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19 Juliana Vilela Bastos Maria Ilma de Souza Côrtes Célio Percinoto Maximiano Ferreira Tovo CapítuloLesões Traumáticas em Dentes Decíduos e Permanentes Jovens Introdução Os traumatismos dentários repre- sentam um problema de saúde públi- ca entre crianças e adolescentes devi- do à sua alta prevalência relatada em estudos populacionais, variando entre 3,9 e 58,6%, sendo a primeira regis- trada na Malásia, na década de 1980, e a segunda no Brasil, na cidade de Blumenau, em 2001.1-3 A prevalência de traumatismo na dentição decídua também apresenta grande variabilida- de. Estudos epidemiológicos de base populacional mostraram resultados que variaram de 6,2 a 62,1%4,5. Apesar de conhecermos a etiologia dos traumatismos dentários, os pro- gramas de prevenção e controle ainda são realizados de forma isolada e não causam o impacto necessário para a real solução do problema.2,6[B] Aliado à alta prevalência, verifica-se um im- pacto psicossocial causado pelo com- prometimento estético de incisivos centrais superiores fraturados, dado à importância destes dentes na aparên- cia da face. Desde o trabalho pioneiro realizado por Côrtes et al.,6[B] que de- monstrou o impacto psicossocial das fraturas de esmalte e dentina não res- tauradas, na vida diária dos estudan- tes de Belo Horizonte (MG), pesquisas têm relatado a repercussão negativa dos traumatismos dentários na quali- dade de vida de crianças e adolescen- tes. Este impacto tem sido observado especialmente após lesões com grande comprometimento estético e mesmo após o tratamento restaurador, não é totalmente eliminado.8,9,10[B] A etiologia das lesões traumáticas é bem conhecida, podendo existir al- guma variação, dependendo do local de coleta dos dados, mas os autores são unânimes em afirmar que as que- das, colisões contra objetos ou pessoas, práticas esportivas, violência e aciden- tes automobilísticos são as principais causas. Poucos estudos populacionais foram realizados e apontaram aciden- tes de bicicleta, violência, acidentes de trânsito, esportes e quedas como as principais causas dos traumatismos dentários. É importante ressaltar que as quedas referem-se a uma ampla ca- tegoria que pode mascarar outras cau- sas, como a violência observada nas quedas por empurrão ou oriundas de brincadeiras agressivas praticadas por crianças e adolescentes. É necessário identificar corretamente a etiologia do 191 192 Manual de Referência para Procedimentos Clínicos em Odontopediatria traumatismo nas diferentes popula- ções para planejar sua prevenção.2 Os principais fatores clínicos pre- disponentes de traumatismo den- tário descritos na literatura são o overjet aumentado e cobertura labial inadequada.11-16 A definição de over- jet acentuado varia de maior ou igual a 3,0 mm13 até 6,0 mm146. A meta- -análise realizada por Nguyen et al.18 demonstrou que crianças com overjet maior que 3 mm tinham um risco aproximadamente duas vezes maior de apresentar alguma lesão traumáti- ca do que crianças com overjet menor que 3 mm. Também na dentição de- cídua, quando a mordida aberta ou overjet aumentado estava associado à cobertura labial inadequada, a ocor- rência de traumatismo era maior do que em crianças que apresentavam apenas a má oclusão.19,20 No que diz respeito à proteção la- bial, a maioria dos autores considera proteção adequada quando os lábios cobrem completamente os dentes su- periores em posição de repouso.13,20-22 Acredita-se que crianças com prote- ção labial adequada têm menos chan- ce de apresentar lesões traumáticas, definindo, dessa forma, o tratamento ortodôntico em crianças com overjet aumentado como uma importante medida de prevenção de traumatis- mo dentário.21,23 As lesões traumáticas dentárias caracterizam-se por sua natureza aguda, devendo ser sempre consi- deradas uma urgência, o que pode ser comprovado por estudos clínicos que demonstraram que estas lesões representam uma das causas mais comuns de procura pelos serviços de pronto atendimento.24[C] Além disso, podem afetar vários tecidos em di- ferentes graus de complexidade, a saber: os tecidos mineralizados da coroa e raiz, a polpa e as estruturas de sustentação do dente. A evolução destas lesões depende não só do po- tencial de reparo individual das cé- lulas envolvidas, mas também da in- teração dos vários tecidos o que, não raro, determina padrões complexos e variados de cicatrização. Sendo as- sim, o sucesso do tratamento destas lesões depende não só de uma abor- dagem inicial correta do paciente, mas principalmente de um acompa- nhamento a médio e longo prazos, para a identenficação de sequelas que podem aparecer tardiamente.24-27 Tratando-se da dentição decídua, cabe aqui a ressalva de que é comum a adoção de procedimentos clínicos sustentados por um parco número de publicações, hegemonicamente baseados na abordagem da dentição permanente e assentados nos níveis de evidência dos quais se dispõem.28,29 O tratamento das lesões traumáticas de dentes decíduos deve ser planeja- do, respeitando-se a estreita relação entre o ápice da raiz do dente decí- duo atingido e o germe do dente per- manente subjacente. Alterações na morfogênese, impactação dentária e distúrbios eruptivos na dentição per- manente em desenvolvimento são al- gumas das consequências que podem ocorrer após lesões graves em dentes decíduos e/ou osso alveolar. Devido ao potencial risco de sequelas, o trata- mento deve contemplar a possibilida- de de evitar qualquer risco adicional aos sucessores permanentes.30-32[B] 193 Lesões Traumáticas em Dentes Decíduos e Permanentes Jovens A presente diretriz tem como ob- jetivo apresentar condutas clínicas mais indicadas para o tratamento das lesões traumáticas nas dentições decídua e permanente, tendo como norte não só a pronta reabilitação estética e funcional do paciente, mas também sua reintegração ao conví- vio e desenvolvimento normais. Metodologia Nesta diretriz foram descritas as principais recomendações para o tratamento emergencial e sequencial para cada uma das lesões traumáti- cas dentárias, nas dentições perma- nente e decídua, segundo o sistema adotado pela OMS (Organização Mundial da Saúde) para a aplicação da classificação internacional das doenças para Odontologia e Estoma- tologia, modificado por Andreasen e colaboradores1-2. Esta escolha jus- tifica-se por se tratar de uma classi- ficação completa para o diagnóstico clínico no momento do exame inicial, que permite avaliar os tecidos envol- vidos, bem como a extensão da lesão, possibilitando, dessa forma, traçar o plano de tratamento adequado com base no prognóstico das estruturas lesadas. A pesquisa no Medline, referente a estudos brasileiros, assim como nas bases de dados Lilacs, BBO e SciELO, foi realizada utilizando os termos “dentes”, “traumatismo”, “dentição permanente” e “dentição decídua”. Os estudos obtidos foram avaliados e selecionados de acordo com a qua- lidade metodológica e hierarquia de evidências. Portanto, as orientações da presente diretriz são acompanha- das pelo grau de recomendação, esti- mado a partir do nível de evidência científica, conforme o quadro 1.1, no capítulo 1. Abordagem inicial do paciente traumatizado A abordagem inicial do paciente tem um papel decisivo no sucesso do tratamento das lesões traumáticas. O prognóstico de dentes trauma- tizados, muitas vezes, depende de cuidados imediatos que antecedem a atuação do cirurgião-dentista (CD) principalmente nas lesões que envol- vem o deslocamento. Fatores como meio de armazenamento, tempo de permanência extrabucal, manuseio da superfície radicular são determi- nantes do tipo de cicatrização perio- dontal de dentes avulsionados.33[B]Nas fraturas radiculares e nas luxa- ções extrusivas e laterais, a manuten- ção da vitalidade pulpar depende