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PROCESSO PENAL I PLANO DE AULA 01 e prova

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FACULDADE DOM ALBERTO 
CURSO DE GRADUAÇÃO EM DIREITO 
DISCIPLINA DE PROCESSO PENAL – I – PLANO DE AULA 01 
PROF. CLEBER PRADO 
 
 1 
 
 
SISTEMAS ESTATAIS DE PERSECUÇÃO PENAL E OBJETO DO PROCESSO PENAL 
 
 
 
 
Problema: Aos dez dias do mês de outubro de 2013, Mévio, munido de objeto pérfuro contundente, 
consistente em arma branca, desferiu 6 golpes contra a vítima Tício, causando-lhe a morte, 
conforme auto de necropsia constante às fls. 12-13 dos autos, que demonstra a materialidade do 
fato típico deflagrado. Testemunhas foram uníssonas em afirmar que viram Mévio efetuando os 
golpes contra Tício, após uma discussão verbal iniciada entre os dois, no local do fato, 
consolidando, assim, indício suficiente de autoria. Mévio foi processado criminalmente pelo fato 
típico descrito, e responderá a processo penal. Tendo em vista o fato narrado, qual é a finalidade 
buscada pelo processo penal brasileiro? 
 
Micro Problema: Quais são as finalidades dos órgãos do sistema de persecução criminal 
brasileiro? 
 
 
 
B) Conhecimento: 
 
O problema em questão relaciona-se com a necessidade de o graduando estabelecer 
pontos de compreensão em relação aos órgãos estatais de persecução criminal (órgãos de 
concretização do sistema criminal em relação ao autor de uma conduta delituosa). 
 
Para tanto, faz-se necessário apropriar-se de certos conhecimentos, a fim de desenvolver 
habilidades e competências específicas para a resolução do problema sugerido acima. 
 
Jus puniendi: consiste na legitimidade de o Estado em punir (sancionar) o responsável 
pela prática de uma infração penal. (CAPEZ, 2012). 
 
Jus perseguendi: (persecutio criminis) refere-se à legitimidade de o Estado em instaurar 
um procedimento inquisitorial, cuja finalidade consiste em apurar a autoria e a materialidade da 
infração penal; (CAPEZ, 2012). 
 
OBJETO DO PROCESSO PENAL: Consiste na instauração de procedimento destinado a 
apurar eventual responsabilização do acusado pela imputação acusatória da prática de uma 
infração penal, mediante a reunião ou obtenção de elementos concretos que indiquem a autoria e a 
materialidade do delito praticado e apurado. (CAPEZ, 2012). 
 
Na definição de José Frederico Marques, processo penal “é o conjunto de princípios e 
normas que regulam a aplicação jurisdicional do Direito Penal, bem como as atividades 
persecutórias da Polícia Judiciária, e a estruturação dos órgãos da função jurisdicional e respectivos 
auxiliares.” (FREDERICO MARQUES, 2010, p. 20). 
 
CONCEITO DE DIREITO PROCESSUAL PENAL: Segundo Fernando Capez, Direito 
Processual Penal “é o conjunto de princípios e normas que disciplinam a composição das lides 
penais, por meio da aplicação do Direito Penal objetivo.” (CAPEZ, 2010, p. 43). 
 
 
 
01 
FACULDADE DOM ALBERTO 
CURSO DE GRADUAÇÃO EM DIREITO 
DISCIPLINA DE PROCESSO PENAL – I – PLANO DE AULA 01 
PROF. CLEBER PRADO 
 
 2 
 
 
 
NATUREZA E FIM DO DIREITO PROCESSUAL PENAL 
 
 
A finalidade do processo é permitir a adequada solução jurisdicional (forense) do conflito de 
interesses entre o Estado (acusador) e o infrator da lei penal, mediante uma sequência de atos 
concatenados, com previsão em na lei penal, e que compreendam a formulação da acusação, a 
produção das provas, o exercício da defesa e o julgamento da lide (litígio). (CAPEZ, 2010, p. 45). 
 
O Direito Processual Penal constitui-se em uma ciência autônoma no campo da dogmática 
jurídica, uma vez que tem objeto e princípios que lhe são próprios. Sua finalidade é conseguir a 
realização da pretensão punitiva derivada da prática de um ilícito penal, ou seja, é a de aplicar o 
Direito Penal. Tem, portanto, um caráter instrumental; constitui o meio para fazer atuar o direito 
material penal, tornando efetiva a função deste de prevenção e repressão das infrações penais. 
(CAPEZ, 2012). 
 
Assim, o Processo Penal é uma disciplina normativa, portadora de uma concepção formal, 
diversa, portanto, do Direito Penal, que se caracteriza no âmbito material do universo jurídico. Por 
tal razão, costuma-se referir que o Direito Penal é direito material; enquanto, o Direito Processual 
Penal é direito formal de natureza processual, procedimental, que visa materializar o primeiro. 
 
 
O PROCESSO PENAL E O DIREITO DE PUNIR DO ESTADO: Conforme salienta Capez, 
“o Estado, única entidade dotada de poder soberano, é o titular exclusivo e legítimo do direito de 
punir (...). Esse direito de punir é genérico e impessoal porque não se dirige especificamente contra 
esta ou aquela pessoa, mas destina-se à coletividade como um todo”. (CAPEZ, 2010, pp. 43-44). 
 
Trata-se, portanto, de um poder abstrato de punir qualquer um que venha a praticar fato 
definido como infração penal. No instante em que é cometida uma infração penal, esse poder, até 
então genérico, concretiza-se, transformando-se em uma pretensão punitiva dirigida 
especificamente contra o acusado da prática da conduta criminosa. (CAPEZ, 2010, pp. 43-44). 
 
O Estado, que tinha um poder abstrato, genérico e impessoal, passa a ter uma pretensão 
concreta de punir determinada pessoa. (CAPEZ, 2010, p. 44). 
 
Surge, então, um conflito de interesses, no qual o Estado tem a PRETENSÃO de punir o 
suposto infrator da lei penal, enquanto este, por imperativo constitucional, oferecerá resistência a 
essa pretensão, exercitando sua defesa técnica. Esse conflito caracteriza a lide penal, que será 
solucionada por meio da atuação jurisdicional (ou seja, pela instauração do processo penal em 
juízo). (CAPEZ, 2010, p. 44). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Eduarda
Realce
Eduarda
Realce
FACULDADE DOM ALBERTO 
CURSO DE GRADUAÇÃO EM DIREITO 
DISCIPLINA DE PROCESSO PENAL – I – PLANO DE AULA 01 
PROF. CLEBER PRADO 
 
 3 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
C) COMPETÊNCIAS (DCN, Art. 4º) e PERFIS (Art. 3º): 
 
Competência: (C3) Pesquisa e utilização da legislação, da jurisprudência, da doutrina e de outras 
fontes do Direito; 
 
Perfil: (P2) Ser capaz de analisar e dominar conceitos científicos e da terminologia jurídica; 
 
D) SOLUÇÃO: 
 
01. Direito Processual Penal é o ramo do direito que se ocupa em estudar, investigar e 
explicar os instrumentos utilizados para a condução do procedimento instaurado e 
programado, com antecedência ao crime, para a elucidação e justa responsabilização do 
responsável pela prática de infração penal. (CAPEZ, Fernando. Curso de Processo Penal. São 
Paulo: Saraiva). 
 
Diante de tal constatação, analise as seguintes afirmações: 
 
I – A finalidade do processo penal consiste na realização da pretensão punitiva, derivada da 
prática de um ilícito penal. 
 
PORQUE 
 
II – O processo penal tem um caráter instrumental, objetivando apurar, processualmente, a 
materialidade e a autoria do delito. 
 
Sobre essas duas afirmações acima é possível concluir que: 
 Fixando o conhecimento… 
 
Jus puniendi: consiste na legitimidade de o Estado em punir (sancionar) o 
responsável pela prática de uma infração penal. 
 
Jus perseguendi: (persecutio criminis) refere-se à legitimidade de o Estado em 
instaurar um procedimento inquisitorial, cuja finalidade consiste em apurar a autoria e a 
materialidade da infração penal. 
 
Direito Processual Penal: “é o conjunto de princípios e normas que disciplinam a 
composição das lides penais, por meio da aplicação do Direito Penal objetivo.” (CAPEZ, 
2010, p. 43). 
 
Objeto do Processo Penal: Consiste na instauração de procedimento destinado a 
apurar eventual responsabilização do acusado pela imputação acusatória da prática de uma 
infração penal, mediante a reunião ou obtenção de elementos concretos que indiquem a 
autoria e a materialidade do delito praticado e apurado 
Eduarda
RealceFACULDADE DOM ALBERTO 
CURSO DE GRADUAÇÃO EM DIREITO 
DISCIPLINA DE PROCESSO PENAL – I – PLANO DE AULA 01 
PROF. CLEBER PRADO 
 
 4 
 
a) ( ) As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a segunda é uma justificativa correta da 
primeira. 
b) ( ) As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a segunda não é uma justificativa 
correta da primeira. 
c) ( ) A asserção I é uma proposição verdadeira, e a asserção II é uma proposição falsa. 
d) ( ) A asserção I é uma proposição falsa, e a asserção II é uma proposição verdadeira. 
e) ( ) As asserções I e II são proposições falsas. 
 
 
E) REFERÊNCIAS: 
 
CAPEZ, Fernando. Curso de Processo Penal. Saraiva: São Paulo, 2012. 
 
CAPEZ, Fernando. Curso de Processo Penal. Saraiva: São Paulo, 2010. 
 
