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1 CONTABILIDADE TRIBUTÁRIA CENTRO UNIVERSITÁRIO FRANCISCANO UNIFRA PROFESSOR: JÉFERSON DE SOUZA FLORES 2 SUMÁRIO 1 CONCEITOS, PRINCÍPIOS E NORMAS BÁSICAS ..................................................................... 7 1.1 O Estado e o Poder de Tributar ......................................................................................... 7 1.1.1 A Atividade Financeira do Estado .................................................................................. 7 1.2 Legislação Tributária ......................................................................................................... 8 1.2.1 Conceito de Legislação Tributária ................................................................................. 8 1.2.2 Vigência da Legislação Tributária: ................................................................................. 8 1.2.3 Aplicação da Legislação Tributária ................................................................................ 9 1.3 Direito Tributário ............................................................................................................... 9 1.3.1 Conceito de Direito Tributário: ..................................................................................... 9 1.4 Sistema Tributário Nacional ............................................................................................ 10 1.4.1 Conceito de Sistema Tributário Nacional .................................................................... 10 1.4.2 Fontes do Direito Tributário ........................................................................................ 10 1.4.3 Hierarquia Legislativa do Sistema Tributário Nacional: .............................................. 11 1.5 Tributos ........................................................................................................................... 12 1.5.1 Conceito: ..................................................................................................................... 12 1.5.2 Classificação dos Tributos ........................................................................................... 12 1.5.3 Tributos Federais, Estaduais e Municipais (Poder de Tributar): ................................. 16 1.5.4 Conjunto de Princípios Constitucionais Tributários: ................................................... 17 1.6 Elementos Fundamentais do Tributo: ............................................................................. 19 1.6.1 Obrigação tributária: ................................................................................................... 19 1.6.2 Elementos básicos da obrigação tributária: ................................................................ 20 1.6.3 Contribuinte ou responsável: ...................................................................................... 21 1.6.4 Base de Cálculo ........................................................................................................... 21 1.6.5 Alíquota ....................................................................................................................... 21 EXERCÍCIOS .................................................................................................................................. 22 2 PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO ............................................................................................ 26 2.1 Impactos da Carga Tributária .......................................................................................... 26 2.2 Conceito de Planejamento Tributário ............................................................................. 29 2.3 Objetivo do Planejamento Tributário: ............................................................................ 29 2.4 Aspectos importantes do Planejamento Tributário: ....................................................... 30 2.5 Limites do Planejamento Tributário: ............................................................................... 30 2.6 Abrangência do Planejamento Tributário: ...................................................................... 31 2.7 Tipos de Planejamento Tributário: .................................................................................. 31 EXERCÍCIOS .................................................................................................................................. 33 3 EQUIPARAÇÃO Á PESSOA JURÍDICA ................................................................................... 34 3.1 Equiparação à pessoa jurídica ......................................................................................... 34 3 3.1.1 Caracterização ............................................................................................................. 35 3.2 Empresário ...................................................................................................................... 35 3.2.1 Exceções à figura de empresário ................................................................................. 37 3.3 Pessoas físicas que exploram atividade econômica de natureza civil ou comercial ....... 38 3.4 Incorporação de prédios ou loteamento de terrenos ..................................................... 42 3.4.1 Caracterização ............................................................................................................. 42 3.4.2 Incorporação e loteamento ......................................................................................... 42 3.4.3 Incorporação ou loteamento sem registro ................................................................. 44 3.4.4 Desmembramento de imóvel rural ............................................................................. 45 3.4.5 Aquisição e alienação .................................................................................................. 45 3.4.6 Condomínios ............................................................................................................... 46 3.5 Início da equiparação ...................................................................................................... 46 3.5.1 Momento de determinação ........................................................................................ 46 3.5.2 Início da aplicação do regime fiscal ............................................................................. 47 3.5.3 Não subsistência da equiparação ................................................................................ 47 3.6 Término da equiparação ................................................................................................. 47 EXERCÍCIOS .................................................................................................................................. 49 4 LUCRO PRESUMIDO ............................................................................................................ 50 4.1 Alternativas de Tributação das Pessoas Jurídicas ........................................................... 50 4.2 Empresas que não podem Optar pelo Lucro Presumido ................................................ 50 4.3 Opção pelo Lucro Presumido .......................................................................................... 52 4.3.1 Quando Será Manifestada........................................................................................... 52 4.3.2 Possibilidade de Mudança ........................................................................................... 52 4.4 Determinação doLucro Presumido ................................................................................. 53 4.4.1 Lucro Presumido com Base na Receita Bruta de Vendas de Mercadorias/Produtos e de Prestação de Serviços ............................................................................................................. 53 4.4.1.1 Percentuais Aplicáveis sobre a Receita Bruta ............................................................. 53 4.4.1.2 Atividades Diversificadas ............................................................................................. 54 4.4.1.3 Prestadoras de serviços de pequeno porte ................................................................ 54 4.4.1.4 Conceito de receita bruta e exclusões ........................................................................ 55 4.4.2 Acréscimo das Demais Receitas ou Resultados e dos Ganhos de Capital ................... 56 4.4.3 Outros Acréscimos Obrigatórios ................................................................................. 57 4.4.3.1 Empresa que no Ano-Calendário Anterior tenha sido Tributada pelo Lucro Real ...... 57 4.4.3.2 Empresa que tiver Saldo de Lucro Inflacionário a Tributar ......................................... 58 4.5 Cálculo do Imposto Trimestral ........................................................................................ 58 4.5.1 Alíquotas...................................................................................................................... 58 4.5.2 Deduções do Imposto Devido ..................................................................................... 59 4.5.3 Vedação da Dedução de Incentivos Fiscais ................................................................. 60 4 4.6 Pagamento do Imposto ................................................................................................... 