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1 D A S S O C I E D A D E S Art. 981. Celebram contrato de sociedade as pessoas que reciprocamente se obrigam a contribuir, com bens ou serviços, para o exercício de atividade econômica e a partilha, entre si, dos resultados. Parágrafo único. A atividade pode restringir-se à realização de um ou mais negócios determinados. As pessoas jurídicas no direito brasileiro podem ser (art. 40): a) De direito público interno – são a União, Estados, DF, Municípios, as autarquias e demais entidades de caráter público criadas pela lei, como as fundações públicas (art. 41 CC). b) De direito público externo – são os Estados estrangeiros e todas as que forem regidas pelo direito internacional público, como a ONU, OEA, etc (art. 42 CC). c) De direito privado - São as associações, sociedade, EIRELI, fundações, as organizações religiosas e os partidos políticos (art. 44 CC) As fundações, que constituem uma universitas rerum, ou seja, uma reunião de bens voltados a fins religiosos, morais, culturais e de assistência (art. 62), podendo ser públicas ou privadas. De outro lado, as associações e sociedades caracterizam-se como universitas personarum, na medida em que são composta pela união de pessoas. Enquanto as associações visam a finalidade culturais, educacionais, científicas, desportivas, etc., tendo como principal característica a ausência de fim econômico (art. 53) - Exemplos: APAE,UNE, Associação de Pais e Mestres, etc. , as sociedades constituem-se sempre buscando o lucro. Marcelo Bertoldi conceitua sociedade como a organização econômica dotada de personalidade e patrimônio próprio, constituída ordinariamente por mais de uma pessoa, que tem como objetivo a produção ou a troca de bens ou serviços. 2 NATUREZA JURÍDICA DO ATO CONSTITUTIVO DA SOCIEDADE EMPRESÁRIA – As sociedades empresárias são constituídas através de um instrumento chamado contrato social ou estatuto. Através deste documento, os sócios organizam as regras básicas de funcionamento da sociedade, tais como o montante do capital social e a contribuição devida para cada um dos sócios, a forma de administração da sociedade, objeto social, prazo de duração, etc. No entanto, tendo em vista suas características peculiares, os comercialistas produziram uma rica discussão a respeito da natureza jurídica do ato constitutivo da sociedade. Tais opiniões podem ser reunidas em dois grupos: a) teoria anticontratualista – Em decorrência de amoldar o ato constitutivo da sociedade às características tradicionais dos contratos, surgiram aqueles que defendiam que o ato através do qual surgia a sociedade não poderia ser considerado contrato. Para esses autores (Gierke, Duguit, Rocco e Messineo) trata-se de um ato complexo ou coletivo, no qual várias vontades se ligam formando uma só vontade, ou então um ato complexo, pelo fato de todas as vontades se fundirem numa só vontade unitária. Para os defensores desta corrente, o contrato tem como característica básica a bilateralidade, precedido do embate e do antagonismo das vontades das partes contratantes, as quais, por meio do contrato, acabam por encontrar uma forma de harmonizar seus interesses. Tomando-se como exemplo o contrato de compra e venda, verificamos que o devedor sempre procura pagar o mínimo possível e em condições mais favoráveis, enquanto o credor, em detrimento do comprador, procura sempre as condições mais propícias para receber seu crédito. É deste embate que surge o contrato tradicional, em que as partes fazem concessões mútuas e acordam a forma pela qual se deve dar o relacionamento jurídico. b) teoria contratualista – atualmente, no entanto, prepondera entre os doutrinadores o entendimento segundo o qual a sociedade advém de um ato constitutivo de natureza eminentemente contratual. Alguns continuam a classificar as sociedades como provenientes de contratos bilaterais, na medida em que podemos identificar a contraposição de ideais de vontades dentro da sociedade, tanto que não é incomum a existência de litígios envolvendo os sócios, a demonstrar que, assim como qualquer 3 outra espécie de contrato, o ato constitutivo da sociedade se presta a regular interesses vezes antagônicos. No entanto, foi na Itália, pelos estudos de Tullio Ascarelli, que se desenvolveu a teoria que hoje é a adotada pela maioria dos estudiosos – a