FREDERICO MARQUES, José. Elementos de direito processual penal, Vol. 1, 2. Ed., Rio de 
Janeiro: Forense, 2010. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Eduarda
Realce
FACULDADE DOM ALBERTO 
CURSO DE GRADUAÇÃO EM DIREITO 
DISCIPLINA DE PROCESSO PENAL – I – PLANO DE AULA 01 
PROF. CLEBER PRADO 
 
 5 
 
 
CONCEITO E OBJETO DO PROCESSO PENAL E A RELAÇÃO DO DIREITO 
PROCESSUAL PENAL COM OUTRAS ÁREAS DO CONHECIMENTO 
 
 
 
A) PROBLEMA: Aos dez dias do mês de outubro de 2013, Mévio, munido de objeto pérfuro 
contundente, consistente em arma branca, desferiu 6 golpes contra a vítima Tício, causando-lhe a 
morte, conforme auto de necropsia constante às fls. 12-13 dos autos, que demonstra a 
materialidade do fato típico deflagrado. Testemunhas foram uníssonas em afirmar que viram Mévio 
efetuando os golpes contra Tício, após uma discussão verbal iniciada entre os dois, no local do fato, 
consolidando, assim, indício suficiente de autoria. Mévio foi processado criminalmente pelo fato 
típico descrito, e responderá a processo penal. Tendo em vista o fato narrado, qual é o objeto 
(mérito) do processo penal brasileiro? 
 
Micro problema: Sob quais parâmetros torna-se possível estabelecer o conceito e a extensão do 
objeto perseguido pelo processo penal, situando o campo de atuação jurídica da ciência do Direito 
Processual Penal? 
 
B) CONHECIMENTO: 
 
O problema sugerido relaciona-se com a necessidade de contextualizar a ciência do 
Direito Processual Penal com outros ramos da ciência jurídico, de modo a dotá-lo de suficiente 
instrumentalidade e evolução interdisciplinar. 
 
Para tanto, faz-se necessário correlacioná-lo com outros ramos do saber jurídico. 
 
 
RELAÇÃO DO DIREITO PROCESSUAL PENAL COM A CONSTITUIÇÃO FEDERAL 
 
O Direito Processual Penal, como qualquer outro ramo do Direito, deve submeter-se 
essencialmente ao Direito Constitucional, em decorrência da supremacia da Constituição na 
hierarquia das leis. 
 
O Código de Processo Penal, por sua vez, é o diploma que rege o direito processual 
penal, mas em parte; até porque há outras legislações de natureza processual penal que também 
regem determinados procedimentos específicos (como a lei antidrogas). Por isso, o diploma que 
norteia essencialmente o direito processual penal é a Máxima Norma Constitucional. 
 
É a Carta Magna, portanto, que deve instituir o aparelho judiciário, de modo a regular o 
exercício da atividade jurisdicional, bem como definir as garantias individuais que limitam o poder 
do Estado no instante em que este inicia o processo penal contra o acusado, de modo a se impedir 
o exercício arbitrário ou desmedido desse poder estatal. (FERRAJOLI, 2001, p. 335). 
 
Com esse entendimento Ferrajoli lança as bases do direito penal dos mais fracos, e não 
dos mais fortes. Assim, a lei penal encontra a sua justificativa na convergência da tutela dos 
direitos do réu contra a violência arbitrária da maioria. (FERRAJOLI, 2001, p. 335). 
 
02 
FACULDADE DOM ALBERTO 
CURSO DE GRADUAÇÃO EM DIREITO 
DISCIPLINA DE PROCESSO PENAL – I – PLANO DE AULA 01 
PROF. CLEBER PRADO 
 
 6 
Assim sendo, como bem enunciou o jurista italiano, a imposição da pena (como mal 
menor - menos aflitivo e menos arbitrário), por mais contraditório que possa parecer, representa a 
garantia do réu (acusado) a um julgamento justo, proporcional e de competência exclusiva do 
Estado. (FERRAJOLI, 2001, p. 335). 
 
Por tal motivo, a Carta Constitucional brasileira disciplina a instituição do Poder Judiciário, 
inclusive na sua atividade jurisdicional penal (arts. 92 a 126), regula o Ministério Público, enquanto 
órgão destinado a deduzir em Juízo a pretensão punitiva de acusação criminal nas ações penais 
públicas (arts. 127 a 130), organiza as polícias (art. 144), além de outros princípios diretivos de 
regulação do poder estatal, pelos seus órgãos e agentes públicos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
C) COMPETÊNCIAS (DCN, Art. 4º) e PERFIS (Art. 3º): 
 
Competência: (C3) Pesquisa e utilização da legislação, da jurisprudência, da doutrina e de outras 
fontes do Direito; 
 
Perfil: (P4) Apresentar postura reflexiva e visão crítica que fomente a capacidade e a aptidão para a 
aprendizagem; 
 
 
D) SOLUÇÃO: 
 
01. Segundo Luigi Ferrajoli, o Direito Processual Penal deve dialogar com outros sistemas 
jurídicos, buscando atualização, celeridade e eficácia no seu aspecto instrumental, de modo 
a ampliar o seu papel de utilidade pública, não apenas para a sociedade, abalada com o 
delito praticado, mas também para o próprio acusado no trâmite angustiante que um 
 Fixando o conhecimento… 
 
O Direito Processual Penal, como qualquer outro ramo do Direito, deve submeter-se 
essencialmente ao Direito Constitucional, em decorrência da supremacia da Constituição na 
hierarquia das leis. 
 
O Código de Processo Penal, por sua vez, é o diploma que rege o direito processual 
penal, mas em parte; até porque há outras legislações de natureza processual penal que 
também regem determinados procedimentos específicos (como a lei antidrogas). Por isso, o 
diploma que norteia essencialmente o direito processual penal é a Máxima Norma 
Constitucional. 
 
A Carta Constitucional brasileira disciplina a instituição do Poder Judiciário, inclusive 
na sua atividade jurisdicional penal (arts. 92 a 126), regula o Ministério Público, enquanto 
órgão destinado a deduzir em Juízo a pretensão punitiva de acusação criminal nas ações 
penais públicas (arts. 127 a 130), organiza as polícias (art. 144), além de outros princípios 
diretivos de regulação do poder estatal, pelos seus órgãos e agentes públicos. 
FACULDADE DOM ALBERTO 
CURSO DE GRADUAÇÃO EM DIREITO 
DISCIPLINA DE PROCESSO PENAL – I – PLANO DE AULA 01 
PROF. CLEBER PRADO 
 
 7 
processo penal representa no cotidiano do indivíduo. Por isso, o acusado necessita do 
processo penal em razão do seu alto grau de proteção e garantia contra eventuais arbítrios 
que podem ser cometidos por parte do poder público, em razão de eventuais atos de 
corrupção dos seus agentes estatais. (FERRAJOLI, Luigi. Derecho y Razón. Teoría del 
garantismo penal. Traduzido por Perfecto Andrés Ibáñes et al 5.ed. Madrid: Trota, 2001). 
 
Para esse doutrinador, o Direito Processual Penal, e, por conseguinte, o próprio processo 
penal, devem ser essencialmente norteados e regulados pela incidência normativa de qual 
diploma legislativo? 
 
a) ( ) Código Penal; 
b) ( ) Constituição Federal; 
c) ( ) Código de Processo Civil; 
d) ( ) Código de Processo penal 
d) ( ) Código de Processo Penal militar; 
 
 
 
E) REFERÊNCIA: 
 
FERRAJOLI, Luigi. Derecho y Razón. Teoría del garantismo penal. Traducido por Perfecto Andrés 
Ibáñes et al 5.ed. Madrid: Trota, 2001. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Eduarda
Realce
FACULDADE DOM ALBERTO 
CURSO DE GRADUAÇÃOEM DIREITO 
DISCIPLINA DE PROCESSO PENAL – I – PLANO DE AULA 01 
PROF. CLEBER PRADO 
 
 8 
 
 
A EVOLUÇÃO DO DIREITO PROCESSUAL PENAL 
 
 
 
A) PROBLEMA: Aos dez dias do mês de outubro de 2013, Mévio, munido de objeto pérfuro 
contundente, consistente em arma branca, desferiu 6 golpes contra a vítima Tício, causando-lhe a 
morte, conforme auto de necropsia constante às fls. 12-13 dos autos, que demonstra a 
materialidade do fato típico deflagrado. Testemunhas foram uníssonas em afirmar que viram Mévio 
efetuando os golpes contra Tício, após uma discussão verbal iniciada entre os dois, no local do fato, 
consolidando, assim, indício suficiente de autoria. Mévio foi processado criminalmente pelo fato 
típico descrito, e responderá a processo penal. Tendo em vista o fato narrado, é possível afirmar 
que, ainda que o seu processo penal não seja instaurado, Mévio poderá ser sancionado 
criminalmente pelo fato típico praticado? 
 
Micro Problema: Quais são as origens e as finalidades históricas do Direito Processual Penal? 
 
B) Conhecimento: 
 
O direito (penal) possui uma peculiaridade que o diferencia dos outros padrões de 
imposição de valores sociais: a sanção (coação institucional), o que está a indicar situação na 
qual não existe ordem jurídica desprovida de poder sancionatório. (CARVALHO, 2002, p. 123). 
 
De modo diverso das instâncias primárias de controle social (família, escola, 
associações, etc.), onde a coação é exercida de forma simbólica, seja por reprovações ou 
exclusões do grupo, o Direito coage as condutas que vão além dessa esfera primária, e atingem 
valores fundamentais tutelados por normas jurídicas, ensejando as restrições coercitivas de bens 
(direitos) da vida. (CARVALHO, 2002, p. 123). 
 
Nesse sentido, a PENA e o PROCESSO PENAL possuem uma mútua relação de 
interdependência. Para aplicar-se uma pena, se faz necessário a instauração de um processo 
penal. Como acrescenta Aury Lopes Júnior, “Existe uma íntima e imprescindível relação entre 
delito, pena e processo, de modo que são complementares.” (LOPES JÚNIOR, 2001, p. 06). 
 
A pena é, simultaneamente, efeito jurídico do delito (efetivamente perpetrado) e da 
tramitação de um processo penal, em todas as suas instâncias. (LOPES JÚNIOR, 2001, p. 09). 
 
O processo penal, por sua vez, tem por objeto determinar o delito e impor a sua 
correspondente pena. Portanto, se o processo findar antes de desenvolver-se completamente 
(arquivamento, suspensão condicional, etc.), não há que se falar em pena, pois, de outro modo, 
estaríamos afrontando o Estado Democrático de Direito, além de violar as garantias 
fundamentais do acusado, privando-o do devido e justo processo legal. (LOPES JÚNIOR, 2001, 
p. 09). 
 