61 4.6.1 Prazo ............................................................................................................................ 61 4.6.2 Preenchimento do DARF ............................................................................................. 62 4.7 Contribuição Social sobre o Lucro Líquido ...................................................................... 62 4.7.1 Apuração Trimestral .................................................................................................... 62 4.7.2 Base de Cálculo ........................................................................................................... 62 4.7.3 Alíquotas...................................................................................................................... 66 4.7.4 Prazo de Pagamento ................................................................................................... 66 4.8 Distribuição de Lucros ou Dividendos ............................................................................. 67 4.8.1 Isenção do imposto sobre a distribuição do lucro presumido .................................... 67 4.8.2 Lucro Liquido Contábil Superior ao Presumido - Isenção na Distribuição .................. 68 4.8.3 O Alerta Necessário ..................................................................................................... 68 5 LUCRO REAL – Imposto de Renda (IR) ................................................................................ 69 5.1 Legislação Aplicável ......................................................................................................... 69 5.2 Aspectos Gerais ............................................................................................................... 69 5.3 Pessoas jurídicas obrigadas a optar pelo Lucro Real ....................................................... 70 5.4 Recolhimento com base na Contabilidade ...................................................................... 71 5.5 Incentivos Fiscais ............................................................................................................. 75 5.6 Exemplo de Recolhimento com base na Contabilidade .................................................. 76 5.7 Recolhimento por Estimativa com base na Receita Bruta e Adições .............................. 77 5.7.1 Recolhimento .............................................................................................................. 77 5.7.2 Base de Cálculo ........................................................................................................... 77 5.7.3 Cálculo do Imposto ...................................................................................................... 80 5.8 Cálculo do IR Anual (Ajuste Anual) .................................................................................. 81 5.8.1 Possibilidade de Suspensão ou Redução dos Pagamentos ......................................... 82 EXERCÍCIOS .................................................................................................................................. 84 6 PIS E COFINS ........................................................................................................................ 87 6.1 Contribuintes ................................................................................................................... 87 6.2 Responsáveis ................................................................................................................... 87 6.3 Entidades Isentas ............................................................................................................ 87 6.4 Base de Cálculo ............................................................................................................... 88 6.5 Exclusões da Base de Cálculo .......................................................................................... 90 6.6 Não-Incidência e Isenções ............................................................................................... 91 6.7 Regime de Incidência Cumulativo ................................................................................... 92 6.7.1 Introdução ................................................................................................................... 92 6.7.2 Pessoas Jurídicas e Receitas Sujeitas ao Regime Cumulativo ..................................... 94 6.7.3 Alíquotas...................................................................................................................... 97 6.8 Regime de Incidência Não-Cumulativo ........................................................................... 98 5 6.8.1 Introdução e Características........................................................................................ 98 6.8.2 Pessoas Jurídicas Sujeitas ao Regime Não-Cumulativo ............................................... 99 6.8.3 Alíquotas...................................................................................................................... 99 6.8.4 Créditos da Não-Cumulatividade .............................................................................. 100 6.8.4.1 Dos Créditos Básicos da Não-Cumulatividade .......................................................... 103 6.8.4.2 Dos Critérios para Apuração dos Créditos ................................................................ 105 6.8.4.3 Da Determinação dos Créditos sobre Custos e Despesas Comuns às Receitas Cumulativas e Não-Cumulativas ............................................................................................... 106 6.8.5 Dos Créditos Presumidos .......................................................................................... 107 6.8.6 Dos Créditos Referentes às Operações de Exportação ............................................. 108 6.8.7 Dos Créditos Referentes às Operações de Vendas Efetuadas pela PJ com Suspensão,Isenção, Alíquota Zero ou Não-incidência das Contribuições no Mercado Interno ................. 110 6.8.8 Das Vendas a Pessoa Jurídica Preponderantemente Exportadora ........................... 110 6.9 Exemplo de Apuração das Contribuições no Regime Não-Cumulativo ........................ 111 EXERCÍCIOS ................................................................................................................................ 114 7 ICMS .................................................................................................................................. 116 7.1 Exemplo de Contabilização ........................................................................................... 117 7.1.1 Compra ...................................................................................................................... 117 7.1.2 Venda ........................................................................................................................ 117 7.2 Operação de Compra e Venda ...................................................................................... 119 7.3 Tratamento do IPI/ICMS nas Empresas ......................................................................... 120 7.4 Responsabilidade Passiva de Terceiros ......................................................................... 120 7.5 Substituição Tributária Para Trás .................................................................................. 122 7.5.1 Contabilização do ICMS nas aquisições de produtos rurais, sujeitos ao Regime de Substituição Tributária .............................................................................................................. 123 7.5.1.1 Contabilização ........................................................................................................... 123 7.6 Substituição Tributária Para Frente .............................................................................. 124 7.6.1 Exemplo de Contabilização ....................................................................................... 125 7.7 Compra de Bens do Ativo Permanente ......................................................................... 126 7.7.1 Periodicidade de apropriação do crédito do ICMS ................................................... 126 7.7.2 Cálculo do crédito a ser apropriado mensalmente ................................................... 127 7.7.3 Classificação contábil do ICMS .................................................................................. 128 7.7.4 Contabilização da aquisição ...................................................................................... 129 7.7.5 Apropriação mensal do crédito do ICMS .................................................................. 130 8 ISSQN - Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza ................................................. 132 8.1 Exemplo de Contabilização ........................................................................................... 132 9 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL FEDERAL ............................................................... 134 9.1 Contagem dos Prazos .................................................................................................... 135 9.2 Instauração da Fase Litigiosa ......................................................................................... 