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Tronco Linguístico Macro Jê

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Sobre o Tronco macro jê (Resenha)
MARTINS, ANDÉRBIO. M. S. Uma avaliação da hipótese de relações genéticas entre o guató e o tronco macro-jê. Tese (Doutorado) - Universidade de Brasília. Departamento de linguística. p. 417. 2011.
______. Revisão da família linguística Kamakã do tronco macro-jê. Dissertação (Mestrado) - Universidadede Brasília. Departamento de linguística. p. 89. 2007. 
Laura Rebecca Costa Santos [1: Graduanda em Letras pela Universidade Federal da Grande Dourados]
Partindo de estudos anteriores produzidos na proposta de troncos linguísticos, Rodrigues (1999, 2002) evidenciou já em 1970 no livro intitulado “Indios do Brasil” o tronco macro-jê como aponta Rodrigues (apud MARTINS, 2011, p. 51). Neste exemplar, como ressalta Martins (2011), Rodrigues apresenta características hipotéticas sobre as estruturas fonológicas e gramaticais de línguas das famílias que formariam um tronco, compostas por doze famílias. Seu trabalho demonstra regularidades entre as correspondências fonológicas, entre comparações lexicais, além de que seu estudo aponta para uma evidência de aproximação genética entre todas as famílias.
De acordo com Rodrigues (1999 apud MARTINS, 2007, p. 14) Madson em (1950) propôs chamar um conjunto de línguas indígenas faladas na América Latina e no Brasil de Macro-Jê, uma vez também conhecidas por Ges- Tapuya por W. Schmidt e Tapuya-Jê por Loukotka.
O termo que designa um tronco representa um determinado grupo de famílias linguísticas, que, por sua vez, são variáveis hipotéticas conforme inúmeros estudiosos. Rodrigues (2002) afirma que as primeiras observações acerca da temática foram feitas por Carl Friedrich Phillip Von Martius (1863 e 1867), o mesmo criou o termo classificatório Gez ou Crans, sílabas frequentemente encontradas em terminações de palavras da família Jê. Outra contribuição importante apresentada por Rodrigues e sequencialmente por Martins foi à de Von den Steinen, que criou um grupo Tapuya para incluir os Jê e subdividi-los em três grupos: Jê do norte e do oeste, Jê central e Jê oriental. Outra tentativa de agrupamento linguístico foi feita por Ehrenreich (1891). Ele dividiu os Jê entre primitivos, com duas ramificações e derivados, com três ramificações. Esta hipótese de agrupamento linguístico apresentada por Ehrenreich é considerada a que mais se aproxima a proposta de Rodrigues. 
Atualmente, segundo os estudos realizados por Rodrigues (2002), o tronco Macro-Jê é composto por 12 famílias: Jê (ramo I) é dividida em quatros subgrupos formado pela língua Jaikó falada no sudoeste do Piauí. Kamakã (ramo II) é uma família cujo membros estão todos mortos, Rodrigues aponta que não há falantes da língua desde a década de 1930, onde suas raízes regionais localizavam-se no sudoeste da Bahia e Norte do Espírito Santo (ES). Maxakalí (ramo III) é uma língua falada e habitam até os dias atuais na região nordeste e Minas Gerais (MG) e Norte do Espírito Santo, Krenák (ramo IV) é uma família composta por duas outras línguas, sendo Krenák e Guerén falada nas regiões nordeste de MG e nordeste do ES.
Purí (ramo V) já é uma língua extinta que é composta por três línguas, que são: Purí, Koropó e Coroado “sendo que a primeira era falada no Espírito Santo, no Rio de Janeiro, nordeste de São Paulo e sudeste de Minas Gerais, enquanto que as duas últimas eram faladas somente no Espírito Santo” (MARTINS, 2011, p. 54). ( Karirí (ramo VI), por sua vez possui quatro línguas relacionadas a família cujo todas se encontram mortas e seus falantes habitam o nordeste da Bahia e Sergipe. Yatê (ramo VII) denominan-se de Fulniô e conhecidos como Carnijó estão localizados em Pernambuco. Karajá (ramo VIII) habitantes da parte oriental de Mato Grosso (MT) e ocidental de Tocantis possuem variações dialetaiss em Karajá do Sul e do Norte, predomina-se as línguas Javaé e Xambiwá.
Ainda nas famílias, suas línguas e suas regiões o grupo Ofayé (ramo IX) é composta de apenas de uma língua ou Ofayé-Xavante, localiza-se na região oriental de Mato Grosso do Sul (MS). Boróro (ramo X) composta por quatro línguas, sendo elas: Bororó Ocidental e Oriental, Umutu e o Otúke Guató, apresenta falantes vivos que se localizam no Sul de MT. Guató (ramo XI) que e composta por uma língua falado no sudoeste de MT com alguns falantes dessa língua. Por último, a família Rikbakstá (ramo XII) possui apenas uma língua ainda viva no norte de MT.
Outros estudiosos, como Greenberg, Loukotka, Nimuendajú, Davis, Guérios e Gudshinsky consideram ainda outras línguas como pertencentes ao tronco Macro-jê. No entanto, Rodrigues não encontrou indícios suficientes que sustentem essa afirmação, porque várias línguas estão mortas ou, não são mais faladas. Desse modo, não há documentação suficiente para as análises das relações genéticas. Estas hipóteses variam de acordo com os diferentes estudos feitos acerca do tema. 
Portanto, mesmo o tronco Macro-Jê abarcando um grande número de famílias, o que se tem são mais indícios que evidências desses traços em comum das línguas indígenas. Algumas línguas ainda são faladas e suas famílias recebem os mesmos nomes, como os Maxakalí, atualmente encontrados em MG, os Bororó, atualmente em MT, os Karajá, encontrados em vários estados, como GO, MT, TO, os Ofayé, residentes em MS e o Guató, encontrados em MT, o que possibilita estudos aprofundados e maiores análises sobre essas famílias.
Conforme Rodrigues (1999), o pequeno acervo de palavras documentadas das famílias que compõem o tronco serviu para um propósito maior, que foi realizar um estudo de caráter etnográfico, ou seja, um estudo descritivo da cultura destes povos, e para a realização de um estudo com caráter lexical e fonológico entre línguas seria preciso um vocabulário mais abrangente, que não sofresse mudanças culturais.

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