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Resumo Constitucional Organização do Estado (Parte)

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Organização do Estado – Professor Bernardo Fernandes (Saber Direito)
O que é as forma de Estado?
Forma de Estado pode ser conceituada como a distribuição geográfica do poder político em função de um território.
Estado unitário (puro) – não há uma distribuição geográfica do poder político em função do território. Há apenas único pólo emissor e emanador de normas – pólo central. Não consegue se manter em sociedades complexas.
Estado unitário desconcentrado – onde são criados braços da Administração para aproximar a população do pólo central. Existe uma forte burocracia.
Estado unitário descentralizado (característico atual da Europa) - 
Esses braços da Administração vão ganhar personalidade jurídica própria, poder de mando, autonomia para resolver querelas, conflitos etc. Reduz a burocracia. Descentralização administrativa.
Estado Regional – Surgiu na Itália na constituição de 1948, há um pólo central emanador e distribuidor de normas, que vai alocar competências não só administrativas, mas também legislativas nas mais variadas regiões. 
O que o diferencia do Estado Unitário é que além da descentralização administrativa, há também a descentralização legislativa.
O que o diferencia do Estado Autonômico é a maneira ou modo pelo qual a descentralização é desenvolvida, realizada, praticada.
A descentralização administrativa e legislativa no Estado Regional é feita de cima para baixo (de forma heterônoma), sem a participação das regiões, o pólo central concede competências e vez por outra pode suprimir competências tanto administrativas quanto legislativas. 
Estado Autonômico – Surgiu com a Constituição Espanhola de 1978, as províncias da Espanha podem querer se reunir em regiões, as regiões podem elaborar um Estatuto de autonomia e neste Estatuto elas vão avocar da Constituição Espanhola competências tanto administrativas quanto legislativas, uma vez este Estatuto elaborado pela regiões, este Estatuto é submetido para o parlamento espanhol, o parlamento espanhol aprovando este Estatuto, este Estatuto virá um lei especial na Espanha, e com isso cria-se a região autonômica. 
O que o diferencia do Estado Unitário é que além da descentralização administrativa, há também a descentralização legislativa.
O que o diferencia do Estado Regional é a maneira ou modo pelo qual a descentralização é desenvolvida, realizada, praticada.
A descentralização administrativa e legislativa no Estado Autonômico é desenvolvida de baixo para cima, há uma participação das regiões na formação de suas competências, há inserção das mesmas no processo de construção de suas competências.
Estado Federal (conceito clássico) – é aquele no qual há uma distribuição geográfica do poder político em que temos um ente dotado de soberania e outros entes dotados de autonomia. 
Confederação – é junção de Estado na qual há uma distribuição geográfica do poder político em que todos os entes os entes são dotados de soberania.
Três diferenças entre Estado Federal e Confederação:
1ª Diferença básica:
O Estado Federal se origina de uma Constituição, de um documento constitucional.
A Confederação nasce de um Tratado Internacional ou Acordo Internacional, entre os entes, entes esses todos soberanos¹, que vão formatar a Confederação. Este Tratado pode até se chamado de Constituição, mas no fundo é um Tratado.
¹Soberania (em termos clássicos) – é poder máximo internamente, ou seja, um poder de subordinação no nível interno e um poder de igualdade externamente, ou seja, um poder de coordenação no nível externo.
2ª diferença básica:
Direito de cessão – significa ruptura, rompimento com o vínculo, saída do vínculo.
No Estado Federal não há esse direito.
Já na Confederação há esse direito, porque todos os entes são dotados de soberania.
Princípio de Indissolubilidade do vinculo federativo (no Brasil. CRFB Art. 1º)
3ª diferença básica:
No Estado Federal existe um órgão de cúpula para dirimir conflitos entre os entes federativos (no Brasil, CRFB art. 102, I, alínea f. “STF”).
Isso não existe em uma Confederação, porque todos os entes são dotados de soberania.
Federalismo Brasileiro
Origem: Federalismo centrífugo (de segregação, de difusão de autonomia para os entes federativos), porque o Brasil originariamente era um Estado unitário, centralizado, com a proclamação da República, temos o surgimento do Federalismo no Brasil, o movimento do centro para periferia, de um Estado centralizado para a periferia. 
