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Síndrome de Williams 1

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO MATO GROSSO DO SUL
Disciplina de Genética Humana
Turma de psicologia
Síndrome de Williams
Alunas:
Bárbara Lima da Costa Araújo
Dâmaris Alcídia da Costa Melgaço
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Definição:
A Síndrome de Williams, também conhecida como Síndrome de Williams-Beuren, é uma rara desordem genética frequentemente não diagnosticada. Não é transmitida geneticamente. Não tem causas ambientais, médicas ou influência de fatores psicossociais. Tem impacto sobre diversas áreas do desenvolvimento, incluindo a cognitiva, comportamental e motora. 
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CONSIDERAÇÕES HISTÓRICAS:
Foi pela primeira vez diagnosticada pelo cardiologista John C. P. Williams, em 1961, na Nova Zelândia. 
Os relatos iniciais da síndrome de Williams-Beuren (SWB) foram de crianças com hipercalcemia idiopática na lactância (HIL) e descrições de estenose aórtica supravalvular (EASV) associada.
 Posteriormente, esses achados foram associados às características faciais peculiares e psicológicas apresentadas pelos pacientes, os quais constituem os critérios diagnósticos atuais baseados, principalmente, nas manifestações físicas e comportamentais. 
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Incidência:
A incidência estimada da SWB é de:
 1: 13 700 a 1: 25 000. 
Doença sem predomínio de sexo, cor ou região geográfica.
 Na maioria das famílias a ocorrência é esporádica, ou seja ambos os pais são normais. No entanto, existem alguns casos familiais descritos. Em todos eles o diagnóstico do genitor afetado foi feito somente após o diagnóstico da criança afetada.
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ETIOLOGIA DA SWB:
 Origem genética decorrente de um erro de cruzamento de genes durante a mitose.
 Deleções submicroscópicas (inferiores a 5 Mb) na região 7q11.23.
Havendo assim a exclusão de 26 a 28 genes no par de cromossomos 7. 
Esta origem não é congênita, ou seja, não é resultante de alguma ação na gravidez por parte da mãe ou por algum outro quadro na família. Assim sendo, a Síndrome de Williams não distingue cor, raça, sexo, e não há nenhum estudo relacionado à maior incidência de local. A única certeza, pelo ponto de vista biológico, é que haverá a probabilidade maior da criança nascer com a Síndrome de Williams se os pais também já têm a síndrome. 
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Os genes do par de cromossomos 7 deletados são responsáveis pela produção de alguns aminoácidos, reconstituição de algumas células, e mais importante, pela produção da elastina. O déficit da produção de elastina na exclusão destes genes, como consequência, define boa parte do fenótipo comum às pessoas com Síndrome de Williams.
O segundo gene mais frequentemente deletado é o gene LIM-Cinase 1 (LIMK1). É expresso no sistema nervoso central e responsável pelo perfil cognitivo distinto da SWB caracterizado pela deficiência de integração visiomotora.
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DIAGNÓSTICO DA SWB:
A hemizigosidade no lócus do gene da elastina, resultante da deleção, foi identificada pela técnica da hibridização in situ com fluorescência (FISH) utilizando-se a sonda da elastina genômica pELN5-4.
Com esses dados, foi sugerido que essa deleção, seria a causa das alterações vasculares que ocorrem na SWB, como hérnias, envelhecimento precoce da pele, hiperextensibilidade articular na infância, voz grave, divertículos de bexiga e do intestino e dismorfismos faciais (exemplos: bochechas proeminentes e lábios espessos).
No entanto, as alterações comportamentais e neurológicas da SWB não puderam ser explicadas pela deleção no lócus do gene da elastina.
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Sinal vermelho = gene da Elastina, deletado neste caso de S. de Williams.
Sinal verde = marcador do cromossomo 7. 
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Síndrome positiva Williams ensaio de peixes
(Cromossomo 7)
O gene da elastina é encontrado em apenas um cromossomo. A outra cópia carrega uma deleção do gene da elastina.
Síndrome negativa Williams ensaio de peixes
(Cromossomo 7)
O gene da elastina é encontrada em ambos os cromossomos. Este indivíduo não tem Síndrome de Williams.
