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Redação e Comunicação Aplicada a Eventos Eventos – 2015.2 Thais da Silveira Neves Araujo RCAX – Prof: Thais Araujo IFSP – CJO 2015.2 2 Sumário Lição 1: linguagem e comunicação................................................................................ 4 A linguagem .................................................................................................................. 4 Variação linguística ...................................................................................................... 5 O texto ........................................................................................................................... 7 A comunicação ............................................................................................................. 9 Lição 2: gêneros e tipos textuais .................................................................................. 13 Gêneros textuais .......................................................................................................... 13 Tipos textuais .............................................................................................................. 14 Lição 3: o planejamento do texto e a progressão temática ....................................... 18 Lição 4: a redação ......................................................................................................... 22 O que é a redação? ...................................................................................................... 22 A introdução ............................................................................................................... 25 As estratégias de contextualização: ......................................................................... 26 Tese ......................................................................................................................... 27 O desenvolvimento ..................................................................................................... 27 Conclusão .................................................................................................................... 29 Lição 5: as classes gramaticais .................................................................................... 30 Lição 6: a construção de sentenças ............................................................................. 33 Formas nominais do verbo .......................................................................................... 35 Lição 7: cartaz de divulgação ...................................................................................... 41 Lição 8: coerência e coesão .......................................................................................... 48 Coesão: o uso dos conectivos ..................................................................................... 49 Valores semânticos dos conectivos ......................................................................... 51 Coesão: o uso dos pronomes ....................................................................................... 54 Pronomes pessoais do caso reto .............................................................................. 54 Pronomes demonstrativos ....................................................................................... 56 Pronomes relativos .................................................................................................. 57 Lição 9: convite ............................................................................................................. 61 Lição 10: concordância ................................................................................................ 64 Concordância nominal ................................................................................................ 65 Concordância verbal ................................................................................................... 68 Lição 11: relatório ........................................................................................................ 73 RCAX – Prof: Thais Araujo IFSP – CJO 2015.2 3 Estimados alunos, O presente material foi desenvolvido para a disciplina Redação e Comunicação Aplicada a Eventos, relativa ao curso Técnico em Eventos. O objetivo dessa disciplina é que o aluno aprimore sua capacidade de leitura e escrita e que ele domine os gêneros do discurso próprios da sua área de formação. Além disso, o curso visa ao desenvolvimento de consciência crítica sobre o texto, de modo a contribuir de modo integral para a relação do aluno com a língua materna. Abaixo, seguem alguns dos conteúdos desenvolvidos neste material: A organização do texto escrito e suas características. Organização do texto escrito: características da linguagem no âmbito profissional. Competências necessárias à leitura e à produção de textos. A norma culta da língua portuguesa: pontuação; concordância; classes gramaticais e a produção de sentido; conectivos; pronomes; verbos: flexões; o período. Coerência e coesão. Gêneros do discurso, com foco em redação, relatório, cartaz de divulgação e convite. Registros de linguagem e variação linguística. Pensamento, comunicação, expressão, linguagem, língua, sociedade e cultura. Qualquer dúvida sobre o material poderá ser levantada a qualquer momento diretamente com a professora responsável pela disciplina ou através do e-mail: thaisneves.a@ifsp.edu.br. Bons estudos! RCAX – Prof: Thais Araujo IFSP – CJO 2015.2 4 Lição 1: linguagem e comunicação A linguagem O termo “linguagem” recebe diferentes acepções, dependendo do meio em que é utilizado. No senso comum, entende-se a linguagem como qualquer forma de comunicação, humana ou não. Assim, alguns afirmam que essa capacidade é pertencente, não apenas a homens, mas também a diversas espécies animais, como aos golfinhos, às abelhas e aos macacos. Na Linguística, ciência responsável pelo estudo da linguagem, entende-se linguagem como a capacidade humana de produzir e compreender signos, como os que formam as diferentes línguas. Dessa maneira, embora se compreenda que a linguagem seja um fenômeno bastante complexo, que abranja não apenas a linguagem humana, essa ciência se ocupou, ao longo dos anos, apenas dessa definição do fenômeno. Em suma, para essa ciência, as diferentes línguas seriam uma maneira de expressão da capacidade humana de linguagem. Como a sua área de formação poderia dialogar com os conhecimentos sobre linguagem? As diferentes abordagens que fazem parte dessa ciência se ocupam de diferentes aspectos da linguagem. Alguns desses aspectos seriam puramente biológicos, enquanto outros, puramente sociais. Para a reflexão sobre a relação entre texto e ensino, abordaremos agora algumas reflexões sobre a linguagem e seu aspecto social. Ao refletir sobre o ensino de língua portuguesa, o professor, muitas vezes, pensa no contato de seu aluno com sua própria língua. O professor deve refletir sobre o fato de que o indivíduo desenvolve-se apenas através da sua inserção em um meio social. Esse desenvolvimento social se torna possível apenas através do uso da língua, através da qual as pessoas trocam experiência e produzem conhecimento. Dessa forma, fica claro que uma das funções da língua é a comunicação. Através do uso da língua, o indivíduo pode agir sobre o mundo que o rodeia, relatando acontecimentos, refletindo suas percepções, agindo sobre o outro ou ainda influenciando o seu ambiente através de sua opinião. Para isso, o falante deve dominar o uso de elementos verbais e não verbais (figuras abaixo), bem como entender noçõescomo a de adequação linguística. Dessa forma, o domínio, sobretudo das habilidades de leitura e escrita, podem ser de grande importância para o indivíduo inserido no âmbito das sociedades letradas. Foto: Reprodução/BBC 1 RCAX – Prof: Thais Araujo IFSP – CJO 2015.2 5 Elementos verbais e não verbais Variação linguística Como já explicitado, entende-se, na presente abordagem, a língua como produto de relações sociais diversas, de modo que não se deve compreendê-la como algo pronto, dado e definido numa relação vertical. A língua é um produto histórico-social e, dessa forma, algo dinâmico e mutável. Cabe, assim, salientar que, para a Linguística, quando se trata de reflexões sobre a língua, não se trata apenas do aspecto normativo, ou seja, aquele que dá conta do uso “certo” e “errado” da língua, mas do contato com a língua viva, aquela que faz parte do cotidiano de todas as pessoas. É justamente o contato com a variedade linguística que faz com que, nas palavras de Evanildo Bechara, o aluno se torne um poliglota em sua própria língua. Tratar a língua a partir desse ponto de vista é reconhecer que a língua não é algo homogêneo, mas heterogêneo. Muitos dos conceitos que ouvimos no senso comum, no entanto, não estão de acordo com essa premissa. Alguns deles são: “é errado falar assim”, “português é a língua mais difícil do mundo”, “brasileiro não sabe nem falar o português” ou “me doem os ouvidos quando alguém fala isso”. Do ponto de vista dos especialistas no fenômeno da linguagem, essas afirmações colocam um sinal de igual entre língua e norma