Nesta senda, os pensadores jurídicos, ao longo do tempo, tentaram explicar e/ou 
justificar a finalidade da pena no legítimo exercício do direito de punir. Disso resultaram algumas 
Escolas de Pensamento que se detinham em teorias elucidativas acerca da pena, no sentido de 
encontrar a sua eficácia coercitiva, concreta e abstrata, legitimando o aparelho repressor estatal. 
03 
Eduarda
Nota
Não é possível que Mévio seja sancionado sem o devido processo penal.
FACULDADE DOM ALBERTO 
CURSO DE GRADUAÇÃO EM DIREITO 
DISCIPLINA DE PROCESSO PENAL – I – PLANO DE AULA 01 
PROF. CLEBER PRADO 
 
 9 
Assim, uma vez praticado um fato definido como crime, surge para o Estado o direito de 
punir, que se exercita através do processo penal. Este é o conjunto de atos cronologicamente 
concatenados (procedimentos) e submetidos a princípios e regras jurídicas destinadas a compor 
as lides de caráter penal. Sua finalidade é, assim, a aplicação do direito penal (material) objetivo. 
 
Por tais motivos, costuma-se caracterizar o direito penal como sendo uma esfera de 
punição extremada (ultima ratio) por parte do Estado. (GERBER, 2003, p. 29). 
 
Sobre isso, Bitencourt refere que “(...) falar de Direito Penal é falar, de alguma forma, 
de violência”, e desde sua institucionalização, que o tema é alvo de debates voltados à 
legitimidade de seus fins, ou seja, buscam-se, desde seu início, respostas que fundamentam a 
pena como um instituto jurídico que sirva para a persecução (busca) de um fim legítimo frente à 
sociedade e ao indivíduo sobre o qual recai a sanção. (BITENCOURT, 2000, p. 01). 
 
Sob tais perspectivas, a evolução histórica do homem retrata as mais variadas formas e 
motivos de punição e, consoante Brandão, “(...) o Direito Penal primitivo é sinônimo de aflição de 
penas por demais cruéis, que em nada respeitam a dignidade dos homens que as sofrem, 
vinculadas a especialíssimas superstições e odiosas práticas”. (BRANDÃO, 2002, p. 13). 
 
O direito penal primitivo pertencia, em síntese, à órbita do direito privado. Daí decorre a 
pluralidade de entes aptos e legítimos ao exercício do poder de punir, sejam eles representados 
pela vítima em si, familiares, etc. (GERBER, 2003, p. 31). 
 
Foi no direito romano que o Direito Penal passa a trazer caracteres de direito público. 
Também é possível afirmar, que foi no medievo que a concentração do direito de punir nas mãos 
de órgãos institucionais tornava-se a regra. Essa época traz como uma de suas marcas a figura 
do príncipe como ente que substitui a vítima no pólo passivo da lesão causado por um ato 
humano, monopolizando para si o exercício do direito de punir. (GERBER, 2003, p. 31). 
 
Surge daí o embrião que culmina com o atual Estado de Direito, eis que dito monopólio 
significa, em primeiro passo, a negação da vingança privada como fonte legitimadora da 
punição. (GERBER, 2003, p. 31). 
 
Entretanto, ainda que já se fale em concentração do ius puniendi nas mãos do Estado, 
deve-se perceber que se está versando sobre uma sociedade dominada pela fé e, neste sentido, 
a Igreja era fundida à nobreza e monarquia, exercendo, de forma concomitante, o papel de 
legisladora, acusadora, defensora e julgadora dos delitos, sendo que estes eram confundidos 
com pecados. (GERBER, 2003, p. 31). 
 
A partir disso estavam criados os Tribunais da Inquisição, que fizeram uso do braço 
armado do Estado (Direito Penal) para legitimar (justificar) a perseguição, tortura, julgamento e 
punição capital de pessoas acusadas de heresia contra a fé cristã. Diante disso, surgiram os 
Tribunais da Santa Inquisição, atrelando o Direito à moral (religiosa) e delito ao pecado, 
ocasionando assim, a punição e a expiação da alma do pecador (tido como criminoso), uma vez 
que essa pena era a manifestação da vontade divina. (CARVALHO, 2001, p. 84). 
 
Seguindo na evolução do sistema processual penal, tal concepção passa a ser 
questionada por meio do movimento renascentista iniciado no Século XVII, no continente 
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DISCIPLINA DE PROCESSO PENAL – I – PLANO DE AULA 01 
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 10 
europeu, apoiando-se nos ideais antropocêntricos, cuja doutrina determina que homem deva ser 
considerado centro do universo, e não mais Deus, como determinava o teocentrismo. Surge, 
nesta época, atendendo às necessidades de uma burguesia cada vez mais potente, uma nova 
concepção de indivíduo, sociedade e estrutura de Estado; criam-se teorias contratualistas, 
fulcradas na racionalidade e igualdade dos homens e, consequentemente, os paradigmas 
jurídicos se alteram em acordo com as mesmas. (GERBER, 2003, p. 33). 
 
Com isso, concede-se ao indivíduo o status de ente máximo a ser valorado e protegido 
pelo Estado (ente fictício), devendo este regular a vida social através de normas (pautas de 
condutas) devidamente estabelecidas, e que trouxessem por objetivo não mais satisfazer a 
vontade do governante (vontade do príncipe, vontade de Deus), mas sim as necessidades do 
povo. 
 
No entanto, segundo Gerber, “(...) ainda que redirecionado ofoco legitimador do 
exercício do poder, todas estas fases históricas, desde os agrupamentos primitivos até a nossa 
sociedade contemporânea, trazem, pelo menos, um ponto em comum: a PENA, ou seja, a 
coercitividade das regras de conduta”. (GERBER, 2003, p. 33). 
 
Assim, a pena perpassou todos os períodos históricos, como meio coercitivo de regrar 
a conduta transgressora, atentando-se, obviamente, para os diferentes modos e espécies de 
transgressão que marcaram cada fase histórica, de cada organização tribal e sociedades 
posteriores. (GERBER, 2003, p. 34). 
 
Desse modo, segundo Gerber, “(...) a pena existe, ou seja, é um fenômeno social, 
inexplicável sob o ponto de vista jurídico. Desta maneira, deve-se buscar a sua melhor 
aplicabilidade enquanto fenômeno inafastável, sem tentar-se legitimar a mesma através de uma 
definição jurídica stricto sensu, mas sim através de uma sistemática social, política e jurídica, 
que permita sua incidência somente quando inevitável ou inafastável.” (GERBER, 2003, p. 34). 
 
Assim, para que o Estado-acusador possa propor a ação penal, deduzindo a pretensão 
punitiva no processo, são indispensáveis atividades investigatórias consistentes em atos 
administrativos da Polícia Judiciária, o que é feito no inquérito policial (persecução). 
 
Sob tais parâmetros, para que o processo penal em juízo tenha viabilidade 
jurisdicional a AÇÃO PENAL deverá ter INDÍCIO SUFICIENTE DE AUTORIA e 
MATERIALIDADE DELITIVA, como fatores materiais mínimos para o ajuizamento da peça 
acusatória inicial junto ao Poder Judiciário. 
 
São, portanto, necessárias as normas que disciplinem a criação, a estrutura, a 
sistematização, a localização, a nomenclatura e a atribuição desses diversos órgãos diretos e 
auxiliares do aparelho judiciário destinado à administração da justiça penal, constituindo-se o que 
se denomina de Organização Judiciária. 
 
 
 
 
 
 
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C) COMPETÊNCIAS (DCN, Art. 4º) e PERFIS (Art. 3º): 
 
Competência: (C3) Pesquisa e utilização da legislação, da jurisprudência, da doutrina e de outras 
fontes do Direito; 
 
Perfil: (P2) Ser capaz de analisar e dominar conceitos científicos e da terminologia jurídica; 
 
 
 
D) SOLUÇÃO: 
 
01. Assim, para que o Estado-acusador possa propor a ação penal, deduzindo a pretensão 
punitiva no processo, são indispensáveis atividades investigatórias consistentes em atos 
administrativos da Polícia Judiciária, o que é feito no inquérito policial (persecução). Desse 
modo, a ação penal deverá ter indício suficiente de autoria e de materialidade delitiva, como 
fatores materiais mínimos para o ajuizamento da peça acusatória inicial. 
 
Assinale a opção que indica os fatores materiais mínimos que legitimam o Estado- acusador 
a ingressar com a ação penal contra o acusado da prática da infração penal: 
 
 Fixando o conhecimento… 
 
Para que o processo penal em juízo tenha viabilidade jurisdicional a AÇÃO PENAL deverá 
ter INDÍCIO SUFICIENTE DE AUTORIA e MATERIALIDADE DELITIVA, como fatores 
materiais mínimos para o ajuizamento da peça acusatória inicial junto ao Poder Judiciário. 
 
AÇÃO PENAL = para o processo penal ter início necessita-se de I.S.A. + M.D. 
 
MÉRITO DO PROCESSO PENAL = o processo penal visa determinar autoria certa e 
materialidade delitiva: A.C. + M.D. 
 
MÉRITO DO PROCESSO PENAL = A.C. + M.D. 
 
 
Dessa forma, pode-se conceituar o Direito Processual Penal, no seu 
aspecto de ordenamento jurídico, como sendo uma ciência ocupada em estudar 
o conjunto de princípios e normas que possam regular satisfatoriamente a 
aplicação concreta (ou jurisdicional) do Direito Penal material, além das 
atividades de investigação dos órgãos de policia judiciária, bem como a 
estruturação do Poder Judiciário no trâmite do feito criminal. (LOPES JÚNIOR, 
2001, p. 09). (BITENCOURT, 2000, p. 01). 
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 12 
a) ( ) existência do crime; 
b) ( ) existência de inquérito policial; 
c) ( ) existência de materialidade, tão somente; 
d) ( ) existência de autoria do delito, tão somente; 
e) ( ) existência de indício suficiente de autoria e de materialidade do delito; 
 
 
E) REFERÊNCIAS: 
 
BITENCOURT, Cezar Roberto. Manual de Direito Penal. São Paulo: Saraiva, 2000. 
 
