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MANUAL DE ROTINAS INSTITUTO DE MEDICINA LEGAL LEONÍDIO RIBEIRO POLICIA CIVIL DO DISTRITO FEDERAL 2014 2 APRESENTAÇÃO Em 1957, foram efetuados em Brasília os primeiros registros de atividades médico-‐legais, sendo que os laudos de necropsia estavam restritos a meras informações sobre a idade, a causa da morte, data e local do óbito, como se vê abaixo: Registro 1. Vítima: Benedito Xavier da Silva — idade 45 anos, data do óbito: 20 de abril de 1957. Local: Acampamento do Guará. Causa Mortis: colapso cardíaco. Sepultado em: Formosa, GO. Os procedimentos legais em referência ao óbito eram efetuados em Planaltina ou em Luziânia, onde os cadáveres eram sepultados. “Até 1957, os mortos encontrados além do córrego Vicente Pires (Núcleo Bandeirante) eram levados para Luziânia (GO) e os do lado de cá (rumo ao Plano Piloto) eram levados para Planaltina uma vez que ainda não havia polícia judiciária no que seria o DF”. Em meados de 1957, findavam-‐se as obras do Hospital Craveiro Lopes, no Núcleo Bandeirante. Segundo o relato abaixo, naquela época ocorreu o primeiro caso de Traumatologia Forense, quando um motorista, ao ver o caminhão desgovernar-‐se, saltou e teve a perna esmagada, e, logo depois, amputada naquele hospital (que nem mesmo havia sido inaugurado) “por uma equipe médica improvisada, mas de alta qualidade técnica”. Em 18 de junho de 1959, o Instituto Médico-‐Legal (IML) foi criado oficialmente em Brasília. Era subordinado à Divisão de Polícia Técnica do Departamento Federal de Segurança Pública (DFSP). Já em abril de 1960, o laudo de necropsia obteve discreto aperfeiçoamento, incorporando dados de identificação, como: filiação, assinatura do médico e local de nascimento. Em novembro de 1961, o chefe de Polícia extinguiu a Divisão de Polícia Técnica e criou a Divisão de Polícia Científica, integrando no DFSP a Superintendência da Polícia Metropolitana, composta dos seguintes órgãos: Superintendência, Setor Urbano, Setor Rural, Divisão de Polícia Científica, que abrangia o Instituto de Criminalística (IC), o Instituto de Identificação (II), e o Instituto Médico-‐Legal (IML). Em 13 de março de 1962, foi extinta a Divisão de Polícia Científica e criada a Superintendência de Polícia Técnico-‐Científica. Em 18 de abril de 1962, aconteceu a inauguração da nova sede do IML, instalada no Setor Policial Sul, com uma sala de necropsia, uma câmara frigorífica com seis gavetões, recepção, sala de repouso do médico de plantão e sala do diretor. Era então superintendente da Polícia Técnica e Científica o Dr. Antônio Carlos Villanova. O chefe de Polícia do DFSP era o Tenente-‐Coronel Carlos Cairoli. Naquela ocasião, Villanova fez o seguinte discurso: 3 ... Na missão que recebemos o trabalho a executar, é ainda dos mais árduos, pois estamos ainda apenas no começo, como Brasília, que ainda não completou seus dois anos de idade e, para assegurar à Capital da República a primazia nacional e mesmo pan-americana no terreno da polícia técnica, não basta o formidável equipamento de que estaremos dotados até o fim do corrente ano. A partir de 1963, os laudos de exame começaram a apresentar um modelo próximo do atual: no cabeçalho consta a nomenclatura Instituto Médico-‐Legal do Departamento Federal de Segurança Pública do Ministério da Justiça e Negócios Interiores; os legistas passam a ser nomeados pelo diretor do IML; exige-‐se assinatura de dois legistas; desaparece a assinatura do delegado. Em setembro de 1963, já constava solicitação de exames de verificação de idade e de conjunção carnal. Em novembro de 1964, o DFSP passou por uma reorganização, e foi criada a Divisão de Polícia Técnica, subordinada à Polícia do Distrito Federal (PDF). Em junho de 1965, foi aprovado o Regulamento Geral do Departamento Federal de Segurança Pública. A Divisão de Polícia Técnica ficou composta de: - Secretaria; Instituto de Medicina Legal; Instituto de Criminalística; Instituto de Identificação; Serviço Fotográfico; Setor Escolar. O IML realizava perícias de natureza médico-‐legal requisitadas pelas autoridades policiais, judiciárias, administrativas ou órgãos do Ministério Público; e ainda desenvolvia pesquisas científicas relacionadas com a medicina legal. Era composto de: Perícia no Vivo; Perícia no Morto; Perícia de Laboratório; e Seção Administrativa. A Seção de Perícia no Vivo, chefiada por um médico-‐legista, cabia realizar perícias em lesões corporais, exames complementares, de conjunção carnal, de estupro, de atentado ao pudor, de verificação de idade, de aborto e puerpério, de embriaguez, de sanidade física e mental e de infortunística do trabalho. Além disso, realizava também exames de aptidão física para habilitação de motoristas profissionais ouamadores. A Seção de Perícia no Morto tinha a atribuição de estabelecer a causa determinante do óbito, em seu aspecto clínico. Podia também realizar embalsamamento. A Perícia de Laboratório compreendia: Seção de Toxicologia, Setor de Anatomia Patológica e Microscópica, Seção de Raios X e Setor de Fotografias. Em março de 1967, foi criada a Secretaria de Segurança Pública do DF, em cuja estrutura foi inserida o Departamento de Polícia Técnica. Em agosto desse mesmo ano, foi estabelecida a estrutura e competência básica dos órgãos que lhe eram subordinados, compreendendo: Divisão de Criminalística; Divisão de Identificação; Instituto de Medicina-‐Legal; Divisão Escolar. 