teoria do contrato plurilateral. Essa teoria defende a idéia segundo a qual o ato constitutivo da sociedade é efetivamente um contrato, só que um contrato plurilateral, na medida em que na sociedade é possível haver mais de duas partes, as quais não podem simplesmente ser agrupadas em dois pólos, como ocorre com os contratos bilaterais. Nesse caso, as partes são detentoras de direitos e obrigações em relação a todos os outros sócios e também em relação à própria sociedade, tendo todos um objetivo comum. Diferente do contrato bilateral, no qual uma parte está em antagonismo com a outra, no contrato plurilateral todas as partes estão, lado a lado, objetivando um fim comum, o lucro. Art. 982. Salvo as exceções expressas, considera-se empresária a sociedade que tem por objeto o exercício de atividade própria de empresário sujeito a registro (art. 967); e, simples, as demais. Parágrafo único. Independentemente de seu objeto, considera-se empresária a sociedade por ações; e, simples, a cooperativa. As sociedades, como pessoa jurídica de direito privado, podem ser simples, porque seguem atividade civil, ou empresária, porque tem objeto social o desenvolvimento de atividade típica de empresário, ou seja, exercem profissionalmente atividade econômica organizada voltada a produção ou circulação de bens ou serviços (arts. 966 e 982). A diferença entre sociedade simples e empresária esta no modo de exploração de seu objeto social. Se essa exploração for feita com organização profissional dos fatores de produção, será empresária. Se feita sem organização profissional desses fatores, será simples. Da mesma forma se desenvolver, por exemplo, atividade de natureza artística, científica ou intelectual, tal como mencionado no artigo 966, parágrafo único, da lei civil. SOCIEDADE EMPRESÁRIA SOCIEDADE SIMPLES 4 É aquela que tem por finalidade exercer atividade empresarial, isto é, voltada para a produção e circulação de bens e serviços, e sujeita a registro na junta comercial (art. 966 CC). É aquela que tem por objeto o exercício de atividade relacionada a profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística (art. 966, parágrafo único CC), desde que o exercício da profissão, em si, não esteja a constituir elemento de empresa, ou de outras atividade tipicamente não empresárias, tal como ocorre, p. ex., no âmbito das sociedades cooperativas. É aquela que tem por objeto o exercício de atividade própria de empresário sujeito a registro. É aquela constituída para o exercício de atividades que nãoo sejam estritamente empresarias, como ocorre nos casos das atividades rurais, educacionais, médicas ou hospitalares; de exercício de profissões liberais nas áreas de engenharia, arquitetura, ciências contábeis, consultoria, auditoria, pesquisa científica, artes, esportes e serviços sociais. A sociedade anônima sempre foi considerada a mais típica das sociedades mercantis, daí porque passa a ser classificada como sociedade empresária, independentemente de seu objeto. A sociedade cooperativa, também, independentemente de seu objeto, sempre será considerada simples. O Código Civil estabelece, em seu artigo 982, que “salvo as exceções expressas,considera-se empresária a sociedade que tem por objeto o exercício de atividade própria de empresário sujeito a registro (art. 967); e simples, as demais”. Isso mostra que, em regra, o que define uma sociedade como empresária ou simples é o seu objeto social : se este for explorado com empresarialidade (profissionalismo e organização dos fatores de produção), a sociedade será empresária; ausente a empresarialidade, ter-se-á uma sociedade simples. Há apenas duas exceções a essa regra, previstas no parágrafo único do artigo 982, o qual prevê que 5 “independente de seu objeto, considera-se empresária a sociedade por ações; e simples, a cooperativa”. Assim, a sociedade anônima, por exemplo, é sempre uma sociedade empresária, ainda que não tenha por objeto o exercício de empresa; e a sociedade cooperativa é sempre uma sociedade simples, ainda que tenha por objeto o exercício de empresa. Exemplo de sociedade simples, pois, são as chamadas sociedades uniprofissionais. Trata-se de sociedades formadas por profissionais intelectuais cujo objeto social é a exploração da respectiva profissão intelectual de seus sócios. Elas são, em regra, sociedades simples porque nelas