BRANDÃO, Cláudio. Introdução ao Direito Penal. Rio de Janeiro: forense, 2002. 
 
CARVALHO, Salo de. Pena e Garantias: Uma Leitura do Garantismo de Luigi Ferrajoli no Brasil. Rio 
de Janeiro: Lúmen Júris, 2001. 
 
CARVALHO, Amilton Bueno de; CARVALHO, Salo de. Aplicação da Pena e Garantismo. 2. ed. 
ampl. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2002. 
 
LOPES JUNIOR, Aury Celso Lima. Sistemas de Investigação Preliminar no Processo Penal. Rio de 
Janeiro: Lúmen Júris, 2001. 
 
GERBER, Daniel. Prisão em Flagrante: uma abordagem garantista. Porto Alegre: Livraria do 
Advogado, 2003. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Eduarda
Realce
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 13 
 
 
ESTRUTURA LEGISLATIVA DO DIREITO PROCESSUAL PENAL 
 
 
 
 
A) PROBLEMA: Aos dez dias do mês de outubro de 2013, Mévio, munido de objeto pérfuro 
contundente, consistente em arma branca, desferiu 6 golpes contra a vítima Tício, causando-lhe a 
morte, conforme auto de necropsia constante às fls. 12-13 dos autos, que demonstra a 
materialidade do fato típico deflagrado. Testemunhas foram uníssonas em afirmar que viram Mévio 
efetuando os golpes contra Tício, após uma discussão verbal iniciada entre os dois, no local do fato, 
consolidando, assim, indício suficiente de autoria. Mévio foi processado criminalmente pelo fato 
típico descrito, e responderá a processo penal. Tendo em vista o fato narrado, é possível afirmar 
que, o processo penal que Mévio enfrentará em face do fato típico praticado, observará os 
princípios e as regras da Constituição Federal? 
 
Micro Problema: Que ferramenta será útil à compreensão panorâmica da estrutura legislativa do 
Direito Processual Penal? 
 
B) CONHECIMENTO: 
 
No presente problema, faz-se necessário o desenvolvimento de habilidades e 
competências no sentido de identificar os elementos que compõem a estrutura legislativa de direito 
processual penal. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A referida previsão constitucional possui caráter processual, eis que orienta o juiz acerca 
dos moldes instrumentais de elaboração formal da decisão judicial. (BITENCOURT, 2000). 
 
Já o Código de Processo Penal, editado por meio do DECRETO-LEI n.º 3.689, 3.10.1941, 
traz uma série de atos e ritos formais de observância da elaboração de peças processuais 
tendentes a conformarem os autos de inquéritos policiais e de processos penais. 
 
Demais procedimentos processuais penais estão contemplados em legislações esparsas, 
tais como: Lei n.º 11.343/2006 (Lei de Drogas Ilícitas); Lei n.º 9.099/1995 (Lei do Juizado Especial 
Criminal); Lei de Execuções Penais – LEP; Estatuto da Criança e do Adolescente em relação ao 
procedimento de apuração de ato infracional; Lei n.º 11.340/2006 (Lei Maria da Penha, que reprime 
condutas de violência doméstica ou familiar contra a mulher); dentre outros. 
 
Tais legislações específicas trazem dispositivos legais de natureza processual penal, eis 
que regulam, por força de lei, a forma e o modo de elaboração (processual) dos atos judiciais de 
apuração da materialidade delitivae da autoria nos crimes relacionados a cada legislação esparsa 
referida. (BITENCOURT, 2000). (GERBER, 2003). 
 
 
 
04 
 
Desse modo, as leis processuais penais estão previstas, inicialmente, na 
Constituição Federal, ao retratar sobre a necessidade de o magistrado fundamentar suas 
decisões judiciais sob pena de nulidade, conforme Art. 93, inciso IX, da Carta Cidadã 
brasileira. 
 
Eduarda
Nota
Sim, uma vez que, o processo penal deverá sempre estar de acordo com a CF/88, e deverá sempre observar os princípios e regras da CF/88 A justificativa esta por o estado ser democrático , o que assegura o cumprimento dos princípios destinados ao trâmite do seu processo penal.
Eduarda
Realce
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Desse modo, a estrutura legislativa do Direito Processual Penal brasileiro encontra-se 
assim formatada: 
 
 Constituição Federal 1 
 
 
 
 Código de Processo Penal 2 Leis esparsas com previsão processual penal 3 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
C) COMPETÊNCIAS (DCN, Art. 4º) e PERFIS (Art. 3º): 
 
Competência: (C3) Pesquisa e utilização da legislação, da jurisprudência, da doutrina e de outras 
fontes do Direito; 
 
Perfil: (P4) Apresentar postura reflexiva e visão Crítica que fomente a capacidade e a aptidão para 
a aprendizagem; 
 
 
D) SOLUÇÃO: 
 
01. Determine os moldes de relacionamento que há entre as diferentes legislações que 
permeiam a ciência do Direito Processual Penal. Justifique sua resposta acerca da estrutura 
eleita, explicando as razões de tal estrutura: 
 
 
 
E) REFERÊNCIAS: 
 
BITENCOURT, Cezar Roberto. Manual de Direito Penal. São Paulo: Saraiva, 2000. 
 
GERBER, Daniel. Prisão em Flagrante: uma abordagem garantista. Porto Alegre: Livraria do 
Advogado, 2003. 
 
1 A Constituição Federal preceitua dispositivos de natureza processual penal; 
2 O Código de Processo Penal regula, de forma global, os procedimentos processuais penais, estabelecendo diferentes 
formas de ritos instrumentais; 
3 As Leis Esparsas regulam, de forma específica, o procedimento processual penal em delitos específicos; 
 Fixando o conhecimento… 
 
 
 Constituição Federal 
 
 
 CPP -------------- Legislações esparsas com previsão 
 de Lei Processual Penal 
Eduarda
Nota
A estrutura eleita explica que não só o CPP mais as leis esparsas de natureza processual também se submetem a constituição federal, estando de qualquer modo abaixo dela.
Eduarda
Nota
um exemplo de lei esparsa é a lei de drogas.
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SISTEMAS PROCESSUAIS PENAIS 
 
 
 
 
A) PROBLEMA: Aos dez dias do mês de outubro de 2013, Mévio, munido de objeto pérfuro 
contundente, consistente em arma branca, desferiu 6 golpes contra a vítima Tício, causando-lhe a 
morte, conforme auto de necropsia constante às fls. 12-13 dos autos, que demonstra a 
materialidade do fato típico deflagrado. Testemunhas foram uníssonas em afirmar que viram Mévio 
efetuando os golpes contra Tício, após uma discussão verbal iniciada entre os dois, no local do fato, 
consolidando, assim, indício suficiente de autoria. Mévio foi processado criminalmente pelo fato 
típico descrito, e responderá a processo penal. Tendo em vista o fato narrado, é possível afirmar 
que, o processo penal que Mévio enfrentará em face do fato típico praticado, terá um 
acusador criminal independente do magistrado que o julgará? 
 
Micro Problema: Quais são os sistemas penais forjadores do atual paradigma processual penal 
brasileiro? 
 
B) Conhecimentos: 
 
SISTEMAS PROCESSUAIS PENAIS: INQUISITÓRIO E ACUSATÓRIO. 
 
Conforme a lição de Lauria Tucci e Rogério Cruz e Tucci, “(...) o processo consiste, 
precipuamente, numa garantia outorgada pela Lei das Leis à efetivação do direito (subjetivo, 
material e público) à jurisdição”. (TUCCI; CRUZ E TUCCI, 1993, p. 18). 
 
Conforme o que já foi abordado neste estudo, o processo como instrumento é o 
único meio apto a efetivar as garantias penais do indivíduo, ao passo que, limita o exercício 
do poder punitivo do Estado, por isso a sua imprescindibilidade na prestação jurisdicional. 
No entanto, para que esse instrumento possa se concretizar é imperioso a sua desvinculação 
ao exercício de poder, a fim de inserir-se na qualidade de instrumento na busca da verdade 
perseguida. (GERBER, 2003, p. 41). 
 
Assim passamos a análise dos sistemas processuais que inspiraram a nossa cultura 
jurídica contemporânea, que influenciaram a vida, os hábitos e as crenças dos povos ao longo do 
tempo, que instalaram revoluções paradigmáticas e crises de pensamento social, que provocaram o 
potencial criativo humano e o seu essencial instinto descobridor, como por exemplo, a revolução 
Copernicana, que significou um marco na história do pensamento humano e o seu papel no 
universo. Todos esses elementos tornaram-se significativos à medida que justificavam o ideal de 
liberdade do homem. 
 
Para procedermos à análise dos sistemas em questão, devemos focá-los tendo em vista o 
contexto histórico em que cada um deles vigorou soberanamente. Salo de Carvalho cita Júlio Maier, 
ao avaliar o processo penal como fenômeno cultural, que surge através da vigorosa e direta 
relação entre o sistema político imperante e o processo penal vigente. (MAIER apud 
CARVALHO, 2001, p.18). 
 
Nessa seara, Carvalho refere que ambos se correlacionam diretamente. Diante disso, faz-
se necessário avaliar o momento histórico que concebeu e condicionou os respectivos sistemas 
processuais penais, que sofreram também, variações em suas perspectivas teóricas. (PRADO, 
2001, p. 79). 
05 
Eduarda
Nota
Sim, 
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SISTEMA INQUISITÓRIO 
 
As primeiras formas ou manifestações do sistema inquisitorial processual se desenvolveu 
na Roma imperial, com a introdução dos delitos de laesae maiestatis, de subversão e conjura, onde 
se considerava a ofensa pelo delito, um direito do príncipe e a parte ofendida se identificava com o 
Estado. (FERRAJOLI, 2001, p. 565). A acusação que era pública foi substituída pela denúncia e 
pela calúnia oculta, originando assim, um instrumento da tirania e da intolerância. 
 
Em momento posterior, desenvolvido pelo Direito canônico e recebido na legislação 
laica da Europa Continental, o sistema inquisitorial fixou as suas bases e encontrou o seu 
apogeu, fulcrado no autoritarismo e nas arbitrariedades advindas do poder instaurado, 
sendo recepcionado pelo Direito romano-canônico. 
 
