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Aula 04 Economia e Finanças Públicas p/ SEFAZ/PE Professores: Heber Carvalho, Jetro Coutinho Economia e Finanças Públicas para ICMS/PE Teoria e exercícios comentados Profs Heber Carvalho e Jetro Coutinho ʹ Aula 04 Profs Heber e Jetro www.estrategiaconcursos.com.br 1 de 78 AULA 04 ± 6. Políticas fiscal, monetária e cambial (Parte I). Modelo Keynesiano simplificado. SUMÁRIO RESUMIDO PÁGINA Clássicos X Keynes 02 Salários nominais X salários reais 03 Modelo keynesiano simples 08 Determinação da renda nacional de equilíbrio 12 Multiplicador keynesiano 20 Teorema do orçamento equilibrado 29 Intensidade dos instrumentos de política fiscal 31 Paradoxo da Parcimônia 33 Resumão da Aula 35 Exercícios comentados 38 Lista de questões apresentadas na aula 67 Gabarito 78 Olá caros(as) amigos(as), Hoje, nós estudaremos a teoria elementar de determinação da renda (renda nacional de equilíbrio), onde é importante estudarmos o modelo keynesiano simplificado, pois é ele o modelo que, em linhas gerais, determina a renda nacional de equilíbrio. Estava prevista para a aula 04 o estudo da política monetária, mas, por questões didáticas, decidimos apresentar primeiro esta aula sobre o Modelo Keynesiano. A próxima aula (aula 05) será sobre política monetária, ok? Dessa forma, deslocamos o conteúdo da aula 05 para a aula 04 e o conteúdo da aula 04 para a aula 05. Acreditamos que assim ficará bem mais fácil para vocês entenderem a matéria, ok? A aula de hoje é bem tranquila. Portanto, aproveitem e tenham um excelente e confortável estudo. E aí, todos prontos? Então, vamos nessa! 83395105172 Economia e Finanças Públicas para ICMS/PE Teoria e exercícios comentados Profs Heber Carvalho e Jetro Coutinho ʹ Aula 04 Profs Heber e Jetro www.estrategiaconcursos.com.br 2 de 78 TEORIA DA DETERMINAÇÃO DA RENDA (Modelo Keynesiano simplificado) Antes de iniciarmos a abordagem do sistema keynesiano, em que aprenderemos a determinar a renda nacional de equilíbrio, é importante sabermos as diferenças entre as duas principais correntes de pensamento econômico (clássicos e Keynes). Isto é justificado pelo fato de o Keynesianismo ter nascido, inicialmente, como uma alternativa à teoria clássica. 1. CONCEITO E GENERALIDADES. CLÁSSICOS X KEYNES A ciência econômica surgiu como uma disciplina separada a partir GRV�HVWXGRV�GH�$GDP�6PLWK�H�D�SXEOLFDomR�GH� VHX� OLYUR� ³$�5LTXH]D�GDV� 1Do}HV´��HP�������$�WHRULD�SURSXJQDGD�HP�VHX�OLYUR�ILFRX�FRQKHFLGD�SRU� Teoria Clássica, sendo seguida e aprimorada por uma série de economistas ao longo do tempo até os dias de hoje (os aprimoramentos mais atuais levaram ao que é chamado de teoria neoclássica). 2�FHUQH�GHVWD�WHRULD�HVWDYD�QD�³PmR�LQYLVtYHO´�GR�PHUFDGR��3DUD�RV� clássicos, o mercado era auto-ajustável, e esse auto-ajuste se dava pela hipótese da flexibilidade de preços e salários. Assim, qualquer desequilíbrio que surgisse seria automaticamente combatido pelas próprias forças do mercado, sem necessidade de intervenções por parte do governo ou outras instituições quaisquer. O raciocínio era este: imagine um tipo qualquer de desequilibro, por exemplo, o aumento repentino do preço de um determinado produto no mercado de bens. Para os clássicos, o mercado automaticamente traria o preço deste produto para o patamar de equilíbrio, através do ajuste entre a demanda e a oferta. O ajuste seria este: o aumento de preços provocaria redução na demanda (procura). A partir desta redução, haveria mais oferta (produção) que demanda (procura), ocasionando excesso de oferta (excesso de estoques). Para vender os estoques em excesso, os empresários seriam obrigados a reduzir os preços. Esta redução de preços faria a demanda aumentar novamente, até o ponto em que ela se igualasse com a oferta. Desta forma, quando o preço retornasse ao patamar de equilíbrio, a oferta igualaria a demanda e o mercado estaria equilibrado novamente, sem intervenções. Imaginemos agora um desequilíbrio no mercado de trabalho. Peguemos como exemplo o desequilíbrio mais relevante: o desemprego. 1R� PHUFDGR� GH� WUDEDOKR�� QyV� WHPRV� D� ³PHUFDGRULD´� WUDEDOKR�� RV� ofertantes de trabalho (trabalhadores) e os demandantes de trabalho (empresas). Segundo os clássicos, havendo desemprego na economia (excesso de oferta de trabalhadores sobre a demanda), naturalmente os 83395105172 Economia e Finanças Públicas para ICMS/PE Teoria e exercícios comentados Profs Heber Carvalho e Jetro Coutinho ʹ Aula 04 Profs Heber e Jetro www.estrategiaconcursos.com.br 3 de 78 empresários reduziriam os salários nominais (leia o quadro abaixo para ver a diferença entre salários nominais e reais). O raciocínio é de que quem estava empregado aceitaria a redução de salários em virtude de o desemprego estar alto (afinal, é melhor estar empregado recebendo menos a estar desempregado recebendo nada!). Ao mesmo tempo, a redução de salários provocaria redução na oferta de trabalhadores, até o ponto em que um salário de equilíbrio mais baixo novamente faria com que a demanda e a oferta de trabalhadores se igualassem, eliminando o desemprego sem intervenções externas no mercado. SALÁRIOS NOMINAIS X REAIS Salário nominal (W1) é a remuneração medida em moeda corrente. É o valor que os trabalhadores recebem pelo seu trabalho, e é bastante útil quando comparamos os salários de diversos trabalhadores ou profissões em um mesmo momento, ou no momento corrente. Salário real (W/P) é a remuneração medida em moeda constante. É o valor do salário nominal dividido pelo índice de preços, sugerindo assim o poder real de compra. O uso do salário real ao invés do nominal é obrigatório quando comparamos os salários de um mesmo trabalhador ou profissão em uma série de tempo, de um ano para o outro, por exemplo. Caso contrário, não teríamos uma correta ideia acerca da real variação do poder de compra. Vejamos um exemplo: suponha que você obtenha sucesso em um concurso e, digamos, em Julho de 2015, comece a trabalhar auferindo um ganho mensal de R$ 15.000,00 (é para isso que está lendo esta aula!). Em Julho de 2016, portanto no ano seguinte, se não houver aumento salarial, seu salário nominal continuará sendo R$ 15.000,00. Mas de Julho de 2015 a Julho de 2016, haverá aumento de preços na economia (inflação). Assim, seu poder aquisitivo será menor em Julho de 2016, apesar de seu salário nominal continuar o mesmo. Em outras palavras seu salário real em Julho de 2015 será R$ 15.000/P (sendo P o índice de inflação entre jul/2015 e jul/2016). Logo, concluímos que o salário real (W/P) é o salário nominal (W) dividido pelo índice de preços (P). Nota Æ Se dividirmos o salário nominal (W) pelo preço do bem, ao invés de dividirmos pelo índice de preços, também é considerado que encontramos o salário real (W/P), que, nesta forma de cálculo, expressará a quantidade de produtos que o salário nominal (W) pode comprar. Observe que, para os clássicos, o equilíbrio no mercado de bens e no mercado de trabalho (onde temos ausência de desemprego) seria alcançado através da livre interação entre oferta e demanda, e tal 1 Utiliza-se a letra W devido à terminologia em inglês: salário=wage. 83395105172 Economia e Finanças Públicas para ICMS/PE Teoria e exercícios comentados Profs Heber Carvalho e Jetro Coutinho ʹ Aula 04 Profs Heber e Jetro www.estrategiaconcursos.com.br 4 de 78 interação ocorreria devido à hipótese da flexibilidadede preços e salários. A flexibilidade de preços preveniria a situação de excessos de estoque ou superprodução e a flexibilidade de salários preveniria o surgimento do desemprego. Então veja que, para os clássicos, a livre interação entre oferta e demanda, além da hipótese da flexibilidade de preços e salários, garantiria a economia sempre no pleno emprego e o mercado de bens/trabalho em equilíbrio. Outro importante ponto levantado pelos clássicos era o fato de que a oferta agregada2 da economia determina a demanda agregada3. Ou seja, o lema dos clássicos era: apenas produza, não importa o quanto e o quê, pois alguém vai comprar o que você produzir! Esta condição é chamada de Lei de Say ± a oferta cria a sua própria procura/demanda. Até 1930, as ideias clássicas reinaram sozinhas, de forma que as economias de mercado independentes (com exceção dos países socialistas e das colônias) seguiam os ditames clássicos. No entanto, veio a crise de 1929 e o crack da bolsa de Nova York. A causa da crise foi a superprodução americana, resultante da aplicação da Lei de Say, de cunho clássico. Após a primeira guerra mundial, os EUA se tornaram os grandes SURGXWRUHV� PXQGLDLV� H� DGRWDUDP� D� WiWLFD� GR� ³SURGX]� TXH� DOJXpP� YDi FRPSUDU´�� (VWH� ³DOJXpP´� HUD� D� (XURSD�� TXH� HVWDYD� FRP� D� FDSDFLGDGH� produtiva devastada pela primeira guerra. Entretanto, ao longo da década de 1920, o parque industrial europeu foi sendo recuperado, de tal maneira que a Europa foi cada vez menos comprando os produtos americanos. Como se acreditava, à época, que a oferta criava a demanda, os americanos continuaram a sua superprodução, até o momento em que a Europa deixou de comprar definitivamente os produtos americanos (no final da década de 1920, o parque industrial europeu já estava recuperado, de tal forma que não era mais necessário importar produtos dos americanos). O desequilíbrio entre o excesso de mercadorias produzido pelos EUA forçou as empresas a reduzirem a produção. Isso fez com que a economia norte-americana entrasse em recessão, provocando a demissão de milhões de trabalhadores. Como os EUA também eram importantes compradores do resto do mundo (principalmente matéria-prima), a redução do poder aquisitivo americano afetou seriamente a economia 2 Tudo o que é produzido; oferta agregada=produção. 