faltará, não raro, requisito da organização dos fatores de produção, da mesma forma que ocorre com os profissionais intelectuais que exercem individualmente suas atividades. Art. 983. A sociedade empresária deve constituir-se segundo um dos tipos regulados nos arts. 1.039 a 1.092; a sociedade simples pode constituir-se de conformidade com um desses tipos, e, não o fazendo, subordina-se às normas que lhe são próprias. Parágrafo único. Ressalvam-se as disposições concernentes à sociedade em conta de participação e à cooperativa, bem como as constantes de leis especiais que, para o exercício de certas atividades, imponham a constituição da sociedade segundo determinado tipo. O Código Civil de 2002 substituiu as denominações das sociedades. As antigas sociedades civis são as atuais sociedades simples, e as antigas sociedades comerciais são as novas sociedades empresárias. Antes, a diferença entre elas repousava no objeto social desenvolvido. Hoje, o que se considera é a efetiva atividade exercida, isto é, se é ou não profissionalmente organizada. Em outras palavras, o que importa hoje é se há ou não atividade empresarial. Cumpre novamente frisar que existem duas exceções a esta regra. As sociedades por ações,, independentemente de seu objeto, são sempre empresárias, e as cooperativas são sempre sociedade simples (artigo 982, parágrafo único). As sociedades empresárias podem adotar um dos seguintes tipos: 1. sociedade em nome coletivo – N/C 6 2. sociedade em comandita simples – C/S 3. sociedade limitada – Ltda 4. Sociedade anônima – S.A 5. Sociedade em comandita por ações – C/A As três primeiras estão plenamente tratadas no Código Civil. As sociedades anônimas estão disciplinadas na Lei 6.404/76; e as sociedades em comandita por ações regem-se pelas normas relativas às sociedades anônimas, com algumas regras impostas pelo Código Civil (artigos 1.090 às 1.092). Somente será admitida a constituição de sociedade empresária de acordo com uma das cinco espécies descritas acima. O rol é taxativo (art. 983, 1ª parte). As partes interessadas em formar uma sociedade empresária não poderão adotar outra espécie de figura societária. A sociedade simples pode ou não adotar um daqueles cinco modelos societários. Se não o fizer, se regerá pelas regras previstas nos artigos 997 à 1.038 CC. Se adotar uma das cinco formas, se regerá pelas regras atinentes ao modelo societário escolhido no que tange, por exemplo, a responsabilidade dos sócios, forma de deliberação, etc., mas não será efetivamente uma sociedade empresária por não desenvolver profissionalmente os fatores de produção. Sociedades Dependentes de autorização A nossa Constituição Federal consagrou em nosso ordenamento jurídico o regime capitalista de mercado, estabelecendo expressamente os primados da livre-iniciativa (art. 170, parágrafo único) e da livre concorrência (artigo 170, inciso IV). Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios: I - soberania nacional; II - propriedade privada; III - função social da propriedade; IV - livre concorrência; V - defesa do consumidor; VI - defesa do meio ambiente; VI - defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado conforme o impacto ambiental dos produtos e serviços e de seus processos de elaboração e prestação; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003) VII - redução das desigualdades regionais e sociais; 7 VIII - busca do pleno emprego; IX - tratamento favorecido para as empresas brasileiras de capital nacional de pequeno porte. IX - tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sua sede e administração no País. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 6, de 1995) Parágrafo único. É assegurado a todos o livre exercício de qualquer atividade econômica, independentemente de autorização de órgãos públicos, salvo nos casos previstos em lei. Entretanto, existem atividades, cujo exercício possui indiscutível interesse, que dependem de autorização governamental e se submetem a forte controle e fiscalização por parte do poder público. São os casos, por exemplo, das atividades financeiras, de seguro, relacionados a saúde e à educação etc. O próprio dispositivo constitucional que assegura a livre-iniciativa, ressalva que a lei poderá estabelecer casos específicos em que o exercício de atividade econômica dependerá de autorização previa dos