Buscar

educao alimentar na escola em busca de uma vida saudvel

Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original

EDUCAÇÃO ALIMENTAR NA ESCOLA: EM BUSCA DE UMA VIDA SAUDÁVEL 
 
Débora Lima Barbosa de Albuquerque1 
Cristiane Souza de Menezes2 
 
 
RESUMO 
 
 
A educação alimentar pode contribuir para a prevenção de várias doenças. Nessa direção, 
existem ações que pretendem favorecer a promoção de hábitos alimentares saudáveis nas 
escolas, como o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), o Programa Saúde na 
Escola e outros. Este trabalho tem por objetivo investigar as atividades relacionadas à 
educação alimentar realizadas nas séries iniciais do ensino fundamental de uma escola da rede 
municipal de Olinda. Para alcançá-lo, realizamos uma pesquisa de abordagem qualitativa, 
com realização de observações do cotidiano escolar e entrevistas com professoras, alunos/as e 
a direção da escola. Os resultados permitiram perceber que, apesar de haver na escola 
programas e projetos que contemplam a educação alimentar e de existir, por parte das 
professoras, uma preocupação em trabalhar orientações sobre alimentação saudável, as 
mudanças nos hábitos alimentares dos/as alunos/as são tímidas. Vários fatores contribuem 
para isso, como as condições socioeconômicas das famílias dos/as alunos/as, hábitos culturais 
e as preferências alimentares dos/as discentes. 
 
 Palavras-chave: Ensino de Ciências. Educação Alimentar e Nutricional Escolar. Hábitos 
Alimentares. Promoção de Saúde. 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
 
Uma das formas de garantir uma boa saúde é através de bons hábitos alimentares. No 
entanto, vivemos em uma sociedade onde o padrão alimentar é cada vez mais inadequado, 
devido ao crescente consumo de alimentos industrializados, prejudiciais à saúde por serem 
ricos em gorduras, sais, açúcares, aditivos (BRASIL, 2003), além do crescente hábito de 
alimentação em fast-foods. 
Assim, um trabalho que contribua para a aquisição de hábitos alimentares saudáveis é 
primordial. Nesse sentido, o ambiente familiar e a escola são lugares privilegiados para que 
práticas de educação alimentar sejam realizadas (BRASIL, 2001). Toda orientação que vise à 
prevenção de algumas doenças causadas pelo mau hábito alimentar, garantindo uma vida 
saudável denomina-se educação alimentar (BOOG, 1997). 
 
1
 Aluna do Curso de Pedagogia. UFPE/CE. 
2
 Orientadora. Mestra em Educação. Professora Assistente - UFPE/CE/DMTE. 
2 
 
Segundo Valente (2002), uma prática de educação alimentar é adequada quando 
contribui para a construção de seres humanos saudáveis, conscientes de seus direitos e 
deveres e de sua responsabilidade para com o meio ambiente e com a qualidade de vida de 
seus descendentes. Ainda segundo o autor, o que garante uma alimentação saudável são as 
escolhas certas de alimentos, que possam garantir uma variedade de nutrientes para 
manutenção da saúde. Para isso, é preciso que, além da família, a escola contribua para que as 
crianças se conscientizem sobre o que é uma alimentação saudável, através da orientação e 
exemplos de condutas alimentares, já que as crianças têm como modelo de comportamento 
alimentar os adultos, principalmente pais e professores. Portanto, a educação alimentar é um 
tema que deve ser bastante abordado na família e nas escolas. 
A preocupação com a educação alimentar nas escolas vem aumentando a medida que 
cresce o número de crianças e adolescentes acima do peso no país e também casos de 
diabetes. Além disso, problemas de saúde, antes vistos apenas em adultos, como colesterol 
alto e hipertensão, agora atingem também o público infantil (CINTRA et al., 2004) sem contar 
com a desnutrição e as anemias que ainda são grandes problemas de saúde pública. Por isso é 
fundamental sempre abordar esse tema para que as crianças possam ter uma boa qualidade de 
vida, pois a saúde é um bem precioso. 
Nesse sentido, nos últimos anos, têm sido implantados nas escolas vários programas e 
projetos de educação alimentar, com o objetivo de prevenir doenças, para que no futuro as 
crianças possam ter saúde. Essas ações tanto podem gerar conhecimentos voltados para a 
conscientização de hábitos alimentares saudáveis como trazer melhor qualidade de vida, 
capacitando crianças e jovens a fazerem escolhas corretas sobre comportamentos que 
promovam a saúde do indivíduo, da família e da comunidade (DAVANÇO; TADDEI; 
GAGLIANONE, 2004). 
Assim, este trabalho tem por objetivo investigar as atividades relacionadas à educação 
alimentar desenvolvidas nas séries iniciais do ensino fundamental de uma escola da Rede 
Municipal de Olinda. Trataremos então dos seguintes objetivos específicos: identificar as 
atividades voltadas à Educação Alimentar na escola; verificar se as professoras trabalham a 
Educação Alimentar em suas aulas; identificar os hábitos alimentares dos alunos durante o 
horário escolar; descrever os conhecimentos dos alunos acerca da alimentação. 
A escolha pelo tema deve-se ao fato da importância que uma boa alimentação nos 
proporciona, pois suas consequências são diretas na saúde dos indivíduos. 
3 
 
A metodologia utilizada é de natureza qualitativa, com realização de observações e de 
entrevistas semi-estruturadas com professoras, alunos/as e a diretora de uma escola da Rede 
Municipal de Olinda (Pernambuco). 
Esta pesquisa pretende contribuir para o debate sobre a educação alimentar nas 
escolas, buscando apontar limites e possibilidades para esse trabalho. 
 
 
EDUCAÇÃO ALIMENTAR: PROGRAMAS E AÇÕES GOVERNAMENTAIS 
PREVISTAS PARA ESCOLA PÚBLICA 
 
 
Para garantir um bom funcionamento do organismo, torna-se indispensável, entre 
outras coisas, uma boa alimentação que possa suprir as necessidades nutricionais necessárias 
para manutenção da saúde, prevenindo, assim, doenças provocadas tanto pela falta de 
nutrientes quanto pelo excesso de alimentos. Sendo este um direito humano indispensável à 
construção da cidadania. 
Um dos fatores que pode colaborar para a conquista de uma alimentação de qualidade 
é a Educação Alimentar, que está associada a práticas educativas que contribuam para a 
formação de condutas alimentares satisfatórias, evitando o aparecimento de doenças como a 
desnutrição, a obesidade e suas consequências, favorecendo uma melhor qualidade de vida. 
Nesse sentido, a escola representa um lugar privilegiado para a realização desse 
trabalho de promoção da saúde por ser um local onde muitas pessoas passam grande parte do 
seu tempo (COSTA; RIBEIRO; RIBEIRO, 2001). Corroborando com essa idéia, o Ministério 
da Saúde afirma que, para que haja prevenção de doenças, é fundamental trabalhar a saúde no 
período escolar, já que esta instituição é um espaço propício e privilegiado para o 
desenvolvimento de programas de intervenção junto à população, pois sua abrangência não se 
restringe ao ensino, mas inclui também, as ações de promoção da saúde, as relações lar-
escola-comunidade, a prestação de serviços, a alimentação escolar e a promoção do ambiente 
escolar saudável (BRASIL, 2003). 
De acordo com Schmitz et al. (2008), para alcançar o desenvolvimento de estratégias 
de promoção da alimentação saudável, é necessário envolver toda a comunidade escolar, uma 
vez que, as pessoas bem informadas podem participar ativamente nas atividades de orientação 
de práticas alimentares saudáveis. Assim, Bizzo e Leder (2005) afirmam que, a educação 
nutricional propõe a construção coletiva do conhecimento através de planejamento didático 
4 
 