culta. No entanto, a norma culta é apenas uma das faces que a língua pode assumir, sendo ela a mais valorizada socialmente. A valorização social dessa norma, no entanto, não deve gerar o chamado preconceito linguístico, que consiste na depreciação do modo de falar das camadas sociais que não dominam a norma culta. Para os linguistas, a língua, quando viva, está em constante processo de mudança. Isso não se dá apenas na língua portuguesa, mas em toda e qualquer língua. As gramáticas, RCAX – Prof: Thais Araujo IFSP – CJO 2015.2 6 por outro lado, não acompanham tal dinamismo presente nas línguas, de modo que sempre há uma diferença entre a norma culta e a norma que de fato é utilizada pelos falantes de uma língua. Nesse sentido, todos os que nascem em um determinado local e são capazes de se comunicar ou se expressar normalmente com os membros dessa sociedade (salvo casos de patologia) dominam a língua falada naquela sociedade. Tais pessoas podem não dominar a norma culta e, dessa forma, podem ser marginalizadas do contexto em que essa norma é exigida. É nesse contexto que o ensino de português deve ajudar. Como é de conhecimento geral, o português se originou do latim. Na sociedade romana, assim como na brasileira e em qualquer sociedade de que se tenha notícia, havia pessoas que dominavam a norma culta da língua e pessoas que não a dominavam. Desse último grupo se originaram as línguas neolatinas, como o português, o espanhol, o francês, o romeno etc. Isso porque esse último grupo refletia a evolução da língua, enquanto a norma culta tinha como padrão outro estágio de evolução da língua. Como se pode imaginar, no entanto, a sociedade da época condenava os usos que originaram as línguas atuais, da mesma forma que a sociedade de hoje condena usos que podem estar vigentes em outras etapas de evolução das línguas modernas. Appendix probi Cabe ressaltar, mais uma vez, que o objetivo do linguista não é condenar a gramática normativa ou a norma culta. Para esses especialistas, o ensino da norma culta é parte importante dos objetivos do ensino da língua portuguesa nas instituições de ensino. Primeiro, porque é necessário que o aluno domine normas diferentes das que já domina para que possa acessar diversos ambientes sociais de modo satisfatório. Nesse sentido, a norma culta amplia as possibilidades do educando. Segundo, porque a escrita, diferentemente do que foi afirmado até este momento sobre a fala, deve seguir padrões rígidos, que incluem as regras da norma culta. Mas, entender a importância da norma culta não deve significar o desprezo a outros padrões, nem a negação da existência da variedade linguística. RCAX – Prof: Thais Araujo IFSP – CJO 2015.2 7 Em suma, deve-se ter em mente que há diferentes normas vigentes no português, não apenas a norma culta. Essas normas se originam de fatores geográficos, históricos, etários, socioculturais, dentre outros. As normas listadas abaixo se originam de fatores socioculturais. Contextos Norma Exemplo Formais Erudita Culta Informais Coloquial Inculta Dê exemplos para cada uma dessas normas Texto 1 Pronominais Dê-me um cigarro Diz a gramática Do professor e do aluno E do mulato sabido Mas o bom negro e o bom branco Da Nação Brasileira Dizem todos os dias Deixa disso camarada Me dá um cigarro (Oswald de Andrade) Discuta com seu professor e colegas a temática do poema e o conceito de variação linguística. O texto No âmbito dessa discussão, “aprender ou aprimorar o conhecimento sobre português” consiste em ampliar os conhecimentos do aluno sobre as suas capacidades de leitura e escrita do mundo que o cerca, de modo crítico e adequado aos diferentes contextos de uso da língua. RCAX – Prof: Thais Araujo IFSP – CJO 2015.2 8 Torna-se, assim, indispensável pensar no texto como a unidade básica de sentido, uma vez que é através dele que o indivíduo interage com o mundo. O texto é uma unidade básica de sentido, que pode ser oral ou escrita, e se constrói em um tempo e espaço definidos, tem intenção predeterminada e estabelece relações entre sujeitos distintos. Dessa forma, por exemplo, um texto político pode ter sentidos diferentes se deslocado para outro momento da história, em que sua relevância não seja mais a mesma. Mais uma vez, note que não se trata de um conceito pronto, mas construído. Para entender essa definição, observe os exemplos abaixo: TEXTO 2 Lembrei que sempre esqueço das coisas. Melhor anotar. Notei também que passou despercebido pela maioria. O maior sempre ganha do menor. Menos blá blá blá e mais ação. São eles que vão pagar a conta. Conta para ela da sua outra garota. Rota, direção, caminho, sentido. Sinto que não vai terminar bem. Em algum lugar do passado esta o futuro. Sempre alguém abusa da boa vontade de pessoas com boa vontade. (Fonte: http://www.overmundo.com.br/banco/texto-sem-sentido-para-leitura-sem-atencao) TEXTO 3 Im weiteren Sinne versteht man unter Bier jedes alkoholhaltige Getränk, das auf Basis von verzuckerter Stärke hergestellt wird, ohne dass dabei ein Destillationsverfahren zum Einsatz kommt (Chicha). Die Abgrenzung zu Wein besteht darin, dass für Weine Zucker aus pflanzlichen (Fruchtzucker) oder tierischen Quellen (zum Beispiel Honig) vergoren werden, während der Ausgangsstoff für die Gärung bei Bier immer Stärke ist. In der Regel wird der Zucker aus der Stärke von Getreide (Fonte: http://www.forumdeidiomas.com.br/exercicio-traducao-e-interpretacao-de-texto-em- alemao-t2225.html) Como pôde ser notado, o primeiro texto, para um leitor comum, não fez qualquer sentido, de modo que não foi possível encaixá-lo na definição de texto fornecida anteriormente. Da mesma forma, o segundo texto, no contexto de falantes de português brasileiros, pode não se adequar à definição dada, pois não é tão comum que falantes de português brasileiro entendam alemão. Podemos, então,simplificar a definição anterior de texto, de modo a entendê-lo como uma unidade linguística visual e auditiva entendida pelo interlocutor em dada situação comunicativa. Esse elemento pode estabelecer comunicação. RCAX – Prof: Thais Araujo IFSP – CJO 2015.2 9 A comunicação A comunicação é uma forma de interação social, em que não existe apenas alguém que expresse um pensamento por meio da codificação de uma mensagem e alguém que a decodifique passivamente. Existe um jogo de troca de informações, em que um enunciador procura posicionar-se diante da realidade e, muitas vezes, convencer seu interlocutor de seu ponto de vista. Para que a comunicação aconteça, alguns elementos devem ser contemplados, ainda que não se dê conta desse fato conscientemente. Todos sabem, por exemplo, que é necessário que os envolvidos no processo de comunicação entendam uma mesma língua para que o dito processo se dê de modo satisfatório. Observando isso, o linguista Roman Jakobson (1974) propôs a existência de seis elementos da comunicação, a saber, emissor, receptor, referente, mensagem, código e canal. Emissor: aquele que produz a mensagem. Receptor: aquele a quem a mensagem se destina. Referente: do que trata a mensagem. Mensagem: o conteúdo trocado no processo de comunicação. Código: o conjunto de signos utilizado na transmissão da mensagem. Pode ser verbal ou não verbal. Canal: contato, meio que permite que emissor e receptor estabeleçam comunicação. Elementos da Comunicação Cada um desses elementos da comunicação está relacionado a uma função da linguagem. Dependendo da situação em que determinado enunciado se constrói, haverá a predominância de determinada função da linguagem, embora a maioria dos textos se construa através da interação de diversas dessas funções. RCAX – Prof: Thais Araujo IFSP – CJO 2015.2 10 Função emotiva: focada no emissor. Os enunciados construídos com foco nessa função podem apresentar verbos e pronomes na primeira pessoa, interjeições e conteúdo de natureza subjetiva. Função conativa ou apelativa: focada no receptor. Os enunciados construídos com foco nessa função podem apresentar verbos no imperativo e vocativos. Função referencial: focada no referente. Os enunciados construídos com foco nessa função podem apresentar verbos na terceira pessoa e conteúdo objetivo. É predominante em textos de natureza técnica e científica. Função poética: focada na mensagem. Tem como objetivo trabalhar de modo artístico os códigos linguísticos, podendo originar, por exemplo, rimas ou figuras de linguagem. É predominante na linguagem literária. Função metalinguística: focada no código. É a linguagem que trata da própria linguagem, abrangendo, dessa forma, os textos que tratam sobre determinada língua, como os dicionários e gramáticas, sobre cinema, sobre artes e quaisquer formas de linguagem. Função fática: focada no canal. Utilizada para testar a eficiência do canal ou para manter a atenção do receptor no mesmo. 1. 2. Para que surjam raios, é necessário que, além das gotas de chuva, as nuvens de tempestade tenham em seu interior três ingredientes: cristais de gelo, água quase congelada e granizo. Tais elementos se formam na faixa entre 2 e 10 quilômetros de altitude, onde a temperatura fica entre 0 ºC e -50 ºC. Com o ar revolto no interior da nuvem, esses elementos são lançados pra lá e pra cá, chocando-se uns contra os outros. Com isso, acabam trocando de carga entre si: alguns vão ficando cada vez mais positivos, e outros, mais negativos. Os mais pesados, como o granizo e as gotas de chuva, tendem a ficar negativos. (Fonte: http://mundoestranho.abril.com.br/materia/como-se-formam-os-raios) RCAX – Prof: Thais Araujo IFSP – CJO 2015.2 11 3. 