do reposicionamento imediato.24,34[B] Já nas luxações intrusivas, principal- mente as parciais, este procedimento está contraindicado.35[A], 36[B] O tipo de imobilização também é determinan- te do tipo de cicatrização das fraturas radiculares.34[B] Todas estas informa- ções devem ser coletadas no momen- to do exame inicial e consideradas durante avaliações a médio e longo prazos. Avaliação neurológica inicial O exame do paciente deve ser ini- ciado a partir do momento em que o mesmo adentra o consultório odonto- lógico, visando observar sinais como dificuldade de locomoção e equilí- 194 Manual de Referência para Procedimentos Clínicos em Odontopediatria brio, que podem significar compro- metimento neurológico. Além disso, outros sinais e sintomas devem ser avaliados: confusão mental, resposta pupilar anormal, presença de sangra- mento ou fluido claro no ouvido e no nariz, história de vômitos, náuseas, dores de cabeça. A constatação de comprometimento neurológico deve ser considerada como prioridade em detrimento de qualquer lesão traumá- tica, mesmo que esta seja uma avulsão dentária ou uma fratura alveolodental e de outros ossos da face.37[C] Exame subjetivo A anamnese durante o atendi- mento de urgência dos traumatis- mos dentários é sucinta e dirigida para obter informações específicas pertinentes ao acidente, história de traumatismos anteriores e uma bre- ve história médica. Quando, onde e como ocorreu o acidente? – O intervalo entre o momento do acidente (quando) e o tratamento influencia significativa- mente no prognóstico das avulsões, luxações e fraturas radiculares com deslocamento além de exposições pulpares. A informação sobre o lo- cal do acidente (onde) pode ser im- portante na indicação de profilaxia antitetânica, e permitir ainda a loca- lização de um dente avulsionado ou de fragmentos. Já os dados sobre a natureza do acidente (como) podem fornecer pistas sobre o tipo e a lo- calização anatômica das lesões. Um exemplo clássico são as pancadas no mento, que podem causar fraturas de pré-molares e molares, ramo da mandíbula e região condilar.27[B] Exame objetivo extrabucal Avaliação das feridas extrabucais O exame extrabucal do pacien- te vítima de traumatismos inicia-se com uma avaliação abrangente das feridas extra e intrabucais, sendo que as mais frequentes são as contusões, as abrasões e as lacerações.38[B] Deve- -se atentar para o fato de que apro- ximadamente metade dos pacientes que procuram os serviços de urgên- cia apresentam lesões de tecido mole associadas.39,40[C] Avaliação das fraturas ósseas As fraturas dos ossos da face em geral decorrem de acidentes auto- mobilísticos ou de violência. Devido à sua gravidade e natureza múltipla, o mais comum é que o paciente pro- cure um pronto atendimento hospi- talar. Todavia, nas raras ocasiões em que é o primeiro profissional a ser procurado, o clínico deve ser capaz de reconhecer estas lesões e avaliar a necessidade de se encaminhar o paciente a um cirurgião bucomaxi- lofacial e atendimento em hospital, dependendo de sua extensão. As fraturas na maxila e mandíbu- la estão associadas a um conjunto de sinais e sintomas que podem ocorrer em conjunto ou isoladamente, tais como presença de edema, hemato- ma e assimetria facial, alterações na oclusão, dor e crepitação à palpação e manipulação dos fragmentos, dor ocasionada pela movimentação du- rante a fala ou mastigação. As fraturas das paredes do alvéo- lo representam um achado frequente relacionado às avulsões e luxações 195 Lesões Traumáticas em Dentes Decíduos e Permanentes Jovens laterais.41,42[B] Clinicamente, podem ser diagnosticadas através da crepi- tação durante o exame de palpação simultâneo ao teste de mobilidade dos dentes envolvidos. As fraturas do processo alveolar geralmente se loca- lizam além do ápice radicular, mas eventualmente envolvem as paredes laterais do alvéolo. São facilmente diagnosticadas ao exame clínico de- vido à movimentação simultânea de um grupo de dentes, quando da rea- lização do teste de mobilidade. Em todos os casos, o exame radio- gráfico é indispensável para a conclu- são do diagnóstico final, sendo que este deve incluir tomadas extra e in- trabucais. Radiografias oclusais e pe- riapicais ortorradiais e com distorções mesial e distal são importantes na identificação de fraturas das paredes do alvéolo e do processo alveolar. A radiografia panorâmica é de especial valor para determinar o curso e a po- sição das linhas de fratura na maxila e mandíbula. A tomografia compu- tadorizada de cone beam43-45[C] tem se revelado um instrumento excep- cional para a avaliação da extensão e localização das fraturas ósseas. Para a dentição decídua, algumas técnicas podem auxiliar no melhor emprego deste recurso, como a ra- diografia com ângulo horizontal de 90°, incidência no dente em questão (filme tamanho 2, vista horizontal) e a técnica oclusal utilizando-se filme infantil (filme de tamanho 2, vista horizontal). Muitas vezes, a vista la- teral do dente em questão é útil para revelar a relação entre o ápice do dente deslocado e o germe do dente permanente, bem como a direção de deslocamento. Neste caso, indica-se o posicionamento extrabucal, filme ta- manho 2, em posição vertical.31,46,47[B] Exame objetivo intrabucal Avaliação das lesões de mucosa As lesões de mucosa e gengiva a serem observadas no exame intrabu- cal seguem o mesmo padrão das feri- das extrabucais: contusões, abrasões e lacerações e, muitas vezes, reque- rem uma intervenção imediata para o controle de quadros hemorrágicos. Além disso, é comum observar a in- clusão de corpos estranhos na inti- midade do tecido, principalmente na região labial. Fragmentos de dente, vidro, madeira, entre outros, podem ser identificados e localizados através do exame visual, palpação e exame radiográfico, e devem ser removidos a fim de se evitarem quadros agudos resultantes da tentativa de expulsar os mesmos.38[B] Tratamento das lesões traumáticas dos dentes anteriores decíduos e permanentes Fraturas coronárias As lesões traumáticas que afetam as coroas dos dentes representam o tipo de lesão mais frequente na den- tição permanente2 e compreendem as trincas, as fraturas de esmalte, fra- turas de esmalte e dentina e fraturas coronárias com exposição pulpar. Trincas As trincas coronárias são defini- das como fraturas incompletas da 196 Manual de Referência para Procedimentos Clínicos em Odontopediatria coroa, restritas ao esmalte, sem per- da de substância macroscópica da estrutura dentária. O exame clínico deve ser feito com luz indireta posi- cionando a fonte na face palatina ou na borda incisal do dente acometido. O prognóstico das trincas é muito favorável tanto em dentes decíduos quanto em permanentes, uma vez que estudos clínicos relataram uma frequência muito pequena de com- plicações pulpares ou periodontais desde que não ocorram lesões por luxações associadas.48[B] O tratamen- to restaurador não está indicado, pois não se justifica a perda de es- trutura dentária necessária para a realizaçao do bisel.49, 50[C] É recomen- dável o acompanhamento clínico e radiográfico, devido à possibilidade de danos aos tecidos de sustentação. Em função do prognóstico favorável, a rotina de acompanhamento é rea- lizada nas consultas de manutenção do paciente.29,30,51,52[B] Fraturas de esmalte As fraturas coronárias de esmal- te caracterizam-se pela perda de es- trutura dentária da coroa restrita ao esmalte e, assim como as trincas, re- presentam um risco mínimo de com- prometimento pulpar e periapicalquando ocorrem isoladas.53,54[B] Devi- do ao fato de não comprometerem a estética, o tratamento limita-se à eli- minação (arredondamento) das bor- das cortantes na coroa para prevenir lacerações dos tecidos moles. O tra- tamento restaurador só está indicado quando o comprometimento