com integração e participação entre escola, equipe de saúde, a criança e a família, tendo como 
foco, além dos conteúdos trabalhados ao longo das aulas, as crenças, os saberes e as vivências 
das crianças, de maneira integrada, e não dissociada em práticas exclusivamente teóricas. 
Sabe-se que a formação da preferência alimentar na criança faz parte do processo de 
aprendizagem, em que ela tende a imitar
o que os outros fazem, sejam pessoas da família ou 
outras figuras de referência, incluindo os professores, diretores e outros (JOMORI; 
PROENÇA; CALVO, 2008). 
Assim, o papel do professor se torna muito importante na questão da aprendizagem 
nutricional, pois seus conhecimentos, atitudes e práticas influem decisivamente sobre os 
alunos. 
Fernandez e Silva (2008), em um estudo sobre as noções conceituais sobre os grupos 
alimentares de professores de 1ª a 4ª série, nos mostram que 96% dos sujeitos elaboraram ou 
estavam elaborando atividades com seus alunos relacionadas ao tema alimentação e saúde. 
Esses dados demonstram que os professores consideram essa temática como importante e 
buscam trabalhá-la na sala de aula, podendo, desse modo, contribuir para a formação de 
hábitos alimentares do estudante. 
Nas escolas públicas, há algum tempo, são desenvolvidas ações que buscam contribuir 
para melhorar a condição nutricional dos educando. Desde o tradicional Programa Nacional 
de Alimentação Escolar (PNAE) que, desde 1955, tem se preocupado em oferecer a merenda 
escolar, até projetos e programas mais recentes, como o Programa Saúde na Escola e o 
Programa Mais Educação, instituídos na última década. Outra importante ação foi a inclusão 
do tema alimentação nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) e na prática docente. 
Portanto, além da família, a escola é responsável por uma parcela importante na transmissão 
de todos os saberes educativo, inclusive do ponto de vista nutricional (SOUZA; FONSECA, 
2007). 
O PNAE foi implantado em 1955 com intuito assistencialista para compensar 
possíveis deficiências nutricionais dos alunos de escolas públicas, visando minimizar 
problemas de desnutrição. Nesse sentido, os documentos que regulamentaram o PNAE 
(Decretos Federais 31.106/55 e 72.034/73) estabeleciam como objetivos da Merenda Escolar 
melhorar as condições nutricionais das crianças e diminuir os índices de evasão e repetência, 
com a consequente melhoria do rendimento escolar. 
No entanto, o PNAE vem sofrendo reformulações. Assim, no presente, além de 
objetivar atender às necessidades nutricionais dos alunos durante sua permanência na escola, 
através da transferência de recursos financeiros, contribuindo para o crescimento, o 
5 
 
desenvolvimento, a aprendizagem e o rendimento escolar dos estudantes, busca também 
promover a formação de hábitos alimentares saudáveis (FNDE, 2009). 
Além disso, em 2009 o Ministério da Educação (MEC) anunciou que a alimentação 
escolar seria estendida a todos os estudantes da educação básica da rede pública, incluindo, 
assim, o Ensino Médio e a Educação de Jovens e Adultos. Desse modo, a lei Nº 11.947, de 16 
de junho de 2009 em uma de suas diretrizes, decretou a universalidade da merenda escolar a 
todos os alunos matriculados na rede pública de educação básica. 
O PNAE é financiado pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação 
(FNDE). No entanto, segundo Weis et al. (2004), mesmo existindo um financiamento público 
para o mesmo, não há garantias de que os alunos terão direito a uma alimentação escolar de 
qualidade. Afinal, não é sempre que o recurso oferecido pelo governo chega às escolas, seja 
pela deficiência de prestação de contas que interrompe o repasse do recurso ou pelo desvio de 
verbas públicas. Além disso, quando este recurso chega, podem ocorrer problemas que levam 
à má qualidade da merenda, como no caso em que os valores nutricionais dos alimentos não 
atendem às necessidades dos escolares, por não haver rigorosas técnicas de aferição da 
qualidade. 
Assim, é necessário aprofundar a discussão sobre o papel da merenda escolar dentro 
do contexto atual, e qual seria a sua real contribuição para as novas demandas apontadas na 
promoção de práticas alimentares saudáveis aos alunos atendidos pelo programa (BIZZO; 
LEDER, 2005). 
Nesse sentido, concordamos com Muniz e Carvalho (2007) quando questionam o 
papel educativo do PNAE e sugerem uma maior investigação em torno da adequação do 
cardápio aos hábitos alimentares dos estudantes e da essencialidade do Programa para reduzir 
a evasão escolar. Pois se a própria escola não oferecer uma alimentação adequada e que 
agrade ao paladar dos alunos, os objetivos de mudanças alimentares saudáveis podem não ser 
atingidos. 
Além disso, no presente, ao lado do PNAE, como já destacamos, há outros Projetos e 
Programas que, no Brasil, também incluem ações de promoção da inclusão do tema Educação 
Alimentar no cotidiano escolar, como o Programa Fome Zero, o Programa Saúde na Escola e 
o Programa Mais Educação3. 
O Programa Fome Zero (do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à 
Fome) tem como objetivo não só o acesso à alimentação, mas também a conscientização da 
 
3
 Na escola campo da pesquisa estão presentes o Programa Saúde na Escola e o Programa Mais Educação, além 
de ser atendida pelo PNAE. 
6 
 
importância que os alimentos de qualidade têm para nos proporcionar saúde. Desse modo, o 
programa oferece materiais didáticos sobre Segurança Alimentar e Nutricional para serem 
trabalhados com alunos dos primeiros anos do Ensino Fundamental. Esses materiais são 
composto de cartilhas (Cartilha de Nutrição), que servem de apoio para os professores durante 
as aulas: “O que é educação alimentar?”, “Vitaminas e Minerais” e “Proteínas e Carboidratos” 
são alguns títulos das cartilhas já distribuídas . 
A Cartilha de Nutrição, que tem como universo os Personagens do Sítio do Pica-Pau 
Amarelo, de Monteiro Lobato, trata de temas como segurança alimentar4, higiene, qualidade 
nutricional das refeições, origem e melhor aproveitamento dos alimentos e a importância da 
agricultura familiar. 
Quanto ao Programa Saúde na Escola (PSE), ele foi criado em 5 de dezembro de 2007 
pelo decreto presidencial nº 6.286 visando oferecer atenção integral de prevenção, promoção e 
atenção à saúde de crianças, adolescentes e jovens do ensino básico das escolas públicas. 
Assim, o Programa prevê entre suas atividades, a educação alimentar e nutricional, a 
avaliação clínica e psicossocial, a avaliação da saúde bucal, entre outras. Essas avaliações têm 
o objetivo de conhecer como anda o crescimento e o desenvolvimento das crianças, 
adolescentes e jovens. Estas são ações estratégicas a serem desenvolvidas pelos profissionais 
das Equipes de Saúde da Família5. 
O PSE é uma iniciativa dos Ministérios da Saúde e da Educação, por meio de 
financiamento e fornecimento de materiais e equipamentos para as escolas e equipes de saúde. 
O PSE também trabalha para integrar as redes de serviços do setor educação e do Sistema 
Único de Saúde, com o fortalecimento e sustentação da articulação entre as escolas públicas e 
as unidades de saúde da família, por meio da realização de ações dirigidas aos alunos 
(BRASIL, s.d.). 
 
4
 Segundo Hoffmann (1995, p.159), “considera-se que há segurança alimentar para uma população se todas as 
pessoas dessa população têm, permanentemente, acesso a alimentos suficientes para uma vida ativa e saudável”. 
A segurança alimentar é um termo que foi introduzido na administração pública brasileira na década de 1990 e 
segue orientações da Organização das Nações Unidas (ONU) para o combate à pobreza por meio de políticas 
alimentares. Contudo, ainda segundo Hoffman (op. cit.), dados sobre a desnutrição crônica no Brasil, registram a 
prevalência desse estado entre crianças menores de cinco anos bem como as relações entre a desnutrição, a baixa 
renda e a precariedade da infra-estrutura domiciliar em algumas regiões brasileiras indicando que grande parcela 
das famílias brasileiras ainda não tem segurança alimentar. 
5
 O Ministério da Saúde criou, em 1994, o Programa Saúde da Família (PSF). Seu principal propósito: 
reorganizar a prática da
atenção à saúde em novas bases e substituir o modelo tradicional, levando a saúde para 
mais perto da família e, com isso, melhorar a qualidade de vida dos brasileiros. A estratégia do PSF prioriza as 
ações de prevenção, promoção e recuperação da saúde das pessoas, de forma integral e contínua. O atendimento 
é prestado na unidade básica de saúde ou no domicílio, pelos profissionais (médicos, enfermeiros, auxiliares de 
enfermagem e agentes comunitários de saúde) que compõem as equipes de Saúde da Família. Assim, esses 
profissionais e a população acompanhada criam vínculos de co-responsabilidade, o que facilita a identificação e 
o atendimento aos problemas de saúde da comunidade. 
7 
 
