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Noções Gerais do Contrato de Comissão

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Resumo Direito Civil V – 5º sem. Direito/2015
11. Noções Gerais do Contrato de Comissão
11.1 – Definição
Pelo contrato de comissão, uma das partes (comissário) adquire ou vende bens em favor da outra parte (comitente), de acordo com as suas instruções, mas em seu próprio nome.
O Código Civil de 2002 institui a comissão como atividade resultante da compra e venda.
Art. 693: O contrato de comissão tem por objeto a aquisição ou a venda de bens pelo comissário, em seu próprio nome, por conta do comitente.
O Código Civil de 2002 também determina em seu artigo 709: "São aplicáveis à comissão, no que couber, as regras sobre mandato."
11.2 – Partes
Comissário (ou comissionário): aquele que adquire ou vende bens para o comitente, segundo as instruções deste, porém, em seu próprio nome.
O comissário age por ordem do comitente, assumindo obrigações perante terceiros.
Comitente: pessoa a favor de quem o comissário realiza atos ou negócios.
11.3 – Reflexos de um Contrato de Comissão
O contrato de Comissão é celebrado entre o comitente e o comissário. É uma autorização do comitente para que o comissário realize atos ou negócios que o favoreçam, mediante a percepção de remuneração, geralmente equivalente a uma porcentagem da transação efetuada, qual seja, a comissão.
O comissário, entretanto, não age em nome do comitente, mas em seu próprio nome, celebrando com terceiros um contrato derivado, diferente do contrato de comissão, do qual não faz parte o comitente. O comissário obriga-se pessoalmente perante estes terceiros.
A esta obrigação entenda-se o vínculo que se estabelece entre pessoas determinadas, em virtude do que uma delas deve uma prestação à outra, que pode ser de dar, fazer ou não fazer alguma coisa.
Ou seja, o comissário se obriga para com os terceiros a dar, fazer ou não fazer alguma coisa, tendo em vista que estes terceiros também têm a obrigação de dar, fazer ou não fazer alguma coisa em contraprestação à prestação do comissário, favorecendo o comitente.
Porém, é importante destacar que o comissário não se responsabiliza pela realização da contraprestação da outra parte (terceiros). Quem assume os riscos do negócio é o comitente, a menos que conste do contrato cláusula Del Credere.
11.4 – Comissão
É o pagamento que o comitente faz ao comissário, em dinheiro ou espécie, em razão das atividades por ele realizadas.
Trata-se de contraprestação pelos serviços prestados pelo comissário, o que classifica o contrato de comissão como oneroso.
Geralmente, a comissão é auferida por uma porcentagem do valor do bem negociado.
Se não estipulada, será arbitrada de acordo com os usos e costumes do lugar onde se executou o contrato.
Art. 701. Não estipulada a remuneração devida ao comissário, será ela arbitrada segundo os usos correntes no lugar.
A comissão é sempre devida em sua integralidade, desde que concluída a atividade atribuída ao comissário, independentemente dele ter sido dispensado motivadamente ou não. A indenização por perdas e danos também é devida à parte que houver sofrido prejuízo.
Art. 705. Se o comissário for despedido sem justa causa, terá direito a ser remunerado pelos trabalhos prestados, bem como a ser ressarcido pelas perdas e danos resultantes de sua dispensa.
Art. 703. Ainda que tenha dado motivo à dispensa, terá o comissário direito a ser remunerado pelos serviços prestados ao comitente, ressalvado o direito de exigir daquele os prejuízos sofridos.
Nos casos de interrupção da atividade contratada antes da conclusão do negócio, por força maior ou morte do comissário, a comissão devida é proporcional aos trabalhos já realizados.
Art. 702. No caso de morte do comissário, ou, quando, por motivo de força maior, não puder concluir o negócio, será devida pelo comitente uma remuneração proporcional aos trabalhos realizados.
11.5 – Direito de Retenção
O comissário pode reter o valor dos bens negociados para o comitente, a fim de receber sua remuneração (comissão), ou reaver os valores desembolsados por ele para realizar o negócio.
Art. 708. Para reembolso das despesas feitas, bem como para recebimento das comissões devidas, tem o comissário direito de retenção sobre os bens e valores em seu poder em virtude da comissão.
11.6 – Requisitos Subjetivos
O comitente e o comissário devem possuir capacidade genérica para a vida civil, qual seja, serem maiores de 18 anos ou emancipados para poderem exercer direitos e assumir obrigações;
Devem também apresentar capacidade para o comércio, satisfazendo os seguintes requisitos:
a) capacidade jurídica civil
b) exercício da mercancia em seu próprio nome
c) profissão habitual deste exercício
d) não interdição legal para o exercício da mercancia
11.7 – Requisitos Objetivos
O objeto do contrato de comissão deve ser possível, tanto no sentido material como no sentido jurídico, ou seja, deve existir, ser real e suscetível de apropriação.
Ex.: Não podem ser objeto do contrato de comissão a aquisição de drogas ou a venda de produtos inexistentes.