O processo inquisitivo nasceu com a cognitio extra ordinem, onde o início, a tramitação e o 
julgamento eram exarados por meio do ex officio, por magistrados estatais delegados pelo príncipe. 
Os magistrados, por sua vez, foram ampliando a sua esfera de atuação, alcançando as atribuições 
reservadas aos particulares, chegando ao extremo de agregarem em um mesmo órgão do Estado, 
não só o julgamento dos delitos, mas também as funções que atualmente competem ao Ministério 
Público. 
 
Na antiguidade atenta-se para o fato de que ninguém poderia ser levado a juízo sem 
acusação. Em Roma o processo se iniciava com a acusatio (ação privada), para em seguida 
proceder-se à pesquisa dos elementos de materialidade e autoria pelo acusador na presença do 
acusado.A legitimidade de tal procedimento era fornecida por meio de uma lex que delegava 
poderes para a obtenção e levantamento de provas, análise de documentos e inquirição de 
testemunhas. 
 
Já o PROCESSO ACUSATÓRIO caracterizava-se, desde o início, pela separação de 
funções no plano processual (actus trium personarum), por ser público, oral e, 
principalmente, contraditório, onde o julgador da lide não tinha qualquer iniciativa de apurar 
eventuais indícios, e o réu aguardava, na maioria dos casos, o desfecho do processo, em 
liberdade. (CARVALHO, 2001, p. 05). 
 
Nesta seara transitória, o sistema inquisitivo acompanhou o acusatório 
subsidiariamente durante muito tempo, ganhando, pouco a pouco, as formas atualmente 
conhecidas. Quando do seu estabelecimento formal a inquisitio se dividia em duas fases: a 
primeira chamada de inquisitio generalis, onde o fato era pesquisado somente com vistas à 
materialidade, sem atentar para a autoria; a segunda, chamada de inquisitio especialis, 
depois de apurada a existência do fato, passava-se à investigação da culpa, perquirindo-se 
sobre o autor. (CARVALHO, 2001, p. 05). 
 
Devido à formação de pequenas comunidades, dispostas em feudos, comandadas de 
forma autoritária e exploradora da atividade servil, necessário era preservar esse sistema social de 
exploração, seja pela força física, onde os nobres feudais detinham a força militar, que poderia ser 
acionada para conter as rebeliões; ou então, o modo menos desgastante para obter o controle 
dessa massa: instituir “um conjunto de idéias e de doutrinas para ‘convencer’ os explorados 
de que eles viviam dentro de um regime social aceitável, justo e natural”. (COTRIM, 1994, p. 
151). 
 
Neste contexto histórico, durante o predomínio do sistema feudal, a principal 
organização responsável pela instituição da ideologia das classes dominantes - compostas 
pelos senhores feudais - e a conseqüente institucionalização dos explorados, ficou a cargo 
da Igreja católica, que justificava (pregava) a existência de senhores e servos, como sendo 
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 17 
natural dentro de uma sociedade cristã, devendo estes, obedecer e servir àqueles, pois a 
infidelidade e a rebeldia constituíam pecados mortais. (COTRIM, 1994, p. 151). 
 
Essa prevalência histórica da Igreja se deve ao esfacelamento do Império Romano e as 
invasões germânicas, que promoveram a desorganização administrativa, econômica e social, 
restando apenas a Igreja como instituição, com sede em Roma. Na lição de Cotrim, “valendo-se de 
sua crescente influência religiosa, a Igreja passou a exercer importante papel em diversos setores 
da vida medieval, servindo como instrumento de unificação, diante da fragmentação política da 
sociedade feudal”. (COTRIM, 1994, p. 154). 
 
Sendo assim, diante da considerável redução da justiça, pelo desmembramento do aparato 
judicial germânico, instaura-se a jurisdição eclesiástica, organizada em um poder centralizado e 
eficientemente distribuída em diversos territórios, ao contrário do poder real. (COTRIM, 1994, p. 
154). 
 
O resultado disso foi a fusão do nascente Estado administrativo burocrático com a 
Igreja Católica Apostólica Romana, instaurando-se assim, em termos jurídicos e políticos, a 
consolidação da intolerância, caracterizada pela submissão daquele a esta. (CARVALHO, 
2001, p. 26). 
 
Com esse poder social, político e jurídico nas mãos, a Igreja passou a usufruí-lo. Agregada 
ao Estado, avocando para si o poder jurisdicional, disciplinando não só as condutas exteriores, mas 
também, a moral e o inconsciente do homem medieval, realçando o teocentrismo como “guia” do 
homem à salvação. (CARVALHO, 2001, p. 26). 
 
O instrumento jurídico que legitima tal asserção está na fusão (confusão) entre o direito e a 
moral, consubstanciado em uma estrutura dúplice do ilícito, considerado parcialmente civil (terreno) 
e parcialmente eclesiástico, cuja ofensa é dirigida a Deus e ao Príncipe (crimes de lesa-majestade 
divina). Nesta ótica, o delito se revestia do pecado e a pena do castigo. (CARVALHO, 2001, p. 
26). 
 
O desviante é rotulado como herege, pois se opõe à “verdade eclesiástica” e 
conseqüentemente à vontade de Deus, recusando-se a seguir os dogmas da Igreja, e, por 
isso, não aceita o discurso conformador.4 (CARVALHO, 2001, p. 26). 
 
Desse modo, ocorre a criminalização das condutas tidas como heréticas, pois o 
herege é um opositor, e divulgador de outros preceitos, outras verdades, estas inadmissíveis 
aos olhos da Igreja católica, dentro de uma concepção teocêntrica e monoteísta. 
(CARVALHO, 2001, p. 26). 
 
Sendo assim, a Igreja passa a conceber o crime como um problema de salvação da alma, 
utilizando-se do poder punitivo como forma de expiação das culpas. 
 
Conforme Prado, o arrependimento não é mais eficaz, mas a penitência é essencial, e 
por essa razão, o poder persecutório da Igreja é ampliado para investigar toda e qualquer 
 
4 Salo de Carvalho soube descrever as angústias de litigar em um processo inquisitório, onde o adversário processual é um 
ente divino e abstrato, nas linhas que segue: “com a entrada de Deus em juízo fica impossível a admissibilidade do 
contraditório em actus trium personarum. O inquisidor, representante divino, é órgão de acusação e julgamento, figura 
sob a qual não podem pairar dubiedades, ou seja, trata-se de ente ‘semidivino’ cuja atividade não admite dissenso, pois, 
em última análise, colocar-se-ia em dúvida a própria figura onipresente e perfeita do Todo Poderoso. A confissão, 
considerada a rainha das provas, desde esta perspectiva, apenas reafirma a ‘verdade’ divina absoluta, tornando-se, assim, 
o principal instrumento processual”. (CARVALHO, 2001, p. 25). 
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 18 
suspeita de infração (heresia), de modo a ratificar a sua autoridade política. (PRADO, 2001, p. 
79). 
 
 Segundo a lição de Carvalho, “a sanção tida no modelo garantista como resposta 
jurídica à violação da norma (quia prohibitum), traveste-se de resposta quia pecatum, 
punindo-se o infrator não pela conduta e pelo resultado danoso produzido, mas por quão 
perigoso ou perverso é”. (CARVALHO, 2001, p. 27). 
 
Diante disso, outro elemento que passou a caracterizar o sistema inquisitivo foi o 
decisionismo processual (tanto no que diz respeito ao juízo quanto à execução da pena) que 
ignorava a cognição, e por essa razão afastava os critérios objetivos de julgamento por questões 
subjetivas que são inquestionáveis (como questionar um posicionamento de consciência 
abstratamente adotado?) dentro de uma perspectiva potestativa. (CARVALHO, 2001, p. 27). 
 
Outra mácula do sistema inquisitivo está na exclusão do contraditório, restringindo o 
direito da ampla defesa, além de obstaculizar, e até, aniquilar o princípio da presunção de 
inocência. (CARVALHO, 2001, p. 27). 
 
Em consonância com esta proposta, Carvalho enfatiza o que Tornaghi já alertava no 
que tange à principal linha de oposição entre o sistema processual acusatório e o 
inquisitório, onde o primeiro está caracterizado pela separação total das funções de acusar, 
defender e julgar, sendo atribuídas a três órgãos distintos; enquanto que, o segundo modelo, 
acumula as três funções, confiadas a apenas um órgão. (CARVALHO, 2001, p. 28). 
 
Outra relevante característica do sistema inquisitório está na GESTÃO DA PROVA, 
confiada essencialmente ao juiz, que a obtém secretamente, e deste modo, o magistrado tem a 
possibilidade ampla e isolada de visualização da situação fática, tida como real, podendo extrapolar 
aos limites do objetodo processo, criminalizando qualquer fato penalmente (ir)relevante, dado o seu 
domínio sobre o mesmo. (COUTINHO, 2001, p. 24). 
 
Como bem embasa Michel Foucault, “ele constituía, sozinho e com pleno poder, uma 
verdade com a qual investia o acusado; e essa verdade, os juízes a recebiam pronta, sob a forma 
de peças e relatórios escritos”.5 (FOUCAULT, 1988, p. 36). 
 
A inquisição, portanto, ficaria marcada, quanto aos procedimentos, pela FORMA 
ESCRITA, em contraposição à oralidade, e o SEGREDO, em oposição à publicidade dos atos 
processuais. 
 
Sob tais circunstâncias, Geraldo Prado observa que o acusado, no sistema 
acusatório, era sujeito de direitos, deveres, ônus e faculdades; já a sua situação frente ao 
sistema inquisitório altera-se, passando a ser objeto da investigação. (PRADO, 2001, p. 110). 
 