estético for considerável e em pacientes com adaptação comportamental para o procedimento, pois o preparo pode levar a uma perda de estrutura den- tária maior do que aquela causada pela fratura em si. Por ser mais con- servadora, em dentes permanentes a técnica de colagem do fragmento poderá ser realizada, tomando-se os devidos cuidados na manipulação adequada do fragmento.49,50[C] O mo- nitoramento clínico e radiográfico é realizado nas consultas de manuten- ção do paciente.29, 31,51,55[B] Fraturas de esmalte e dentina As fraturas coronárias de esmal- te e dentina caracterizam-se pela perda de estrutura coronária com exposição de túbulos dentinários. Clinicamente, esta exposição pode determinar um quadro de sensibi- lidade dentinária durante a alimen- tação, a higienização e até mesmo durante a própria respiração. Entre- tanto, na percepção do paciente e/ ou de seus responsáveis, o compro- metimento estético pode representar o principal motivo da procura pelo atendimento.6,7[B] Sendo assim, na dentição permanente, o tratamento consiste na reconstituição estética com material adesivo, fazendo-se a colagem do fragmento se possível. Para tanto, deve-se considerar prin- cipalmente o grau de desidratação do fragmento, sua adaptação ao re- manescente dental, quantidade de dentina exposta, profundidade da fratura e condições endodônticas do remanescente dental.49,50[C] O prog- nóstico pulpar é favorável, desde que as restaurações ofereçam sela- mento adequado56,57[B] e não ocorram luxações associadas.25,54,56[B] Na dentição decídua, dependen- do da adaptação comportamental 197 Lesões Traumáticas em Dentes Decíduos e Permanentes Jovens do paciente, pode-se vedar a área na abordagem imediata do traumatismo, sem finalizar o procedimento quanto à estética. Acabamento e polimen- to podem ser realizados em sessão subsequente. O tratamento consiste na proteção do complexo dentino- pulpar contra agentes irritantes atra- vés de procedimento restaurador. O restabelecimento estético-funcional é obtido por meio de restauração com resina composta. Embora seja um procedimento incomum para a den- tição decídua, a colagem do fragmen- to coronário pode ser empregada. O prognóstico também é favorável e o acompanhamento pode ser realizado nas consultas de retorno do paciente. Recomenda-se avaliação radiográfica a cada seis meses, até completar um ano após o traumatismo.31,58[B] Fraturas de esmalte e dentina com exposição pulpar Nas fraturas coronárias com en- volvimento da polpa, além da perda de estrutura dentária, ocorre uma dilaceração do tecido pulpar e sua exposição direta ao meio bucal.53,57, 59- 61[C] A melhor alternativa para o trata- mento de urgência destas lesões são as condutas conservadoras da polpa dental, cujo objetivo principal é a pre- servação de tecido pulpar vital e em condições de formar uma barreira biológica de tecido mineralizado.57[B] Em dentes permanentes, a cureta- gem pulpar está indicada em expo- sições pulpares por curto período, cuja pequena extensão não justifica a realização da pulpotomia.53, 62[B],63[C] A indicação da pulpotomia se faz nos casos em que ocorre exposição de uma maior extensão de tecido pulpar e o tempo decorrido até o momento do tratamento seja compatível com a preservação de tecido sadio. De forma semelhante à curetagem, o procedi- mento restaurador deve ser realizado de preferência nesta mesma sessão.53, 62[B], 63[C]. Tem sido relatado um alto índice de cura após o tratamento conser- vador em dentes permanentes, com uma frequência variando de 72 a 98%. Os critérios para a avaliação de su- cesso do tratamento são ausência de sintomatologia, resposta positiva às provas de vitalidade pulpar (nos ca- sos de capeamento e curetagem), con- tinuidade de desenvolvimento radi- cular, ausência de sinais radiográficos de lesões periapicais e reabsorções radiculares inflamatórias e observa- ção radiográfica de barreira de tecido mineralizado.64[B] O hidróxido de cálcio representa o material de escolha para o trata- mento conservador da polpa.65[A],66[B] O uso do MTA (Mineral Trioxide Aggregate) diretamente sobre a pol- pa exposta é considerado, uma vez que o material também permite a formação da barreira de tecido mi- neralizado, sendo o seu mecanismo de ação similar ao do hidróxido de cálcio.67,68[B], 69-71[C] Entretanto, são ne- cessárias evidências científicas que subsidiem o emprego das marcas co- merciais atualmente disponíveis no mercado sem o risco de alterações de cor da coroa.72-74[C], 75[B] O tratamento endodôntico radical estará indicado nos casos em que não houve sucesso do tratamento conser- vador e/ou quando ocorre a necrose 198 Manual de Referência para Procedimentos Clínicos em Odontopediatria pulpar.64[B], 76[B] A ocorrência de luxa- ções concomitantes pode representar uma contraindicação para o tratamen- to conservador, uma vez que afetam o feixe vasculonervoso apical compro- metendo assim o suprimento sanguí- neo pulpar.25,76[B] Entretanto, dentes com rizogênese incompleta apresen- tam uma grande taxa de proliferação celular na papila e folículo dentários, o que favorece a manutenção da vita- lidade e favorece uma conduta mais conservadora mesmo quando a ex- posição pulpar ocorre concomitante- mente com luxações leves.64[B] Sendo assim, a decisão por uma intervenção endodôntica radical deve ser precisa e representar a última alternativa tendo em vista os prejuízos de uma indica- ção precoce ou tardia deste tratamen- to em dentes jovens.77,78[B] Na dentição decídua, as opções terapêuticas são as mesmas.32,55,79[B] No entanto, o exame radiográfico complementar é demandado espe- cialmente para se avaliar o volume da câmara pulpar, o estágio da for- mação radicular e o nível de reabsor- ção radicular, fatores que influenciam no tratamento. Os tipos de fármacos utilizados e as possíveis técnicas empregadas na abordagem do teci- do pulpar de dentes decíduos estão descritas no capítulo 17. O restabele- cimento estético-funcional segue os princípios descritos para as lesões de esmalte e dentina. O monitoramento clínico e radiográfico deve ocorrer no mínimo a cada seis meses no primei- ro ano pós-traumatismo.29,31[B] Fraturas coronorradiculares As fraturas coronorradiculares comprometem os tecidos da coroa, raiz, ligamento periodontal, poden- do estar associadas ou não a uma exposição pulpar. Caracterizam-se pela invasão do espaço biológico e na dentição decídua acometem, além dos dentes anteriores, os pré-molares e molares no caso de traumatismos indiretos. O aspecto clínico mais fre- quente é uma linha de fratura que se inicia na porção central da face vesti- bular do dente ou próxima à margem gengival e segue um trajeto oblíquo em direção à raiz na região palatina. Nestes casos, não há grande desloca- mento do fragmento coronário, pois o mesmo permanece mantido pe- las fibras do ligamento periodontal, apresentando mobilidade. Quando ocorre a exposição pulpar, a dor é um sintoma característico associado à movimentação do fragmento, mas- tigação ou percussão vertical. Outra forma menos frequente é o apareci- mento de linhas de fratura múltiplas. O exame radiográfico convencional nestes casos dificilmente revela o nível palatino da fratura, uma vez que a linha oblíqua da fratura é per- pendicular ao feixe de radiação e o fragmento está muito próximo do fil- me. A tomografia computadorizada de feixecônico pode representar um excelente auxílio diagnóstico para a real avaliação da localização e exten- são da fratura.80[B] A maior dificuldade no tratamen- to destas lesões é a perda das distân- cias biológicas, o que, muitas vezes, demanda cirurgias periodontais ou tratamentos ortodônticos, como o tracionamento para viabilizar uma reconstituição estética definitiva. A escolha da conduta terapêutica mais 199 Lesões