4 Ainda em 1967, foi realizado o primeiro concurso público para médico-‐legista, com dez vagas, sendo que oito dos aprovados assumiram imediatamente e dois, um ano depois. Tal concurso foi um marco na história da medicina legal do Distrito Federal, por ser o primeiro; por ampliar o quadro e pela qualidade profissional dos novos legistas. Os dez candidatos aprovados no 1º concurso público para médico-‐legista foram: Edmundo Souza, Hermes Rodrigues de Alcântara, Jofran Frejat, Lúcio Afonso Campello, Márcio Baun di Domenico, Wilson Campos de Miranda, José Maria Rodrigues de Moraes, Euler Costa Vidigal, Ozerides Pedro Graziani e José Felipe dos Santos. Em 16 de dezembro de 1978, o Congresso Nacional homenageou o professor Leonídio Ribeiro ao dar o seu nome ao Instituto de Medicina Legal, que passou a ser denominado Instituto de Medicina Legal Leonídio Ribeiro (IMLLR). Tratava-‐se do emérito professor do IML do Rio de Janeiro, que veio duas vezes daquele Estado lecionar para os médicos do IML de Brasília. Em julho de 1984, foram criadas na Divisão de Perícias Médico-‐Legais a Seção de Toxicologia e Análises Clínicas e a Seção de Histologia. Em julho de 1993, foi alterado o nome da carreira de médico-‐legista para perito médico-‐legista. A partir de 2001, o IML iniciou o processo de informatização, sendo a digitação feita pela Seção de Digitação de Laudos. Em 2002, a informatização aprimorou-‐se, quando os próprios peritos médicos-‐legistas passaram a digitar seus laudos, os quais, através do sistema Millenium, que integra a Intranet da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), foram disponibilizados on-line para as delegacias após a homologação. Atualmente, o Instituto de Medicina Legal do Distrito Federal é composto por 61 peritos, em um quadro de 80. O quadro foi aumentado para 160 no ano de 2014. Eles estão distribuídos nas seguintes seções: Direção Geral, Direção do IML, Ministério Público, Policlínica, Instituto de DNA Forense, Perícia do Morto, Perícia do Vivo, Laboratório de Histopatologia e Toxicologia, Antropologia e Psiquiatria. 5 OBJETIVO Este manual tem o objetivo de ser uma contribuição à Instituição PCDF e aos destinatários finais do trabalho desenvolvido pelo IML, como fonte rápida de consulta, com informações básicas sobre: 1) estrutura e funcionamento do IML 2) sistemática das diferentes atividades desenvolvidas pelo Instituto 3) conhecimentos teórico-‐práticos que cercam as diversas perícias realizadas pelo Instituto Neste texto, apresentam-‐se alguns modelos de laudos que podem subsidiar o trabalho dos peritos em perícias menos usuais ou mais específicas e sugestões de procedimentos a serem adotados em casos mais comuns, amparados pela literatura médica e pelas capacidades técnicas atuais do Instituto. Por tudo isso, espera-‐se que este trabalho facilite o entendimento das atividades periciais desenvolvidas, suas possibilidades, potencialidades e limitações, visando que as perícias sejam corretamente realizadas, solicitadas, subsidiadas por informações e corretamente interpretadas. 6 ÍNDICE 1. PERITOS DO IML EM 2014............................................................................. 009 2. ORGANOGRAMA DO IML-DF ........................................................................ 011 3. CONTEXTUALIZAÇÃO LEGAL E ÉTICA .................................................... 012 4. DIVISÃO DE PERÍCIA NO VIVO .................................................................... 023 4.1. EXAMES AD CAUTELAM ......................................................................................... 026 4.2. EXAMES DE LESÕES CORPORAIS ....................................................................... 026 4.3. CONCEITOS DE LESÕES CORPORAIS ................................................................ 027 4.4. CASOS DE DPVAT ....................................................................................................... 031 4.5. LAUDOS INDIRETOS ................................................................................................. 034 4.6. PERÍCIAS EXTERNAS ................................................................................................ 035 4.7. EXAME PARA VERIFICAÇÃO DE IDADE ........................................................... 036 4.8. EXAMES EM VÍTIMASDE VIOLÊNCIA SEXUAL .............................................. 038 4.8.1. EXAMES DE PESQUISA DE CORPO ESTRANHO EM CAVIDADES...... 038 4.8.2. EXAMES EM CASO DE ABORTO ..................................................................... 041 4.8.3. EXAMES EM CASOS DE ESTUPRO E CONJUNÇÃO CARNAL ............... 044 4.8.4. EXAMES LABORATORIAIS EM CASO DE VIOLÊNCIA SEXUAL ......... 046 4.9. EXAME DE EMBRIAGUEZ ......................................................................................... 046 4.9.1. CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO .......................................................... 048 4.9.2. EXAME CLÍNICO ................................................................................................... 049 4.9.3. MODELOS UTILIZADOS NO IML-‐DF ............................................................ 051 4.10. EXAMES DE MAUS TRATOS E ABUSO SEXUAL EM CRIANÇA ............. 052 4.11. SOLICITAÇÃO DE COLETA DE MATERIAL PARA DNA ............................ 053 5. DIVISÃO DE EXAMES TÉCNICOS...................................................................... 060 5.1. COLETA DE MATERIAL BIOLÓGICO.................................................................... 061 5.1.1. URINA ...................................................................................................................... 061 5.1.2. SECREÇÃO VAGINAL E ANAL.......................................................................... 061 5.1.3. MATERIAL PARA DNA ....................................................................................... 061 5.2. NORMAS PARA COLETA DE AMOSTRAS PARA HISTOLOGIA .................. 062 5.3. PRINCIPAIS DROGAS TÓXICAS .............................................................................. 073 5.3.1. COCAÍNA ................................................................................................................... 073 5.3.2. MACONHA ............................................................................................................... 