3 Tudo o que é demandado/procurado/consumido. 83395105172 Economia e Finanças Públicas para ICMS/PE Teoria e exercícios comentados Profs Heber Carvalho e Jetro Coutinho ʹ Aula 04 Profs Heber e Jetro www.estrategiaconcursos.com.br 5 de 78 mundial, provocando uma crise sem precedentes, que ficou conhecida FRPR�D�³*UDQGH�'HSUHVVmR´� Neste ponto da história, os economistas não conseguiam explicar como a economia tinha chegado àquele nível de desemprego, ou melhor, a teoria clássica não explicava tamanho desemprego. Daí surgiu a revolucionária teoria keynesiana, da obra do economista inglês John Maynard Keynes. De acordo com Keynes, o alto desemprego nos países industrializados era resultado de uma insuficiência de demanda agregada. A demanda agregada estaria muito baixa e as políticas econômicas deveriam ser delineadas de forma a estimulá-la. Na época da Depressão, Keynes adotou medidas de política fiscal para estimular a demanda, principalmente os gastos do governo com obras públicas. De um modo geral, a teoria keynesiana defende o uso de políticas fiscal e monetária4 para regular o nível de demanda agregada. Então, para Keynes, era a demanda agregada que criava a sua oferta e não o contrário como afirmavam os clássicos. Isto era a chamada Lei da demanda efetiva ± a demanda cria a sua oferta. Nesse raciocínio, temos um dos principais contrapontos entre a teoria keynesiana e a teoria clássica: para Keynes, a demanda agregada era a principal variável a regular o nível de renda/emprego; para os clássicos, a oferta agregada era a principal variável a regular o nível de renda/emprego. Em outras palavras, para os clássicos valia a lei de Say, para Keynes, valia a lei da demanda efetiva. Outro choque de ideia era a hipótese da flexibilidade dos salários. Para os clássicos, eles eram flexíveis; para Keynes, os salários eram rígidos no curto prazo. Ou seja, Keynes afirmava que, no curto prazo, os empregados não aceitariam reduções em seus salários. Lembremos que essa redução de salários, no caso de desemprego, era pressuposto do equilíbrio automático propagado pelos clássicos. Então, para Keynes, essa rigidez salarial acaba causando desemprego, impedindo o equilíbrio automático da economia. Essa não aceitação de reduções salariais decorria de inúmeros aspectos, dentre os quais podemos destacar as próprias questões institucionais (legislação do salário mínimo, existência de sindicatos, etc). Por fim, como já sabemos, os clássicos acreditavam no equilíbrio automático. Tal equilíbrio, na economia clássica, ocorria sempre no produto de pleno emprego (ausência de desemprego). Ou seja, os clássicos acreditavam que a economia tendia automaticamente ao pleno emprego. Para Keynes, entretanto, isto não era necessariamente correto. Para ele, o equilíbrio acontecia quando a oferta agregada igualasse a 4 EĞƐƚĂ�ĂƵůĂ ?�ŶĆŽ�ǀĞƌĞŵŽƐ�Ă�ƉĂƌƚĞ� ?ŵŽŶĞƚĄƌŝĂ ?�ĚĂ�ƚĞŽƌŝĂ�ŬĞLJŶĞƐŝĂŶĂ ? 83395105172 Economia e Finanças Públicas para ICMS/PE Teoria e exercícios comentados Profs Heber Carvalho e Jetro Coutinho ʹ Aula 04 Profs Heber e Jetro www.estrategiaconcursos.com.br 6 de 78 demanda agregada e isto poderia ocorrer em uma situação onde a economia não estivesse em pleno emprego (presença de desemprego). Então, para Keynes, o equilíbrio não acontecia necessariamente junto com o pleno emprego. Tal situação até poderia ocorrer, mas o mais provável é que a economia se equilibrasse mesmo com a existência de algum nível de desemprego. Diante do exposto, podemos inferir o seguinte sobre os principais choques de ideia entre a teoria clássica e keynesiana, levando-se em conta a flexibilidade de preços e salários, a situação de equilíbrio da economia e as leis de Say e da demanda efetiva. Para Keynes, valia o seguinte: x Os salários nominais eram rígidos no curto prazo. Keynes afirmava que havia imperfeições no mercado que não permitiam livre flexibilização de preços e salários, ao mesmo tempo em que aqueles que permaneciam empregados também não aceitavam reduções salariais. Ao mesmo tempo em que, na teoria keynesiana, os salários nominais (W) são fixos, não podemos dizer o mesmo em relação aos salários reais (W/P). Se houver inflação, apesar dos salários nominais serem fixos, os salários reais (W/P) serão alterados para menor (serão reduzidos). Se houver deflação, os salários reais serão aumentados. Ou seja, no modelo keynesiano os salários nominais são fixos e os salários reais são flexíveis, enquanto no modelo clássico os salários nominais e reais são flexíveis. x A demanda determina a oferta: Lei da Demanda Efetiva. Ou seja, para Keynes, valia exatamente o contrário propugnado pelos clássicos. A oferta (produção) é que deveria se adaptar à demanda (consumo) e não o contrário. x Para Keynes, a economia não tendia automaticamente ao pleno emprego, como afirmavam os clássicos. O equilíbrio acontecia quando a oferta agregada da economia (produção) se igualava à demanda agregada (consumo), e isso, para a teoria keynesiana, poderia acontecer mesmo que houvesse desemprego. Ou seja, para Keynes, era possível haver equilíbrio e desemprego ao mesmo tempo. No entanto, veja bem,também haveria a possibilidade de equilíbrio e pleno emprego, porém, tal condição era menos provável. 83395105172 Economia e Finanças Públicas para ICMS/PE Teoria e exercícios comentados Profs Heber Carvalho e Jetro Coutinho ʹ Aula 04 Profs Heber e Jetro www.estrategiaconcursos.com.br 7 de 78 A teoria keynesiana, à época, triunfou sobre a teoria clássica, de forma que as ideias keynesianas5 sobre como fazer a economia crescer foram importantíssimas para a superação da Grande Depressão. No entanto, isto não significa que a teoria clássica esteja enterrada e não seja mais usada. Pelo contrário, hoje, ainda assim, a maioria dos economistas segue a corrente clássica de pensamento (teoria neoclássica). O que temos, de fato, é que cada corrente se aplica melhor em determinadas situações. Hoje, é pacífico que a teoria keynesiana é mais aplicável no curto prazo, quando os preços e salários tendem a ser rígidos. No longo prazo, há tempo suficiente para os preços e salários se acomodarem, isto é, há flexibilidade de preços e salários, indicando que a teoria clássica é mais aplicável para o longo prazo. Assim, utilizamos a teoria clássica para estudarmos o longo prazo e a teoria keynesiana para estudarmos o curto prazo. Em Macroeconomia, a diferença entre o curto e o longo prazo está no comportamento dos preços, e não no tempo cronológico6. Consideramos o curto prazo um período de tempo no qual os preços e salários são rígidos. No longo prazo, os preços e salários são flexíveis. Como, na teoria clássica, os preços e salários são flexíveis (longo prazo), utilizamo-la no estudo do longo prazo. De maneira inversa, utilizamos o sistema keynesiano para descrever o curto prazo. Em livros acadêmicos, esta divisão normalmente norteia a divisão dos capítulos e das unidades didáticas. Ao abrir o sumário da maioria dos livros utilizados nas faculdades, você verá que existe uma unidade para o estudo do longo prazo (teoria clássica) e outra unidade para o estudo do curto prazo (Keynes). Para finalizar a discussão, segue um quadro com as diferenças7 entre as abordagens clássica e keynesiana: 5 Não é nosso objetivo discutir quais eram essas ideias, mas entre elas podemos destacar: a intervenção do governo na economia através do gasto público (política fiscal) como forma de aquecê-la e reduzir o desemprego. 6 Na Macroeconomia, curto prazo é a situação onde preços e salários são rígidos. Longo prazo é a situação onde preços e salários são variáveis ou flexíveis. 7 Só estão presentes as principais diferenças para o nosso estudo no momento. Em outras aulas, veremos que há outras diferenças que também são importantes (papel da moeda, da taxa de juros, etc). 83395105172 Economia e Finanças Públicas para ICMS/PE Teoria e exercícios comentados Profs Heber Carvalho e Jetro Coutinho ʹ Aula 04 Profs Heber e Jetro www.estrategiaconcursos.com.br 8 de 78 Variável/Teoria Clássicos Keynes Salário nominal Flexível Fixo Salário real Flexível Flexível Equilíbrio Pleno emprego Ocorre quando oferta agregada é igual à demanda agregada e isto pode ocorrer no pleno emprego, mas a maior probabilidade é de que ocorra havendo desemprego. Determinante da renda Lei de Say: oferta cria a demanda Lei da demanda efetiva: demanda cria a oferta. Aplicação Longo prazo Curto prazo Papel do governo na economia Neutro (não intervenção no mercado) Intervenção na economia a fim de regular o nível da demanda agregada. Nosso estudo do sistema keynesiano prossegue desta forma: nesta aula, analisamos uma versão simplificada do modelo, onde vemos apenas os elementos básicos da teoria da demanda agregada de Keynes. Nesse modelo simplificado, não levamos em conta as complicações que resultam na incorporação da taxa de juros e do nível de preços; ao mesmo tempo, pressupomos que existe desemprego (ausência de pleno emprego). Tais complicações serão vistas quando estudarmos o modelo IS-LM e o modelo de oferta/demanda agregada, respectivamente. 