Traumáticas em Dentes Decíduos e Permanentes Jovens adequada deve se basear nos dados de localização e extensão da linha de fratura, conjugados à idade do pa- ciente. Novamente, a abordagem de pacientes jovens deve ser mais con- servadora, tendo em vista o grande potencial de recuperação dos tecidos pulpar e periodontal nestes pacien- tes. Sendo assim, o profissional pode se valer do próprio crescimento facial e da continuidade da erupção de den- tes jovens para aguardar que a linha de fratura atinja níveis que permitam uma intervenção mais atraumática. O prognóstico destes dentes é duvidoso e não existem acompanhamentos clí- nicos que permitam definir o índice de sucesso das várias abordagens de tratamento possíveis. Além disso, são tratamentos de custo relativamente alto e de longa duração. Diante da imprevisibilidade dos resultados das soluções terapêuticas disponíveis e da relação custo-benefício desfavorá- vel, muitas vezes, o implante torna-se o tratamento de escolha.78,80[B], 81-84[C] Em dentes decíduos, a extensão subgengival normalmente contrain- dica sua manutenção. Devido à difi- culdade de viabilizar o reparo entre os fragmentos, invariavelmente a de- cisão clínica conduz à exodontia.30[B] Quando a fratura se estender até 2 mm além do limite gengival, pode- se optar pela restauração com resina composta. É recomendável o acom- panhamento clínico e radiográfico trimestral até um ano após o trauma- tismo e, posteriormente, nas consul- tas de manutenção. Lesões por luxação As lesões por luxação caracteri- zam-se pelo comprometimento do ligamento periodontal e do feixe vas- culonervoso periapical. Representam as lesões mais comuns na dentição decídua,31,85,86 devido à maior malea- bilidade óssea observada nesta faixa etária. São classificadas em cinco cate- gorias de acordo com a extensão do traumatismo. Concussão: a lesão restringe-se às fibras do ligamento periodontal que, não sendo suficiente para provocar mobilidade anormal ou deslocamen- to do dente, é diagnosticada pela dor à percussão, sensação de dente “cres- cido” ou “dormente”. Como a lesão ao feixe vasculonervoso é mínima, na maioria das vezes resultante do ede- ma que se forma no espaço do liga- mento periodontal rompido, o prog- nóstico pulpar é favorável nas duas dentições.24,87-89[B] O tratamento emer- gencial consiste apenas no repouso articular do dente acometido.53[B],87[B] O acompanhamento clínico e radio- gráfico é recomendado, uma vez que em dentes decíduos frequentemente observam-se alteração de cor da coroa e obliteração do canal radicular.79,90[B] Subluxação: caracteriza-se pela ruptura de fibras do ligamento pe- riodontal, aumentando a mobilidade do dente acometido. O comprometi- mento pulpar pode ocorrer devido ao estiramento ou, mais raramente, à ruptura do feixe vasculonervoso apical no momento do traumatismo. Além disso, a formação de edema na região do ligamento periodontal pode afetar o suprimento sanguíneo devido à compressão de vasos.24,87-89- [B],91,92[C] Em permanentes, o tratamen- to emergencial consiste na imobiliza- ção flexível por um período máximo 200 Manual de Referência para Procedimentos Clínicos em Odontopediatria de 15 dias, dependendo do grau de mobilidade, possibilitando a regene- ração das fibras periodontais e mais conforto ao paciente. Em todos os casos, deve-se realizar um alívio das interferências oclusais.53,87[B] Na dentição decídua, além dos sinais descritos para a subluxação na dentição permanente, há queixa de sensibilidade à mastigação e per- cussão, o que faz com que algumas crianças evitem ou reposicionem os objetos de sucção (a mamadeira ou chupeta) para minimizar o descon- forto. O prognóstico envolve a pos- sibilidade de alteração de cor da co- roa e obliteração do canal radicular, sendo pequeno o risco de necrose pulpar. Recomenda-se o acompa- nhamento clínico e radiográfico nas consultas de rotina.93,94[C] Luxação extrusiva: caracterizam- -se pela ruptura das fibras do liga- mento periodontal, lesão de pon- tos esparsos da superfície radicular e ruptura ou estiramento do feixe vasculonervoso no nível do ápice radicular.24,41,88,89,95[B] Clinicamente, ob- serva-se a extrusão parcial do dente no sentido oclusal, com eventual des- locamento da coroa em direção lin- gual e grande mobilidade horizontal e vertical. Dentes permanentes apre- sentam sensibilidade aos testes de percussão e sangramento intenso na região cervical e o achado radiográ- fico característico deste tipo de lesão é o aumento do espaço do ligamento periodontal na região apical. Cuidados iniciais já podem ser tomados pelo próprio paciente/res- ponsáveis quando orientados pelo cirurgião-dentista (CD) ao primei- ro contato telefônico: reposicionar o dente sob leve pressão digital e mantê-lo em posição mordendo uma gaze, algodão ou pedaço de tecido limpo até o atendimento, melhoran- do sobremaneira o prognóstico quan- do realizada imediatamente após o traumatismo. Para dentes perma- nentes, a conduta profissional a ser adotada consiste em avaliar clínica e radiograficamente a posição do den- te, realizar as correções necessárias e fazer a imobilização flexível. Quan- do o reposicionamento for realizado pelo profissional, este deve ser atrau- mático, com pressão digital delicada e contínua, no sentido apical, com o objetivo de deslocar gradualmente o coágulo formado entre o ápice ra- dicular e o fundo do alvéolo. Após a verificação radiográfica da posição correta do dente, procede-se à fixa- ção flexível por um período de 2 a 3 semanas. Em todos os casos, deve-se realizar um alívio das interferências oclusais. Quando o atendimento é tardio, o reposicionamento correto é praticamente impossível. Nestes casos, a melhor opção é realizar o ajuste oclusal deixando que a cicatri- zação ocorra, mantendo o dente em sua nova posição para posteriormen- te realizar o reposicionamento atra- vés de aparelho ortodôntico.41,53[B] O tratamento da luxação extrusi- va na dentição decídua depende do grau de rizólise, tempo decorrido en- tre o traumatismo e o atendimento, magnitude do deslocamento, envol- vimento da parede alveolar, relação com o germe do permanente e in- terferência oclusal.29[B] Caso já tenha havido a formação de coágulo (o que se dá poucas horas após o trauma- tismo), está contraindicada a manu- 201 Lesões Traumáticas em Dentes Decíduos e Permanentes Jovens tenção do dente. Nos casos onde está recomendada a manutenção, após a anestesia faz-se o reposicionamento com manobra bidigital e a contenção dentária.30 Por conta do dano ao liga- mento periodontal e o rompimento do feixe vasculonervoso, é comum a ocorrência de sequelas vinculadas a estes tecidos, quais sejam reabsorção radicular e necrose pulpar. É reco- mendável o monitoramento periódi- co de dentes que sofreram extrusão nas consultas de manutenção. Luxação lateral: lesão complexa que envolve ruptura e laceração das fibras do ligamento periodontal, le- são de áreas extensas da superfície radicular e do osso alveolar. Em per- manentes, no nível do forame apical ocorre estrangulamento e ruptura do feixe vasculonervoso.24,41,88,89,96[B] Clinicamente, observa-se o desloca- mento excêntrico no sentido oclusal e palatino, em geral associado à fra- tura daparede vestibular do alvéolo. Nestes casos, a coroa apresenta-se posicionada em direção lingual, e a raiz desliza sobre a superfície vesti- bular da parede alveolar em direção apical, mantendo o dente firmemen- te preso em sua nova posição. A dor à percussão vertical e horizontal não representa um achado frequente, mas a palpação no fundo de saco do ves- tíbulo geralmente é dolorosa e per- mite perceber a fratura do processo alveolar e a posição vestibularizada do ápice radicular. O achado radio- gráfico característico deste tipo de le- são é a imagem encurtada e de