4. Não me Importo com as Rimas Não me importo com as rimas. Raras vezes Há duas árvores iguais, uma ao lado da outra. Penso e escrevo como as flores têm cor Mas com menos perfeição no meu modo de exprimir-me Porque me falta a simplicidade divina De ser todo só o meu exterior Olho e comovo-me, Comovo-me como a água corre quando o chão é inclinado, E a minha poesia é natural como o levantar-se vento... (Alberto Caeiro) 5. Trem de Ferro Café com pão Café com pão Café com pão Virge maria que foi isso maquinista? Agora sim Café com pão Agora sim Voa, fumaça Corre, cerca Ai seu foguista Bota fogo Na fornalha Que eu preciso Muita força Muita força Muita força Oô... Menina bonita Do vestido verde Me dá tua boca Pra matá minha sede Oô... Vou mimbora Vou mimbora Não gosto daqui Nasci no sertão Sou de Ouricuri Oô... Vou depressa Vou correndo Vou na toda Que só levo Pouca gente Pouca gente Pouca gente... (Manuel Bandeira) 6. (Fonte do exercício: http://www.universitariobrasil.com.br/Arquivos/ResolucaoExames/133- FUV1F2004.pdf) RCAX – Prof: Thais Araujo IFSP – CJO 2015.2 12 RCAX – Prof: Thais Araujo IFSP – CJO 2015.2 13 Lição 2: gêneros e tipos textuais Gêneros textuais É fácil perceber que, na sociedade em que se vive, diversas são as formas de utilizar os textos, sejam eles orais ou escritos. Dependendo de nossa intenção comunicativa, já temos delimitada a melhor forma de atingir nossos objetivos com o uso da linguagem. Se, por exemplo, alguém quer avisar ao pai/mãe ou ao filho/filha que deixou a comida na geladeira, jamais pensaria em fazer um memorando para esse fim, mas sim um bilhete. Essas diferentes formas de utilizar a língua em sociedade são denominadas gêneros textuais. Assim, os gêneros são geralmente determinados com base nos objetivos dos falantes e na natureza do tópico tratado, sendo assim uma questão de uso e não de forma. (BIBER, 1988). Com a ajuda de seu professor, liste todos os gêneros textuais dos quais você se lembrar. Depois responda: é possível listar todos os gêneros que existem em sociedade hoje? Os gêneros textuais fundamentam-se em critérios sócio-comunicativos e discursivos. Dessa forma, de acordo com as necessidades dos falantes, novos gêneros surgem, morrem ou, até mesmo, se modificam. Ainda por conta da natureza social dos gêneros textuais, delimitar quantos deles circulam na sociedade atualmente é uma tarefa complexa, pois é difícil precisar em quantas situações diferentes há necessidades distintas sobre o uso da língua. Algumas propriedades dos gêneros são (BAKHTIN, 2003): Composição (aspectos formais) Conteúdo Estilo (formal ou informal) Observe os quadros a seguir: Gênero Objetivos Artigo acadêmico Divulgação científica Piada Entretenimento, diversão Gêneros textuais e objetivos discursivos RCAX – Prof: Thais Araujo IFSP – CJO 2015.2 14 Gênero Composição Conteúdo Estilo Artigo acadêmico Piada Complete o quadro Tipos textuais Uma vez que se tenha selecionado um gênero adequado a determinada necessidade, deve-se, então, pensar na forma como esse discurso se organizará, ou seja, devem-se selecionar os tipos textuais predominantes no texto. Se, por um lado, os gêneros textuais são pautados em critérios externos à língua, como fatores sócio-discursivos, por outro lado, os tipos textuais fundamentam-se em critérios internos (linguísticos e formais) (MARCUSCHI, 2003). Isso significa que essa categoria é pautada em sua natureza linguística, o que permite que se possadelimitar uma quantidade de categorias de tipos textuais, a saber, descrição, narração, exposição, argumentação e injunção: Tipo textual Objetivo Marcas predominantes Exemplo Descrição Caracterizar I. Plano de fundo para situar a narração II. Uso de adjetivos e de advérbios III. Uso de presente do indicativo ou de pretérito imperfeito do indicativo IV. Verbos de ligação “Era uma vez... uma linda menina que desde pequenina gostava de usar capas com um chapeuzinho bem vermelho.” Narração Relatar uma sequência de fatos I. Marcadores de tempo e de espaço que marcam as sequências de fatos. II. Verbos que denotam ações “O lobo entrou, chegou ao meio do quarto com um só pulo e devorou a pobre vovozinha, antes que ela pudesse gritar. Em seguida, fechou a porta. Enfiou-se embaixo das cobertas e ficou à espera de Chapeuzinho Vermelho.” Exposição Informar I. Expressão de relações de sentido II. Objetividade “Campos do Jordão é um município brasileiro localizado no interior do RCAX – Prof: Thais Araujo IFSP – CJO 2015.2 15 III. Impessoalidade IV. Verbos na terceira pessoa estado de São Paulo, mais precisamente na Serra da Mantiqueira; faz parte da recém-criada Região Metropolitana do Vale do Paraíba e Litoral Norte, sub-região 2 de Taubaté.” (Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/ Campos_do_Jord%C3%A3o ) Argumentação Convencer I. Defesa de um ponto de vista II. Apresentação de hipóteses (e de suas justificativas) e de argumentos III. Verbos na terceira pessoa IV. Expressão de relações de sentido V. Uso de estratégias de convencimento VI. Uso de expressões valorativas. A publicidade infantil movimenta bilhões de dólares e é responsável por considerável aumento no número de vendas de produtos e serviços direcionados às crianças. No Brasil, o debate sobre a publicidade infantil representa uma questão que envolve interesses diversos. Nesse contexto, o governo deve regulamentar a veiculação e o conteúdo de campanhas publicitárias voltadas às crianças, pois, do contrário, elas podem ser prejudicadas em sua formação, com prejuízos físicos, psicológicos e emocionais. (http://g1.globo.com/educac ao/enem/2015/noticia/2015/ 05/leia-redacoes-do-enem- que-tiraram-nota-maxima- no-exame-de-2014.html) Injunção Dar instrução Verbos no imperativo Beba coca-cola. Tipos textuais As sequências de tipos textuais compõem os mais diferentes gêneros textuais. Dessa forma, um gênero textual pode ser composto, em diversos momentos, por diferentes RCAX – Prof: Thais Araujo IFSP – CJO 2015.2 16 tipos de texto, embora haja sempre uma ou duas sequências dominantes. Um conto de fadas, por exemplo, é composto predominantemente por tipologias narrativas e descritivas, enquanto um artigo de opinião será composto predominantemente por sequências argumentativas. Questão Quais seriam os tipos textuais predominantes em cada um dos gêneros abaixo? Apresente as marcas predominantes nesses gêneros que justifiquem a sua resposta. Romance Livro didático Manual de instruções Artigo de opinião Lembre-se: as respostas, no mundo acadêmico, são pequenas produções textuais. Portanto, explore os conceitos que estarão em seu texto e atente para o uso da norma culta. Observe cada um dos textos abaixo e classifique a sequência de tipo textual predominante em cada um deles. Justifique a sua resposta com base nos elementos textuais encontrados. Depois responda: a que gênero textual cada um dos trechos deve pertencer? Texto 1 “Quis insistir que nada, mas não achei língua. Todo eu era olhos e coração, um coração que desta vez ia sair, com certeza, pela boca fora. Não podia tirar os olhos daquela criatura de quatorze anos, alta, forte e cheia, apertada em um vestido de chita, meio desbotado. Os cabelos grossos, feitos em duas tranças, com as pontas atadas uma à outra, à moda do tempo, desciam-lhe pelas costas. Morena, olhos claros e grandes, nariz reto e comprido, tinha a boca fina e o queixo largo. As mãos, a despeito de alguns ofícios rudes, eram curadas com amor, não cheiravam a sabões finos nem águas de toucador, mas com água do poço e sabão comum trazia-as sem mácula. Calçava sapatos de duraque, rasos e velhos, a que ela mesma dera alguns pontos.” (Trecho: ASSIS, Machado de. Dom Casmurro. Disponível em: http://triplov.com/contos/dom_casmurro. Acesso em 02/03/2015) Texto 2 “Então quis vê-los de perto, e dei um passo. Capitu agarrou-me, mas, ou por temer que eu acabasse fugindo, ou por negar de outra maneira, correu adiante e apagou o escrito. Foi o mesmo que acender em mim o desejo de ler o que era.” (Trecho. ASSIS, Machado de. Dom Casmurro. Disponível em: http://triplov.com/contos/dom_casmurro. Acesso em 02/03/2015) RCAX – Prof: Thais Araujo IFSP – CJO 2015.2 17 Texto 3 Para que surjam raios, é necessário que, além das gotas de chuva, as nuvens de tempestade tenham em seu interior três ingredientes: cristais de gelo, água quase congelada e granizo. Tais elementos se formam na faixa entre 2 e 10 quilômetros de altitude, onde a temperatura fica entre 0 ºC e -50 ºC. Com o ar revolto no interior da nuvem, esses elementos são lançados pra lá e pra cá, chocando-se uns contra os outros. Com isso, acabam trocando de carga entre si: alguns vão ficando cada vez mais positivos, e outros, mais negativos. Os mais pesados, como o granizo e as gotas de chuva, tendem a ficar negativos. (Fonte: http://mundoestranho.abril.com.br/materia/como-se-formam-os-raios) Texto 