamos e podem ver 
Bailar moças de bom parecer, 
E nossas madres, pois lá querem ir, 
Queimem candeias por nós e por vocês 
E nós, meninas, bailaremos aí 
 
[Pero de Viviães] 
 
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23 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Levad', amigo, que dormides as manhãas frias; 
toda-las aves do mundo d'amor dizian. 
 leda m'and'eu. 
 
Levad', amigo, que dormide`-las frias manhãas; 
toda-las aves do mundo d'amor cantavan: 
 leda m'and'eu. 
 
Toda-las aves do mundo d'amor dizian; 
do meu amor e do voss'en ment'avian. 
 leda m'and'eu. 
 
Toda-las aves do mundo d'amor cantavan; 
do meu amor e do voss'i enmentavan: 
 leda m'and'eu. 
 
Do meu amor e do voss'en ment'avian; 
vós lhi tolhestes os ramos en que siian. 
 leda m'and'eu. 
 
Do meu amor e do voss'i enmentavan; 
vós lhi tolhestes os ramos en que pousavan: 
 leda m'and'eu. 
 
Vós lhi tolhestes os ramos en que siian 
e lhis secastes as fontes en que bevian. 
 leda m'and'eu. 
 
Vós lhi tolhestes os ramos en que pousavan 
lhis secastes as fontes u se banhavan. 
 leda m'and'eu. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
24 
 Ergue-te, amigo que dormes nas manhãs frias! 
Todas as aves do mundo, de amor, diziam: 
alegre eu ando 
 
Ergue-te, amigo que dormes nas manhãs claras! 
Todas as aves do mundo, de amor, cantavam; 
Do meu amor e do teu se lembrariam: 
alegre eu ando 
 
Todas as aves do mundo, de amor, cantavam; 
Do meu amor e do teu se lembrariam: 
alegre eu ando. 
 
Todas as aves do mundo, de amor, cantavam: 
Do meu amor e do teu se recordavam: 
alegre eu ando. 
 
Do meu amor e do teu se lembrariam: 
Tu lhes tolheste os ramos em que eu as via: 
alegre eu ando. 
 
Do meu amor e do teu se recordavam: 
Tu lhes toalheste os ramos em pousavam: 
 alegre eu ando. 
 
Tu lhes toalheste os ramos em que eu as via; 
E lhes secaste as fontes em que bebiam: 
 alegre eu ando. 
 
Tu lhes toalheste os ramos em que pousavam; 
E lhes secaste as fontes que as refrescavam: 
 alegre eu ando. 
 
[Nuno Fernandes Torneol] 
 
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25 
-Digades, filha, mia filha velida: 
porque tardastes na fontana fria? 
 os amores ei. 
 
Digades, filha, mia filha louçana: 
porque tardastes na fria fontana? 
 os amores ei. 
 
-Tardei, mia madre, na fontana fria, 
cervos do monte a augua volvian: 
 os amores ei. 
 
Tardei, mia madre, na fria fontana, 
cervos do monte volvian a augua: 
 os amores ei. 
 
-Mentir, mia filha, mentir por amigo; 
Nunca vi cervo que volvess'o rio: 
 os amores ei. 
 
Mentir, mia filha, mentir por amado; 
Nunca vi cervo que volvess'o alto: 
 os amores ei. 
 
[Pero Meogo] 
 
 
 
 
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26 
- Responde, filha, formosa filha, 
porque tardaste na fonte fria? 
 Amores eu tenho! 
 
Filha, formosa filha, responde: 
porque tardaste na fria fonte 
 Amores eu tenho! 
 
-Tardei, minha mãe, na fonte fria, 
cervos do monte a água volviam. 
 Amores eu tenho! 
 
Tardei, minha mãe, na fria fonte; 
volviam a água cervos do monte. 
 Amores eu tenho! 
 
-Que escondes,filha,por teu amigo? 
cervos do monte não volvem o rio. 
 Amores eu tenho! 
 
Por teu amado, filha, que escondes? 
o mar não volvem cervos do monte. 
 Amores eu tenho! 
 
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27 
CANTIGAS D’ESCÁRNIO E MALDIZER (*) 
 
 
 
Ai, dona fea, fostes-vos queixar 
que vos nunca louv’en (o) meu cantar; 
mais ora quero fazer un cantar 
 en que vos loarei toda via; 
e vedes como vos quero loar: 
 dona fea, velha e sandia! 
 