137 6 9.3 Julgamento de Primeira Instância (Delegacias RFB de Julgamento - DRJ) .................... 137 9.4 Julgamento de Segunda Instância (CARF) ..................................................................... 137 9.5 Processo de Consulta .................................................................................................... 139 10 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL ESTADUAL ........................................................ 142 10.1 Conceito ........................................................................................................................ 142 10.2 Infração ......................................................................................................................... 142 10.2.1 Exclusão da espontaneidade ..................................................................................... 143 10.3 Órgão Competente ........................................................................................................ 143 10.3.1 Contagem de Prazo ................................................................................................... 144 10.3.2 Intervenção do sujeito passivo .................................................................................. 144 10.3.3 Prazo para impugnação e contestação do Auto de Lançamento .............................. 144 10.4 Defesa ............................................................................................................................ 145 10.4.1 Domicílio fiscal do sujeito passivo ............................................................................. 145 10.4.2 Prazo para Interposição de Recurso .......................................................................... 145 10.4.2.1 Julgamento em segunda instância ........................................................................ 146 10.4.2.2 Recurso extraordinário .......................................................................................... 147 10.4.3 Efeitos das decisões .................................................................................................. 147 10.4.4 Nulidade .................................................................................................................... 147 7 1 CONCEITOS, PRINCÍPIOS E NORMAS BÁSICAS 1.1 O Estado e o Poder de Tributar 1.1.1 A Atividade Financeira do Estado No exercício de seu poder, o Estado necessita de meios materiais e pessoais para cumprir seus objetivos institucionais, garantindo a ordem jurídica, a segurança, a defesa, a saúde pública e o bem estar social de todos. Para cumprir essas tarefas, que têm valor econômico e social, o Estado, por sua atividade financeira, precisa obter, gerir e aplicar os recursos indispensáveis ao cumprimento de seus objetivos. A atividade financeira do Estado é, então, o conjunto de atos que o Estado pratica no processo de obtenção, gestão e aplicação dos recursos financeiros de que necessita para atingir seus fins. Tal atividade desenvolve-se em três fases distintas: • Receita (Arrecadação): a receita pública divide-se em duas espécies: • Originárias: são as receitas provenientes da exploração econômica do patrimônio do Estado. São, portanto, as receitas oriundas dos bens e empresas comerciais e industriais que pertencem ao Estado. Ex.: lucros provenientes de investimentos no Banco do Brasil, Banrisul, Correios, etc.; venda de bens (alienação de imóveis); prestação de serviços (tarifas públicas); • Derivadas: são as receitas decorrentes da exploração de fontes externas ao próprio Estado, sendo exigidas de maneira compulsória, exercendo seu poder de soberania. Correspondem aos tributos e às penalidades pecuniárias decorrentes de atos ilícitos. Ex.: taxas, impostos, contribuições de melhoria, etc. • Gestão (Orçamento): o Orçamento demonstra de que forma os recursos arrecadados em forma de receitas ordinárias e derivadas serão aplicados. • Despesas (Aplicação): diz respeito à aplicação dos recursos financeiros arrecadados. 8 *** Ao Direito Tributário interessam as “receitas derivadas”, que correspondem ao conceito de tributo. 1.2 Legislação Tributária 1.2.1 Conceito de Legislação Tributária “Legislação Tributária” pode ser entendida como o conjunto de normas que envolvem assuntos tributários. Segundo o art. 96 do CTN, “a expressão “Legislação Tributária” compreendeas leis, os tratados e as convenções internacionais, os decretos e as normas complementares que versem, no todo ou em parte, sobre tributos e as relações jurídicas a eles pertinentes”. 1.2.2 Vigência da Legislação Tributária: Os artigos 101 a 104 do CTN versam sobre a vigência da Legislação Tributária, definindo que: • A vigência da Legislação Tributária rege-se pelas disposições legais aplicáveis às normas jurídicas em geral. O que significa que, salvo disposição em contrário (expressão “esta lei entra em vigor...”), a lei deve entrar em vigor 45 dias após ser publicada; • A legislação tributária dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios vigora, no país, fora de seus respectivos territórios, nos limites em que lhe reconheçam extraterritoriedade ou convênios de que participem, ou de que disponham as leis expedidas pela União; • Salvo disposição em contrário, entram em vigor: • Atos normativos expedidos pelas autoridades administrativas: na data de sua publicação; • Decisões de órgãos singulares ou coletivos de jurisdição administrativa, a que a lei atribua eficácia normativa: 30 dias após a data de sua publicação; 9 • Os convênios que a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios celebram entre si: na data prevista no próprio convênio. • Impostos sobre o patrimônio ou renda que criem ou majorem tais impostos, que definem novas hipóteses de incidência e que extingam ou reduzam isenções: no 1o dia do exercício subseqüente àquele em que a lei foi publicada. 1.2.3 Aplicação da Legislação Tributária Com relação à aplicação da legislação tributária, o art. 105 do CTN define que ressalvadas as garantias constitucionais sobre majoração ou instituição de tributo, a legislação tributária aplica-se imediatamente aos fatos geradores futuros e aos pendentes (fato cuja ocorrência tenha início, mas não esteja completa). 1.3 Direito Tributário 1.3.1 Conceito de Direito Tributário: Direito Tributário é “o ramo do Direito que se ocupa das relações entre o fisco e as pessoas sujeitas à imposição tributária de qualquer espécie, limitando o poder de tributar e protegendo o cidadão contra os abusos desse poder”. O Direito Tributário disciplina uma relação jurídica entre um sujeito ativo (o fisco) e um sujeito passivo (o contribuinte), envolvendo uma prestação (tributo). O Direito Tributário existe para delimitar o poder de tributar, sua finalidade não é a arrecadação de tributos, porque este sempre aconteceu, e acontece, independente da existência do Direito Tributário. Vagner Flores Nota Vigência da Legislação Tributária: Vagner Flores Realce Vagner Flores Realce 10 1.4 Sistema Tributário Nacional 1.4.1 Conceito de Sistema Tributário Nacional O Sistema Tributário é um conjunto de princípios constitucionais, que regula o poder de tributar, as limitações deste poder e a repartição de suas receitas. O ideal é que o Sistema Tributário seja barato (o contribuinte deve suportar o pagamento, o que não significa necessariamente a menor alíquota); simples (deve ser entendido pelo contribuinte) e estável. 1.4.2 Fontes do Direito Tributário As fontes do Direito Tributário estão classificadas em primárias e secundárias, de acordo com o poder que elas têm em inovar na ordem jurídica: • Fontes Primárias: a lei é a fonte imediata e primária do direito tributário. Nas suas várias formas e diversos graus de hierarquia as fontes primárias dividem-se em: • (a) Lei Constitucional: é a fonte soberana da legislação, sendo que todas as leis devem obedecer aos limites impostos pela Constituição Federal (CF), sob pena de perder a validade. A Lei Constitucional fixa a competência (o poder de tributar), as limitações e a repartição da receita. • (b) Lei Complementar: regula a matéria que a Constituição lhe reserva especificamente. A CF estabelece que a Lei Complementar deve definir as normas gerais do Direito Tributário, as competências da União, Estados, Distrito Federal e Municípios e regular as limitações ao poder de tributar. *** A Lei n. 5.172/66, que passou a denominar-se Código Tributário Nacional (CTN) por força do art. 7o do Ato Complementar n. 36/67 pode, conforme estabelece a CF, ser reconhecida como lei complementar até que a nova lei complementar seja editada. Vagner Flores Realce 11 • (c) Lei Ordinária: a Lei Ordinária difere-se da Lei Complementar porque pode ser editada pela União, pelos Estados e pelos Municípios, no campo de suas competências, delimitado pela Constituição (não há uma definição expressa dos casos que serão por elas regulados, como é o caso da Lei Complementar). A Lei Ordinária, diferentemente da Lei Complementar, que não cria tributos (exceto empréstimos compulsórios 1 e de competência residual da União), pode instituir, revogar ou extinguir tributos. Outra diferença entre a Lei Complementar e a Lei Ordinária está no fato de que a Lei Complementar exige maioria absoluta de votos nas duas Casas do Congresso Nacional. • Fontes Secundárias: são as demais fontes possíveis que não compõem as fontes primárias, tais como: Instruções Normativas; Pareceres Normativos; Jurisprudência; Portarias do Ministério; decisões de órgãos administrativos da Receita Federal. 