O Programa Mais Educação (PME), foi instituído pela Portaria Interministerial n.º 
17/2007 e reintegra as ações do Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE), como uma 
estratégia do Governo Federal para induzir a ampliação da jornada escolar e a organização 
curricular, na perspectiva da Educação Integral. Trata-se da construção de uma ação 
intersetorial entre as políticas públicas educacionais e sociais, contribuindo, desse modo, tanto 
para a diminuição das desigualdades educacionais, quanto para a valorização da diversidade 
cultural brasileira (BRASIL, s.d.). 
As atividades desenvolvidas no PME incluem cultura, reforço escolar, esportes e 
saúde, aí se destacando alguns trabalhos que se preocupam em melhorar os hábitos 
alimentares dos alunos, como o Projeto Horta, que tem como objetivo intervir na cultura 
alimentar e nutricional das crianças. “A iniciativa pretende ter a horta como instrumento 
pedagógico, onde os educadores possam vislumbrar esse espaço como laboratório rico de 
possibilidades de ensino e aprendizagem para as crianças” (BRASIL, s.d.). 
Como podemos perceber, além do Ministério da Educação, outros Ministérios como o 
Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, e o Ministério da Saúde tem se 
preocupado em promover a educação alimentar nas escolas. 
 
 
METODOLOGIA 
 
 
Para Minayo (2003), a metodologia de pesquisa é o caminho do pensamento a ser 
seguido, sendo um conjunto de técnicas a ser adotado para que, a partir de então, possa ser 
construída uma leitura da realidade. Nesse sentindo, optamos por uma pesquisa de abordagem 
qualitativa. “O termo qualitativa implica uma partilha densa com pessoas, fatos e locais que 
constituem objeto de pesquisa, para extrair desse convívio os significados visíveis e latentes 
que somente são perceptíveis a uma atenção sensível” (CHIZZOTTI, 1998, p.79). 
Entendemos, assim, que esse tipo de abordagem é o que melhor atende aos objetivos 
da pesquisa que é investigar as atividades relacionadas à educação alimentar desenvolvidas 
nas séries iniciais do ensino fundamental de uma escola da rede municipal de Olinda, e aos 
seguintes objetivos específicos: identificar as atividades voltadas à Educação Alimentar na 
escola; verificar se as professoras trabalham a Educação Alimentar em suas aulas; identificar 
os hábitos alimentares dos alunos durante o horário escolar; descrever os conhecimentos dos 
alunos acerca da alimentação. 
8 
 
Para alcançá-los os instrumentos utilizados na coleta de dados foram a observação e a 
entrevista semi-estruturada com professoras, gestora e alunos/as. Sobre a observação, ela é 
importante para coleta de dados por permitir conseguir informações sobre determinados 
aspectos da realidade. Ela ajuda o pesquisador a “identificar e obter provas a respeito de 
objetivos sobre os quais os indivíduos não têm consciência, mas que orientam seu 
comportamento” (LAKATOS; MARCONI, 1996, p.79). A observação também obriga o 
pesquisador a ter um contato mais direto com a realidade. 
As observações foram realizadas no período de duas semanas, no turno da tarde, 
durante o intervalo escolar e também durante as aulas, com o intuito de perceber como era a 
alimentação das crianças, além de verificar se na escola havia alguma atividade dedicada à 
educação alimentar e se as professoras incluíam a temática em suas aulas. 
Quanto às entrevistas, através delas o pesquisador obtém informações ou coleta dados 
que não seriam possíveis somente através da pesquisa bibliográfica e da observação 
(HAGUETTE, 1997, p. 86). Nesse sentido, após algumas visitas, realizamos inicialmente uma 
entrevista junto à direção da escola, para saber como era organizada a merenda escolar na 
rede municipal de Olinda, desde a sua preparação até sua distribuição aos alunos, já que ela é 
produzida por uma empresa terceirizada6, chegando todos os dias em uma van. Além disso, 
obtivemos nessa entrevista algumas informações sobre os projetos e programas desenvolvidos 
na escola. 
 Em seguida, realizamos entrevistas semi-estruturadas com as professoras e alunos/as 
das séries iniciais do ensino fundamental a fim de verificar se no meio escolar as docentes 
trabalhavam a educação alimentar e, em caso positivo, se isso estava contribuindo para 
mudanças nos hábitos alimentares das crianças na escola. 
Assim, nesta pesquisa, as observações e as entrevistas se complementam. Utilizar essas 
duas técnicas juntas ajuda a obter os dados necessários para o estudo do objeto desta pesquisa, 
já que nem sempre, apenas uma é o suficiente para conseguirmos encontrar as informações 
necessárias. 
A investigação teve como campo empírico uma escola de rede municipal de Olinda 
(Pernambuco), situada no bairro de Rio Doce. A escola atende a uma clientela de baixa renda, 
 
6
 Para Giosa (1997), a terceirização é uma transferência, para terceiros, de atividades que não fazem parte da 
atividade principal da instituição; ou tendência que consiste na concentração de esforços nas atividades 
essenciais, delegando a terceiros, as complementares; ou ainda o processo de gestão pelo qual se repassam 
algumas atividades para terceiros com os quais se estabelece uma relação de parceria, ficando a instituição 
concentrada apenas em tarefas essencialmente ligadas a sua ação. 
9 
 
que mora nas proximidades da instituição. Oferece Ensino Infantil e Fundamental, incluindo a 
Educação de Jovens e Adultos (EJA). 
 A escolha dessa instituição de ensino deve-se a realização de trabalhos anteriores 
desenvolvidos durante as disciplinas de Pesquisa e Prática Pedagógica (PPPs), do curso de 
Pedagogia da UFPE, o que contribuiu para conhecer melhor e ter mais familiaridade com esse 
ambiente escolar. 
A estrutura física da escola é de porte médio, com seis salas grandes (todas com uma 
boa ventilação), dois banheiros destinados para os estudantes e um para os funcionários, uma 
biblioteca, uma sala de coordenação, uma de direção e uma para visitas. Ainda possui um 
pátio muito grande, onde existe um pequeno parque para as crianças e uma horta. 
O universo da pesquisa foi composto pela diretora da escola, por quatro professoras 
das séries iniciais do Ensino Fundamental e dez alunos/as da 3ª e 4ª séries. As professoras 
estão na faixa etária dos 33 aos 44 anos, todas do sexo feminino, casadas, com exceção de 
uma, que é divorciada. Todas têm formação do curso magistério, três com curso superior 
(duas pedagogas e uma licenciada em letras) e uma estudante de pedagogia. Elas possuem de 
sete a catorze anos de profissão. Quanto aos/as alunos/as, sete são do sexo feminino e três do 
sexo masculino, cinco estão matriculados na 3ª série e cinco estão na 4ª série, todos/as 
morando nas proximidades da escola. Para garantir a privacidade dos sujeitos, tanto 
professoras quanto alunos/as, tiveram seus nomes substituídos por nomes fictícios. 
 