075 5.3.3. ÁLCOOL E METANOL .......................................................................................... 077 5.3.4. BENZODIAZEPÍNICOS ....................................................................................... 080 5.3.5. ANFETAMINAS ..................................................................................................... 081 5.3.6. PESTICIDAS ............................................................................................................ 083 5.3.7. LSD ............................................................................................................................. 084 5.3.8. ARSÊNICO ............................................................................................................... 084 5.3.9. MONÓXIDO DE CARBONO ................................................................................ 084 5.3.10. OPIOIDES ............................................................................................................... 085 5.3.11. HEROÍNA ............................................................................................................... 085 5.4. DESCRIÇÃO, GRÁFICOS, FOTOGRAFIAS ............................................................. 086 5.5. EXAMES RESIDUOGRÁFICOS .................................................................................. 087 5.6. SEÇÃO DE MATERIAL E VESTÍGIOS ..................................................................... 087 6. DIVISÃO DE TANATOLOGIA ........................................................................... 089 6.1. REMOÇÃO DE CADÁVERES....................................................................................... 090 6.2. ADMISSÃO E IDENTIFICAÇÃO ................................................................................ 090 6.3. PROCEDIMENTOS DA NECROPSIA ....................................................................... 091 6.4. LIBERAÇÃO DE CADÁVERES.................................................................................... 091 6.5. LIBERAÇÃO DE CADÁVERES PARA CREMAÇÃO ............................................ 091 6.6. NORMA PARA CADÁVER NÃO RECLAMADO .................................................. 092 7 6.7. NORMA PARA DOAÇÃO DE CADÁVER PARA PESQUISA ............................ 093 6.8. RADIOLOGIA .................................................................................................................. 093 7. DECLARAÇÃO DE ÓBITO ................................................................................. 095 8. EXAMES NECROSCÓPICOS .............................................................................. 100 8.1. NECROPSIA CLÍNICA X NECROPSIA FORENSE ............................................. 101 8.2. NORMAS DE FUNCIONAMENTO DO INSTITUTO .......................................... 101 8.3. PROCEDIMENTOS INICIAIS PARA O EXAME CADAVÉRICO ..................... 103 8.4. ERROS MAIS COMUNS EM NECROPSIAS MÉDICO-‐LEGAIS ....................... 104 8.5. TÉCNICAS DE EXAME NECROSCÓPICO ............................................................. 104 8.6. PROCEDIMENTOS PARA CADÁVER NÃO IDENTIFICADO ......................... 106 8.7. LAUDO NECROSCÓPICO PADRÃO ........................................................................ 106 8.8. COLETA DE MATERIAL PARA DNA EM CADÁVERES................................... 108 9. LESÕES PRODUZIDAS POR INSTRUMENTOS CONTUNDENTES..111 9.1. EXAMES NECROSCÓPICOS EM ACIDENTES DE TRÂNSITO ..................... 114 9.2. TRAUMATISMO CRANIOENCEFÁLICO .............................................................. 116 9.3. EXAMES NECROSCÓPICOS EM QUEDAS DE ALTURAS ............................... 118 9.4. LESÕES PROVOCADAS POR MANOBRAS DE REANIMAÇÃO .................... 118 9.5. OUTRAS LESÕES .......................................................................................................... 119 10. LESÕES PRODUZIDAS POR ARMAS BRANCAS .................................. 120 10.1. DESCRIÇÃO MODELO DE LESÕES POR ARMA BRANCA.......................... 122 11. LESÕES POR INSTRUMENTOS PÉRFURO-CONTUNDENTES........ 123 11.1. INVESTIGAÇÃO RADIOLÓGICA ........................................................................... 124 11.2. ARMAZENAMENTO DE PROJETIS ...................................................................... 124 11.3. TIPOS DE LESÕES ...................................................................................................... 124 11.4. MODELO DE DESCRIÇÃO PARA LESÃO ............................................................ 126 11.5. LESÕES POR TIRO DE ESPINGARDA ................................................................. 126 11.6. LESÕES POR PROJETIS DE ALTA ENERGIA ................................................... 127 12. EXAME NECROSCÓPICO EM FETOS E RECÉM-NASCIDOS ............ 128 12.1. IDADE GESTACIONAL ............................................................................................ 129 12.2. EXAME DA PLACENTA ..................................... ..................................................... 130 12.3. CAUSAS DE MORTE PERINATAL........................................................................ 133 12.4. DETERMINAÇÃO DO TEMPO DE SOBREVIDA FETAL................................ 133 12.5. DETERMINAÇÃO TEMPO DE MORTE INTRAUTERINA............................. 134 12.6. MODELO DE LAUDO CADAVÉRICO PARA FETOS........................................ 134 13. EXAMES NECROSCÓPICOS EM CARBONIZADOS ............................... 136 14. EXAMES NECROSCÓPICOS EM CORPOS EM DECOMPOSIÇÃO.... 140 15. EXAMES NECROSCÓPICOS EM ASFIXIAS ............................................. 147 16. MORTE SÚBITA EM ADULTOS .................................................................. 156 17. MORTE SÚBITA EM CRIANÇAS .................................................................. 