1.4.3 Hierarquia Legislativa do Sistema Tributário Nacional: CONSTITUIÇÂO Estabelece o poder de tributar (fixa a competência), as limitações e a repartição da receita. CÓDIGO TRIBUTÁRIO NACIONAL – CTN (Lei 5.162/66) Estabelece as normas gerais do direito tributário: (a) Fato Gerador; (b) Contribuinte; (c) Base de Cálculo LEIS Normas que regulam os impostos, que só podem ser exigidos após a existência da lei. DECRETOS E OUTRAS NORMAS REGULADORAS Decretos: finalidade de possibilitar a aplicação da norma por agentes administrativos; Normas Complementares: Explicitam leis, decretos, tratados e convenções internacionais. 1 consiste na tomada compulsória de certa quantidade em dinheiro do contribuinte a título de "empréstimo", para que este o resgate em certo prazo, conforme as determinações estabelecidas por lei. Vagner Flores Realce Vagner Flores Realce 12 1.5 Tributos 1.5.1 Conceito: De acordo com art. 3o do CTN, tributo é “toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada”. • Prestação pecuniária: são as prestações que asseguram ao Estado os meios financeiros de que necessita para a consecução de seus objetivos; • Compulsória: há a ausência do elemento “vontade”, ou seja, o dever de pagar o tributo nasce independentemente da vontade do contribuinte; • Em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir: não existe a figura do tributo in natura ou in labore, uma vez que a prestação é pecuniária. Ex.: a um exportador de trigo não é permitido pagar seus impostos com uma quantidade X de trigo. • Que não constitua sanção de ato ilícito: a incidência do tributo é um ato lícito (difere-se de “penalidade”). As penalidades pecuniárias ou multas não se incluem no conceito de tributo; assim, o pagamento de tributo não decorre de infração de determinada norma ou descumprimento da lei; • Instituída por lei: só a lei pode instituir o tributo, o que significa que nenhum tributo será exigido sem que a lei o estabeleça, conforme assegura o art. 150, inciso I, da CF; • Cobrado mediante atividade administrativa plenamente vinculada: a cobrança é administrativa e privativa,não pode ser realizada por outra pessoa e deve ser vinculada (a administração pública deve agir conforme a lei e não segundo seus critérios de conveniência e oportunidade). 1.5.2 Classificação dos Tributos No que se refere às espécies de tributos, o Sistema Tributário Nacional está estruturado de forma a permitir ao Estado a cobrança de: Vagner Flores Realce Vagner Flores Realce Vagner Flores Realce Vagner Flores Realce Vagner Flores Realce Vagner Flores Realce Vagner Flores Realce Vagner Flores Realce Vagner Flores Realce Vagner Flores Realce Vagner Flores Realce Vagner Flores Realce Vagner Flores Realce Vagner Flores Realce Vagner Flores Realce 13 • Impostos; • Taxas; • Contribuições de melhoria; • Contribuições especiais. Já no que diz respeito a sua vinculação com a atividade estatal, os tributos podem ser classificados em: • Vinculados, quando o Estado oferece uma contraprestação de imediato ao contribuinte; e • Não vinculados, quando a arrecadação do tributo não depende de qualquer contrapartida do Estado em favor do contribuinte. Além disso, os tributos podem ser criados e utilizados com funções não arrecadatórias, sobretudo de intervenção na economia, sendo classificados, quanto as suas finalidades em: • Tributos fiscais: possuem função meramente arrecadatória, visando ao financiamento das atividades do Estado para garantir o aporte de recursos necessários ao exercício de suas atividades. Ex.: Imposto de Renda; • Tributos parafiscais: possuem função meramente arrecadatória; contudo, a receita arrecadada destina-se ao cumprimento de funções paralelas às funções típicas do Estado. Ex.: contribuições previdenciárias; • Tributos extrafiscais: não são instituídos com função arrecadatória, mas para que o Estado cumpra a função de controle da economia. Ex.: Imposto sobre Importação; Imposto sobre Exportação; Imposto sobre Produtos Industrializados; etc. Taxas (CTN, art. 77): são vinculadas à atividade do Estado. É o tributo que tem como fato gerador o exercício de poder de polícia ou a utilização efetiva ou potencial de serviço público específico e divisível, prestado ao contribuinte ou posto à sua disposição. Ex.: Taxa de Coleta de Lixo; Taxa de Vagner Flores Realce Vagner Flores Realce Vagner Flores Realce Vagner Flores Realce Vagner Flores Realce Vagner Flores Realce Vagner Flores Realce Vagner Flores Realce Vagner Flores Realce Vagner Flores Realce Vagner Flores Realce Vagner Flores Realce Vagner Flores Realce Vagner Flores Realce Vagner Flores Realce Vagner Flores Realce Vagner Flores Realce Vagner Flores Realce Vagner Flores Nota As taxas em caso de inadimplencia não pode ser suspenso,enquanto as tarifas pode o serviço ser suspenso 14 Emissão de Documentos; Taxa de Conservação e Limpeza Pública; Taxa de Fiscalização de Estabelecimentos; etc. Contribuição de Melhoria (CTN, art. 81): tributo instituído para fazer face ao custo de obras públicas de que decorra valorização imobiliária, tendo como limite total a despesa incorrida e como limite individual o acréscimo do valor que a obra resultar para cada imóvel beneficiado. Pode-se afirmar que a Contribuição de Melhoria difere-se da Taxa porque esta está relacionada ao “serviço público” enquanto a Contribuição de Melhoria diz respeito à “obra pública”. Contribuições Especiais: são instituídas pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios, para fazer face aos investimentos em determinado setor (ex.: social), tais como as contribuições: • À seguridade social (CF, art. 195, 201 a 204); • Social do salário-educação (CF, art. 212, § 5o); • Para o Programa de Integração Social –PIS; • Para o Programa de Formação do Patrimônio Público – PASEP (CF, art. 239); • Para o Fundo de Investimento Social – COFINS. Impostos (CTN, art. 16): é o tributo cuja obrigação tem por fato gerador uma situação independente de qualquer atividade estatal específica, relativa ao contribuinte. Possui caráter geral, ou seja, se destina a cobrir as necessidades públicas gerais. Os impostos se distinguem entre si pelos respectivos “fatos geradores” e com base nessa distinção são atribuídos às diversas entidades em que se divide o Poder Político (Municipal, Estadual e Federal): • Sobre o comércio exterior; • Sobre o patrimônio e a renda; • Sobre a produção e a circulação; • Impostos especiais. Vagner Flores Realce Vagner Flores Realce Vagner Flores Realce Vagner Flores Realce Vagner Flores Realce Vagner Flores Realce Vagner Flores Realce Vagner Flores Realce Vagner Flores Realce Vagner Flores Realce Vagner Flores Realce Vagner Flores Realce Vagner Flores Realce Vagner Flores Realce Vagner Flores Realce Vagner Flores Realce Vagner Flores Realce Vagner Flores Realce Vagner Flores Realce Vagner Flores Realce 15 Os impostos também podem ser segregados em diretos e indiretos: • Indiretos: • São os tributos cujo ônus da contribuição os contribuintes podem transferir, total ou parcialmente, para terceiros; • Os impostos indiretos são pagos pelo comprador, a empresa é somente a intermediária do imposto; • Neste caso existe a figura do contribuinte de fato (aquele que efetivamente está pagando o imposto ( consumidor)) e de direito (aquele que a lei determina que é o apurador, arrecadador (intermediário)). • O ônus não é do contribuinte de direito. Ex.: IPI e ICMS, que são cobrados pelo fisco do Produtor-Vendedor (contribuinte de fato) que emite a nota fiscal, e cujo custo é transferido ao comprador de mercadoria (contribuinte de direito). • Diretos: • São tributos cujos contribuintes são os mesmos indivíduos que arcam com o ônus da respectiva contribuição; • O ônus é exclusivamente do contribuinte (o contribuinte de fato é o de direito). Ex.: IR, Imposto sobre Importação (II), Imposto sobre Exportação (IEx), Imposto Territorial Rural (ITR), Imposto Transmissão Inter vivos (ITBI), Imposto Predial Territorial Urbano (IPTU), Imposto Propriedade Veículos Automotivos (IPVA), etc.). Com relação à sua cumulatividade os impostos podem ser segregados em: • Cumulativos: incidem em todas as etapas intermediárias dos processos produtivo e/ou de comercialização de determinado bem, inclusive sobre o próprio imposto anteriormente pago, da origem até o consumidor final, influindo na composição de seu custo e, em conseqüência, na fixação de seu preço de venda. 