Gera um paradoxo, apesar de centrifugo acaba gerando um viés centrípeto de poder, ou seja, um poder muito centralizado no pólo central, devido à origem do Federalismo no Brasil, se não vejamos:
Art. 22 CRFB – Competências legislativas da União (27 incisos).
Art. 25 CRFB – Competências legislativas dos Estados (3 parágrafos).
O ideal seria buscar um Federalismo de equilíbrio quanto à origem. 
Esse é o objetivo do nosso constituinte, buscar um Federalismo de equilíbrio, que ainda está em construção no Brasil.
Quem é o ente soberano em nosso Federalismo? É a República Federativa do Brasil (Art. 1 e 18 da CRFB).
Quem são os entes autônomos? É a União, os Estados, os Municípios e DF.
A RFB tem o mesmo território da União, embora a RFB esteja acima da União, embora a RFB determine as competências da União.
Quem representa a RFB? é a União, a União exerce prerrogativas da RFB (art. 21, I, CRFB).
Quem é a pessoa jurídica de direito público internacional? É a RFB ou Estado Federal.
A Lei Nacional abrange todos os entes, então ela abrange tanto a União, os Estados, o DF e os Municípios, todos devem cumpri-la. Ex: CTN, CP, CC.
A Lei Federal diz respeito só a União, e envolve a estrutura organizacional da União, então ela não abrange os Estados, o DF e os Municípios, então a Lei Federal só deve ser aplicada apenas no âmbito federal, apenas no âmbito da União. Ex: Lei 8.112 é aplicada no âmbito do servidor público federal.
Não há hierarquia entre a Lei Federal, Estadual, Distrital e Municipal, pois não há hierarquia entre eles, são todos entes autônomos. Deve haver a observância de quem é a competência para legislar sobre a matéria em conflito. 
Autonomia (conceito teórico) – é a capacidade de desenvolver atividades dentro de limites previamente circunscritos pelo ente soberano. Conceito que indica limitação.
Autonomia (conceito prático) - a autonomia na prática se divide em uma tríplice capacidade, então só podemos falar que o ente tem capacidade para desenvolver atividades, se ele desenvolve essas atividades através de uma tríplice capacidade, portanto, o ente só tem autonomia, se ele tiver no Brasil, se ele tevir: auto-organização (capacidade de elaborar suas próprias normas) ou normatização própria, autogoverno, auto- administração.
Auto-organização: A União se auto-organiza através da CRFB e das Leis Federais que ela edita cotidianamente. Os Estados se auto-organiza através das Constituições Estaduais e das Leis Estaduais que ela edita cotidianamente. Os Municípios se auto-organiza através das Leis Orgânicas e Leis Municipais. O DF se auto-organiza através da Lei Orgânica e das Leis Distritais que ela edita cotidianamente
Tudo isso é conferido pelo ente soberano. (art. 25, 29,32 CRFB)
Autogoverno: os entes têm autogoverno, art. 2 da CRFB são poderes da União independentes e harmônicos entre si: o legislativo, o executivo e o judiciário. O presidente da RFB ao mesmo tempo também é o presidente da União. O Congresso Nacional RFB é ao mesmo tempo também é o Congresso da União, ele edita leis nacionais, e também edita leis federais que vão envolver o âmago organizacional e administrativo do ente União. Nós temos também na União o Poder Judiciário.
Estados: possui poder executivo, legislativo e judiciário (art. 27,28 e 125).
Município: possui poder executivo e legislativo. Não tem poder judiciário. É um ente federativo embora não possua poder judiciário e representação no Senado, trata-se de exceções.
DF: possui poder executivo, legislativo e judiciário (art.32 CRFB). Exceções a o DF como entidade federativa (art. 21, XIII e XIV e art. 22, XVII), exceções no que tange: sobre o poder judiciário do DF, que quem organiza e mantém é a União; exceções no tange: competência legislativa para a organização judiciária do MP e defensoria pública do DF, que quem compete legislar é a União e exceção no que tange: a Polícia Civil, Militar e Corpo de Bombeiros Militar do DF, que quem organiza e mantém é a União.