163 18. EXAME NECROSCÓPICO EM VITIMAS DE ENVENENAMENTO .. 167 19. EXAME NECROSCÓPICO EM VÍTIMAS DE QUEIMADURAS ......... 173 20. EXAME NECROSCÓPICO EM QUEIMADURAS QUÍMICAS ............. 180 21. EXAME NECROSCÓPICO EM ACIDENTES COM ELETRICIDADE . 182 22. EXAME NECROSCÓPICO EM ASMÁTICOS ........................................... 188 23. EXAME NECROSCÓPICO EM EPILEPSIA .............................................. 191 24. MORTES EM ANAFILAXIA ........................................................................... 194 25. EXAMES EM ANTROPOLOGIA .................................................................... 198 26. NORMAS PARA EXUMAÇÃO ......................................................................... 204 27. ACIDENTES COM GRANDE NÚMERO DE VÍTIMAS FATAIS .......... 206 28. EXAME NECROSCÓPICO EM CASOS DE DOENÇAS INFECCIOSAS 211 29. EXAMES REALIZADOS EM PSIQUIATRIA FORENSE ...................... 214 29.1. CONCEITOS E DEFINIÇÕES ................................................................................. 215 8 29.2. TIPOS DE PERÍCIAS PSIQUIÁTRICAS.............................................................. 225 30. ANEXOS .................................................................................................................. 240 31. BIBLIOGRAFIA ................................................................................................... 246 9 1. PERITOS EM 2014 1. Adriana Vieira de Moraes 2. Alexandre França Ricciardi 3. Alexandre Lacerda de Brito 4. Aluísio Trindade Filho 5. Ana Lúcia Silva Néto 6. Ana Rosa Villas Boas de Souza 7. André Luiz de Faria Leite 8. Antonio Gomes Franqueiro 9. Arquimedes Tolentino da Silva 10. Áurea Sakr Cherulli 11. Carlúcio Moura Leão 12. Cristiane Alves Costa 13. Cristofer Diego Beraldi Martins 14. Cyntia Gioconda Honorato Sobreira 15. Edmilson Mendes Coutinho 16. Elvis Adriano da Silva Oliveira 17. Erudith Mendes Rocha 18. Fábio França de Souza 19. Filipe Barbosa Cavalcanti 20. Francisco Antonio de Moraes Neto 21. Gilberto Pereira Alves 22. Hildeci José Resende 23. Hugo Ricardo Valim de Castro 24. Jamile Coelho Soares Noleto 25. Joel de Souza Matos 26. José Damião de Almeida Júnior 27. José Flávio de Sousa Bezerra 28. José Geraldo De Andrade Júnior 29. José Gerardo Ponte Pierre Filho 30. José Raimundo Levino da Silva 31. Luciana Satie Narita do Amaral Gurgel 32. Luciano Ferreira Morgado 33. Maciel dos Santos Rodrigues 34. Malthus Fonseca Galvão 35. Manoel Eugenio dos Santos Modelli 36. Márcia Cristina Barros e S. dos Reis 37. Márcia Schelb 38. Marco de Agassiz Almeida Vasques 39. Marcos Egberto Brasil de Melo 40. Margarida Helena Serejo Machado 41. Maria Christina da Silva Sá 42. Maria da Conceição deC.C. Krause 43. Marinã Ramthum do Amaral 44. Nadja Maria N.L. Scalassara 45. Paulo César Dias de Oliveira 10 46. Paulo Machado Ribeiro Júnior 47. Rafael Souza Maurno 48. Regina Maura A. U. Brown de Andrade 49. Ricardo César Frade Nogueira 50. Roberto Ferreira Wanderley 51. Rodolfo de Paula Gomes 52. Rodrigo Nascimento Fonseca 53. Ronney Eustórgio Machado 54. Rubiane Yoshimura Alvarenga 55. Samuel Teixeira Gomes Ferreira 56. Sérgio de Castro Cunha Júnior 57. Silmara Alves Diniz 58. Simone Correa Rosa 59. Vilson de Matos Lima 60. Volnei Paulino Ferreira T. Mendes 61. Zildinai França de Oliveira 11 2. ORGANOGRAMA DO IML-DF DIRETOR DIRETOR ADJUNTO - NÚCLEO DE ENSINO E PESQUISA - SECRETARIA ADMINISTRATIVA - ASSESSORIA DO IML DIVISÃO EXAMES TÉCNICOS PERÍCIA NO VIVO TANATOLOGIA ADMINISTRATIVO SEÇÃO -HISTOPATOLOGIA E CITOLOGIA - TOXICOLOGIA - APOIO ÀS PERÍCIAS MÉDICO-LEGAIS - RADIOLOGIA - PERÍCIA MÉDICA -‐PSICOPATOLOGIA -‐ SEXOLOGIA - NECROPSIA -ANTROPOLOGIA - PROTOCOLO EXPEDIENTE ARQUIVO - MATERIAL, PATRIMÔNIO E TRANSPORTE - INFORMÁTICA, PLANEJAMENTO E ESTATÍSTICA 12 3 CONTEXTUALIZAÇÃO LEGAL E ÉTICA DA ATIVIDADE PERICIAL 13 3. Contextualização legal e ética da atividade pericial A análise da atividade médica pericial em perspectiva é fundamental para que os peritos médicos-‐legistas tenham em mente o porquê e o para quê das perícias desempenhadas. A perícia médico-‐legal é uma atividade médica, contudo com viés de observação pericial/criminal, por isso deve ser diferenciada da prática clínica da medicina e da perícia médica nas esferas civil, trabalhista e previdenciária. Além disso, também é importante ressaltar a natureza médica da atividade pericial, estando sujeita aos códigos e às restrições médicas. O Instituto de Medicina Legal é ainda um Instituto do Departamento de Polícia Técnica da Polícia Civil do Distrito Federal, sujeito ao controle externo do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios. Desempenha o IML/DF atividade pericial e administrativa, esta última inerente ao Poder Executivo. Não obstante tal localização e vinculações, o IML presta serviço à sociedade de PERÍCIA MÉDICA JUDICIAL, com vista a consubstanciar o inquérito policial, a investigação do Ministério Público e, fundamentalmente, as decisões do Poder Judiciário, tendo em vista o compromisso do perito com a verdade e a irrepetibilidade da prova obtida na fase inicial da apuração penal. A seguir os artigos relacionados à atividade pericial constantes no Código de Ética Médica, no Código Penal Brasileiro e no Código de Processo Penal: CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA – CÓDIGO DE ÉTICA Artigo 118: É vedado ao médico deixar de atuar com absoluta isenção quando designado para servir como perito ou auditor, assim como ultrapassar os limites das suas atribuições e competência. Artigo 119: É vedado ao médico assinar laudos periciais ou de verificação médico-‐legal, quando não o tenha realizado ou participado pessoalmente do exame. Artigo 120: é vedado ser perito de paciente seu, de pessoa da família ou de qualquer pessoa com a qual tenha relações capazes de influir