2. MODELO KEYNESIANO SIMPLES: CONDIÇÕES PARA O PRODUTO DE EQUILÍBRIO Keynes desenvolveu uma teoria que nos dá uma explicação para a permanência de uma economia, por um período prolongado, em condições de depressão. Como já vimos, Keynes acreditava que a despesa (demanda agregada) induzia as firmas a produzir bens e serviços. A partir dessa percepção, ele argumentava que, se o total da demanda agregada (despesa) caísse, as firmas responderiam, reduzindo sua produção. Menor despesa/demanda agregada levaria a economia a um menor produto. Keynes rejeitava a visão clássica de que a redução nos salários e nos preços trouxesse novamente a economia à situação de pleno emprego. Para ele, os preços e salários eram rígidos no curto prazo. Mesmo quando a demanda fosse baixa, as grandes firmas e os sindicatos poderosos resistiriam a reduções de preços e salários e, conseqüentemente, retardariam o movimento da economia de volta ao pleno emprego. Assim, na teoria keynesiana, nós temos um novo conceito de equilíbrio, assim como um mecanismo diferente para que a economia 83395105172 Economia e Finanças Públicas para ICMS/PE Teoria e exercícios comentados Profs Heber Carvalho e Jetro Coutinho ʹ Aula 04 Profs Heber e Jetro www.estrategiaconcursos.com.br 9 de 78 chegasse a ele. Na visão keynesiana, o equilíbrio ocorre quando o nível de despesa (demanda agregada) é igual ao produto (oferta agregada). Quando isso ocorre, os produtores não terão estímulos nem para expandir nem para contrair o produto. Desta forma, percebe-se que, para Keynes, são as mudanças no produto que direcionam a economia ao equilíbrio. Se o produto (oferta agregada) estiver acima da despesa agregada, os empresários reduzirão a produção a fim de atingir o equilíbrio. Se o produto estiver abaixo da despesa agregada, os empresários aumentarão a produção a fim de atingir o equilíbrio. O equilíbrio da renda no modelo keynesiano passa uma mensagem clara: os empresários produzirão apenas a quantidade de bens e serviços que eles acreditam que os compradores planejam comprar. Segue abaixo a condição algébrica deste equilíbrio keynesiano: Oferta agregada (OA) = produção = PIB = Renda = Y Despesa agregada (DA) = C + I + G + (X ± M) I (investimento) = S (poupança)8 Como, em equilíbrio, OA=DA, então: Y = C + I + G + (X ± M) Portanto, o equilíbrio no modelo Keynesiano simplificado é atingido quando a oferta agregada (produção) é igual à demanda agregada. Obviamente, se a produção está acima do equilíbrio macroeconômico, então, a produção supera a demanda (oferta agregada > demanda agregada). Se a produção está abaixo do equilíbrio, a demanda supera a produção (demanda agregada > oferta agregada). Agora, falaremos sobre a diferenciação9 entre despesa planejada e despesa realizada (ou despesa efetiva). Despesa realizada (ou despesa efetiva) corresponde ao montante que os agentes gastam com bens e serviços. Conforme nós vimos na aula de contas nacionais, tal despesa (realizada) corresponde ao PIB da economia. Assim, despesa realizada é igual ao somatório de C, I, G e (X- M). 8 Na aula sobre Contas Nacionais, nós vimos que essa identidade I=S é mero desenvolvimento da identidade produto=renda=despesa. 9 Esta análise é um pouco complicada. O importante é que você apenas guarde a ideia que, para Keynes, Ž�ŝŵƉŽƌƚĂŶƚĞ�ƐĆŽ�ĂƐ�ǀĂƌŝĄǀĞŝƐ� ?ƉůĂŶĞũĂĚĂƐ ?�Ğ�Ġ�ƋƵĞ�Ă�ĚŝĨĞƌĞŶĕĂ�ĞŶƚƌĞ�ĂƐ�ǀĂƌŝĄǀĞŝƐ�ƉůĂŶĞũĂĚĂƐ�e realizadas que provocam as flutuações econômicas. 83395105172 Economia e Finanças Públicas para ICMS/PE Teoria e exercícios comentados Profs Heber Carvalho e Jetro Coutinho ʹ Aula 04 Profs Heber e Jetro www.estrategiaconcursos.com.br 10 de 78 Despesa planejada corresponde ao montante que os agentes planejam ou gostariam de gastar com bens e serviços. Nota Æ a variável relevante para Keynes era a variável planejada e não a variável realizada. Mas, por que razão a despesa realizada seria diferente da despesa planejada? A resposta é que as firmas poderiam passar a ter um investimento não planejado em estoques10, pelo fato de as vendas não corresponderem às suas expectativas. Quando as empresas vendem uma quantidade de produtos menor do que planejavam, o volume de estoques automaticamente cresce; de forma inversa, quando as empresas vendem uma quantidade de produtos maior do que planejavam, o volume de estoques diminui. Como essas mudanças não planejadas nos estoques são contabilizadas como despesas realizadas com investimentos por parte das empresas (alteram o I da equação do PIB=C+I+G+X-M), a despesa realizada pode estar acima ou abaixo da despesa planejada. Assim, a diferença entre os conceitos de despesa realizada e despesa planejada estaria na variação de estoques. Quando a variação de HVWRTXHV� IRU� LJXDO� D� �� �Ʃ( ���� HQWmR�� WHPRV� D� VLWXDomR� HP� TXH� DV� despesas realizada e planejada serão iguais. Ao mesmo tempo, quando a variação nos estoques é nula, também estamos em equilíbrio (OA=DA). Pense conosco: se a oferta agregada (tudo o que se produz) é igual à despesa agregada (tudo o que se consome), então, não temos QHP� DXPHQWR� QHP� UHGXomR� QRV� HVWRTXHV� �Ʃ( ���� $VVLP�� WHPRV� R� seguinte para a condição de equilíbrio keynesiano: OA = DA Y = Gasto/despesa planejada Gasto/despesa realizada (ou efetiva) = Gasto/despesa planejada Ʃ( = 0 Podemos entender que a despesa efetiva representa a oferta agregada da economia, então: despesa efetiva = Y. Por outro lado, a despesa planejada representa os gastos que os agentes pretendem gastar. Assim, DA = (C + I + G + X ± M) = despesa planejada. Se o gasto/despesa planejada é menor que o produto, Y, isto significa que as empresas estão vendendo menos do que estão produzindo. Essa perspectiva de variação positiva dos estoques (uma vez que a produção supera o gasto planejado) induz as empresas a dispensar trabalhadores e reduzir a produção, ocasionando recessão (diminuição da renda da economia e surgimento de desemprego). 10 Lembre que a variação de estoques faz parte do agregado investimento, uma vez que /с&ďŬĨ�н�ȴ�. 83395105172 Economia e Finanças Públicas para ICMS/PE Teoria e exercícios comentados Profs Heber Carvalho e Jetro Coutinho ʹ Aula 04 Profs Heber e Jetro www.estrategiaconcursos.com.br 11 de 78 Por outro lado, se o gasto planejado é maior que a produção, Y, isto significa que as empresas estão vendendo mais do que estão produzindo, afinal, os gastos que as famílias planejam gastar é maior que a produção, Y. Essa perspectiva de variação negativa dos estoques faz com que as empresas passem a contratar mais trabalhadores e aumentem o volume de produção, aumentando o nível de emprego da economia. Então, veja que, para Keynes, é o gasto mal planejado (despesa planejada menor que a despesa realizada) que gera as recessões, pois, neste caso, há excesso de estoques e os empresários reduzem a produção e demitem os trabalhadores. A saída para esta situação seria aumentar a demanda agregada (fazer as pessoas consumirem mais, ou seja, fazê-las consumir este excesso de estoques), pois este aumento da demanda consumiria este excesso de estoques e os empresários não precisariam reduzir a produção, nem demitir trabalhadores. Uma maneira de aumentar a demanda agregada, propagada por Keynes, era por intermédio dos gastos do governo. A despesa agregada é composta pelo gasto dos agentes: famílias (responsável pela variável C ± consumo), empresas (responsável pela variável I ± investimento), governo (variável G ± gastos do governo) e resto do mundo (variáveis X ± M). Em um contexto de recessão, é muito difícil fazer com que as famílias, as empresas e o resto do mundo aumentem as despesas. Então, a maneira mais viável e direta de aumentar a demanda agregada, em um cenário recessivo, seria por meio do aumento de G. Assim, para sair de uma recessão, o governo deveria gastar com alguma coisa. O seu gasto seria o elemento impulsionador da demanda agregada e, por conseguinte, teríamos estímulos ao aumento da produção e à contratação de trabalhadores. Estes trabalhadores contratados, por sua vez, comprariam mais produtos, aumentando novamente a demanda agregada e a produção, e assim por diante. Há relatos de situações em que o governo americano, utilizando as ideias keynesianas, contratava trabalhadores para cavar buracos e, na semana seguinte, contratava outros trabalhadores para tapar os buracos que foram cavados na semana anterior. Em uma semana, o governo realizava gastos para pintar os meios fios de branco, em outra semana, realizava gastos para pintar os mesmos calçamentos de amarelo. Até que ponto tais relatos falam a verdade, ou são apenas exageros, não sabemos, mas