16 Ex.: ISS : A cumulatividade ocorre quando o serviço é prestado para outra empresa também prestadora de serviço. Assim, se uma empresa de construção civil constrói ou reforma um hospital, ou se uma empresa de decoração decora um hotel, o usuário do serviço arca com o ônus do imposto constante da fatura. Não há permissão para o aproveitamento do imposto e para o abatimento do ISS devido pelo hospital ou pelo hotel. • (b) Não-Cumulativos: compensa-se o que é devido em cada operação com o montante cobrado nas operações anteriores. Não incide sobre o mesmo imposto/tributo pago/recolhido na etapa anterior. Ex: IPI e ICMS. 1.5.3 Tributos Federais, Estaduais e Municipais (Poder de Tributar): • União (CF, art. 153 e 154); • Estado e Distrito Federal (CF, art. 155); • Municípios (CF, art. 156). União Estados e Distrito Federal Municípios Impostos sobre: - Importação de produtos estrangeiros (II): cobrado sobre a entrada de mercadorias estrangeiras no país; ** - Exportação de produtos nacionais ou nacionalizados (IEx); ** - Renda e proventos de qualquer natureza (IR); - Produtos Industrializados(IPI); ** - Operações de crédito, câmbio e seguro ou relativos a títulos ou Impostos sobre: - Transmissão causa mortis (herança) e doação de quaisquer bens e direitos (ITCMD); - Circulação de mercadorias e prestação de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação (ICMS); - Propriedade de veículos automotores (IPVA): cobrado sobre a propriedade de veículos automotores: consiste num tributo patrimonial sobre veículos, Impostos sobre: - Propriedade Predial e Territorial Urbana (IPTU); - Transmissão inter vivos: (Imposto sobre a transmissão de bens imóveis - ITBI); - Serviços de qualquer natureza (ISS). Vagner Flores Realce Vagner Flores Realce Vagner Flores Realce Vagner Flores Realce Vagner Flores Realce 17 valores mobiliários (IOF, IOC); ** - Propriedade Territorial Rural (ITR); - Grandes Fortunas (IGF) *; - Impostos Extraordinários de Guerra (IEG); - Impostos que não sejam cumulativos e que não tenham a mesma base de cálculo dos impostos acima (Imposto Residual). (*) embora definido na CF, o IGF ainda não foi regulamentado por lei complementar. O contribuinte do imposto, a alíquota e a base de cálculo ainda não foram definidas. (**) não é necessária lei para alterar as alíquotas deste imposto, desde que sejam obedecidos os limites da legislação (a alteração pode ser realizada por Decreto). proporcional à data de fabricação do carro e ao seu valor de mercado. 1.5.4 Conjunto de Princípios Constitucionais Tributários: Os princípios constitucionais tributários prevalecem sobre todas as demais normas jurídicas, as quais só têm validade se editadas em rigorosa consonância com eles: 18 Legalidade (CF, art. 150, I): qualquer alteração nos termos tributários deve ser estabelecida em lei para que o pagamento possa ser exigido do contribuinte. É a garantia de que nenhum tributo será instituído ou aumentado a não ser através da lei. Isonomia/Igualdade (CF, art. 150, II): não deve haver tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem em situações equivalentes. Ex.: no caso dos impostos progressivos, quem tem mais capacidade contributiva deve pagar um imposto maior, pois assim será “igualmente” tributado, em termos proporcionais. Irretroatividade (CF, art. 150,III, “a” – exceção art. 106, CTN): a lei nova, que cria ou aumenta tributos, alcança somente os fatos ocorridos posteriormente à sua publicação. Admite-se a retroatividade da lei tributária quando ela beneficia, de alguma forma, o contribuinte. Anterioridade (CF, art. 150, III, “b” – exceção do art. 150, § 1 e 195 § 6): qualquer alteração em termos de impostos só pode ser exigida do contribuinte a partir do 1º dia do próximo ano, com exceção de: • Empréstimos compulsórios para atender despesas extraordinárias decorrentes de calamidade pública, de guerra externa ou de sua eminência; • Impostos sobre importação de produtos estrangeiros e exportação para o exterior de produtos nacionais ou nacionalizados; • Produtos industrializados e • Operações de crédito, câmbio e seguro ou relativas à títulos ou valores mobiliários; • Impostos extraordinário de eminência de caso de guerra; • Contribuições sociais: CSSL, PIS, COFINS, FGTS, INSS. Capacidade Tributária/Contributiva (CF, art. 145, § 1º): os tributos devem ser graduados segundo a capacidade tributária do contribuinte. Proibição de Confisco (CF, art. 150, IV): os tributos não devem ser utilizados para efeito de confisco. Esse princípio determina que o tributo deve ser instituído a um nível racional, ou seja, a sua rigorosa cobrança não deve acarretar assimilação do valor total do objeto tributado. 19 Liberdade de Tráfego (CF, art. 150, V): não é permitido estabelecer tributos pelo trânsito de pessoas entre estados/municípios (salvo cobrança de pedágio pela utilização de vias conservadas pelo poder público). Imunidade (CF, art. 150, VI): não há tributação sobre: • Patrimônio, renda ou serviços entre União, Estados, Distritos Federais e Municípios (ex.: o município não pode cobrar IPTU do Governo do Estado); • Templos de qualquer culto; • Patrimônio, renda ou serviços de partidos políticos, sindicatos e instituições de educação e assistência social sem fins lucrativos; • Livros, jornais, periódicos e o papel destinado à sua impressão; *** Isenção difere-se de Imunidade, uma vez que a Isenção concedida é temporária e deve ser estabelecida por lei. 1.6 Elementos Fundamentais do Tributo: 1.6.1 Obrigação tributária: Uma obrigação tributária é a relação de Direito Público na qual o Estado (sujeito ativo) pode exigir do contribuinte (sujeito passivo) uma prestação (objeto) nos termos e nas condições descritas na lei (fato gerador). A obrigação tributária é principal ou acessória: Principal (CTN, art. 113, § 1o): tem por objeto o pagamento do tributo ou penalidade pecuniária (em dinheiro). É a prestação à qual se obriga o sujeito passivo, é de natureza patrimonial. Acessória (CTN, art. 113, § 2o): é uma obrigação não patrimonial que decorre da legislação tributária. É uma obrigação de fazer, não fazer ou de tolerar. Exemplos: • Emitir nota fiscal, escriturar um livro, inscrever-se no cadastro de contribuintes (de fazer); 20 • Não receber mercadorias desacompanhadas da documentação legalmente exigida (não fazer); • Admitir o exame de livros e documentos pelo fiscal (tolerar). As obrigações acessórias têm como finalidade comprovar a existência e o limite das operações tributadas e a exata observância da legislação aplicável. 1.6.2 Elementos básicos da obrigação tributária: São três os elementos básicos da obrigação tributária: • A lei: é o principal elemento da obrigação, pois cria os tributos e determina as condições de sua cobrança (Princípio da Legalidade); • O objeto: representa as obrigações que o sujeito passivo (contribuinte) deve cumprir, segundo as determinações legais. Basicamente, as obrigações consistem em principais (pagamento do valor em dinheiro referente ao tributo devido ou à multa imposta pelo não atendimento à determinação legal) e acessórias (cumprimento de formalidades complementares); • O fato gerador: • Fato Gerador da Obrigação Principal (CTN, art. 114): fato gerador da obrigação tributária principal é a situação definida em lei como necessária e suficiente à sua ocorrência. • Fato Gerador da Obrigação Acessória (CTN, art. 115): é qualquer situação que, na forma de legislação aplicável, impõe a prática ou a abstenção de ato que não configure obrigação principal. Ex.: o comerciante realiza a vende de mercadorias em seu estabelecimento e faz nascer, ao mesmo tempo, a obrigação de pagamento de ICMS (obrigação principal) e também a obrigação de emitir nota fiscal correspondente (obrigação acessória). 21 1.6.3 Contribuinte ou responsável: As partes da obrigação tributária são, de uma lado, o sujeito ativo, que é o ente público (União, Estado ou Município), criador do tributo, e, de outro lado, o sujeito passivo, que, segundo o CTN, pode ser o contribuinte ou o responsável. O contribuinte é aquele que tem relação pessoal e direta com a situação que constitua o respectivo fato gerador. Já o responsável, é aquele que sem revestir a condição de contribuinte, ou seja, sem praticar o ato que enseja a ocorrência do fato gerador, vê a obrigação de pagar o tributo nascer por força de dispositivo legal. 1.6.4 Base de Cálculo É o valor sobre o qual se aplica o percentual (ou alíquota) com a finalidade de se apurar o montante a ser recolhido. A base de cálculo,conforme a CF, deve ser definida em lei complementar, estado sua alteração sujeita aos princípios da legalidade (mudança somente por outra lei); da anterioridade (a lei deve estar vigente antes de iniciada a ocorrência do fato gerador) e da irretroatividade (a norma não pode atingir fatos passados). 1.6.5 Alíquota É o percentual definido em lei que, aplicado sobre a base de cálculo, determina o montante do tributo a ser recolhido. Assim como a base de cálculo, a alteração da alíquota também está sujeita aos princípios constitucionais da legalidade, da anterioridade e da irretroatividade. 22 EXERCÍCIOS 1) Um dispositivo legal que defina nova hipótese de incidência tributária do Imposto sobre a Renda entra em vigor no seguinte momento: ( a ) no mesmo dia de sua publicação ( b ) trinta dias após a respectiva assinatura ( c ) no primeiro dia útil seguinte ao de sua edição ( d ) quarenta e cinco dias após lhe ser dado publicidade ( e ) no primeiro dia do exercício seguinte ao de sua publicação 2) Assinale a alternativa que corresponda, na mesma ordem, às expressões respectivas: • Prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção ao ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada. • Tem por fato gerador uma situação independente de qualquer atividade estatal específica, relativa ao contribuinte. • Tem por fato gerador a prestação de limpeza pública urbana. ( a ) preço público, tributo, taxa ( b ) imposto, taxa por potencial de prestação de serviço, preço público ( c ) tributo, contribuição de melhoria, imposto municipal ( d ) tributo, imposto, taxa ( e ) contribuição de melhoria, imposto, preço público 3) Assinale a alternativa que completa os espaços em branco no texto a seguir: O Código Tributário Nacional chama de ___________________ quem tenha relação pessoal e direta com a situação que constitua o fato gerador da obrigação tributária principal, e de ___________________ aquele cuja obrigação de pagar o tributo decorre de disposição expressa na lei. Em ambos os casos, recebe o nome de ___________________ da obrigação tributária principal. 