 
DISCUSSÃO DOS DADOS 
 
 
Ao considerarmos a relevância da escola como espaço educativo para a constituição de 
bons hábitos alimentares, buscamos não apenas observar o dia-a-dia dessa instituição como 
também ouvir os sujeitos que lá convivem.
Assim, além de entrevistarmos professoras e 
alunos/as realizamos também uma entrevista com a diretora da escola por entendermos que 
ela poderia trazer maiores informações sobre como funcionava os projetos e programas 
identificados durante a observação e a merenda escolar. 
Durante as observações e com as informações dadas pela diretora, foi possível 
perceber que na escola há um projeto e três programas que desenvolvem algum tipo de 
atividade voltada para a educação alimentar. São eles: o Projeto Nutrir (das indústrias Nestlé), 
o Programa Saúde na Escola (Ministério da Saúde e Ministério da Educação), o Programa 
10 
 
Mais Educação (Ministério da Educação), além do Programa Nacional de Alimentação 
Escolar (PNAE). 
O Nutrir, das indústrias Nestlé, é um Projeto de iniciativa privada, lançado em 1999. 
Tem como objetivo prevenir, por meio da educação alimentar, a desnutrição e a obesidade em 
crianças e adolescentes de 5 a 14 anos, que vivem em condições socioeconômicas 
desfavoráveis. Inicialmente pensado para o combate à desnutrição, foi realinhado para 
desenvolver um trabalho de educação alimentar, a fim de colaborar também com a prevenção 
do sobrepeso e da obesidade, cuja prevalência vem aumentando no Brasil. O intuito é divulgar 
e ensinar como preparar receitas, com aproveitamento total dos alimentos, em perfeitas 
condições de higiene e com valores nutricionais que favoreçam o desenvolvimento dos 
alunos, além buscar valorizar os insumos típicos das regiões atendidas. 
Segundo a diretora, o projeto Nutrir não é voltado diretamente aos alunos, pois 
trabalha com as merendeiras, que recebem orientação de uma nutricionista da Nestlé sobre 
hábitos alimentares saudáveis e como elas podem estimular os alunos a comerem e a gostarem 
da merenda, falando sobre a importância de consumir esse alimento e os nutrientes presentes. 
No entanto, apesar de as merendeiras receberem essa orientação, pudemos perceber que esse 
trabalho não surtiu os efeitos esperados, pois em nenhum momento em que estivemos na 
escola percebemos as merendeiras aplicando essas orientações. 
 Em relação ao Programa Saúde na Escola, pelas informações recebidas da direção 
sobre as atividades realizadas, são desenvolvidas apenas palestras apresentadas por médicos e 
nutricionistas uma vez ao mês, aos sábados. As palestras voltadas para a educação alimentar, 
tem participação não apenas dos alunos/as, mas também das famílias dos estudantes. 
O Programa Saúde na Escola atua em consonância com o Programa Mais Educação 
para atender à atenção integral de crianças e adolescentes, integrando os campos da saúde e da 
educação (BRASIL, s.d.). 
Nesse sentido, uma das atividades desenvolvidas dentro do Mais Educação é o Projeto 
Horta, com o objetivo de intervir na cultura alimentar e nutricional das crianças, por meio das 
hortas escolares. “A iniciativa pretende ter a horta como instrumento pedagógico, onde os 
educadores possam vislumbrar esse espaço como laboratório rico de possibilidades de ensino 
e aprendizagem para as crianças” (BRASIL, s.d.). 
O Projeto Horta é realizado por uma professora de biologia de outra escola. Na horta, 
a professora ensina os valores nutritivos das verduras plantadas, a preparação da terra e as 
técnicas de plantação. Esse trabalho, no qual os alunos entrevistados participam, ocorrem duas 
vezes por semana nos dois turnos, manhã e tarde. 
11 
 
De acordo com a diretora da escola, depois do desenvolvimento desse trabalho os 
alunos começaram a levar para casa os alimentos que eles plantaram e colheram. Com as 
sementes, ainda segundo a diretora, alguns pais começaram a plantar alface, tomate, coentro, 
cebola, pimentão e abóbora nos quintais de suas casas. 
Assim, percebemos que, como afirma Turano (1990), o conhecimento e a ação 
participativa na produção e no consumo principalmente de hortaliças (fonte de vitaminas, sais 
minerais e fibras), podem despertar nos alunos mudanças em seu comportamento alimentar, 
possibilitando atingir também toda a família. Esse contato direto com alimentos saudáveis, 
pode contribuir para que as crianças comecem a consumir alimentos saudáveis e naturais e 
diminuam o consumo de produtos industrializados e de fast-foods. 
Nesse sentido, segundo as professoras, as crianças passaram a consumir alguns 
alimentos saudáveis como verduras e legumes plantados na horta, apesar de dificilmente 
consumirem alguma fruta no intervalo escolar. 
 Ao perguntar às professoras como elas percebem o interesse dos/as alunos/as sobre o 
tema alimentação e sobre o Projeto Horta, obtivemos as seguintes respostas: 
 
Eles se interessam na medida do possível. A maioria trouxeram as pesquisas 
que pedi sobre os nutrientes presentes nos alimentos da horta. Fizemos as 
comparações de nutrientes de todos os alimentos plantados. Percebo que as 
crianças ficam mais interessadas em pesquisar quando vão assistir às aulas 
da horta, fazendo muitas perguntas a respeito dos nutrientes presentes e a 
função de cada um. Esse projeto tem despertado muito o interesse nas 
crianças, em aprender, a medida que elas também vem consumindo esses 
alimentos plantados pois sempre comentam que comeram. Fazem muitas 
perguntas sobre a alimentação, às vezes não sei responder na hora, mas 
pesquisamos juntos, com isso aprendemos juntos. 
Professora Maria, 38 anos. 
 
A turma se mostra bastante interessada quando eu abordo temas como 
alimentação saudável, sexualidade, história. Apesar de ser inquieta, a turma 
pára e presta atenção em tudo que se fala. O Projeto horta tem sido um 
instrumento para complementar as aulas, facilitando mais o trabalho da 
alimentação com as crianças, pois aproveito e faço seminários e aulas 
expositivas sobre os nutrientes presentes desses alimentos plantados, além de 
servir como incentivo para o consumo de alimentos saudáveis, motivando 
elas a ingerir esses alimentos bastante nutritivos, que levam para comer em 
casa. 
Professora Marcela, 33 anos. 
 
Como podemos perceber, a realização do Projeto Horta aliada com o trabalho 
desenvolvido pelas professoras tem surtido alguns efeitos, já que tem despertado interesse nas 
crianças em aprender os nutrientes e a consumir os alimentos que plantaram e colheram. 
12 
 
Quanto à merenda escolar, segundo as informações da diretora, há uma empresa 
terceirizada que fornece os alimentos já preparados. Essa empresa tem uma nutricionista que 
acompanha o preparo da merenda para que esta venha balanceada, com nutrientes necessários 
para a saúde das crianças. 
Ao distribuírem a merenda, observamos que as merendeiras colocam os pratos 
espalhados no balcão da cozinha e servem grandes porções ou até a quantidade que os alunos 
pedem para colocar. Os alunos podem repetir a quantidade de vezes que quiserem, mas nem 
sempre comem toda a comida, pois depende da merenda oferecida. Quando as crianças 
gostam do cardápio nunca deixam os alimentos no prato, comem tudo, mas se a refeição não 
agradar ao seu paladar, rapidamente elas a rejeitam, deixando praticamente toda a merenda no 
prato. 
Na escola pesquisada, a merenda escolar é monitorada pela diretora que observa se os 
alunos se agradaram ou não do cardápio, caso contrário, ela comunica para a Secretaria de 
Educação, que toma as providências, mudando o cardápio para aquele mais aceito pelas 
crianças. Além disso, a secretaria também ocasionalmente telefona para a escola para saber se 
os alunos aceitaram ou não a merenda. 
Embora a merenda seja servida de modo a saciar as crianças, durante as observações 
pudemos notar que, após ela ser distribuída, os alunos lancham comidas que acreditamos 
sejam trazidas de casa, já que na escola e no seu entorno não encontramos estabelecimentos 
para a venda de guloseimas. Inclusive, segundo relato da diretora, no local nunca houve 
vendedor ambulante, embora na cantina um funcionário
venda picolés em grande quantidade. 
Os lanches trazidos de casa e consumidos pelos alunos durante o intervalo da escola 
são compostos de bebidas achocolatadas, biscoitos recheados, refrigerantes, pipocas, 
salgadinhos, suco de caixinha e iogurte. Esses lanches, em sua maioria, possuem pouco valor 
nutricional, podendo comprometer, assim, a saúde das crianças. Observamos que essas 
guloseimas geralmente eram consumidas em pequenas quantidades, servindo frequentemente 
como um complemento à merenda. 
Acreditamos que um dos possíveis motivos para as crianças trazerem guloseimas para 
a escola, apesar de consumirem a merenda, seja pelo hábito dos pais em oferecer esse tipo de 
lanche aos filhos, servindo, talvez, como uma prevenção para o caso de as crianças não 
gostarem da opção do cardápio oferecido. 
Por outro lado, em nenhum momento foi visto alunos consumirem algum tipo de fruta, 
dando mais preferência a guloseimas, embora o iogurte, o suco e o achocolatado possam ser 
considerados alimentos nutritivos, apesar de industrializados. 
13 
 