eles servem para ilustrar a maneira pela qual a Depressão da década de 1930 foi contornada. E isto se deve a Keynes, o economista mais importante do século XX. 83395105172 Economia e Finanças Públicas para ICMS/PE Teoria e exercícios comentados Profs Heber Carvalho e Jetro Coutinho ʹ Aula 04 Profs Heber e Jetro www.estrategiaconcursos.com.br 12 de 78 3. DETERMINAÇÃO DA RENDA NACIONAL DE EQUILÍBRIO Na análise da determinação da renda no modelo keynesiano, adotaremos algumas premissas para facilitar o nosso estudo: i. Taxa de juros constante (ou seja, não a levaremos em conta) ii. Nível de preços constante iii. Inexistência de depreciação iv. Inexistência de RLEE (renda líquida enviada ou recebida do exterior) v. O governo arrecada somente impostos diretos (sobre as pessoas) vi. Não temos impostos indiretos nem subsídios Em virtude das quatro últimas suposições, nós temos que todos os conceitos de produto/renda/despesa vistos na aula de conta nacionais serão iguais. Por exemplo, renda nacional=PIBCF; PNLPM=RIBCF; DILCF=PNLPM; etc. As taxas de juros e o nível de preços serão levados em consideração em outros modelos, que serão vistos mais à frente em nosso curso. Conforme sabemos, o foco da teoria keynesiana está no controle do nível da demanda agregada. É sobre ela que a política econômica do governo deve estar voltada a fim de corrigir resultados indesejáveis na economia. Vejamos então detalhadamente a composição desta DA. 3.1. Composição da demanda agregada A demanda/despesa agregada é o somatório das despesas dos quatro agentes da economia (famílias, empresas, governo e resto do mundo): DA = C + I + G + X ± M Vejamos cada um desses itens, a começar pela variável C: 3.1.1. Consumo (C) O consumo das famílias é dividido em duas partes. Uma parte é dependente da renda disponível. A outra parte é uma variável independente, que não depende da renda disponível. Esta última seria um nível de consumo das famílias que seria gasto qualquer que fosse a renda disponível. Poderíamos, assim dizer, que essa parte independente ou autônoma seria relacionada a um consumo mínimo de subsistência. Algebricamente, temos a função consumo: C = C0 + c.YD 83395105172Economia e Finanças Públicas para ICMS/PE Teoria e exercícios comentados Profs Heber Carvalho e Jetro Coutinho ʹ Aula 04 Profs Heber e Jetro www.estrategiaconcursos.com.br 13 de 78 A parte dependente da renda disponível seria o termo cYD. Por este termo, vemos que, quanto maior a renda disponível, maior será o consumo. A parte independente ou autônoma da renda seria o termo C0, denominado consumo autônomo. Por este termo, vemos também que, quanto maior o consumo autônomo, maior será o consumo. É importante ressaltarmos que o consumo é função da renda disponível (YD). É premissa da teoria keynesiana que temos somente impostos diretos, assim, a renda disponível será a renda (Y) MENOS os tributos diretos (T). Logo, YD=Y±T , de forma que: C = C0 + c.(Y ± T) Agora, falta definirmos o que significa o parâmetro c. Ele é a propensão marginal a consumir (PMgC): o aumento no consumo em relação ao aumento de renda. Em outras palavras, é a parcela do acréscimo de renda disponível destinada ao consumo. Algebricamente, isso significa: ࢉ ൌ �ࡼࡹࢍ ൌ ઢઢࢅࢊ Por exemplo, supondo uma propensão marginal a consumir de 0,8, isto quer dizer que, se a renda disponível aumentar em R$ 1.000, as famílias tendem a aumentar o consumo em R$ 800. A palavra marginal, em economia, tem o significado de incremental, DGLFLRQDO� RX� ³QD� PDUJHP´�� $VVLP�� D� 30J&� UHSUHVHQWD� TXDO� VHUi� R� consumo adicional decorrente de um aumento na renda. Numa situação em que, depois de aumentada a renda, não temos alteração no consumo �Ʃ& ���� D� 30J& será igual a 0. Analogamente, numa situação em que, depois de aumentada a renda, o aumento no consumo será exatamente LJXDO� DR� DXPHQWR� GD� UHQGD� �Ʃ& Ʃ<D), a PMgC será igual a 1. Daí, concluímos que a PMgC varia entre 0 e 1. Logo, �F�. Adjacente a esta definição de propensão marginal a consumir, nós temos a definição de propensão média a consumir (PMeC). Ela é simplesmente o consumo dividido pela renda disponível, significando, portanto, a parcela ou parte da renda que é gasta com o consumo. Algebricamente: ࡼࡹࢋ ൌ � ࢅࢊ Exemplo numérico: 83395105172 Economia e Finanças Públicas para ICMS/PE Teoria e exercícios comentados Profs Heber Carvalho e Jetro Coutinho ʹ Aula 04 Profs Heber e Jetro www.estrategiaconcursos.com.br 14 de 78 A partir da função de consumo abaixo, montemos um quadro com os valores do consumo, da propensão marginal a consumir e da propensão média a consumir: C = 100 + 0,8YD YD C 30J&��Ʃ&�Ʃ<D) PMeC (C/YD) 1000 900 - 0900/1000 = 0,90 1200 1060 160/200 = 0,8 1060/1200 = 0,88 1400 1220 160/200 = 0,8 1220/1400 = 0,87 1600 1380 160/200 = 0,8 1380/1600 = 0,86 1800 1540 160/200 = 0,8 1540/1800 = 0,86 2000 1700 160/200 = 0,8 1700/2000 = 0,85 Obs: os valores da última coluna foram aproximados A partir da verificação dos dados, podemos inferir algumas conclusões: 9 O consumo cresce junto com a renda (disponível); 9 A função de consumo apresentada é uma função linear11, e a propensão marginal a consumir é constante para uma função dada; 9 A propensão marginal a consumir só assume valores entre 0 e 1 (�F�); 9 À medida que a renda aumenta, a parcela da mesma que é gasta com o consumo diminui. Isto é, quanto maior a renda, menor a propensão média a consumir12. 9 A propensão média a consumir também assume valores entre 0 e ���,VWR�p��30H&�� 11 Função linear é uma função cujo gráfico é representado por uma reta ou uma linha (daí o nome função linear). Como decorrência disso, são aquelas também em que o expoente da variável é 1. Por exemplo, na função consumo C=C0+c.YD, a variável da função é YD (temos o consumo em função da renda disponível). Em questões de concursos, a menos que o enunciado diga o contrário, considere a função consumo como uma função linear. 12 Podemos raciocinar da seguinte maneira: uma pessoa com pouca renda, provavelmente, irá destinar grande parte dessa renda ao consumo. Uma pessoa rica, com renda mais alta, irá destinar, em termos proporcionais, uma parte bem menor de sua renda com consumo. Por exemplo, alguém que tem renda de R$ 1000, provavelmente, irá gastar grande parte dessa renda com consumo. Por outro lado, alguém que tem renda de R$ 1.000.000 irá gastar uma parcela proporcionalmente menor de sua renda com consumo. Assim, quanto maior a renda, menor tenderá a ser a propensão média a consumir. 83395105172 Economia e Finanças Públicas para ICMS/PE Teoria e exercícios comentados Profs Heber Carvalho e Jetro Coutinho ʹ Aula 04 Profs Heber e Jetro www.estrategiaconcursos.com.br 15 de 78 3.1.1.1. Poupança (S) A poupança (S) é a renda disponível que não é gasta com o consumo. Assim: S = YD ± C Como C=C0 + c.YD, então: S = YD ± C0 ± c.YD S = -C0 + YD ± c.YD S = -C0 + (1 ± c).YD Veja que a função poupança possui o mesmo formato da função consumo. A diferença é que temos o consumo autônomo com sinal negativo e, em vez da PMgC, temos a expressão (1 ± c). A explicação é bastante lógica: a função poupança é uma espécie de função consumo ao contrário, no sentido de que consumir é justamente o oposto de poupar. Assim, a parte da função da poupança que é autônoma é igual ao consumo autônomo com sinal negativo. Em vez de propensão marginal a consumir (c), temos a propensão marginal a poupar (1 ± c). Exemplo numérico: A partir da função consumo do item 3.1.1, façamos a função poupança: Função consumo: C = 100 + 0,8YD (onde C0=100 e c=0,8) Função poupança: S = -C0 + (1 ± c)YD Então: S = -100 + 0,2YD A partir desta função, vemos que a PMgS, propensão marginal a poupar (1 ± c), vale 0,2 e o consumo autônomo vale 100. Vejamos o quadro abaixo, onde atribuímos alguns valores à YD: YD S PMgS �ƩS�Ʃ<D) PMeS (S/YD) 1000 100 - 100/1000 = 0,10 1200 140 40/200 = 0,2 140/1200 = 0,12 1400 180 40/200 = 0,2 180/1400 = 0,13 1600 220 40/200 = 0,2 220/1600 = 0,14 1800 260 40/200 = 0,2 260/1800 = 0,14 2000 300 40/200 = 0,2 300/2000 = 0,15 Obs: os valores da última coluna foram aproximados 83395105172 Economia e Finanças Públicas para ICMS/PE Teoria e exercícios comentados Profs Heber Carvalho e Jetro Coutinho ʹ Aula 04 Profs Heber e Jetro www.estrategiaconcursos.com.br 16 de 78 Compare este quadro com aquele apresentado no item 3.1.1 e veja que as propensões marginais/médias a poupar, somadas às propensões marginais/médias a consumir, são iguais a 1. Assim: PMgC + PMgS = c + (1 ± c) PMgC + PMgS = 1 PMeC + PMeS = C/YD + S/YD PMeC + PMeS = (C + S)/YD = YD/YD PMeC + PMeS = YD/YD PMeC + PMeS = 1 A razão para o que foi verificado acima é simples: o consumo e a poupança se complementam e o que não é poupado pelas famílias vira consumo e vice-versa. Assim, se tivermos uma PMgC igual a, digamos, 0,6, então, já sabemos que a PMgS vale 0,4. Se tivermos uma PMeC igual a 0,5, então, já sabemos que a PMeS também vale 0,5, pois, em ambos os casos, o somatório das propensões deve ser igual a 1. Por fim, as mesmas conclusões acerca das propensões a consumir valem para as propensões a poupar, com exceção daquela que fala que a propensão média diminui com o aumento da renda. Veja as conclusões para a função poupança: 9 A poupança cresce junto com a renda (disponível); 9 A função poupança apresentada é uma função linear, e a propensão marginal a poupar é constante; 9 A PMgS assume valores entre 0 e 1 (�F�);9 À medida que a renda aumenta, a parcela da mesma que é gasta com a poupança aumenta. Isto é, quanto maior a renda, maior a propensão média a poupar13. 