23 ( a ) obrigado, contribuinte legal e coobrigado ( b ) sujeito passivo, devedor solidário, sub-rogado ( c ) sujeito passivo, responsável ex lege, devedor ( d ) contribuinte, responsável, sujeito passivo ( e ) sujeito passivo, responsável, contribuinte 4) Sendo: i. imposto de importação ii. imposto sobre a transmissão de causa mortis iii. imposto sobre a transmissão de imóveis intervivos Os impostos acima competem, respectivamente: ( a ) à União, aos Municípios e aos Estados ( b ) aos Municípios, aos Estados e à União ( c ) aos Estados, à União e aos Municípios ( d ) aos Estados, aos Municípios e à União ( e ) à União, aos Estados e aos Municípios 5) Assinale a alternativa que combina, respectivamente, com as quatro afirmações a seguir (1, 2, 3 e 4) com os respectivos princípios tributários constitucionais relacionados (w, x, y e z): 1. É proibido exigir ou aumentar o tributo sem que lei o estabeleça. 2. É vedado instituir tratamento desigual entre os contribuintes que estejam em situação equivalente. 3. É vedado cobrar tributo em relação a fatos geradores ocorridos antes do início da vigência da lei. 4. É vedado cobrar tributo no mesmo exercício em que se tenha publicado a lei que o instituiu ou aumentou. w) anterioridade x) isonomia y) legalidade z) irretroatividade 24 Alternativas: ( a ) w, x, y, z ( b ) x, y, z,w ( c ) y, x, z, w ( d ) y, w, x, z ( e ) w,y, x, z 6) Os tributos classificam-se em: ( a ) impostos, taxas, PIS e COFINS ( b ) impostos, taxas, contribuições de melhoria, contribuições especiais e empréstimos compulsórios ( c ) Imposto de Renda e contribuição social ( d ) Imposto de Renda, contribuição social, PIS e COFINS 7) Qual o tributo decorre da realização de obras públicas? ( a ) contribuição de intervenção de domínio econômico ( b ) contribuição de melhoria ( c ) taxa de serviços públicos ( d ) imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana 8) A competência para instituir e arrecadar o Imposto sobre Propriedade Territorial Rural é: ( a ) dos Estados e do Distrito Federal ( b ) dos Municípios ( c ) da União ( d ) da União e dos Estados 9) Cobrar tributos no mesmo exercício financeiro em que tenha sido publicada a lei que o instituiu ou aumentou fere o princípio da: ( a ) uniformidade tributária ( b ) imunidade tributária ( c ) anterioridade ( d ) tutela jurídica 25 10) A ocorrência do fato gerador de um tributo: ( a ) determina o nascimento da obrigação tributária acessória ( b ) impede o pagamento do crédito tributário ( c ) suspende a exigibilidade da obrigação tributária principal ( d ) causa o surgimento da obrigação tributária principal ( e ) exclui o nascimento do crédito tributário 11) Assinale as alternativas corretas: ( a ) Fato gerador da obrigação principal não é a situação definida em lei como necessária e suficiente a sua ocorrência. ( b ) Nasce uma Obrigação Tributária quando por meio de uma relação jurídica determinada pessoa (credor) pode exigir de outra (devedor) uma prestação (objeto), em razão de prévia determinação legal ou de manifestação de vontade. ( c ) Assim como a base de cálculo, a alteração da alíquota também não está sujeita aos princípios constitucionais da legalidade, da anterioridade e da irretroatividade. ( d ) De acordo com o princípio da legalidade, é vedado instituir tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem em situação equivalente, proibida qualquer distinção em razão da ocupação profissional ou função por eles exigida, independentemente da denominação jurídica dos rendimentos, títulos ou direitos. ( e ) De acordo com o art. 96 do CTN, a expressão legislação tributária compreende as leis, os tratados, as convenções internacionais, os decretos e as normas complementares que versem no todo ou em parte, sobre tributos e relações jurídicas a eles pertinentes. 16) Explique o que uma obrigação principal e acessória. 17) O que é IPI? Trata-se de um imposto cumulativo? Explique. 18) O que é ICMS? Trata-se de um imposto direto ou indireto? Por quê? 26 2 PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO 2.1 Impactos da Carga Tributária A carga tributária no Brasil é extremamente elevada. O Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT) estima que a carga tributária em nosso país, representa, na média dos últimos cinco anos, mais de 32% do produto interno bruto (PIB). Além da elevada carga tributária, o Sistema Tributário brasileiro é um dos mais complexos do mundo. Estima-se a existência de aproximadamente 60 tributos vigentes, com diversas Leis, Regulamentos e Normas, constantemente alteradas. A carga tributária elevada e a complexidade do STN impactam nas organizações da seguinte forma: • Do ponto de vista financeiro, os tributos representam uma drenagem de caixa forçada que, ao incidirem: • Sobre as mercadorias, aumentam os custos; • Sobre as vendas, restringem as margens de rentabilidade dos produtos; e • Sobre os resultados, reduzem o retorno sobre o investimento dos acionistas/proprietários e não estimulam novos investimentos de expansão e geração de empregos; • Os gastos administrativos com o gerenciamento e controle das atividades tributárias são elevados, uma vez que são necessários funcionários administrativos, sistemas de informática, espaço físico, etc., para atender as obrigações acessórias impostas pelas diversas legislações tributárias. A problemática envolvida na questão tributáriano Brasil vai além dos custos causados às empresas, pois a carga tributária também afeta a vida das pessoas físicas, que acabam por suportar toda a carga tributária, pelo pagamento de tributos direta ou indiretamente embutidos nas mercadorias e 27 serviços adquiridos no processo final da cadeia de produção – para consumo final. Para eliminar ou minimizar os impactos da elevada carga tributária as empresas podem adotar dois caminhos distintos: • Via legal – realização do planejamento tributário; • Via ilegal – sonegação fiscal (ex.: venda sem nota fiscal, utilização de “notas frias”, etc.), que envolve: • Possibilidade de denúncia; • Falhas no controle das atividades da empresa (“por dentro”, “por fora”); • Autuação fiscal, multas, juros. Os tipos mais comuns de sonegação e fraude são apresentados a seguir: Sonegação/Fraude Aspectos Envolvidos Venda sem nota fiscal; venda com “meia” nota; venda com “calçamento” de nota; duplicidade de numeração de nota fiscal - possibilidade de interceptação no trânsito das mercadorias; - possíveis problemas de recebimento das vendas realizadas nestas condições. “Compra” de notas fiscais - especialmente as prefeituras efetuam comparações de documentos lançados em uma empresa com o valor efetivo registrado pela emitente do documento; - a Receita Federal levanta, por meio de seus controles, a situação do emitente, pois, caso haja irregularidade (CNPJ cancelado, falta de declaração, etc.), ela glosará a despesa. 28 Passivo fictício ou saldo negativo no caixa: costuma-se “fabricar” contratos de empréstimos para registrar a entrada de numerários em substituição à receita. - presume-se a omissão da receita, cabendo ao contribuinte o ônus da prova contrária. Deixar de recolher tributos descontados de terceiros. - não recolher os tributos descontados de terceiros (ex.: INSS (parte do empregado); IR-Fonte; etc.), além de constituir sonegação, caracteriza apropriação indébita, prevista no Código Penal (art. 168). Saldo de caixa elevado - a existência de caixa elevado, desnecessário em relação à movimentação financeira da empresa ou sem motivo que o possa justificar, constitui distribuição disfarçada de lucro aos sócios. Distribuição disfarçada de lucros através de negócios entre a empresa e sócios e pessoas ligadas (acionistas, dirigentes, participantes de lucros, seus parentes e dependentes) - alienação de bem ou direito ao sócio ou pessoa ligada por valor, notoriamente, inferior ao de mercado; - serviços pagos a sócio ou pessoa ligada, cujos valores excedam aos praticados pelo mercado em situações similares; - pagamento de despesas particulares dos sócios. Doações irregulares - doações efetuadas a entidade não habilitada ou cujo valor do comprovante seja superior ao efetivamente doado. Cabe destacar que as ações descritas acima se constituem crimes sujeitos à multas e demais implicações. As multas por sonegação, em qualquer tipo de tributo, são elevadas, podendo chegar até 225,0%. 29 Dada a relevância dos impactos da carga tributária nas atividades das empresas e as conseqüências da sonegação fiscal, o “Planejamento Tributário”, visando à redução/eliminação dos tributos de forma lícita, deixa de ser uma opção e passa ser uma necessidade. 2.2 Conceito de Planejamento Tributário O Planejamento Tributário é a atividade empresarial que, desenvolvendo- se de forma estritamente preventiva, projeta os atos e fatos administrativos com o objetivo de informar quais são os ônus tributários em cada uma das opções legais disponíveis. A empresa escolhe, entre duas ou mais opções, de ação ou omissão lícita, aquela que impede ou retarda o fato gerador de forma não simulada, anterior à ocorrência fato gerador, que vise direta ou indiretamente a economia de tributos. 