Desta feita, resta salientar que o processo inquisitivo é infalível, pois o seu resultado 
é previamente determinado pelo juiz que atuou como acusador ao recolher provas e indícios 
 
5 FOUCAULT salienta ainda, que: “A informação penal escrita, secreta, submetida, para construir suas provas, a regras 
rigorosas, é uma máquina que pode produzir a verdade na ausência do acusado. E por essa mesma razão, embora no 
estrito direito isso não seja necessário, esse procedimento vai necessariamente tender à confissão. Por duas razões: em 
primeiro lugar, porque esta constitui uma prova tão forte que não há nenhuma necessidade de acrescentar outras, nem de 
entrar na difícil e duvidosa combinação de indícios; a confissão, desde que feita na forma correta, quase desobriga o 
acusador do cuidado de fornecer outras provas (em todo caso, as mais difíceis). Em seguida, a única maneira para que 
esse procedimento perca tudo o que tem de autoridade unívoca, e se torne efetivamente uma vitória conseguida sobre o 
acusado, a única maneira para que a verdade exerça todo o seu poder, é que o criminoso tome sobre si o próprio crime e 
ele mesmo assine o que foi sábia e obscuramente construído pela informação”. (FOUCAULT, 1988, pp. 37-38). 
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contra o acusado, ou seja, o acusado do medievo estava condenado antes mesmo do início 
do seu processo, por essa razão, este sistema nunca falhava, pois satisfazia os objetivos 
persecutórios dos inquisidores. (CARVALHO, 2001, p. 30). 
 
SISTEMA ACUSATÓRIO 
O movimento de ruptura que se desencadeou, gerou uma brusca mudança social, política 
e jurídica, não se manifestando apenas no meio intelectual, mas também, surtiu efeito junto à 
consciência pública. (PRADO, 2001, p. 110). 
 
Os ideais enunciados pela Revolução Francesa inspiraram o dever de preservar e respeitar 
o homem, como ser humano, refletindo-se tais ideais no processo penal, por meio da adoção do 
sistema acusatório e da promoção das garantias e dos direitos fundamentais de todo cidadão. 
(PRADO, 2001, p. 110). 
 
As primeiras críticas ao sistema inquisitório surgiram em meados do século XVI, originadas 
em alguns aspectos pela cisão ocorrida entre as Igrejas Católica e Protestante. A imputação de 
heresia passou a ser questionada por médicos, teólogos e magistrados. (PRADO, 2001, p. 111). 
 
As crescentes contradições nos processos e os escândalos revelados nos conventos 
apontavam para a crise paradigmática do modelo inquisitorial, onde a ideologia do satanismo já não 
possuía a coerção moral que exercia anteriormente. (PRADO, 2001, p. 111). 
 
Ressalta-se que a herança espiritual da era medieval continuou a nortear a repressão 
penal, não desaparecendo por completo ainda, até que, a partir dos séculos XVII e XVIII, sob 
influência do iluminismo, iniciou-se uma nova fase da administração da justiça, reduzindo-se as 
máculas inquisitoriais dos procedimentos penais. (CARVALHO, 2001, p. 28) 
 
O iluminismo desloca o elemento a priori de Deus para a razão, e com isso, ocorre uma 
profunda alteração entre as relações interpessoais e as relações governamentais que irão gerir as 
necessidades de uma sociedade renovada e voltada para a idealização do humano, enquanto ser, 
atuante na esfera social, detentor do livre-arbítrio, onde não mais é o canal de exteriorização da 
vontade divina, mas a expressão máxima da sua própria vontade, e por isso, é responsável pelos 
seus atos. A razão passa a guiar o homem, sobretudo, pela elevação do saber científico. (PRADO, 
2001). 
 
Em consonância com essas evoluções, o sistema punitivo também sofre profundas 
alterações. O processo penal é instituído pelo paradigma que surge: o acusatório. 
(CARVALHO, 2001, p. 28) 
 
Diante deste paradigma, Salo de Carvalho, inspirado na doutrina de Barreiros traz à tona 
as características deste sistema processual, pautado pela assembléia ou corpo de jurados, 
representando o julgador; onde o juiz é árbitro sem iniciativa na investigação; a ação é popular 
nos delitos públicos ou compete ao ofendido nos delitos privados; o processo retoma o seu 
perfil oral, contraditório e público; a prova é valorada livremente e a sentença faz coisa 
julgada. (CARVALHO, 2001, p. 28). 
 
O mais importante, contudo, ao sistema acusatório, reside na sua estruturação, que 
não deixa espaço para que o juiz tome, discricionariamente, juízos arbitrários, uma vez que 
não é mais gestor da prova, pois, conforme Coutinho, “quando o é, tem, quase que por 
definição, a possibilidade de decidir antes e, depois, sair em busca do material probatório 
suficiente para confirmar a ‘sua’ versão, isto é, o sistema legitima a possibilidade da crença 
no imaginário, ao qual toma como verdadeiro”. (COUTINHO, 2001, p. 32). 
 
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Sendo assim, os filósofos iluministas, sentindo a necessidade de substituir o sistema 
absolutista monárquico pela república, acabaram por implicar na reformulação do processo penal, 
no que diz respeito à abolição da tortura e a conseqüente alteração dos procedimentos do modelo 
persecutório processual penal, onde retornaria ao processo a oralidade e a publicidade, em lugar da 
forma escrita e do segredo, “assegurando-se a defesa e a liberdade de julgamento pelos jurados”, 
com a conseqüente proscrição do sistema de provas legais. (PRADO, 2001, p. 110). 
 
Este novo sistema de provas legais, originado na França, logo se espalhava por 
outros países levado pelas expansões das guerras napoleônicas, disciplinando o processo 
penal em duas fases: A primeira, denominada de INSTRUÇÃO, procedia-se de forma secreta 
comandada pelo juiz-instrutor, que tinha por finalidade investigar e colher elementos que 
apontassem para a culpabilidade do suposto autor da infração penal, e assim, viabilizar a 
propositura da ação penal; o segundo momento chamava-se de juízo, onde se realizavam todas as 
atuações, perante um tribunal colegiado ou júri, com controvérsia e debate entre as partes, 
preservando-se sempre a igualdade. Observa-se que este modelo estruturado consagra-se na 
adoção híbrida dos dois sistemas estudados: o inquisitivo na primeira fase e o acusatório na 
segunda. (PRADO, 2001, p. 110). 
 
DISSO CONCLUI-SE QUE O SISTEMA PROCESSUAL PENAL BRASILEIRO É MISTO, 
pois contém elementos caracterizadores de ambos os modelos processuais, fato este, que 
irá nortear as codificações processuais contemporâneas, como é o caso do Brasil, onde 
prevalece, preponderantemente, no atual Código de Processo Penal (Decreto-Lei nº 3.689 de 
3 de outubro de 1941) o MODELO ACUSATÓRIO, sendo este o norteador dos atos no curso 
do PROCESSO PENAL; enquanto que, o INQUÉRITO POLICIAL, procedido pelo Estado-
Administração nos atos de investigação da autoria e da materialidadedelitiva, possui caráter 
essencialmente INQUISITORIAL, tendo em vista que o indiciado não tem defesa no inquérito, 
apenas assistência de advogado e da família, conforme previsão constante no Art. 5º, inciso 
LXIII, da CF. (COUTINHO, 2001, p. 37). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
C) COMPETÊNCIAS (DCN, Art. 4º) e PERFIS (DCN, Art. 3º): 
 
Competência: (C3) Pesquisa e utilização da legislação, da jurisprudência, da doutrina e de outras 
fontes do Direito; 
 
Perfil: (P4) Apresentar postura reflexiva e visão Crítica que fomente a capacidade e a aptidão para 
a aprendizagem; 
 
 
 
 Fixando o conhecimento… 
 
SISTEMA PROCESSUAL PENAL BRASILEIRO = SISTEMA PENAL MISTO 
 
PROCESSO PENAL EM JUÍZO = SISTEMA PENAL ACUSATÓRIO 
 
INQUÉRITO POLICIAL = SISTEMA INQUISITORIAL (o indiciado não se defende) 
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 21 
 
D) SOLUÇÃO: 
 
01. Segundo Jacinto Coutinho, a gestão da prova era confiada essencialmente ao juiz, que a 
obtém secretamente, e deste modo, o magistrado tem a possibilidade ampla e isolada de 
visualização da situação fática, tida como real, podendo extrapolar aos limites do objeto do 
processo, criminalizando qualquer fato penalmente (ir)relevante, dado o seu domínio sobre o 
mesmo. (COUTINHO, Jacinto Nelson de Miranda. (coord.). Crítica à teoria geral do direito 
processual penal. O papel do novo juiz no processo penal. Pág. 24). 
 
Tendo em vista o referido enunciado, assinale a única opção que soluciona adequadamente 
o seguinte problema: 
 
O referido doutrinador está a se referir a qual sistema processual penal? 
 
a) ( ) Sistema Misto. 
b) ( ) Sistema Judiciário. 
c) ( ) Sistema Acusatório. 
d) ( ) Sistema Inquisitório. 
e) ( ) Sistema Processual Civil. 
 
 
 
E) REFERÊNCIAS: 
 
CARVALHO, Salo de. Pena e Garantias: Uma Leitura do Garantismo de Luigi Ferrajoli no Brasil. Rio 
de Janeiro: Lúmen Júris, 2001. 
 
COTRIM, Gilberto. História e consciência do mundo. São Paulo: Saraiva. 1994. 
 
COUTINHO, Jacinto Nelson de Miranda. (coord.). Crítica à teoria geral do direito processual penal. 
O papel do novo juiz no processo penal. Rio de Janeiro: Renovar, 2001. 
 
FERRAJOLI, Luigi. Derecho y Razón. Teoría del garantismo penal. Traducido por Perfecto Andrés 
Ibáñes et al 5.ed. Madrid: Trota, 2001. 
 
FOUCAULT, Michel. Vigiar e Punir. História da Violência nas prisões. Traduzido por Ligia M. Pondé 
Vassalo. 6 ed. Petrópolis: Vozes, 1988. 
 
GERBER, Daniel. Prisão em Flagrante: uma abordagem garantista. Porto Alegre: Livraria do 
Advogado, 2003. 
 
PRADO, Geraldo. Sistema Acusatório. A Conformidade Constitucional das Leis Processuais Penais. 
2.ed. atualiz. Rio de Janeiro: Lúmen Júris, 2001. 
 
TUCCI, Rogério Lauria; CRUZ E TUCCI, José Rogério. Devido Processo Legal e Tutela 
Jurisdicional. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1993. 
 