órgãos públicos. Nesse sentido, o CC disciplinou em seus artigos 1123 à 1141, o tratamento jurídico conferido às sociedades dependentes de autorização, deixando claro que essa matéria é de competência do Poder Executivo Federal (artigo 1.123, parágrafo único). Art. 1.123. A sociedade que dependa de autorização do Poder Executivo para funcionar reger-se-á por este título, sem prejuízo do disposto em lei especial. Parágrafo único. A competência para a autorização será sempre do Poder Executivo federal. Art. 1.124. Na falta de prazo estipulado em lei ou em ato do poder público, será considerada caduca a autorização se a sociedade não entrar em funcionamento nos doze meses seguintes à respectiva publicação. Art. 1.125. Ao Poder Executivo é facultado, a qualquer tempo, cassar a autorização concedida a sociedade nacional ou estrangeira que infringir disposição de ordem pública ou praticar atos contrários aos fins declarados no seu estatuto. Sociedade Nacional Ao contrário do que se pode pensar, o critério para definição da nacionalidade de uma sociedade adotado pelo direito brasileiro não é o da nacionalidade dos sócios e nem a origem do seu capital social. De acordo com o artigo 1.126 do CC. No entanto, se esta sociedade mudar de nacionalidade, será necessário o consentimento unânime dos seus sócios (artigo 1.127 CC) 8 Art. 1.126. É nacional a sociedade organizada de conformidade com a lei brasileira e que tenha no País a sede de sua administração. Parágrafo único. Quando a lei exigir que todos ou alguns sócios sejam brasileiros, as ações da sociedade anônima revestirão, no silêncio da lei, a forma nominativa. Qualquer que seja o tipo da sociedade, na sua sede ficará arquivada cópia autêntica do documento comprobatório da nacionalidade dos sócios. Art.1.127. Não haverá mudança de nacionalidade de sociedade brasileira sem o consentimento unânime dos sócios ou acionistas. Art. 1.128. O requerimento de autorização de sociedade nacional deve ser acompanhado de cópia do contrato, assinada por todos os sócios, ou, tratando-se de sociedade anônima, de cópia, autenticada pelos fundadores, dos documentos exigidos pela lei especial. Parágrafo único. Se a sociedade tiver sido constituída por escritura pública, bastará juntar-se ao requerimento a respectiva certidão. Art. 1.129. Ao Poder Executivo é facultado exigir que se procedam a alterações ou aditamento no contrato ou no estatuto, devendo os sócios, ou, tratando-se de sociedade anônima, os fundadores, cumprir as formalidades legais para revisão dos atos constitutivos, e juntar ao processo prova regular. Art. 1.130. Ao Poder Executivo é facultado recusar a autorização, se a sociedade não atender às condições econômicas, financeiras ou jurídicas especificadas em lei. Art. 1.131. Expedido o decreto de autorização, cumprirá à sociedade publicar os atos referidos nos arts. 1.128 e 1.129, em trinta dias, no órgão oficial da União, cujo exemplar representará prova para inscrição, no registro próprio, dos atos constitutivos da sociedade. Parágrafo único. A sociedade promoverá, também no órgão oficial da União e no prazo de trinta dias, a publicação do termo de inscrição. Art. 1.132. As sociedades anônimas nacionais, que dependam de autorização do Poder Executivo para funcionar, não se constituirão sem obtê-la, quando seus fundadores pretenderem recorrer a subscrição pública para a formação do capital. § 1o Os fundadores deverão juntar ao requerimento cópias autênticas do projeto do estatuto e do prospecto. § 2o Obtida a autorização e constituída a sociedade, proceder-se-á à inscrição dos seus atos constitutivos. Art. 1.133. Dependem de aprovação as modificações do contrato ou do estatuto de sociedade sujeita a autorização do Poder Executivo, salvo se decorrerem de aumento do capital social, em virtude de utilização de reservas ou reavaliação do ativo. Sociedade Estrangeira Se a sociedade não preenche os requisitos mencionados no artigo 1.126 do código Civil – sede no Brasil e organização de conformidade com as leis brasileiras – será considerada uma sociedade estrangeira, necessitando, pois, de autorização governamental para entrar em funcionamento no nosso País. Poderá ser, todavia, acionista de sociedade anônima brasileira, sem que para tanto precise de autorização (artigo 1.134 CC). Depois de autorizada, deve a sociedade proceder ao