4 “Uma criança imitando os sons emitidos por porcos já foi atitude considerada como falta de educação. No entanto, após a popularização do programa infantil “Peppa Pig”, essa passou a ser uma cena comum no Brasil. O desenho animado sobre uma família de porcos falantes não apenas mudou o comportamento dos pequenos, como também aumentou o lucro de uma série de marcas que se utilizaram do encantamento infantil para impulsionar a venda de produtos relacionados ao tema. Peppa é apenas mais um exemplo do poder que a publicidade exerce sobre as crianças.” (Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/educacao/2015/01/1575893-texto-nota-mil-no-enem-cita-peppa- pig-para-falar-sobre-publicidade.shtml) Texto 5 MODO DE PREPARO 1. Coloque em uma panela funda o leite condensado, a margarina e o chocolate em pó 2. Cozinhe em fogo médio e mexa sem parar com uma colher de pau 3. Cozinhe até que o brigadeiro comece a desgrudar da panela 4. Deixe esfriar bem, então unte as mãos com margarina, faça as bolinhas e envolva-as em chocolate granulado (Fonte: http://www.tudogostoso.com.br/receita/114-brigadeiro.html) RCAX – Prof: Thais Araujo IFSP – CJO 2015.2 18 Lição 3: o planejamento do texto e a progressão temática TEXTO 1 Coruja invade casa em Campos do Jordão e é flagrada por moradora Moradores encontraram o animal de cerca de 20 centímetros na lavanderia. Dona da casa acredita que ela use lavanderia da casa como abrigo. Uma coruja invadiu uma casa em Campos do Jordão (SP) e chamou atenção dos moradores. O animal foi encontrado durante a madrugada desta terça-feira (21) na lavanderia do imóvel. A dona da casa, Maria Aparecida Ananias, disse que todas as noites a família escutava barulhos na lavanderia, mas só durante esta madrugada eles decidiram ver o que era. “Era uma coruja bem pequenininha, muitolinda e mansinha. Cheguei perto para tirar foto e ela nem se incomodou. Acredito que ela dorme aqui para fugir do vento e frio", afirmou a dona de casa. Segundo ela, o animal mede entre 15 e 20 centímetros. Maria Aparecida registrou a visita da coruja com fotos e vídeo e disse que ela ficou lá. “Não mexemos, apenas olhamos, fotografamos e depois a deixamos lá”, disse. Comportamento A bióloga Maria Cecília Toledo disse que não é muito comum as corujas ficarem tão próximas das pessoas e que essa aproximação pode ter sido motivada por alimento. “Elas se sentem ameaçadas com a presença humana, mas parece que ela já está acostumada. Se for uma fêmea ela pode estar buscando local de ninho ou local seguro para pernoitar”, explicou. Maria Cecília disse também que o animal não traz riscos e que o ideal é não alimenta-la, nem toca-la. “Ela é uma grande caçadora de roedores e insetos, como baratas e lagartixas. Se ela for a uma casa que tenha hamster ou peixes em lagos rasos ela vai tentar caçar. Ela é totalmente inofensiva para os homens”, disse. (Fonte: http://g1.globo.com/sp/vale-do-paraiba-regiao/noticia/2015/07/coruja-invade-casa-em-campos- do-jordao-sp.html) 1. Qual é o gênero do texto 1? (Foto: Arquivo/Maria Cecília Ananias) 1 RCAX – Prof: Thais Araujo IFSP – CJO 2015.2 19 2. Quais são as sequências de tipos textuais predominantes? Justifique com trechos do texto. 3. Onde se passam os eventos relatados no texto? Quais são as pessoas envolvidas no acontecimento? 4. O que aconteceu para que a dona de casa percebesse que algo estranho acontecia em sua lavanderia? 5. Para a bióloga Maria Cecília Toledo, o comportamento da coruja, relatado pela dona de casa é comum? Justifique. 6. Quais foram as recomendações dadas pela bióloga Maria Cecília Toledo para o caso relatado? Agora, complete o quadro abaixo: Qual foi o fato? Onde aconteceu? Quando aconteceu? Quem estava envolvido nos fatos relatados? Como aconteceu? Quais foram as recomendações geradas a RCAX – Prof: Thais Araujo IFSP – CJO 2015.2 20 partir desse fato? Para um bom entendimento de um texto, a sua progressão temática deve estar clara, ou seja, o desenvolvimento da sua temática deve estar claro para o leitor. Dessa forma, todas as vezes em que for pedida uma produção textual, você deve, antes de começar a escrever o seu texto, planejar cada etapa de seu desenvolvimento. Levando em consideração que cada parágrafo desenvolverá uma ideia 1 , o planejamento de seus textos pode ser feito de modo que o parágrafo seja a unidade de sentido considerada. Dessa forma, caso fosse necessário traçar as etapas do desenvolvimento do conteúdo da notícia acima, como ficaria o quadro abaixo? Parágrafo Etapa de desenvolvimento 1º 2º 3º 4º 1 Não faça parágrafos curtos ou extensos demais. No primeiro caso, parecerá que a ideia que deveria ser desenvolvida não o foi. No segundo, parecerá que há poucas ideias a serem exploradas em seu texto. RCAX – Prof: Thais Araujo IFSP – CJO 2015.2 21 5º 6º Para o entendimento de determinado texto, é importante que, ao lê-lo, além de grifar a ideia mais importante de cada parágrafo (lembrando que o parágrafo constitui/pode constituir uma unidade de sentido), facilitando estudos posteriores, o leitor seja capaz de perceber as etapas de desenvolvimento de seu conteúdo, tal como foi feito no quadro acima. Isso remete também ao cuidado que se deve ter na produção textual. Para que o leitor consiga entender todo esse processo, é essencial que aquele que escreve preocupe-se com tal recepção. Toda a elaboração de texto, então, deve ser precedida de um rigoroso planejamento, que assegurará, dentre outras coisas, que o texto está adequado ao interlocutor (que tipo de relação há entre emissor e receptor? É necessário o uso de linguagem formal?), ao objetivo do texto, ao tema que se deve contemplar (aqui também já se devem elaborar as etapas de desenvolvimento do texto) e ao canal. Com tudo isso definido, o autor do texto poderá selecionar o gênero textual mais adequado e os tipos textuais predominantes. RCAX – Prof: Thais Araujo IFSP – CJO 2015.2 22 Lição 4: a redação A redação escolar é um gênero textual presente em diversas etapas da vida de um estudante. Desde o trabalho da escola, até uma entrevista de emprego, passando pelo ingresso no ensino superior, esse gênero textual pode ser um grande aliado daquele que domina as suas características básicas. Cabe ressaltar que, apesar da importância desse gênero textual em nossa sociedade, sua criação foi algo extremamente artificializado, com o objetivo de que esse gênero fosse utilizado em situações de teste. Em outras palavras, diferente do bilhete, gênero textual que surgiu naturalmente devido a uma necessidade social, a redação tem uma estrutura artificial que tem como objetivo selecionar pessoas em situações determinadas. É desse ponto que deriva a dificuldade que muitos alunos têm com esse gênero. Sobre a redação, responda: Qual foi a sua relação com as redações ao longo de sua vida? Dos pontos de vista composicional, temático e estilístico, como seria a redação? Diante dessa realidade, muitos centros de educação têm treinado seus alunos para a escrita de redação, sem se preocupar (i) com o fato de que outros gêneros textuais farão parte da vida desse aluno e (ii) com o fato de que parte essencial da escrita argumentativa é o trabalho com as opiniões. Esse ponto de vista pode ser um grande problema para o estudante ao longo de sua vida acadêmica e profissional. Na sua opinião, o que é mais difícil: ter ideias e argumentos ou lidar com a habilidade de escrita na produção de redações? Neste material, como se sabe, trabalharemos uma série de gêneros textuais. Entre eles, está a redação, que não pode jamais ter a sua importância diminuída no âmbito da sociedade brasileira. Dessa forma, tentaremos abordar alguns itens básicos para a produção desse gênero textual. O que é a redação? RCAX – Prof: Thais Araujo IFSP – CJO 2015.2 23 A redação, como se sabe, é um gênero textual que visa à defesa de um ponto de vista sobre um tema dado. Dessa forma, o autor desse texto deve saber, acima de tudo, que o corretor avaliará se sua opinião, de fato, pode ser entendida pela leitura do texto e, mais do que isso, se sua opinião está com uma boa defesa. Imagine a seguinte situação: determinado crime envolvendo o assassinato de uma adolescente supostamente executado por alguém de sua própria família ganha grande repercussão nos jornais e nas redes sociais. Um usuário de uma rede social pretende, então, defender o suposto assassino que, na opinião desse usuário, não é culpado. Se tal defensor escrever apenas “Ele é inocente” em sua página em tal rede social, sua opinião será respeitada? A resposta mais provável é “dificilmente”. Para que uma opinião seja respeitada, ela precisa estar embasada em fatos e, sobretudo, em argumentos. Isso não apenas nessa situação hipotética, mas também na produção de redações. O argumento seria o porquê de se acreditar em determinada opinião. No caso da situação hipotética proposta, os argumentos (ou seja, o porquê desse usuário pensar que sua opinião de que o suposto assassino seria inocente) poderiam dar mais credibilidadeao seu ponto de vista. Note que, com isso, não seria possível, em apenas uma redação, você apresentar diferentes pontos de vista sobre um mesmo tema, como se estivesse defendendo