em seu trabalho. Artigo 121: é vedado intervir, quando em função de auditor ou perito, nos atos profissionais de outro médico, ou fazer qualquer apreciação em presença do examinado, reservando suas observações para o relatório. CÓDIGO PENAL 14 Psiquiatria Art. 26 -‐ É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-‐se de acordo com esse entendimento (redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984). Parágrafo único -‐ A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, em virtude de perturbação de saúde mental ou por desenvolvimento mental incompleto ou retardado, não era inteiramente capaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-‐se de acordo com esse entendimento (redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984). Art. 27. Os menores de 18 (dezoito) anos são penalmente inimputáveis, ficando sujeitos às normas estabelecidas na legislação especial. Embriaguez Art. 28. Não excluem a imputabilidade penal: II. A embriaguez, voluntária ou culposa, pelo álcool ou substância de efeitos análogos. § 1. É isento de pena o agente que, por embriaguez completa, proveniente de caso fortuito ou força maior, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-‐se de acordo com esse entendimento. § 2. A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, por embriaguez proveniente decaso fortuito ou força maior, não possuía, ao tempo da ação ou da omissão, a plena capacidade de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-‐se de acordo com esse entendimento. Art. 41. O condenado a quem sobrevém doença mental deve ser recolhido ao hospital de custódia e tratamento psiquiátrico ou, à falta, a outro estabelecimento adequado. Art. 47 – As penas de interdição temporária de direitos são: I. proibição do exercício de cargo, função ou atividade pública, bem como de mandato eletivo; II. proibição do exercício de profissão, atividade ou ofício que dependam de habilitação especial, de licença ou autorização do poder público; III. suspensão de autorização ou de habilitação para dirigir veículo; IV. proibição de frequentar determinados lugares; V. proibição de inscrever-‐se em concurso, avaliação ou exames públicos. Homicídio simples Art. 121. Matar alguém. Pena – reclusão de 6 a 20 anos. § 1. Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço. 15 § 2. Homicídio qualificado se for cometido: mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe; por motivo fútil; com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum; à traição, emboscada ou dissimulação......; para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime. Pena de reclusão de 12-‐30 anos. § 3. Homicídio culposo. Detenção de 1-‐3 anos. § 5. .... o juiz poderá deixar de aplicar a pena, se as consequências da infração atingirem o próprio agente de forma tão grave que a sanção penal se torne desnecessária. Suicídio Art. 122. Induzir ou instigar alguém a suicidar-‐se ou prestar-‐lhe auxílio para que o faça. Pena de reclusão de 2-‐6 anos, se o suicídio se consumar; ou reclusão de 1-‐3 anos, se da tentativa resultar lesão corporal de natureza grave. Infanticídio Artigo 123. Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, durante o parto ou logo após. Pena: detenção de 2-‐6 anos. Aborto Artigo 124. Provocar o aborto em si mesma ou consentir que outrem lhe provoque. Pena: detenção de 1 -‐3 anos. Artigo 125. Provocar aborto sem o consentimento da gestante. Pena: reclusão de 3-‐10 anos. Artigo 126. Provocar aborto com o consentimento da gestante. Pena: reclusão de 1-‐4 anos. Parágrafo único: aplica-‐se a pena do artigo anterior, se a gestante não for maior de 14 anos, ou for alienada ou débil mental, ou se o consentimento for obtido mediante fraude, grave ameaça ou violência. Artigo 127. As penas cominadas nos dois artigos anteriores são aumentadas de um terço se, em consequência do aborto ou dos meios empregados para provocá-‐lo, a gestante sofrer lesão corporal de natureza grave; e são duplicadas se, por qualquer destas causas, lhe sobrevier à morte. Artigo 128. Não se pune o aborto provocado por médico: I. se não houver outro meio de salvar a vida da gestante; II. se a gravidez resultar de estupro e o aborto é precedido do consentimento da gestante ou, quando incapaz, de seu representante legal. Lesão corporal 16 Art. 129 -‐ Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem: Pena -‐ detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano. Lesão corporal de natureza grave. § 1º -‐ Se resulta: I -‐ incapacidade para as ocupações habituais, por mais de 30 (trinta) dias; II -‐ perigo de vida; III -‐ debilidade permanente; IV -‐ aceleração de parto: Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos. § 2º -‐ Se resulta: I -‐ incapacidade permanente para o trabalho; II -‐ enfermidade incurável; III -‐ perda ou inutilização de membro, sentido ou função; IV -‐ deformidade permanente; V -‐ aborto. Pena - reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos. Lesão corporal seguida de morte. § 3º -‐ Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam que o agente não quis o resultado, nem assumiu o risco de produzi-‐lo: Pena -‐ reclusão, de 4 (quatro) a 12 (doze) anos. Diminuição de pena. § 4º -‐ Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço. § 5º -‐ O juiz, não sendo graves as lesões, pode ainda substituir a pena de detenção pela de multa: I -‐ se ocorre qualquer das hipóteses do parágrafo anterior; II -‐ seas lesões são recíprocas. Lesão corporal culposa. § 6º -‐ Se a lesão for culposa: pena -‐ detenção, de 2 (dois) meses a 1 (um) ano. Aumento de pena. § 7º Aumenta-‐se a pena de 1/3 (um terço) se ocorrer qualquer das hipóteses dos §§ 4º e 6º do art. 121 deste Código. § 8º -‐ Aplica-‐se à lesão culposa o disposto no § 5º do art. 121. Violência doméstica. § 9º Se a lesão for praticada contra ascendente, descendente, irmão, cônjuge