maior radiopacidade do elemento envol- vido quando comparada com aque- la dos dentes adjacentes normais. A mudança na direção do longo eixo do dente com deslocamento lateral faz com que haja uma alteração no ângulo vertical de incidência do fei- xe de radiação. Além disso, pode-se observar um aumento do espaço do ligamento periodontal evidenciado numa tomada radiográfica oclusal. Orientações iniciais relativas ao reposicionamento do dente também podem ser passadas já no primeiro contato com o paciente, à semelhan- ça da luxação extrusiva. Entretanto, o reposicionamento imediato das lu- xações laterais pode ser muito trau- mático devido à fratura do processo alveolar requerendo em geral a atua- ção do profissional. Deve-se realizar inicialmente uma firme pressão digi- tal no fundo de saco do vestíbulo em direção incisal, a fim de reconduzir o ápice radicular ao alvéolo. Num se- gundo momento, o dente é pressio- nado em direção apical até o fundo do alvéolo. Em situações extremas, pode-se utilizar um fórceps para extruir ligeiramente o dente e então reconduzi-lo ao seu alvéolo. Após o reposicionamento, deve-se realizar uma compressão vestibular e lingual para assegurar a acomodação com- pleta do dente no alvéolo e facilitar a cicatrização dos tecidos periodon- tais. Em seguida, deve-se verificar radiograficamente a posição correta do dente e imobilizá-lo com fixação rígida por um período de 3 a 4 se- manas. Em todos os casos, deve-se realizar um ajuste das interferências oclusais. Quando o atendimento é tardio, o reposicionamento correto é praticamente impossível. Nestes ca- sos, a melhor opção é realizar o ajus- te oclusal deixando que a cicatriza- ção ocorra çom o dente em sua nova 202 Manual de Referência para Procedimentos Clínicos em Odontopediatria posição para posteriormente realizar o reposicionamento através de apa- relho ortodôntico.41,53[B] A decisão terapêutica nos casos de luxação lateral de dentes decíduos está vinculada a fatores tais como grau de rizólise do dente decíduo, tempo de- corrido entre o traumatismo e o aten- dimento, magnitude do deslocamen- to, envolvimento da parede alveolar, relação com o germe do permanente e interferência oclusal.31,97[C] A obser- vação radiográfica contribui para determinar a relação do dente decí- duo luxado com o germe do dente permanente.46 A apreciação desses fatores deve estabelecer o tratamen- to, que deve consistir na manutenção do dente ou em exodontia. A opção pelo reposicionamento (manutenção) deve ocorrer sob anestesia infiltrati- va e, caso o profissional julgue ne- cessário, instalação de contenção. É comum ocorrer necrose pulpar, por isso está altamente recomendada a proservação clínica e radiográfica dos elementos envolvidos.98[C] Luxação intrusiva: deslocamen- to do dente no sentido do seu lon- go eixo em direção apical. Além da ruptura das fibras do ligamento pe- riodontal, a lesão estende-se ao osso alveolar apical e à superfície radi- cular, com a remoção mecânica da camada cementoblástica, devido à direção do deslocamento realizado pelo dente.24,41, 80,89,99[B] Clinicamente, o dente traumatizado encontra-se em infraoclusão e imóvel em sua nova posição. Radiograficamente, obser- va-se a perda de identidade do liga- mento periodontal. Entre as alterna- tivas de tratamento emergencial das luxações intrusivas, são descritos o controle da re-erupção passiva, o re- posicionamento cirúrgico e a extru- são ortodôntica. As poucas evidên- cias científicas disponíveis sugerem que os procedimentos ortodônticos representam a melhor opção para o reposicionamento de deslocamentos intrusivos e laterais, uma vez que minimizam danos adicionais às es- truturas radiculares e de sustentação do elemento traumatizado.35[A], 36[B] A necrose pulpar representa uma complicação relativamente comum após lesões por luxação. Sua ocorrên- cia está relacionada principalmente a dois fatores: a presença de desloca- mento e o grau de rizogênese, uma vez que traduzem a chance de revas- cularização do tecido pulpar.88,89[B] Sendo assim, o tratamento endo- dôntico radical não é necessário na maioria dos casos de luxações sem deslocamento ou dentes com deslo- camento que apresentam rizogênese incompleta. Nos dentes maduros por- tadores de deslocamento extrusivo e lateral, o reposicionamento imediato pode contribuir para a cicatrização pulpar. Por outro lado, dentes com rizogênese completa portadores de luxação intrusiva raramente mantém a vitalidade devendo o tratamento endodôntico radical ser implementa- do o mais rápido possível, a fim de se evitarem quadros avançados de reabsorção radicular.99[B] Não raro, as intrusões de den- tes decíduos afetam sobremaneira o dente permanente sucessor em desenvolvimento. Dependendo da idade da criança (consequentemen- te a etapa da odontogênese), o dano 203 Lesões Traumáticas em Dentes Decíduos e Permanentes Jovens pode se constituir de defeitos estru- turais severos (hipoplasia) a leves alterações de cor (opacidades do esmalte).100,101[C] A constatação de in- vasão do folículo do germe do dente permanente, bem como fratura da parede alveolar, indicam a extração do dente decíduo. Se o deslocamento não envolver o germe, pode-se aguar- dar a re-erupção do dente decíduo, o que deve ocorrer nas primeiras sema- nas após o traumatismo.102-104[C] Se em até 8 semanas não houver re-erupção do dente intruído, está indicada a exodontia90,105[B]. O acompanhamento de dentes decíduos envolvidos neste tipo de traumatismo consiste em ava- liação clínica e radiográfica em perío- do breve, especialmente no pós-trau- matismo. Recomenda-se a avaliação já na primeira semana e após 30, 60 e 120 dias. Atenção especial, no perí- odo inicial de monitoramento, deve ser dada à possibilidade de infecção, além do controle da re-erupção do dente decíduo.106,107[B] Alterações de cor, reabsorções e necrose pulpar são sequelas frequentes em dentes decí- duos intruídos.101,102,108[C] Em havendo a extração do dente, deve ser plane- jado o controle de espaço da região. Fraturas radiculares As fraturas radiculares são lesões que envolvem tanto as estruturas de suporte do dente (ligamento perio- dontal, superfície radicular e osso alveolar) quanto as suas estruturas pulpares e tecidos mineralizados (dentina e cemento). O diagnóstico das fraturas radiculares é essencial- mente radiográfico, uma vez que suas características clínicas – ligeira extru- são, deslocamento no sentido lingual e mobilidade do segmento coronário – são semelhantes às luxações e fratu- ras do processo alveolar. Estes acha- dos clínicos são coerentes com a gran- de frequência de lesões associadas no fragmento coronário, na sua maioria luxações extrusivas ou laterais. Embora envolvam padrões de ci- catrização bastante complexos, devi- do ao grande número de estruturas envolvidas, as fraturas radiculares apresentam um prognóstico favorá- vel quanto à consolidação dos frag- mentos, o que pode ser constatado pelos altos índices de cicatrização sem intervenção endodôntica, 56 a 84%, relatados em vários acompa- nhamentos clínicos.109[C], 110,111[B], 112,113[C],114,115[B] A cicatrização das fraturas ra- diculares em dentes permanentes depende de certos fatores relaciona- dos ao momento do trauma e ao tra- tamento emergencial.115,116 [B] A locali- zação da fratura não é determinante do prognóstico, uma vez que foram relatados índices de cicatrização nas fraturas de terço cervical semelhan- tes aos observados para as fraturas de terço médio e apical. Entretanto, o tipo de cicatrização mais frequente foi a deposição de tecido conjuntivo em detrimento da consolidação com tecido mineralizado. Este fato deter- mina um prognóstico pior, a longo prazo, pois a presença da mobilidade, a proporção desfavorável coroa-raiz, tornam o dente mais vulnerável.114[B] Por