respectivo registro na Junta Comercial do Estado em que vá desenvolver suas atividades, antes do que não poderá iniciá- las (art. 1.136 CC). Cumpridas as formalidades do registro e iniciadas as atividades, ela se submete aas leis e aos tribunais brasileiros, quanto aos atos e operações praticados no território nacional (art. 1.137 CC). Para tanto, deverá funcionar com o nome que tiver em seu país de origem, podendo acrescentar as palavras “do Brasil” ou “para o Brasil” (art. 1.137, parágrafo único). Também, está obrigada a manter um representante permanentemente no Brasil, com poderes para resolver quaisquer questões e receber citação judicial pela sociedade (art. 1,138 CC). A sociedade estrangeira autorizada a funcionar no Brasil pode obter autorização do Poder Executivo Federal para nacionalizar-se, transferindo sua sede para o nosso país (art. 1,141 CC). Art. 1.134. A sociedade estrangeira, qualquer que seja o seu objeto, não pode, sem autorização do Poder Executivo, funcionar no País, ainda que por estabelecimentos subordinados, podendo, todavia, ressalvados os casos expressos em lei, ser acionista de sociedade anônima brasileira. 9 § 1o Ao requerimento de autorização devem juntar-se: I - prova de se achar a sociedade constituída conforme a lei de seu país; II - inteiro teor do contrato ou do estatuto; III - relação dos membros de todos os órgãos da administração da sociedade, com nome, nacionalidade, profissão, domicílio e, salvo quanto a ações ao portador, o valor da participação de cada um no capital da sociedade; IV - cópia do ato que autorizou o funcionamento no Brasil e fixou o capital destinado às operações no território nacional; V - prova de nomeação do representante no Brasil, com poderes expressos para aceitar as condições exigidas para a autorização; VI - último balanço. § 2o Os documentos serão autenticados, de conformidade com a lei nacional da sociedade requerente, legalizados no consulado brasileiro da respectiva sede e acompanhados de tradução em vernáculo. Art. 1.135. É facultado ao Poder Executivo, para conceder a autorização, estabelecer condições convenientes à defesa dos interesses nacionais. Parágrafo único. Aceitas as condições, expedirá o Poder Executivo decreto de autorização, do qual constará o montante de capital destinado às operações no País, cabendo à sociedade promover a publicação dos atos referidos no art. 1.131 e no § 1o do art. 1.134. Art. 1.136. A sociedade autorizada não pode iniciar sua atividade antes de inscrita no registro próprio do lugar em que se deva estabelecer. § 1o O requerimento de inscrição será instruído com exemplar da publicação exigida no parágrafo único do artigo antecedente, acompanhado de documento do depósito em dinheiro, em estabelecimento bancário oficial, do capital ali mencionado. § 2o Arquivados esses documentos, a inscrição será feita por termo em livro especial para as sociedades estrangeiras, com número de ordem contínuo para todas as sociedades inscritas; no termo constarão: I - nome, objeto, duração e sede da sociedade no estrangeiro; II - lugar da sucursal, filial ou agência, no País; III - data e número do decreto de autorização; IV - capital destinado às operações no País; V - individuação do seu representante permanente. § 3o Inscrita a sociedade, promover-se-á a publicação determinada no parágrafo único do art. 1.131. Art. 1.137. A sociedade estrangeira autorizada a funcionar ficará sujeita às leis e aos tribunais brasileiros, quanto aos atos ou operações praticados no Brasil. Parágrafo único. A sociedade estrangeira funcionará no território nacional com o nome que tiver em seu país de origem, podendo acrescentar as palavras "do Brasil" ou "para o Brasil". Art. 1.138. A sociedade estrangeira autorizada a funcionar é obrigada a ter, permanentemente, representante no Brasil, com poderes para resolver quaisquer questões e receber citação judicial pela sociedade. Parágrafo único. O representante somente pode agir perante terceiros depois de arquivado e averbado o instrumento de sua nomeação. Art. 1.139. Qualquer modificação no contrato ou no estatuto dependerá da aprovação do Poder Executivo, para produzir efeitos no território nacional. Art. 1.140. A sociedade estrangeira deve, sob pena de lhe ser cassada a autorização, reproduzir no órgão oficial da União, e do Estado, se for o caso, as publicações