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Aula 09 FC SOCIAIS A SOCIOLOGIA CRÍTICA DE KARL MARX

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CCJ0001 – FUNDAMENTOS DAS CIÊNCIAS SOCIAIS
Aula 09
FUNDAMENTOS DAS CIÊNCIAS SOCIAIS
AULA 09:
Tema: A sociologia crítica de Karl Marx (I). Materialismo histórico e dialético. Estrutura, superestrutura e relações de produção.
Objetivos: 
Explicar a concepção marxista de análise da sociedade.
Entender o método dialético e o materialismo histórico.
Identificar conceitos fundamentais na análise marxista tais como estrutura, superestrutura e relações de produção.
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Ao contrário de Durkheim e Weber, Marx não teve como preocupação a elaboração de uma disciplina sociológica, visto que seu pensamento englobava uma série de disciplinas, como a Economia, a História e a Filosofia. Entretanto, suas ideias tiveram enorme impacto nas Ciências Sociais – constituindo-se numa das fontes mais importantes da Sociologia e da Ciência Política. 
Por essa razão Marx é um dos autores mais lidos e discutidos nas Ciências Sociais, proporcionando acalorados debates entre seus adeptos e seus detratores.
A contribuição de Karl Marx à análise sociológica
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A grande preocupação de Marx foi compreender a sociedade capitalista que, como vimos, tinha se tornado o modelo hegemônico de produção da riqueza humana após a Revolução Industrial. 
Ele percebeu que no capitalismo havia uma minoria que comandava a produção e a distribuição dos bens materiais e uma maioria a ela subordinada. Foi a partir dessa constatação que Marx buscou entender esse desequilíbrio por meio de um método que privilegia as relações materiais que os homens, em diferentes períodos da História, estabeleceram entre si. A esse método Marx denominou materialismo histórico. 
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Na concepção marxista o termo “materialismo refere-se à teoria filosófica preocupada em destacar a importância dos seres objetivos (os homens) como elementos constitutivos da realidade do mundo.” Este é o método de análise social marxista, segundo o qual, as relações materiais que os homens estabelecem entre si e o modo como produzem seus meios de vida formam a base de todas as suas relações. (Quintaneiro et al. Um toque de clássicos. Belo Horizonte, Ed. da UFMG, 2009).
Materialismo Histórico
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É o modo de pensarmos as contradições da realidade, de pensarmos as diferenças sociais e, consequentemente, a transformação permanente da realidade – a realidade dialética. 
Na concepção marxista do termo, a dialética diz respeito às contradições entre termos. Em todo processo há uma proposição inicial (tese) que vai gerar um efeito contrário (antítese). Do embate entre ambos surgirá uma nova proposição (síntese). 
Por exemplo, se discute a questão da redução da criminalidade e alguém propõe a redução da maioridade penal, alegando que aos 18 anos os jovens possuem pleno discernimento de suas ações, isso é uma tese. Quando, por outro lado, alguém diverge e argumenta que a questão da criminalidade está mais ligada a uma estrutura social excludente, tem-se uma antítese. Do resultado do debate, surgirá um novo entendimento da questão. Tem-se aí a síntese, que, proposta por alguém, torna-se nova tese que gerará nova antítese e resultará em nova síntese, num movimento contínuo. A aplicação das teses fundamentais do materialismo dialético à realidade social deu origem à concepção materialista da história.
Dialética 
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Segundo esta concepção, o entendimento da realidade da vida só é possível à medida que conheçamos o modo de produção da sociedade – modo de produção é aqui entendido como a maneira pela qual os homens obtêm seus meios de existência material. Como demonstram Marx e Engels em “A Ideologia Alemã”, é através do modo de produção que conhecemos uma sociedade em sua especificidade histórica e social. Não é a consciência que determina a vida material, mas a vida material que determina a consciência. A partir do modo de produção é possível identificar as diferenças históricas e as relações sociais presentes em cada época determinada. 
Modo de Produção
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Na história, podemos distinguir pelo menos cinco grandes Modos de Produção: 
O primitivo, baseado na propriedade comum a todos os indivíduos (caçadores e coletores); 
O patriarcal, em que a produção da riqueza se dá com base na propriedade familiar, sob a autoridade do pai (patriarca);
O escravista, no qual a riqueza é oriunda do direito de propriedade de um indivíduo sobre outro, que é obrigado a produzir recebendo apenas o necessário à sua subsistência;
O feudal, cuja base econômica é a terra (feudo), na qual o servo trabalha e se apropria de parte da produção para si e transfere a outra parte para o senhor feudal. 
O capitalista, fundado na relação dialética entre quem detém o capital (o burguês) e quem sobrevive através da venda de sua força de trabalho em forma de salário (o proletário).
Foi no estudo das características e contradições deste último que Marx empreendeu seu esforço analítico com maior rigor. 