todos eles. Caso isso fosse possível, seria necessário apresentar argumentos para todos esses pontos de vista e, em algum momento, defender um significaria rejeitar o outro, de modo que seu texto apresentaria problemas de coerência. Em suma, é necessário escolher apenas um ponto de vista e defendê-lo até o final de seu texto. Dessa forma, já se pode afirmar que ponto de vista é diferente de opinião. No entanto, sem dúvida, para que seu ponto de vista ganhe credibilidade, o argumento deve estar presente. Como ficou claro, a redação é um texto que apresenta teor argumentativo. Dessa forma, deve-se ter cuidado na hora de escrevê-la, para que seu texto não tenha sequências muito expositivas e pouco argumentativas, por exemplo. Deve-se ter em mente, no entanto, que, nas redações, você deve apresentar seu ponto de vista em linguagem impessoal. Em suma, seu texto deve apresentar predominantemente opiniões (e não fatos) e deve ser escrito em linguagem impessoal. Observe o quadro abaixo Linguagem Pessoal Linguagem Impessoal Fato Eu sou aluno do curso técnico em Eventos do A cidade de Campos do Jordão é uma das mais RCAX – Prof: Thais Araujo IFSP – CJO 2015.2 24 IFSP. visitadas nas férias escolares em todo o Brasil. Opinião Eu acho o curso técnico em Eventos importante para a cidade de Campos do Jordão. O curso técnico em Eventos é importante para a cidade de Campos do Jordão. TEXTO 1 Boa nota no Enem não garante qualidade da escola Se uma escola não vai bem no Enem, isso é motivo de preocupação. Mas a recíproca não é verdadeira: estar nos primeiros lugares desse ranking não necessariamente garante que um colégio seja melhor do que os outros. A prova do Enem mede competências essenciais: leitura e interpretação de textos, raciocínio matemático, capacidade de relacionar conhecimentos de diversas áreas, habilidade para resolver problemas práticos. Na redação, única prova de questão “aberta” (as demais são de múltipla escolha) o candidato deve discorrer sobre um tema e apresentar uma proposta de intervenção social. Ora, o mínimo que se pode esperar de uma escola é que, ao longo dos 12 anos de formação básica, prepare o aluno para fazer tudo isso com desenvoltura. O mau desempenho no Enem é sinal de que algo não vai bem. Acontece que, de olho na importância dessa prova, algumas escolas se tornaram quase “profissionais do Enem”. Fazem treinamentos específicos, captam os melhores alunos de outras instituições e afastam estudantes reprovados. Há até quem crie um novo CNPJ para concorrer a esse processo com turmas especiais constituídas por alunos da “elite intelectual”, como foi noticiado pela mídia no último exame: a mesma escola aparecia em 1º e em 569º lugar no ranking. Além disso, a classificação acaba, muitas vezes, seguindo um círculo vicioso: as escolas mais bem colocadas são procuradas por quem pode pagar, e quem pode pagar por altas mensalidades já traz uma bagagem cultural que constitui, na prova, um diferencial competitivo. Será que as escolas que ocupam os primeiros lugares conseguiriam esse mesmo resultado se trabalhassem com filhos de famílias sem recursos e com baixa formação acadêmica? Ao mesmo tempo, há que lembrar que o Enem consegue medir apenas uma parte do ensino. A prova não dá conta de avaliar dimensões consideradas decisivas na educação de hoje, como por exemplo as competências emocionais, a atitude empreendedora, a postura cidadã, a habilidade de relacionamento interpessoal, os hábitos e valores - dimensões que também se desenvolvem ao longo da infância e adolescência, numa parceria entre escola e família. Por tudo isso, há que ler os resultados do ranking do Enem com parcimônia. Estar nas primeiras posições não pode ser o único critério para escolher uma escola. Outros aspectos se somam para compor a formação integral. Entre eles, destacam-se: um currículo abrangente, com atividades como esportes, idiomas, artes, leitura, educação para os meios; uma filosofia inclusiva, que acolha alunos com deficiências ou com RCAX – Prof: Thais Araujo IFSP – CJO 2015.2 25 problemas de aprendizagem; e uma inclinação para a formação ligada a ética e responsabilidade social, o que inclui no ensino as discussões sobre realidades, interesses e conflitos individuais e sociais, inerentes ao cidadão de nosso tempo. (Fonte: http://g1.globo.com/educacao/blog/andrea-ramal/1.html) 1. O texto acima tem algumas semelhanças com os textos do gênero redação escolar, embora pertença a outro gênero textual. a. Levante hipóteses, qual poderia ser esse gênero? b. Quais são as características que o aproximam e quais o distanciam da redação escolar? c. Quais são as sequências de tipos textuais predominantes nesse texto? 2. Qual é o ponto de vista defendido no texto 1? Na sua opinião, esse ponto de vista foi bem defendido? Justifique. 3. Quais são os argumentos utilizados pela autora para sustentar seu ponto de vista? 4. Escolha um argumento e verifique se houve uma explicação sobre esse argumento no texto 1. Como é fácil de ser percebido, dentro da redação, é necessário defender um ponto de vista, mas apresentar também uma série de outros elementos que colaborem com essa defesa. Cada um desses elementos tem um “lugar” para aparecer dentro dessa estrutura. Assim, vale tratar das três partes essenciais para esse gênero textual: a introdução, o desenvolvimento e a conclusão. A seguir, cada uma dessas partes será abordada. A introdução Imagine que você foi convidado para dar uma palestra sobre o curso de eventos do IFSP. É claro que, antes de começar o seu discurso, você fará um planejamento sobre cada etapa da palestra. Em linhas gerais, o seu planejamento seria mais ou menos assim: 1. Apresentação e saudação ao público 2. Aspectos gerais do curso 3. A grade de disciplinas 4. O mercado de trabalho 5. Resumo e conclusão 6. Encerramento RCAX – Prof: Thais Araujo IFSP – CJO 2015.2 26 É evidente que cada uma dessas partes tem a sua função na composição geral da sua palestra. De maneira didática, poderíamos dividir esse esquema em introdução, desenvolvimento e conclusão. Sem dúvidas, os pontos 1 e 2 corresponderiam à introdução, não apenas por serem os primeiros tópicos, mas pelo fato de eles terem o objetivo de contextualizar o público e de informá-lo sobre o que será tratado nessa palestra. Da mesma forma, a introdução de um texto tem por objetivo contextualizar o leitor e apresentar a ele o ponto de vista que será defendido sobre o tema proposto. Para que isso seja entendido de modo mais prático, avalie com o seu professor as introduções a seguir: Tema: os efeitos negativos das tecnologias. TEXTO 2 Há relativamente pouco tempo o debate sobre as tecnologias na vida do cidadão tem tomado conta de ambientes acadêmicos e sociais. De fato, não se pode mais separar a tecnologia da vida de qualquer cidadão comum. A grande questão se torna lidar com os problemas provenientes desse item tão comum na vida das pessoas, afinal, tais problemas existem e são graves, afetando, assim, a vida de qualquer cidadão. TEXTO 3 Celulares de última geração. Tablets. Televisão com tela de cinema. Tais aparatos fazem parte da vida de grande parte dos cidadãos comuns. No entanto, sabe-se que a tecnologia gera efeitos positivos e negativos na vida das pessoas. Basta um olharatento a uma mesa de amigos no final de semana para perceber que os efeitos negativos das tecnologias podem não ser tão fáceis de serem resolvidos e debatidos em nossa sociedade, dada a dependência que aquelas geraram nesta. As estratégias de contextualização: Tradicional Fotográfica Conceitual Histórica Jornalística Cultural RCAX – Prof: Thais Araujo IFSP – CJO 2015.2 27 Com a ajuda de sua professora, identifique as estratégias utilizadas nos textos 2 e 3 e, em seguida, escreva uma proposta de introdução com outra estratégia. Tese Parte essencial de uma redação, a tese informa ao leitor qual é o seu ponto de vista sobre o tema proposto. Observe que a tese deve dialogar diretamente com o tema. No caso dos textos 2 e 3, por exemplo, a tese não poderia afirmar apenas que a tecnologia apresenta pontos negativos, uma vez que isso já está expresso no tema. O estudante, nesse caso, deveria refletir sobre a sua opinião acerca desses efeitos negativos das tecnologias. Encontre a tese nos textos 1, 2 e 3. Se fosse possível eleger o elemento mais importante de uma redação, esse elemento seria, sem dúvidas, a tese. É através dela que será possível pensar nos argumentos que estarão no desenvolvimento. Ela é o único ponto de vista defendido em um texto dissertativo-argumentativo. O desenvolvimento, como será abordado, deve apresentar seus argumentos, ou seja, o porquê de a sua tese ser verdadeira. Dessa forma, seus argumentos são gerados diretamente da tese. O desenvolvimento Voltando ao planejamento da sua palestra, fica claro que os itens 3 e 4 correspondem ao desenvolvimento de seu texto, uma vez que, nesses pontos, os objetivos desse texto são, de fato, alcançados. Da mesma forma, apenas no desenvolvimento de uma redação, os argumentos são, de fato, explorados. Como já foi explicitado, os argumentos são gerados diretamente através de sua tese, de modo que são eles que sustentam essa opinião. De modo