 Dona fe, se Deus mi pardon, 
pois avedes (a) tan gran coraçon 
que vos eu loe, en esta razon 
 vos quero já loar toda via; 
e vedes qual será a loaçon: 
 dona fea, velha e sandia! 
 
Dona fea, nunca vos eu loei 
en meu trobar, pero muito trobei; 
mais ora já un bon cantar farei, 
 en que vos loarei toda via; 
e direi-vos como vos loarei: 
 dona fea, velha e sandia! 
 
[João Garcia de Guilhade] 
 
 
 
Ai, dona feia, foste-vos queixar 
de que vos nunca louvo em meu trovar; 
e umas trovas vos quero dedicar 
em que louvada de toda a maneira 
 sereis, tal é o meu louvar: 
 dona feia, velha e gaiteira. 
 
Ai, dona feia, se com tanto ardor 
quereis que vos louve, como trovador, 
trovas farei e de tal teor 
em que louvada de toda a maneira 
 sereis, tal é o meu louvor: 
 dona feia, velha e gaiteira. 
 
Ai, dona feia, nunca vos louvei 
em meu trovar eu que tanto trovei 
e eis que umas trovas vos dedicarei 
em que louvada de toda a maneira 
 sereis e assim vos louvarei: 
 dona feia, velha e gaiteira. 
 
 
 
 
 
28 
Roi Queimado morreu con amor 
en seus cantares, par Santa Maria, 
por ũa dona que gran ben queria; 
e, por se meter por mais trobador, 
por que lh’ela non quis(o) ben fazer, 
feze-s'el en seus cantares morrer; 
mais resurgiu depois ao tercer dia. 
 
Esto fez el por ũa sa senhor 
que quer gran ben; e mais vos en diria: 
por que cuida que faz i maestria, 
enos cantares que fez, á sabor 
de morrer i e des i d'ar viver. 
Esto faz el, que x'o pode fazer, 
mais outr'omen per ren nono faria. 
 
E non á já de sa morte pavor, 
se non sa morte mais la temeria, 
mais sabe ben, per sa sabedoria, 
que viverá, des quando morto for; 
e faz-(s’) en seu cantar morte prender, 
des i ar vive. Vedes que poder 
que lhi Deus deu,- mais queno cuidaria! 
 
E se mi Deus a mi desse poder 
qual oj'el á, pois morrer, de viver, 
já mais morte nunca (eu) temeria. 
 
[Pero Garcia Burgalês] 
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29 
Foi Rui Queimado morrer de amor 
em seus cantares, ao que dizia , 
por uma dama e porque queria 
mostrar engenho de trovador. 
Como ela lhe não quis valer, 
fez-se ele em seus cantares morrer, 
mas ressurgiu ao terceiro dia. 
 
Demonstrar quis o seu fervor 
por uma dama, mas eu diria: 
preocupado com a mestria 
dos seus cantares, tem o pendor 
de, embora morto, lograr viver. 
Isto só ele pode fazer 
porque outro homem não o faria. 
 
E já da morte não tem pavor, 
se não mil vezes a temeria. 
Próprio é da sua sabedoria 
viver enquanto morto for. 
Em seus cantares pode morrer 
estando vivo. Maior poder 
obter de Deus não poderia. 
 
Desse-me Deus igual poder 
de, embora morto, poder viver, 
e nunca a morte me assustaria. 
 
 
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aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa..
aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa..
aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa.. 
__________ 
(*) CORREIA, Natália. Cantares dos trovadores galego-portugueses. Lisboa: Editorial Estampa, 1998. 
 
 
 
 
30 
Músicas contemporâneas que se relacionam com as «cantigas medievais» 
 
 
 
 
Edvard Munch 
 
QUEIXA 
 
Um amor assim delicado 
Você pega e despreza 
Não o devia ter despertado 
Ajoelha e não reza 
Dessa coisa que mete medo 
Pela sua grandeza 
Não sou o único culpado 
Disso eu tenho a certeza 
Princesa 
Surpresa 
Você me arrasou 
Serpente 
Nem sente que me envenenou 
Senhora e agora 
Me diga onde eu vou 
Senhora 
Serpente 
Princesa 
Um amor assim violento 
Quando torna-se mágoa 
É o avesso de um sentimento 
Oceano sem água 
Ondas: desejos de vingança 
Nessa desnatureza 
Batem forte sem esperança 
Contra a tua dureza 
 