outro lado, fatores como mobili- dade e deslocamento do fragmento coronário foram significativos na de- terminação do prognóstico, uma vez que a manutenção pulpar e a proxi- 204 Manual de Referência para Procedimentos Clínicos em Odontopediatria midade entre os fragmentos são fun- damentais para a consolidação com deposição de um calo dentinoide/ cementoide.111[B] Por este mesmo mo- tivo, o pronto reposicionamento e imobilização também são importan- tes para que haja uma cicatrização favorável das fraturas radiculares. Sendo assim, independentemente da localização, o tratamento emergen- cial das fraturas radiculares consiste no reposicionamento do fragmento coronário através de pressão digital firme.53,116[B] Após a verificação radio- gráfica da redução correta da fratura, o dente deve ser imobilizado por um tempo mínimo de 2 meses, varian- do de acordo com a sua localização. Durante este período, é realizado o controle clínico e radiográfico para a avaliação da condição pulpar dos segmentos e da ocorrência ou não de cicatrização. Toda e qualquer in- tervenção endodôntica e/ou cirúrgi- ca está descartada até que haja uma definição do diagnóstico de necrose pulpar. À semelhança do que ocorre nas luxações, também aqui o diag- nóstico definitivo de necrose pulpar deve ser concluído depois de ob- servados sinais adicionais, além da ausência de resposta às provas de sensibilidade pulpar, a saber: área ra- diolúcida adjacente à linha de fratu- ra e na região periapical, alteração de cor da coroa, reabsorções radiculares inflamatórias, mobilidade anormal do fragmento coronário e resposta positiva aos testes de percussão.117[C], 53,118[B] Várias condutas têm sido pro- postas para o tratamento da necrose pulpar em dentes com fratura radi- cular e a característica mais impor- tante a ser considerada é o fato de o fragmento apical normalmente conter tecido pulpar vital, o que per- mite que o tratamento endodôntico seja realizado apenas no fragmento coronário.117[C],118[B] A obturação pode ser imediata se a anatomia do canal permitir um vedamento adequado na interface dos dois fragmentos. Contudo, é difícil conseguir limpeza e obturação satisfatórias, em especial nos dentes com um lúmen pulpar amplo. Sendo assim, o fragmento co- ronário tem sido tratado nos moldes da apecificação, com a renovação de curativos de hidróxido de cálcio até que se forme a barreira de tecido mi- neralizado na linha de fratura, para que então se proceda à obturação definitiva com guta-percha. Embora esse tratamento alcance índices de su- cesso favoráveis, apresenta desvan- tagens, como a necessidade de várias consultas para a aplicação do hidró- xido de cálcio, alto custo, o grande risco de recontaminação do sistema de canais radiculares nos interstícios entre as aplicações de hidróxido de cálcio e sua longa duração.118[B] O uso amplo do MTA para fins endodônti- cos e a semelhança de seu mecanismo de ação ao do hidróxido de cálcio, o credenciam como material obtura- dor nos casos de tratamento endo- dôntico em fraturas radiculares hori- zontais e traria vantagens tais como: a possibilidade de redução do tempo e do custo do tratamento. Embora a obturação do fragmento coronário com tampão apical de MTA tenha se revelado eficiente,119[C] para que este procedimento possa ser adotado na 205 Lesões Traumáticas em Dentes Decíduos e Permanentes Jovens clínica com maior embasamento, são necessárias evidências científicas que subsidiem o emprego das marcas co- merciais atualmente disponíveis no comércio sem o risco de alterações de cor da coroa.72-74[C], 75[B] A localização e orientação da linha de fratura radicular em den- tes decíduos é determinante para o tratamento. Os princípios que fun- damentam a opção conservadora (manutenção do dente) ou exodon- tia sustentam-se nas possibilidades de reparo promovidas pela polpa e ligamento periodontal do dente de- cíduo. Nas fraturas transversais nos terços apical e médio, o profissional deve realizar a aproximação dos fragmentos quando se encontram deslocados. O reposicionamento da porção coronária é realizado por pressão digital sob anestesia, com o objetivo de facilitar a cicatrização da polpa e do ligamento periodontal, e proporcionar o realinhamento do dente à sua posição natural. Como em todas as manobras envolvendo dentes traumatizados, esta conduta também deve ser realizada no menor tempo após ocorrido o acidente, pois o coágulo formado dificulta e con- traindica a reaproximação. Quando o terço médio estiver envolvido e o dente apresentar mobilidade consi- derável, é necessária contenção para manter os fragmentos em posição. Períodos de estabilização relativa- mente longos parecem propiciar um tipo mais favorável de cicatrização. Além disso, a contenção de dentes com raízes fraturadas deve ser mais rígida que as utilizadas na estabili- zação de outros traumatismos com deslocamento. As fraturas no terço apical normalmente cicatrizam sem tratamento.31, 58, 108[B] Na ocorrência de fraturas trans- versais no terço cervical, o tratamen- to de escolha é a exodontia, devido à grande mobilidade do fragmento coronário. A mobilidade dificulta a contenção, além da maior possibili- dade de contaminação pela comuni- cação com o meio bucal (o que impe- de o reparo). A literatura usualmente recomenda que não haja manobra cirúrgica para remover o fragmento apical, pois essa tentativa pode cau- sar alterações no dente permanente sucessor. A reabsorção fisiológica do fragmento radicular pode ser aguardada.29[B] Nas fraturas longitudinais ou oblíquas e quando ocorre fratura da parede alveolar concomitante, indi- ca-se a exodontia. Esta decisão clíni- ca está vinculada à grande extensão da linha de fratura, o que dificulta o reparo, bem como a imobilização. A periodicidade para os exames radio- gráficos, ao menos no primeiro anos pós-traumatismo, é a cada 3 meses. Posteriormente, nas rechamadas do paciente. Avulsões A avulsão dentária caracteriza-se pelo deslocamento completo do den- te de seu alvéolo em decorrência de um impacto súbito como uma panca- da, colisão com um objeto sólido ou durante uma queda. A avulsão afeta principalmente incisivos centrais su- periores, tanto na dentição decídua quanto na permanente e cerca de 35% de todas as avulsões ocorrem 206 Manual de Referência para Procedimentos Clínicos em Odontopediatria antes dos 9 anos de idade, ou seja, antes do completo desenvolvimento radicular dos incisivos.2 As avulsões acarretam danos tan- to ao seu feixe vasculonervoso apical quanto às estruturas de suporte do dente. A ruptura do feixe vasculoner- voso periapical resulta na interrupção do aporte sanguíneo ao tecido pulpar. A revascularização da polpa em toda a sua extensão é um fenômeno pou- co provável.120[C] Estudos revelaram que os fatores mais decisivos para a revascularização pulpar foram a dis- tância coroa -ápice, o diâmetro apical no momento do reimplante, a dura- ção do período extrabucal eo tipo de meio de armazenamento.121[B] Geral- mente, ocorre uma contaminação da polpa associada à necrose, antes que ocorra a completa revascularização. A lesão às estruturas de sustentação é representada pela ruptura total das fibras do ligamento periodontal e por danos à camada cementoblástica. O prognóstico de um reimplante está diretamente relacionado à viabi- lidade do ligamento periodontal re- manescente na superfície radicular do dente avulsionado.122[C] O dano às cé- lulas do ligamento periodontal pode ser causado pela desidratação das mesmas devido a um período extra- bucal longo, ou pelo armazenamento do dente em um meio desfavorável antes do reimplante.123[C] As células do ligamento que permanecem na raiz após a avulsão são privadas do suprimento sanguíneo e logo conso- mem seus metabólitos armazenados. Para manter um metabolismo