ou companheiro, ou com quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda, prevalecendo-‐se o agente das relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade: pena - detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos. § 10. Nos casos previstos nos §§ 1º a 3º deste artigo, se as circunstâncias são as indicadas no § 9º deste artigo, aumenta-‐se a pena em 1/3 (um terço). § 11. Na hipótese do § 9º deste artigo, a pena será aumentada de um terço se o crime for cometido contra pessoa portadora de deficiência. Perigo de contágio venéreo Art. 130. Expor alguém, por meio de relações sexuais ou qualquer ato libidinoso, a contágio de moléstia venérea, de que sabe ou deva saber que está contaminado. Pena detenção de 3 meses a 1 ano, ou multa. Abandono de incapaz Art. 133. Abandonar pessoa que está sob seu cuidado, guarda, vigilância ou autoridade, e, por qualquer motivo, incapaz de defender-‐se dos riscos resultantes do abandono: pena de detenção de 6 meses a 3 anos. 17 Omissão de socorro Art. 135. Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-‐lo sem risco pessoal, à criança abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública. Pena de detenção de 1 a 6 meses. Maus tratos Art. 136. Expor ao perigo a vida ou a saúde de pessoa sob sua autoridade, guarda ou vigilância, para fim de educação, ensino, tratamento ou custódia, quer privando-‐a de alimentação ou cuidados indispensáveis, quer sujeitando-‐a a trabalho excessivo ou inadequado, quer abusando de meios de correção ou disciplina. Pena de detenção de 2 meses a 1 ano. Estupro Art. 213. Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso. Pena de reclusão de 6-‐10 anos. § 1. Se da conduta resultar lesão corporal de natureza grave ou se a vítima for menor de 18 ou maior de 14 anos. Pena de reclusão de 8-‐12 anos. § 2. Se resultar em morte – pena de reclusão de 12-‐30 anos. Violação sexual mediante fraude Art. 215. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com alguém, mediante fraude ou outro meio que impeça ou dificulte a livre manifestação de vontade da vítima. Pena de reclusão de 2-‐6 anos. Estupro de vulnerável Art. 217-A. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 14 anos. Pena de reclusão de 8-‐15 anos. Documentos públicos Art. 299 – Omitir, em documento público ou particular, declaração que dele devia constar, ou nele inserir ou fazer inserir declaração falsa ou diversa da que devia ser escrita, como fim de prejudicar direito, criar obrigação ou alterar a verdade sobre fato juridicamente relevante. Parágrafo único: se o agente é funcionário público, e comete o crime prevalecendo-‐se do cargo, ou se a falsificação ou alteração é de assentamento de registro civil, aumenta-‐se a pena de sexta parte. Falsidade de atestado médico 18 Art. 302. Dar o médico, no exercício da sua profissão, atestado falso. Pena de detenção de 1 mês a 1 ano. Falso testemunho ou falsa perícia Art. 342 – Fazer afirmação falsa, ou negar ou calar a verdade como testemunha, perito, contador, tradutor ou intérprete em processo judicial, ou administrativo, inquérito policial, ou em juízo arbitral. Art. 343 – Dar, oferecer, ou prometer dinheiro ou qualquer outra vantagem à testemunha, perito, contador, tradutor ou intérprete, para fazer afirmação falsa, negar ou calar a verdade em depoimento, perícia, cálculos, tradução ou interpretação. Exploração de prestígio Art. 357 – Solicitar ou receber dinheiro ou qualquer outra utilidade, a pretexto de influir em juiz, jurado, órgão do Ministério Público, funcionário de justiça, perito, tradutor, intérprete ou testemunha. Pena de reclusão de 1 a 5 anos. CÓDIGO DE PROCESSO PENAL Infração penal Art. ,6 -‐ Logo que tiver conhecimento da prática da infração penal, a autoridade policial deverá: I. dirigir-‐se ao local, providenciando para que não se alterem o estadoe conservação das coisas, até a chegada dos peritos criminais; II. apreender os objetos que tiverem relação com o fato, após liberados pelos peritos criminais; III: determinar, se for o caso, que se proceda a exame de corpo de delito e a quaisquer outras perícias. Art. 105 – As partes poderão também arguir de suspeitos os peritos, os intérpretes e os serventuários ou funcionários de justiça, decidindo o juiz de plano e sem recurso, à vista da matéria alegada e prova imediata. Art. 112 – o juiz, o órgão do Ministério Público, os serventuários ou funcionários de justiça e os peritos ou intérpretes abster-‐se-‐ão de servir no processo, quando houver incompatibilidade ou impedimento legal, que declararão nos autos. Se não se der a abstenção, a incompatibilidade ou impedimento poderá ser arguido pelas partes, seguindo-‐se o processo estabelecido para a exceção de suspeição. Da insanidade mental do acusado Art. 149. Quando houver dúvida sobre a integridade mental do acusado, o juiz ordenará de ofício ou a requerimento do Ministério Público, do defensor, do curador, do ascendente, descendente, irmão ou cônjuge do acusado, seja este submetido a exame médico-‐legal. 