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CARACTERÍSTICAS:
Estudos recentes procuraram associar a SWB com a síndrome de um “duende”.
 Linhas de rosto semelhantes a um duende: nariz empinado, boca larga, queixo pequeno, olhos arredondados, além da estatura baixa (SACKS, 2007; p.303). 
Estenose Aórtica Supravalvar acontece em cerca de 75% dos casos de SWB, em que há uma anomalia consequente dos estreitamentos dos vasos arteriais. Este estreitamento pode causar: Problemas renais, intestinais, além de pressão arterial constantemente elevada, dificuldades respiratórias e pulmonares, entre outros. 
Podem também apresentar anormalidades urológicas, (aumento da frequência urinária), e problemas endócrinos (hipercalcemia, hipotireoidismo, diabetes em alguns adultos) e problemas ortodônticos. 
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Também podem apresentar estrabismo e íris estreladas, apesar de estes dois últimos não ocorrerem com tanta frequência considerando as outras características físicas.
Apresentam um atraso motor e um “deficiência intelectual geral ou global” (SACKS, 2007, p. 307).
 O cérebro das pessoas com SWB é relativamente menor, chega a ser 20% menor que a normalidade.
 Vale ressaltar que não é o cérebro todo que é relativamente menor, algumas áreas são, já outras, mantém o tamanho preservado.
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Os indivíduos com SWB possuem, em sua maioria, uma dificuldade visual-espacial.
Alguns estudos comentam a dificuldade que estas pessoas podem ter para representar graficamente, como por exemplo, desenhando.
Normalmente ansiosos. 
 Comportamento hipersocial, são desinibidos, procuram ser bastante comunicativos.
Tem um bom domínio da linguagem corporal.
LINDA
IDADE: 11
QI:52
VAN
IDADE: 11
QI:50
BICICLETA
RODAS
CADEIA
PESSOA
PEDAIS
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Procura-se associar a característica da falta de inibição pelo tamanho relativamente menor da Amídala Cerebelosa, localizada no cérebro e que é responsável por regular a agressividade. 
O padrão de fala fluente atribuído aos indivíduos com a SWB sustenta-se no domínio motor e fonético-fonológico da produção verbal, característica esta que tem sido frequentemente relacionada à participação efetiva da alça fonológico-articulatória da memória de trabalho e ao componente sintático da linguagem.
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QUADRO CLÍNICO: ACHADOS CRANIOFACIAIS:
Os achados faciais típicos da SWB incluem fronte alargada, depressão temporal, hipoplasia malar, edema supraorbitário, nariz curto e arrebitado, ponte nasal deprimida, filtro nasal longo, lábios espessos, boca grande e queixo pequeno.
 Estes dismorfismos faciais são reconhecíveis geralmente ao redor de quatro meses de idade, tornando-se evidentes na lactância e na infância. 
Na idade adulta, a face se modifica com formato alongado e lábios mais espessos. Cabelos grisalhos e enrugamento da pele podem ocorrer precocemente na idade adulta jovem.
A voz dos pacientes é descrita como grave ou rouca.
A mal oclusão, que ocorre em 85% dos pacientes, é a complicação mais significativa.
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 ACHADOS OCULARES E AUDITIVOS:
As anomalias oculares mais frequentes incluem íris de padrão estrelado, visível em olhos azuis, estrabismo e tortuosidade dos vasos retinianos (incidência varia de 69% a 74%). 
A íris estrelada é detectada somente através da biomicroscopia nos pacientes de olhos escuros.
 Perda auditiva neurossensorial para alta frequência. 
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ACHADOS CARDIOVASCULARES:
As anomalias cardiovasculares ocorrem em aproximadamente 80% dos afetados. Sopros cardíacos são detectados também em torno de 80% dos pacientes com SWB, indicando a possibilidade de cardiopatia congênita.
A estenose aórtica supravalvar (EASV) é o defeito cardíaco mais frequente ocorrendo em 64% dos pacientes. A incidência de qualquer tipo de cardiopatia é de 75 a 80%. 