bastante prático, quando alguém diz que gosta de filmes legendados e, questionado sobre seu gosto, responde “porque sim”, está apenas preso à tese, e não aos argumentos. Alguns argumentos possíveis, nesse caso, seriam “porque com o áudio original é possível apreciar mais a interpretação do ator” e “porque estou treinando a língua do áudio original”. Apenas com uma dessas justificativas aquele que levantou o questionamento entenderia o ponto de vista defendido. Sua redação, então, apenas estaria satisfatória com a apresentação de argumentos. Assim, é necessário olhar para a tese defendida e perguntar-se: por que defendo esse ponto de vista? Uma vez que as respostas surjam, você está gerando seus argumentos. RCAX – Prof: Thais Araujo IFSP – CJO 2015.2 28 Alguns são mais fortes e outros mais fracos, por isso, no planejamento de seu texto, procure avaliar a força dos argumentos gerados. Lembre-se de que, para cada argumento gerado, um parágrafo do desenvolvimento deve ser utilizado. O ideal, então, é que no seu texto haja dois ou três argumentos. Após a geração dos argumentos, é necessário ainda explicá- los mais profundamente. Isso pode ser entendido de modo mais prático com a leitura do texto 4: TEXTO 4 Tema: "Publicidade infantil em questão no Brasil". "A publicidade infantil movimenta bilhões de dólares e é responsável por considerável aumento no número de vendas de produtos e serviços direcionados às crianças. No Brasil, o debate sobre a publicidade infantil representa uma questão que envolve interesses diversos. Nesse contexto, o governo deve regulamentar a veiculação e o conteúdo de campanhas publicitárias voltadas às crianças, pois, do contrário, elas podem ser prejudicadas em sua formação, com prejuízos físicos, psicológicos e emocionais. Em primeiro lugar, nota-se que as propagandas voltadas ao público mais jovem podem influir nos hábitos alimentares, podendo alterar, consequentemente, o desenvolvimento físico e a saúde das crianças. Os brindes que acompanham as refeições infantis ofertados pelas grandes redes de lanchonetes, por exemplo, aumentam o consumo de alimentos muito calóricos e prejudiciais à saúde pelas crianças, interessadas nos prêmios. Esse aumento da ingestão de alimentos pouco saudáveis pode acarretar o surgimento precoce de doenças como a obesidade. Em segundo lugar, observa-se que a publicidade infantil é um estímulo ao consumismo desde a mais tenra idade. O consumo de brinquedos e aparelhos eletrônicos modifica os hábitos comportamentais de muitas crianças que, para conseguir acompanhar as novas brincadeiras dos colegas, pedem presentes cada vez mais caros aos pais. Quando esses não podem compra-los, as crianças podem ser vítimas de piadas maldosas por parte dos outros, podendo também ser excluídas de determinados círculos de amizade, o que prejudica o desenvolvimento emocional e psicológico dela. Em decorrência disso, cabe ao Governo Federal e ao terceiro setor a tarefa de reverter esse quadro. O terceiro setor – composto por associações que buscam se organizar para conseguir melhorias na sociedade – deve conscientizar, por meio de palestras e grupos de discussão, os pais e os familiares das crianças para que discutam com elas a respeito do consumismo e dos males disso. Por fim, o Estado deve regular os conteúdos veiculados nas campanhas publicitárias, para que essas não tentem convencer pessoas que ainda não têm o senso crítico desenvolvido. Além disso, ele deve multar as empresas publicitárias que não respeitarem suas determinações. Com esses atos, a publicidade infantil deixará de RCAX – Prof: Thais Araujo IFSP – CJO 2015.2 29 ser tão prejudicial e as crianças brasileiras poderão crescer e se desenvolver de forma mais saudável." (Fonte: http://g1.globo.com/educacao/enem/2015/noticia/2015/05/leia-redacoes-do-enem-que-tiraram- nota-maxima-no-exame-de-2014.html) 1. Encontre a tese. 2. Qual foi a estratégia de contextualização? 3. Quantos argumentos foram gerados? 4. Encontre os argumentos. 5. Encontre a explicação dos argumentos. 6. Na sua opinião, há uma correlação entre tese e argumento no texto analisado? Justifique. Escreva o desenvolvimento de uma redação sobre os efeitos negativos das tecnologias. Para isso, utilize a introdução criada na subseção anterior. Conclusão Mais uma vez, voltando ao planejamento de sua palestra, pode-se perceber que os itens 5 e 6 tem por objetivo fazer um encerramento da palestra, retomando as ideias principais e reestabelecendo um contato com o público, de modo que este sinta uma espécie de “gosto de quero mais”. Da mesma forma, na redação, a conclusão deve retomar a sua tese e fazer um desfecho criativo. Uma das formas mais comuns, na atualidade, de apresentar esse desfecho, é através da proposta de intervenção (por conta do próprio Enem). Observe, na subseção anterior, o texto 4 e encontre nele a retomada da tese e o desfecho. Depois disso, escreva sua própria conclusão para o texto sobre os efeitos negativos das tecnologias. RCAX – Prof: Thais Araujo IFSP – CJO 2015.2 30 Lição 5: as classes gramaticais TEXTO 1 O show O cartaz O desejo O pai O dinheiro O ingresso O dia A preparação A ida O estádio A multidão A expectativa A música A vibração A participação O fim A volta O vazio (Autor desconhecido) Observe o texto e responda: 1. Do que o texto trata? Justifique explicando a escolha do título. 2. O texto não foi escrito com emprego de elementos linguísticosque funcionassem como recursos coesivos, ou seja, não há palavras que exerçam papel exclusivo na conexão entre termos e sentenças no texto lido. Na sua opinião, esse fato prejudica a sua leitura? Justifique. 3. Explique por que a ordem dos versos do texto 1 facilita o seu entendimento. 4. A qual gênero pertence o texto 1? Justifique. 5. Quais são as sequências textuais predominantes no texto 1? 6. Quais são as classes gramaticais presentes no texto 1? 7. Observe os versos em destaque abaixo e levante hipóteses: a classe de palavras mais nuclear pode se transformar em outra classe de palavras, de modo que o sentido original do texto se mantenha? Qual seria essa outra classe gramatical? RCAX – Prof: Thais Araujo IFSP – CJO 2015.2 31 “O desejo (...) A preparação (...) A vibração A participação (...) A volta (...)” TEXTO 2 Tecendo a manhã Um galo sozinho não tece uma manhã: ele precisará sempre de outros galos. De um que apanhe esse grito que ele e o lance a outro; de um outro galo que apanhe o grito de um galo antes e o lance a outro; e de outros galos que com muitos outros galos se cruzem os fios de sol de seus gritos de galo, para que a manhã, desde uma teia tênue, se vá tecendo, entre todos os galos. E se encorpando em tela, entre todos, se erguendo tenda, onde entrem todos, se entretendendo para todos, no toldo (a manhã) que plana livre de armação. A manhã, toldo de um tecido tão aéreo que, tecido, se eleva por si: luz balão. (João Cabral de Melo Neto) Observe o texto e responda: 1. Do que o texto trata? Justifique. 2. O sentido global do texto é estabelecido a partir de uma figura de linguagem denominada metáfora. A metáfora consiste em uma comparação implícita, como na sentença “Maria é uma flor.”. Discuta com os seus colegas essa afirmação. RCAX – Prof: Thais Araujo IFSP – CJO 2015.2 32 3. Converse com professor e colegas sobre a importância da palavra “e” para o sentido do texto. 4. Converse com professor e colegas sobre a importância da palavra “sozinho” no primeiro verso do texto para a construção do sentido global do texto. 5. Comparado ao texto 1, o texto 2 teve mais ou menos elementos coesivos? Justifique com base nas respostas dadas anteriormente. 6. Levante hipóteses: se os elementos coesivos são aqueles que estabelecem ligações entre orações e palavras, quais seriam exemplos dessas palavras no texto. 7. Qual é a classe de palavras desses conectivos encontrados? 8. “Um galo sozinho não tece uma manhã Ele precisará sempre de outros galos.” O substantivo “galo” recebeu nesse texto uma caracterização específica. Da mesma forma, o evento expresso pelo verbo “precisar” recebe uma caracterização específica. a. Quais são as palavras responsáveis por esse efeito de sentido? b. Qual a classe de palavras desses itens lexicais? Em suma... RCAX – Prof: Thais Araujo IFSP – CJO 2015.2 33 Lição 6: a construção de sentenças Você sabe a diferença entre estes conceitos: Frase Período Oração TEXTO 1 TEXTO 2 Alexandre Beck TEXTO 3 RCAX – Prof: Thais Araujo IFSP – CJO 2015.2 34 Bill Watterson TEXTO 4 Converse com sua professora sobre o que você entendeu de cada uma das histórias. Converse também sobre o gênero de cada um dos textos e sobre as sequências de tipos textuais predominantes nas falas dos personagens. Depois disso, tente relacionar os conceitos de frase, período e oração a cada um dos textos. Levante hipóteses: Textos formais serão formados predominantemente por frases, períodos ou orações? De maneira geral, o que diferencia esses conceitos é a presença de uma classe gramatical. O verbo O que você sabe sobre os verbos? (UERJ 2001) "Os aliados não querem romper o NAMORO com FHC - querem é NAMORAR mais." ("Veja", 18/08/1999) RCAX – Prof: Thais Araujo IFSP – CJO 2015.2 35 A comparação entre as palavras EM DESTAQUE acima demonstra que o significado geral de "expressar ação" não é suficiente para identificar o verbo como classe gramatical, já que o NAMORO consta do dicionário como "ato de namorar". Para diferenciar o verbo do substantivo, por exemplo, seria necessário considerar, além do sentido de ação, a seguinte características que só os verbos possuem: a) terminação em "r" b) flexão de tempo, modo e pessoa c) presença indispensável à frase d) anteposição de um substantivo Verbo é a classe de palavras que pode ser flexionada em tempo, modo e pessoa. 