11.8 - Requisitos Formais
Para que o contrato de comissão seja celebrado, é necessário apenas o acordo de vontades entre as partes.
Não é exigida forma especial para a sua celebração, podendo ser verbal, tácito, por escrito, etc.
É, portanto, um contrato consensual.
11.9 - Obrigações do Comissário
- O comissário deve ter pela coisa, objeto do contrato, todo o cuidado que dispensaria a um bem que fosse seu.
- O comissário deve cumprir as ordens do comitente, assim como lhe prestar contas de sua atividade.
- na omissão do contrato, o comissário deve decidir da maneira mais conveniente ao comitente.
- o comissário é obrigado a pagar juros ao comitente quando ficar em mora na entrega dos lucros obtidos em favor deste.
- os atos do comissário devem ser vantajosos ao comitente ou, pelo menos, de acordo com os usos, quando se averiguar impossibilidade de resultado útil ao comitente.
Art. 695. Ter-se-ão por justificados os atos do comissário, se deles houver resultado vantagem para o comitente e, ainda no caso em que, não admitindo demora a realização do negócio, o comissário agiu de acordo com os usos.
- o comissário deve responder pelos prejuízos ocasionados ao comitente, salvo aqueles motivados por força maior.
- o comissário deve, ainda, responder perante o comitente, pela falta de pagamento das pessoas com quem tratar, quando tiver contribuído (com culpa) para esta insolvência ou quando constar do contrato cláusula Del Credere, através da qual fica convencionado que ele é garante da solvência dos terceiros por ele contratados.
11.10 - Direitos do Comissário
- o comissário faz jus à comissão ajustada, desde que tenha completado a atividade contratada, ou à parte dela, proporcional ao trabalho realizado.
- o comissário pode adquirir para si os bens a ele destinados pelo comitente para negociação, atuando em seu próprio nome e concluindo contrato consigo mesmo.
- o comissário tem direito à indenização por todos os prejuízos que sofrer em decorrência do desempenho do contrato de comissão.
- o comissário deve ser reembolsado pelo comitente, com juros (contados desde a data do desembolso), pelos gastos tidos em decorrência do contrato, aos quais não estava obrigado.
- o comissário tem o direito de provar que praticou as devidas diligências no decorrer do negócio, com intuito de se abster da responsabilidade pelos danos ocasionados aos bens.
- o comissário tem direito à retenção das mercadorias ou valores pertencentes ao comitente, mas que se achem em seu poder, para garantia de recebimento de sua comissão e das despesas tidas em virtude do cumprimento de sua atividade.
- "O crédito do comissário, relativo a comissões e despesas feitas, goza de privilégio geral, no caso de falência ou insolvência do comitente." (Art. 707 do Código Civil de 2002).
11.11 - Obrigações do Comitente
- o comitente é obrigado a pagar a remuneração devida, qual seja, a comissão, de forma integral ou proporcionalaos trabalhos realizados pelo comissário.
- o comitente deve adiantar ao comissário os valores necessários para o cumprimento da atividade contratada, bem como ressarci-lo das despesas dela decorrentes.
- o comitente é obrigado a pagar juros ao comissário pelos valores despendidos por ele ao executar suas ordens.
- o comitente é obrigado a pagar indenização pelos prejuízos sofridos pelo comissário, advindos do cumprimento do contrato.
- o comitente é responsável pelos riscos da devolução de seus lucros, recebidos pelo comissário, desde que suas instruções sejam seguidas.
11.12 - Direitos do Comitente
- o comitente não responde jamais, perante terceiros, pelas obrigações assumidas pelo comissário que, como sabido, age em seu próprio nome.
- o comitente pode, quando lhe for conveniente, alterar as instruções dadas ao comissário.
11.13 - Cláusula Del Credere
O artigo 697 do Código Civil de 2002 determina, como regra geral, que no contrato de comissão "o comissário não responde pela insolvência das pessoas com quem tratar,..."
Mas traz ressalvas a essa regra, apresentando duas exceções:
a) em caso de culpa
b) na hipótese de constar do contrato a cláusula del credere
A cláusula del credere tem, então, o objetivo de tornar o comissário responsável, perante o comitente, pelo cumprimento das obrigações das pessoas por ele contratadas.
O comissário assume os riscos, juntamente com o comitente, dos negócios que concluir com terceiros.
Trata-se de garantia solidária, emanada de um acordo de vontades entre ambos, estranho aos terceiros com quem contrata o comissário.
Art. 698. Se do contrato de comissão constar a cláusula del credere, responderá o comissário solidariamente com as pessoas com quem houver tratado em nome do comitente, caso em que, salvo estipulação em contrário, o comissário tem direito a remuneração mais elevada, para compensar o ônus assumido.
É expressa a determinação legal que permite a fixação de uma remuneração mais elevada para a comissão derivada de contrato no qual o comissário se responsabiliza.
Porém, deve prevalecer a livre vontade das partes para estabelecer este valor, podendo ser considerada a sua majoração nos casos em que a remuneração deva ser arbitrada.