9 A propensão média a consumir também assume valores entre 0 e ���,VWR�p��30H&�� 13 Podemos raciocinar da seguinte maneira: uma pessoa com pouca renda, provavelmente, irá destinar uma pequena (ou até mesmo nenhuma) parte dessa renda para a poupança. Uma pessoa rica, com renda mais alta, irá destinar, em termos proporcionais, uma parte bem maior de sua renda para a poupança. Por exemplo, alguém que tem renda de R$ 1000, provavelmente, irá gastar grande parte dessa renda com consumo e irá poupar muito pouco. Por outro lado, alguém que tem renda de R$ 1.000.000 irá gastar uma parcela proporcionalmente menor de sua renda com consumo e poupará uma parte bem maior de sua renda. Assim, quanto maior a renda, menor tenderá a ser a propensão média a consumir e maior será a propensão média a poupar. 83395105172 Economia e Finanças Públicas para ICMS/PE Teoria e exercícios comentados Profs Heber Carvalho e Jetro Coutinho ʹ Aula 04 Profs Heber e Jetro www.estrategiaconcursos.com.br 17 de 78 3.1.1.2. Tributação (T) A partir de agora, com raras exceções, as funções dos componentes da demanda agregada serão bastante semelhantes com o formato da função consumo, apenas mudando o nome dos termos. Em relação à função tributação, em primeiro lugar, nós podemos falar que ela influencia a demanda agregada indiretamente, através da influência que exerce na função consumo, uma vez que a tributação diminui a renda disponível (YD=Y±T). Segue abaixo o formato da função tributação: T = T0 + tY Onde t é a propensão marginal a tributar (é a parcela do acréscimo de renda destinada à tributação. Algebricamente: W Ʃ7�Ʃ<); T0 é a tributação autônoma, que é independente do nível de renda. Nota Æ veja que, na função tributação, utilizamos a renda (Y) e não a renda disponível (YD). 3.1.2. Investimento (I) Da mesma forma que a função tributação, temos a função investimento: I = I0 + iY Onde i é a propensão marginal a investir (é a parcela do acréscimo de renda destinada ao investimento. Algebricamente: i ƩI�Ʃ<); I0 é a investimento autônomo, que é independente do nível de renda. Nota 1 Æ veja que, na função investimento, nós também utilizamos a renda (Y) e não a renda disponível (YD). Nota 2 Æ na teoria econômica, de uma forma geral, é plenamente aceito que a variável determinante do investimento é a taxa de juros (e não a renda). Entretanto, como no modelo Keynesiano simplificado nós consideramos a taxa de juros constante, então, neste modelo, apenas nele, nós temos o investimento como função da renda e não da taxa de juros. 3.1.3. Os gastos do governo (G) 83395105172 Economia e Finanças Públicas para ICMS/PE Teoria e exercícios comentados Profs Heber Carvalho e Jetro Coutinho ʹ Aula 04 Profs Heber e Jetro www.estrategiaconcursos.com.br 18 de 78 Agora, temos um caso diferente. Isso porque os gastos do governo são considerados 100% autônomos, isto é, não dependem em nada da renda (pessoal, isso é uma suposição do modelo, ok?!). Assim, a função gastos do governo será: G = G0 A explicação de Keynes é de que os governos possuem os seus gastos com determinadas atividades (educação, saúde, defesa nacional, administração pública, etc) e o montante destes gastos é fixo, devendo ser realizados de qualquer maneira, independentemente de variações na renda dos agentes econômicos. 3.1.4. Exportações (X) As exportações, assim como os gastos do governo, são consideradas 100% autônomas. Assim, a função exportações será: X = X0 As exportações são dependentes do nível de renda do resto do mundo e não do nível de renda interna. Como a renda do resto do mundo é uma variável externa ao modelo (variável exógena ± é determinada por outras forças que não estão mensuradas dentro do modelo), não podemos colocá-la na função exportações. 3.1.5. Importações (M) Da mesma forma que a função tributação e investimento, temos a função importação: M = M0 + mY Onde m é a propensão marginal a importar (é a parcela do acréscimo de renda destinada a consumir produtos importados. Algebricamente: m ƩM�Ʃ<); M0 é o nível de importação autônoma, que é independente do nível de renda. Nota Æ veja que, na função importação, nós também utilizamos a renda (Y) e não a renda disponível (YD). Podemos elaborar um quadro com o resumo deste item 3.1 (composição da demanda agregada): 83395105172 Economia e Finanças Públicas para ICMS/PE Teoria e exercícios comentados Profs Heber Carvalho e Jetro Coutinho ʹ Aula 04 Profs Heber e Jetro www.estrategiaconcursos.com.br 19 de 78 Função Formato Propensão marginal a Consumo C = C0 + cYD Consumir Æ c Poupança S = -C0 + (1±c)YD Poupar Æ (1 ± c) Tributação T = T0 + tY Tributar Æ t Investimento I = I0 + iY Investir Æ i Gastos do governo G = G0 - Exportações X = X0 - Importações M = M0 + mY Importar Æ m O mais comum em questões de prova é possuirmos apenas as propensões marginais a consumir e a poupar. Neste caso, sabemos que as funções tributação, investimento e importações são totalmente autônomas ou independentes da renda. No caso destas funções (tributação, investimento e importações) serem autônomas, elas serão representadas assim, respectivamente: T=T0; I=I0; M=M0. Ressaltamos que esta é a situação mais comum nas provas de concursos. 3.2. Determinação da renda de equilíbrio Conforme sabemos, o equilíbrio no modelo keynesiano simplificado é atingido quando Y=C+I+G+X-M. A partir desta conclusão, tentemos resolver esta questão de prova: (AFPS/MPAS ± Adaptada) Considere as seguintes informações: C = 100 + 0,7Y; I = 200; G = 50; X = 200; M = 100 + 0,2Y, onde C = consumo agregado; X = exportações; M = importações. Com base nessas informações, a renda de equilíbrio é: Resolução: Y = C + I + G + X ± M Y = (100 + 0,7Y) + 200 + 50 + 200 ± (100 + 0,2Y) Y ± 0,7Y + 0,2Y = 450 Y = 900 (renda de equilíbrio) Observações: o A questão não nos deu qualquer tipo de tributação, então, neste caso, Y=YD. Além disso, como não há função tributação, também não temos propensão marginal a tributar. 83395105172 Economia e Finanças Públicas para ICMS/PE Teoria e exercícios comentados Profs Heber Carvalho e Jetro Coutinho ʹ Aula 04 Profs Heber e Jetro www.estrategiaconcursos.com.br 20 de 78 o Veja que a função investimento é totalmente autônoma, ou seja, não temos a propensão marginal a investir. o O valor da propensão marginal a consumir é 0,7; da propensão marginal a poupar é 0,3 (1 ± 0,7); da propensão marginal a importar é 0,2. o A economia considerada é aberta e com governo (temos as variáveis G, X e M). Por exemplo, se tivéssemos uma economia fechada, não teríamos as funções X e M. Se tivéssemos uma economia sem governo, não teríamos G. o Ainda pelos dados, podemos concluir que o consumo autônomo (C0) vale 100, investimento autônomo (I0) vale 200 e a importação autônoma (M0) vale 100. 3.3. O multiplicador Keynesiano Pegue como exemplo os dados da questão resolvida no item passado, onde a renda de equilíbrio calculada era equivalente a 900. Agora, aumente os gastos do governo de 200 para 250, ou seja, aumento de 50 �Ʃ* �����&DOFXOHPRV�HQWmR�TXDO�VHULD�D�QRYD�UHQGD�GH�HTXLOtEULR�Y = C + I + G + ƩG + X ± M Y = (100 + 0,7Y) + 200 +50 + 50 + 200 ± (100 + 0,2Y) Y ± 0,7Y + 0,2Y = 500 Y = 1000 (nova renda de equilíbrio) Observe que, apesar de aumentarmos em 50 os gastos do governo, a renda de equilíbrio aumentou em 100 (foi de 900 para 1000), ou seja, duas vezes maior. Esse aumento a maior na renda de equilíbrio foi provocado pelo multiplicador keynesiano. Ele pode ser definido algebricamente desta maneira: Ʃ<� �N�Ʃ*���� 100 = k.50 K = 2 Assim, vemos que, neste caso, o multiplicador K equivale a 2, indicando que qualquer aumento que façamos nos gastos do governo terá um impacto duas vezes maior na renda de equilíbrio. Experimente você mesmo aumentar os gastos do governo, só que desta vez de 200 para 400. Depois, calcule a nova renda de equilíbrio e veja que o aumento na UHQGD��Ʃ<��VHUi�R�GREUR�GR�DXPHQWR�GRV�JDVWRV��Ʃ*���FRPSURYDQGR�TXH� o multiplicador desta economia é realmente 2. 