que, segundo a sua lei nacional, seja obrigada a fazer relativamente ao balanço patrimonial e ao de resultado econômico, bem como aos atos de sua administração. Parágrafo único. Sob pena, também, de lhe ser cassada a autorização, a sociedade estrangeira deverá publicar o balanço patrimonial e o de resultado econômico das sucursais, filiais ou agências existentes no País. Art. 1.141. Mediante autorização do Poder Executivo, a sociedade estrangeira admitida a funcionar no País pode nacionalizar-se, transferindo sua sede para o Brasil. § 1o Para o fim previsto neste artigo, deverá a sociedade, por seus representantes, oferecer, com o requerimento, os documentos exigidos no art. 1.134, e aindaa prova da realização do capital, pela forma declarada no contrato, ou no estatuto, e do ato em que foi deliberada a nacionalização. § 2o O Poder Executivo poderá impor as condições que julgar convenientes à defesa dos interesses nacionais. § 3o Aceitas as condições pelo representante, proceder-se-á, após a expedição do decreto de autorização, à inscrição da sociedade e publicação do respectivo termo. 10 CLASSIFICAÇÃO DAS SOCIEDADES As sociedades podem ter ou não personalidade jurídica, sendo classificadas como: Quanto a personificação As sociedades por este critério podem ser da seguinte forma: sociedades personificadas e sociedades não personificadas. OBS: Essa classificação leva em conta essencialmente o fato de as sociedades terem ou não os seus atos constitutivos registrados no órgão responsável. As sociedades personificadas, são aquelas que possuem seus atos constitutivos escritos e inscritos no registro competente, possuindo, portanto, personalidade jurídica. Já as sociedades não personificadas são aquelas que não tem registradas os seus atos constitutivos, não tendo personalidade jurídica e recaindo ao sócios a solidariedade e a responsabilização ilimitada pelas obrigações sociais. O Código Civil de 2002, atribui o seguinte nome às sociedades não personificadas: Sociedade em Comum e Sociedade em Conta de Participação. Assim, enquanto o ato constitutivo da sociedade não for levado ao registro, conforme preceitua o art.985 CC, se terá apenas um contrato de sociedade, o qual se regerá pelos arts. 986 ao 990 do CC, e no que for compatível, pelas normas das sociedades simples, arts.997 ao 1.038 CC, excetuando-se as sociedades por Ações em organização (Ex.Sociedade Anônima), que se disciplinará por lei especial (art.1.089 CC e Lei 6.404/76). SOCIEDADE DE FATO X SOCIEDADE IRREGULAR - Sobre a sociedade não personificada, nomeada pelo Código Civil de 2002 como Sociedade em Comum, mas também chamada de Sociedade de fato ou sociedade irregular, é mister lembrar que esta possui “sócios” para o exercício de atividade produtiva e repartir os resultados obtidos. Porém, por não terem personalidade jurídica, não poderão acionar seus membros e nem a terceiros, mas estes poderão responsabilizá-las por todos os seus atos, reconhecendo a sua existência de fato para esse efeito. 11 Outro ponto polêmico sobre as sociedades não personificadas é que alguns autores fazem distinção conceitual entre sociedade de fato e sociedade irregular. sociedade de fato é aquela que funciona sem qualquer cumprimento de solenidades legais, tais como a constituição, registro e publicidade. sociedade irregular é aquela afetada por vícios que a inquinam de nulidade, como por exemplo, uma sociedade formada por dois sócios, sendo que um vem a falecer e não há reconstituição do quadro societário no prazo legal e continua a funcionar como se nada tivesse acontecido, ou seja, tornando-se irregular. Entendo também como pertinente esta distinção, provocando diversos reflexos. Entretanto, somos obrigados à concordar que o Código Civil não tratou desta forma, não fez esta mensuração, apenas nomeou-as como Sociedade em Comum. RESUMINDO, quanto a personificação, as sociedades podem ser: a) sociedades não personificadas - As sociedades não personificadas são a sociedade em comum e a sociedade em conta de participação, e estão previstas nos arts.986 a 996 do Código Civil. São sociedades não personificadas: as sociedades em comum (art. 986 CC) e as sociedades em conta de participação (art. 991 CC). b) sociedades personificadas – Já as sociedades personificadas dividem-se em sociedade simples e sociedades empresárias. São sociedades