11.14 - Extinção do Contrato de Comissão
As causas de extinção dos contratos de comissão são as comuns a todo tipo de contrato. Entretanto, são necessárias algumas observações:
- em caso de morte do comissário, extingue-se o contrato, sem prejuízo da remuneração proporcional pelos trabalhos já prestados, que deverá ser paga aos seus herdeiros em conjunto (espólio).
- a revogação do contrato só pode se dar desde que se comprove culpa do comissário. Caso contrário, o comitente deve indenizá-lo pelos prejuízos causados pelo ato imotivado
- se o contrato não determina seu prazo de vigência (prazo indeterminado), deve a parte interessada no desfazimento notificar a outra de sua intenção em tempo razoável, a fim de não se sujeitar à indenização.
Art. 700. Se houver instruções do comitente proibindo prorrogação de prazos para pagamento, ou se esta não for conforme os usos locais, poderá o comitente exigir que o comissário pague incontinenti ou responda pelas consequências da dilação concedida, procedendo-se de igual modo se o comissário não der ciência ao comitente dos prazos concedidos e de quem é seu beneficiário.
Exercícios de Fixação:
Pelo contrato de comissão uma pessoa confere à outra poderes para representá-la.
 O comissário age por ordem do comitente, assumindo obrigações perante terceiros.
Pelo contrato de comissão, o comissário não se responsabiliza pela realização da contraprestação da outra parte (terceiros), com quem ele realiza atos ou negócios a favor do comitente
Comissão é o pagamento que o comitente faz ao comissário, em dinheiro ou espécie, em razão das atividades por ele realizadas.
A comissão é sempre devida em sua integralidade, desde que concluída a atividade atribuída ao comissário, independentemente dele ter sido dispensado motivadamente ou não. A indenização por perdas e danos também é devida à parte que houver sofrido prejuízo.
Nos casos de interrupção da atividade contratada antes da conclusão do negócio, por força maior ou morte do comissário, a comissão devida é proporcional aos trabalhos já realizados
Ao comissário é negado o direito de reter o valor dos bens negociados para o comitente.
Não podem ser objeto do contrato de comissão a aquisição de drogas ou a venda de produtos inexistentes.
Para que o contrato de comissão seja celebrado, é necessário apenas o acordo de vontades entre as partes. 
O comissário jamais responde, perante o comitente, pela falta de pagamento das pessoas com quem tratar.
A cláusula "del credere" tem o objetivo de tornar o comissário responsável, perante o comitente, pelo cumprimento das obrigações das pessoas por ele contratadas.
O comisário não pode adquirir os bens a ele destinados pelo comitente para negociação.
Gabarito dos Exercícios de Fixação:
 Errada. A afirmativa acima é referente ao instrumento de mandato.
Pelo contrato de comissão, uma das partes (comissário) adquire ou vende bens em favor da outra parte (comitente), de acordo com as suas instruções, mas em seu próprio nome.
Certa. O comissário é aquele que adquire ou vende bens para o comitente, segundo as instruções deste, porém, em seu próprio nome.
Certa. Nos contratos de comissão, quem assume os riscos do negócio é o comitente, a menos que conste do contrato cláusula "Del Credere".
Certa. Trata-se de contraprestação pelos serviços prestados pelo comissário, o que classifica o contrato de comissão como oneroso.
Certa. Art. 705 do Código Civil de 2002: "Se o comissário for despedido sem justa causa, terá direito a ser remunerado pelos trabalhos prestados, bem como a ser ressarcido pelas perdas e danos resultantes de sua dispensa."
Certa. Art. 702 do Código Civil de 2002: "No caso de morte do comissário, ou, quando, por motivo de força maior, não puder concluir o negócio, será devida pelo comitente uma remuneração proporcional aos trabalhos realizados."
Errada. Art. 708 do Código Civil de 2002:"Para reembolso das despesas feitas, bem como para recebimento das comissões devidas, tem o comissário direito de retenção sobre os bens e valores em seu poder em virtude da comissão."
Certa. O objeto do contrato de comissão deve ser possível, tanto no sentido material como no sentido jurídico, ou seja, deve existir, ser real e suscetível de apropriação.
Certa. Não é exigida forma especial para a sua celebração, podendo ser verbal, tácito, por escrito, etc.
É, portanto, um contrato consensual.
Errada. O comissário deve responder perante o comitente, pela falta de pagamento das pessoas com quem tratar, quando tiver contribuído (com culpa) para esta insolvência ou quando constar do contrato cláusula Del Credere, através da qual fica convencionado que ele é garante da solvência dos terceiros por ele contratados.
 Certa. Através da cláusula "del credere", o comissário assume os riscos, juntamente com o comitente, dos negócios que concluir com terceiros.
Trata-se de garantia solidária, emanada de um acordo de vontades entre ambos, estranho aos terceiros com quem contrata o comissário.
Errada. o comissário pode adquirir para si os bens a ele destinados pelo comitente para negociação, atuando em seu próprio nome e concluindo contrato consigo mesmo.

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