celular satisfatório, estas substâncias devem ser repostas após a avulsão.123[C] Atualmente, o reimplante den- tário tem sido aceito como um meio efetivo de preservar, ainda que pro- visoriamente, dentes avulsionados. Entretanto, enquanto a literatura é unânime quanto às vantagens do reimplante imediato, o que se obser- va no dia a dia é que este é uma exce- ção, sendo que na maioria das vezes os dentes são perdidos ou mantidos em meios de armazenamento inade- quados. Esta última situação faz com que as reabsorções radiculares exter- nas constituam-se na sequela mais frequente após reimplantes dentá- rios com uma prevalência relatada entre 74 e 98%, principalmente quan- do os dentes são reimplantados após período extrabucal longo ou man- tidos em meio de armazenamento inadequado.123[C], 125-127[B] Para que o reimplante ocorra o mais rápido possível, esta manobra deve ser realizada de preferência pelo próprio paciente ou outra pessoa no local do acidente. Neste sentido, é fundamental que já no primeiro con- tato telefônico o profissional repasse orientações relativas à execução do reimplante: localizar o dente e, se ne- cessário, lavá-lo com soro fisiológico ou água corrente segurando-o pela coroa; não esfregar a raiz nem utili- zar qualquer tipo de produto; reco- locar o dente no seu alvéolo imedia- tamente; morder uma gaze, algodão ou pedaço de tecido limpo e dirigir- -se ao consultório odontológico. Ha- vendo impedimentos de natureza técnica ou emocional por parte do responsável pelo reimplante, o dente deve ser acondicionado em meio de armazenamento adequado até que o 207 Lesões Traumáticas em Dentes Decíduos e Permanentes Jovens paciente possa ser atendido por um profissional.128[B] Meios de armazenamento espe- ciais tais como HBSS, Meio de Eagle, Viaspan e Conditioned Medium são ideais para a manutenção ou revitali- zação das células do ligamento perio- dontal e por isso deveriam estar dis- poníveis em locais onde os acidentes geralmente ocorrem: escolas, clubes, ginásios de esportes, farmácias, ba- res, ambulâncias, hospitais e serviços de pronto atendimento odontológi- co. Deve-se reconhecer, porém, que o leite é um excelente meio de arma- zenamento desde que o reimplante seja realizado em seis horas. Suas propriedades fisiológicas, incluindo seu pH (6,5-7,2) e osmolaridade si- milar ao fluido extracelular (250-270 mOsm Kg-I), a sua facilidade de ob- tenção e o fato de estar relativamen- te sem bactérias justificam seu uso como meio de armazenamento para dentes avulsionados. Embora a so- lução salina tenha apresentado um desempenho melhor do que o arma- zenamento a seco, só deve ser utili- zada quando da ausência absoluta dos meios já citados. O uso da saliva como meio de armazenamento, atra- vés da colocação do dente avulsiona- do debaixo da língua ou no vestíbu- lo bucal do próprio paciente ou dos pais, está contraindicada em função do risco de deglutição do mesmo pela criança e de infecção cruzada, quando armazenado na saliva de outra pessoa. Além disso, a presença dos microrganismos naturais da sali- va e sua baixa osmolaridade afetam a viabilidade das células do ligamento periodontal, diminuindo sua ativi- dade clonogênica.129[C], 130,131[B] Naque- les casos em que o paciente se apre- sente no consultório com o dente já reimplantado, cabe ao profissional avaliar clínica e radiograficamente a posição do dente, realizar as corre- ções necessárias e fazer a imobiliza- ção flexível.128[B] Quando o paciente chega com o dente fora do alvéolo, o profissional deve acondicioná-lo imediatamen- te num meio que, além de manter a vitalidade das células do ligamento periodontal, seja capaz de repor os nutrientes celulares perdidos. Este armazenamento deve durar apenas o período necessário para a prepa- ração do paciente. Recomenda-se a solução salina balanceada de Hank (HBSS) por seu custo relativamente baixo. Entretanto, atenção especial deve ser dada ao prazo de validade, uma vez que estudos demonstraram que, embora a validade das marcas comerciais disponíveis seja de apro- ximadamente 2 anos, quando man- tida em temperatura ambiente, sua capacidade de manutenção da viabi- lidade celular diminui com o passar do tempo.132[C] A superfície da raiz deve ser examinada para verificar a existência de fraturas radiculares e a presença de partículas de sujeira ou fragmentos ósseos aderidos. O dente deve ser então enxaguado com um jato de solução salina até sua limpeza completa. Embora qualquer procedi- mento que envolva o manuseio da superfície radicular seja contraindi- cado, caso o enxágue não seja eficaz, uma gaze umedecida em solução salina deve ser cuidadosamente uti- lizada. Os fragmentos ósseos devem 208 Manual de Referência para Procedimentos Clínicos em Odontopediatria ser destacados com o auxílio de um instrumento tipo holemback. Nos casos de reimplante tardio, tentativas de tratamento da superfí- cie radicular têm sido feitas com so- luções fluoretadas, enzimas e ácidos. O objetivo desta manobra é remover restos de ligamento periodontal ne- crótico e modificar a superfície radi- cular, tornando-a mais resistente à reabsorção e facilitando a adesão das fibras colágenas. Entretanto, estudos adicionais são necessários para fun- damentar seu emprego na clínica. Nestes casos, recomenda-se apenas a limpeza rigorosa com gaze ume- decida em soro fisiológico, com o intuito de remover as fibras do liga- mento periodontal que se encontram necrosadas.133[A], 134[B] A participação da porção alveo- lar do ligamento periodontal na ci- catrização de dentes reimplantados é controversa, uma vez que os pou- cos dados provenientes de estudos em animais são conflitantes. Sendo assim, o que se pode concluir atual- mente é que o tratamento do alvéo- lo não interfere no prognóstico do reimplante.135-137[C] O preparo do paciente para a rea- lização do reimplante inicia-se com um exame cuidadoso da cavidade bucal e alvéolo seguido de radio- grafias periapicais para se avaliar a presença de corpos estranhos, que devem ser removidos com pinças ou irrigação vigorosa com solução sali- na, ou fraturas do processo alveolar. Neste caso, é fundamental reposicio- nar o osso fraturado, modelando-o com um instrumento, contrabalança- do por uma pressão digital feita na região vestibular. Também podem ser necessários o reposicionamento e a sutura das lacerações gengivais previamente ao reimplante. Após o preparo inicial, o dente deve ser mantido pela coroa e reposiciona- do através de pressão digital lenta e gradual, até que seja introduzido em toda a sua extensão no alvéolo.128[B] A imobilização de dentes reim- plantados deve ser realizada logo após o reposicionamento e tem como objetivo propiciar estabilidade no período inicial de cicatrização do li- gamento periodontal. Até a década de 1970, a imobilizaçãodental seguia os mesmos princípios da fixação dos ossos maxilares, embora já existisse, desde 1950, uma tendência a perío- dos de imobilização menores. Hoje em dia, sabe-se que a imobilização rígida, necessária a uma boa con- solidação das fraturas ósseas, está contraindicada para dentes com des- locamentos ou avulsionados. Estu- dos experimentais têm demonstrado que uma movimentação fisiológica acelera e melhora a cicatrização do ligamento periodontal, diminuindo a chance de anquilose dentária.138-140[C], 141[A] Além da natureza rígida ou flexí- vel da imobilização, tem sido atribuí- do à duração do período de fixação um papel na ocorrência de reabsor- ções radiculares pós-traumatismo. Entretanto, não existem evidências que permitam associar a ocorrência ao cicatrização periodontal ao tempo de imobilização. Sendo assim, o pe- ríodo de imobilização deve propiciar a estabilidade necessária para que o dente avulsionado fique posicio- nado no alvéolo durante o período 209 Lesões