Assim, pudemos observar que as crianças frequentemente têm se alimentado de uma 
maneira inadequada durante o intervalo escolar, comendo muitos alimentos industrializados, 
apesar de a merenda ser consumida pela maioria dos alunos. Gomes (2007) encontrou 
resultados semelhantes em uma pesquisa realizada em Muriaé (MG) sobre a alimentação das 
crianças durante o período escolar. 
O consumo excessivo e frequente de alimentos industrializados pode comprometer a 
saúde na infância e na fase adulta. Muitos destes alimentos são ricos em gorduras e 
carboidratos refinados, apresentando elevado valor energético. Além disso, os hábitos 
adquiridos com o aumento do consumo de alimentos industrializados podem reduzir a 
ingestão de alimentos "in natura” (AQUINO, 2002), pois as crianças geralmente são atraídas 
pelo sabor dos alimentos, e não pelo seu valor nutritivo. 
Além disso, a criança tende a imitar os adultos, pois é um período em que sua 
personalidade está em formação. Por isso é importante que a família e a escola estabeleçam 
hábitos alimentares favoráveis à saúde, através de exemplos que permitam que elas conheçam 
novos alimentos saudáveis (MASCARENHAS; SANTOS, 2006). 
Nesse sentido, notamos que as professoras procuravam se alimentar adequadamente na 
frente dos alunos, trazendo uma fruta para ser consumida ou comendo a merenda da escola. 
No máximo compravam, de vez em quando, o picolé vendido na cantina. Muitas vezes 
durante as aulas nas quais abordavam a Educação Alimentar as docentes sempre procuravam 
apresentar exemplos de suas próprias condutas alimentares, falando como se alimentavam em 
casa de uma forma saudável e sempre abordando os perigos dos alimentos gordurosos, as 
frituras, o excesso de doces, explicando o mal que esses alimentos podem trazer para a saúde. 
Desse modo, durante as observações, o que se pôde perceber, é que há uma 
preocupação das docentes em discutir a educação alimentar com seus alunos, confirmadas nas 
entrevistas ao perguntar se a educação alimentar tem sido abordada durante suas aulas: 
 
Sim. Por eles não terem essa orientação, por trazerem biscoitos, salgadinhos. 
É importante que eles saibam se alimentarem. 
Professora Isabel, 36 anos. 
 
Sim. Como estou no primeiro mês e meio com a turma sempre procuro falar 
com eles, como eles devem se alimentar, o que faz mal, o que deve ou não 
comer. 
Professora Maria, 38 anos. 
 
Sim. Porque sempre abordo nas aulas, até mesmo pela questão de sempre 
está lembrando, revisando sempre, porque se não revisar eles acabam 
esquecendo a aula anterior. 
14 
 
Professora Ana, 44 anos. 
 
Sim. Principalmente nas aulas de ciências, porque já vem nos próprios livros 
didáticos que abordam esses conteúdos, e pela importância do tema para a 
manutenção da saúde. 
Professora Marcela, 33 anos. 
 
Embora tenhamos observado que as professoras abordavam o tema da alimentação 
com mais frequência nas aulas de ciências, como destaca a professora Marcela, notamos que, 
quando possível, elas tentavam discutir esse assunto em outras disciplinas. Um exemplo disso 
foi quando a professora da 2ª série, durante as aulas de português, ao ensinar o alfabeto, falou 
“U”de uva e aproveitou para perguntar se alguém se lembrava dos nutrientes presentes na 
fruta e qual o benefício que trazia para a saúde e o mesmo ocorria nas outras séries, pois as 
professoras frequentemente retornavam ao tema da alimentação. 
Segundo as professoras, quando têm oportunidade relembram para os alunos tudo 
aquilo que foi ensinado durante as aulas. Por exemplo, na hora da merenda as professoras 
pediam para as crianças lavarem as mãos antes de comer, perguntando se elas se lembravam 
da aula anterior sobre a importância da higiene para manipulação dos alimentos, evitando, 
assim, doenças causadas por vermes, vírus e bactérias, ou lembrando às crianças os valores 
nutricionais dos alimentos. Isso também pôde ser visto durante as observações. 
Além disso, as professoras afirmaram que são elas mesmas as responsáveis pela 
elaboração e escolha do tema das aulas sobre a alimentação, pois a direção da escola não 
intervém nesse sentido. Assim, segundo relatos das professoras, durante as aulas abordam 
como funciona a pirâmide alimentar; a importância da higiene oral e da saúde dentária; a 
importância das vitaminas; a importância de não pular refeições, sobretudo o café da manhã; a 
importância do cálcio, encontrado principalmente no iogurte, leite e queijo; destacam as 
refeições que as famílias consomem em casa; a importância da variedade dos alimentos, 
sempre lembrando que, o que precisamos é balancear os grupos alimentares, pois cada grupo 
da pirâmide alimentar apresenta nutrientes diferentes e necessários para uma boa saúde. E 
sempre lembram os malefícios que doces e guloseimas trazem para a saúde. 
Esse processo de ensino-aprendizagem é reforçado pela proposta do Ministério da 
Educação (MEC), de incorporação dos temas transversais no currículo do ensino fundamental. 
A saúde foi eleita como um tema transversal e, por essa razão, seu conjunto de conteúdos 
educativos pode ser considerado comum a todas as disciplinas. O objetivo da incorporação da 
saúde como tema transversal é melhorar a compreensão dos problemas relacionados com a 
15 
 
saúde humana, desde o enfoque preventivo até a promoção de formas de vida mais saudáveis 
(YUS, 1998). 
Quanto às estratégias de ensino utilizadas pelas docentes no trabalho de educação 
alimentar: 
 
Faço pesquisa, filmes, apresentações de cartazes, debates. Sempre tento falar 
da importância da merenda, explicando os seus valores nutricionais. 
Professora Isabel, 36 anos. 
 
A estratégia realizada com a turma, foi a elaboração de uma salada de frutas, 
aí aproveitei para explicar os valores nutritivos das frutas. 
Professora Maria, 38 anos. 
 
O método é geralmente o quadro, pesquisas das frutas sobre o seu valor 
nutricional, sobre conservação, a diferença entre uma fruta boa e estragada, 
ir à feira fazer comparações de uma fruta em bom estado de conservação ou 
não. 
Professora Ana, 44 anos. 
 
Faço aulas expositivas e seminários para apresentarem, teatro de fantoches, 
peça teatral. 
Professora Marcela, 33 anos. 
 
Quando começamos a pesquisa, as docentes informaram que as turmas já estavam 
trabalhando o tema educação alimentar. Então, não assistimos a muitas das aulas 
mencionadas, principalmente aquelas em que as professoras afirmam ter trabalhado com 
filmes, teatros, fantoches e aulas extraclasses. No momento em que iniciamos as observações 
elas usavam como estratégias de ensino aulas expositivas e discussões. 
No entanto, observamos que as professoras não resumiam seu trabalho ao quadro e 
papel, pois sempre procuram dar exemplos, fazer comparações e pesquisas com os alunos,
com exceção da professora da 2ª série em que as aulas eram mais de abordagem informativa. 
As docentes frequentemente realizavam uma aula na qual buscavam a construção coletiva de 
conhecimentos, pois os trabalhos realizados em sala de aula eram em grupos e envolviam 
atividades como pesquisas e discussões em sala de aula. 
Contudo, apesar de as professoras em suas aulas falarem sobre alimentação saudável e 
noções de higiene alimentar, de a maioria dos alunos demonstrarem interesse pelo tema e do 
sucesso do Projeto Horta, relatado tanto pelas docentes quanto pela direção da escola, 
percebemos que os alunos pouco conseguem mudar seus hábitos alimentares e, quando há 
alguma mudança, os resultados algumas vezes são passageiros. 
Isso se confirma nos seguintes relatos das professoras, sobre a percepção de mudanças 
nos hábitos alimentares das crianças. 
16 
 
 
No começo quando a gente aborda o tema, os alunos começam a mudar seus 
hábitos alimentares, trazem frutas para a escola, fala que comprou em casa, 
que está comendo. Sempre é necessário dar um reforço, falar sempre, porque 
eles acabam esquecendo e voltando a trazer guloseimas. 
Professora Marcela, 33 anos. 
 