 
 
 
 
 
 
Eduarda
Realce
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 MOVIMENTOS DE POLÍTICA CRIMINAL E A SEGURANÇA PÚBLICA ESTATAL 
 
 
 
A) PROBLEMA: Aos dez dias do mês de outubro de 2013, Mévio, munido de objeto pérfuro 
contundente, consistente em arma branca, desferiu 6 golpes contra a vítima Tício, causando-lhe a 
morte, conforme auto de necropsia constante às fls. 12-13 dos autos, que demonstra a 
materialidade do fato típico deflagrado. Testemunhas foram uníssonas em afirmar que viram Mévio 
efetuando os golpes contra Tício, após uma discussão verbal iniciada entre os dois, no local do fato, 
consolidando, assim, indício suficiente de autoria. Mévio foi processado criminalmente pelo fato 
típico descrito, e responderá a processo penal. Tendo em vista o fato delituoso narrado, é 
possível afirmar que o Direito Penal e o Processo Penal, são instrumentos aptos a efetivarem 
segurança pública? A utilização única de forte aparato repressivo policial teria evitado a 
morte de Tício? 
 
Micro Problema: O que são movimentos de política criminal e qual sua relevância para a prestação 
concreta de segurança pública por parte do Estado? 
 
 
B) CONHECIMENTO: 
 
MOVIMENTOS DE POLÍTICA CRIMINAL 
Política Criminal tem grande importância no estudo dos mecanismos sociais que resultam 
na criminalidade, e o modo como o Estado se articula para fazer frente ao fenômeno social da 
violência entre seus cidadãos. Por isso a importância de se compreender o significado de política 
criminal. 
Desse modo, Zaffaroni define a Política Criminal como sendo a: "(...) ciência ou a arte de 
selecionar os bens (ou direitos) que devem ser tutelados jurídica e penalmente e escolher os 
caminhos para efetivar tal tutela, o que iniludivelmente implica a crítica dos valores e caminhos já 
eleitos" (ZAFFARONI, 1999, p.132). 
Sob tais circunstâncias, fica claro o dúplice caráter da Política Criminal: AÇÃO, para 
efetivar a tutela dos bens jurídicos; e CRÍTICA, como forma de aprimoramento de tal tutela, 
buscando promover sua alteração e adequação às políticas recomendadas. (ZAFFARONI, 1999, 
p.132). 
Assim, a política criminal busca fornecer orientação aos legisladores para que o combate à 
criminalidade se faça racionalmente, com o emprego de meios adequados. 
Não se deve perder de vista que a formulação de qualquer norma jurídica surge de uma 
decisão política. A legislação penal, como parte da legislação em geral, também é fruto de uma 
decisão política. (TAVARES, 2000, p. 74). 
 Como conseqüência, o bem jurídico a ser tutelado pela norma penal tem sua escolha 
determinada por fatores políticos. "A norma, portanto, deixaria de exprimir o tão propalado interesse 
06 
Eduarda
Nota
Não é essa a finalidade do processo penal, uma vez que, pune um fato sempre ocorrido no passado, e não um futuro, a sua finalidade não é prevenir delitos e sim julgar os que já ocorreram no passado, tanto o processo penal como o direito penal se voltam para os fatos criminosos ocorridos no passado, tão somente.nullÉ a administração pública que fica com o cargo de segurança pública para exercer política criminal.
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 23 
geral, cuja simbolização aparece como justificativa do princípio representativo para significar, muitas 
vezes, simples manifestação de interesses partidários, sem qualquer vínculo com a real 
necessidade da nação" (TAVARES, 2000, p. 74). 
A Política Criminal é, portanto, parte da política geral, e deve ser entendida dentro 
desses limites, em que o tratamento dispensado ao delinqüente, e a própria legislação penal, 
torna-se objeto de barganha política e de legitimação do poder. (TAVARES, 2000, p. 74). 
Partamos agora para um breve apanhado sobre os principais movimentos originados em 
torno da Política Criminal na atualidade. Destacam-se três correntes: a Nova Defesa Social, o 
Movimento da Lei e da Ordem, e a Nova Criminologia ou Política Criminal Alternativa (ARAÚJO Jr. 
1991, pp. 65-79). 
I – NOVA DEFESA SOCIAL: Iniciado em 1945, por Filippo Gramatica, foi inicialmente 
denominada de Defesa Social. Em 1954, com a publicação do livro La Défense Sociale Nouvelle, de 
Marc Ancel, foi rebatizada de Nova Defesa Social. Tem como características fundamentais a 
multidisciplinariedade, a mutabilidade e a universalidade. (ARAÚJO Jr. 1991, pp. 65-79). 
Não é um corpo doutrinário estável, tendente à fixação de regras; antes, é um movimento 
multidisciplinar, que abriga as mais diversas posições. Suas concepções se alteram conforme isso 
seja necessário para acompanhar as aspirações sociais, estando acimadas legislações nacionais. 
(ARAÚJO Jr. 1991, pp. 65-79). São seus postulados: 
a) Constante exame crítico das instituições vigentes, com vistas a sua atualização e 
melhoria e, em sendo necessário, sua reforma ou abolição; 
b) Visão multidisciplinar, vinculando-se a todos os ramos do saber humano, que possam 
contribuir para uma completa visualização do fenômeno criminal; 
c) Instituição de um sistema de política criminal garantidor dos direitos humanos e 
promovedor dos valores essenciais da humanidade. 
Além desses postulados básicos, a Nova Defesa Social prega a proteção à vítima e aos 
grupos marginalizados. Repudia a pena de morte e o uso indiscriminado da pena privativa de 
liberdade. Prega a descriminalização dos delitos leves e a criminalização dos crimes contra a 
economia, contra os interesses difusos e da chamada criminalidade estatal (abuso de poder, 
corrupção etc.). Reconhece a falência da pena enquanto meio ressocializador. "A atividade 
(re)socializadora consiste na colocação, à disposição do condenado, do maior número possível de 
condições que permitam a este, voluntariamente, não voltar a delinqüir." (ARAUJO Jr., 1991, p. 70). 
II – MOVIMENTO DA LEI E DA ORDEM: Esse movimento credita o aumento da 
criminalidade ao tratamento excessivamente benigno que a lei dedica ao criminoso. A violência 
somente pode ser reprimida pelo recrudescimento (endurecimento) do sistema penal, com a edição 
de leis mais severas e imposição de penas privativas de liberdade mais longas e, até, pena de 
morte para crimes mais graves. (WACQUANT, 2000, p. 111). São seus postulados: 
a) a pena retoma o caráter de castigo e retribuição que apresentava no seu início histórico; 
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b) crimes graves requerem punições severas (longa privação de liberdade ou morte), a 
serem cumpridas em estabelecimentos penais de segurança máxima, em regime especial de 
severidade; 
c) resposta imediata ao crime, com ampliação dos casos de prisão cautelar/provisória; 
d) a execução da pena deve ficar a cargo, quase que exclusivamente, da autoridade 
penitenciária, restringindo-se o controle judicial sobre o seu cumprimento. 
Essa Política Criminal encontra sua melhor expressão no movimento "Tolerância Zero" 
adotado pelo Prefeito de Nova York, Rudolph Giuliani, e que "defende a luta contra a grande 
violência criminal através de uma repressão severa e da perseguição à pequena delinqüência e aos 
comportamentos incivis que seriam seus sinais anunciadores" (WACQUANT, 2000, p. 111). 
III – NOVA CRIMINOLOGIA: Trata-se de um movimento que abriga as mais diversas 
tendências: Criminologia Crítica, Criminologia Radical, Criminologia da Reação Social, Economia 
Política do Delito, são algumas das linhas que têm em comum o repúdio à Criminologia Tradicional 
e a busca da construção de uma teoria materialista da criminalidade, ou seja, "de uma criminologia 
de inspiração marxista". Sua difusão, assim como seu nome, é atribuída à obra coletiva de Taylor, 
Walton e Young, The New Criminology (1973). No Brasil, coube a Roberto Lyra Filho, com sua obra 
Criminologia Dialética (1972) o posto de precursor da Nova Criminologia. (ARAÚJO Jr., 1991, p. 
75). 
São seus postulados: 
a) abolição da pena privativa de liberdade, inútil como meio de repressão do delito e como 
forma de ressocialização do delinqüente. A prisão funciona apenas para reforçar seu caráter 
estigmatizante; 
b) a tratamento e abordagem da criminalidade deverá ser considerada dentro dos 
caracteres informadores da classe social de que provenha – proletária ou dominante, e a Política 
Criminal deve ser orientada nesse duplo sentido, dependendo dos fatores contextuais e sociais que 
a desencadearam; 
c) a adoção de um processo de socialização alternativo, um projeto gradual e intenso de 
descriminalização, despenalização e desjudicialização, transferindo do Estado para a comunidade o 
controle das condutas criminosas de natureza leve; 
d) criminalização dos comportamentos que causem dano ou ameacem aos interesses 
essenciais da comunidade: criminalidade ecológica, econômica, ofensas à qualidade de vida, à 
saúde pública, à segurança e higiene no trabalho e outras condutas assemelhadas; 
e) intensa propaganda, visando a denúncia das desigualdades do sistema vigente, e a 
obtenção do apoio popular aos métodos e à ideologia da Nova Criminologia. 
Nesse sentido, Araújo Jr. entende que: 
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Ela [a Nova Criminologia] parte da idéia de sociedade de classes, entendendo que o 
sistema punitivo está organizado ideologicamente, ou seja, com o objetivo de 
proteger os conceitos e interesses que são próprios da classe dominante. Os 
instrumentos de controle social, por isso, estão dispostos opressivamente, de modo a 
manter dóceis os prestadores de força de trabalho, em benefício daqueles que detém 
os meios de produção. O Direito Penal é, assim, elitista e seletivo, fazendo cair 
fragorosamente seu peso sobre as classes sociais mais débeis, evitando atuar sobre 
aquelas que detêm o poder de fazer as leis. O sistema destina-se a conservar a 
estrutura vertical de dominação e poder, que existe na sociedade, a um tempo 
desigual e provocadora de desigualdade. (ARAÚJO Jr., 1991, p. 75). 
SEGURANÇA PÚBLICA: dever do Estado, direito e responsabilidade de todos? 
Em sentido genérico, segurança é um sentimento resultante "da percepção de estímulos 
através dos sentidos que, levados ao cérebro se transformam em sensação, e esta, por sua vez, 
sinaliza em estado de espírito". (CÂMARA, 2003, p. 350). 
Indica uma situação de ausência de riscos ou perigos à sobrevivência ilesa do homem 
num determinado ambiente. Assim, a sensação de segurança ou de insegurança parte de um 
estímulo sensorial que permeia o indivíduo nas diversas situações a que está vivenciando, 
deixando-o em alerta quando se sente em perigo, ou relaxado quando se sente seguro. (CÂMARA, 
2003, p. 350). 
A segurança comporta vários campos, variáveis conforme o adjetivo que a qualifica. No 
Estado Moderno fala-se em segurança externa ou interna. A primeira corresponde à segurança 
nacional (defesa do território, da soberania e das instituições políticas, em geral, contra ataques 
estrangeiros). A segunda, segurança interna recebe também o nome de segurança pública e está 
voltada à defesa dos bens jurídicos dos cidadãos contra agressões originárias da própria 
sociedade. (CÂMARA, 2003, p. 350). 
Segurança Pública, portanto, é a manutenção da ordem pública interna, sendo esta 
entendida como "organização da convivência pública de uma sociedade" (MOREIRA NETO, 
1991, p. 140). 
Conforme Silva, "Ordem pública será uma situação de pacífica convivência social, 
isenta de ameaças de violência ou de sublevação que tenha produzido ou que supostamente 
possa produzir a curto prazo, a prática de crimes" (SILVA, 2003, pp. 753-754). 
Entretanto, o que se percebe é que a segurança pública está intrinsecamente associada à 
ideia de repressão policial. Inserida que foi na Constituição Federal do Brasil, sua própria 
localização contribui para demonstrar essa ideia. O Título V, que trata da Defesa do Estado e das 
Instituições Democráticas, está dividido em três capítulos. O primeiro trata do Estado de Defesa e 
do Estado de Sítio. O segundo cuida das Forças Armadas. No terceiro capítulo, sob a epígrafe "Da 
Segurança Pública", composto do art. 144 e seus parágrafos, encontram-se discriminadas as 
atividades a serem desenvolvidas pelo Estado para efetivar a garantia da ordem pública. 
Art. 144, ConstituiçãoFederal brasileira. A segurança pública, dever do Estado, 
direito e responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem pública 
e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos: 
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I – polícia federal; 
II – polícia rodoviária federal; 
III – polícia ferroviária federal; 
IV – polícias civis; 
V – polícias militares e corpos de bombeiros militares. 
Assim, nos parágrafos do referido dispositivo constitucional (Artigo 144), há minúcias sobre 
organização, função e remuneração de cada uma das polícias elencadas, fatores relacionados 
apenas, e, tão somente, ao combate ostensivo e repressivo à criminalidade, ou seja, o Estado 
combate a violência empregando violência estatal, situação que se conclui como sendo única 
política criminal adotada no seio constitucional. 
Sob tal contexto, a segurança pública aparece, então, como atividade exercida pelo 
Estado através de seu aparato policial, e que, objetiva a manutenção da ordem pública, a garantia 
da integridade pessoal e a preservação do patrimônio. 
Para atingir tais objetivos vale-se, tradicionalmente, de políticas repressivas. As 
instituições encarregadas da manutenção da segurança pública atuam buscando inibir, neutralizar 
ou reprimir quaisquer atos considerados anti-sociais, como meio de alcançar aqueles objetivos 
citados. (ZAFFARONI, 1999, p.132). 
O aparelho repressivo encontra seu fundamento na exacerbação da criminalidade, na 
intensa insegurança e no medo coletivo. Como detentor exclusivo deste aparelho repressivo, a 
ordem política se legitima no consenso do combate aos "inimigos" do Estado e da sociedade. 
(SABADELL, 2003, p. 09). (ZAFFARONI, 1999, p.132). 
"Atualmente, as políticas de segurança interna estão sendo dominadas por conceitos como 
‘erradicação da violência’, ‘medo da criminalidade’ e ‘luta contra o crime’. Nesse sentido, as políticas 
de segurança constituem uma política simbólica que tentam legitimar a repressão por parte do 
Estado, explorando a ‘insaciável necessidade de segurança’ propalada pelos políticos e pela mídia" 
(SABADELL, 2003, p. 09). 
A criminalidade se torna, assim, o principal foco da atenção da imprensa e dos órgãos 
políticos, relegando, ao segundo plano, questões fundamentais como pobreza e ausência de 
investimentos sociais. Há uma identificação do termo "violência" com a "criminalidade" e, de 
tal forma, se confundem no ideário popular, que o emprego de um dos termos subentende a 
ocorrência do outro. (SABADELL, 2003). 
 