2.3 Objetivo do Planejamento Tributário: O objetivo do Planejamento é, em última análise, a economia tributária. Comparando as ações legais à sua disposição, o gestor deve optar por aquela que seja menos onerosa do ponto de vista fiscal, obtendo ganho tributário ou ganho financeiro. Ganho Tributário: • Evita-se a incidência do tributo: adotam-se procedimentos com a finalidade de evitar a ocorrência do fato gerador; Ex.: a empresa, tendo a oportunidade de vender seus estoques de produtos industrializados no mercado interno e para o mercado externo, por preços aparentemente equivalentes, opta por exportar. Com isso, impede a ocorrência do fato gerador de IPI e ICMS, visto que estes impostos não incidem sobre produtos exportados, mas incidem sobre vendas para o mercado interno. • Reduz-se o montante do tributo devido: as medidas procuram reduzir a base de cálculo ou alíquota do tributo. 30 Ex.: o contribuinte tem a opção de apurar o Imposto de Renda (IRPJ) pelo Lucro Presumido, pelo Lucro Real ou enquadrar-se no SIMPLES, analisa detalhadamente a situação e depois decide pela sistemática que representa menor desembolso. Ganho Financeiro: • Retardar o pagamento do tributo: medidas que visam postergar (adiar) o pagamento do tributo, sem juros. Ex.: o fornecedor recebe um pedido no final do mês e ao invés de emitir a nota fiscal imediatamente deixa para emiti-la no mês seguinte, postergando o recolhimento dos impostos sobre vendas. 2.4 Aspectos importantes do Planejamento Tributário: Caráter preventivo: é preciso prever e agir no tempo correto. Como o Planejamento Tributário visa evitar ou retardar a ocorrência do fato gerador (depois deste, o imposto é devido e o não pagamento se caracteriza como sonegação), o contribuinte deve estar atento ao período anterior à ocorrência do fato gerador. Legalidade: é preciso utilizar os meios permitidos pela lei, pois a economia do imposto só é legítima se estiver enquadrada na legislação. O procedimento adotado pelo contribuinte, além de ser preventivo, deve ser lícito, pois, do contrário, mesmo agindo preventivamente, o contribuinte pode cometer (a) fraude (falsidade ideológica ou material); (b) ato simulado ou (c) abuso de forma jurídica (Ex.: nota fiscal subfaturada). 2.5 Limites do Planejamento Tributário: Elisão Fiscal: ação preventiva tendendo a, por meios lícitos, eliminar, reduzir ou retardar a ocorrência do fato gerador. Evasão Fiscal: ação consciente, voluntária e intencional, tendendo a, por meios ilícitos, eliminar ou reduzir o pagamento dos impostos devidos, realizado após a ocorrência do fato gerador. 31 Ex.: omissão de registros em livros fiscais próprios; utilização de documentos inidôneos na escrituração contábil, falta de recolhimento dos tributos apurados. 2.6 Abrangência do Planejamento Tributário: Empresa: a empresa pode tomar medidas gerenciais que possibilitem a não ocorrência do fato gerador do tributo, que diminuam o montante devido ou que adiem o seu vencimento. Por exemplo, para possibilitar o adiamento do tributo na prestação de serviços, o contrato deve estabelecer o momento da realização da receita. Administrativo: é o processo de implementação de alternativas lícitas (elisão fiscal) para a economia total ou parcial dos tributos, sem a adoção de processos judiciais prévios, ou seja, mediante consultas ao fisco, opções de classificação contábil e aproveitamento das vantagens e benefícios da própria legislação fiscal, nem sempre usufruídos pela empresa. Por exemplo, para possibilitar o enquadramento de um produto em uma alíquota de menor IPI, a empresa deve adequá-lo tecnicamente e requerer a nova classificação na Receita Fiscal. Judicial: é o processo de obtenção de economias tributárias por meio de processos judiciais, através de mandadosde segurança, ações cautelares, ações declaratórias de inconstitucionalidade, ações anulatórias, etc. Por exemplo, o contribuinte pode procurar identificar as possíveis contradições entre as normas tributárias. 2.7 Tipos de Planejamento Tributário: Do ponto de vista empresarial, ou seja, analisando seus efeitos na estrutura gerencial e contábil/financeira, o planejamento tributário pode ser: • Operacional: refere-se aos procedimentos formais prescritos pela norma ou pelo costume, ou seja, na forma específica de contabilizar 32 determinadas operações e transações, sem alterar suas características básicas; • Estratégico: implica mudanças em algumas características estratégicas da empresa, tais como: estrutura de capital, localização, tipos de empréstimos, contratação de mão-de-obra, etc. Na visão jurídica, em que se consideram apenas os efeitos fiscais no tempo, existem três tipos de planejamento tributário: • Preventivo: desenvolve-se continuamente por intermédio de orientações, manuais de procedimentos e reuniões e abrange, sobretudo, as atividades de cumprimento da legislação tributária nas obrigações principais e acessórias; • Corretivo: detectada determinada anormalidade, procede-se ao estudo, e alternativas de correção da anomalia são indicadas; normalmente, não deve existir o tipo corretivo em uma empresa que adote o tipo preventivo; e • Especial: surge em função de determinado fato como, por exemplo, abertura de filiais, lançamento de novos produtos, aquisição ou alienação da empresa e processos societário de reestruturação. 33 EXERCÍCIOS 1) Quais os impactos e/ou reflexos da carga tributária nas organizações? Exemplifique. 2) O Planejamento Tributário se caracteriza por seu caráter preventivo” e sua legalidade.O que isso significa? 3) O Planejamento Tributário visa em última análise uma economia tributária, que pode ser representada por um ganho tributário ou financeiro. Qual a diferença entre ganho financeiro e ganho tributário? Exemplifique. 4) Qual a diferença entre elisão e evasão fiscal? Exemplifique. 34 3 EQUIPARAÇÃO Á PESSOA JURÍDICA Um tema que sempre dá margem a divergências entre o fisco e os contribuintes é a consideração de uma empresa individual (empresário) como sendo uma pessoa jurídica. O assunto assume relevância em função da chamada "terceirização de serviços", sistemática adotada por muitas empresas, consistente na atribuição de atividades, antes executadas com mão de obra própria ou com autônomos, a outra "pessoa jurídica" constituída para esse fim específico. Sem entrar no mérito de outros objetivos visados pelas empresas que adotam essa sistemática, sejam tomadoras ou prestadoras dos serviços, pretende-se estudar a questão sob a ótica tributária em função do disposto no artigo 150 do Regulamento do Imposto de Renda, aprovado pelo Decreto nº 3.000/99 - RIR/99. 3.1 Equiparação à pessoa jurídica A questão da equiparação à pessoa jurídica, em matéria tributária, é fundamental, pois a tributação das pessoas jurídicas é distinta daquela aplicável às pessoas físicas. A legislação do IRPJ, da CSLL, do PIS/PASEP e da COFINS, ao tratar da tributação da pessoa jurídica, traz algumas equiparações para este fim. É importante ressaltar que essa equiparação é apenas para fins tributários. Essa ficção criada pela legislação tributária não torna a pessoa física uma pessoa jurídica, para efeitos da legislação societária. Conforme prevê o Código Civil, as pessoas jurídicas se dividem em de direito público (interno ou externo) e de direito privado. As pessoas jurídicas de direito privado são aquelas constantes do artigo 40 do Código Civil, a seguir: • As associações; • As sociedades; • As fundações; • As organizações religiosas; e • Os partidos políticos. 35 A sociedade limitada, prevista no artigo 1.052 do Código Civil, por exemplo, é uma pessoa jurídica, pois se insere na mencionada relação (sociedades). O empresário do artigo 966 do Código Civil, no entanto, por não estar na mencionada relação, não é considerado uma pessoa jurídica para efeito da legislação societária. Por isso a importância da equiparação à pessoa jurídica para efeitos da legislação tributária. Fundamentação: Art. 40 do Código Civil. 3.1.1 Caracterização Conforme o Regulamento do Imposto de Renda, as empresas individuais, para efeitos tributários, são equiparadas às pessoas jurídicas. Nesse sentido, são empresas individuais: • As firmas individuais2; • As pessoas físicas que, em nome individual, explorem, habitual e profissionalmente, qualquer atividade econômica de natureza civil ou comercial, com o fim especulativo de lucro, mediante venda a terceiros de bens ou serviços; • As pessoas físicas que promoverem a incorporação de prédios em condomínio ou loteamento de terreno. Veja a seguir, em detalhes, cada uma dessas figuras que são equiparados a pessoa jurídica pela legislação tributária. Fundamentação: 150, "caput" e § 1º, do RIR/99. 3.2 Empresário A legislação tributária não traz o conceito de empresário, cabendo ao Código Civil fazê-lo. Assim, de acordo com o seu artigo 966, temos que 2 O Regulamento do Imposto de Renda, por ser anterior ao Código Civil de 2002, ainda se refere à figura da firma individual, substituída pelo atual empresário do artigo 966 do Código Civil. 