83395105172 Economia e Finanças Públicas para ICMS/PE Teoria e exercícios comentados Profs Heber Carvalho e Jetro Coutinho ʹ Aula 04 Profs Heber e Jetro www.estrategiaconcursos.com.br 21 de 78 Para entendermos como ocorre esse efeito multiplicador, pensemos que um aumento qualquer de gastos do governo foi direcionado a alguma obra pública. Nesta situação, por exemplo, o governo pagará uma HPSUHVD�SULYDGD�SDUD� ID]HU�R�VHUYLoR��SDJDUi�R�YDORU�GH�Ʃ*���HVWD��SRU� sua vez, pagará salários aos seus empregados ou, quem sabe, contratará mais trabalhadores; estes gastarão seus salários comprando outros produtos de outras empresas; estas empresas que não tinham nada a ver com a obra também serão beneficiadas e auferirão mais renda, que será gasta na compra da produção de outras empresas, e assim por diante. Note que naturalmente há uma multiplicação do valor gasto inicialmente, daí o termo multiplicador keynesiano. Durante a Depressão da década de 1930, foi este incremento nos gastos públicos e seu efeito multiplicador que tiveram a capacidade de aumentar a renda e, aos poucos, ir aumentando o nível de emprego e recuperando a economia dos países. Ao mesmo tempo em que o aumento de gastos do governo tem esse efeito multiplicador da renda, a redução de gastos também tem o mesmo efeito, só que no sentido inverso. Assim, se houver redução de gastos, a redução na renda de equilíbrio será em escala maior. No nosso exemplo numérico acima, se reduzirmos os gastos do governo em 50 �Ʃ* -50), a redução na rHQGD�GH�HTXLOtEULR�VHUi�QR�YDORU�GH������Ʃ< - 100). Ou seja, a redução também passa pelo multiplicador. Você pode estar se perguntando se apenas o aumento de gasto público (aumento de G) tem esse efeito multiplicador. A resposta é não. Na verdade, um aumento em qualquer dos elementos autônomos da função Y sofrerá esse efeito multiplicador. Ainda no nosso exemplo numérico, se você aumentar C0, I0, G0, X0 ou M0, qualquer destes aumentos sofrerá o efeito multiplicador (se aumentarmos M0, o efeito será negativo, isto é, haverá uma multiplicação no sentido de reduzir a renda, já que M0 está com o sinal negativo na expressão da renda nacional). Assim, tenha em mente que o multiplicador keynesiano vale para qualquer componente dos gastos autônomos da equação da despesa agregada (DA)14. 3.3.1. Fórmula do multiplicador (K) Suponha a equação do equilíbrio Y=C+I+G+X-M, onde 14 Pelo menos agora, considere tal afirmação correta, mas nós veremos mais a frente que isto não se aplica sem restrição a todos os gastos autônomos. 83395105172 Economia e Finanças Públicas para ICMS/PE Teoria e exercícios comentados Profs Heber Carvalho e Jetro Coutinho ʹ Aula 04 Profs Heber e Jetro www.estrategiaconcursos.com.br 22 de 78 C=C0+c(YD)=C0+c(Y-T) I=I0+iY G=G0 X=X0 M=M0+mY Para derivarmos a fórmula do multiplicador, inicialmente, consideraremos as funções investimento e importações como sendo totalmente autônomas, de forma que I=I0 e M=M0. Além disso, suporemos T=0, de forma que Y=YD. Veja: Y = C0+cY + I0 + G0 + X0 ± M0 Y ± cY = C0 + I0 + G0 + X0 ± M0 Y(1 ± c) = C0 + I0 + G0 + X0 ± M0 ܻ ൌ � െ ࢉ Ǥ ሺܥ ܫ ܩ ܺ െ ܯሻ Veja que o termo 1/(1-c) está multiplicando todos os componentes autônomos da equação da demanda agregada (todos os gastos agregados autônomos). Este termo é o nosso multiplicador keynesiano: ࡷ ൌ � െ ࢉ Como nós sabemos que c (propensão marginal a consumir) é um valor entre 0 e 1, percebe-se então que o multiplicador keynesiano nunca15 será menor que 1 e não tem limite superior de valor. Pela simples análise matemática da fórmula, nós verificamos que, quanto maior a propensão marginal a consumir (maior o c), maior será o multiplicador keynesiano. Isto é bastante intuitivo: quanto mais as pessoas forem propensas a gastar a renda adicional que obtiverem, mais facilmente a renda será circulada e multiplicada. Quanto menos as pessoas forem propensas a gastar, isto é, quanto maior a propensão marginal a poupar (1 ± c), menos a renda adicional será circulada e multiplicada entre os agentes econômicos. Esta fórmula do multiplicador vista acima é o caso mais simples, em que consideramos as funções I e M totalmente autônomas e consideramos a ausência de tributação. No entanto, se considerarmos WRGDV� DV� IXQo}HV� FRPSOHWDV�� R� PXOWLSOLFDGRU� WHUi� XPD� ³FDUD´� PDLV� encorpada. Vejamos: 15 Se a propensão marginal a consumir for igual a 0 (c=0), o multiplicador keynesiano será igual a 1. Se a propensão for igual a 1, o multiplicador será infinito (1/1-1 = ? ? ?�с�ь ? ? 83395105172 Economia e Finanças Públicas para ICMS/PE Teoria e exercícios comentados Profs Heber Carvalho e Jetro Coutinho ʹ Aula 04 Profs Heber e Jetro www.estrategiaconcursos.com.br 23 de 78 C=C0+c(YD)=C0+c(Y-T) T=T0+tY I=I0+iY G=G0 X=X0 M=M0+mY Então, Y = C0+c(Y ± T0 + tY) + I0 +iY + G0 + X0 ± M0 ± mY Passando todos os termos com Y para o lado esquerdo: Y ± cY + ctY ± iY + mY= C0 ± cT0 + I0 + G0 + X0 ± M0 Y(1 ± c + ct ±i + m) = C0 ± cT0 + I0 + G0 + X0 ± M0 ܻ ൌ � െ ࢉ െ ࢉ࢚ Ǥ ሺܥ ܫ ܩ ܺ െ ܯ െ ܿܶሻ O termo em negrito corresponde ao multiplicador keynesiano completo: ൌ � െ ࢉ െ ࢉ࢚ Obviamente, se I, M e T forem funções puramente autônomas, então i=t=m=0, aí o nosso k será igual à sua forma mais simples k=1/(1-c). Se apenas I for puramente autônomo, então, i=0, de forma que k=1/(1-c+ct+m). Se apenas T for puramente autônomo, então, t=0, de forma que k=1/(1-c-i+m). Veja que o interessante é você memorizar a expressão completa e, conforme os dados que a questão lhe passar, ajustar a fórmula do multiplicador, à medida que você constate que i, t e/ou m sejam ou não iguais a zero. Façamos o exercício abaixo: (AFPS/MPAS ± Adaptada) - Considere as seguintes informações: C = 100 + 0,7Y; I = 200; G = 50; X = 200; M = 100 + 0,2Y, onde C = consumo agregado; X = exportações; M = importações. Com base nessas informações, o valor do multiplicador é: Resolução: Pelas funções apresentadas na questão, vemos que I é totalmente autônomo (então, a propensão marginal a investir i=0). Ao mesmo 83395105172 Economia e Finanças Públicas para ICMS/PE Teoria e exercícios comentados Profs Heber Carvalho e Jetro Coutinho ʹ Aula 04 Profs Heber e Jetro www.estrategiaconcursos.com.br 24 de 78 tempo, não temos função tributação. Neste caso, Y=YD, T=0e propensão marginal a tributar t=0. Ao mesmo tempo, pelas funções apresentadas, também sabemos que a propensão marginal a consumir c=0,7 e propensão marginal a importar m=0,2. A fórmula do multiplicador será: ݇ ൌ � ? ? െ ܿ ݉ ݇ ൌ � ? ? െ ?ǡ ? ?ǡ ? ൌ � Utilizando a fórmula do multiplicador, então, chegamos a conclusão de que o multiplicador vale 2. Sabendo o valor do multiplicador, já sabemos que um aumento de qualquer variável autônoma da demanda agregada (C0, I0, G0 ou X0) proporcionará um aumento duas vezes maior no nível de renda de equilíbrio. Isso pode ser verificado na expressão abaixo: ܻ ൌ � െ ࢉ െ ࢉ࢚ Ǥ ሺܥ ܫ ܩ ܺ െ ܯ െ ܿܶሻ Veja que qualquer aumento em C0, I0, G0 ou X0 será multiplicado por 1/(1-c-i+ct+m), que é justamente o nosso multiplicador keynesiano k. É importante destacarmos as duas exceções: os agregados autônomos M0 e T0. Assim, nós podemos dizer que o multiplicador k se aplica a qualquer aumento (ou redução) dos gastos autônomos (C0, I0, G0 ou X0) com exceção da importação autônoma M0 (que está multiplicada por -1) e da tributação autônoma T0 (que está multiplicada por ±c). Desta feita, nós temos um multiplicador diferente para as importações e para a tributação. Ambos serão negativos; o multiplicador das importações KM será o multiplicador k vezes -1 (KM=-K); e o multiplicador da tributação KT será o multiplicador K vezes ±c (KT=-cK). Observe as formulações: ࡹ࢛࢚ࢉࢇࢊ࢘�ࢊࢇ࢙�࢚࢘ࢇÙࢋ࢙ ൌ �ࡷ ൌ � െ െ ࢉ െ ࢉ࢚ ࡹ࢛࢚ࢉࢇࢊ࢘�ࢊࢇ�࢚࢘࢈࢛࢚ࢇ ൌ �ࡷ࢚ ൌ � െࢉ െ ࢉ െ ࢉ࢚ 83395105172 Economia e Finanças Públicas para ICMS/PE Teoria e exercícios comentados Profs Heber Carvalho e Jetro Coutinho ʹ Aula 04 Profs Heber e Jetro www.estrategiaconcursos.com.br 25 de 78 Por serem negativos16, obviamente, ao aumentarmos a tributação ou a importação autônoma haverá redução da renda de equilíbrio e tal redução sofrerá o impacto dos seus respectivos multiplicadores. De forma inversa, se reduzirmos a tributação ou a importação autônoma haverá aumento da renda de equilíbrio e tal aumento será multiplicado por seu respectivo multiplicador. Assim, suponha as seguintes situações: Uma determinada economia possui multiplicador de gastos igual a 4 (K=4). Qual é o efeito na renda nacional a partir de um aumento de 100 nas importações. O multiplicador das importações é igual ao multiplicador de gastos com sinal negativo (KM=-K). Isto significa que o aumento de 100 de importações será multiplicado por -4, fazendo a renda nacional diminuir HP������Ʃ< -400). Agora, suponha uma economia com o mesmo multiplicador de gastos (K=4). Se a propensão marginal a consumir é igual a 0,75, qual é o efeito na renda nacional a partir de um aumento de 100 na tributação. Nós sabemos que o multiplicador da tributação é igual ao multiplicador de gastos com sinal negativo e multiplicado pela propensão marginal a consumir (KT=-cK). Isto significa, para este exemplo, que o aumento de 100 na tributação será multiplicado por -4 e por 0,75 (-4x0,75=-3), fazendo a UHQGD�QDFLRQDO�GLPLQXLU�HP������Ʃ< -300). Desta forma, se houver aumento dos agregados autônomos C0, I0, G0 e X0, você deve utilizar o multiplicador de gastos (K). Havendo aumento de M0, utiliza-se o multiplicador das importações (KM=-K). Se aumentar T0, utiliza-se o multiplicador da tributação (KT=-cK). Podemos resumir os multiplicadores no seguinte quadro: Multiplicador Fórmula Aplica-se Keynesiano completo ݇ ൌ � ? ? െ ܿ െ ݅ ܿݐ �݉ A todos os gastos autônomos agregados (C0, I0, G0 ou X0), com exceção de M0 e T0. Keynesiano (mais) simples ݇ ൌ � ? ? െ ܿ Quando as propensões marginais a investir, tributar e importar são iguais a 0 (i=t=m=0). Keynesiano das importações ݇ ൌ � െ ? ? െ ܿ െ ݅ ܿݐ ݉ Somente ao gasto autônomo com importação (ao M0). Keynesiano da tributação ݇ ൌ � െܿ ? െ ܿ െ ݅ ܿݐ ݉ Somente ao gasto autônomo com tributação (ao T0). 