personificadas: as sociedades simples (art. 997 CC), as cooperativas (art. 982, parágrafo único CC), e as sociedades empresárias (arts. 1039, 1052, 1045, 982, parágrafo único, CC). Existem cinco espécies de sociedades empresárias, as quais são: 1. Sociedade em Nome Coletivo (art. 1039 CC); 2. Sociedade em Comandita Simples (art. 1045 CC); 3. Sociedade Limitada (art. 1052 CC); 4. Sociedade Comandita por Ações (art. 982, parágrafo único CC) e 12 5. Sociedade Anônima (art. 982, parágrafo único CC). OBS: A sociedade Capital e Indústria foi eliminada pelo novo Código Civil. Dentre as sociedades existentes, apenas são utilizadas nos dias de hoje a Sociedade Simples, a Sociedade Limitada e a Sociedade Anônima. As demais são praticamente inexistentes, pois, envolvendo a responsabilidade ilimitada de todos ou de alguns sócios, perderam a utilidade no meio empresarial. Quanto à responsabilidade dos sócios pelas obrigações sociais Primeiramente é primordial termos o entendimento que a responsabilidade da SOCIEDADE perante a terceiros, ou seja, por suas obrigações sociais, é sempre ILIMITADA. O que estamos tratando é a responsabilidade do sócios para com estas obrigações. Em razão da personalização das sociedades empresárias, os sócios tem, pelas obrigações sociais, responsabilidade: a) Limitada - as sociedades empresárias onde os sócios tem responsabilidade limitada pelas obrigações sociais são a Sociedade Anônima e a Sociedade Limitada. Os sócios da sociedade limitada responde pelas obrigações sociais ate o total do capital social não integralizado, ou seja, ate o limite do valor do que ainda não foi integralizado no capital social da sociedade. Entende-se por capital integralizado, a quantia determinada para a sociedade que um sócio ingressante (ou hipótese em que haja aumento do capital social) se compromete a pagar com o fito de se tornar legitimado e perceber a parcela dos lucros gerados pelos negócios sociais. A medida que for pagando a parcela na subscrição, diz-se que ele esta integralizando sua participação societária. Os acionistas as sociedade anônima ou da comandita por ações com responsabilidade limitada, respondem somente por aquilo que subscreveram e ainda não integralizaram. OBS: o limite da responsabilidade subsidiaria dos sócios pode ser zero, se todo capital social já estiver integralizado, os credores não poderão alcançar o patrimônio particular de qualquer sócio com responsabilidade limitada, deverão suportar o prejuízo. 13 b) Ilimitada Já as sociedades empresárias onde os sócios tem responsabilidade ilimitada pelas obrigações sociais são a Sociedade em Nome Coletivo e a Sociedade em Comum (Soc.irregular ou de fato). c) Mista - E aquelas sociedades onde um grupo de sócios podem responder limitadamente e outro grupo responder ilimitadamente, ou seja, responsabilidade mistas, temos as, Comandita Simples, Comandita por Ações e a sociedade em conta de participação. A responsabilidade ilimitada dos sócios para com as obrigações sociais da sociedade não pressupõe que o credor pode executar diretamente o patrimônio dos sócios, esquecendo de observar o princípio da responsabilidade subsidiária, isto é, enquanto não exaurido o patrimônio social, não se pode cogitar do comprometimento do patrimônio dos sócios para a satisfação de dívida da sociedade, conforme previsto no art.1024 CC. “Art.1.024.Os bens particulares dos sócios não podem ser executados por dívidas as sociedade, senão depois de executados os bens sociais” Não existe no direito pátrio nenhuma regra geral de solidariedade entre sócios e sociedade (simples ou empresária), podendo os primeiros sempre se valerem do benefício de ordem, ou seja, pela indicação dos bens da sociedade, livres e desembaraçados, sobre os quais vão recair a execução de obrigação societária. Contudo,a relação entre os sócios é solidária, não podendo um invocar o benefício de ordem, devendo arcar com o total da dívida perante ao credor e, posteriormente, demandar, via ação regressiva, a outra parte pela quota parte da obrigação. Ou seja, a solidariedade, no direito societário brasileiro, quando existe, verifica- se entre os sócios, pela formação do capital social, e nunca entre sócio e sociedade. A única exceção à regra está na sociedade irregular ou de fato, respondendo o sócio que atue como representante legal daquela sociedade. Para