1. Eu cantei 2. Que eu cante 3. Ele cantou Formas nominais do verbo Os verbos também apresentam as chamadas formas nominais: infinitivo, gerúndio, particípio. Bill Watterson RCAX – Prof: Thais Araujo IFSP – CJO 2015.2 36 Os verbos são considerados núcleo de uma oração se estiverem com marcas de flexões, e não se estiverem em sua forma nominal. Em suma, as formas nominais dos verbos não podem constituir núcleo de orações. Considerando a importância de dominar as habilidades de leitura e escrita no âmbito das sociedades letradas e os problemas que estudantes do nível básico levam para o mercado de trabalho quanto a essas habilidades. Considerada a importância de dominar as habilidades de leitura e escrita no âmbito das sociedades letradas e os problemas que estudantes do nível básico levam para o mercado de trabalho quanto a essas habilidades. Outros problemas relacionados à construção de sentenças: 1. No texto propõe uma reflexão. 2. O texto trata da inserção das práticas de leitura e escrita em aulas de ensino técnico para ajudar. 3. Com o objetivo de tratar das habilidades de leitura e escrita. 4. Os alunos, eles terão dificuldades de entender a matéria. Quais seriam os problemas dessas sentenças? Como melhorá-las? Leia o texto abaixo e responda as questões que seguem: Quadrinhos podem ajudar a formar leitores e na educação de crianças e adolescentes Alana Gandra Repórter da Agência Brasil Rio de Janeiro A gerente executiva de Projetos do Instituto PróLivro (IPL), Zoraia Failla, disse hoje (9), em entrevista à Agência Brasil, que as histórias em quadrinhos (HQ) podem ser uma ferramenta para formar leitores e auxiliar na educação de crianças e adolescentes. “Eu penso que dentro de um espaço de mediação, todo tipo de leitura é importante, especialmente para a gente tirar aquela imagem que se cria em relação a um livro que é oferecido em uma sala de aula e que se transforma em obrigação, em tarefa”. Zoraia acredita que o trabalho com quadrinhos dentro da escola pode quebrar um pouco a seriedade do livro, contribuindo para trazer a criança e o jovem para a leitura de uma forma mais prazerosa e interessante. “Eu acho que pode ser um meio, nunca um fim. Porque o quadrinho pode até trabalhar algum conteúdo, mas o faz de forma superficial. Como incentivo à leitura, ele pode ser um mobilizador”, disse. Para a gerente do IPL, a HQ pode desenvolver habilidades na escola, entre as quais a concentração e o interesse pela leitura em geral. “Sem dúvida, deveria ser melhor trabalhada para conseguir que, a partir dali, o aluno se interesse por uma leitura um RCAX – Prof: Thais Araujo IFSP – CJO 2015.2 37 pouco mais complexa, com mais conteúdo”. Zoraia avaliou que é preciso se usar hoje todos os meios para conseguir conquistar as crianças e jovens para a leitura. Zoraiaindicou que a HQ pode ser um instrumento eficiente para passar conteúdos de disciplinas curriculares, como história, ciências e geografia, para os estudantes. “É uma forma talvez mais agradável, mais interessante, para a garotada de hoje, de levar o conhecimento”. Como as crianças, em geral, sentem uma atração forte pelos quadrinhos, que são considerados uma forma de entretenimento, ela avalia que “seria inteligente usar essa ferramenta como uma forma de trazer a garotada seja para a leitura, seja para conteúdos mais complexos”. O diretor comercial da Comix Book Shop, uma livraria especializada em histórias em quadrinhos, Jorge Rodrigues, destacou a qualidade, inclusive literária, das histórias em quadrinhos feitas no Brasil. “Hoje, a gente tem crescido bastante na produção de quadrinhos nacionais. O mercado independente, onde o autor mesmo produz o seu livro, edita e lança, aumentou muito de uns anos para cá e há gráficas que imprimem com demanda menor. Com isso, há muitos projetos e ideias muito boas sendo lançadas que, de repente, não encontraram respaldo nas editoras”, disse. Rodrigues ressaltou que muitas editoras têm investido em adaptar literatura clássica para quadrinhos. “É uma vertente que tem crescido muito no mercado”. O objetivo, conforme enfatizou, é que o governo compre e as escolas venham a consumir esse produto, visando que seja uma ferramenta na parte da educação. O estande da Comix na 16ª Bienal Internacional do Livro do Rio de Janeiro, encerrada ontem (8), foi um dos mais frequentados durante os 11 dias do evento, com filas extensas na porta que reuniam público de todas as faixas etárias. O Programa Nacional Biblioteca da Escola (PNBE) supre as escolas de ensino público das redes federal, estadual, municipal e do Distrito Federal de obras e materiais de apoio à prática da educação básica, incluindo HQs. Em 2013, serão atendidas as escolas dos anos finais do ensino fundamental e ensino médio, informou a assessoria de imprensa do Ministério da Educação. O programa vai distribuir cerca de 6,7 milhões de obras literárias a mais de 68,8 mil escolas de todo o país. Os investimentos na compra dos livros alcançam em torno de R$ 66 milhões. Em 2006, por exemplo, o Ministério da Educação incluiu livros de histórias em quadrinhos e de imagens na coleção do PNBE. Dom Quixote em Quadrinhos, de Caco Galhardo; Toda Mafalda , de Quiño; Na Prisão (mangá quadrinho japonês), de Kazuichi Hanawa; Santô e os Pais da Aviação, de João Spacca de Oliveira; e Café Van Gogh, de Ana Maria Machado Mello & Mayer Design, foram alguns dos HQs incluídos na lista. Com licenciatura em desenho pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Denis Mello tem experiência na aplicação de oficinas em salas de aula da rede pública de ensino, inclusive em parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Sesc), utilizando a HQ e o desenho como ferramenta principal. Falando à Agência Brasil, ele disse que consegue ver como os quadrinhos despertam a curiosidade dos alunos. “Eles tendem a colaborar mais, a se interessar mais pelo assunto” Mello salientou que a HQ é uma forma de arte. “Do mesmo jeito que as outras formas de arte podem colaborar como ferramenta de educação, a HQ também funciona. Da mesma forma que você pode usar música, literatura e pintura, você pode usar história em quadrinhos”, manifestou. Denis Mello está desenvolvendo agora, com um grupo de amigos, um projeto voltado à produção de quadrinhos educativos, que será efetuado em parceria com secretarias municipais de educação do estado do Rio de Janeiro. O projeto deverá ser iniciado em Magé. “Foi a primeira secretaria a se interessar pelo projeto”. Pretende-se suprir a RCAX – Prof: Thais Araujo IFSP – CJO 2015.2 38 carência de material didático onde ela exista, nas escolas, por HQ. “Na educação ambiental, por exemplo, a gente chegaria com a história em quadrinho para suprir essa necessidade e com um material didático que vai conversar mais com os jovens do que o material burocrático tradicional”. (Fonte: http://www.ebc.com.br/cultura/2013/09/quadrinhos-podem-ajudar-a-formar-leitores-e- na-educacao-de-criancas-e-adolescentes) 1. Qual é o gênero textual ao qual o texto lido pertence? Justifique com base em critérios temáticos, composicionais e estilísticos. 2. Quais são as tipologias textuais predominantes? 3. Qual é o objetivo do texto? 4. Quem é Zoraia Failla? Qual é a ideia defendida por ela e retratada no texto? 5. Você concorda com a afirmação de Zoraia Failla a respeito da visão do livro como uma obrigação em sala de aula? 6. Zoraia Failla acredita que apenas a leitura de quadrinhos pode ser suficiente para um bom ensino de leitura. Essa informação está correta? Justifique com um trecho do texto lido. 7. A leitura de quadrinhos deve ser usada apenas nas aulas de língua portuguesa. Essa informação está correta? Justifique com um trecho do texto lido. 8. Quais são as habilidades que, segundo o texto, são desenvolvidas na escola com a leitura de HQ? 9. Como é o mercado de HQ no Brasil, segundo o texto? Leve em consideração também as informações sobre mercado editorial. 10. Segundo o texto, há iniciativas de órgãos do governo com o objetivo de promover a leitura de HQ nas escolas? Justifique. 11. “A gerente executiva de Projetos do Instituto PróLivro (IPL), Zoraia Failla, disse hoje (9), em entrevista à Agência Brasil, que as histórias em quadrinhos (HQ) podem ser uma ferramenta para formar leitores e auxiliar na educação de crianças e adolescentes.” b. A sentença acima é uma frase, oração ou período? c. Encontre o verbo principal. d. Há outros verbos além do principal? e. As necessidades do verbo principal estão sendo atendidas? 