Raramente, muito pouco, sempre peço para trazerem frutas, por exemplo, 
para fazer salada de fruta, mas não trazem. Porque eles não têm o hábito de 
comerem, vem de família, de muito tempo, devido aos costumes. Às vezes 
também pesa no bolso, são famílias pobres, e comprar biscoitos sai mais 
barato do que frutas. 
Professora Ana, 44 anos. 
 
Sim, alguns alunos apenas, e a mudança é muito pouca, as condições 
socioeconômicas, não ajudam, pois é mais fácil comprar um salgadinho, que 
custa dez centavos, do que uma fruta que custa 0,50 centavos. Às vezes as 
famílias não tem condições financeiras. 
Professora Isabel, 36 anos. 
 
 Não houve mudanças nas crianças. 
 Professora Maria, 38 anos. 
 
Fagioli e Nasser (2006) identificaram que as intervenções educativas em nutrição 
muitas vezes não conseguem alcançar os efeitos esperados. As autoras atribuem essa 
limitação ao caráter quase que exclusivamente informativo das intervenções. Assim, as 
mesmas se mostram ineficientes quando os objetivos são mudanças de comportamento. É 
nessa questão que os docentes têm que trabalhar com os alunos, não só com eles, mas também 
com toda comunidade escolar, principalmente os pais, pois são eles que também terão 
influências nos hábitos alimentares das crianças. 
Além disso, para alcançar o objetivo de promover hábitos alimentares saudáveis, 
vários fatores devem ser considerados (sociais, culturais e econômicos). Dentre estes 
aspectos, o financeiro ainda guarda o maior peso na determinação das escolhas alimentares 
dos sujeitos. Assim, mesmo entendendo a necessidade de adquirir hábitos alimentares mais 
saudáveis, às vezes conflitantes com o que impõe suas condições sociais e culturais, o sujeito 
não necessariamente readequará a sua dieta a padrões estabelecidos pelos especialistas 
médicos. Desse modo, podemos inferir que mesmo os alunos aceitando bem a merenda 
oferecida na escola e de receberem orientações sobre alimentação favorável à saúde, a renda 
insuficiente de seus pais, segundo o que foi revelado nas entrevistas pelas professoras, poderia 
justificar a permanência de hábitos alimentares pouco saudáveis. 
Assim, percebe-se que a questão da educação alimentar é algo complexo, que exige 
um trabalho de parceria de diversos profissionais (professores, nutricionistas, médicos e 
outros) oportunizando as famílias uma alimentação de qualidade a partir, por exemplo, da 
17 
 
sugestão de cardápios criativos e de baixo custo final, pois como revelado nas entrevistas, 
muitas vezes os pais dos alunos não têm uma renda que permita um consumo de alimentos 
mais saudáveis. 
Os resultados de Pesquisa de Orçamento Familiar (POF), realizado pelo Instituto 
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2002 e 2003, através de amostragem em 
domicílio em todo Brasil, com o objetivo de pesquisar o quanto o brasileiro gasta nas 
despesas alimentícias, nos revelou que mais da metade das famílias investigadas têm 
quantidades suficientes de alimentos; porém 73 % declararam ter algum grau de insatisfação 
quanto ao tipo de alimentos que consomem; pois compram o que seus rendimentos permitem 
comprar, o que nem sempre é o que satisfaz às expectativas do indivíduo e nem as 
necessidades nutricionais (IBGE, 2004). 
 Portanto, para a população de baixa renda mudar hábito alimentares, será necessário 
vencer algumas barreiras, uma delas é a questão socioeconômico. Isso não é uma tarefa fácil, 
pois os alimentos considerados saudáveis geralmente custam mais caro, pesando no bolso da 
família. Além das questões socioeconômicas também existem outros fatores, como a cultura 
alimentar que, muitas vezes, dificulta as mudanças alimentares. 
Apesar dos fatores socioeconômicos e culturais serem um dos principais 
condicionantes que dificultam mudanças de hábitos alimentares, a educação alimentar deve 
sempre fazer parte dos conteúdos curriculares trabalhados em sala de aula. Nesse processo de 
ensino-aprendizado pode ser de grande importância o espaço (ainda insuficientemente 
explorado) criado pelo PNAE para discutir, refletir e analisar a importância de uma boa 
alimentação. Além disso, o programa também poderia oferecer as três refeições diárias 
básicas para suprir as necessidades nutricionais dos alunos. Outro aspecto importante seria a 
abertura de um canal de diálogo com a comunidade para que a escola, junto com as famílias, 
possa construir alternativas de cardápios viáveis ao orçamento familiar. 
Além disso, pelos dados levantados através das entrevistas com os/as alunos/as, ao 
falarem sobre os alimentos que mais consumiam em casa e na escola, pudemos perceber que 
as refeições das crianças possuem alguns alimentos que não são saudáveis, apesar de que 
existem momentos em que elas consomem também alimentos que podemos considerar 
adequados. 
 
Em casa o alimento que mais gosto é macarronada, lasanha com muito 
queijo, carne moída e refrigerante, mas só como dia de domingo. E durante a 
semana minha mãe faz muita feijoada, arroz, feijão com bife frito. E gosto 
de comer muita fruta, de vez em quando como verdura. A minha mãe me 
obriga a comer. E na escola como salgadinho, pipoca, guaraná, todinho, 
18 
 
biscoito recheado e danone. E minha mãe faz salada de frutas para lanche. 
Só como o que trago de casa, só de vez em quando como a merenda, se eu 
gostar. 
Bruna, 9 anos, 3ª série. 
 
Em casa como uva, maçã, mamão, laranja, banana, melancia, feijão, galinha, 
carne frita, cebola, tomate, coentro, cenoura, guaraná, suco de uva de 
saquinho todos os dias. Na escola como biscoito de morango e chocolate, 
danoninho e guaraná do pequeno, tomo água e suco de cajá. 
Renata, 10 anos, 4ª série. 
 
E ao perguntarmos se os alunos realizam as três principais refeições ou se substituem 
alguma por guloseimas, obtivemos os seguintes resultados: 
 
Sim eu faço. Como pão, bolacha e leite. E só como guloseimas quando estou 
apressada para ir ao teatro. Sempre faço as três refeições. 
Bruna, 9 anos , 3ª série. 
 
De vez em quando. Sim substituo por guloseimas de vez em quando, às 
vezes por sorvete, batata frita. 
Paula, 10 anos, 3ª série. 
 
Faço as três refeições. Não, eu não troco por guloseimas. 
Renata, 9 anos, 3ª série. 
 
Às vezes eu não tomo café da manhã, às vezes acordo tarde. Mas se eu 
acordar cedo eu faço. Não substituo. 
João, 10 anos, 4ª série. 
 
Mais ou menos, porque às vezes acordo tarde, só acordo na hora do almoço 
para ir à escola. Às vezes eu substituo, mas nem sempre. 
Fátima, 10 anos, 4ª série. 
 
Essas falas coincidem com pesquisa realizada por Radaelli (2001), segundo a qual as 
crianças muitas vezes “deixam de fazer o café da manhã,
pulam algumas refeições e as 
substituem por lanches, consomem alimentos industrializados e refrescos em grande 
quantidade”. Assim, o cardápio dessas crianças deve ser observado frequentemente, para 
verificar se satisfaz as necessidades do crescimento acelerado no início da puberdade, além de 
manter um desenvolvimento adequado. Também é preciso fazer um acompanhamento 
sistemático para diagnosticar possíveis deficiências, como a de cálcio, pela redução do 
consumo de leite e seus derivados, e do ferro, que pode provocar anemia, e os riscos das 
doenças crônicas. 
Quanto à aceitação da merenda escolar, segundo os alunos: 
 
Gosto. Em vez em quando vem merenda que eu gosto, e às vezes eu não 
gosto. 
19 
 
Bruna, 9 anos, 3ª série. 
 