 
 
 
A tendência, hoje, é que se amplie o conceito de segurança pública, para 
abranger, além do "direito à segurança", a efetivação dos direitos sociais, culturais 
e econômicos. É preciso dissociar as idéias de segurança pública e aparato policial 
como única forma de combate à violência. Elas não se confundem. (SABADELL, 
2003). 
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 27 
 
Por tais aspectos, acerca do enfrentamento do problema da violência, é que a 
SEGURANÇA PÚBLICA deve ter uma abordagem inicial pela concretização dos direitos à saúde, 
educação, saneamento básico, emprego, moradia. Somente se pode falar em segurança social 
quando se encontrem garantidas, pelo menos, as condições mínimas necessárias para uma vida 
digna. Caso contrário, quaisquer medidas de Política Criminal serão apenas paliativas, uma inútil 
tentativa de contenção das conseqüências de Políticas Sociais inexistentes ou ineficazes. 
(SABADELL, 2003). 
Em síntese, a Política Criminal busca formas de atingir uma real segurança pública. 
Equivocadamente esta tem sua ideia associada à repressão policial, como único instrumento de se 
atingir este fim. Por tal razão, a tendência moderna é a ampliação do conceito de segurança 
pública para abranger Políticas Sociais eficazes. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Fixando o conhecimento… 
 
Zaffaroni define a POLÍTICA CRIMINAL como sendo a: "(...) ciência ou a arte de 
selecionar os bens (ou direitos) que devem ser tutelados jurídica e penalmente e escolher 
os caminhos para efetivar tal tutela, o que iniludivelmente implica a crítica dos valores e 
caminhos já eleitos" (ZAFFARONI, 1999, p.132). 
 
CORRENTES CRIMINOLÓGICAS DE POLÍTICA CRIMINAL: 
 
I – NOVA DEFESA SOCIAL = multidisciplinariedade, a mutabilidade e a universalidade; 
 
II – MOVIMENTO DA LEI E DA ORDEM = aumento da repressão estatal da violência; 
 
III – NOVA CRIMINOLOGIA = Trata-se de um movimento que abriga as mais diversas 
tendências: Criminologia Crítica, Criminologia Radical, Criminologia da Reação Social, 
Economia Política do Delito. São algumas das linhas que têm em comum o repúdio à 
Criminologia Tradicional e a busca da construção de uma teoria materialista da 
criminalidade, ou seja, "de uma criminologia de inspiração marxista." 
 
SEGURANÇA PÚBLICA = Art. 144, CF. A tendência, hoje, é que se amplie o conceito de 
segurança pública, para abranger, além do "direito à segurança", a efetivação dos direitos 
sociais, culturais e econômicos. É preciso dissociar as idéias de segurança pública e 
aparato policial como única forma de combate à violência. (SABADELL, 2003). 
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C) COMPETÊNCIAS (DCN, Art. 4º) e PERFIS (Art. 3º): 
 
Competência: (C6) Utilização de raciocínio, de argumentação, de persuasão, de síntese, bem 
como capacidade de abstração lógica; 
 
Perfil: (P4) Apresentar postura reflexiva e visão Crítica que fomente a capacidade e a aptidão para 
a aprendizagem; 
 
 
 
D) SOLUÇÃO: 
01. Associe as duas colunas, relacionando os elementos caracterizadores das correntes de 
política criminal na atualidade às suas respectivas definições: 
1. Nova Criminologia; 
2. Nova Defesa Social; 
3. Movimento da Lei e da Ordem; 
( ) A violência somente pode ser reprimida pelo recrudescimento do sistema penal, com a 
edição de leis mais severas e imposição de penas privativas de liberdade mais longas e, até, 
pena de morte; 
( ) Parte da idéia de sociedade de classes, entendendo que o sistema punitivo está 
organizado ideologicamente, ou seja, com o objetivo de proteger os conceitos e interesses 
que são próprios da classe dominante. Os instrumentos de controle social, por isso, estão 
dispostos opressivamente, de modo a manter dóceis os prestadores de força de trabalho, em 
benefício daqueles que detém os meios de produção; 
( ) Tem como características fundamentais a multidisciplinariedade, a mutabilidade e a 
universalidade; 
A seqüência correta dessa associação é: 
 
a) ( ) (3), (1), (2); 
b) ( ) (2), (3), (1); 
c) ( ) (3), (2), (1); 
d) ( ) (1), (3), (2); 
e) ( ) (1), (2), (3); 
 
 
E) REFERÊNCIAS: 
 
ARAÚJO JÚNIOR, João Marcello de. (org.). Os Grandes Movimentos de Política Criminal de Nosso 
Tempo – Aspectos. In: SISTEMA PENAL PARA O TERCEIRO MILÊNIO (atos do colóquio Marc 
Ancel). Rio de Janeiro: Revan, 1991, p. 65 a 79. 
 
Eduarda
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CÂMARA, Paulo Sette. Defesa Social e Segurança Pública. In: LEAL, César Barros. PIEDADE 
JÚNIOR. Heitor. (orgs). A VIOLÊNCIA MULTIFACETADA: estudos sobre a violência e a seguridade 
social. Belo Horizonte: Del Rey, 2003, p. 343- 359. 
 
CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL: promulgada em 5 de outubro

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