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Para Marx, a estrutura de uma sociedade se forma a partir do conjunto de suas relações de produção e delas se derivam outros tipos de relações sociais; como as religiosas, as culturais, as jurídicas etc. Em suas palavras: "o resultado geral a que cheguei e que, uma vez adquirido, serviu de fio condutor aos meus estudos, pode ser formulado brevemente assim: na produção social de sua existência, os homens entram em relações determinadas, necessárias e independente de suas vontades, relações de produção que correspondem a um grau de desenvolvimento determinado de suas forças produtivas materiais.
Relações estruturais
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O conjunto dessas relações de produção constitui a estrutura econômica da sociedade, a base concreta sobre a qual se ergue uma superestrutura jurídica e política e à qual correspondem formas de consciências sociais determinadas. O modo de produção da vida material condiciona o processo de vida social, política e intelectual, em geral. Não é a consciência dos homens que determina o seu ser, é inversamente seu ser social que determina sua consciência. A um certo estágio de seu desenvolvimento, as forças produtivas materiais da sociedade entram em contradição com as relações de produção existentes, ou, o que não é senão a expressão jurídica, com as relações de propriedade no seio das quais se moviam até então. De formas de desenvolvimento de forças produtivas que eram, essas relações tornara-se obstáculos". (Marx, K. Contribuição à crítica da economia política).
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Para Marx, há uma relação de complementaridade entre a infraestrutura (a base material da sociedade) e a superestruturas (as demais esferas da vida social), determinada pelas contradições do modo de produção capitalista, que faz com que, em última instância, o contexto econômico acabe por influenciar de forma decisiva como operam os outros domínios do social.
Relações entre infraestrutura e superestrutura
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Para ele, "Totalmente ao contrário do que ocorre na filosofia alemã, que baixa do céu à terra, aqui subimos da terra para o céu. Isto é, não se parte do que os homens dizem, se representam ou se imaginam, nem tampouco do homem predicado, pensado e representado ou imaginado, para chegar ao homem de carne e osso; parte-se do homem que realmente age e, partindo do seu processo de vida real, se expõe também o desenvolvimento de seus reflexos ideológicos e dos ecos desse processo de vida. Também as formações nebulosas que condensam o cérebro dos homens são sublimações necessárias de seu processo material de vida, processo empiricamente registrável e sujeito a condições materiais. A moral, a religião, a metafísica e qualquer outra ideologia e as formas de consciência que a elas correspondem perdem, assim, a aparência de suaprópria substantividade. Não têm a sua própria história nem seu próprio desenvolvimento.
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Ao contrário, são os homens que desenvolvem sua produção material e seu intercâmbio material; que mudam também, ao mudar esta realidade, seu pensamento e os produtos de seu pensamento. Não é a consciência que determina a vida, mas a vida que determina a consciência. Do primeiro ponto de vista parte-se da consciência como indivíduo vivo; do segundo, que corresponde à vida real, parte-se do próprio indivíduo vivo e considera-se a consciência apenas como sua consciência". (Marx, K. e Engels, F. La Ideologia Alemana. Montevideo-Barcelona: Pueblos Unidos-Grijalbo, 1970)
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BIBLIOGRAFIA BÁSICA:
MOURA, Solange Ferreira de  (org.). Livro Didático de Ciências Sociais. Rio de Janeiro: Universidade Estácio de Sá, 2013. (Capítulo 5, p. 103-110)
 
Bibliografia Complementar:
ARANHA, Maria Lúcia de Arruda; MARTINS, Maria Helena Pires. Filosofando: introdução à filosofia. 3. ed. São Paulo: Moderna, 2005.
COSTA, Maria Cristina Castilho. Sociologia: introdução à ciência da sociedade. 3ª. ed. ampliada e revista. São Paulo: Moderna, 2011.
QUINTANEIRO, Tânia et al. Um toque de clássicos. Belo Horizonte: Editora da UFMG, 2009.
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QUESTÃO DISCURSIVA: 
A partir do texto abaixo, analise a relação entre infraestrutura e superestrutura na obra de Marx.
“Para citar mais uma vez Nabuco, ele dizia no século XIX que escola e senzala eram polos que se repeliam. Hoje pode-se dizer que e escola e a desigualdade se repelem. São resultados de pesquisa: a escola melhora a percepção dos direitos, aumenta o senso crítico, incentiva a participação política, melhora a qualidade do voto. Não foi por acaso que chegamos ao século XXI com estatísticas ainda vergonhosas de analfabetismo, sobretudo de adultos. Educar o povo é perigoso. Basta educar a elite. Os colonizadores portugueses criaram esta regra, os colonizadores internos a consolidaram. (José Murilo de Carvalho, JB,10/03/2001)
APLICAÇÃO: ARTICULAÇÃO TEÓRICA E PRÁTICA
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QUESTÃO DE MÚTIPLA ESCOLHA:
Segundo Karl Marx, "o modo de produção da vida material condiciona o desenvolvimento da vida social, política e intelectual, em geral". A partir desta afirmação, Marx resume sua teoria da história, também denominada de:
a) Racionalismo cartesiano
b) Socialismo científico
c) Fenomenologia do espírito
d) Individualismo metodológico
e) Materialismo histórico
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