Gosto. Porque é gostosa e vem sopa com verdura, munguzá, biscoito com 
iogurte. 
Paula, 10 anos, 3ª série. 
 
Não. Porque é ruim, tem sopa que eu não gosto e folha de louro. Às vezes eu 
como munguzá. Na hora do recreio como Toddy, biscoito recheado, 
salgadinho e guaraná do pequeno eu trago de casa. 
Renata, 9 anos, 3ª série. 
 
Gosto. Porque é gostosa, e como todos os dias, só não gosto de papa, só o de 
morango, o de chocolate não. Gosto de biscoito com suco, sopa de galinha e 
danoninho com biscoito. 
Roberta, 10 anos, 3ª série 
 
Gosto, porque é boa. 
Davi, 10 anos, 3ª série. 
 
Mais ou menos. Odeio baião de dois, salsicha com cuscuz que vem cru; sopa 
de macarrão e arroz com galinha. 
João, 10 anos, 4ª série. 
 
Mais ou menos. Porque tem algumas comidas que não são boas. 
Fátima, 10 anos, 4ª série. 
 
Às vezes. Porque alguns alimentos têm gosto ruim. 
Camila, 10 anos, 4ª série. 
 
Gosto. Porque é deliciosa, gostosa. 
Eduardo, 11 anos, 4ª série. 
 
Às vezes. Porque às vezes vêm comidas que não gosto. 
Carla, 9 anos , 4ª série. 
 
Essas falas revelam que apesar de não haver unanimidade, a merenda é aceita por boa 
parcela de alunos, embora alguns dos alimentos apontados como mais gostosos, como 
biscoito (que no caso da escola é rosquinha de leite sem recheio, portanto menos calórico), 
bebida láctea, cachorro-quente, munguzá, sucrilho com iogurte e sucos (que pecam por serem 
artificiais), se assemelham ao lanche trazido de casa. 
Quanto aos motivos para a não aceitação da merenda, acreditamos que se assemelham 
aos encontrados por Muniz e Carvalho (2007), ao entrevistarem alunos de uma escola 
municipal de João Pessoa (Paraíba). Segundo os autores, a inadequação ao hábito alimentar 
dos alunos e o sabor foram os principais motivos referidos pelas crianças para não aceitarem a 
alimentação escolar. Para que haja essa adequação é necessário que o cardápio seja além de 
nutritivo, saboroso, familiar à cultura dos alunos e atrativo para a faixa etária escolar, caso 
contrário as refeições oferecidas dificilmente serão bem aceitas. 
20 
 
Ao experimentarmos a comida da escola pudemos constatar que, algumas delas (como 
o baião de dois, sopa, arroz com galinha e cuscuz com salsicha) são insossas, quase sem 
gosto. Talvez se apostassem na diversidade e sabor do cardápio, a aceitação da alimentação 
escolar poderia aumentar. 
Ao questionarmos as crianças sobre o que seria uma alimentação saudável, obtivemos 
as seguintes respostas: 
 
Uma boa alimentação é comer coisa saudável, em seu tempo, e não comer 
besteiras, porque pode prejudicar a saúde. 
Fátima, 10 anos, 4ª série. 
 
Comer legumes, comer bastante feijão e não comer muita batata frita. Trocar 
biscoito por uma fruta. 
Paula, 10 anos, 3ª série. 
 
Comer dois pães, comer três frutas, e comer no almoço feijão, macarrão, 
uma carne sem gordura e alface, pepino, tomate, cebola. 
João, 10 anos, 4ª série. 
 
Comer verduras. Não gosto muito, mas como. Fruta, arroz, feijão, macarrão. 
Bruna, 9 anos, 3ª série. 
 
Podemos perceber, assim, que os alunos, apesar de consumirem guloseimas, têm 
alguma noção do que seja uma alimentação saudável. 
Ao perguntar às crianças com quem elas aprenderam a identificar o que é uma boa 
alimentação, a maioria respondeu que foi com os familiares, como pais ou tios, e também com 
a professora. 
 
Aprendi com a minha mãe. 
Bruna, 9 anos, 3ª série. 
 
Aprendi com a minha mãe, a professora de ciências, a outra professora de 
ciências e com o meu tio. 
Paula, 10 anos, 3ª série. 
 
Aprendi com a professora, a minha mãe e meu pai. 
Renata, 9 anos,3 ª série. 
 
Aprendi com a minha mãe. 
Roberta, 10 anos, 3ª série. 
 
A professora que me ensinou. 
Davi, 10 anos, 3ª série. 
 
Não ninguém me ensinou. 
João, 10 anos, 4ª série. 
 
Com a minha mãe e a professora. 
21 
 
Fátima, 10 anos, 4ª série. 
 
Com a minha mãe, vendo as pessoas falando na televisão, com toda minha 
família. 
Camila, 10 anos, 4ª série. 
 
Com a minha mãe e a outra amiga da minha mãe que me ajudou a me criar. 
Carla, 9 anos 4ª série. 
 
Aprendi com a minha mãe, meu pai, na televisão, minha avó e minha tia. 
Eduardo, 11 anos, 4ª série. 
 
Percebemos que os familiares são os mais apontados como os responsáveis pela 
educação alimentar das crianças, logo em seguida as professoras e, por último, a mídia. 
Um ponto que devemos considerar está relacionado às condições socioeconômicas da 
família e sua influência na prática de bons hábitos alimentares. Durante as entrevistas 
perguntamos sobre a profissão dos pais dos alunos e pudemos constatar que os pais das 
crianças possuem empregos de baixa renda como o de empregada doméstica, faxineiras, 
borracheiro e outros. Acreditamos, então, que existe um mito quando se afirma que as 
famílias de classe menos favorecida não têm conhecimento sobre hábitos alimentares 
saudáveis, pois os dados levantados através de entrevistas com os alunos nos revelam que, 
muitas vezes, não é a suposta ignorância que impede o consumo de alimentos adequados. O 
que às vezes dificulta as mudanças no cardápio são os custos dos alimentos, como já 
apresentado. Além disso, outra dificuldade para substituir velhos hábitos alimentares por uma 
alimentação considerada saudável está ligada à cultura, pois, as nossas crenças, tabus, 
religião, entre outros aspectos, influenciam diretamente na escolha dos nossos alimentos. 
Acreditamos que os projetos e programas implantados na escola podem contribuir para 
que as famílias aprofundem os conhecimentos que já possuem sobre bons hábitos alimentares, 
colaborando para desmistificar alguns tabus ligados à alimentação que ainda possam persistir, 
sugerindo novos cardápios, etc., ajudando, assim, a manutenção de uma alimentação 
adequada para as crianças. 
Além disso, para que a educação alimentar atinja seus objetivos é necessário, ainda, 
um trabalho conjunto entre educadores e os profissionais da saúde que vise ações educativas 
que dêem conta de esclarecer qual a relação entre hábitos alimentares inadequados e certas 
doenças crônico-degenerativas, como também oferecer capacitação às mães no preparo de 
cardápios alternativos a partir do total aproveitamento de alimentos e de receitas de baixo 
custo e alto valor nutritivo e orientações quanto à higiene na manipulação dos alimentos. 
22 
 
Estas são ações possíveis de serem mediadas pela escola, na tentativa de consolidação de 
práticas alimentares saudáveis e escolhas mais conscientes. 
A família, a escola e a sociedade de modo geral têm a responsabilidade de favorecer a 
adoção de um comportamento, por parte das crianças, capaz de encontrar um equilíbrio para 
alcançar uma boa qualidade de vida através da alimentação. 
 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
 