 
Princesa 
Surpresa 
Você me arrasou 
Serpente 
Nem sente que me envenenou 
Senhora e agora 
Me diga onde eu vou 
Senhora 
Serpente 
Princesa 
Um amor assim delicado 
Nenhum homem daria 
Talvez tenha sido pecado 
Apostar na alegria 
Você pensa que eu tenho tudo 
E vazio me deixa 
Mas Deus não quer que eu 
 fique mudo 
E eu te grito esta queixa 
Princesa 
Surpresa 
Você me arrasou 
Serpente 
Nem sente que me envenenou 
Senhora e agora 
Me diga onde eu vou 
Amiga 
Me diga 
 
 
 
 
[Cetano Veloso] 
 
 
31 
CANTIGA DE AMIGO 
 
Lá na Casa dos Carneiros 
onde os violeiros 
vão cantar louvando você 
em cantiga de amigo 
cantando comigo 
somente porque você é 
minha amiga, mulher 
lua nova do céu que já não me quer 
dezessete é minha conta 
vem minha amiga e conta 
uma coisa linda pra mim 
conta os fios dos teus cabelos 
sonhos e anelos 
conta-me se o amor não tem fim 
madre amiga é ruim 
me mentiu jurando amor que não tem fim 
 
Lá na Casa dos Carneiros 
sete candeeiros 
iluminam a sala de amor 
sete violas em clamores 
sete cantadores 
são sete tiranas de amor 
para amiga em flor 
que partiu e até hoje não voltou 
dezessete é minha conta 
vem minha amiga e conta 
uma coisa linda pra mim 
pois na Casa dos Carneiros 
violas e violeiros 
só vivem clamando assim 
madre amiga é ruim 
me mentiu jurando amor que não tem fim 
 
[Elomar Figueira de Melo] 
 
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32 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Avenida São João – São Paulo 
[by Dantas - 09/02/10] 
 
 
RONDA 
 
De noite eu rondo a cidade 
A te procurar sem encontrar 
No meio de olhares espio 
Em todos os bares você não está 
Volto pra casa abatido 
Desencantado da vida 
O sonho alegria me dá 
Nele você está 
Ah, se eu tivesse quem bem me quisesse 
Esse alguém me diria 
Desiste dessa busca inútil 
Eu não desistia 
Porém com perfeita paciência 
Volto a te buscar, hei de encontrar 
Bebendo com outras mulheres 
Rolando dadinhos, jogando bilhar 
E nesse dia então 
Vai dar na primeira edição: 
Cena de sangue num bar da Avenida São João 
 
 
 
[Cláudia Moreno / Paulo Vanzolinni] 
 
 
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33 
VI – ARTISTAS MEDIEVAIS 
 
 
 Os textos poéticos da época trovadoresca eram 
acompanhados por música, e normalmente cantados em 
coro. Nessa época os artistas eram classificados, de 
acordo com a posição social: 
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a) Trovadores - eram poetas, em geral nobres, que faziam poesias, simplesmente por 
amor. 
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b) Jograis- eram recitadores, cantores e músicos que perambulavam pelas feiras, 
castelos e aldeias. 
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............................................................................................c) Segréis- profissionais que faziam poesias como meio de vida. 
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d) Menestréis - músicos agregados a uma corte. 
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e) Soldadeiras ou jogralesas - moças que dançavam, cantavam e tocavam castanholas ou 
pandeiros. 
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34 
VII – OS CANCIONEIROS 
 
 
 A produção literária da época trovadoresca, entre 
1250 e 1350, chegou até os nossos dias através dos 
Cancioneiros – coletâneas de cantigas ou canções de 
variados tipos de poemas, com participação de vários 
autores. 
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Os Cancioneiros mais importantes são: 
 
- o Cancioneiro da Ajuda – compilado provavelmente no reinado de Afonso III, ou seja, em 
fins do século XIII e princípios do século XIV. Reúne 310 cantigas, no geral de amor. 
Encontra-se hoje, na Biblioteca do Palácio da Ajuda, em Lisboa. 
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- o Cancioneiro da Biblioteca Nacional – compilado provavelmente em fins do século XV e 
princípios do XVI. É o mais completo dos cancioneiros, com 1647 cantigas. 
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- o Cancioneiro da Vaticana – compilado em fins do século XV e inícios do XVI, com 1205 
cantigas. Nesse cancioneiro encontram-se as composições do rei Dom Dinis, o mais 
notável trovador medieval. 
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35 
VIII – POETAS DA PRIMERA ÉPOCA MEDIEVAL 
 