19 Art. 151. Se os peritos concluírem que o acusado era, ao tempo da infração, irresponsável nos termos do art. 22 do Código Penal, o processo prosseguirá, com a presença do curador. Art. 153. O incidente da insanidade mental processar-‐se-‐á em auto apartado, que só depois da apresentação do laudo, será apenso ao processo principal. Da prova Art. 155. O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em contraditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente nos elementos informativos colhidos na investigação, ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis e antecipadas. Art. 157. São inadmissíveis, devendo ser desentranhadas do processo, as provas ilícitas, assim entendidas as obtidas em violação a normas constitucionais ou legais. Do exame do corpo de delito Art. 158 -‐ Quando a infração deixar vestígios será indispensável o exame de corpo de delito, direto ou indireto, não podendo supri-‐lo a confissão do acusado. Art. 159. O exame de corpo de delito e outras perícias serão realizados por perito oficial, portador de diploma de curso superior. § 1º Na falta de perito oficial, o exame será realizado por 2 (duas) pessoas idôneas, portadoras de diploma de curso superior preferencialmente na área específica, dentre as que tiverem habilitação técnica relacionada com a natureza do exame. § 2º Os peritos não oficiais prestarão o compromisso de bem e fielmente desempenhar o encargo. § 3º Serão facultadas ao Ministério Público, ao assistente de acusação, ao ofendido, ao querelante e ao acusado a formulação de quesitos e indicação de assistente técnico. § 4º O assistente técnico atuará a partir de sua admissão pelo juiz e após a conclusão dos exames e elaboração do laudo pelos peritos oficiais, sendo as partes intimadas desta decisão. § 5º Durante o curso do processo judicial, é permitido às partes, quanto à perícia: I - requerer a oitiva dos peritos para esclarecerem a prova ou para responderem a quesitos, desde que o mandado de intimação e os quesitos ou questões a serem esclarecidas sejam encaminhados com antecedência mínima de 10 (dez) dias, podendo apresentar as respostas em laudo complementar; II - indicar assistentes técnicos que poderão apresentar pareceres em prazo a ser fixado pelo juiz ou ser inquiridos em audiência. § 6º Havendo requerimento das partes, o material probatório que serviu de base à perícia será disponibilizado no ambiente do órgão oficial, que manterá sempre sua guarda, e na presença de perito oficial, para exame pelos assistentes, salvo se for impossível a sua conservação. § 7º Tratando-‐se de perícia complexa que abranja mais de uma área de conhecimento especializado, poder-‐se-‐á designar a atuação de mais de um perito oficial e a parte indicar mais de um assistente técnico. 20 Art. 160 -‐ Os peritos elaborarão o laudo pericial, em que descreverão minuciosamente o que examinarem, e responderão aos quesitos formulados. Parágrafo único -‐ O laudo pericial será elaborado no prazo máximo de 10 (dez) dias, podendo este prazo ser prorrogado, em casos excepcionais, a requerimento dos peritos. Art. 161 -‐ O exame de corpo de delito poderá ser feito em qualquer dia e a qualquer hora. Art. 162 -‐ A autópsia será feita pelo menos 6 (seis) horas depois do óbito, salvo se os peritos, pela evidência dos sinais de morte, julgarem que possa ser feita antes daquele prazo, o que declararão no auto. Parágrafoúnico -‐ Nos casos de morte violenta, bastará o simples exame externo do cadáver, quando não houver infração penal que apurar, ou quando as lesões externas permitirem precisar a causa da morte e não houver necessidade de exame interno para a verificação de alguma circunstância relevante. Art. 163 -‐ Em caso de exumação para exame cadavérico, a autoridade providenciará para que, em dia e hora previamente marcados, se realize a diligência, da qual se lavrará auto circunstanciado. Parágrafo único -‐ O administrador de cemitério público ou particular indicará o lugar da sepultura, sob pena de desobediência. No caso de recusa ou de falta de quem indique a sepultura, ou de encontrar-‐se o cadáver em lugar não destinado a inumações, a autoridade procederá às pesquisas necessárias, o que tudo constará do auto. Art. 164 -‐ Os cadáveres serão sempre fotografados na posição em que forem encontrados, bem como, na medida do possível, todas as lesões externas e vestígios deixados no local do crime. Art. 165 -‐ Para representar as lesões encontradas no cadáver, os peritos, quando possível, juntarão ao laudo do exame provas fotográficas, esquemas ou desenhos, devidamente rubricados. Art. 166 -‐ Havendo dúvida sobre a identidade do cadáver exumado, proceder-‐se-‐á ao reconhecimento pelo Instituto de Identificação e Estatística ou repartição congênere ou pela inquirição de testemunhas, lavrando-‐se auto de reconhecimento e de identidade, no qual se descreverá o cadáver, com todos os sinais e indicações. Parágrafo único -‐ Em qualquer caso, serão arrecadados e autenticados todos os objetos encontrados, que possam ser úteis para a identificação do cadáver. Art. 167 -‐ Não sendo possível o exame de corpo de delito, por haverem desaparecido os vestígios, a prova testemunhal poderá suprir-‐lhe a falta. 21 Art. 168 -‐ Em caso de lesões corporais, se o primeiro exame pericial tiver sido incompleto, proceder-‐se-‐á a exame complementar por determinação da autoridade policial ou judiciária, de ofício, ou a requerimento do Ministério Público, do ofendido ou do acusado, ou de seu defensor. § 1º -‐ No exame complementar, os peritos terão presente o auto de corpo de delito, a fim de suprir-‐lhe a deficiência ou retificá-‐lo. § 2º -‐ Se o exame tiver por fim precisar a classificação do delito no art. 129, § 1º, I, do Código Penal, deverá ser feito logo que decorra o prazo de 30 (trinta) dias, contado da data do crime. § 3º -‐ A falta de exame complementar poderá ser suprida pela prova testemunhal. Art. 169 -‐ Para o efeito de exame do local onde houver sido praticada a infração, a autoridade providenciará imediatamente para que não se altere o estado das coisas até a chegada dos peritos, que poderão instruir seus laudos com fotografias, desenhos ou esquemas elucidativos. Parágrafo único -‐ Os peritos registrarão, no laudo, as alterações do estado das coisas e discutirão, no relatório, as consequências dessas alterações na dinâmica dos fatos. Art. 170 -‐ Nas perícias de laboratório, os peritos guardarão material suficiente para a eventualidade de nova perícia. Sempre que conveniente, os laudos serão ilustrados com provas fotográficas, ou microfotográficas, desenhos ou esquemas. Art. 176 – A autoridade e as partes poderão formular quesitos até o ato da diligência. Art. 177 – No exame por