Durante as observações e entrevistas realizadas na escola campo da pesquisa, 
constatamos que, apesar da realização do trabalho das professoras e da existência de projetos 
e programas voltados para a Educação Alimentar, as mudanças nos hábitos alimentares das 
crianças ainda
são tímidas, o que aponta para a necessidade de um trabalho contínuo e 
sistemático nessa temática, que considere também os aspectos culturais e socioeconômicos 
(este último o que mais influencia na mudança alimentar), para que se constituam mudanças 
permanentes. 
Também percebemos que não cabe apenas ao professor o ensino da educação 
alimentar, mas a toda a comunidade escolar, inclusive a família, sendo necessário um trabalho 
que envolva esses diferentes sujeitos. 
Mas, para isso, não basta apenas o oferecimento de informações. É preciso, entre 
outras coisas, que haja um maior investimento nas abordagens educativas, tornando a 
alimentação um tema realmente inserido no dia-a-dia dos alunos e que sejam construídas, 
junto com as famílias, alternativas que se adéquem a sua realidade socioeconômica, como por 
exemplo, o desenvolvimento de uma culinária saborosa e nutritiva utilizando alimentos mais 
baratos e acessíveis à população de baixa renda. Como por exemplo, receitas com a soja, que 
é um alimento muito nutritivo, rico em proteínas, podendo substituir a carne, que é mais cara. 
Como podemos perceber a partir desta pesquisa realizada numa escola de rede 
municipal de Olinda, o ensino da educação alimentar está acontecendo nas escolas públicas, 
mas ainda encontra uma série de barreiras que precisa ser vencida, para garantir uma boa 
qualidade de vida para as crianças em idade escolar. O que aponta para a necessidade de 
realização de novas pesquisas que ajudem a avaliar a qualidade deste ensino e a adequação da 
discussão acerca do tema em sala de aula. 
 
23 
 
 
REFERÊNCIAS 
 
 
AQUINO, R. de C. de; PHILIPPI, S. T. Associação do consumo infantil de alimentos 
industrializados e renda familiar na cidade de São Paulo, Brasil. Revista de Saúde 
Pública, São Paulo, v. 36, n. 6, 2002. 
 
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção 
Básica. Política nacional de alimentação e nutrição. 2 ed. Brasília: Ministério da Saúde, 
2003. 
 
BRASIL. MEC/Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação. História da Merenda 
Escolar - 1954 a 2001. Brasília: FNDE 2001. 
 
BRASIL. Ministério da saúde e Ministério da Educação. Orientações sobre o Programa 
Saúde na Escola para a elaboração dos Projetos Locais, s.d. Disponível em: 
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes.d.ec_6286_05122007.pdf. Acesso em 17 de jun. 
2010. 
 
BIZZO, M. L. G.; LEDER, L. Educação nutricional nos parâmetros curriculares 
nacionais para o ensino fundamental. Revista de Nutrição, Campinas, v. 5, n. 18, p. 661-
667, set./out. 2005. 
 
BOOG, M.C.F. Educação nutricional: passado, presente, futuro. Revista de Nutrição, 
Campinas, 10(1): 5-19, 1997. 
 
CHIZOTTI, A. Pesquisa em Ciências Humanas e Sociais. São Paulo: Cortez, 1998. 
 
CINTRA, I.P.; FISBERG, M.; MELLO, M.T.; OLIVEIRA, C.L. Obesidade e síndrome 
metabólica na infância e adolescência. Revista de Nutrição. Campinas: n17(2): p. 237-245, 
Abril.Jun.2004. 
 
COSTA, E. D. Q.; RIBEIRO, V. M. B.; RIBEIRO, E. C. D. O. Programa de alimentação 
escolar: espaço de aprendizagem e produção de conhecimento. Revista de Nutrição 
Campinas, v. 3, n. 14 p.225-229, set./dez. 2001. 
 
DAVANÇO G. M; TADDEI, J. A. A. C.; GAGLIANONE C.P. Conhecimentos, atitudes e 
práticas de professores de ciclo básico, expostos e não expostos a curso de educação 
nutricional. Revista de Nutrição 2004; 17(2): 177-84. 
 
FAGIOLI, D.; NASSER, L.A. Educação nutricional na infância e na 
adolescência:planejamento, intervenção, avaliação e dinâmicas. São Paulo: RCN, 2006. 
244p. 
 
FERNADEZ, P. M.; SILVA, D. O. E. Descrições das noções conceituais sobre os grupos 
alimentares por professores de 1ª a 4ª série: a necessidade de atualização dos conceitos. 
Ciência e Educação, v. 14, n. 3, p. 451-466, 2008. 
24 
 
 
FUNDO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO. Resolução/CD/FNDE, 
nº 38, de 16 de julho de 2009. Disponível em: http://www.fnde.gov.br/index.php/programas-
alimentacao-escolar.Acesso em 24 abr. 2010. 
. 
GIOSA, L. A. Terceirização: uma abordagem estratégica. 5. Ed. São Paulo: Pioneira, 1997 
 
GOMES, D. M. O papel da escola na formação do bom hábito alimentar. Nutrição Brasil, 
Rio de Janeiro, ano 6 , n2, 65-67, mar/ abr. 2007. 
 
HAGUETTE, T. M. F. Metodologias qualitativas na Sociologia. 5
a 
edição. Petrópolis: 
Vozes, 1997. 
 
HOFFMANN, R. Pobreza, insegurança alimentar e desnutrição no Brasil. Estudos 
Avançados, v.9 n.24, p.159-172. São Paulo: Instituto de Estudos Avançados da Universidade 
de São Paulo, maio/agosto de 1995. 
 
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA –IBGE.Comunicação 
Social: Pesquisa de Orçamento Familiar.Brasília: 2004. Disponível em : 
http://www.ibge.gov.br/home//presidencia/noticias/noticias_impressao.pp?id 
_noticias=171.Acesso em : 06 jun. 2010. 
 
JOMORI, M. M.; PROENÇA, R. P. C.; CALVO, M. C. M. Determinantes de escolha 
alimentar. Revista de Nutrição. (online). Campinas, 21(1), 2008. Disponível em: 
http://wwwscielo.br/scielo.php? script=sci_arttext&pid=S1415. Acesso em: 29 abr 2010. 
 
LAKATOS, Eva Maria & MARCONI, Marina de Andrade. Técnicas de pesquisa. 3a edição. 
São Paulo: Editora Atlas, 1996. 
 
MASCARENHAS, J.M.O.; SANTOS, J.C.; Avaliação da composição nutricional dos 
cardápios e custos da alimentação escolar da rede municipal de Conceição do 
Jacuípe/BA. Revista de Saúde Pública, Feira de Santana, n.35, p.76, 2006. 
 
MINAYO, M.C. de S. (Org.) Pesquisa social: teoria, método e criatividade. 22 ed. Rio de 
Janeiro: Vozes, 2003. 
 
MUNIZ, V. M.; CARVALHO, A. T. de. O Programa Nacional de Alimentação Escolar em 
município do estado da Paraíba. Revista de Nutrição ; 20(3): 285-296 maio-jun, 2007. 
 
RADAELLI, P. Educação nutricional para alunos do ensino fundamental: a escola 
promovendo hábitos alimentares saudáveis. Brasília: FUNSAUDE, 2001. 
 
SCHMITZ, B. D. A. S et al. A escola promovendo hábitos alimentares saudáveis: uma 
proposta metodológica de capacitação para educadores e donos de cantinas escolares. Cad. 
Saúde Pública, Rio de Janeiro, p. 312-322, 2008. 
 
SOUZA, T.; FONSECA, A. Concepções e práticas de profissionais de saúde e de 
educação da rede municipal do Rio de Janeiro sobre alimentação e saúde. In: Anais do 
IV Encontro Nacional de Pesquisa e Ensino de Ciências. Belo Horizonte: ABRAPEC, 2007. 
 
25 
 
TURANO, W. A didática na educação nutricional. In: GOUVEIA, E. Nutrição Saúde e 
Comunidade. São Paulo: Revinter, 1990. 246 p. 
 
VALENTE, F. (org.). Direito Humano à alimentação: desafios e conquistas. São Paulo: 
Cortez, 2002. 
 
WEIS, B. et al. Vamos fiscalizar a merenda escolar – de volta à luta contra a corrupção 
eleitoral. Apoio Fome Zero – Associação de Apoio às Políticas de Segurança Alimentar. São 
Paulo, jan. 2004, p. 4. 
 
YUS, R. Temas Transversais. Porto Alegre: Artes Médicas, 1998.

Teste o Premium para desbloquear

Aproveite todos os benefícios por 3 dias sem pagar! 😉
Já tem cadastro?

Outros materiais