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ACHADOS GASTROINTESTINAIS:
A ocorrência de dificuldade de alimentação e vômitos é frequente na lactância. O refluxo gastresofágico (RGE) pode ser a causa dessas manifestações. 
Dois-terços dos recém-nascidos com SWB manifestam cólicas intestinais com uma duração média
de 7,4 meses. 
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ACHADOS RENAIS E URINÁRIOS:
A incidência de anormalidades renais na SWB é de aproximadamente 18%.
 As anomalias renais e do trato urinário incluem ectopia, agenesia ou hipoplasia renal, duplicidade pielocalicial, rim em ferradura, hidronefrose, nefrocalcinose, estenose da artéria renal, megaureter e estenose da junção ureter pélvica.
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ACHADOS NO SISTEMA MÚSCULO-ESQUELÉTICO:
A hipermobilidade articular é observada em 90% dos pacientes durante a lactância podendo contribuir para o atraso na deambulação. Contraturas articulares, especialmente dos membros inferiores, são descritas em 50% das crianças e 90% dos adultos afetados. 
Outras anomalias comuns incluem escoliose (12%), cifose (21%) e lordose (38%). Anomalias menores de extremidades também foram descritas com frequência na SWB: hálux valgo (78%), unhas hipoplásicas (67%) e clinodactilia do quinto dedo (42%). 
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ALTERAÇÕES DO CRESCIMENTO E DA PUBERDADE:
Na maioria dos afetados, há deficiência do crescimento de leve a moderada desde a fase pré-natal e deficiência mais acentuada após o período pós-natal.
 Os recém-nascidos apresentam peso de nascimento inferior ao da população geral.
Geralmente, o peso permanece baixo durante a lactância devido a dificuldades na alimentação e problemas gastrintestinais, porém melhora durante a infância e permanece dentro dos limites normais nos adultos.
A baixa estatura é observada em aproximadamente 50% dos afetados. O déficit de crescimento associado à dificuldade de ganho de peso é mais acentuado na lactância e na infância.
A maioria dos adultos alcançam as medidas de estatura dentro dos limites inferiores da curva de crescimento. MARTIN et al. (1984) observaram que a estatura média dos adultos homens é de 159cm e das mulheres, 147cm. 
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ACONSELHAMENTO GENÉTICO:
A SWB é considerada uma síndrome de deleção de genes contíguos, de herança autossômica dominante. A grande maioria dos casos de SWB são esporádicos, ou seja, os genitores são normais e trata-se do primeiro caso na família. Nestes casos, o risco de recorrência é desprezível.
No entanto, os afetado(a)s apresentam um risco de 50% de terem filho (a)s com a mesma patologia, uma vez que a herança é autossômica dominante.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
O Mundo da Síndrome de Williams. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=rNC8dOdIvNU. Acesso em 06/09/2016. 00:47h
Síndrome de Willians - Programa Especial 27/07/2013. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=0pS5UFy-IF8. Acesso em 06/09/2016. 00:50
Williams Syndrome Association - Home. Disponível em: http://www.williams-syndrome.org. Acesso em 06/09/2016. 00:54h
LEVITIN, Daniel; COLE, Kristen; CHILES, Michael; LAI, Zona; LINCOLN, Alan; BELLUGI, Ursula. Characterizing the Musical Phenotype in Individuals With Williams Syndrome, Child Neuropsychology. Londres, volume 10, n°4, p. 223-147, 2004.
VALTIERRA, Stephanie. Williams Syndrome: The Costs and Benefits of Chromosomal Deletion IN Eukaryon, Lake Forest, vol. 4, p. 95-100, março de 2008.
WILLIAMS, John; LOWE, J.; BARRAT-BOYES, B. Supravalvar Aortic Stenosis; Circulation. Dallas, volume 24, p. 1311-1318, dezembro de 1961.
Mervis CB, Becerra AM. Language and communicative development in Williams syndrome. Ment Retard Dev Disabil Res Rev. 2007;13(1):3-15.        
Dutly, F e Schnitzel A: Unequal interchromosomal rearrangements may result in elastin gene deletions causing Williams Beuren syndrome. Hum Mol Genet 12:1893-98, 1993. 
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