 
 Dom Dinis (1261-1325). Rei de Portugal entre 1279 e 
1325, D. Denis foi o mais fecundo dos travadores em 
galego-português. Deixou 138 composições, sendo 76 
d`amor, 52 d`amigo e 10 de maldizer. Fundou, em 1290, a 
Universidade portuguesa. 
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 Pai Soares de Taveirós - Trovador de origem galega (Da Galiza), da primeira metade 
do século XIII, de família nobre. É considerado o autor da mais antiga composição poética 
em Língua Portuguesa: «Cantiga da Guarvaia» ou «Cantiga da Ribeirinha». 
Provavelmente escrita em 1189 ou 1198. 
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 João Garcia de Guilhade – Trovador do século XIII, provavelmente de naturalidade 
galega. É dos trovadores que possuem maior produção poética compilada nos 
«Cancioneiros» (15 cantigas de amor, 21 de amigo, 15 de maldizer e 2 tenções). 
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 Pêro Garcia Burgalês – Trovador assim chamado por ser natural de Burgos. Poeta na 
corte de Afonso X (fins do século XIII). Os Cancioneiros registram grande número de 
cantigas suas (37 de amor, 2 de amigo e 14 de escárnio. Foi um dos trovadores mais 
produtivos nos três gêneros, menos fecundo e inspirado nas cantigas de amigo. 
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36 
X – A PROSA MEDIEVAL 
 
 
 Novelas de cavalaria - são histórias tipicamente 
medievais, originárias da Inglaterra ou/e de França. 
Elas derivam das canções de gesta, poemas que 
narram heróicas aventuras de cavaleiros andantes. 
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 As novelas de cavalarias são organizadas em três ciclos, de acordo com o tema 
central: 
 
- ciclo bretão ou arturiano – sobre o rei Artur e os cavaleiros da Távola Redonda. 
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- ciclo carolíngio – gira em torno de Carlos Magno e os doze pares de França. 
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- ciclo clássico – sobre temas greco-latinos. 
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37 
 No final do século XIII, foram traduzidas em Portugal três novelas, todas do ciclo 
bretão ou arturiano: História de Merlim, José de Arimatéia e A Demanda do Santo Graal, a 
mais famosa e popular. 
 
 
Demanda do Santo Graal 
 
 
 "Novela de cavalaria das mais importantes, gira 
em torno das aventuras dos cavaleiros da Távola 
Redonda, presidida pelo Rei Artur, os quais saem em 
«demanda» do Santo Vaso, isto é, o cálice em que 
José de Arimateia teria recolhido o sangue que Cristo 
derramou na Cruz. Era véspera de Pentecostes 
quando, em Camaalot, reunidos os cavaleiros para a 
ceia, surge misterioso vaso esparzindo esplêndida luz 
que a todos nutre de místico alimento. Resolvem 
empreender as aventuras que permitam reencontrá-lo 
e usufruir de sua celestial presença. A lenda, que 
remonta a origens célticas, foi inicialmente glosada 
em verso, e apresentava Perceval como o cavaleiro 
que «daria fim à demanda do Graal». Por volta de 
1220, em França, decerto por influência clerical, o 
tema é posto em novela e Galaaz, filho de Lancelote, 
substitui Perceval. A lenda, até então, pagã, é cristianizada, passando os seus símbolos 
(o Vaso, a Espada e outros) a ter valor místico. E, em lugar de aventuras muitas vezes 
carregadas de realismo, a ascese passa a dominar, como processo de experimentação 
das forças físicas e espirituais no sentido de alcançar a Eucaristia. A Demanda torna-se, 
pois, uma novela de cavalaria mística e simbólica. Fazendo dos cavaleiros, na sua 
maioria, homens voltados para o símbolo da Comunhão, propicia apenas um deles, 
Galaaz, a sua realização. O cavaleiro escolhido, cujo nome bíblico se liga a Galaad (“puro 
dos puros”; o próprio Messias), simboliza um novo Cristo, atingindo o fim almejado depois 
de penosa via crucis de aventuras que põem à prova todas as suas virtudes”. ² 
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2) COELHO, Jacinto do Prado. (Org.) Dicionário das literaturas portuguesa, brasileira e galega. 3º ed., 
Porto: Figueirinhas, 1978. p. 251 
 