Auto-administração (3ª fase da tríplice capacidade. É a matéria mais importante do Federalismo):
Diz respeito ao exercício de competências administrativas, legislativas e tributarias pelos entes.
Técnicas de repartição de competências
Repartição Horizontal – é aquela na qual há uma distribuição de competências estanque (fechada) entre os entes, ou seja, há uma distribuição de competências especificas para cada ente, cada ente vai ter a sua matéria, seu rol de competências definido, de forma específica, fechada, estanque. 
Surgiu no EUA, com a Constituição de 1787, e ela visa a desenvolver ou explicitar o chamado Federalismo Dual, ou clássico, típico do estado liberal de direito, típico do liberalismo clássico lá do final do século XVIII e XIX.
O Brasil adota essa técnica desde a Constituição de 1891 até a CRF atual.
Na tradição americana do Federalismo Dual ou clássico desde o surgimento da Constituição Americana competências enumeradas para União e remanescente para os Estados.
O Brasil copiou essa lógica na Constituição de 1891, porém sobre a égide da atual constituição existe uma diferença, porque no Brasil atualmente não é só a União e os Estados que são entes federativos, nós vamos ter também os municípios e DF.
Como é que vai ser engendrado (manejado) isso em nossa CRF atual? 
Nós vamos ter competências enumeradas para União e remanescente para os Estados seguindo a lógica americana, porém os municípios aparecem como entes federativos, então qual foi à lógica do nosso constituinte: enumerar competências para os municípios. Então nós vamos ter competências enumeradas para União e para os municípios e remanescente para os Estados.
 
Repartição Vertical - é aquela em que 2 ou mais entes vão atuar conjunta ou concorrentemente para uma mesma matéria, mesmo tema. Essa técnica surgiu com a Constituição de Weimar – Alemanha 1919. Visa a desenvolver outro tipo de Federalismo, o chamado Federalismo Cooperativo ou Federalismo de Integração ou Cooperação ou Federalismo Neoclássico, essa técnica é típica do Estado Social de direito do chamado Constitucionalismo Social, constitucionalismo este que vai exigir do Estado novas demandas, que vai exigir um estado tutor, planejador, interventor, paternalista, um Estado que vai interferir na sociedade, que até então não fazia no Estado liberal e para isso a técnica do Federalismo Cooperativo vai ser fundamental.
O Brasil também adota o Federalismo Cooperativo desde a Constituição de 1934 (primeira Constituição de cunho social) até a CRF atual.
A repartição vertical tem subdivisão, qual seja, a Repartição Vertical Cumulativa e Repartição Vertical Não Cumulativa. A Repartição Vertical cumulativa é aquela na qual não existem limites previamente definidos para o exercício da competência concorrente, ou seja, não há definição prévia do que cada ente vai fazer sobre aquela matéria onde dois vão atuar. Repartição Vertical Não Cumulativa é aquela na qual haverá limite previamente definido para o exercício da competência concorrente, ou seja, há definição prévia do que cada ente vai fazer sobre aquela matéria onde dois vão atuar.
O Brasil adota a Repartição Vertical Não Cumulativa.
Principio da Predominância dos Interesses
Esse princípio diz que o interesse da União será sempre o interesse geral, nacional, predomina esse interesse nas competências da União. O interesse dos Estados será sempre o interesse regional, o interesse dos municípios será sempre o interesse local, e o interesse do DF será sempre regional mais o local (art. 32, § 1º) o DF é Sui generis
Análise dogmática
Repartição Horizontal – 
Art. 21 traz competências enumeradas para a União administrativas;
Art. 22 traz competências enumeradas para a União legislativas;
Art. 25, § 1º traz competências remanescentes, ou seja, o que vai ficar para os Estados.
As competências enumeradas para os municípios estão no Art. 30, no inciso I traz as competências legislativas dos municípios, e os incisos III a IX traz competências administrativas.
Já o DF é tratado no Art. 32, § 1º, repete-se a lógica da junção dos Estados e dos municípios, quando estudamos os Estados e os municípios por digressão estudamos o DF.

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