este caso, a lei prevê responsabilização direta, conforme preceitua o art.990 do CC. “Art.990.Todos os sócios respondem solidária e ilimitadamente pelas 14 obrigações sociais, excluído o benefício de ordem, previsto no art.1.024, aquele que contratou pela sociedade.” Quanto à estrutura econômica Esta classificação leva em consideração o grau de dependência da sociedade em relação às qualidades subjetivas dos sócios. Assim, seguindo este critério as sociedades podem ser de pessoas ou de capital. A importância da identificação da sociedade sob esta forma é de extrema relevância no tocante à diversos eventos societários, tais como: alienação da participação societária (quotas ou ações), penhorabilidade por dívida particular do sócio, a sucessão de sócio por morte, etc. a) sociedade de pessoas - podemos defini-las como aquelas em que a realização do objeto social depende mais dos atributos pessoais dos sócios que a contribuição material que eles dão. b) sociedade de capital - é dada por aquela em que a contribuição material é mais importante que as características subjetivas dos sócios. Quantos aos tipos societários e sua classificação sob a forma de estrutura econômica, as sociedades por ações, e aí estão inclusas as Sociedades Anônimas e as Sociedades Comanditas por Ações, serão sempre de capital. Já as Sociedades em Nome Coletivo e Comanditas Simples serão sempre de pessoas. A Sociedade Limitada, sob este critério, é considerada híbrida, ou seja, tanto pode ser uma sociedade de pessoas como uma sociedade de capital, dependendo diretamente da redação/interpretação das cláusulas do seu ato constitutivo, o Contrato Social. Por exemplo, caso haja previsão expressa de alienação da cotas sem qualquer anuência dos sócios, esta será classificada como uma sociedade de capital, agora havendo necessidade de concordância dos demais sócios é tida como sociedade de pessoas. O próprio Código Civil de 2002 dá a este tipo societário, a Sociedade Limitada, 15 características de sociedade de pessoas. Este fato por ser visto por diversos artigos que assim a caracteriza, por exemplo o art.1.057 do CC. “Art.1.057. Na omissão do contrato, o sócio pode ceder sua quota, total ou parcialmente, a quem seja sócio, independentemente de audiência dos outros, ou a estranho, se não houver oposição de titulares de mais de um quarto do capital social. Parágrafo único.........” Quanto a natureza do ato conceptivo As sociedades podem nascer de um contrato ou de um estatuto social. a) Sociedade contratual – é aquela cuja constituição tem natureza contratual, ou seja, é construída conforme a vontade dos sócios. Ex. sociedade em nome coletivo, em comandita simples e limitada. b) Sociedade estatutária ou institucional – é aquela na qual os sócios não tem plena autonomia de vontade, não cabendo ampla discussões das regras que regem a sociedade. Ex. Sociedade anônima e comandita por ações. Art. 984. A sociedade que tenha por objeto o exercício de atividade própria de empresário rural e seja constituída, ou transformada, de acordo com um dos tipos de sociedade empresária, pode, com as formalidades do art. 968, requerer inscrição no Registro Público de Empresas Mercantis da sua sede, caso em que, depois de inscrita, ficará equiparada, para todos os efeitos, à sociedade empresária. Parágrafo único. Embora já constituída a sociedade segundo um daqueles tipos, o pedido de inscrição se subordinará, no que for aplicável, às normas que regem a transformação. 16 Art. 985. A sociedade adquire personalidade jurídica com a inscrição, no registro próprio e na forma da lei, dos seus atos constitutivos (arts. 45 e 1.150). A aquisição de personalidade jurídica pela sociedade, simples ou empresária, depende da inscrição de seu ato constitutivo no registro próprio. No caso da sociedade simples, no Registro Civil de Pessoas Jurídicas. No caso de sociedade empresária, no Registro Público de Empresas Mercantis. São efeitos da aquisição da personalidade jurídica: a) surgimento de uma nova pessoa, distinta de seus sócios, que exercita direitos e assume obrigações em seu nome; b) formação de um patrimônio próprio, separado do patrimônio pessoal dos sócios que a integram; c) definição de sua nacionalidade, domicilio e sede; d) aquisição de capacidade jurídica ativa e passiva.
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