 
38 
Amadis de Gaula 
 
 
 A novela de cavalaria Amadis de Gaula pertence 
também ao ciclo de bretão. Infelizmente perdeu-se o 
texto original, causando o intrigado problema. Há 
críticos que afirmam que o texto foi originalmente escrito 
em Português, mas só aparece publicado em Espanhol, 
no ano de 1508, porém sua autoria é sempre omitida. 
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“De argumento complicado, a obra narra as façanhas de Amadis, filho do rei Perión de 
Gaula. Apaixonado por Oriana, realizada todas as suas acções pelo puro amor que tem 
por ela, com quem finalmente acaba por casar. Na sua procura do ideal amado, o herói 
deverá superar gigantes, monstros, encantadores, penitências e inúmeras provas, 
inclusivamente a rejeição de Oriana.” ³ 
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• Cronicões (ou crônicas) são os primeiros documentos históricos portugueses e datados 
do século XII, XIII e XIV. Quase sempre escritos em Latim. 
 
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• Hagiografias são histórias da vida e dos milagres dos santos. 
 
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• Livros de linhagens (ou nobiliários) são relatos genealógicos das famílias nobres. O mais 
importante nobiliário de Portugal é o Livro das Linhagens, organizado por Dom Pedro de 
Barcelos, filho de Dom Dinis, por volta de 1340. 
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 (3) IÁÑEZ, Eduardo. Histórias da literatura universal – a idade média. Lisboa: Planeta, s/d. p. 256. 
 
 
39 
Filmes que se relacionam com a Idade Média: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Leituras relacionadas com a Idade Média: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
41 
ATIVIDADES 
 
01)Leia e observe com atenção a composição seguinte: 
 
 
- Ai flores, ai flores do verde pinho, 
se sabedes novas do meu amigo! 
 Ai Deus, e u é? 
 
Ai flores, ai flores do verde ramo, 
se sabedes novas do meu amado! 
 Ai Deus, e u é? 
 
Se sabedes novas do meu amigo, 
aquel que mentiu do que pôs comigo! 
 Ai Deus, e u é? 
 
 
Se sabedes novas do meu amado, 
aquel que mentiu do que mi á jurado! 
 Ai Deus, e u é? 
 
 
A composição anterior, parcialmente transcrita, pertence à lírica medieval da Península 
Ibérica. Ela tem autor conhecido, arte poética própria e características definidas do lirismo 
trovadoresco, podendo-se ainda descobrir o nome pelo qual composições idênticas são 
conhecidas. 
 
[A] O autor é Paio Soares de Taveirós. Destacam-se o paralelismo das estrofes, a 
alternância vocálica e o refrão. O Poeta pergunta pelo seu amigo. 
 
[B] O autor é Nuno Fernandes Torneol. Destaca-se o refrão como interpelação à natureza. 
Trata-se duma cantiga de amigo. 
 
[C] O autor é El-rei D. Dinis, Destacam-se o paralelismo das estrofes, a alternância 
vocálica e o refrão. O poeta canta na voz duma mulher e pergunta pelo amado, porque é 
uma cantiga de amigo. 
 
[D] O autor é Fernando Pessoa. Destaca-se a alternância vocálica. Trata-se da teoria do 
fingimento, que já existia no lirismo medieval. 
 
[E] O autor é Martim Codax. Destaca-se o ambiente campestre. O poeta espera que os 
pinheiros respondam à sua pergunta. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
42 
02) Análise duma cantiga satírica:[p.34] 
 
Ai, dona fea! Foste-vos queixar 
que vos nunca louv'en meu trobar; 
mas ora quero fazer um cantar 
en que vos loarei toda via; 
e vedes como vos quero loar: 
dona fea, velha e sandia! 
 
[...] 
 
 
 
 
 
 
A)Estamos perante uma cantiga satírica. Quem é satirizado? Em que consiste essa 
sátira? 
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B)Em que tipo de cantigas enquadra essa cantiga? Justifique a sua resposta. 
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C)Descreva a estrutura formal do poema. 
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43 
03)Análise duma cantiga lírica: [p. 28] 
 
 
Pois nossas madres van a San Simon 
de Val de Prados candeas queimar, 
nós, as meninhas, punhemos d’andar 
con nossas madres, e elas enton 
queimen candeas por nós e por si 
e nós, meninhas, bailaremos i. 
 
[...] 
 
 
 
 
 
A)Faça um levantamento dos aspectos fônicos dessa cantiga(coplas, metro, rima, 
musicalidade). Relacione esses aspectos fônicos com a expressão da mensagem. 
 
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44 
B)Faça um estudo da linguagem e estilo do texto a nível morfo-sintáctico e a nível 
semântico. 
 
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45 
C)Quais são os verdadeiros objectivos que incitam

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