12. “Zoraia acredita que o trabalho com quadrinhos dentro da escola pode quebrar um pouco a seriedade do livro, contribuindo para trazer a criança e o jovem para a leitura de uma forma mais prazerosa e interessante.” a. A sentença acima é uma frase, oração ou período? b. Encontre o verbo principal. c. Há outros verbos além do principal? d. As necessidades do verbo principal estão sendo atendidas? e. E se reescrevêssemos a sentença desta forma (a mudança está no verbo principal), as necessidades do verbo ainda seriam atendidas? RCAX – Prof: Thais Araujo IFSP – CJO 2015.2 39 Zoraia acredita que os trabalhos com quadrinhos dentro da escola podem quebrar um pouco a seriedade do livro, contribuindo para trazer a criança e o jovem para a leitura de uma forma mais prazerosa e interessante. • E desta: Zoraia acredita que o trabalho com quadrinhos dentro das escolas podem quebrar um pouco a seriedade do livro, contribuindo para trazer a criança e o jovem para a leitura de uma forma mais prazerosa e interessante. 13. “O diretor comercial da Comix Book Shop, uma livraria especializada em histórias em quadrinhos, Jorge Rodrigues, destacou a qualidade, inclusive literária, das histórias em quadrinhos feitas no Brasil.”. a. A sentença acima é uma frase, oração ou período? b. Encontre o verbo principal. c. Há outros verbos além do principal? d. As necessidades do verbo principal estão sendo atendidas? e. E se reescrevêssemos a sentença desta forma (a mudança está no verbo principal), as necessidades do verbo ainda seriam atendidas? Jorge Rodrigues, diretor comercial das Comix Book Shop, livrarias especializadas em histórias em quadrinhos, destacaram a qualidade, inclusive literária, das histórias em quadrinhos feitas no Brasil. 14. “Zoraia acredita que o trabalho com quadrinhos dentro da escola pode quebrar um pouco a seriedade do livro, contribuindo para trazer acriança e o jovem para a leitura de uma forma mais prazerosa e interessante.” a. A sentença acima é uma frase, oração ou período? b. Encontre o verbo principal. c. Há outros verbos além do principal? d. As necessidades do verbo principal estão sendo atendidas? e. O trecho está adequado à norma culta da língua? f. Há o uso de uma forma verbal no gerúndio. Encontre-a. g. Como você poderia eliminar essa forma em gerúndio do trecho em questão? 15. “O objetivo, conforme enfatizou, é que o governo compre e as escolas venham a consumir esse produto, visando que seja uma ferramenta na parte da educação.” a. A sentença acima é uma frase, oração ou período? b. Encontre o verbo principal. c. Há outros verbos além do principal? d. As necessidades do verbo principal estão sendo atendidas? e. A concordância da sentença está de acordo com os padrões da norma culta vigente? f. O trecho está adequado à norma culta da língua? g. Há o uso de uma forma verbal no gerúndio. Encontre-a. RCAX – Prof: Thais Araujo IFSP – CJO 2015.2 40 h. Como você poderia eliminar essa forma em gerúndio do trecho em questão? 16. Falando à Agência Brasil, ele disse que consegue ver como os quadrinhos despertam a curiosidade dos alunos. “Eles tendem a colaborar mais, a se interessar mais pelo assunto”. a. A sentença acima é uma frase, oração ou período? b. Encontre o verbo principal. c. Há outros verbos além do principal? d. As necessidades do verbo principal estão sendo atendidas? e. A concordância da sentença está de acordo com os padrões da norma culta vigente? f. O trecho está adequado à norma culta da língua? g. Há o uso de uma forma verbal no gerúndio. Encontre-a. h. Como você poderia eliminar essa forma em gerúndio do trecho em questão? RCAX – Prof: Thais Araujo IFSP – CJO 2015.2 41 Lição 7: cartaz de divulgação TEXTO 1 6 passos para melhorar a divulgação do seu evento A chave mestra para ter um evento de sucesso com certeza é a presença do público. Portanto, é preciso que esse público tenha acesso às informações sobre aquele evento por todos os canais possíveis, sendo assim, um dos quesitos de principal importância para o organizador é a divulgação. Pensando nisso, o Guia separou seis dicas para você melhorar a divulgação do seu evento. 1) Nicho: primeiro passo a ser pensado Explorar e decidir o público-alvo para seu evento devem ser as primeiras coisas a se fazer. Todas as estratégias para divulgação e realização do seu evento deve ter como ponto de partida um segmento específico para alcançar melhores resultados. 2) Terceirizar pode ser preciso A terceirização dos processos de divulgação é uma saída para aqueles que não têm experiência na área marketing de vendas. Contudo, é importante o organizador ter controle do que está sendo feito, e acompanhar de perto tudo o que está acontecendo com o marketing. RCAX – Prof: Thais Araujo IFSP – CJO 2015.2 42 3) Planejamento O produtor deve procurar ter sua estratégia de logística, divulgação e estrutura de forma organizada no papel para melhor controle. O planejamento deve seguir de forma clara os objetivos do evento, o público-alvo, sua proporção, infra-estrutura disponível, local, recursos financeiros, planilha de custos, mão-de-obra e também considerar possíveis riscos para não ter surpresas futuras. 4) Vendas online ajudam a impulsionar o evento Hoje, apesar de ser fácil encontrar vendas online, alguns segmentos não são tão adeptos a ela, mas ao se deparar com a rapidez e alto alcance de público – características principais da venda online – é notável a melhora na divulgação do evento. Outro ponto é o acesso facilitado que o organizador tem dos processos de venda, e também a fácil medição de tudo o que ocorre no site. No site da Ingresse, por exemplo, ao cadastrar um evento, você pode medir quantas pessoas o visualizaram e quantos confirmaram presença. 5) Promoções e pessoas conhecidas ajudam vendas baixas Quando as vendas estão muito abaixo do planejado é hora de apostar em promoções segmentadas com utilização de cupons de descontos, por exemplo. Outro ponto bastante útil é a utilização de formadores de opinião que ajudam agregar valor ao evento. 6) Redes Sociais não bastam RCAX – Prof: Thais Araujo IFSP – CJO 2015.2 43 Sabemos do boom em que as redes sociais se transformaram em relação à divulgação de eventos, porém as altas taxas para se patrocinar um evento ou página de evento no facebook, por exemplo, tornam-se um fator de peso para o organizador. O interessante é saber mesclar a divulgação online com a offline, incluindo também divulgação na mídia, redes de contato e contratação de promoters. (Lucas Galdino. Fonte: http://guia.ingresse.com/2014/08/6-passos-para-melhorar-a-divulgacao-do-seu- evento/) 1. O texto lido pertence ao gênero reportagem. Quais são os tipos textuais predominantes no texto? 2. Qual é o objetivo do texto lido? 3. A que público o texto se destina? Justifique a sua resposta. 4. “O que define um evento de sucesso? Com certeza, a resposta imediata e certeira para a questão é a adesão do público.” Embora se possa classificar esse trecho como explicativo, pode-se afirmar também que ele tem teor argumentativo. Justifique essa afirmação levando em consideração as características da tipologia argumentativa. 5. “Pouco adianta possuir as melhores condições para que o evento aconteça, reunir grandes atrações, escolher o local ideal, investir na infraestrutura para um público que não sabe que tudo isso está sendo oferecido a ele.” a. Qual é o objetivo do uso da palavra “isso” no trecho em destaque. b. Explique por que nesse contexto foi utilizado o pronome “isso”, e não “isto”. 6. O trecho a seguir foi retirado do texto. Alguns conectivos estão em destaque. Identifique, dentre as alternativas apresentadas, o valor semântico desses conectivos. “Uma divulgação eficiente deve abranger a maioria de canais de comunicação, desde que eles sejam adequados à mensagem. Dentro de seu orçamento, elabore a estratégia que faça seu evento chegar ao seu público e se espalhar a partir disso. Os canais tradicionais como rádio, TV, jornal continuam eficientes dependendo das características RCAX – Prof: Thais Araujo IFSP – CJO 2015.2 44 do público. Mas se irá fazer uma balada para jovens descolados, o ideal é focar nas redes sociais. Cada mídia para divulgação tem seu propósito e suas características. Portanto, existem melhores meios de comunicação para diferentes tipos de evento. Se você está organizando um grande baile para a terceira idade, o melhor meio de promover possivelmente é pelo rádio ou no jornal local. Além disso, poderão ser utilizados flyers ou uma propaganda na TV da região. Os meios offline ainda são válidos para os públicos que ainda não estão conectados ou para aqueles que estão em lugares bem específicos. Se você quer promover, por exemplo, um evento esportivo, pode afixar cartazes nas academias e distribuir panfletos em parques, pistas de corrida, locais de treino dentre outros.” a. Uma divulgação eficiente deve abranger a maioria de canais de comunicação, desde que eles sejam adequados à mensagem. (a) Consequência (b) Adição (c) Condição (d) Oposição b. Os canais tradicionais como rádio, TV, jornal continuam eficientes dependendo das características do público. Mas se irá fazer uma balada para jovens descolados, o ideal é focar nas redes sociais. (a) Consequência (b) Adição (c) Condição (d) Oposição c.
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