36 "considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços". Para compreender este conceito, cabe destacar o conceito as definições de profissionalismo, atividade econômica organizada e produção ou circulação de bens ou serviços. Veja em resumo essas definições: • Profissionalismo: para caracterizar o profissionalismo de uma empresa, são necessários três requisitos: • Habitualidade: O exercício da atividade empresarial precisa ser habitual. Se for exercida de forma isolada, não constitui a figura do empresário. Ou seja, quem realiza tarefas de modo esporádico não é empresário. • Pessoalidade: O empresário deve responder pessoalmente pelas tarefas desenvolvidas pela empresa. Portanto, trata-se de uma pessoa física que responde exclusivamente pela empresa. Por este requisito não é considerado como empresário o empregado, que desenvolve suas tarefas em nome daquele; • Monopólio de informações: o empresário deve conhecer todas as informações referentes aos produtos e serviços prestados por sua empresa. • Atividade: O termo atividade é sinônimo de empresa, que por sua vez, é sinônimo de empreendimento. O termo empresa, geralmente, é empregado de forma incorreta, como sinônimo da pessoa que exerce a atividade (empresário) ou como local onde as atividades são exercidas (estabelecimento). • Econômica: a atividade empresarial é econômica porque visa ao lucro. O lucro, portanto, é o fim objetivado pela empresa. Dessa forma, não será considerada econômica a entidade que tem o lucro apenas como meio para desenvolver suas atividades assistenciais, como o exemplo das escolas mantidas por fundações. 37 • Organizada: é a conjugação racional dos quatro fatores de produção: capital, mão de obra, insumos e tecnologia. É necessária a existência desses fatores para a caracterização da atividade empresária. • Produção de bens ou serviços: produção de bens é a fabricação de produtos ou mercadorias, tarefa esta desenvolvida pelas indústrias. A produção de serviços é a prestação de serviços. Produzem serviços os bancos, os hospitais, as escolas etc. • Circulação de bens e serviços: a circulação de bens é a tarefadesenvolvida pelo comércio (em seu sentido original), que consiste na revenda de produtos e mercadorias anteriormente fabricadas. O comércio, portanto, é uma atividade de intermediação entre o produtor e o consumidor. A circulação de serviços, no mesmo sentido, seria a intermediação entre o prestador de serviço e o consumidor, a exemplo das agências de viagens, que não prestam os serviços de transporte ou hospedagem, mas os intermedeiam. 3.2.1 Exceções à figura de empresário O parágrafo único do artigo 966 do Código Civil prevê que não se considera empresário quem exerce profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística, ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa. Dessa forma, um contador, por exemplo, que exerça pessoalmente suas atividades, apenas com o concurso de auxiliares, não será considerado empresário, salvo se constituir elemento de empresa, ou seja, se preencher os requisitos descritos anteriormente. É importante observar que a passagem da pessoa física para a figura de empresário nem sempre é simples de se evidenciar. Para auxiliar na compreensão, transcreve-se um exemplo: Imagine o médico pediatra recém-formado, atendendo seus primeiros clientes no consultório. Já contrata pelo menos uma secretária, mas se encontra na condição geral dos profissionais intelectuais: não é empresário, 38 mesmo que conte com o auxílio de colaboradores. Nesta fase, os pais buscam seus serviços em razão, basicamente, de sua competência como médico. Imagine, porém, que, passando o tempo, este profissional amplie seu consultório, contratando, além de mais pessoal de apoio (secretária, atendente, copeira etc.), também enfermeiros e outros médicos. Não se chama mais o local de atendimento de consultório, mas de clínica. Nesta fase de transição os clientes ainda procuram aqueles serviços de medicina pediátrica, em razão da confiança que depositam no trabalho daquele médico, titular da clínica. Mas a clientela se amplia e já há, entre os pacientes, quem nunca foi atendido diretamente pelo titular, nem o conhece. Numa fase seguinte, cresce mais ainda aquela unidade de serviços. Não se chama mais clínica, e sim hospital pediátrico. Entre os muitos funcionários, além dos médicos, enfermeiros e atendentes, há contador, advogado, nutricionista, administrador hospitalar, seguranças motoristas e outros. Ninguém mais procura os serviços ali oferecidos em razão do trabalho pessoal do médico que os organiza. Sua individualidade se perdeu na organização empresarial. Neste momento, aquele profissional intelectual tornou-se elemento de empresa." 3.3 Pessoas físicas que exploram atividade econômica de natureza civil ou comercial Entre as hipóteses de equiparação à pessoa jurídica, o Regulamento do Imposto de Renda prevê as pessoas físicas que, em nome individual, explorem, habitual e profissionalmente, qualquer atividade econômica de natureza civil ou comercial, com o fim especulativo de lucro, mediante venda a terceiros de bens ou serviços. Essa equiparação não se aplica, todavia, às pessoas físicas que, individualmente, exerçam as profissões ou explorem as atividades de: • Médico, engenheiro, advogado, dentista, veterinário, professor, economista, contador, jornalista, pintor, escritor, escultor e de outras que lhes possam ser assemelhadas; • Profissões, ocupações e prestação de serviços não comerciais; 39 • Agentes, representantes e outras pessoas sem vínculo empregatício que, tomando parte em atos de comércio, não os pratiquem, todavia, por conta própria; • Serventuários da justiça, como tabeliães, notários, oficiais públicos e outros; • Corretores, leiloeiros e despachantes, seus prepostos e adjuntos; • Exploração individual de contratos de empreitada unicamente de lavor, qualquer que seja a natureza, quer se trate de trabalhos arquitetônicos, topográficos, terraplenagem, construções de alvenaria e outras congêneres, quer de serviços de utilidade pública, tanto de estudos como de construções; • Exploração de obras artísticas, didáticas, científicas, urbanísticas, projetos técnicos de construção, instalações ou equipamentos, salvo quando não explorados diretamente pelo autor ou criador do bem ou da obra. Para a correta interpretação dos dispositivos acima, importa definir o que é venda de serviços e o que é prestação de serviços. O Parecer Normativo CST nº 15/83, embora editado para analisar situação diferente da aqui colocada, nos dá uma pista preciosa para o deslinde da questão. O item 5.3 do referido ato normativo, que foi confirmado como ainda válido nas perguntas e respostas da DIPJ, divulgadas pela Receita Federal, nos seguintes termos: 5.3 Por oportuno convêm ressaltar que não se deve confundir prestação de serviços com venda de serviços. 5.3.1 Na primeira hipótese, há uma efetiva prestação de serviços pessoais, pelos componentes da sociedade ou profissionais por ela empregados, sendo exemplo os consultórios e escritórios de profissionais liberais. 5.3.2 A segunda hipótese - venda de serviços – pressupõe uma unidade econômica e jurídica sob estrutura empresarial, na qual são agrupados e coordenados os fatores materiais e humanos, inclusive de qualificação diferente dos titulares da sociedade necessários à consecução dos objetivos sociais e ao desenvolvimento de atividade profissional e lucrativa, com receita oriunda de rubricas diversas, não só da prestação de serviços, configurando uma empresa comercial, cujos negócios ou atividades passam a ter natureza de atos de comércio. Nesta hipótese há um conjunto de operações características de empresa, pela atividade conjugada e indiscriminada dos seus elementos na realização dos objetivos sociais, as quais se configuram como operações de vendas de produtos, bens, idéias ou serviços, que podem ser de informações, de propaganda ou publicidade, de educação, de saúde, de transportes, de serviços de terceiros, etc. 40 Fica claro portanto, que a venda de serviços ocorre quando há uma organização empresarial cujo funcionamento resulta nos serviços que constituem o seu objeto social. Os clientes procuram os serviços da empresa e não da pessoa física que vai efetivamente prestá-los, ainda que a procura tenha sido motivada pela confiança depositada em um ou mais de seus componentes. Diferente é a situação em que o cliente procura especificamente o profissional pelas suas habilidades pessoais, especialidade, notoriedade e até pela sua fama. Nessa situação estaremos diante de uma prestação pessoal de serviços, ainda que o profissional conte com os serviços de auxiliar contratado. Com essas definições é possível dizer que, como regra real, os prestadores individuais de serviços, ainda que os serviços sejam de profissões não regulamentadas, não podem se equiparar a pessoa jurídica, ou seja, seus rendimentos devem ser tratados como oriundos do trabalho não assalariado, aplicando-se a legislação que rege a tributação das pessoas físicas, ainda que, por qualquer razão, se encontrem cadastrados no CNPJ. Nessa situação se enquadram, entre outros: • Profissionais liberais, como médico, engenheiro, advogado, dentista, veterinário, professor, economista, contador, jornalista, pintor, escritor, escultor e de outras profissões que lhes possam ser assemelhadas; • Aqueles que exerçam profissões, ocupações ou prestação de serviços não comerciais, como cantor, atleta, técnico de desportos, encanador, eletricista, pedreiro, borracheiro, mecânico, chaveiro, guarda noturno, etc. • Os representantes comerciais ou agentes e outras pessoas, sem vínculo empregatício que, tomando parte em atos de comércio, não os pratiquem, todavia, por conta própria. Atenção: Essas
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