Traumáticas em Dentes Decíduos e Permanentes Jovens inicial de cicatrização do ligamento periodontal.141[A] O tratamento com antibiotico- terapia sistêmica tem sido sugerido após o reimplante de dentes avulsio- nados com o objetivo de diminuir a contaminação da superfície radicular e, com isso, diminuir a atividade de reabsorção inflamatória. Além dis- so, outro efeito do antibiótico seria o controle da população bacteriana no alvéolo, o que é importante no padrão de cicatrização pulpar e pe- riodontal dos dentes reimplantados. Não existem evidências científicas que sustentem esta conduta. Os re- sultados positivos de estudos expe- rimentais não podem ser compara- dos, tampouco extrapolados para a clínica, uma vez que existe uma grande variação no tipo de droga utilizada e na via de administração empregada.142-145[C] Os resultados dos poucos levantamentos clínicos dis- poníveis não observaram correlação entre o uso de antibioticoterapia sis- têmica e a ocorrência de cicatrização periodontal.125[B] Portanto, o uso de antibióticos fica condicionado ao es- tado geral do paciente e à presença de lesões associadas que apresentem gravidade compatível com a necessi- dade de antibioticoterapia. A necrose do tecido pulpar repre- senta um dos principais fatores para o prognóstico de dentes reimplanta- dos. A camada de cemento danificada durante a avulsão expõe os túbulos dentinários que se comunicam com a luz do canal radicular infectado, pro- piciando uma via de acesso para as bactérias e suas toxinas atingirem a superfície externa da raiz,125[B],146,147[C] dando origem à reabsorção radicular externa inflamatória. Como a ocor- rência de necrose pulpar em dentes reimplantados com rizogênese com- pleta é o mais provável, aguardar a revascularização implicaria num grande risco de insucesso. Dados da literatura têm confirmado que o tra- tamento endodôntico deve ser feito entre 7 e 10 dias após o reimplante de dentes com rizogênese completa para evitar a propagação de produ- tos tóxicos da polpa necrótica para os tecidos adjacentes.151[A] Outro aspecto relativo ao tratamento endodôntico de dentes reimplantados é a necessi- dade e duração da medicamento in- tracanal. Acompanhamentos clínicos demonstraram maior sobrevida de dentes cujo tratamento endodôntico foi finalizado em curto período quan- do comparados com aqueles que ne- cessitaram de um tratamento prolon- gado com hidróxido de cálcio.149,150[C] Os dados obtidos de estudos expe- rimentais são conflitantes. Alguns resultados demonstraram que o uso prolongado de hidróxido de cálcio em dentes com superfícies radicula- res danificadas aumentou o índice de anquilose.51,152[C] Outros estudos demonstraram que o uso prolonga- do de hidróxido de cálcio foi mais efetivo no controle de reabsorções radiculares externas inflamatórias já instaladas.153,154[C] Diante do exposto, a opção por obturar o canal radicular deve considerar o grau de rizogênese e a ocorrência e magnitude de qua- dros de reabsorção preexistentes. Os protocolos que indicam o tratamento endodôntico dos dentes avulsionados variam de acordo com 210 Manual de Referência para Procedimentos Clínicos em Odontopediatria o tempo decorrido entre o momento do atendimento e o instante da ocor- rência do acidente que provocou a lesão. Nos dentes com rizogênese completa, cujo reimplante foi ime- diato, ou que foram mantidos em meio adequado por um período me- nor que 60 minutos, o tratamento en- dodôntico deve ser realizado entre 7 e 10 dias após o primeiro atendimen- to, utilizando o curativo de hidróxi- do de cálcio por um período de um mês.148[A] Este medicamento pode ser renovado periodicamente até a veri- ficação radiográfica de cicatrização de áreas de reabsorção inflamatória externa. O controle clínico e radio- gráfico deve ser realizado semanal- mente nos primeiros 30 dias, após 4 semanas, 3 meses, 6 meses, 1 ano e anualmente a partir de então.128[B] Nos dentes com rizogênese com- pleta, cujo período extrabucal ul- trapasse 60 minutos ou após a ma- nutenção do dente em meios não fisiológicos, o tratamento endodônti- co deve ser realizado entre 7 e 10 dias após o reimplante, seguido da obtu- ração imediata. Embora exista na literatura a opção de realizar o TER antes de reimplantes tardios,128[B] as evidências atuais demonstram que esta conduta não melhora o prog- nóstico de dentes reimplantados tardiamente.155[B] Nos dentes com rizogênese in- completa e forame aberto, em que o reimplante foi realizado antes do primeiro atendimento ou quando o período extrabucal não ultrapas- sa 60 minutos e o dente foi mantido em meio fisiológico adequado, exis- te a chance de revascularização da polpa.121,126[B] Sendo assim, o trata- mento endodôntico radical só deve ser realizado diante de evidências clínicas e radiográficas conclusivas do diagnóstico de necrose pulpar. O controle deve ser realizado semanal- mente nos primeiros 30 dias, após 4 semanas, 3 meses, 6 meses, 1 ano e anualmente a partir de então.128[B] O reimplante de dentes com ri- zogênese incompleta mantidos em meios de armazenamento inade- quado ou cujo período extrabucal excedeu 60 minutos, apresenta um prognóstico altamente desfavorá- vel devido à velocidade com que as reabsorções radiculares progridem nesta faixa etária.123,127, 156[B] Nestes casos, a melhor opção recai sobre o tratamento ortodôntico com o objeti- vo de solucionar a perda precoce do dente.157[B] No caso de dentes que já foram reimplantados, são seguidos os mesmos princípios do tratamento de dentes com rizogênese incomple- ta. Após a instrumentação com limas de terceira série, são realizados cura- tivos de demora com hidróxido de cálcio, até a verificação da possibili- dade de realizar a obturação conven- cional com guta-percha e cimento. O tratamento de dentes decíduos avulsionados é tema de controvér- sia na literatura odontológica.158-163[C] A manobra de reintroduzir o dente no alvéolo é considerada arriscada por alguns autores, além da possi- bilidade de ocorrer reabsorção in- flamatória e abscesso, decorrentes do dano ao ligamento periodontal e tecido pulpar. Graves defeitos de desenvolvimento (hipoplasia) estão presentes em mais da metade dos 211 Lesões Traumáticas em Dentes Decíduos e Permanentes Jovens permanentes que sucedem decíduos avulsionados.29,108,164[C] Embora não haja evidências que sustentem o reimplante nesta denti- ção, alguns autores abordam a pos- sibilidade, recomendando princípios que regem a manobra com base em estudos em dentes permanentes ou laboratoriais.165[C] Para estes, o suces- so do reimplante está relacionado às condições de reparo do ligamento periodontal e da polpa, asquais, por sua vez, dependem do tempo de per- manência extra-alveolar e do meio de conservação do dente. Caso o profis- sional opte pelo reimplante do dente decíduo, deverá fazê-lo de preferên- cia em pacientes com pouca idade (antes dos 4 anos), desde que não haja comprometimento do arcabou- ço alveolar. Após o reposicionamen- to, deve-se fazer a contenção163[C] e o tratamento endodôntico com empre- go de hidróxido de cálcio. Alterações clínicas e radiográficas que indiquem infecção contraindicam a manutenção do dente decíduo envolvido.31,58,108[C] Referências Côrtes MIS, Bastos JV . Epidemiologia do 1 traumatismo dentário. Pro-odonto. Pre- venção 2011;5:113-149. Glendor U, Marcenes W, Andreasen JO. 2 Classification, epidemiology and etio- logy. In: Andreasen JO, Andreasen FM, Andersson L. Textbook and color atlas of traumatic injuries to teeth. 4a ed. Oxford: Blackwell Publishing; 2007 p. 217-254. Bonini GAVC, Marcenes W, Oliveira LB, 3 Sheiham A, Bonecker M. Trends in the prevalence of traumatic dental injuries in Brazilian preschoolchildren. Dent Trau- matol 2009;25:594-8. 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