precatória, a nomeação dos peritos far-‐se-‐á no juízo deprecado. Havendo, porém, no caso de ação privada, acordo das partes, essa nomeação poderá ser feita pelo juiz deprecante. Parágrafo único. Os quesitos do juiz e das partes serão transcritos na precatória. Art. 178 -‐ No caso do art. 159, o exame será requisitado pela autoridade ao diretor da repartição, juntando-‐se ao processo o laudo assinado pelos peritos. Art. 179 -‐ No caso do § 1º do art. 159, o escrivão lavrará o auto respectivo, que será assinado pelos peritos e, se presente ao exame, também pela autoridade. Parágrafo único -‐ No caso do art. 160, parágrafo único, o laudo, que poderá ser datilografado, será subscrito e rubricado em suas folhas por todos os peritos. Art. 180 -‐ Se houver divergência entre os peritos, serão consignadas no auto do exame as declarações e respostas de um e de outro, ou cada um redigirá separadamente o seu laudo, e a autoridade nomeará um terceiro; se este divergir de ambos, a autoridade poderá mandar proceder a novo exame por outros peritos. Art. 181 -‐ No caso de inobservância de formalidades, ou no caso de omissões, obscuridades ou contradições, a autoridade judiciária mandará suprir a formalidade, complementar ou esclarecer o laudo. 22 Parágrafo único-‐ A autoridade poderá também ordenar que se proceda a novo exame, por outros peritos, se julgar conveniente. Art. 182 -‐ O juiz não ficará adstrito ao laudo, podendo aceitá-‐lo ou rejeitá-‐lo, no todo ou em parte. Art. 183 -‐ Nos crimes em que não couber ação pública, observar-‐se-‐á o disposto no art. 19. Art. 184 -‐ Salvo o caso de exame de corpo de delito, o juiz ou a autoridade policial negará a perícia requerida pelas partes, quando não for necessária ao esclarecimento da verdade. Dos peritos e intérpretes Art. 275 – O perito, ainda quando não oficial, estará sujeito à disciplina judiciária. Art. 276 – As partes não intervirão na nomeação do perito. Art. 277 – O perito nomeado pela autoridade será obrigado a aceitar o encargo, sob pena de multa de cem a quinhentos mil-‐réis, salvo escusa atendível. Parágrafo único: incorrerá na mesma multa o perito que, sem justa causa, provada imediatamente: a) deixar de acudir à intimação ou ao chamado da autoridade; b) não comparecer no dia e local designados para o exame; c) não der o laudo, ou concorrer para que a perícia não seja feita, nos prazos estabelecidos. Art. 278 – No caso de não comparecimento do perito, sem justa causa, a autoridade poderá determinar a sua condução. Art. 279 – Não poderão ser peritos: I. Os que estiverem sujeitos à interdição de direito mencionada nos no I e IV do art. 69 do Código Penal; II. Os que tiverem prestado depoimento no processo ou opinado anteriormente sobre o objeto da perícia; III. Os analfabetos e os menores de 21 anos. Art. 280 – É extensivo aos peritos, no que lhes for aplicável, o disposto sobre suspeição dos juízes. 23 4 DIVISÃO DE PERÍCIA NO VIVO 24 4. DIVISÃO DE PERÍCIAS NO VIVO Os exames médico-‐legais deverão ser realizados somente mediante requisição escrita, por parte de autoridade competente, em que conste o tipo de exame a ser realizado, o órgão solicitante e o registro da ocorrência (se for solicitado por juiz, constará o número do processo e não da ocorrência. Em caráter excepcional poderá ser solicitado verbalmente e depois formalizado. Nestas solicitações necessariamente o pedido do exame deverá estar consignado conforme consta na relação de exames realizados pelo IML. Cabe ao solicitante especificar o exame desejado para esclarecimento do caso, não podendo o perito subtrair, alterar ou acrescentar pedidos de exame. As solicitações de exames podem ser emitidas pelas seguintes autoridades: delegado de Polícia, promotor de Justiça, juiz de Direito ou autoridade militar presidindo inquérito. A realização de exames preliminares, ou seja, os laudos entregues no momento do exame, está restrita aos casos de determinação de embriaguez e aos exames sumários de lesões corporais. Não serão emitidos exames preliminares ou parciais, em outras solicitações eventuais, incluindo casos de conjunção carnal, ato libidinoso ou exames cadavéricos. A Seção de Perícias no Vivo funciona 24 horas, todos os dias da semana. Com exceção do período diurno de domingo, as equipes são fixas, com pelo menos dois plantonistas por período. No domingo de dia, são dois plantonistas por turno (matutino e vespertino). Os exames não emergenciais são realizados somente durante o dia. Após entendimentos com a Direção-‐Geral da Polícia Civil, foi publicitado no Boletim de Serviço no 040/2013, publicado em 28 de fevereiro de 2013, que os exames realizados durante o período noturno (19h às 6h59) serão apenas os seguintes: cautelares; de atos libidinosos; toxicológicos no vivo; avaliação da capacidade psicomotora; verificação de aborto; verificação de substância entorpecente em cavidades naturais do corpo; exame de lesões corporais em que o evento tenha ocorrido até 24 horas antes da realização da perícia; aqueles em que haja risco de perda da materialidade do vestígio. Todos os demais exames serão realizados apenas no período diurno. Antes da realização do exame, o perito deve conferir a identificação do periciando, apresentar-‐se a ele e notificá-‐lo da realização do exame. Em caso de recusa do periciando em se submeter ao exame, deve ser consignado no laudo, tal recusa. Nesse caso, a conclusão da perícia fica prejudicada, bem como a resposta aos quesitos, sendo recomendado o uso desse termo nas suas respostas. São partes integrantes do laudo médico-‐legal: Histórico 25 Toda perícia médico-‐legal está baseada no item histórico. O objetivo da perícia é exatamente comprovar o nexo de causalidade entre os achados da perícia e o histórico. É importante salientar que, nos casos de perícias necroscópicas,
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