16 Nós já vimos que o multiplicador keynesiano K é sempre maior que 1, ou seja, é sempre positivo. Como KM=-K e KT=-cK, então, necessariamente, os multiplicadores da importação e da tributação serão sempre negativos, indicando que o aumento de tributação e/ou das importações faz a renda nacional de equilíbrio diminuir. 83395105172 Economia e Finanças Públicas para ICMS/PE Teoria e exercícios comentados Profs Heber Carvalho e Jetro Coutinho ʹ Aula 04 Profs Heber e Jetro www.estrategiaconcursos.com.br 26 de 78 Nossa sugestão é que você memorize somente o multiplicador completo (K). A partir daí, saiba que o multiplicador das importações (KM) é o mesmo valor do multiplicador completo com sinal negativo (KM=-K); o multiplicador da tributação (KT) será o multiplicador completo multiplicado pela propensão marginal a consumir com sinal contrário (KT=-cK). 3.3.2. Observações teóricas sobre o multiplicador Em provas, a cobrança sobre este assunto nem sempre ocorre por meio de questões de cálculo, mas também por meio de questões teóricas. Analisando inúmeras assertivas de concursos, nós separamos algumas sobre as quais podemos tecer alguns comentários (todas são verdadeiras): i) Se a propensão marginal a consumir for igual à propensão marginal a poupar, o valor do multiplicador será igual a 2. Em primeiro lugar, é muito importante que você tenha em mente que, em questões sobre este assunto, se nada for falado acerca das propensões marginais a tributar, investir e importar, devemos considerá-las iguais a 0. Desta forma, salvo disposição expressa do enunciado da questão, a fórmula do multiplicador será: ݇ ൌ � ? ? െ ܿ A propensão marginal a consumir é c; a propensão marginal a poupar é (1-c). Se ambas são iguais, então c=1±c Æ c=1/2 e (1- c)=1/2. Substituindo o valor de c no multiplicador temos k=2. Veja: ݇ ൌ � ? ? െ ܿൌ ? ? െ ?ǡ ?ൌ ? ?ǡ ?ൌ ? ii) O multiplicador da renda numa economia fechada é maior do que em uma economia aberta. A fórmula completa do multiplicador é: ݇ ൌ � ? ? െ ܿ െ ݅ ܿݐ ݉ Em uma economia fechada, nós temos a certeza de que não haverá m (propensão marginal a importar). Como m reduz o 83395105172 Economia e Finanças Públicas para ICMS/PE Teoria e exercícios comentados Profs Heber Carvalho e Jetro Coutinho ʹ Aula 04 Profs Heber e Jetro www.estrategiaconcursos.com.br 27 de 78 multiplicador17, então, podemos afirmar que, inexistindo m (economia fechada), o multiplicador será maior. iii) Quanto maior for a propensão marginal a consumir (ou menor a propensão marginal a poupar), maior será o valor do multiplicador. A fórmula do multiplicador é: ݇ ൌ � ? ? െ ܿ Quanto maior for o c (propensão marginal a consumir), menor será o valor do denominador e, quanto menor este, maior será o K. Ao mesmo tempo, quanto maior for o c, obrigatoriamente, menor será a propensão marginal a poupar (1 ± c). iv) Em uma economia fechada e sem governo, quanto mais próximo de zero estiver a propensão marginal a poupar, maior será o efeito de um aumento dos investimentos sobre a renda. 4XDQGR� D� DVVHUWLYD� IDOD� ³TXDQWR� PDLV� SUy[LPR� GH� ]HUR� HVWLYHU� D� SURSHQVmR� PDUJLQDO� D� SRXSDU´ ela, na verdade, está falando ³TXDQWR� PDLRU� IRU� D� SURSHQVmR� PDUJLQDO� D� FRQVXPLU´� RX� DLQGD� ³TXDQWR� PDLV� SUy[LPD� GH� XP� HVWLYHU� D� SURSHQVmR� PDUJLQDO� D� FRQVXPLU´�� 1yV� Mi� YLPRV� TXH� TXDQWR� PDLRU� R� F�� PDLRU� R� YDORU� GR� multiplicador k. Ao mesmo tempo, este multiplicador vale para aumentos em todos os agregados autônomos (C0, I0,G0, X0), com exceção da importação e da tributação. Assim, quanto menor ou mais próxima de zero estiver (1±c), maior ou mais próxima de um estará c, maior será o multiplicador K e maior será o efeito de um aumento de consumo, investimento, gastos do governo ou exportações. v) O valor do multiplicador pode ser maior que 10. Nada impede que isso ocorra. Se a propensão marginal a consumir for, por exemplo, igual a 0,95; então, o multiplicador k=1/1-c será igual a 20, portanto, maior que 10. Ademais, não temos uma valor limite para o multiplicador. vi) Numa economia fechada, o multiplicador não pode ser menor que um. 17 m (propensão marginal a importar) está no denominador com sinal positivo. Logo, quanto maior for o valor de m, maior será o valor do denominador e, quanto maior este, menor será o valor de K. 83395105172 Economia e Finanças Públicas para ICMS/PE Teoria e exercícios comentados Profs Heber Carvalho e Jetro Coutinho ʹ Aula 04 Profs Heber e Jetro www.estrategiaconcursos.com.br 28 de 78 O multiplicador, na pior das hipóteses, será igual a 1 (caso em que todos os agentes não gastarão nem uma parte de sua renda adicional, poupando tudo). A única exceção poderia acontecer no caso em que tivéssemos uma economia aberta. Nesta situação, poderia ocorrer de os agentes destinarem toda a renda adicional para o consumo de bens importados, fato que faria com que a renda (Y) da economia diminuísse (o multiplicador seria menor18 que 1). Quando a economia é fechada, não temos nenhuma probabilidade de tal fato ocorrer (k ser menor que 1). Assim, numa economia fechada, o multiplicador não pode ser menor que um; numa economia aberta, o multiplicador pode ser menor que um. vii) O valor do multiplicador não pode ser menor que zero. Nós já vimos que, em uma economia fechada, k será sempre maior que 1 (ou seja, positivo). Em uma economia aberta, mesmo que k seja menor que 1, não há qualquer possibilidade de ele ser negativo (mesmo que m seja um valor muito grande, bem próximo de 1). Assim, independente se a economia é aberta ou fechada, k será sempre positivo. 3.4. Injeções e vazamentos Veremos neste item o que significam os termos injeções e vazamentos. Sabe-se que: Y = C + I + G + X ± M (1) Por definição, tem-se que: Y = YD + T E, YD = C + S (a renda disponível é gasta com consumo e/ou com poupança) Então, Y = C + S + T (2) 18 Se a propensão marginal a importar (m) for muito alta, o denominador do multiplicador keynesiano pode ser maior que 1, conseqüentemente, o multiplicador k seria menor que 1. Quando a economia é fechada, esta situação (K<1) é impossível de acontecer, tendo em vista inexistir a propensão marginal a importar (m). 83395105172 Economia e Finanças Públicas para ICMS/PE Teoria e exercícios comentados Profs Heber Carvalho e Jetro Coutinho ʹ Aula 04 Profs Heber e Jetro www.estrategiaconcursos.com.br 29 de 78 Substituindo-se (2) em (1): C + S + T = C + I + G + X ± M ou S + T + M = I + G + X (S+T+M) representam vazamentos, já que estes recursos deixam de fluir das famílias para a compra da produção de bens e serviços por parte das empresas. Já (I+G+X) representam injeções ao fluxo, pois representam demandas de outros agentes que não são as famílias (demanda das empresas, I, demanda do governo, G e demanda do resto do mundo, X). 3.5. Equilíbrio alternativo Sabemos que S+T+M=I+G+X. Se considerarmos uma economia fechada (não temos X e M) e sem governo (não temos T e G), chegamos a: I=S (investimento é igual à poupança) Portanto, também podemos dizer que o equilíbrio no modelo keynesiano é atingido quando o investimento é igual à poupança. E mais: conforme visto no item 2, entre os conceitos de gastos/despesa planejada ou realizada, o que interessa para Keynes é a variável planejada. Então, podemos afirmar que o equilíbrio keynesiano é atingido quando: Investimento planejado = poupança planejada 3.6. Proposta de Keynes Com a economia em recessão, é muito difícil que haja aumento das exportações (X) ou dos investimentos (I). Desta forma, o único gasto da demanda agregada que seria possível aumentar com relativo grau de controle, com toda certeza, seria os gastos do governo (G). Nesse contexto baseava-se a opinião de Keynes de que o gasto público deveria ser a mola propulsora da economia em situações recessivas. 3.7. Teorema do orçamento equilibrado 83395105172 Economia e Finanças Públicas para ICMS/PE Teoria e exercícios comentados Profs Heber Carvalho e Jetro Coutinho ʹ Aula 04 Profs Heber e Jetro www.estrategiaconcursos.com.br 30 de 78 Antes de falar neste teorema, devemos conceituar o que é orçamento neste modelo keynesiano simplificado. Ora, o orçamento representa a política fiscal (política de arrecadação e gastos) do governo. Como, neste modelo, só temos a tributação e os gastos do governo, o orçamento será (T ± G), onde T representa os ingressos de receitas e G os gastos do governo. Se T=G, então, o orçamento está equilibrado. Se T>G, temos superávit orçamentário. Se G>T, então, temos déficit orçamentário. O teorema do orçamento equilibrado nos diz o seguinte: se o JRYHUQR�DXPHQWD�RV�JDVWRV�S~EOLFRV�HP�Ʃ*��H�D�WULEXWDomR�p�DXPHQWDGD� H[DWDPHQWH� QHVWH� PHVPR� YDORU� �Ʃ7 Ʃ*��� HQWmR�� D� UHQGD� QDFLRQDO� GH� HTXLOtEULR�VHUi�DXPHQWDGD�QHVWH�PHVPR�PRQWDQWH��Ʃ< Ʃ* Ʃ7���2X�seja, VH� RFRUUHU� XPD� YDULDomR� HTXLOLEUDGD� QR� RUoDPHQWR� �Ʃ* Ʃ7��� HQWmR�� R� impacto na renda nacional será exatamente igual ao valor do aumento do gastos do governo. Ou seja, se os gastos do governo e a tributação são aumentados no mesmo montante, então, o multiplicador de gastos é igual a 1. Isto significa que se houver um choque19 de gastos públicos em 100, mas, por outro lado, a tributação também aumenta em 100, de tal forma que o RUoDPHQWR� QmR� VHMD� DSHQDGR� �Ʃ* Ʃ7��� D� UHQGD� QDFLRQDO� GH� HTXLOtEULR� aumentará neste mesmo montante de 100. Ou seja, o multiplicador de gastos é igual a 1. Nota 1: veja que o teorema do orçamento equilibrado não diz que a renda nacional não vai aumentar. Ou seja, se o governo aumenta gastos e tributação no mesmo montante, a renda nacional aumenta sim, mas este aumento será em intensidade bem menor, isto é, o aumento da renda nacional não terá o mesmo efeito multiplicativo que teria caso não houvesse aumento da tributação no mesmo montante do aumento de gastos. Nota 2: estamos supondo que a função tributação é totalmente autônoma (T=T0). Nota 3�� SDUD�TXH�R� WHRUHPD� VHMD� YiOLGR�� EDVWD�TXH�Ʃ* Ʃ7��9HMD�� então, que inicialmente o orçamento não precisa estar equilibrado (para TXH�R� WHRUHPD�YDOKD��QmR�p�QHFHVViULR�TXH�7 *��PDV�VLP�Ʃ* Ʃ7���2X� seja, se o governo estiver em uma situação de déficit ou superávit orçamentário, e decidir aumentar os gastos e, da mesma maneira, a WULEXWDomR� IRU� DXPHQWDGD� QR� PHVPR� PRQWDQWH� �Ʃ* Ʃ7��� LVWR� VLJQLILFD� TXH�D�UHQGD�QDFLRQDO�VHUi�DXPHQWDGD�QR�PHVPR�PRQWDQWH��Ʃ< Ʃ* Ʃ7��� A situação anterior (de déficit ou superávit) vai persistir, já que está ocorrendo um choque20 equilibrado no orçamento. 19 Choque de gastos públicos = aumento de gastos públicos. 20 Choque equilibrado no orçamento = variação equilibrada no orçamento. 83395105172 Economia e Finanças Públicas para ICMS/PE Teoria e exercícios comentados Profs HeberCarvalho e Jetro Coutinho ʹ Aula 04 Profs Heber e Jetro www.estrategiaconcursos.com.br 31 de 78 Demonstração algébrica do teorema: Supondo que só exista propensão marginal a consumir, então, os multiplicadores de gasto e da tributação serão, respectivamente, K=1/(1 ± c) e KT=-c/(1 ± c). A soma dos multiplicadores será: ܭ ܭ் ൌ ൬ ? ? െ ൰ܿ ቀ െܿ ? െ ቁܿ ൌ ? െ ܿ ? െ ܿൌ ? $R� DXPHQWDU� RV� JDVWRV� HP� Ʃ*�� GHYH-se multiplicar este aumento SRU�.��$R�DXPHQWDU�D�WULEXWDomR�HP�Ʃ7��GHYH-se multiplicar tal aumento por KT. Então, o aumento da renda QDFLRQDO�GH�HTXLOtEULR�Ʃ<�VHUi�LJXDO�D� soma de: Ʃ<� �.�Ʃ*���.T�Ʃ7 6DEHPRV�TXH�Ʃ* Ʃ7��HTXLOtEULR�QD�YDULDomR�GR�RUoDPHQWR� Ʃ<� ��.���.T)�Ʃ*����VDEHPRV�TXH�.���.T=1) Ʃ<� �Ʃ*� �Ʃ7 3.8. Intensidade dos instrumentos de política fiscal O teorema do orçamento equilibrado também nos permite chegar a uma importante conclusão. Ela diz respeito à questão da intensidade dos meios de utilização da política fiscal. Nós vimos que um aumento no gasto público (política fiscal expansiva) e um aumento da tributação (política fiscal restritiva), no mesmo montante, provocam, ao final, um impacto positivo sobre a renda. Ou seja, no final da aplicação dos dois instrumentos, a renda aumenta, de tal forma que o aumento do gasto S~EOLFR�³YHQFH´�R�DXPHQWR�GD�WULEXWDomR�HP�PHVPR�Pontante. Isto nos diz que a política fiscal via gastos é mais intensa que a política fiscal via tributação. Isto ocorre basicamente porque o multiplicador dos gastos (K) do governo tem valor absoluto maior que o multiplicador da tributação (KT), tendo em vista que o multiplicador da tributação é igual àquele multiplicado pela propensão marginal a consumir (c), sendo que esta será sempre um valor entre 0 e 1. Ou seja, KT=-cK ou K=-KT/c. Assim, uma alteração (expansão ou redução) dos gastos do governo provoca um impacto maior do que uma política de tributação (expansão ou redução), na proporção inversa da proporção marginal a consumir (já que K=-KT/c). Podemos aplicar o mesmo raciocínio para uma política de transferência de renda, já que esta pode ser entendida simplesmente FRPR�XPD�WULEXWDomR�³DR�FRQWUiULR´��7HQGR�HP�YLVWD�TXH�D�WUDQVIHUrQFLD� de renda é, em essência, um imposto ao contrário, a fórmula hipotética 83395105172 Economia e Finanças Públicas para ICMS/PE Teoria e exercícios comentados Profs Heber Carvalho e Jetro Coutinho ʹ Aula 04 Profs Heber e Jetro www.estrategiaconcursos.com.br 32 de 78 do seu multiplicador (KR) seria: KR=cK. Ou seja, KR possuiria o mesmo valor absoluto do KT, só que com sinal positivo, tendo em vista que uma transferência de renda aumenta a renda da economia. Mas veja que o multiplicador da transferência de renda (KR) também é multiplicador pela propensão marginal a consumir, que é um valor entre 0 e 1. Ou seja, o KR também será menor que o K, de tal modo que um aumento de gastos do governo possuirá impacto maior sobre a renda nacional do que uma transferência de renda no mesmo montante. Assim, se o governo decidir, por exemplo, aumentar os gastos públicos em 100, ou fazer uma distribuição de renda para as famílias no valor de 100, o impacto do aumento dos gastos públicos sobre a renda da economia será maior que o impacto da transferência de renda, na proporção inversa da propensão marginal a consumir21. Quando o governo toma atitudes em sentido contrário (por exemplo, aumenta gastos e aumenta tributos; ou reduz gastos e aumenta transferência de renda), nós dizemos que ele está adotando medidas de política fiscal compensatória. Alguns exemplos destas medidas compensatórias são os impostos progressivos e as políticas assistenciais, como o seguro-desemprego. Em relação a estes instrumentos, também os chamamos de estabilizadores automáticos, pois quando a renda e o emprego da economia diminuem, eles atuam no sentido de aumentar a renda; e quando a renda aumenta, eles atuam no sentido de frear esse aumento. Pegue, por exemplo, o seguro-desemprego22. Em uma situação de desemprego, com muita gente desempregada, ele funciona como um impulso para que a economia volte a ter renda circulando, evitando, assim, que haja mais redução nos níveis de emprego. Já o imposto progressivo23 atua como freio ao crescimento excessivo da renda, uma vez que a renda adicional é taxada mais pesadamente quando ela começa a crescer. Ou seja, assim como o seguro-desemprego, ele funciona como um estabilizador automático. Se a renda das pessoas diminui, elas passam a ser tributadas menos pesadamente, impulsionando novamente a renda da economia. Se a 21 Será na proporção inversa da proporção marginal a consumir pois KR=cK. Portanto, K=KR/c. 22 O seguro-desemprego é uma quantia financeira que o desempregado recém demitido recebe do governo, durante um curto período de tempo, com o objetivo de se manter financeiramente até que arrume outro emprego. 23 Imposto progressivo é o imposto que possui alíquotas mais altas para rendas maiores, e alíquotas menores para rendas menores. Assim, quanto maior a renda, maior é a alíquota paga. 83395105172 Economia e Finanças Públicas para ICMS/PE Teoria e exercícios comentados Profs Heber Carvalho e Jetro Coutinho ʹ Aula 04 Profs Heber e Jetro www.estrategiaconcursos.com.br 33 de 78 renda aumenta, elas passam a ser tributadas mais pesadamente, freando o aumento excessivo de renda24. 3.9. Hiatos ³inflacionário´ e ³deflacionário´ Segundo Keynes, a demanda agregada (C+I+G+X±M) por ser maior, igual ou menor que o nível de produção ou oferta agregada (Y). Em situações de crise, desemprego (baixo nível de emprego), deve-se aumentar a demanda agregada, fazendo, assim, a renda nacional (Y) aumentar por consequência. &KDPDPRV� ³KLDWR� LQIODFLRQiULR´� R� PRQWDQWH� SHOR� TXDO� D� GHPDQGD� agregada excede a oferta agregada, considerando como referência o nível de oferta agregada de pleno emprego (Y em pleno emprego). Quando isto ocorre, os agentes da economia estão demandando ou consumindo mais bens que a economia é capaz de produzir, e isto cria uma pressão inflacionária que se caracteriza por uma elevação sustentada no nível geral de preços da economia. Neste caso, se o governo quiser conter esta pressão inflacionária, ele deve reduzir a demanda agregada. Uma maneira é através da redução do gasto público. 2� ³KLDWR� GHIODFLRQiULR´�� SRU� RXWUR� ODGR�� Rcorre quando a demanda agregada fica abaixo do nível de renda de pleno emprego. Neste caso, os agentes estão consumindo abaixo do que a economia pode produzir no pleno emprego. Esse déficit de gastos ou demanda agregada acaba por reduzir o nível de renda, acarretando queda do emprego e do nível de SUHoRV��SRU�LVVR��R�QRPH�³GHIODFLRQiULR´�� Nota: estas questões envolvendo demanda agregada, renda e nível de preços ficarão mais claras mais à frente em nosso curso, quando veremos isso de modo mais detalhado. 3.10. Paradoxo da parcimônia 'HVGH�TXDQGR�pUDPRV�FULDQoDV��IRPRV�HGXFDGRV�SHORV�QRVVRV�SDLV�D� WHU�XP�SHQVDPHQWR�GH�SRXSDQF ࡤD��$TXHOHV�TXH�JDVWDP�WRGD�D�VXD�UHQGD� QD� MXYHQWXGH�HVWmR� IDGDGRV�j�EDQFDUURWD�GXUDQWH� D� YHOKLFH�� (P� UHODomR� DR� JRYHUQR�� WDPEpP� Mi YLPRV� HP� MRUQDLV� H� UHYLVWDV� DOJR� GR� WLSR� ³R� JRYHUQR�GHYH�UHGX]LU�RV�JDVWRV´��³R�JRYHUQR�GHYH�UHGX]LU�R�GpILFLW´��HWF� 24 Às vezes, é necessário frear o aumento excessivo de renda, pois este pode causar inflação, o que é ruim para a Economia. 83395105172 Economia e Finanças Públicas
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